Reforma Protestante: diferenças entre revisões

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'''Reforma''' (alternativamente chamada de '''Reforma Protestante''' ou '''Reforma Europeia''')<ref>{{Citar livro|título=European Reformation: 1500–1610 (Heinemann Advanced History): 1500–55|ultimo=Armstrong|primeiro=Alstair|data=2002|editora=Heinemann Educational|isbn=0-435-32710-0}}</ref> foi um movimento importante dentro do [[cristianismo ocidental]] na [[Europa]] do século XVI que representou um desafio religioso e político para a [[Igreja Católica]] e em particular para a [[Supremacia papal|autoridade papal]], decorrente do que eram percebidos como [[Críticas à Igreja Católica|erros, abusos e discrepâncias]] pela Igreja. A Reforma foi o início do [[protestantismo]] e do Cisma Ocidental e é também considerado um dos eventos que marcam o fim da [[Idade Média]] e o início do [[Idade Moderna|período moderno]] na Europa.<ref name="Davies291">Davies ''Europe'' pp. 291–293</ref>
'''Reforma Protestante''' foi um [[Reformismo|movimento reformista]] [[cristão]] do {{séc|XVI}} liderado por [[Martinho Lutero]], simbolizado pela publicação de suas ''[[95 Teses]]'' em 31 de outubro de 1517<ref>{{Citar web|url = http://www1.folha.uol.com.br/folha/dw/ult1908u446354.shtml| titulo=Folha Online|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref><ref>{{Citar web|url = http://www.espacoacademico.com.br/034/34tc_lutero.htm|titulo = Espaço Acadêmico.com.br|acessodata = 18 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20081012082327/http://www.espacoacademico.com.br/034/34tc_lutero.htm|arquivodata = 2008-10-12|urlmorta = yes}}</ref> na porta da [[Igreja de Todos os Santos (Wittenberg)|Igreja do Castelo de Wittenberg]]. Tendo por ponto de partida as críticas às vendas de indulgências, o movimento de Lutero tornou-se conhecido como um ''protesto'' contra os abusos do clero, evoluindo para uma proposta de reforma no [[catolicismo]] romano a partir da mudança em diversos pontos da [[doutrina da Igreja Católica]] Romana, com base no que Lutero entendia como um retorno às escrituras sagradas.<ref>{{citar web|URL=https://formacao.cancaonova.com/igreja/historia-da-igreja/o-que-foi-a-reforma-protestante/|título=O que foi a reforma protestante |autor=Canção Nova}}</ref> Os princípios fundamentais extraídos da Reforma Protestante são conhecidos como os [[Cinco Solas]].<ref>{{Citar web|url=http://www.monergismo.com/textos/cinco_solas/cinco_solas_reforma_erosao.htm| titulo =Monergismo|acessodata=18 de outubro de 2008}}</ref>


Antes de [[Martinho Lutero]], houve muitos movimentos de reforma anteriores. Embora a Reforma seja geralmente considerada como tendo começado com a publicação das ''[[95 Teses|Noventa e cinco teses]]'' de Martinho Lutero em 1517, ele não foi [[Excomunhão|excomungado]] até janeiro de 1521 pelo [[Papa Leão X]]. O [[Dieta de Worms|Édito de Worms]] de maio de 1521 condenou Lutero e baniu oficialmente os cidadãos do [[Sacro Império Romano-Germânico|Sacro Império Romano]] de defender ou propagar suas ideias.<ref name="ENC3">Fahlbusch, Erwin, and Bromiley, Geoffrey William (2003). ''The Encyclopedia of Christianity, Volume 3''. Grand Rapids, Michigan: Eerdmans. p. 362.</ref>
Lutero foi apoiado por vários religiosos e governantes [[Europa|europeus]] provocando uma revolução religiosa, iniciada no [[Sacro Império Romano-Germânico|Sacro Império]], estendendo-se pela [[Suíça]], [[Reino da França|França]], [[Países Baixos]], [[Reino da Inglaterra|Inglaterra]], [[Escandinávia]] e algumas partes do [[Leste europeu]], principalmente os [[Países Bálticos]] e a [[Reino da Hungria|Hungria]]. A resposta da [[Igreja Católica Romana]] foi o movimento conhecido como [[Contrarreforma]] ou Reforma Católica, iniciada no [[Concílio de Trento]].


A disseminação da [[prensa móvel]] de [[Johannes Gutenberg|Gutenberg]] forneceu os meios para a rápida disseminação de materiais religiosos no vernáculo. Lutero sobreviveu após ser declarado fora da lei devido à proteção de [[Frederico III, Eleitor da Saxônia|Frederico, o Sábio]]. O movimento inicial na [[Alemanha]] se diversificou e surgiram outros reformadores como [[Huldrych Zwingli]] e [[João Calvino]]. Os principais eventos do período incluem: a [[Dieta de Worms]] (1521), a formação do [[luterano]] [[Ducado da Prússia]] (1525), a [[Reforma Inglesa]] (1529 em diante), o [[Concílio de Trento]] (1545-63), a [[Paz de Augsburgo]] (1555), a excomunhão de Elizabeth I (1570), o [[Edito de Nantes]] (1598) e a [[Paz de Vestfália|Paz de Westfália]] (1648). A ''[[Contrarreforma]]'', também chamada de ''Reforma Católica'' ou ''Reavivamento Católico'', foi o período de reformas católicas iniciadas em resposta à Reforma Protestante.<ref>{{Citar web |url=http://www.britannica.com/eb/article-9026564/Counter-Reformation |titulo=Counter Reformation |publicado=[[Encyclopædia Britannica]]|acessodata=16 de setembro de 2021}}</ref> O período histórico que representa o fim da era da Reforma ainda é contestado entre os estudiosos.
O resultado da Reforma Protestante foi a divisão da chamada ''Igreja do Ocidente'' entre os ''católicos romanos'' e os ''reformadores protestantes'', originando o [[protestantismo]].


== Pré-Reforma ==
== História ==
{{VT|História do Cristianismo}}
A Pré-Reforma foi o período anterior à Reforma Protestante no qual se iniciaram as bases ideológicas que posteriormente resultaram na reforma iniciada por [[Martinho Lutero]].


=== Antecedentes ===
A Pré-Reforma tem suas origens em uma [[Denominações Cristãs|denominação cristã]] do {{séc|XII}} conhecida como [[valdenses]], que era formada pelos seguidores de [[Pedro Valdo]], um comerciante de [[Lião]], na atual [[França]], que se converteu ao [[Cristianismo]] por volta de 1174. Valdo decidiu encomendar uma tradução da [[Bíblia]] para a linguagem popular e começou a pregá-la ao povo sem ser sacerdote. Ao mesmo tempo, renunciou à sua atividade e aos bens, que repartiu entre os pobres. Desde o início, os valdenses afirmavam o direito de cada fiel de ter a Bíblia em sua própria língua, considerando ser a fonte de toda autoridade eclesiástica. Eles reuniam-se em casas de famílias ou mesmo em grutas, clandestinamente, devido à perseguição da [[Igreja Católica Romana]], já que negavam a supremacia de [[Roma]] e rejeitavam o culto às imagens, que consideravam como sendo [[idolatria]].<ref>{{Citar web|url = http://www.aguasvivas.ws/revista/45/espigando2.htm| titulo =Águas Vivas|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref>
{{AP|Hussitas|Lollardismo|Valdenses|Arnoldistas}}
{{multiple image
| footer = Execução de [[Jan Hus]] em [[Constança (Alemanha)|Constança]] (1415). O [[cristianismo ocidental]] já estava formalmente comprometido nas [[Terras da Coroa da Boêmia]] muito antes de Lutero, com os [[Pactos de Basiléia]] (1436) e da [[Paz Religiosa de Kutná Hora]] (1485). O [[Hussitism|hussitismo]] [[utraquista]] foi permitido junto com a confissão [[católica romana]]. Na época em que a Reforma chegou, o [[Reino da Boêmia]] e o [[Margraviato da Morávia]] já tinham populações de maioria [[hussita]] há décadas.
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| image1 = Muttich, Kamil Vladislav - Mistr Jan Hus na hranici v Kostnici 1415.jpg
[[Imagem:John Wycliffe 01.jpg|thumb|[[John Wycliffe]]]]
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| image2 = Kingdom of Bohemia during the Hussite Wars.jpg
No seguimento do colapso de instituições monásticas e da [[escolástica]] nos finais da [[Idade Média]] na Europa, acentuado pelo ''Cativeiro Babilônico da igreja'' no [[papado de Avinhão]], o [[Grande Cisma]] e o fracasso da conciliação, se viu no {{séc|XVI}} o fermentar de um enorme debate sobre a reforma da religião e dos posteriores valores religiosos fundamentais.
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}}
[[John Wycliffe]] questionou o ''status'' privilegiado do clero católico que havia reforçado seu poderoso papel na Inglaterra e o luxo e pompa das paróquias locais e suas cerimônias.<ref>Lacey Baldwin Smith, ''This Realm of England: 1399 to 1688'' (3rd ed. 1976), p. 41</ref> Ele foi, portanto, caracterizado como a "estrela da tarde" da [[escolástica]] e como a "[[Eósforo|estrela da manhã]]" ou ''stella'' ''matutina'' da [[Reforma Inglesa]].<ref>Emily Michael, "John Wyclif on body and mind", ''Journal of the History of Ideas'' (2003) p. 343.</ref> Em 1374, [[Catarina de Siena]] começou a viajar com seus seguidores por todo o norte e centro da Itália defendendo a reforma do clero e aconselhando as pessoas de que o arrependimento e a renovação poderiam ser feitos por meio do "amor total a Deus".{{Sfn|Hollister|Bennett|2002|p=342}} Ela manteve uma longa correspondência com o [[Papa Gregório XI]], pedindo-lhe para reformar o clero e a administração dos [[Estados Papais|Estados Pontifícios]]. As igrejas protestantes mais antigas, como a [[Igreja dos Irmãos Morávios]], datam suas origens em [[Jan Hus]] no início do século XV. Por ser liderada por uma maioria nobre da [[Boêmia]] e reconhecida, por algum tempo, pelos Pactos de Basiléia, a reforma hussita foi a primeira "reforma magisterial" da Europa porque os magistrados governantes a apoiaram, ao contrário da "[[Reforma Radical]]", que o Estado não apoiou.


Fatores comuns que desempenharam um papel durante a Reforma e a [[Contrarreforma]] incluíram o surgimento da [[Prensa móvel|imprensa]], do [[nacionalismo]], da [[simonia]], da nomeação de [[Cardeal-sobrinho|cardeais-sobrinhos]] e de outras corrupções da [[Cúria Romana]] e outras hierarquias eclesiásticas, o impacto do [[humanismo]], o novo aprendizado da [[Renascimento|Renascença]] versus [[escolástica]] e o [[Grande Cisma do Ocidente|Cisma Ocidental]], que corroeu a lealdade ao [[Papa|papado]] e gerou guerras entre príncipes, revoltas entre os camponeses e uma preocupação generalizada com a corrupção na Igreja, especialmente de [[John Wycliffe]] na [[Universidade de Oxford]] e de [[Jan Hus]] na [[Universidade Carolina]] em [[Praga]].
No {{séc|XIV}}, o inglês [[John Wycliffe]],<ref>{{Citar web|url = http://www.monergismo.com/textos/biografias/wycliffe_franklin.htm| titulo =Monergismo|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> considerado como precursor da Reforma Protestante, levantou diversas questões sobre controvérsias que envolviam o cristianismo, mais precisamente a [[Igreja Católica Romana]]. Entre outras ideias, Wycliffe queria o retorno da Igreja à primitiva pobreza dos tempos dos [[evangelistas]], algo que, na sua visão, era incompatível com o poder político do papa e dos cardeais, e que o poder da Igreja devia ser limitado às questões espirituais, sendo o poder político exercido pelo Estado, representado pelo rei. Contrário à rígida hierarquia eclesiástica, Wycliffe defendia a pobreza dos padres e os organizou em grupos. Estes padres foram conhecidos como [[lolardos]].


Hus se opôs a algumas das práticas da Igreja Católica Romana e queria devolver à igreja da [[Boémia|Boêmia]] e da [[Morávia]] as práticas anteriores: a [[Missa|liturgia]] na linguagem do povo (ou seja, o povo tcheco), fazendo com que os leigos recebam a [[Missa|comunhão]] em ambas as espécies (pão ''e'' vinho—isto é, em latim, [[Utraquismo|''communio sub utraque specie'']]), que padres possam casar e eliminando as [[Indulgência|indulgências]] e o conceito de [[purgatório]]. Algumas delas, como o uso da língua local como [[língua litúrgica]], foram aprovadas pelo papa já no século IX.<ref name="Mahoney2011">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=5qgHE29pikMC|título=The History of the Czech Republic and Slovakia|ultimo=Mahoney|primeiro=William|editora=Greenwood|ano=2011|localização=Santa Barbara, CA|isbn=978-0-313-36306-1}}</ref>
Mais tarde, surgiu outra figura importante deste período: [[João Huss]]. Este pensador tcheco iniciou um movimento religioso baseado nas ideias de John Wycliffe. Seus seguidores ficaram conhecidos como [[hussitas]].<ref>{{Citar web|url = http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,319545,00.html | titulo =Dw-World.de|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref>


Os líderes da Igreja Católica Romana o condenaram no [[Concílio de Constança]] (1414-1417), queimando-o na fogueira apesar da promessa de salvo-conduto.<ref name="ObWall54">Oberman and Walliser-Schwarzbart ''[https://books.google.com/books?id=vuES0JdltfcC&pg=PA54&dq&hl=en#v=onepage&q=&f=false Luther: Man between God and the Devil]'' pp.&nbsp;54–55</ref> Wycliffe foi postumamente condenado como [[herege]] e seu cadáver foi exumado e queimado em 1428.<ref>Douglas (ed.) "Wycliffe, John" ''New International Dictionary of the Christian Church''</ref> O Concílio de Constança confirmou e fortaleceu a concepção medieval tradicional da Igreja e do império, semabordar as tensões nacionais ou teológicas provocadas durante o século anterior e não pôde evitar o [[cisma]] e as [[Guerras Hussitas]] na Boêmia.
=== Razões políticas na Reforma ===
A Reforma Protestante foi iniciada por [[Martinho Lutero]], embora tenha sido motivada primeiramente por razões religiosas,<ref name="Geoffrey Blainey"/> também foi impulsionada por razões políticas e sociais<ref name="Geoffrey Blainey">''Uma Breve História do Mundo''. [[Geoffrey Blainey]]. Pág.: 187-188 e 190. Editora Fundamento. ISBN 85-88350-77-7.</ref><ref>''História''. Editora ática. Divalte Garcia Figueira. 2007. ISBN 978-850811073-5. Pág.: 113.</ref><ref>''História e Vida integrada''. Nelson Piletti e Claudino Piletti. 2008. Editora ática. Pág.: 81. ISBN 978-850810049-1.</ref>
* Os conflitos políticos entre autoridades da Igreja Romana e governantes das monarquias europeias, tais governantes desejavam para si o poder espiritual e ideológico da Igreja e do [[Papa]],<ref name="História Global Brasil e Geral">''História Global Brasil e Geral''. Pág.: 157-162 e 342. Volume único. Gilberto Cotrim. ISBN 978-85-02-05256-7</ref><ref name="Ensino fundamental e médio">''Sistema didático de ensino. Ensino fundamental e médio''. Geografia, História, Biologia, Física, Química, Inglês, Espanhol. Pág.: 154. Ensino em 3D. Editora Silvanelli (0800-908057).</ref> muitas vezes para assegurar o [[direito divino dos reis]];
* Práticas como a [[usura]] eram condenadas pela [[ética]] católica romana; assim, a [[burguesia]] [[capitalista]] que desejava altos lucros econômicos, sentir-se-ia mais "confortável" se pudesse seguir uma nova ética religiosa, adequada ao espírito capitalista, necessidade que foi atendida pela ética protestante e conceito de Lutero de que o homem é justificado pela fé, sem as obras da lei ({{Citar bíblia|livro=Romanos|capítulo=3|verso=28}}) ([[Sola fide]]);<ref name="Ensino fundamental e médio"/><ref name=" História Global Brasil e Geral"/><ref>''História Geral''. Antonio Pedro e Florival Cáceres. Editora FTD. Pág.: 167</ref><ref>''"História Do Mundo Ocidental"''. Editora FTD. Antonio Pedro. Lizânias de Souza Lima. Yone de Carvalho. ISBN 85-322-5602-3. Pág.:156.</ref><ref>'' L'Éthique protestante et l'esprit du capitalisme'' (em [[Língua portuguesa|português]]: [[A ética protestante e o espírito do capitalismo]]) de [[Max Weber]]. 217 pp. {{Link|en|2=http://www.ne.jp/asahi/moriyuki/abukuma/weber/world/ethic/pro_eth_frame.html|3=Edição ''online'' do livro}}</ref><ref>Ephraim Fischoff - ''The Protestant Ethic and the Spirit of Capitalism'', Social Research, Vol.XI, 1944, pp.62-68</ref>
* Algumas causas econômicas para a aceitação da Reforma foram o desejo da nobreza e dos príncipes de se apossar das riquezas da igreja romana e de ver-se livre da tributação papal que, apesar de defender a simplicidade, era a instituição mais rica do mundo.<ref name="Mota e Braick">''História das cavernas ao terceiro milênio''. Myriam Becho Mota. Patrícia Ramos Braick. Volume I. Editora Moderna. ISBN 85-16-0402-4. Pág.: 179.</ref> Também no Sacro Império, a pequena nobreza estava ameaçada de extinção em vista do colapso da economia senhorial. Muitos desses pequenos nobres desejavam as terras da igreja. Somente com a Reforma, estas classes puderam expropriar as terras;<ref>, BURNS, Edward Macnall, op. cit., II vol., pgs. 458-459.</ref><ref>SOUTO MAIOR, Armando, op. cit., pgs. 298-299.</ref><ref>''História Geral e Brasil - Trabalho, Cultura, Poder'' - Ensino Médio. Koshiba, Luiz; Pereira, Denise Manzi Frayze</ref>
* Durante a Reforma no Sacro Império, as autoridades de várias regiões do [[Sacro Império Romano-Germânico]] pressionadas pela população e pelos luteranos, expulsavam e até assassinavam sacerdotes católicos das igrejas,<ref name="Janssen, Johannes 1891">Janssen, Johannes, ''History of the German People From the Close of the Middle Ages'', 16 vols., tr. AM Christie, St. Louis: B. Herder, 1910 (orig. 1891).</ref> substituindo-os por religiosos com formação luterana;<ref name="Gislane e Reinaldo">''História''. Volume Único. Gislane Campos Azevedo e Reinaldo Seriacopi. Editora Ática. 2007. ISBN 978-850811075-9. Pág.: 143.</ref>
* Lutero era radicalmente contra a revolta camponesa iniciada em 1524 pelos anabatistas liderados por [[Thomas Münzer]],<ref name="Gislane e Reinaldo"/> que provocou a [[Guerra dos Camponeses]]. Münzer comandou massas camponesas contra a nobreza imperial, pois propunha uma sociedade sem diferenças entre ricos e pobres e sem [[propriedade privada]],<ref name="Gislane e Reinaldo"/> Lutero por sua vez defendia que a existência de ''"senhores e servos"'' era vontade divina,<ref name="Gislane e Reinaldo"/> motivo pelo qual eles romperam.<ref name="Mota e Braick"/> Lutero escreveu posteriormente: "''Contras as hordas de camponeses (...), quem puder que bata, mate ou fira, secreta ou abertamente, relembrando que não há nada mais peçonhento, prejudicial e demoníaco que um rebelde''".<ref name="Gislane e Reinaldo"/>


O [[Papa Sisto IV]] (1471-1484) estabeleceu a prática de vender indulgências aos mortos, estabelecendo assim um novo fluxo de receita com agentes em toda a Europa.<ref name="Patrick1231">{{Citar livro|título=Renaissance and Reformation|ultimo=Patrick|primeiro=James A.|ano=2007|isbn=978-0-7614-7650-4}}</ref> O [[Papa Alexandre VI]] (1492-1503) foi um dos papas mais controversos da [[Renascença]]. Ele era pai de sete filhos, entre eles [[Lucrécia Bórgia|Lucrécia]] e [[César Bórgia|César Borgia]].<ref>"[http://news.bbc.co.uk/2/hi/6909589.stm Fresco fragment revives Papal scandal]". BBC News. 21 de julho de 2007.</ref> Em resposta à corrupção papal, particularmente a venda de indulgências, [[Martinho Lutero]] escreveu as ''[[Noventa e cinco teses|Noventa e Cinco Teses]]''.<ref>{{Citar web |url=http://www.eyewitnesstohistory.com/alexanderVI.htm |titulo=The Death of Alexander VI, 1503 |data=2007 |acessodata=27 de julho de 2014 |publicado=Eyewitness to History}}</ref>
== Reforma ==
=== No Sacro Império, Suíça e França ===
No início do {{séc|XVI}}, o monge [[Alemães|alemão]] [[Martinho Lutero]], abraçando as ideias dos pré-reformadores, proferiu três sermões contra as [[indulgência]]s em 1516 e 1517. Em 31 de outubro de 1517 foram pregadas as ''[[95 Teses]]'' na porta da [[Catedral de Wittenberg]], com um convite aberto a uma [[disputa (escolástica)|disputa escolástica]] sobre elas.<ref>{{Citar web|url = http://www.monergismo.com/textos/credos/lutero_teses.htm| titulo =Monergismo|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> Esse fato é considerado como o início da Reforma Protestante.<ref>{{Citar web|url = http://www1.folha.uol.com.br/folha/dw/ult1908u446354.shtml| titulo =Folha Online|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref>


=== Reforma Magisterial ===
[[Imagem:Martin_Luther,_1529.jpg|thumb|esquerda|[[Martinho Lutero]], aos 46 anos de idade, por [[Lucas Cranach, o Velho]], 1529]]
{{AP|Martinho Lutero|95 teses|Protestantismo}}
{{multiple image
| footer = [[Martinho Lutero]] publicou as ''[[Noventa e cinco teses]]'' em 1517
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| image1 = Martin Luther by Cranach-restoration.jpg
Essas teses condenavam a "avareza e o paganismo" na Igreja, e pediam um debate teológico sobre o que as [[indulgências]] significavam. As ''95 Teses'' foram logo traduzidas para o alemão e amplamente copiadas e impressas. Após um mês se haviam espalhado por toda a [[Europa]].<ref>{{Citar web|url = http://www.arqnet.pt/portal/teoria/teses.html | titulo =ARQnet|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref>
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| image2 = Luther 95 Thesen.png
Após diversos acontecimentos, em junho de 1518 foi aberto um processo por parte da Igreja Romana contra Lutero, a partir da publicação das suas 95 Teses. Alegava-se, com o exame do processo, que ele incorria em [[heresia]]. Depois disso, em agosto de 1518, o processo foi alterado para heresia notória.<ref>{{Citar web|url = http://www.musicaeadoracao.com.br/diversos/martinho_lutero.htm| titulo =Águas Vivas|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> Finalmente, em junho de 1520 reapareceu a ameaça no escrito "Exsurge Domini" e, em janeiro de 1521, a bula "Decet Romanum Pontificem" [[excomunhão|excomungou]] Lutero. Devido a esses acontecimentos, Lutero foi exilado no [[Castelo de Wartburg]], em [[Eisenach]], onde permaneceu por cerca de um ano. Durante esse período de retiro forçado, Lutero trabalhou na sua tradução da [[Bíblia]] para o alemão, da qual foi impresso o ''Novo Testamento'', em setembro de 1522.<ref>{{Citar web|url = http://www.ielb.org.br/tpls/162.asp?idPg=430&mAb=s&idCadastro=37|titulo = IELB (Igreja Evangélica Luterana do Brasil)|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20090315002334/http://www.ielb.org.br/tpls/162.asp?idPg=430&mAb=s&idCadastro=37|arquivodata = 2009-03-15|urlmorta = yes}}</ref>
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}}
O início da Reforma é geralmente datado em 31 de outubro de 1517 em [[Vitemberga|Wittenberg]], Saxônia, quando Lutero enviou suas ''[[95 Teses|Noventa e Cinco Teses sobre o Poder e a Eficácia das Indulgências]]'' ao Arcebispo de Mainz. As teses debatiam e criticavam a Igreja e o papado, mas concentravam-se na venda de indulgências e políticas doutrinárias sobre o [[purgatório]], o [[Juízo particular|julgamento particular]] e a autoridade do papa. Mais tarde, no período entre 1517 e 1521, ele escreveria obras sobre a devoção à [[Maria (mãe de Jesus)|Virgem Maria]], a intercessão e devoção aos santos, os sacramentos, o celibato clerical obrigatório e, mais tarde, sobre a autoridade papal, a lei eclesiástica, a censura e a excomunhão, o papel dos governantes seculares em questões religiosas, a relação entre o cristianismo e a lei, as [[boas obras]] e o [[monaquismo]].<ref name="Schofield122">Schofield ''Martin Luther'' p.&nbsp;122</ref> Algumas freiras, como [[Catarina de Bora|Katharina von Bora]] e [[Ursula de Munsterberg]], deixaram a vida monástica quando aceitaram a Reforma, mas outras ordens adotaram a Reforma, pois os luteranos continuam a ter [[mosteiro]]s. Em contraste, as áreas reformadas tipicamente secularizaram propriedades monásticas.


Os reformadores e seus oponentes fizeram uso intenso de panfletos baratos, bem como de Bíblias vernáculas, usando a relativamente nova [[Prensa móvel|tecnologia de impressão]], de modo que houve um movimento rápido de ideias e documentos.<ref name="Rubin270">Rubin, "Printing and Protestants" Review of Economics and Statistics pp.&nbsp;270–286</ref><ref name="AtkinsonFitzgerald15">Atkinson Fitzgerald "Printing, Reformation and Information Control" ''Short History of Copyright'' pp.&nbsp;15–22</ref>
[[Imagem:Reformation.gif|thumb|Extensão da Reforma Protestante na Europa]]
[[Ficheiro:Luther_at_the_Diet_of_Worms.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|Martinho Lutero na [[Dieta de Worms]], onde se recusou a retratar suas obras quando solicitado por Carlos V. (pintura de [[Anton von Werner]], 1877, Staatsgalerie Stuttgart)]]


Paralelamente aos eventos na Alemanha, um movimento começou na [[História da Suíça|Suíça]] sob a liderança de [[Ulrico Zuínglio|Huldrych Zwingli]]. Esses dois movimentos concordaram rapidamente na maioria das questões, mas algumas diferenças não resolvidas os mantiveram separados. Alguns seguidores de Zwingli acreditavam que a Reforma era muito conservadora e se movia independentemente em direção a posições mais radicais, algumas das quais sobrevivem entre os [[Anabatista|anabatistas]] modernos.
Enquanto isso, em meio ao clero saxônio, aconteceram renúncias ao voto de castidade, ao mesmo tempo em que outros tantos atacavam os votos monásticos. Entre outras coisas, muitos realizaram a troca das formas de adoração e terminaram com as missas, assim como a eliminação das imagens nas igrejas e a ab-rogação do celibato. Ao mesmo tempo em que Lutero escrevia ''"a todos os cristãos para que se resguardem da insurreição e rebelião"''. Seu casamento com a ex-monja [[cisterciense]] [[Catarina von Bora]] incentivou o casamento de outros padres e freiras que haviam adotado a Reforma. Com estes e outros atos consumou-se o rompimento definitivo com a Igreja Romana.<ref>{{Citar web|url = http://www.musicaeadoracao.com.br/diversos/martinho_lutero.htm| titulo =Música e Adoração|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> Em janeiro de 1521 foi realizada a [[Dieta de Worms]] que teve um papel importante na Reforma, pois nela Lutero foi convocado para desmentir as suas teses; no entanto, ele defendeu-as e pediu a reforma.<ref>{{Citar web|url = http://www.monergismo.com/textos/biografias/lutero_storms.htm| titulo =Monergismo|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> Autoridades de várias regiões do [[Sacro Império Romano-Germânico]] pressionadas pela população e pelos luteranos, expulsavam e até assassinavam sacerdotes católicos das igrejas,<ref name="Janssen, Johannes 1891"/> substituindo-os por religiosos com formação luterana.<ref name="Gislane e Reinaldo"/>


Após este primeiro estágio da Reforma, após a [[excomunhão]] de Lutero no ''[[Decet Romanum Pontificem]]'' e a condenação de seus seguidores pelos éditos da Dieta de Worms em 1521, a obra e os escritos de [[João Calvino]] foram influentes no estabelecimento de um consenso vago entre várias igrejas na Suíça, [[História da Escócia|Escócia]], [[Hungria]], Alemanha e em outros lugares.
Toda essa rebelião ideológica resultou também em rebeliões armadas, com destaque para a [[Guerra dos Camponeses]] (1524-1525). Esta guerra foi, de muitas maneiras, uma resposta aos discursos de Lutero e de outros reformadores. Revoltas de camponeses já tinham existido em pequena escala em [[Flandres]] (1321-1323), na [[Reino da França|França]] (1358), na [[Reino da Inglaterra|Inglaterra]] (1381-1388), durante as [[guerras hussitas]] do {{séc|XV}}, e muitas outras até o XVIII. A revolta foi incitada principalmente pelo seguidor de Lutero, [[Thomas Münzer]],<ref name="Gislane e Reinaldo"/> que comandou massas camponesas contra a nobreza imperial, pois propunha uma sociedade sem diferenças entre ricos e pobres e sem propriedade privada,<ref name="Gislane e Reinaldo"/> Lutero por sua vez defendia que a existência de ''"senhores e servos"'' era vontade divina,<ref name="Gislane e Reinaldo"/> motivo pelo qual eles romperam,<ref>''História das cavernas ao terceiro milênio''. Myriam Becho Mota. Patrícia Ramos Braick. Volume I. Editora Moderna. Pág.: 179. ISBN 85-16-0402-4.</ref> sendo que Lutero condenou Münzer e essa revolta.<ref>{{Citar web|url = http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,542971,00.html| titulo =DW-World|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref>


Embora a [[Guerra dos Camponeses|Guerra dos Camponeses Alemães]] de 1524-1525 tenha começado como um protesto contra impostos e anticorrupção, seu líder [[Thomas Müntzer]] deu a ela um caráter radical.<ref>Whaley, pp.&nbsp;222–23, 226</ref> Em resposta aos relatórios sobre a destruição e violência, Lutero condenou a revolta em escritos como ''[[Contra os Camponeses Assaltantes e Assassinos|Contra os assassinos, ladrões de hordas de camponeses]]''; o aliado de Zwínglio e Lutero, [[Filipe Melâncton|Philipp Melanchthon,]] também não tolerou o levante.<ref>Whaley, pp.&nbsp;222–23</ref><ref>Yarnell III, pp.&nbsp;95–6</ref> Cerca de 100 mil camponeses foram mortos até o final da guerra.<ref>Whaley, p.&nbsp;220</ref>
[[Imagem:ReformationsdenkmalGenf1.jpg|thumb|esquerda| O [[Muro dos Reformadores]]. Da esquerda à direita, estátuas de [[Guilherme Farel]], [[João Calvino]], [[Teodoro de Beza]] e [[John Knox]]]]


=== Reforma Radical ===
Em 1530, foi apresentada na [[Dieta]] imperial convocada pelo imperador [[Carlos I de Espanha|Carlos V]], realizada em abril desse ano, a [[Confissão de Augsburgo]], escrita por [[Felipe Melanchton]]<ref>{{Citar web|url = http://www.griep.com.br/clientes/ielb/tpls/162.asp?idPg=430&mAb=s&idCadastro=21| titulo =IELB|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> com o apoio da [[Liga de Esmalcalda]]. Os representantes católicos na dieta resolveram preparar uma refutação ao documento luterano em agosto, a ''Confutatio Pontificia'' (Confutação), que foi lida na dieta. O imperador exigiu que os luteranos admitissem que sua confissão havia sido refutada. A reação luterana surgiu na forma da ''Apologia da Confissão de Augsburgo'', que estava pronta para ser apresentada em setembro do mesmo ano, mas foi rejeitada pelo Imperador. A ''Apologia'' foi publicada por Felipe Melanchton no fim de maio de 1531, tornando-se confissão de fé oficial quando foi assinada, juntamente com a [[Confissão de Augsburgo]], em Esmalcalda, em 1537.<ref>{{Citar web|url = http://www.celst.org.br/historia.htm|titulo = CELST (Comunidade Evangélica Luterana Santíssima Trindade)|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20081226061627/http://www.celst.org.br/historia.htm|arquivodata = 2008-12-26|urlmorta = yes}}</ref>
{{AP|Reforma Radical}}
[[Imagem:Titelblatt_12_Artikel.jpg|thumb|upright|Panfleto dos [[Guerra dos Camponeses|Doze Artigos dos Camponeses de 1525]]]]
A [[Reforma Radical]] foi a resposta ao que se acreditava ser a corrupção tanto na Igreja Católica Romana quanto na Reforma Magisterial. Começando na Alemanha e na Suíça no século XVI, a Reforma Radical desenvolveu igrejas protestantes radicais por toda a Europa. O termo inclui [[Thomas Müntzer]], [[Andreas Karlstadt]], os [[profetas de Zwickau]] e [[Anabatista|anabatistas]], como os [[huteritas]] e [[menonitas]]. Em partes da Alemanha, Suíça e [[Áustria]], a maioria simpatizou com a Reforma Radical, apesar da intensa perseguição.<ref name="horsch">{{Citar livro|título=Mennonites in Europe|ultimo=Horsch|primeiro=John|data=1995|editora=Herald Press|isbn=978-0-8361-1395-2}}</ref> Embora a proporção de sobreviventes da população europeia que se rebelou contra as igrejas católicas, luteranas e [[Zwinglianismo|zwinglianas]] fosse pequena, os reformadores radicais escreveram abundantemente e a literatura sobre a Reforma Radical é desproporcionalmente grande, em parte como resultado da proliferação dos ensinamentos da reforma radical nos [[Estados Unidos]].<ref>{{Citar livro|título=The European Reformation|ultimo=Euan Cameron|editora=[[Oxford University Press]]|ano=1991|isbn=978-0-19-873093-4}}</ref>


Apesar da diversidade significativa entre os primeiros reformadores radicais, alguns "padrões repetidos" surgiram entre muitos grupos anabatistas. Muitos desses padrões foram consagrados na [[Confissão de Schleitheim|''Confissão de Schleitheim'' (1527)]] e incluem o [[Batismo do crente|batismo dos crentes (ou adultos)]], visão memorial da [[Eucaristia|Ceia do Senhor]], crença de que a Escritura é a autoridade final em questões de fé e prática, ênfase no [[Novo Testamento]] e o [[Sermão da Montanha]], interpretação da Escritura em comunidade, separação do mundo e uma [[Doutrina dos dois reinos|teologia de dois reinos]], [[pacifismo]], [[comunalismo]] e compartilhamento econômico, além da crença na liberdade de vontade, no não juramento, na "rendição" (''Gelassenheit'') para a própria comunidade e para Deus, na salvação por meio da divinização (''Vergöttung''), na vida ética e no discipulado (''Nachfolge Christi'').<ref>Andrew P. Klager, "Ingestion and Gestation: Peacemaking, the Lord's Supper, and the Theotokos in the Mennonite-Anabaptist and Eastern Orthodox Traditions," ''Journal of Ecumenical Studies'' 47, no. 3 (summer 2012): pp. 441–442.</ref>
Ao mesmo tempo em que ocorria uma reforma em um sentido determinado, alguns grupos protestantes realizaram a chamada ''Reforma Radical''. Queriam uma reforma mais profunda. Foram parte importante dessa reforma radical os [[anabatistas]], cujas principais características eram a defesa da total separação entre igreja e estado e o "novo batismo"<ref>{{Citar web|url = http://www.aguasvivas.ws/revista/48/espigando2.htm| titulo =Águas Vivas|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> (que em [[Língua grega|grego]] é ''anabaptizo'').


=== Alfabetização ===
[[Imagem:John Calvin.jpg|thumb|[[João Calvino]]]]
[[Ficheiro:Lutherbibel.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|A [[Bíblia de Lutero]], de 1534, foi traduzida para o alemão. A tradução de Lutero influenciou o desenvolvimento do alemão padrão atual.]]
A Reforma foi um triunfo da alfabetização e da nova imprensa.<ref name=Pettegree543>Pettegree ''Reformation World'' p.&nbsp;543</ref><ref name="Rubin270">Rubin, "Printing and Protestants" Review of Economics and Statistics pp.&nbsp;270–286</ref><ref name=":1">{{Citar web |url=http://cep.lse.ac.uk/pubs/download/dp1367.pdf |titulo=Media, Markets and Institutional Change: Evidence from the Protestant Reformation}}</ref> A [[Bíblia de Lutero|tradução de Lutero da Bíblia]] para o [[Língua alemã|alemão]] foi um momento decisivo na disseminação da [[alfabetização]] e também estimulou a impressão e distribuição de livros e panfletos religiosos. De 1517 em diante, panfletos religiosos inundaram a Alemanha e grande parte da Europa.<ref name=PettegreeHall786>Pettegree and Hall "Reformation and the Book ''Historical Journal'' p.&nbsp;786</ref>


Em 1530, mais de 10 mil publicações são conhecidas, com um total de dez milhões de cópias. A Reforma foi, portanto, uma revolução de mídia. Lutero reforçou seus ataques contra Roma, retratando uma igreja "boa" contra uma "má". A partir daí, ficou claro que a impressão poderia ser usada para propaganda de agendas particulares, embora o termo propaganda derive da ''[[Congregação para a Evangelização dos Povos|Congregatio de Propaganda Fide]]'' (''Congregação para a Propagação da Fé'') da [[Contrarreforma]] católica. Os redatores da reforma usaram estilos, clichês e estereótipos existentes que eles adaptaram conforme necessário. Especialmente eficazes foram os escritos em alemão, incluindo a tradução da Bíblia de Lutero, seu [[Catecismo Menor de Lutero|Catecismo Menor]] para pais ensinarem seus filhos e seu [[Catecismo Maior de Lutero|Catecismo Maior]] para pastores. Usando o [[vernáculo]] alemão, eles expressaram o [[Credo dos Apóstolos]] em uma linguagem trinitária mais simples e pessoal. As ilustrações na Bíblia alemã e em muitos folhetos popularizaram as ideias de Lutero. [[Lucas Cranach, o Velho]] (1472-1553), o grande pintor patrocinado pelos eleitores de [[Wittenberg]], era um amigo próximo de Lutero e ilustrou a teologia de Lutero para um público popular. Ele dramatizou as visões de Lutero sobre a relação entre o Antigo e o Novo Testamento, enquanto permanecia atento às cuidadosas distinções de Lutero sobre os usos adequados e impróprios de imagens visuais.<ref name="Weimer387">Weimer "Luther and Cranach" ''Lutheran Quarterly'' pp.&nbsp;387–405</ref>
Enquanto no Sacro Império a reforma era liderada por Lutero, Na França e na Suíça a Reforma teve como líderes [[João Calvino]] e [[Ulrico Zuínglio]].<ref>Série de autores e consultores, [[Dorling Kindersley]], ''History'' (título original), 2007, ISBN 978-989-550-607-1, pág 256-259</ref>


== Causas ==
João Calvino foi inicialmente um [[humanista]]. Foi integrante do clero, todavia não chegou a ser ordenado sacerdote romano. Depois do seu afastamento da Igreja romana, este intelectual começou a ser visto como um representante importante do movimento protestante.<ref>{{Citar web|url = http://www.saranossaterrapt.com/content/view/120/265| titulo =Sara Nossa Terra|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> Vítima das perseguições aos [[huguenotes]] na França, fugiu para [[Genebra]] em 1533<ref>{{Citar web|url = http://www.cacp.org.br/estudos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=870&menu=7&submenu=3|titulo = [[CACP]]|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20080714093456/http://www.cacp.org.br/estudos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=870&menu=7&submenu=3|arquivodata = 2008-07-14|urlmorta = yes}}</ref> onde faleceu em 1564. [[Genebra]] tornou-se um centro do protestantismo europeu e João Calvino permanece desde então como uma figura central da história da cidade e da Suíça. Calvino publicou as [[Institutas da Religião Cristã]],<ref>{{Citar web|url = http://www.mackenzie.br/7036.html|titulo = Portal Mackenzie|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20080916011018/http://www.mackenzie.br/7036.html|arquivodata = 2008-09-16|urlmorta = yes}}</ref> que são uma importante referência para o sistema de doutrinas adotado pelas [[Igrejas Reformadas]].<ref>{{Citar web|url = http://www.teuministerio.com.br/BRSPIPBRAIPD4/vsItemDisplay.dsp&objectID=B48FD152-099A-427B-B0722510E2F73B05&method=display|titulo = Teu Ministério|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20090318041650/http://www.teuministerio.com.br/BRSPIPBRAIPD4/vsItemDisplay.dsp%26objectID%3DB48FD152-099A-427B-B0722510E2F73B05%26method%3Ddisplay|arquivodata = 2009-03-18|urlmorta = yes}}</ref>
[[Ficheiro:Holbein-erasmus.jpg|miniaturadaimagem| [[Erasmo de Roterdão|Erasmo]] foi um padre católico que inspirou alguns dos reformadores protestantes]]
Os seguintes [[Economia pelo lado da oferta|fatores do lado da oferta]] foram identificados como causas da Reforma:<ref name=":0">{{Citar periódico |url=http://wrap.warwick.ac.uk/80754/1/WRAP_Becker_reformation_survey_becker_pfaff_rubin_v3%20%281%29.pdf |titulo=Causes and Consequences of the Protestant Reformation |ultimo=Becker |primeiro=Sascha O. |ultimo2=Pfaff |primeiro2=Steven |ano=2016 |paginas=1–25 |doi=10.1016/j.eeh.2016.07.007 |ultimo3=Rubin |primeiro3=Jared |volume=62 |journal=Explorations in Economic History}}</ref>


* A presença de uma [[prensa móvel]] em uma cidade por volta de 1500 tornou a popularização do protestantismo por volta de 1600 muito mais provável;<ref name="Rubin270">Rubin, "Printing and Protestants" Review of Economics and Statistics pp.&nbsp;270–286</ref>
Os problemas com os huguenotes somente concluíram quando o rei {{lknb|Henrique|IV|da França}}, um ex-huguenote, emitiu o [[Édito de Nantes]], declarando tolerância religiosa e prometendo um reconhecimento oficial da minoria protestante, mas sob condições muito restritas. O catolicismo romano se manteve como religião oficial estatal e as fortunas dos protestantes franceses diminuíram gradualmente ao longo do século seguinte, culminando no [[Édito de Fontainebleau]] de Luis&nbsp;XIV, que revogou o Édito de Nantes e fez de Roma a única Igreja legal na França. Em resposta ao Édito de Fontainebleau, Frederick William de [[Brandemburgo]] declarou o Édito de Potsdam, dando passagem livre a franceses huguenotes refugiados e isentando-os de impostos durante 10 anos.
* A literatura protestante foi produzida em níveis maiores em cidades onde os mercados de mídia eram mais competitivos, tornando essas cidades mais propensas a adotar o protestantismo;<ref name=":1">{{Citar web |url=http://cep.lse.ac.uk/pubs/download/dp1367.pdf |titulo=Media, Markets and Institutional Change: Evidence from the Protestant Reformation}}</ref>
* As incursões [[Império Otomano|otomanas]] diminuíram os conflitos entre protestantes e católicos, ajudando a Reforma a criar raízes;<ref>{{Citar periódico |titulo=Luther and Suleyman |data=1 de novembro de 2008 |ultimo=Iyigun |primeiro=Murat |paginas=1465–1494 |doi=10.1162/qjec.2008.123.4.1465 |issn=0033-5533 |volume=123 |journal=The Quarterly Journal of Economics}}</ref>
* Maior autonomia política aumentou a probabilidade de que o protestantismo fosse adotado;<ref name="Rubin270" /><ref name=":2">{{Citar periódico |url=https://repositori.upf.edu/bitstream/handle/10230/19925/1265.pdf?sequence=1&isAllowed=y |titulo=Adopting a New Religion: the Case of Protestantism in 16th Century Germany |data=1 de maio de 2012 |ultimo=Cantoni |primeiro=Davide |paginas=502–531 |doi=10.1111/j.1468-0297.2012.02495.x |issn=1468-0297 |volume=122 |journal=The Economic Journal}}</ref>
* Onde os reformadores protestantes desfrutavam do patrocínio principesco, eles tinham muito mais probabilidade de sucesso;<ref name="Kim 188–215">{{Citar periódico |titulo=Structure and Dynamics of Religious Insurgency Students and the Spread of the Reformation |data=1 de abril de 2012 |ultimo=Kim |primeiro=Hyojoung |ultimo2=Pfaff |primeiro2=Steven |paginas=188–215 |doi=10.1177/0003122411435905 |issn=0003-1224 |volume=77 |journal=American Sociological Review}}</ref>
* A proximidade de vizinhos que adotaram o protestantismo aumentou a probabilidade de adoção da Reforma;<ref name=":2" />
* As cidades com maior número de alunos matriculados em universidades heterodoxas e menor número de alunos matriculados em universidades ortodoxas eram mais propensas a adotar o protestantismo.<ref name="Kim 188–215" />


Os seguintes fatores do lado da demanda foram identificados como causas da Reforma:<ref name=":0"/>
[[Ulrico Zuínglio]] foi o líder da reforma suíça e fundador das igrejas reformadas suíças. Zuínglio não deixou igrejas organizadas, mas as suas doutrinas influenciaram as confissões calvinistas. A reforma de Zuínglio foi apoiada pelo magistrado e pela população de [[Zurique]], levando a mudanças significativas na vida civil e em assuntos de estado em Zurique.<ref>{{Citar web|url = http://www.levandoapalavra.com/Ministerial/herois/ulricozuinglio.htm|titulo = Levando a Palavra|acessodata = 13 de outubro de 2008}}{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}</ref>


* Cidades com fortes cultos de santos eram menos propensas a adotar o protestantismo;<ref>{{Citar periódico |titulo=The true citizens of the city of God: the cult of saints, the Catholic social order, and the urban Reformation in Germany |data=12 de março de 2013 |ultimo=Pfaff |primeiro=Steven |paginas=189–218 |doi=10.1007/s11186-013-9188-x |issn=0304-2421 |volume=42 |journal=Theory and Society}}</ref>
=== Na Inglaterra ===
* As cidades onde a [[primogenitura]] era praticada eram menos propensas a adotar o protestantismo;<ref>{{Citar periódico |url=http://web.stanford.edu/~avner/Greif_228_2005/Ekelund%20et%20al%202002%20JPE%20Reformation.pdf |titulo=An Economic Analysis of the Protestant Reformation |data=1 de junho de 2002 |ultimo=Ekelund |primeiro=Jr., Robert B. |ultimo2=Hébert |primeiro2=Robert F. |paginas=646–671 |doi=10.1086/339721 |issn=0022-3808 |ultimo3=Tollison |primeiro3=Robert D. |volume=110 |journal=Journal of Political Economy}}</ref>
O curso da Reforma foi diferente na [[Reino da Inglaterra|Inglaterra]]. Desde há muito tempo que havia uma forte corrente anticlerical, tendo a Inglaterra já visto o movimento [[Lollardo]], que inspirou os [[hussitas]] na [[Boémia]]. No entanto, ao redor de 1520 os [[lollardos]] já não eram uma força ativa, ou pelo menos um movimento de massas.
* Regiões que eram pobres, mas tinham grande potencial econômico e instituições políticas ruins eram mais propensas a adotar o protestantismo;<ref name=":3">{{Citar relatório |ultimo=Curuk |primeiro=Malik |ultimo2=Smulders |primeiro2=Sjak |url=https://docs.google.com/a/tilburguniversity.edu/viewer?a=v&pid=sites&srcid=ZGVmYXVsdGRvbWFpbnxtYWxpa2N1cnVrfGd4OjUwMWYwNTkzMGM1MDcxNjE |titulo=Malthus Meets Luther: the Economics Behind the German Reformation |data=15 de julho de 2016 |ssrn=2828615}}</ref>
* A presença de bispados tornou a adoção do protestantismo menos provável;<ref name="Rubin270">Rubin, "Printing and Protestants" Review of Economics and Statistics pp.&nbsp;270–286</ref>
* A presença de mosteiros tornou a adoção do protestantismo menos provável.<ref name=":3" />


Um estudo de 2020 vinculou a disseminação do protestantismo a laços pessoais com Lutero (por exemplo, correspondentes de cartas, visitas, ex-alunos) e rotas comerciais.<ref>{{Citar periódico |titulo=Multiplex Network Ties and the Spatial Diffusion of Radical Innovations: Martin Luther's Leadership in the Early Reformation |data=1 de setembro de 2020 |ultimo=Becker |primeiro=Sascha O. |ultimo2=Hsiao |primeiro2=Yuan |paginas=857–894 |lingua=en |doi=10.1177/0003122420948059 |ultimo3=Pfaff |primeiro3=Steven |ultimo4=Rubin |primeiro4=Jared |volume=85 |journal=American Sociological Review}}</ref>
[[Imagem:Henry VIII of England, by Hans Holbein.jpg|thumb|esquerda|{{lknb|Henrique|VIII}}, por [[Hans Holbein, o Jovem]], 1537, [[Museu Thyssen-Bornemisza]]]]


== Disseminação ==
Embora {{lknb|Henrique|VIII|de Inglaterra}} tivesse defendido a [[Igreja Romana]] com o livro ''[[Assertio Septem Sacramentorum]]'' (''Defesa dos Sete Sacramentos''), que contrapunha as 95 Teses de Martinho Lutero, Henrique promoveu a Reforma Inglesa para satisfazer as suas necessidades políticas. Sendo este casado com [[Catarina de Aragão]], que não lhe havia dado filho homem, Henrique solicitou ao papa {{lknb|Clemente|VII}} a anulação do casamento.<ref name="saberhistoria.hpg.ig.com.br">{{Citar web|url = http://www.saberhistoria.hpg.ig.com.br/nova_pagina_107.htm|titulo = Saber História|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20090122020542/http://saberhistoria.hpg.ig.com.br/nova_pagina_107.htm|arquivodata = 2009-01-22|urlmorta = yes}}</ref> Perante a recusa do [[papado]], Henrique fez-se proclamar, em 1531, protetor da Igreja inglesa. O [[Ato de Supremacia]], votado no parlamento em novembro de 1534, colocou Henrique e os seus sucessores na liderança da igreja, nascendo assim o [[anglicanismo]]. Os súditos deveriam submeter-se ou então seriam excomungados, perseguidos<ref>{{Citar web|url = http://www.veritatis.com.br/article/4690| titulo =Veritatis|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> e executados, tribunais religiosos foram instaurados e católicos foram obrigados à assistir cultos protestantes,<ref>Macaulay. ''A História da Inglaterra''. Lípsia, pag.:54.</ref> muitos importantes opositores foram mortos, tais como [[Thomas More]], o bispo [[John Fischer]] e alguns sacerdotes, frades franciscanos e monges [[cartuxo]]s. Quando Henrique foi sucedido pelo seu filho {{lknb|Eduardo|VI|de Inglaterra}} em 1547, os protestantes viram-se em ascensão no governo. Uma reforma mais radical foi imposta diferenciando o anglicanismo ainda mais do catolicismo romano.<ref>{{Citar web|url = http://www.cleofas.com.br/virtual/texto.php?doc=ESTEVAO&id=deb0626|titulo = Cleofas|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20090112014919/http://www.cleofas.com.br/virtual/texto.php?doc=ESTEVAO&id=deb0626|arquivodata = 2009-01-12|urlmorta = yes}}</ref>
=== Sacro Império, Suíça e França ===
No início do {{séc|XVI}}, o monge [[Alemães|alemão]] [[Martinho Lutero]], abraçando as ideias dos pré-reformadores, proferiu três sermões contra as [[indulgência]]s em 1516 e 1517. Em 31 de outubro de 1517 foram pregadas as ''[[95 Teses]]'' na porta da [[Catedral de Wittenberg]], com um convite aberto a uma [[disputa (escolástica)|disputa escolástica]] sobre elas.<ref>{{Citar web|url = http://www.monergismo.com/textos/credos/lutero_teses.htm| titulo =Monergismo|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> Esse fato é considerado como o início da Reforma Protestante.<ref>{{Citar web|url = http://www1.folha.uol.com.br/folha/dw/ult1908u446354.shtml| titulo =Folha Online|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> Essas teses condenavam a "avareza e o paganismo" na Igreja, e pediam um debate teológico sobre o que as [[indulgências]] significavam. As ''95 Teses'' foram logo traduzidas para o alemão e amplamente copiadas e impressas. Após um mês se haviam espalhado por toda a [[Europa]].<ref>{{Citar web|url = http://www.arqnet.pt/portal/teoria/teses.html | titulo =ARQnet|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref>


Após diversos acontecimentos, em junho de 1518 foi aberto um processo por parte da Igreja Romana contra Lutero, a partir da publicação das suas 95 Teses. Alegava-se, com o exame do processo, que ele incorria em [[heresia]]. Depois disso, em agosto de 1518, o processo foi alterado para heresia notória.<ref>{{Citar web|url = http://www.musicaeadoracao.com.br/diversos/martinho_lutero.htm| titulo =Águas Vivas|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> Finalmente, em junho de 1520 reapareceu a ameaça no escrito "Exsurge Domini" e, em janeiro de 1521, a bula "Decet Romanum Pontificem" [[excomunhão|excomungou]] Lutero. Devido a esses acontecimentos, Lutero foi exilado no [[Castelo de Wartburg]], em [[Eisenach]], onde permaneceu por cerca de um ano. Durante esse período de retiro forçado, Lutero trabalhou na sua tradução da [[Bíblia]] para o alemão, da qual foi impresso o ''Novo Testamento'', em setembro de 1522.<ref>{{Citar web|url = http://www.ielb.org.br/tpls/162.asp?idPg=430&mAb=s&idCadastro=37|titulo = IELB (Igreja Evangélica Luterana do Brasil)|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20090315002334/http://www.ielb.org.br/tpls/162.asp?idPg=430&mAb=s&idCadastro=37|arquivodata = 2009-03-15|urlmorta = yes}}</ref>
Seguiu-se uma breve reação romana durante o reinado de {{lknb|Maria|I|de Inglaterra}} {{nwrap||1553|1558}}. De início moderada na sua política religiosa, Maria procura a reconciliação com [[Roma]], consagrada em 1554, quando o [[Parlamento do Reino Unido|parlamento]] votou o regresso à obediência ao papa.<ref name="saberhistoria.hpg.ig.com.br"/> Um consenso começou a surgir durante o reinado de {{lknb|Isabel|I|de Inglaterra}}. Em 1559, Isabel I retornou ao anglicanismo com o restabelecimento do ''Ato de Supremacia'' e do ''Livro de Orações'' de {{lknb|Eduardo|VI}}. Através da ''Confissão dos Trinta e Nove Artigos'' (1563), Isabel alcançou um compromisso entre o [[protestantismo]] e o catolicismo romano: embora o dogma se aproximasse do [[calvinismo]], só admitindo como sacramentos o [[Batismo]] e a [[Eucaristia]], foi mantida a hierarquia episcopal e o fausto das cerimônias religiosas.


[[Imagem:John Knox.jpg|thumb|[[John Knox]]]]
[[Imagem:Reformation.gif|thumb|esquerda|upright=1.3|Extensão da Reforma Protestante na Europa]]


Enquanto isso, em meio ao clero saxônio, aconteceram renúncias ao voto de castidade, ao mesmo tempo em que outros tantos atacavam os votos monásticos. Entre outras coisas, muitos realizaram a troca das formas de adoração e terminaram com as missas, assim como a eliminação das imagens nas igrejas e a ab-rogação do celibato. Ao mesmo tempo em que Lutero escrevia ''"a todos os cristãos para que se resguardem da insurreição e rebelião"''. Seu casamento com a ex-monja [[cisterciense]] [[Catarina von Bora]] incentivou o casamento de outros padres e freiras que haviam adotado a Reforma. Com estes e outros atos consumou-se o rompimento definitivo com a Igreja Romana.<ref>{{Citar web|url = http://www.musicaeadoracao.com.br/diversos/martinho_lutero.htm| titulo =Música e Adoração|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> Em janeiro de 1521 foi realizada a [[Dieta de Worms]] que teve um papel importante na Reforma, pois nela Lutero foi convocado para desmentir as suas teses; no entanto, ele defendeu-as e pediu a reforma.<ref>{{Citar web|url = http://www.monergismo.com/textos/biografias/lutero_storms.htm| titulo =Monergismo|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> Autoridades de várias regiões do [[Sacro Império Romano-Germânico]] pressionadas pela população e pelos luteranos, expulsavam e até assassinavam sacerdotes católicos das igrejas, substituindo-os por religiosos com formação luterana.
A Reforma na [[Reino da Inglaterra|Inglaterra]] procurou preservar o máximo da Tradição Romana (episcopado, liturgia e sacramentos). A Igreja da Inglaterra sempre se viu como a ''ecclesia anglicanae'', ou seja, ''A Igreja cristã na Inglaterra'' e não como uma derivação da Igreja de [[Roma]] ou do movimento reformista do {{séc|XVI}}. A Reforma Anglicana buscou ser a "via média" entre Roma e o protestantismo.<ref>{{Citar web|url = http://www.metodista.br/ppc/correlatio/correlatio10/a-tensao-entre-substancia-catolica-e-principio-protestante-no-anglicanismo|titulo = Metodista|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20090108164420/http://www.metodista.br/ppc/correlatio/correlatio10/a-tensao-entre-substancia-catolica-e-principio-protestante-no-anglicanismo|arquivodata = 2009-01-08|urlmorta = yes}}</ref>


Toda essa rebelião ideológica resultou também em rebeliões armadas, com destaque para a [[Guerra dos Camponeses]] (1524-1525). Esta guerra foi, de muitas maneiras, uma resposta aos discursos de Lutero e de outros reformadores. Revoltas de camponeses já tinham existido em pequena escala em [[Flandres]] (1321-1323), na [[Reino da França|França]] (1358), na [[Reino da Inglaterra|Inglaterra]] (1381-1388), durante as [[guerras hussitas]] do {{séc|XV}}, e muitas outras até o XVIII. A revolta foi incitada principalmente pelo seguidor de Lutero, [[Thomas Münzer]], que comandou massas camponesas contra a nobreza imperial, pois propunha uma sociedade sem diferenças entre ricos e pobres e sem propriedade privada, Lutero por sua vez defendia que a existência de ''"senhores e servos"'' era vontade divina, motivo pelo qual eles romperam,<ref>''História das cavernas ao terceiro milênio''. Myriam Becho Mota. Patrícia Ramos Braick. Volume I. Editora Moderna. Pág.: 179. ISBN 85-16-0402-4.</ref> sendo que Lutero condenou Münzer e essa revolta.<ref>{{Citar web|url = http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,542971,00.html| titulo =DW-World|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref>
Em 1561, apareceu uma confissão de fé com uma Exortação à Reforma da Igreja modificando seu sistema de liderança, pelo qual nenhuma igreja deveria exercer qualquer autoridade ou governo sobre outras, e ninguém deveria exercer autoridade na Igreja se isso não lhe fosse conferido por meio de eleição. Esse sistema, considerado "separatista" pela Igreja Anglicana, ficou conhecido como [[congregacionalismo]].<ref>{{Citar web|url = http://www.centrowhite.org.br/textos.pdf/09/congregacionalismo.pdf|formato = pdf|titulo = Centro White|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20090205080558/http://centrowhite.org.br/textos.pdf/09/congregacionalismo.pdf|arquivodata = 2009-02-05|urlmorta = yes}}</ref> Richard Fytz é considerado o primeiro pastor de uma igreja ''congregacional'', entre os anos de 1567 e 1568, na cidade de [[Londres]]. Por volta de 1570, ele publicou um manifesto intitulado ''As Verdadeiras Marcas da Igreja de Cristo''.<ref>{{Citar web|url = http://www.iect.com.br/portal/tiki-pagehistory.php?page=PG_Somos&diff=29| titulo =IECT (Igreja Evangélica Congregacional da Tijuca)|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> Em 1580, [[Robert Browne]], um clérigo [[anglicano]] que se tornou separatista, junto com o leigo Robert Harrison, organizou em [[Norwich]] uma congregação cujo sistema era congregacionalista,<ref>{{Citar web |url=http://www.mackenzie.br/7058.98.html |titulo=Portal Mackenzie |acessodata=13 de outubro de 2008 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20090315055411/http://www.mackenzie.br/7058.98.html |arquivodata=2009-03-15 |urlmorta=yes}}</ref> sendo um claro exemplo de igreja desse sistema.


[[Imagem:ReformationsdenkmalGenf1.jpg|thumb|O [[Muro dos Reformadores]]. Da esquerda à direita, estátuas de [[Guilherme Farel]], [[João Calvino]], [[Teodoro de Beza]] e [[John Knox]]]]
Na [[Escócia]], [[John Knox]] (1505-1572), que tinha estudado com [[João Calvino]] em [[Genebra]], levou o [[Parlamento da Escócia]] a abraçar a Reforma Protestante em 1560, sendo estabelecido o [[presbiterianismo]]. A primeira Igreja Presbiteriana, a [[Igreja da Escócia]] (ou ''Kirk''), foi fundada como resultado disso.<ref name="arminianismo.com">{{Citar web|url = http://www.arminianismo.com/index.php?option=com_content&task=view&id=346&Itemid=99999999| titulo =Arminianismo|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref>


Em 1530, foi apresentada na [[Dieta]] imperial convocada pelo imperador [[Carlos I de Espanha|Carlos V]], realizada em abril desse ano, a [[Confissão de Augsburgo]], escrita por [[Felipe Melanchton]]<ref>{{Citar web|url = http://www.griep.com.br/clientes/ielb/tpls/162.asp?idPg=430&mAb=s&idCadastro=21| titulo =IELB|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> com o apoio da [[Liga de Esmalcalda]]. Os representantes católicos na dieta resolveram preparar uma refutação ao documento luterano em agosto, a ''Confutatio Pontificia'' (Confutação), que foi lida na dieta. O imperador exigiu que os luteranos admitissem que sua confissão havia sido refutada. A reação luterana surgiu na forma da ''Apologia da Confissão de Augsburgo'', que estava pronta para ser apresentada em setembro do mesmo ano, mas foi rejeitada pelo Imperador. A ''Apologia'' foi publicada por Felipe Melanchton no fim de maio de 1531, tornando-se confissão de fé oficial quando foi assinada, juntamente com a [[Confissão de Augsburgo]], em Esmalcalda, em 1537.<ref>{{Citar web|url = http://www.celst.org.br/historia.htm|titulo = CELST (Comunidade Evangélica Luterana Santíssima Trindade)|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20081226061627/http://www.celst.org.br/historia.htm|arquivodata = 2008-12-26|urlmorta = yes}}</ref>
=== Nos Países Baixos e na Escandinávia ===

[[Imagem:Holbein-erasmus3.jpg|thumb|esquerda|''[[Erasmo de Roterdão]]'', por [[Hans Holbein, o Jovem]], 1530]]
Ao mesmo tempo em que ocorria uma reforma em um sentido determinado, alguns grupos protestantes realizaram a chamada ''Reforma Radical''. Queriam uma reforma mais profunda. Foram parte importante dessa reforma radical os [[anabatistas]], cujas principais características eram a defesa da total separação entre igreja e estado e o "novo batismo"<ref>{{Citar web|url = http://www.aguasvivas.ws/revista/48/espigando2.htm| titulo =Águas Vivas|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> (que em [[Língua grega|grego]] é ''anabaptizo''). Enquanto no Sacro Império a reforma era liderada por Lutero, Na França e na Suíça a Reforma teve como líderes [[João Calvino]] e [[Ulrico Zuínglio]].<ref>Série de autores e consultores, [[Dorling Kindersley]], ''History'' (título original), 2007, ISBN 978-989-550-607-1, pág 256-259</ref>

João Calvino foi inicialmente um [[humanista]]. Foi integrante do clero, todavia não chegou a ser ordenado sacerdote romano. Depois do seu afastamento da Igreja romana, este intelectual começou a ser visto como um representante importante do movimento protestante.<ref>{{Citar web|url = http://www.saranossaterrapt.com/content/view/120/265| titulo =Sara Nossa Terra|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> Vítima das perseguições aos [[huguenotes]] na França, fugiu para [[Genebra]] em 1533<ref>{{Citar web|url = http://www.cacp.org.br/estudos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=870&menu=7&submenu=3|titulo = [[CACP]]|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20080714093456/http://www.cacp.org.br/estudos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=870&menu=7&submenu=3|arquivodata = 2008-07-14|urlmorta = yes}}</ref> onde faleceu em 1564. [[Genebra]] tornou-se um centro do protestantismo europeu e João Calvino permanece desde então como uma figura central da história da cidade e da Suíça. Calvino publicou as [[Institutas da Religião Cristã]],<ref>{{Citar web|url = http://www.mackenzie.br/7036.html|titulo = Portal Mackenzie|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20080916011018/http://www.mackenzie.br/7036.html|arquivodata = 2008-09-16|urlmorta = yes}}</ref> que são uma importante referência para o sistema de doutrinas adotado pelas [[Igrejas Reformadas]].<ref>{{Citar web|url = http://www.teuministerio.com.br/BRSPIPBRAIPD4/vsItemDisplay.dsp&objectID=B48FD152-099A-427B-B0722510E2F73B05&method=display|titulo = Teu Ministério|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20090318041650/http://www.teuministerio.com.br/BRSPIPBRAIPD4/vsItemDisplay.dsp%26objectID%3DB48FD152-099A-427B-B0722510E2F73B05%26method%3Ddisplay|arquivodata = 2009-03-18|urlmorta = yes}}</ref>

Os problemas com os huguenotes somente concluíram quando o rei {{lknb|Henrique|IV|da França}}, um ex-huguenote, emitiu o [[Édito de Nantes]], declarando tolerância religiosa e prometendo um reconhecimento oficial da minoria protestante, mas sob condições muito restritas. O catolicismo romano se manteve como religião oficial estatal e as fortunas dos protestantes franceses diminuíram gradualmente ao longo do século seguinte, culminando no [[Édito de Fontainebleau]] de Luis&nbsp;XIV, que revogou o Édito de Nantes e fez de Roma a única Igreja legal na França. Em resposta ao Édito de Fontainebleau, Frederick William de [[Brandemburgo]] declarou o Édito de Potsdam, dando passagem livre a franceses huguenotes refugiados e isentando-os de impostos durante 10 anos.

[[Ulrico Zuínglio]] foi o líder da reforma suíça e fundador das igrejas reformadas suíças. Zuínglio não deixou igrejas organizadas, mas as suas doutrinas influenciaram as confissões calvinistas. A reforma de Zuínglio foi apoiada pelo magistrado e pela população de [[Zurique]], levando a mudanças significativas na vida civil e em assuntos de estado em Zurique.<ref>{{Citar web|url = http://www.levandoapalavra.com/Ministerial/herois/ulricozuinglio.htm|titulo = Levando a Palavra|acessodata = 13 de outubro de 2008}}{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}</ref>

=== Inglaterra ===
{{AP|Reforma Inglesa}}
[[Imagem:Henry VIII of England, by Hans Holbein.jpg|thumb|esquerda|upright|{{lknb|Henrique|VIII}}, por [[Hans Holbein, o Jovem]], 1537, [[Museu Thyssen-Bornemisza]]]]
O curso da Reforma foi diferente na [[Reino da Inglaterra|Inglaterra]]. Desde há muito tempo que havia uma forte corrente anticlerical, tendo a Inglaterra já visto o movimento [[Lollardo]], que inspirou os [[hussitas]] na [[Boémia]]. No entanto, ao redor de 1520 os [[lollardos]] já não eram uma força ativa, ou pelo menos um movimento de massas. Embora {{lknb|Henrique|VIII|de Inglaterra}} tivesse defendido a [[Igreja Romana]] com o livro ''[[Assertio Septem Sacramentorum]]'' (''Defesa dos Sete Sacramentos''), que contrapunha as 95 Teses de Martinho Lutero, Henrique promoveu a Reforma Inglesa para satisfazer as suas necessidades políticas. Sendo este casado com [[Catarina de Aragão]], que não lhe havia dado filho homem, Henrique solicitou ao papa {{lknb|Clemente|VII}} a anulação do casamento.<ref name="saberhistoria.hpg.ig.com.br">{{Citar web|url = http://www.saberhistoria.hpg.ig.com.br/nova_pagina_107.htm|titulo = Saber História|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20090122020542/http://saberhistoria.hpg.ig.com.br/nova_pagina_107.htm|arquivodata = 2009-01-22|urlmorta = yes}}</ref> Perante a recusa do [[papado]], Henrique fez-se proclamar, em 1531, protetor da Igreja inglesa. O [[Ato de Supremacia]], votado no parlamento em novembro de 1534, colocou Henrique e os seus sucessores na liderança da igreja, nascendo assim o [[anglicanismo]]. Os súditos deveriam submeter-se ou então seriam excomungados, perseguidos<ref>{{Citar web|url = http://www.veritatis.com.br/article/4690| titulo =Veritatis|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> e executados, tribunais religiosos foram instaurados e católicos foram obrigados à assistir cultos protestantes,<ref>Macaulay. ''A História da Inglaterra''. Lípsia, pag.:54.</ref> muitos importantes opositores foram mortos, tais como [[Thomas More]], o bispo [[John Fischer]] e alguns sacerdotes, frades franciscanos e monges [[cartuxo]]s. Quando Henrique foi sucedido pelo seu filho {{lknb|Eduardo|VI|de Inglaterra}} em 1547, os protestantes viram-se em ascensão no governo. Uma reforma mais radical foi imposta diferenciando o anglicanismo ainda mais do catolicismo romano.<ref>{{Citar web|url = http://www.cleofas.com.br/virtual/texto.php?doc=ESTEVAO&id=deb0626|titulo = Cleofas|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20090112014919/http://www.cleofas.com.br/virtual/texto.php?doc=ESTEVAO&id=deb0626|arquivodata = 2009-01-12|urlmorta = yes}}</ref>

Seguiu-se uma breve reação romana durante o reinado de {{lknb|Maria|I|de Inglaterra}} {{nwrap||1553|1558}}. De início moderada na sua política religiosa, Maria procura a reconciliação com [[Roma]], consagrada em 1554, quando o [[Parlamento do Reino Unido|parlamento]] votou o regresso à obediência ao papa.<ref name="saberhistoria.hpg.ig.com.br"/> Um consenso começou a surgir durante o reinado de {{lknb|Isabel|I|de Inglaterra}}. Em 1559, Isabel I retornou ao anglicanismo com o restabelecimento do ''Ato de Supremacia'' e do ''Livro de Orações'' de {{lknb|Eduardo|VI}}. Através da ''Confissão dos Trinta e Nove Artigos'' (1563), Isabel alcançou um compromisso entre o [[protestantismo]] e o catolicismo romano: embora o dogma se aproximasse do [[calvinismo]], só admitindo como sacramentos o [[Batismo]] e a [[Eucaristia]], foi mantida a hierarquia episcopal e o fausto das cerimônias religiosas. A Reforma na [[Reino da Inglaterra|Inglaterra]] procurou preservar o máximo da Tradição Romana (episcopado, liturgia e sacramentos). A Igreja da Inglaterra sempre se viu como a ''ecclesia anglicanae'', ou seja, ''A Igreja cristã na Inglaterra'' e não como uma derivação da Igreja de [[Roma]] ou do movimento reformista do {{séc|XVI}}. A Reforma Anglicana buscou ser a "via média" entre Roma e o protestantismo.<ref>{{Citar web|url = http://www.metodista.br/ppc/correlatio/correlatio10/a-tensao-entre-substancia-catolica-e-principio-protestante-no-anglicanismo|titulo = Metodista|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20090108164420/http://www.metodista.br/ppc/correlatio/correlatio10/a-tensao-entre-substancia-catolica-e-principio-protestante-no-anglicanismo|arquivodata = 2009-01-08|urlmorta = yes}}</ref>

Em 1561, apareceu uma confissão de fé com uma Exortação à Reforma da Igreja modificando seu sistema de liderança, pelo qual nenhuma igreja deveria exercer qualquer autoridade ou governo sobre outras, e ninguém deveria exercer autoridade na Igreja se isso não lhe fosse conferido por meio de eleição. Esse sistema, considerado "separatista" pela Igreja Anglicana, ficou conhecido como [[congregacionalismo]].<ref>{{Citar web|url = http://www.centrowhite.org.br/textos.pdf/09/congregacionalismo.pdf|formato = pdf|titulo = Centro White|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20090205080558/http://centrowhite.org.br/textos.pdf/09/congregacionalismo.pdf|arquivodata = 2009-02-05|urlmorta = yes}}</ref> Richard Fytz é considerado o primeiro pastor de uma igreja ''congregacional'', entre os anos de 1567 e 1568, na cidade de [[Londres]]. Por volta de 1570, ele publicou um manifesto intitulado ''As Verdadeiras Marcas da Igreja de Cristo''.<ref>{{Citar web|url = http://www.iect.com.br/portal/tiki-pagehistory.php?page=PG_Somos&diff=29| titulo =IECT (Igreja Evangélica Congregacional da Tijuca)|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> Em 1580, [[Robert Browne]], um clérigo [[anglicano]] que se tornou separatista, junto com o leigo Robert Harrison, organizou em [[Norwich]] uma congregação cujo sistema era congregacionalista,<ref>{{Citar web |url=http://www.mackenzie.br/7058.98.html |titulo=Portal Mackenzie |acessodata=13 de outubro de 2008 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20090315055411/http://www.mackenzie.br/7058.98.html |arquivodata=2009-03-15 |urlmorta=yes}}</ref> sendo um claro exemplo de igreja desse sistema. Na [[Escócia]], [[John Knox]] (1505-1572), que tinha estudado com [[João Calvino]] em [[Genebra]], levou o [[Parlamento da Escócia]] a abraçar a Reforma Protestante em 1560, sendo estabelecido o [[presbiterianismo]]. A primeira Igreja Presbiteriana, a [[Igreja da Escócia]] (ou ''Kirk''), foi fundada como resultado disso.<ref name="arminianismo.com">{{Citar web|url = http://www.arminianismo.com/index.php?option=com_content&task=view&id=346&Itemid=99999999| titulo =Arminianismo|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref>

=== Países Baixos e Escandinávia ===


A Reforma nos [[Países Baixos]], diferente de alguns outros países, não foi iniciado pelos governantes das Dezessete Províncias, mas sim por vários movimentos populares que, por sua vez, foram reforçados com a chegada dos protestantes refugiados de outras partes do continente. Enquanto o movimento [[anabatista]] gozava de popularidade na região nas primeiras décadas da Reforma, o calvinismo, através da Igreja Reformada Holandesa, tornou a fé protestante dominante no país desde a década de 1560 em diante. No início de agosto de 1566, uma multidão de protestantes invadiu a Igreja de Hondschoote na Flandres (atualmente Norte da [[França]]) com a finalidade de destruir as imagens católicas,<ref>Van der Horst, Han (2000). Nederland, de vaderlandse geschiedenis van de prehistorie tot nu (in Dutch) (3rd ed.). Bert Bakker. pp. 133. ISBN 90-351-2722-6.</ref><ref>Spaans, J. ''"Catholicism and Resistance to the Reformation in the Northern Netherlands".'' In: Benedict, Ph.</ref><ref>Spaans, J. ''Reformation, Revolt and Civil War in France and the Netherlands'', 1555-1585 (Amsterdam 1999), 149-163.</ref> esse incidente provocou outros semelhantes nas províncias do norte e sul, até Beeldenstorm, em que calvinistas invadiram igrejas e outros edifícios católicos para destruir estátuas e imagens de santos em toda a [[Holanda]], pois de acordo com os calvinistas, estas estátuas representavam culto de ídolos. Duras perseguições aos protestantes pelo governo espanhol de {{lknb|Felipe|II}} contribuíram para um desejo de independência nas províncias, o que levou à [[Guerra dos Oitenta Anos]] e finalmente, a separação da zona protestante (atual [[Holanda]], ao norte) da zona católica (atual [[Bélgica]], ao sul).<ref name="arminianismo.com"/>
A Reforma nos [[Países Baixos]], diferente de alguns outros países, não foi iniciado pelos governantes das Dezessete Províncias, mas sim por vários movimentos populares que, por sua vez, foram reforçados com a chegada dos protestantes refugiados de outras partes do continente. Enquanto o movimento [[anabatista]] gozava de popularidade na região nas primeiras décadas da Reforma, o calvinismo, através da Igreja Reformada Holandesa, tornou a fé protestante dominante no país desde a década de 1560 em diante. No início de agosto de 1566, uma multidão de protestantes invadiu a Igreja de Hondschoote na Flandres (atualmente Norte da [[França]]) com a finalidade de destruir as imagens católicas,<ref>Van der Horst, Han (2000). Nederland, de vaderlandse geschiedenis van de prehistorie tot nu (in Dutch) (3rd ed.). Bert Bakker. pp. 133. ISBN 90-351-2722-6.</ref><ref>Spaans, J. ''"Catholicism and Resistance to the Reformation in the Northern Netherlands".'' In: Benedict, Ph.</ref><ref>Spaans, J. ''Reformation, Revolt and Civil War in France and the Netherlands'', 1555-1585 (Amsterdam 1999), 149-163.</ref> esse incidente provocou outros semelhantes nas províncias do norte e sul, até Beeldenstorm, em que calvinistas invadiram igrejas e outros edifícios católicos para destruir estátuas e imagens de santos em toda a [[Holanda]], pois de acordo com os calvinistas, estas estátuas representavam culto de ídolos. Duras perseguições aos protestantes pelo governo espanhol de {{lknb|Felipe|II}} contribuíram para um desejo de independência nas províncias, o que levou à [[Guerra dos Oitenta Anos]] e finalmente, a separação da zona protestante (atual [[Holanda]], ao norte) da zona católica (atual [[Bélgica]], ao sul).<ref name="arminianismo.com"/>
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Na [[Suécia]], o movimento reformista foi liderado pelos irmãos [[Olaus Petri]] e [[Laurentius Petri]]. Teve o apoio do rei {{lknb|Gustavo|I|Vasa}},<ref>{{Citar web|url = http://www.monergismo.com/textos/historia/missoes_reforma.htm| titulo =Monergismo|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> que rompeu com [[Roma]] em 1525, na [[Dieta de Vesteras]]. O [[luteranismo]], então, penetrou neste país estabelecendo-se em 1527.<ref name="pime.org.br"/> Em 1593, a Igreja sueca adotou a [[Confissão de Augsburgo]]. Na [[Finlândia]], as igrejas faziam parte da Igreja sueca até o início do {{séc|XIX}}, quando foi formada uma igreja nacional independente, a Igreja Evangélica Luterana da Finlândia.
Na [[Suécia]], o movimento reformista foi liderado pelos irmãos [[Olaus Petri]] e [[Laurentius Petri]]. Teve o apoio do rei {{lknb|Gustavo|I|Vasa}},<ref>{{Citar web|url = http://www.monergismo.com/textos/historia/missoes_reforma.htm| titulo =Monergismo|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> que rompeu com [[Roma]] em 1525, na [[Dieta de Vesteras]]. O [[luteranismo]], então, penetrou neste país estabelecendo-se em 1527.<ref name="pime.org.br"/> Em 1593, a Igreja sueca adotou a [[Confissão de Augsburgo]]. Na [[Finlândia]], as igrejas faziam parte da Igreja sueca até o início do {{séc|XIX}}, quando foi formada uma igreja nacional independente, a Igreja Evangélica Luterana da Finlândia.


=== Em outras partes da Europa ===
=== Outras partes da Europa ===
Na [[Reino da Hungria|Hungria]], a disseminação do protestantismo foi auxiliada pela minoria étnica alemã, que podia traduzir os escritos de Lutero. Enquanto o [[luteranismo]] ganhou uma posição entre a população de língua alemã, o [[calvinismo]] se tornou amplamente popular entre a etnia húngara.<ref>Revesz, Imre, History of the Hungarian Reformed Church, Knight, George A.F. ed., ''Hungarian Reformed Federation of America'' (Federação Reformada Húngara da América) (Washington, D.C.: 1956).</ref> Provavelmente, os protestantes chegaram a ser maioria na Hungria até o final do {{séc|XVI}}, mas os esforços da [[Contrarreforma]] no {{séc|XVII}} levaram uma maioria do reino de volta ao catolicismo romano.<ref>{{Citar web|url = http://www.eldrbarry.net/heidel/eeurorsc.htm| titulo =Eldr Barry|lingua= inglês|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref>
Na [[Reino da Hungria|Hungria]], a disseminação do protestantismo foi auxiliada pela minoria étnica alemã, que podia traduzir os escritos de Lutero. Enquanto o [[luteranismo]] ganhou uma posição entre a população de língua alemã, o [[calvinismo]] se tornou amplamente popular entre a etnia húngara.<ref>Revesz, Imre, History of the Hungarian Reformed Church, Knight, George A.F. ed., ''Hungarian Reformed Federation of America'' (Federação Reformada Húngara da América) (Washington, D.C.: 1956).</ref> Provavelmente, os protestantes chegaram a ser maioria na Hungria até o final do {{séc|XVI}}, mas os esforços da [[Contrarreforma]] no {{séc|XVII}} levaram uma maioria do reino de volta ao catolicismo romano.<ref>{{Citar web|url = http://www.eldrbarry.net/heidel/eeurorsc.htm| titulo =Eldr Barry|lingua= inglês|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref>


Fortemente perseguida, a Reforma praticamente não penetrou em [[Reino de Portugal|Portugal]] e [[Espanha]]. Ainda assim, uma missão francesa enviada por [[João Calvino]] se estabeleceu em 1557 numa das ilhas da [[baía de Guanabara]], localizada no [[Brasil]], então colônia de Portugal. Ainda que tenha durado pouco tempo, deixou como herança a [[Confissão de Fé da Guanabara]].<ref>{{Citar web|url = http://www.ipb.org.br/noticias/noticia_inteligente.php3?id=991|titulo = IPB (Igreja Presbiteriana do Brasil)|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20090113015324/http://www.ipb.org.br/noticias/noticia_inteligente.php3?id=991|arquivodata = 2009-01-13|urlmorta = yes}}</ref> Por volta de 1630, durante o [[domínio holandês]] em [[Pernambuco]], a [[Igreja Reformada Neerlandesa]] (Igreja Protestante na Holanda) instalou-se no Brasil. Tinha ao conde [[Maurício de Nassau]] como seu membro mais ilustre. Esse período se encerrou com a [[Guerra da Restauração]] portuguesa.<ref>[http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/indios_protestantes_no_brasil_holandes_2.html]</ref> Na Espanha, as ideias reformadas influíram em dois monges católicos: [[Casiodoro de Reina]], que fez a primeira tradução da Bíblia para o idioma espanhol, e [[Cipriano de Valera]], que fez sua revisão,<ref>{{Citar web|url = http://www.ielb.org.br/tpls/162.asp?idPg=430&mAb=s&idCadastro=37|titulo = IELB|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20090315002334/http://www.ielb.org.br/tpls/162.asp?idPg=430&mAb=s&idCadastro=37|arquivodata = 2009-03-15|urlmorta = yes}}</ref> originando a conhecida como [[Biblia Reina-Valera]].<ref>{{Citar web|url = http://www.literaturabautista.com/defensa/defensareina.htm|titulo = Literatura Bautista|lingua = espanhol|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20070308143032/http://literaturabautista.com/defensa/defensareina.htm|arquivodata = 2007-03-08|urlmorta = yes}}</ref>
Fortemente perseguida, a Reforma praticamente não penetrou em [[Reino de Portugal|Portugal]] e [[Espanha]]. Ainda assim, uma missão francesa enviada por [[João Calvino]] se estabeleceu em 1557 numa das ilhas da [[baía de Guanabara]], localizada no [[Brasil]], então colônia de Portugal. Ainda que tenha durado pouco tempo, deixou como herança a [[Confissão de Fé da Guanabara]].<ref>{{Citar web|url = http://www.ipb.org.br/noticias/noticia_inteligente.php3?id=991|titulo = IPB (Igreja Presbiteriana do Brasil)|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20090113015324/http://www.ipb.org.br/noticias/noticia_inteligente.php3?id=991|arquivodata = 2009-01-13|urlmorta = yes}}</ref> Por volta de 1630, durante o [[domínio holandês]] em [[Pernambuco]], a [[Igreja Reformada Neerlandesa]] (Igreja Protestante na Holanda) instalou-se no Brasil. Tinha ao conde [[Maurício de Nassau]] como seu membro mais ilustre. Esse período se encerrou com a [[Guerra da Restauração]] portuguesa.<ref>[http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/indios_protestantes_no_brasil_holandes_2.html]</ref> Na Espanha, as ideias reformadas influíram em dois monges católicos: [[Casiodoro de Reina]], que fez a primeira tradução da Bíblia para o idioma espanhol, e [[Cipriano de Valera]], que fez sua revisão,<ref>{{Citar web|url = http://www.ielb.org.br/tpls/162.asp?idPg=430&mAb=s&idCadastro=37|titulo = IELB|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20090315002334/http://www.ielb.org.br/tpls/162.asp?idPg=430&mAb=s&idCadastro=37|arquivodata = 2009-03-15|urlmorta = yes}}</ref> originando a conhecida como [[Biblia Reina-Valera]].<ref>{{Citar web|url = http://www.literaturabautista.com/defensa/defensareina.htm|titulo = Literatura Bautista|lingua = espanhol|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20070308143032/http://literaturabautista.com/defensa/defensareina.htm|arquivodata = 2007-03-08|urlmorta = yes}}</ref>


== Consequências ==
== Legado ==
Não há acordo universal sobre a data exata ou aproximada em que a Reforma terminou. Várias interpretações enfatizam datas diferentes, períodos inteiros ou argumentam que a Reforma nunca terminou realmente. No entanto, existem algumas interpretações populares. A [[Paz de Augsburgo]] em 1555 encerrou oficialmente a luta religiosa entre os dois grupos e tornou a divisão legal do cristianismo permanente dentro do [[Sacro Império Romano-Germânico]], permitindo que os governantes escolhessem o [[luteranismo]] ou o [[Igreja Católica|catolicismo romano]] como a confissão oficial de seu estado. Pode-se considerar que termina com a promulgação das [[Confissão de fé|confissões de fé]]. Outros anos finais sugeridos estão relacionados à [[Contrarreforma]] ou à [[Paz de Vestfália]] em 1648. De uma [[Igreja Católica|perspectiva católica]], o [[Concílio Vaticano II]] pediu o fim da Contrarreforma.<ref>{{Citar jornal |ultimo=Wills |primeiro=Garry |url=https://www.nybooks.com/articles/2019/11/07/changeless-catholic-church/ |titulo=Changing the 'Changeless' Church |data=7 de novembro de 2019 |acessodata=14 de março de 2020 |website=New York Review of Books |lingua=en |issn=0028-7504}}</ref>

Os seis príncipes do [[Sacro Império Romano-Germânico]] e governantes de quatorze [[Cidade imperial livre|Cidades Livres Imperiais]], que emitiram [[Protesto de Espira|um protesto]] (ou dissidência) contra o edito da [[Dieta de Speyer (1529)]], foram os primeiros indivíduos a serem chamados de protestantes.<ref name="etymonline.com">{{Citar web |url=http://www.etymonline.com/index.php?term=protestant |titulo=protestant – Origin and meaning of protestant by Online Etymology Dictionary |website=www.etymonline.com}}</ref> O edito reverteu as concessões feitas aos [[Luteranismo|luteranos]] com a aprovação do [[Imperador Romano-Germânico]] [[Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico|Carlos V]] [[Dieta de Speyer (1526)|três anos antes]]. O termo ''protestante'', embora inicialmente de natureza puramente política, mais tarde adquiriu um sentido mais amplo, referindo-se a um membro de qualquer igreja ocidental que aderisse aos principais princípios protestantes.<ref name="etymonline.com" /> Hoje, o protestantismo constitui a [[Lista de denominações cristãs por número de membros|segunda maior forma]] de [[cristianismo]] (depois do [[catolicismo]]), com um total de 800 milhões até 1 bilhão de adeptos em todo o mundo; ou cerca de 37% de todos os cristãos.<ref name="pewforum1">{{Citar web |url=http://www.pewforum.org/files/2011/12/Christianity-fullreport-web.pdf |titulo=Pewforum: Grobal Christianity |acessodata=14 de maio de 2014 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20131101114257/http://www.pewforum.org/files/2011/12/Christianity-fullreport-web.pdf |arquivodata=1 de novembro de 2013}}</ref><ref name="gordonconwell.edu">{{Citar web |url=http://www.gordonconwell.edu/resources/documents/1IBMR2015.pdf |titulo=Christianity 2015: Religious Diversity and Personal Contact |data=Janeiro de 2015 |acessodata=29 de maio de 2015 |publicado=gordonconwell.edu |arquivourl=https://web.archive.org/web/20170525141543/http://www.gordonconwell.edu/resources/documents/1IBMR2015.pdf |arquivodata=25 de maio de 2017}}</ref> protestantes desenvolveram sua própria cultura, com grandes contribuições na educação, nas humanidades e nas ciências, na ordem política e social, na economia e nas artes e em muitos outros campos.<ref name="Karl Heussi 1956 pp. 317–319">Karl Heussi, ''Kompendium der Kirchengeschichte'', 11. Auflage (1956), Tübingen (Germany), pp. 317–319, 325–326</ref> Os seguintes resultados da Reforma com relação à formação de [[capital humano]] [[Ética protestante do trabalho|, a ética protestante]], [[Desenvolvimento econômico|o desenvolvimento econômico]], a [[governança]] e os resultados "sombrios" foram identificados por estudiosos:<ref name=":0"/>

=== Guerra dos Trinta Anos: 1618-1648 ===
{{AP|Guerra dos Trinta Anos}}
[[Ficheiro:Westfaelischer_Friede_in_Muenster_(Gerard_Terborch_1648).jpg|miniaturadaimagem|esquerda|O [[Paz de Vestfália|Tratado de Vestfália]] permitiu que o [[calvinismo]] fosse exercido livremente, reduzindo a necessidade do [[Crypto-calvinismo|cripto-calvinismo]]]]
Os conflitos da era da Reforma e da Contrarreforma são chamados de [[Guerras de religião na Europa|guerras religiosas europeias]]. Em particular, a [[Guerra dos Trinta Anos]] (1618-1648) devastou grande parte da [[Alemanha]], matando entre 25% e 40% de toda a sua população.<ref>"[http://www.britannica.com/EBchecked/topic/195896/history-of-Europe/58335/Demographics#ref=ref310375 History of Europe – Demographics]". Encyclopædia Britannica.</ref> A católica [[Casa de Habsburgo]] e seus aliados lutaram contra os príncipes protestantes da Alemanha, apoiados em vários momentos pela [[Dinamarca]], [[Suécia]] e [[Reino da França|França]]. Os Habsburgos, que governaram a [[Espanha]], [[Áustria]], a [[Terras da Coroa da Boêmia|Coroa da Boêmia]], [[Reino da Hungria|Hungria]], [[Terras eslovenas|Terras Eslovenas]], [[Países Baixos Espanhóis|Holanda espanhola]] e grande parte da Alemanha e [[Itália]], foram defensores ferrenhos da Igreja Católica. Algum historiadores acreditam que a era da Reforma chegou ao fim quando a França católica se aliou aos Estados protestantes contra a dinastia dos Habsburgos.

Dois princípios principais da [[Paz de Vestfália]], que encerrou a Guerra dos Trinta Anos, foram:

* Todas as partes agora reconheceriam a [[Paz de Augsburgo]] de 1555, pela qual cada príncipe teria o direito de determinar a religião de seu próprio Estado, as opções sendo o catolicismo, o luteranismo e agora o calvinismo (o princípio do ''[[cuius regio, eius religio]]'');
* Os cristãos que viviam em principados onde sua denominação ''não'' era a igreja estabelecida tinham garantido o direito de praticar sua fé em público durante as horas designadas e em particular conforme sua vontade.

O tratado também acabou com o poder político pan-europeu do papado. O [[Papa Inocêncio X]] declarou o tratado "nulo, inválido, iníquo, injusto, condenável, réprobo, fútil, vazio de significado e efeito para todos os tempos" em sua bula ''Zelo Domus Dei''. Soberanos europeus, católicos e protestantes, ignoraram seu veredicto.<ref name="ODCCWestphalia">Cross, (ed.) "Westphalia, Peace of" ''Oxford Dictionary of the Christian Church''</ref>

=== Contrarreforma ===
=== Contrarreforma ===
{{Artigo principal|Contrarreforma}}
{{Artigo principal|Contrarreforma}}


[[Imagem:Francois_Dubois_001.jpg|thumb|[[Massacre de São Bartolomeu]]]]
[[Imagem:Francois_Dubois_001.jpg|thumb|[[Massacre de São Bartolomeu]]]]
Uma vez que a Reforma Protestante desconsiderou e combateu diversas [[Doutrina da Igreja Católica|doutrinas]] e [[Dogmas da Igreja Católica|dogmas católicos]], e provocou as maiores divisões no cristianismo,<ref>{{citar web | titulo= Reforma (protestante) | publicado = Enciclopédia Católica Popular | url=http://www.ecclesia.pt/catolicopedia/|língua= português |acessodata= 3 de Junho de 2009}}</ref><ref>{{citar web | titulo= Ortodoxos | publicado = Enciclopédia Católica Popular | url=http://www.ecclesia.pt/catolicopedia/|língua= português |acessodata= 3 de Junho de 2009}}</ref> a [[Igreja Católica Romana]] convocou o [[Concílio de Trento]] (1545-1563),<ref>{{Citar web| url = http://asv.vatican.va/es/arch/concilio.htm| titulo = Archivo Secreto Vaticano| lingua = espanhol| acessodata = 20 de outubro de 2008| arquivourl = https://web.archive.org/web/20081218095156/http://asv.vatican.va/es/arch/concilio.htm| arquivodata = 2008-12-18| urlmorta = yes}}</ref> que resultou no início da [[Contrarreforma]] ou Reforma Católica,<ref>{{Citar web|url = http://www.saberhistoria.hpg.ig.com.br/nova_pagina_109.htm|titulo = Saber História|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20081015002038/http://www.saberhistoria.hpg.ig.com.br/nova_pagina_109.htm|arquivodata = 2008-10-15|urlmorta = yes}}</ref> na qual os [[jesuítas]] tiveram um papel importante.<ref>{{Citar web|url = http://www.lepanto.com.br/HagStoInacio.html| titulo =Lepanto|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> A [[Inquisição]] e a censura exercida pela Igreja Romana foram igualmente determinantes para evitar que as ideias reformadoras encontrassem divulgação em [[Reino de Portugal|Portugal]], [[Espanha]] ou [[Península Itálica|Itália]], países católicos.<ref>{{Citar web| url = http://www.jornalagaxeta.com.br/religiao_32_05.php| titulo = Jornal A Gaxéta| acessodata = 20 de outubro de 2008| arquivourl = https://web.archive.org/web/20090315083957/http://www.jornalagaxeta.com.br/religiao_32_05.php| arquivodata = 2009-03-15| urlmorta = yes}}</ref> As igrejas protestantes por sua vez, ao mesmo tempo em que propagavam a bíblia e suas ideias graças a invenção da máquina tipográfica de [[Johannes Gutenberg]],<ref name=" História Global Brasil e Geral"/> também tornaram proibidos uma série de livros católicos e outros que contrariavam suas doutrinas.<ref>''Ecce Homo''. Apresentado pela [[TV Escola]]. 2009.</ref> Edward Macnall Burns observou que "do câncer maligno da intolerância", "não escaparam católicos nem protestantes".<ref>BURNS, Edward Macnall, História da civilização ocidental, vol. I, p. 479.</ref>
Uma vez que a Reforma Protestante desconsiderou e combateu diversas [[Doutrina da Igreja Católica|doutrinas]] e [[Dogmas da Igreja Católica|dogmas católicos]], e provocou as maiores divisões no cristianismo,<ref>{{citar web | titulo= Reforma (protestante) | publicado = Enciclopédia Católica Popular | url=http://www.ecclesia.pt/catolicopedia/|língua= português |acessodata= 3 de Junho de 2009}}</ref><ref>{{citar web | titulo= Ortodoxos | publicado = Enciclopédia Católica Popular | url=http://www.ecclesia.pt/catolicopedia/|língua= português |acessodata= 3 de Junho de 2009}}</ref> a [[Igreja Católica Romana]] convocou o [[Concílio de Trento]] (1545-1563),<ref>{{Citar web| url = http://asv.vatican.va/es/arch/concilio.htm| titulo = Archivo Secreto Vaticano| lingua = espanhol| acessodata = 20 de outubro de 2008| arquivourl = https://web.archive.org/web/20081218095156/http://asv.vatican.va/es/arch/concilio.htm| arquivodata = 2008-12-18| urlmorta = yes}}</ref> que resultou no início da [[Contrarreforma]] ou Reforma Católica,<ref>{{Citar web|url = http://www.saberhistoria.hpg.ig.com.br/nova_pagina_109.htm|titulo = Saber História|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20081015002038/http://www.saberhistoria.hpg.ig.com.br/nova_pagina_109.htm|arquivodata = 2008-10-15|urlmorta = yes}}</ref> na qual os [[jesuítas]] tiveram um papel importante.<ref>{{Citar web|url = http://www.lepanto.com.br/HagStoInacio.html| titulo =Lepanto|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> A [[Inquisição]] e a censura exercida pela Igreja Romana foram igualmente determinantes para evitar que as ideias reformadoras encontrassem divulgação em [[Reino de Portugal|Portugal]], [[Espanha]] ou [[Península Itálica|Itália]], países católicos.<ref>{{Citar web| url = http://www.jornalagaxeta.com.br/religiao_32_05.php| titulo = Jornal A Gaxéta| acessodata = 20 de outubro de 2008| arquivourl = https://web.archive.org/web/20090315083957/http://www.jornalagaxeta.com.br/religiao_32_05.php| arquivodata = 2009-03-15| urlmorta = yes}}</ref> As igrejas protestantes por sua vez, ao mesmo tempo em que propagavam a bíblia e suas ideias graças a invenção da máquina tipográfica de [[Johannes Gutenberg]], também tornaram proibidos uma série de livros católicos e outros que contrariavam suas doutrinas.<ref>''Ecce Homo''. Apresentado pela [[TV Escola]]. 2009.</ref> Edward Macnall Burns observou que "do câncer maligno da intolerância", "não escaparam católicos nem protestantes".<ref>BURNS, Edward Macnall, História da civilização ocidental, vol. I, p. 479.</ref>


O biógrafo de João Calvino, o francês Bernard Cottret, escreveu:
O biógrafo de João Calvino, o francês Bernard Cottret, escreveu:


{{Citação2|''Com o [[Concílio de Trento]] (1545-1563)… trata-se da racionalização e reforma da vida do clero. A Reforma Protestante é para ser entendida num sentido mais extenso: ela denomina a exortação ao regresso aos valores cristãos de cada "indivíduo".''}}
{{quote|''Com o [[Concílio de Trento]] (1545-1563)… trata-se da racionalização e reforma da vida do clero. A Reforma Protestante é para ser entendida num sentido mais extenso: ela denomina a exortação ao regresso aos valores cristãos de cada "indivíduo".''}}


Segundo Bernard Cottret, diferente da pregação romana que defende a salvação na igrejaː''<ref>{{Citar web|url = http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL66655-5602,00.html| titulo =Globo|acessodata=18 de outubro de 2008}}</ref>''
Segundo Bernard Cottret, diferente da pregação romana que defende a salvação na igrejaː''<ref>{{Citar web|url = http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL66655-5602,00.html| titulo =Globo|acessodata=18 de outubro de 2008}}</ref>''
{{Citação2|''A reforma cristã, em toda a sua diversidade, aparece centrada na teologia da salvação. A salvação, no cristianismo, é forçosamente algo de individual, diz mais respeito ao indivíduo do que à comunidade.''<ref>{{Citar web|url = http://www.boasnovas.tv/programas/antenados/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=50|titulo =Águas Vivas|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> }}
{{quote|''A reforma cristã, em toda a sua diversidade, aparece centrada na teologia da salvação. A salvação, no cristianismo, é forçosamente algo de individual, diz mais respeito ao indivíduo do que à comunidade.''<ref>{{Citar web|url = http://www.boasnovas.tv/programas/antenados/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=50|titulo =Águas Vivas|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref> }}


Seguiram-se uma série de importantes acontecimentos e conflitos entre as duas religiões, como o [[Massacre da noite de São Bartolomeu]], ocorrido como parte das Guerras Francesas, organizada pela casa real francesa contra os calvinistas franceses ([[huguenotes]]), em 24 de agosto de 1572 e duraram vários meses, inicialmente em [[Paris]] e depois em outras cidades francesas. Números precisos para as vítimas nunca foram compilados,<ref>[[François Guizot]] in his [http://books.google.co.uk/books?id=nbIWRyfAvq8C&pg=PA351&dq=%22Kill+them+all%22+Batholomew&lr=&as_brr=3#PPA352,M1 ''A Popular History of France from the Earliest Times, Volume IV'']</ref> e até mesmo nos escritos dos historiadores modernos há uma escala considerável de diferença,<ref>Armstrong, Alastair (2003), ''France 1500-1715'', Heinemann, pp. 70-71 ISBN 0-435-32751-8</ref> que têm variado de 2 mil vítimas, até a afirmação de 70 mil, pelo contemporâneo e apologista huguenote duque de Sully, que escapou por pouco da morte.<ref>''Saint Bartholomew’s Day, Massacre of'' (2008) Encyclopaedia Britannia Deluxe Edition, Chicago;</ref><ref>{{Citar web|url = http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,320214,00.html| titulo =DW-World|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref>
Seguiram-se uma série de importantes acontecimentos e conflitos entre as duas religiões, como o [[Massacre da noite de São Bartolomeu]], ocorrido como parte das Guerras Francesas, organizada pela casa real francesa contra os calvinistas franceses ([[huguenotes]]), em 24 de agosto de 1572 e duraram vários meses, inicialmente em [[Paris]] e depois em outras cidades francesas. Números precisos para as vítimas nunca foram compilados,<ref>[[François Guizot]] in his [http://books.google.co.uk/books?id=nbIWRyfAvq8C&pg=PA351&dq=%22Kill+them+all%22+Batholomew&lr=&as_brr=3#PPA352,M1 ''A Popular History of France from the Earliest Times, Volume IV'']</ref> e até mesmo nos escritos dos historiadores modernos há uma escala considerável de diferença,<ref>Armstrong, Alastair (2003), ''France 1500-1715'', Heinemann, pp. 70-71 ISBN 0-435-32751-8</ref> que têm variado de 2 mil vítimas, até a afirmação de 70 mil, pelo contemporâneo e apologista huguenote duque de Sully, que escapou por pouco da morte.<ref>''Saint Bartholomew’s Day, Massacre of'' (2008) Encyclopaedia Britannia Deluxe Edition, Chicago;</ref><ref>{{Citar web|url = http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,320214,00.html| titulo =DW-World|acessodata=13 de outubro de 2008}}</ref>


Nos países protestantes por sua vez, foi feita a expulsão e o massacre de sacerdotes católicos,<ref>Janssen, Johannes, ''History of the German People From the Close of the Middle Ages'', 16 vols., tr. AM Christie, St. Louis: B. Herder, 1910 (orig. 1891).</ref> bem como a matança em massa de aproximadamente {{Formatnum|30000}} [[anabatistas]], desde o seu surgimento em 1535, até os dez anos seguintes.<ref name="Geoffrey Blainey"/> Na Inglaterra, por sua vez, católicos foram executados em massa, tribunais religiosos foram instaurados e muitos foram obrigados à assistir cultos protestantes,<ref name="Macaulay">Macaulay. ''A História da Inglaterra''. Lípsia, pag.:54.</ref> forçando assim sua conversão ao protestantismo mediante o terror.<ref name="Macaulay"/>
Nos países protestantes por sua vez, foi feita a expulsão e o massacre de sacerdotes católicos,<ref>Janssen, Johannes, ''History of the German People From the Close of the Middle Ages'', 16 vols., tr. AM Christie, St. Louis: B. Herder, 1910 (orig. 1891).</ref> bem como a matança em massa de aproximadamente {{Formatnum|30000}} [[anabatistas]], desde o seu surgimento em 1535, até os dez anos seguintes. Na Inglaterra, por sua vez, católicos foram executados em massa, tribunais religiosos foram instaurados e muitos foram obrigados à assistir cultos protestantes,<ref name="Macaulay">Macaulay. ''A História da Inglaterra''. Lípsia, pag.:54.</ref> forçando assim sua conversão ao protestantismo mediante o terror.<ref name="Macaulay"/>


=== Protestantismo ===
=== Formação de capital humano ===
{{Artigo principal|Protestantismo}}


* Taxas mais altas de [[alfabetização]];<ref name="Becker 531–596">{{Citar periódico |titulo=Was Weber Wrong? A Human Capital Theory of Protestant Economic History |data=1 de maio de 2009 |ultimo=Becker |primeiro=Sascha O. |ultimo2=Woessmann |primeiro2=Ludger |paginas=531–596 |citeseerx=10.1.1.657.9590 |doi=10.1162/qjec.2009.124.2.531 |issn=0033-5533 |volume=124 |journal=The Quarterly Journal of Economics}}</ref>
Um dos pontos de destaque da reforma é o fato de ela ter possibilitado um maior acesso à Bíblia, graças às traduções feitas por vários reformadores (entre eles o próprio Lutero, que a traduziu para o alemão) a partir do [[latim]] para as línguas nacionais.<ref>{{Citar web|url = http://www.antropos.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=111&Itemid=38|titulo = Antropos|acessodata = 13 de outubro de 2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20090315135744/http://www.antropos.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=111&Itemid=38|arquivodata = 2009-03-15|urlmorta = yes}}</ref> Tal liberdade fez com que fossem criados diversos grupos independentes, conhecidos como [[Protestantismo#Ramos|denominações]]. Nas primeiras décadas após a Reforma Protestante, surgiram diversos grupos, destacando o [[luteranismo]], que foi o grupo originador do movimento de Reforma da [[Igreja Católica]] e as [[Igrejas Reformadas]] ou [[Calvinismo|calvinistas]] ([[presbiterianismo]] e [[congregacionalismo]]). Nos séculos seguintes, surgiram outras denominações com destaque para os [[batistas]] e os [[metodistas]].
* Menor diferença de gênero nas taxas de escolarização e alfabetização;<ref>{{Citar periódico |titulo=Luther and the Girls: Religious Denomination and the Female Education Gap in Nineteenth-century Prussia* |data=1 de dezembro de 2008 |ultimo=Becker |primeiro=Sascha O. |ultimo2=Woessmann |primeiro2=Ludger |paginas=777–805 |doi=10.1111/j.1467-9442.2008.00561.x |issn=1467-9442 |volume=110 |journal=Scandinavian Journal of Economics}}</ref>
* Maior número de matrículas no [[ensino fundamental]];<ref>{{Citar periódico |titulo=The effect of Protestantism on education before the industrialization: Evidence from 1816 Prussia |data=1 de maio de 2010 |ultimo=Becker |primeiro=Sascha O. |ultimo2=Woessmann |primeiro2=Ludger |paginas=224–228 |citeseerx=10.1.1.517.2101 |doi=10.1016/j.econlet.2010.01.031 |volume=107 |journal=Economics Letters}}</ref>
* Maior gasto público com escolaridade e melhor desempenho educacional dos recrutas militares;<ref>{{Citar periódico |url=https://www.zora.uzh.ch/id/eprint/77611/1/Under_which_Conditions_Boppart.pdf |titulo=Under which conditions does religion affect educational outcomes? |data=1 de abril de 2013 |ultimo=Boppart |primeiro=Timo |ultimo2=Falkinger |primeiro2=Josef |paginas=242–266 |doi=10.1016/j.eeh.2012.12.001 |ultimo3=Grossmann |primeiro3=Volker |ultimo4=Woitek |primeiro4=Ulrich |ultimo5=Wüthrich |primeiro5=Gabriela |volume=50 |journal=Explorations in Economic History}}</ref>
* Maior capacidade em leitura, matemática, redação de ensaios e história.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.cesifo-group.de/DocDL/cesifo1_wp3314.pdf |titulo=Protestantism and Education: Reading (the Bible) and Other Skills |data=1 de abril de 2014 |ultimo=Boppart |primeiro=Timo |ultimo2=Falkinger |primeiro2=Josef |paginas=874–895 |doi=10.1111/ecin.12058 |issn=1465-7295 |ultimo3=Grossmann |primeiro3=Volker |volume=52 |journal=Economic Inquiry}}</ref>


=== Ética protestante ===
[[Imagem:Protestantbranches pt.svg|thumb|centro|upright=3.0|Linha do tempo mostrando os diversos ramos do Protestantismo]]
{{AP|Ética protestante do trabalho}}
* Mais horas trabalhadas;<ref>{{Citar periódico |titulo=The Protestant Ethic and Work: Micro Evidence from Contemporary Germany |data=20 de março de 2011 |publicado=Social Science Research Network |ultimo=Spenkuch |primeiro=Jörg L. |local=Rochester, NY |ssrn=1703302}}</ref>
* Atitudes de trabalho divergentes de protestantes e católicos;<ref>{{Citar periódico |url=https://eprints.qut.edu.au/32407/1/COVERSHEET_C32407.pdf |titulo=Work ethic, Protestantism, and human capital |data=1 de maio de 2010 |ultimo=Schaltegger |primeiro=Christoph A. |ultimo2=Torgler |primeiro2=Benno |paginas=99–101 |doi=10.1016/j.econlet.2009.12.037 |volume=107 |journal=Economics Letters}}</ref>
* Menos referendos sobre lazer, intervenção estatal e redistribuição nos [[cantões suíços]] com mais protestantes;<ref>{{Citar periódico |url=http://www.aeaweb.org/aej/pol/app/2011-0231_app.pdf |titulo=Beyond Work Ethic: Religion, Individual, and Political Preferences |ultimo=Basten |primeiro=Christoph |ultimo2=Betz |primeiro2=Frank |ano=2013 |paginas=67–91 |doi=10.1257/pol.5.3.67 |volume=5 |journal=American Economic Journal: Economic Policy}}</ref>
* Menor satisfação com a vida quando [[desempregado]];<ref>{{Citar periódico |url=https://pure.rug.nl/ws/files/17796724/van_Hoorn_2013_JEBO_AC_Does_a_Protestant_work_ethic_exist.pdf |titulo=Does a Protestant work ethic exist? Evidence from the well-being effect of unemployment |data=1 de julho de 2013 |ultimo=van Hoorn |primeiro=André |ultimo2=Maseland |primeiro2=Robbert |paginas=1–12 |doi=10.1016/j.jebo.2013.03.038 |volume=91 |journal=Journal of Economic Behavior & Organization}}</ref>
* Atitudes pró-mercado;<ref>{{Citar periódico |titulo=Weber Revisited A Cross-National Analysis of Religiosity, Religious Culture, and Economic Attitudes |data=1 de novembro de 2011 |ultimo=Hayward |primeiro=R. David |ultimo2=Kemmelmeier |primeiro2=Markus |paginas=1406–1420 |doi=10.1177/0022022111412527 |issn=0022-0221 |volume=42 |journal=Journal of Cross-Cultural Psychology}}</ref>
* Diferenças de renda entre protestantes e católicos;<ref name="Becker 531–596"/>


== Ver também ==
=== Desenvolvimento econômico ===
[[Ficheiro:Katharina-v-Bora-1526.jpg|miniaturadaimagem| [[Catarina de Bora|Katharina von Bora]] desempenhou um papel na formação da ética social durante a Reforma.]]
{{Dividir em colunas}}
* [[Contrarreforma Católica]]
* [[Controvérsias no Protestantismo]]
* [[Dieta de Worms]]
* [[Dissidentes ingleses]]
* [[Evangelicalismo]]
* [[Igreja Protestante]]
* [[Justificação (teologia)]]
* [[Livro de Concórdia]]
* [[Museu Internacional da Reforma Protestante de Genebra]]
* [[Paraprotestantismo]]
* [[Protestantes por país]]
* [[Salvação]]
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* Diferentes níveis de receita de imposto de renda per capita, % da força de trabalho na indústria e serviços e rendimentos de professores do ensino fundamental;<ref name="Becker 531–596"/>
{{Referências|col=3}}
* Crescimento das cidades protestantes;<ref>{{Citar periódico |titulo=The Economic Effects of the Protestant Reformation: Testing the Weber Hypothesis in the German Lands |data=1 de agosto de 2015 |ultimo=Cantoni |primeiro=Davide |paginas=561–598 |doi=10.1111/jeea.12117 |issn=1542-4774 |volume=13 |journal=Journal of the European Economic Association}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://voxeu.org/article/protestant-reformation-economic-institutions-and-development |titulo=Origins of growth: How state institutions forged during the Protestant Reformation drove development |data=26 de abril de 2016 |acessodata=26 de abril de 2016 |website=VoxEU.org}}</ref>
* Maior [[empreendedorismo]] entre as minorias religiosas nos estados protestantes;<ref>{{Citar periódico |url=https://ideas.repec.org/p/pra/mprapa/53566.html |titulo=The Protestant Ethic and Entrepreneurship: Evidence from Religious Minorities from the Former Holy Roman Empire |data=1 de janeiro de 2014 |publicado=University Library of Munich, Germany |ultimo=Nunziata |primeiro=Luca |ultimo2=Rocco |primeiro2=Lorenzo}}</ref><ref>{{Citar periódico |titulo=A tale of minorities: evidence on religious ethics and entrepreneurship |data=20 de janeiro de 2016 |ultimo=Nunziata |primeiro=Luca |ultimo2=Rocco |primeiro2=Lorenzo |paginas=189–224 |doi=10.1007/s10887-015-9123-2 |issn=1381-4338 |volume=21 |journal=Journal of Economic Growth}}</ref>
* Éticas sociais diferentes;<ref>{{Citar periódico |titulo=Protestants and Catholics: Similar Work Ethic, Different Social Ethic* |data=1 de setembro de 2010 |ultimo=Arruñada |primeiro=Benito |paginas=890–918 |doi=10.1111/j.1468-0297.2009.02325.x |issn=1468-0297 |volume=120 |journal=The Economic Journal}}</ref>
* [[Industrialização]].<ref>{{Citar periódico |titulo=The Protestant Ethic Reexamined: Calvinism and Industrialization |data=1 de novembro de 2019 |ultimo=Spater |primeiro=Jeremy |ultimo2=Tranvik |primeiro2=Isak |paginas=1963–1994 |lingua=en |doi=10.1177/0010414019830721 |issn=0010-4140 |volume=52 |journal=Comparative Political Studies}}</ref>

=== Governança ===

* A Reforma foi considerada um fator-chave no desenvolvimento do sistema estatal;<ref>{{Citar livro|url=http://press.princeton.edu/titles/8934.html|título=The Struggle for Power in Early Modern Europe: Religious Conflict, Dynastic Empires, and International Change.|ultimo=Nexon|primeiro=D.H.|data=20 de abril de 2009|isbn=978-0-691-13793-3}}</ref> <ref>{{Citar periódico |titulo=The Religious Roots of Modern International Relations |data=1 de janeiro de 2000 |ultimo=Philpott |primeiro=Daniel |paginas=206–245 |doi=10.1017/S0043887100002604 |issn=1086-3338 |volume=52 |journal=World Politics}}</ref>
* A Reforma foi considerada um fator-chave na formação de movimentos de defesa transnacionais;<ref>{{Citar periódico |titulo=Activist Religion, Empire, and the Emergence of Modern Long-Distance Advocacy Networks |data=1 de agosto de 2010 |ultimo=Stamatov |primeiro=Peter |paginas=607–628 |doi=10.1177/0003122410374083 |issn=0003-1224 |volume=75 |journal=American Sociological Review}}</ref>
* A Reforma impactou a tradição jurídica ocidental;<ref>{{Citar web |url=http://www.hup.harvard.edu/catalog.php?isbn=9780674022300&content=reviews |titulo=Law and Revolution, II – Harold J. Berman {{!}} Harvard University Press |acessodata=19 de abril de 2016 |website=www.hup.harvard.edu}}</ref>
* Estabelecimento de igrejas estaduais. <ref>{{Citar periódico |titulo=Historicizing the Secularization Debate: Church, State, and Society in Late Medieval and Early Modern Europe, ca. 1300 to 1700 |data=1 de janeiro de 2000 |ultimo=Gorski |primeiro=Philip S. |paginas=138–167 |doi=10.2307/2657295 |jstor=2657295 |volume=65 |journal=American Sociological Review}}</ref>
* Regimes de assistência e bem-estar social fracos;<ref>{{Citar periódico |titulo=Catholics and the Poor in Early Modern Europe |data=1 de janeiro de 1976 |ultimo=Pullan |primeiro=Brian |paginas=15–34 |doi=10.2307/3679070 |jstor=3679070 |volume=26 |journal=Transactions of the Royal Historical Society}}</ref> <ref>{{Citar periódico |url=https://semanticscholar.org/paper/d3824b447698869ef829523c4c2e71cb43d1aa9b |titulo=the religious roots of modern poverty policy: catholic, lutheran, and reformed protestant traditions compared |data=1 de abril de 2005 |ultimo=kahl |primeiro=sigrun |paginas=91–126 |doi=10.1017/S0003975605000044 |issn=1474-0583 |volume=46 |journal=European Journal of Sociology / Archives Européennes de Sociologie}}</ref>
* [[James Madison]] observou que a [[doutrina dos dois reinos]] de [[Martinho Lutero]] marcou o início da concepção moderna de [[Separação Igreja-Estado|separação entre igreja e Estado]];<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=I6tLmjLqRfAC&q=madison+luther+%22led+the+way%22&pg=PA242|título=Madison to Schaeffer, 1821|ultimo=Madison|primeiro=James|ano=1865|páginas=242–43}}</ref>
* A doutrina [[calvinista]] e [[luterana]] do magistrado menor contribuiu para a teoria da resistência no início do período moderno e foi empregada na [[Declaração da Independência dos Estados Unidos]].

=== Resultados negativos ===

* Os [[julgamentos de bruxas]] tornaram-se mais comuns em regiões ou outras jurisdições onde protestantes e católicos contestavam o mercado religioso;<ref>{{Citar web |url=http://economics.yale.edu/sites/default/files/witch_trials.pdf |titulo=Witch Trials |arquivourl=https://web.archive.org/web/20160513034745/http://economics.yale.edu/sites/default/files/witch_trials.pdf |arquivodata=13 de maio de 2016}}</ref>
* Os protestantes tinham muito mais probabilidade de votar nos [[nazistas]] do que seus colegas católicos alemães;<ref>{{Citar web |url=http://www.kellogg.northwestern.edu/faculty/spenkuch/research/religion_nazis.pdf |titulo=Special Interests at the Ballot Box? Religion and the Electoral Success of the Nazis}}</ref> Christopher J. Probst, em seu livro ''Demonizing the Jewish: Luther and the Protestant Church in Nazi Germany'' (2012), mostra que um grande número de clérigos e teólogos protestantes alemães durante o [[Terceiro Reich]] nazista usaram as publicações hostis de Lutero contra os [[judeus]] e o [[judaísmo]] para justificar, pelo menos em parte, as políticas [[antissemitas]] dos nacional-socialistas.<ref>Christopher J. Probst, [http://www.ushmm.org/research/publications/academic-publications/full-list-of-academic-publications/demonizing-the-jews-luther-and-the-protestant-church-in-nazi-Germany ''Demonizing the Jews: Luther and the Protestant Church in Nazi Germany''], Indiana University Press in association with the United States Holocaust Memorial Museum, 2012, {{ISBN|978-0-253-00100-9}}</ref>
* Maior taxa de [[suicídio]] e maior aceitabilidade de suicídio.<ref>{{Citar periódico |url=http://wrap.warwick.ac.uk/98546/13/WRAP-social-cohesion-religious-beliefs-effect-Protestantism-suicide-Becker-2018.pdf |titulo=Social Cohesion, Religious Beliefs, and the Effect of Protestantism on Suicide |data=25 de outubro de 2017 |ultimo=Becker |primeiro=Sascha O. |ultimo2=Woessmann |primeiro2=Ludger |paginas=377–391 |doi=10.1162/REST_a_00708 |issn=0034-6535 |volume=100 |journal=The Review of Economics and Statistics}}</ref><ref>{{Citar periódico |url=http://external-apps.qut.edu.au/business/documents/discussionPapers/2012/WP288.pdf |titulo=Suicide and Religion: New Evidence on the Differences Between Protestantism and Catholicism |data=1 de junho de 2014 |ultimo=Torgler |primeiro=Benno |ultimo2=Schaltegger |primeiro2=Christoph |paginas=316–340 |doi=10.1111/jssr.12117 |issn=1468-5906 |volume=53 |journal=Journal for the Scientific Study of Religion}}</ref>

{{referências}}

===Bibliografia===
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{{refbegin|60em}}
* {{cite book |last1=Atkinson |first1=Benedict |last2=Fitzgerald |first2=Brian |chapter=Printing, Reformation and Information Control |title=A Short History of Copyright: The Genie of Information |chapter-url=https://books.google.com/books?id=YUW4AQAAQBAJ&pg=PA15 |doi=10.1007/978-3-319-02075-4_3 |isbn=978-3-319-02074-7 |date=2014 |pages= 15–22 |publisher=Springer}}
* {{cite book |last1=Bertoglio |first1=Chiara|title=Reforming Music. Music and the Religious Reformations of the Sixteenth Century |url=https://books.google.com/books?id=CK42DgAAQBAJ |isbn=978-3-11-052081-1 |date=2017 |publisher=De Gruyter}}
* {{cite book |editor =Bray, Gerald |title = Documents of the English Reformation |publisher = James Clarke }}
* {{cite book |author=Cameron, Euan |title=The European Reformation |date=2012 |edition=Second |publisher= Oxford University Press }}
* {{cite book |author= Cameron, Euan|title=The Reformation of the Heretics: The Waldenses of the Alps, 1480–1580 |publisher=Clarendon Press |date= 1984 }}
* {{cite journal |author= Church, Frederic C. |title=The Literature of the Italian Reformation |journal=Journal of Modern History |date=1931 |volume=3 |issue=3 |pages=457–473 |jstor=1874959 |doi=10.1086/235763}}
* {{cite book | last1 = Hollister| first1 = Warren |last2=Bennett|first2=Judith |title = Medieval Europe: A Short History | url = https://archive.org/details/medievaleuropesh00holl_1| publisher = McGraw-Hill Companies Inc. | location = Boston|edition=9| year = 2002}}
* {{cite encyclopedia |editor= Cross, F.L.|title=Westphalia, Peace of |encyclopedia=The Oxford Dictionary of the Christian Church |location= New York |publisher= Oxford University Press |date= 2005}}
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* {{cite book |author= Edwards, Jr. |author2= Mark U. |title=Printing, Propaganda, and Martin Luther |date=1994 }}
* {{cite book |author=Estep, William R |title=Renaissance & Reformation |location= Grand Rapids, MI |publisher= Eerdmans |date= 1986 |isbn= 978-0-8028-0050-3 }}
* {{cite book |last=Firpo |first=Massimo |chapter=The Italian Reformation |title=A Companion to the Reformation World | editor-last=Hsia |editor-first=R. Po-chia |year=2004 |publisher=Blackwell |url=https://books.google.com/books?id=oB8z7JC2c6EC |chapter-url=https://books.google.com/books?id=oB8z7JC2c6EC&pg=PA169 |pages=169–184|isbn=978-1-4051-7865-5 }}
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* {{cite book |author=MacCulloch, Diarmaid |title=The Reformation |url=https://archive.org/details/reformation00diar_0 |date=2005 }}
* {{cite book |chapter=The Dissolution of the Hospitaller houses in Scandinavia |first=Martin |last=Berntson |pages=59–78 |title=The Military Orders and the Reformation: Choices, State Building, and the |editor-first1=Johannes A. |editor-last1=Mol |editor-first2=Klaus |editor-last2=Militzer |editor-first3=Helen J. |editor-last3=Nicholson |publisher=Hilversum Verloren |year=2006 }}
* {{cite book |author1=Oberman, Heiko Augustinus |author2= Walliser-Schwarzbart, Eileen |title= Luther: Man between God and the Devil |date=2006 |publisher=Yale University Press |isbn=978-0-300-10313-7 |orig-year=1982 }}
* {{cite book |author=Patrick, James |title=Renaissance and Reformation |date=2007 |publisher= Marshall Cavendish |location=New York |isbn= 978-0-7614-7650-4 }}
* {{cite book |author=Pettegree, Andrew |title=The Reformation World |date=2000 |publisher=Routledge |isbn=978-0-203-44527-3 }}
* {{cite journal |last1=Pettegree |first1=Andrew |last2=Hall |first2=Matthew |title=The Reformation and the Book: A Reconsideration |journal=The Historical Journal |date=Dezembro de 2004 |volume=47 |issue=4 |doi=10.1017/S0018246X04003991|jstor=4091657|pages=785–808}}
* {{cite book |author=Rublack, Ulinka |date=2010 |title=Dressing Up: Cultural Identity in Renaissance Europe |publisher=Oxford University Press }}
* {{cite journal |last=Rubin |first=Jared |title= Printing and Protestants: An Empirical Test of the Role of Printing in the Reformation |journal=Review of Economics and Statistics |date=2014 |volume=96 |issue=2 |pages=270–286 |doi=10.1162/REST_a_00368|url=https://digitalcommons.chapman.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1099&context=economics_articles }}
* {{cite book |author=Schofield, John |title=Martin Luther: A Concise History of His Life and Works |date=2011 |publisher=History Press Limited }}
* {{cite journal |author= Weimer, Christoph |title=Luther and Cranach on Justification in Word and Image |journal=Lutheran Quarterly |date=2004 |volume=18 |issue=4 |pages= 387–405 }}
* {{cite book |author= Whaley, Joachim|title=Germany and the Holy Roman Empire: Volume I: Maximilian I to the Peace of Westphalia, 1493–1648 (Oxford History of Early Modern Europe)|publisher=Oxford University Press|isbn=978-0-19-873101-6 |date= 2012|url=https://books.google.com/books?id=QXdPzWXCphkC&q=German+Peasants+War+100,000&pg=PA220}}
* {{cite book |author= Yarnell III, Malcolm B.|title=Royal Priesthood in the English Reformation|publisher=Oxford University Press|isbn=978-0-19-968625-4 |date= 2014|url=https://books.google.com/books?id=u3XqAgAAQBAJ&q=Luther+condemn+Peasants+War&pg=PA95}}
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Revisão das 14h51min de 16 de setembro de 2021

 Nota: "Reforma" redireciona para este artigo. Para outros significados, veja Reforma (desambiguação).

Reforma (alternativamente chamada de Reforma Protestante ou Reforma Europeia)[1] foi um movimento importante dentro do cristianismo ocidental na Europa do século XVI que representou um desafio religioso e político para a Igreja Católica e em particular para a autoridade papal, decorrente do que eram percebidos como erros, abusos e discrepâncias pela Igreja. A Reforma foi o início do protestantismo e do Cisma Ocidental e é também considerado um dos eventos que marcam o fim da Idade Média e o início do período moderno na Europa.[2]

Antes de Martinho Lutero, houve muitos movimentos de reforma anteriores. Embora a Reforma seja geralmente considerada como tendo começado com a publicação das Noventa e cinco teses de Martinho Lutero em 1517, ele não foi excomungado até janeiro de 1521 pelo Papa Leão X. O Édito de Worms de maio de 1521 condenou Lutero e baniu oficialmente os cidadãos do Sacro Império Romano de defender ou propagar suas ideias.[3]

A disseminação da prensa móvel de Gutenberg forneceu os meios para a rápida disseminação de materiais religiosos no vernáculo. Lutero sobreviveu após ser declarado fora da lei devido à proteção de Frederico, o Sábio. O movimento inicial na Alemanha se diversificou e surgiram outros reformadores como Huldrych Zwingli e João Calvino. Os principais eventos do período incluem: a Dieta de Worms (1521), a formação do luterano Ducado da Prússia (1525), a Reforma Inglesa (1529 em diante), o Concílio de Trento (1545-63), a Paz de Augsburgo (1555), a excomunhão de Elizabeth I (1570), o Edito de Nantes (1598) e a Paz de Westfália (1648). A Contrarreforma, também chamada de Reforma Católica ou Reavivamento Católico, foi o período de reformas católicas iniciadas em resposta à Reforma Protestante.[4] O período histórico que representa o fim da era da Reforma ainda é contestado entre os estudiosos.

História

Antecedentes

Ver artigos principais: Hussitas, Lollardismo, Valdenses e Arnoldistas
Execução de Jan Hus em Constança (1415). O cristianismo ocidental já estava formalmente comprometido nas Terras da Coroa da Boêmia muito antes de Lutero, com os Pactos de Basiléia (1436) e da Paz Religiosa de Kutná Hora (1485). O hussitismo utraquista foi permitido junto com a confissão católica romana. Na época em que a Reforma chegou, o Reino da Boêmia e o Margraviato da Morávia já tinham populações de maioria hussita há décadas.

John Wycliffe questionou o status privilegiado do clero católico que havia reforçado seu poderoso papel na Inglaterra e o luxo e pompa das paróquias locais e suas cerimônias.[5] Ele foi, portanto, caracterizado como a "estrela da tarde" da escolástica e como a "estrela da manhã" ou stella matutina da Reforma Inglesa.[6] Em 1374, Catarina de Siena começou a viajar com seus seguidores por todo o norte e centro da Itália defendendo a reforma do clero e aconselhando as pessoas de que o arrependimento e a renovação poderiam ser feitos por meio do "amor total a Deus".[7] Ela manteve uma longa correspondência com o Papa Gregório XI, pedindo-lhe para reformar o clero e a administração dos Estados Pontifícios. As igrejas protestantes mais antigas, como a Igreja dos Irmãos Morávios, datam suas origens em Jan Hus no início do século XV. Por ser liderada por uma maioria nobre da Boêmia e reconhecida, por algum tempo, pelos Pactos de Basiléia, a reforma hussita foi a primeira "reforma magisterial" da Europa porque os magistrados governantes a apoiaram, ao contrário da "Reforma Radical", que o Estado não apoiou.

Fatores comuns que desempenharam um papel durante a Reforma e a Contrarreforma incluíram o surgimento da imprensa, do nacionalismo, da simonia, da nomeação de cardeais-sobrinhos e de outras corrupções da Cúria Romana e outras hierarquias eclesiásticas, o impacto do humanismo, o novo aprendizado da Renascença versus escolástica e o Cisma Ocidental, que corroeu a lealdade ao papado e gerou guerras entre príncipes, revoltas entre os camponeses e uma preocupação generalizada com a corrupção na Igreja, especialmente de John Wycliffe na Universidade de Oxford e de Jan Hus na Universidade Carolina em Praga.

Hus se opôs a algumas das práticas da Igreja Católica Romana e queria devolver à igreja da Boêmia e da Morávia as práticas anteriores: a liturgia na linguagem do povo (ou seja, o povo tcheco), fazendo com que os leigos recebam a comunhão em ambas as espécies (pão e vinho—isto é, em latim, communio sub utraque specie), que padres possam casar e eliminando as indulgências e o conceito de purgatório. Algumas delas, como o uso da língua local como língua litúrgica, foram aprovadas pelo papa já no século IX.[8]

Os líderes da Igreja Católica Romana o condenaram no Concílio de Constança (1414-1417), queimando-o na fogueira apesar da promessa de salvo-conduto.[9] Wycliffe foi postumamente condenado como herege e seu cadáver foi exumado e queimado em 1428.[10] O Concílio de Constança confirmou e fortaleceu a concepção medieval tradicional da Igreja e do império, semabordar as tensões nacionais ou teológicas provocadas durante o século anterior e não pôde evitar o cisma e as Guerras Hussitas na Boêmia.

O Papa Sisto IV (1471-1484) estabeleceu a prática de vender indulgências aos mortos, estabelecendo assim um novo fluxo de receita com agentes em toda a Europa.[11] O Papa Alexandre VI (1492-1503) foi um dos papas mais controversos da Renascença. Ele era pai de sete filhos, entre eles Lucrécia e César Borgia.[12] Em resposta à corrupção papal, particularmente a venda de indulgências, Martinho Lutero escreveu as Noventa e Cinco Teses.[13]

Reforma Magisterial

Ver artigos principais: Martinho Lutero, 95 teses e Protestantismo

O início da Reforma é geralmente datado em 31 de outubro de 1517 em Wittenberg, Saxônia, quando Lutero enviou suas Noventa e Cinco Teses sobre o Poder e a Eficácia das Indulgências ao Arcebispo de Mainz. As teses debatiam e criticavam a Igreja e o papado, mas concentravam-se na venda de indulgências e políticas doutrinárias sobre o purgatório, o julgamento particular e a autoridade do papa. Mais tarde, no período entre 1517 e 1521, ele escreveria obras sobre a devoção à Virgem Maria, a intercessão e devoção aos santos, os sacramentos, o celibato clerical obrigatório e, mais tarde, sobre a autoridade papal, a lei eclesiástica, a censura e a excomunhão, o papel dos governantes seculares em questões religiosas, a relação entre o cristianismo e a lei, as boas obras e o monaquismo.[14] Algumas freiras, como Katharina von Bora e Ursula de Munsterberg, deixaram a vida monástica quando aceitaram a Reforma, mas outras ordens adotaram a Reforma, pois os luteranos continuam a ter mosteiros. Em contraste, as áreas reformadas tipicamente secularizaram propriedades monásticas.

Os reformadores e seus oponentes fizeram uso intenso de panfletos baratos, bem como de Bíblias vernáculas, usando a relativamente nova tecnologia de impressão, de modo que houve um movimento rápido de ideias e documentos.[15][16]

Martinho Lutero na Dieta de Worms, onde se recusou a retratar suas obras quando solicitado por Carlos V. (pintura de Anton von Werner, 1877, Staatsgalerie Stuttgart)

Paralelamente aos eventos na Alemanha, um movimento começou na Suíça sob a liderança de Huldrych Zwingli. Esses dois movimentos concordaram rapidamente na maioria das questões, mas algumas diferenças não resolvidas os mantiveram separados. Alguns seguidores de Zwingli acreditavam que a Reforma era muito conservadora e se movia independentemente em direção a posições mais radicais, algumas das quais sobrevivem entre os anabatistas modernos.

Após este primeiro estágio da Reforma, após a excomunhão de Lutero no Decet Romanum Pontificem e a condenação de seus seguidores pelos éditos da Dieta de Worms em 1521, a obra e os escritos de João Calvino foram influentes no estabelecimento de um consenso vago entre várias igrejas na Suíça, Escócia, Hungria, Alemanha e em outros lugares.

Embora a Guerra dos Camponeses Alemães de 1524-1525 tenha começado como um protesto contra impostos e anticorrupção, seu líder Thomas Müntzer deu a ela um caráter radical.[17] Em resposta aos relatórios sobre a destruição e violência, Lutero condenou a revolta em escritos como Contra os assassinos, ladrões de hordas de camponeses; o aliado de Zwínglio e Lutero, Philipp Melanchthon, também não tolerou o levante.[18][19] Cerca de 100 mil camponeses foram mortos até o final da guerra.[20]

Reforma Radical

Ver artigo principal: Reforma Radical
Panfleto dos Doze Artigos dos Camponeses de 1525

A Reforma Radical foi a resposta ao que se acreditava ser a corrupção tanto na Igreja Católica Romana quanto na Reforma Magisterial. Começando na Alemanha e na Suíça no século XVI, a Reforma Radical desenvolveu igrejas protestantes radicais por toda a Europa. O termo inclui Thomas Müntzer, Andreas Karlstadt, os profetas de Zwickau e anabatistas, como os huteritas e menonitas. Em partes da Alemanha, Suíça e Áustria, a maioria simpatizou com a Reforma Radical, apesar da intensa perseguição.[21] Embora a proporção de sobreviventes da população europeia que se rebelou contra as igrejas católicas, luteranas e zwinglianas fosse pequena, os reformadores radicais escreveram abundantemente e a literatura sobre a Reforma Radical é desproporcionalmente grande, em parte como resultado da proliferação dos ensinamentos da reforma radical nos Estados Unidos.[22]

Apesar da diversidade significativa entre os primeiros reformadores radicais, alguns "padrões repetidos" surgiram entre muitos grupos anabatistas. Muitos desses padrões foram consagrados na Confissão de Schleitheim (1527) e incluem o batismo dos crentes (ou adultos), visão memorial da Ceia do Senhor, crença de que a Escritura é a autoridade final em questões de fé e prática, ênfase no Novo Testamento e o Sermão da Montanha, interpretação da Escritura em comunidade, separação do mundo e uma teologia de dois reinos, pacifismo, comunalismo e compartilhamento econômico, além da crença na liberdade de vontade, no não juramento, na "rendição" (Gelassenheit) para a própria comunidade e para Deus, na salvação por meio da divinização (Vergöttung), na vida ética e no discipulado (Nachfolge Christi).[23]

Alfabetização

A Bíblia de Lutero, de 1534, foi traduzida para o alemão. A tradução de Lutero influenciou o desenvolvimento do alemão padrão atual.

A Reforma foi um triunfo da alfabetização e da nova imprensa.[24][15][25] A tradução de Lutero da Bíblia para o alemão foi um momento decisivo na disseminação da alfabetização e também estimulou a impressão e distribuição de livros e panfletos religiosos. De 1517 em diante, panfletos religiosos inundaram a Alemanha e grande parte da Europa.[26]

Em 1530, mais de 10 mil publicações são conhecidas, com um total de dez milhões de cópias. A Reforma foi, portanto, uma revolução de mídia. Lutero reforçou seus ataques contra Roma, retratando uma igreja "boa" contra uma "má". A partir daí, ficou claro que a impressão poderia ser usada para propaganda de agendas particulares, embora o termo propaganda derive da Congregatio de Propaganda Fide (Congregação para a Propagação da Fé) da Contrarreforma católica. Os redatores da reforma usaram estilos, clichês e estereótipos existentes que eles adaptaram conforme necessário. Especialmente eficazes foram os escritos em alemão, incluindo a tradução da Bíblia de Lutero, seu Catecismo Menor para pais ensinarem seus filhos e seu Catecismo Maior para pastores. Usando o vernáculo alemão, eles expressaram o Credo dos Apóstolos em uma linguagem trinitária mais simples e pessoal. As ilustrações na Bíblia alemã e em muitos folhetos popularizaram as ideias de Lutero. Lucas Cranach, o Velho (1472-1553), o grande pintor patrocinado pelos eleitores de Wittenberg, era um amigo próximo de Lutero e ilustrou a teologia de Lutero para um público popular. Ele dramatizou as visões de Lutero sobre a relação entre o Antigo e o Novo Testamento, enquanto permanecia atento às cuidadosas distinções de Lutero sobre os usos adequados e impróprios de imagens visuais.[27]

Causas

Erasmo foi um padre católico que inspirou alguns dos reformadores protestantes

Os seguintes fatores do lado da oferta foram identificados como causas da Reforma:[28]

  • A presença de uma prensa móvel em uma cidade por volta de 1500 tornou a popularização do protestantismo por volta de 1600 muito mais provável;[15]
  • A literatura protestante foi produzida em níveis maiores em cidades onde os mercados de mídia eram mais competitivos, tornando essas cidades mais propensas a adotar o protestantismo;[25]
  • As incursões otomanas diminuíram os conflitos entre protestantes e católicos, ajudando a Reforma a criar raízes;[29]
  • Maior autonomia política aumentou a probabilidade de que o protestantismo fosse adotado;[15][30]
  • Onde os reformadores protestantes desfrutavam do patrocínio principesco, eles tinham muito mais probabilidade de sucesso;[31]
  • A proximidade de vizinhos que adotaram o protestantismo aumentou a probabilidade de adoção da Reforma;[30]
  • As cidades com maior número de alunos matriculados em universidades heterodoxas e menor número de alunos matriculados em universidades ortodoxas eram mais propensas a adotar o protestantismo.[31]

Os seguintes fatores do lado da demanda foram identificados como causas da Reforma:[28]

  • Cidades com fortes cultos de santos eram menos propensas a adotar o protestantismo;[32]
  • As cidades onde a primogenitura era praticada eram menos propensas a adotar o protestantismo;[33]
  • Regiões que eram pobres, mas tinham grande potencial econômico e instituições políticas ruins eram mais propensas a adotar o protestantismo;[34]
  • A presença de bispados tornou a adoção do protestantismo menos provável;[15]
  • A presença de mosteiros tornou a adoção do protestantismo menos provável.[34]

Um estudo de 2020 vinculou a disseminação do protestantismo a laços pessoais com Lutero (por exemplo, correspondentes de cartas, visitas, ex-alunos) e rotas comerciais.[35]

Disseminação

Sacro Império, Suíça e França

No início do século XVI, o monge alemão Martinho Lutero, abraçando as ideias dos pré-reformadores, proferiu três sermões contra as indulgências em 1516 e 1517. Em 31 de outubro de 1517 foram pregadas as 95 Teses na porta da Catedral de Wittenberg, com um convite aberto a uma disputa escolástica sobre elas.[36] Esse fato é considerado como o início da Reforma Protestante.[37] Essas teses condenavam a "avareza e o paganismo" na Igreja, e pediam um debate teológico sobre o que as indulgências significavam. As 95 Teses foram logo traduzidas para o alemão e amplamente copiadas e impressas. Após um mês se haviam espalhado por toda a Europa.[38]

Após diversos acontecimentos, em junho de 1518 foi aberto um processo por parte da Igreja Romana contra Lutero, a partir da publicação das suas 95 Teses. Alegava-se, com o exame do processo, que ele incorria em heresia. Depois disso, em agosto de 1518, o processo foi alterado para heresia notória.[39] Finalmente, em junho de 1520 reapareceu a ameaça no escrito "Exsurge Domini" e, em janeiro de 1521, a bula "Decet Romanum Pontificem" excomungou Lutero. Devido a esses acontecimentos, Lutero foi exilado no Castelo de Wartburg, em Eisenach, onde permaneceu por cerca de um ano. Durante esse período de retiro forçado, Lutero trabalhou na sua tradução da Bíblia para o alemão, da qual foi impresso o Novo Testamento, em setembro de 1522.[40]

Extensão da Reforma Protestante na Europa

Enquanto isso, em meio ao clero saxônio, aconteceram renúncias ao voto de castidade, ao mesmo tempo em que outros tantos atacavam os votos monásticos. Entre outras coisas, muitos realizaram a troca das formas de adoração e terminaram com as missas, assim como a eliminação das imagens nas igrejas e a ab-rogação do celibato. Ao mesmo tempo em que Lutero escrevia "a todos os cristãos para que se resguardem da insurreição e rebelião". Seu casamento com a ex-monja cisterciense Catarina von Bora incentivou o casamento de outros padres e freiras que haviam adotado a Reforma. Com estes e outros atos consumou-se o rompimento definitivo com a Igreja Romana.[41] Em janeiro de 1521 foi realizada a Dieta de Worms que teve um papel importante na Reforma, pois nela Lutero foi convocado para desmentir as suas teses; no entanto, ele defendeu-as e pediu a reforma.[42] Autoridades de várias regiões do Sacro Império Romano-Germânico pressionadas pela população e pelos luteranos, expulsavam e até assassinavam sacerdotes católicos das igrejas, substituindo-os por religiosos com formação luterana.

Toda essa rebelião ideológica resultou também em rebeliões armadas, com destaque para a Guerra dos Camponeses (1524-1525). Esta guerra foi, de muitas maneiras, uma resposta aos discursos de Lutero e de outros reformadores. Revoltas de camponeses já tinham existido em pequena escala em Flandres (1321-1323), na França (1358), na Inglaterra (1381-1388), durante as guerras hussitas do século XV, e muitas outras até o XVIII. A revolta foi incitada principalmente pelo seguidor de Lutero, Thomas Münzer, que comandou massas camponesas contra a nobreza imperial, pois propunha uma sociedade sem diferenças entre ricos e pobres e sem propriedade privada, Lutero por sua vez defendia que a existência de "senhores e servos" era vontade divina, motivo pelo qual eles romperam,[43] sendo que Lutero condenou Münzer e essa revolta.[44]

O Muro dos Reformadores. Da esquerda à direita, estátuas de Guilherme Farel, João Calvino, Teodoro de Beza e John Knox

Em 1530, foi apresentada na Dieta imperial convocada pelo imperador Carlos V, realizada em abril desse ano, a Confissão de Augsburgo, escrita por Felipe Melanchton[45] com o apoio da Liga de Esmalcalda. Os representantes católicos na dieta resolveram preparar uma refutação ao documento luterano em agosto, a Confutatio Pontificia (Confutação), que foi lida na dieta. O imperador exigiu que os luteranos admitissem que sua confissão havia sido refutada. A reação luterana surgiu na forma da Apologia da Confissão de Augsburgo, que estava pronta para ser apresentada em setembro do mesmo ano, mas foi rejeitada pelo Imperador. A Apologia foi publicada por Felipe Melanchton no fim de maio de 1531, tornando-se confissão de fé oficial quando foi assinada, juntamente com a Confissão de Augsburgo, em Esmalcalda, em 1537.[46]

Ao mesmo tempo em que ocorria uma reforma em um sentido determinado, alguns grupos protestantes realizaram a chamada Reforma Radical. Queriam uma reforma mais profunda. Foram parte importante dessa reforma radical os anabatistas, cujas principais características eram a defesa da total separação entre igreja e estado e o "novo batismo"[47] (que em grego é anabaptizo). Enquanto no Sacro Império a reforma era liderada por Lutero, Na França e na Suíça a Reforma teve como líderes João Calvino e Ulrico Zuínglio.[48]

João Calvino foi inicialmente um humanista. Foi integrante do clero, todavia não chegou a ser ordenado sacerdote romano. Depois do seu afastamento da Igreja romana, este intelectual começou a ser visto como um representante importante do movimento protestante.[49] Vítima das perseguições aos huguenotes na França, fugiu para Genebra em 1533[50] onde faleceu em 1564. Genebra tornou-se um centro do protestantismo europeu e João Calvino permanece desde então como uma figura central da história da cidade e da Suíça. Calvino publicou as Institutas da Religião Cristã,[51] que são uma importante referência para o sistema de doutrinas adotado pelas Igrejas Reformadas.[52]

Os problemas com os huguenotes somente concluíram quando o rei Henrique IV, um ex-huguenote, emitiu o Édito de Nantes, declarando tolerância religiosa e prometendo um reconhecimento oficial da minoria protestante, mas sob condições muito restritas. O catolicismo romano se manteve como religião oficial estatal e as fortunas dos protestantes franceses diminuíram gradualmente ao longo do século seguinte, culminando no Édito de Fontainebleau de Luis XIV, que revogou o Édito de Nantes e fez de Roma a única Igreja legal na França. Em resposta ao Édito de Fontainebleau, Frederick William de Brandemburgo declarou o Édito de Potsdam, dando passagem livre a franceses huguenotes refugiados e isentando-os de impostos durante 10 anos.

Ulrico Zuínglio foi o líder da reforma suíça e fundador das igrejas reformadas suíças. Zuínglio não deixou igrejas organizadas, mas as suas doutrinas influenciaram as confissões calvinistas. A reforma de Zuínglio foi apoiada pelo magistrado e pela população de Zurique, levando a mudanças significativas na vida civil e em assuntos de estado em Zurique.[53]

Inglaterra

Ver artigo principal: Reforma Inglesa
Henrique VIII, por Hans Holbein, o Jovem, 1537, Museu Thyssen-Bornemisza

O curso da Reforma foi diferente na Inglaterra. Desde há muito tempo que havia uma forte corrente anticlerical, tendo a Inglaterra já visto o movimento Lollardo, que inspirou os hussitas na Boémia. No entanto, ao redor de 1520 os lollardos já não eram uma força ativa, ou pelo menos um movimento de massas. Embora Henrique VIII tivesse defendido a Igreja Romana com o livro Assertio Septem Sacramentorum (Defesa dos Sete Sacramentos), que contrapunha as 95 Teses de Martinho Lutero, Henrique promoveu a Reforma Inglesa para satisfazer as suas necessidades políticas. Sendo este casado com Catarina de Aragão, que não lhe havia dado filho homem, Henrique solicitou ao papa Clemente VII a anulação do casamento.[54] Perante a recusa do papado, Henrique fez-se proclamar, em 1531, protetor da Igreja inglesa. O Ato de Supremacia, votado no parlamento em novembro de 1534, colocou Henrique e os seus sucessores na liderança da igreja, nascendo assim o anglicanismo. Os súditos deveriam submeter-se ou então seriam excomungados, perseguidos[55] e executados, tribunais religiosos foram instaurados e católicos foram obrigados à assistir cultos protestantes,[56] muitos importantes opositores foram mortos, tais como Thomas More, o bispo John Fischer e alguns sacerdotes, frades franciscanos e monges cartuxos. Quando Henrique foi sucedido pelo seu filho Eduardo VI em 1547, os protestantes viram-se em ascensão no governo. Uma reforma mais radical foi imposta diferenciando o anglicanismo ainda mais do catolicismo romano.[57]

Seguiu-se uma breve reação romana durante o reinado de Maria I (1553–1558). De início moderada na sua política religiosa, Maria procura a reconciliação com Roma, consagrada em 1554, quando o parlamento votou o regresso à obediência ao papa.[54] Um consenso começou a surgir durante o reinado de Isabel I. Em 1559, Isabel I retornou ao anglicanismo com o restabelecimento do Ato de Supremacia e do Livro de Orações de Eduardo VI. Através da Confissão dos Trinta e Nove Artigos (1563), Isabel alcançou um compromisso entre o protestantismo e o catolicismo romano: embora o dogma se aproximasse do calvinismo, só admitindo como sacramentos o Batismo e a Eucaristia, foi mantida a hierarquia episcopal e o fausto das cerimônias religiosas. A Reforma na Inglaterra procurou preservar o máximo da Tradição Romana (episcopado, liturgia e sacramentos). A Igreja da Inglaterra sempre se viu como a ecclesia anglicanae, ou seja, A Igreja cristã na Inglaterra e não como uma derivação da Igreja de Roma ou do movimento reformista do século XVI. A Reforma Anglicana buscou ser a "via média" entre Roma e o protestantismo.[58]

Em 1561, apareceu uma confissão de fé com uma Exortação à Reforma da Igreja modificando seu sistema de liderança, pelo qual nenhuma igreja deveria exercer qualquer autoridade ou governo sobre outras, e ninguém deveria exercer autoridade na Igreja se isso não lhe fosse conferido por meio de eleição. Esse sistema, considerado "separatista" pela Igreja Anglicana, ficou conhecido como congregacionalismo.[59] Richard Fytz é considerado o primeiro pastor de uma igreja congregacional, entre os anos de 1567 e 1568, na cidade de Londres. Por volta de 1570, ele publicou um manifesto intitulado As Verdadeiras Marcas da Igreja de Cristo.[60] Em 1580, Robert Browne, um clérigo anglicano que se tornou separatista, junto com o leigo Robert Harrison, organizou em Norwich uma congregação cujo sistema era congregacionalista,[61] sendo um claro exemplo de igreja desse sistema. Na Escócia, John Knox (1505-1572), que tinha estudado com João Calvino em Genebra, levou o Parlamento da Escócia a abraçar a Reforma Protestante em 1560, sendo estabelecido o presbiterianismo. A primeira Igreja Presbiteriana, a Igreja da Escócia (ou Kirk), foi fundada como resultado disso.[62]

Países Baixos e Escandinávia

A Reforma nos Países Baixos, diferente de alguns outros países, não foi iniciado pelos governantes das Dezessete Províncias, mas sim por vários movimentos populares que, por sua vez, foram reforçados com a chegada dos protestantes refugiados de outras partes do continente. Enquanto o movimento anabatista gozava de popularidade na região nas primeiras décadas da Reforma, o calvinismo, através da Igreja Reformada Holandesa, tornou a fé protestante dominante no país desde a década de 1560 em diante. No início de agosto de 1566, uma multidão de protestantes invadiu a Igreja de Hondschoote na Flandres (atualmente Norte da França) com a finalidade de destruir as imagens católicas,[63][64][65] esse incidente provocou outros semelhantes nas províncias do norte e sul, até Beeldenstorm, em que calvinistas invadiram igrejas e outros edifícios católicos para destruir estátuas e imagens de santos em toda a Holanda, pois de acordo com os calvinistas, estas estátuas representavam culto de ídolos. Duras perseguições aos protestantes pelo governo espanhol de Felipe II contribuíram para um desejo de independência nas províncias, o que levou à Guerra dos Oitenta Anos e finalmente, a separação da zona protestante (atual Holanda, ao norte) da zona católica (atual Bélgica, ao sul).[62]

Teve grande importância durante a Reforma um teólogo holandês: Erasmo de Roterdã. No auge de sua fama literária, foi inevitavelmente chamado a tomar partido nas discussões sobre a Reforma. Inicialmente, Erasmo se simpatizou com os principais pontos da crítica de Lutero, descrevendo-o como "uma poderosa trombeta da verdade do evangelho" e admitindo que, "É claro que muitas das reformas que Lutero pede são urgentemente necessárias.".[66] Lutero e Erasmo demonstraram admiração mútua, porém Erasmo hesitou em apoiar Lutero devido a seu medo de mudanças na doutrina. Em seu Catecismo (intitulado Explicação do Credo Apostólico, de 1533), Erasmo tomou uma posição contrária a Lutero por aceitar o ensinamento da "Sagrada Tradição" não escrita como válida fonte de inspiração além da Bíblia, por aceitar no cânon bíblico os livros deuterocanônicos e por reconhecer os sete sacramentos.[67] Estas e outras discordâncias, como por exemplo, o tema do Livre arbítrio fizeram com que Lutero e Erasmo se tornassem opositores.

Catedral luterana em Helsinque, Finlândia

Na Dinamarca, a difusão das ideias de Lutero deveu-se a Hans Tausen. Em 1536[68] na Dieta de Copenhaga, o rei Cristiano III aboliu a autoridade dos bispos católicos, tendo sido confiscados os bens das igrejas e dos mosteiros. O rei atribuiu a Johann Bugenhagen, discípulo de Lutero, a responsabilidade de organizar uma Igreja Luterana nacional.[69] A Reforma na Noruega e na Islândia foi uma conseqüência da dominação da Dinamarca sobre estes territórios; assim, logo em 1537 ela foi introduzida na Noruega e entre 1541 e 1550[68] na Islândia, tendo assumido neste último território características violentas.

Na Suécia, o movimento reformista foi liderado pelos irmãos Olaus Petri e Laurentius Petri. Teve o apoio do rei Gustavo I,[70] que rompeu com Roma em 1525, na Dieta de Vesteras. O luteranismo, então, penetrou neste país estabelecendo-se em 1527.[68] Em 1593, a Igreja sueca adotou a Confissão de Augsburgo. Na Finlândia, as igrejas faziam parte da Igreja sueca até o início do século XIX, quando foi formada uma igreja nacional independente, a Igreja Evangélica Luterana da Finlândia.

Outras partes da Europa

Na Hungria, a disseminação do protestantismo foi auxiliada pela minoria étnica alemã, que podia traduzir os escritos de Lutero. Enquanto o luteranismo ganhou uma posição entre a população de língua alemã, o calvinismo se tornou amplamente popular entre a etnia húngara.[71] Provavelmente, os protestantes chegaram a ser maioria na Hungria até o final do século XVI, mas os esforços da Contrarreforma no século XVII levaram uma maioria do reino de volta ao catolicismo romano.[72]

Fortemente perseguida, a Reforma praticamente não penetrou em Portugal e Espanha. Ainda assim, uma missão francesa enviada por João Calvino se estabeleceu em 1557 numa das ilhas da baía de Guanabara, localizada no Brasil, então colônia de Portugal. Ainda que tenha durado pouco tempo, deixou como herança a Confissão de Fé da Guanabara.[73] Por volta de 1630, durante o domínio holandês em Pernambuco, a Igreja Reformada Neerlandesa (Igreja Protestante na Holanda) instalou-se no Brasil. Tinha ao conde Maurício de Nassau como seu membro mais ilustre. Esse período se encerrou com a Guerra da Restauração portuguesa.[74] Na Espanha, as ideias reformadas influíram em dois monges católicos: Casiodoro de Reina, que fez a primeira tradução da Bíblia para o idioma espanhol, e Cipriano de Valera, que fez sua revisão,[75] originando a conhecida como Biblia Reina-Valera.[76]

Legado

Não há acordo universal sobre a data exata ou aproximada em que a Reforma terminou. Várias interpretações enfatizam datas diferentes, períodos inteiros ou argumentam que a Reforma nunca terminou realmente. No entanto, existem algumas interpretações populares. A Paz de Augsburgo em 1555 encerrou oficialmente a luta religiosa entre os dois grupos e tornou a divisão legal do cristianismo permanente dentro do Sacro Império Romano-Germânico, permitindo que os governantes escolhessem o luteranismo ou o catolicismo romano como a confissão oficial de seu estado. Pode-se considerar que termina com a promulgação das confissões de fé. Outros anos finais sugeridos estão relacionados à Contrarreforma ou à Paz de Vestfália em 1648. De uma perspectiva católica, o Concílio Vaticano II pediu o fim da Contrarreforma.[77]

Os seis príncipes do Sacro Império Romano-Germânico e governantes de quatorze Cidades Livres Imperiais, que emitiram um protesto (ou dissidência) contra o edito da Dieta de Speyer (1529), foram os primeiros indivíduos a serem chamados de protestantes.[78] O edito reverteu as concessões feitas aos luteranos com a aprovação do Imperador Romano-Germânico Carlos V três anos antes. O termo protestante, embora inicialmente de natureza puramente política, mais tarde adquiriu um sentido mais amplo, referindo-se a um membro de qualquer igreja ocidental que aderisse aos principais princípios protestantes.[78] Hoje, o protestantismo constitui a segunda maior forma de cristianismo (depois do catolicismo), com um total de 800 milhões até 1 bilhão de adeptos em todo o mundo; ou cerca de 37% de todos os cristãos.[79][80] protestantes desenvolveram sua própria cultura, com grandes contribuições na educação, nas humanidades e nas ciências, na ordem política e social, na economia e nas artes e em muitos outros campos.[81] Os seguintes resultados da Reforma com relação à formação de capital humano , a ética protestante, o desenvolvimento econômico, a governança e os resultados "sombrios" foram identificados por estudiosos:[28]

Guerra dos Trinta Anos: 1618-1648

Ver artigo principal: Guerra dos Trinta Anos
O Tratado de Vestfália permitiu que o calvinismo fosse exercido livremente, reduzindo a necessidade do cripto-calvinismo

Os conflitos da era da Reforma e da Contrarreforma são chamados de guerras religiosas europeias. Em particular, a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) devastou grande parte da Alemanha, matando entre 25% e 40% de toda a sua população.[82] A católica Casa de Habsburgo e seus aliados lutaram contra os príncipes protestantes da Alemanha, apoiados em vários momentos pela Dinamarca, Suécia e França. Os Habsburgos, que governaram a Espanha, Áustria, a Coroa da Boêmia, Hungria, Terras Eslovenas, Holanda espanhola e grande parte da Alemanha e Itália, foram defensores ferrenhos da Igreja Católica. Algum historiadores acreditam que a era da Reforma chegou ao fim quando a França católica se aliou aos Estados protestantes contra a dinastia dos Habsburgos.

Dois princípios principais da Paz de Vestfália, que encerrou a Guerra dos Trinta Anos, foram:

  • Todas as partes agora reconheceriam a Paz de Augsburgo de 1555, pela qual cada príncipe teria o direito de determinar a religião de seu próprio Estado, as opções sendo o catolicismo, o luteranismo e agora o calvinismo (o princípio do cuius regio, eius religio);
  • Os cristãos que viviam em principados onde sua denominação não era a igreja estabelecida tinham garantido o direito de praticar sua fé em público durante as horas designadas e em particular conforme sua vontade.

O tratado também acabou com o poder político pan-europeu do papado. O Papa Inocêncio X declarou o tratado "nulo, inválido, iníquo, injusto, condenável, réprobo, fútil, vazio de significado e efeito para todos os tempos" em sua bula Zelo Domus Dei. Soberanos europeus, católicos e protestantes, ignoraram seu veredicto.[83]

Contrarreforma

Ver artigo principal: Contrarreforma
Massacre de São Bartolomeu

Uma vez que a Reforma Protestante desconsiderou e combateu diversas doutrinas e dogmas católicos, e provocou as maiores divisões no cristianismo,[84][85] a Igreja Católica Romana convocou o Concílio de Trento (1545-1563),[86] que resultou no início da Contrarreforma ou Reforma Católica,[87] na qual os jesuítas tiveram um papel importante.[88] A Inquisição e a censura exercida pela Igreja Romana foram igualmente determinantes para evitar que as ideias reformadoras encontrassem divulgação em Portugal, Espanha ou Itália, países católicos.[89] As igrejas protestantes por sua vez, ao mesmo tempo em que propagavam a bíblia e suas ideias graças a invenção da máquina tipográfica de Johannes Gutenberg, também tornaram proibidos uma série de livros católicos e outros que contrariavam suas doutrinas.[90] Edward Macnall Burns observou que "do câncer maligno da intolerância", "não escaparam católicos nem protestantes".[91]

O biógrafo de João Calvino, o francês Bernard Cottret, escreveu:

Com o Concílio de Trento (1545-1563)… trata-se da racionalização e reforma da vida do clero. A Reforma Protestante é para ser entendida num sentido mais extenso: ela denomina a exortação ao regresso aos valores cristãos de cada "indivíduo".

Segundo Bernard Cottret, diferente da pregação romana que defende a salvação na igrejaː[92]

A reforma cristã, em toda a sua diversidade, aparece centrada na teologia da salvação. A salvação, no cristianismo, é forçosamente algo de individual, diz mais respeito ao indivíduo do que à comunidade.[93]

Seguiram-se uma série de importantes acontecimentos e conflitos entre as duas religiões, como o Massacre da noite de São Bartolomeu, ocorrido como parte das Guerras Francesas, organizada pela casa real francesa contra os calvinistas franceses (huguenotes), em 24 de agosto de 1572 e duraram vários meses, inicialmente em Paris e depois em outras cidades francesas. Números precisos para as vítimas nunca foram compilados,[94] e até mesmo nos escritos dos historiadores modernos há uma escala considerável de diferença,[95] que têm variado de 2 mil vítimas, até a afirmação de 70 mil, pelo contemporâneo e apologista huguenote duque de Sully, que escapou por pouco da morte.[96][97]

Nos países protestantes por sua vez, foi feita a expulsão e o massacre de sacerdotes católicos,[98] bem como a matança em massa de aproximadamente 30 000 anabatistas, desde o seu surgimento em 1535, até os dez anos seguintes. Na Inglaterra, por sua vez, católicos foram executados em massa, tribunais religiosos foram instaurados e muitos foram obrigados à assistir cultos protestantes,[99] forçando assim sua conversão ao protestantismo mediante o terror.[99]

Formação de capital humano

  • Taxas mais altas de alfabetização;[100]
  • Menor diferença de gênero nas taxas de escolarização e alfabetização;[101]
  • Maior número de matrículas no ensino fundamental;[102]
  • Maior gasto público com escolaridade e melhor desempenho educacional dos recrutas militares;[103]
  • Maior capacidade em leitura, matemática, redação de ensaios e história.[104]

Ética protestante

Ver artigo principal: Ética protestante do trabalho
  • Mais horas trabalhadas;[105]
  • Atitudes de trabalho divergentes de protestantes e católicos;[106]
  • Menos referendos sobre lazer, intervenção estatal e redistribuição nos cantões suíços com mais protestantes;[107]
  • Menor satisfação com a vida quando desempregado;[108]
  • Atitudes pró-mercado;[109]
  • Diferenças de renda entre protestantes e católicos;[100]

Desenvolvimento econômico

Katharina von Bora desempenhou um papel na formação da ética social durante a Reforma.
  • Diferentes níveis de receita de imposto de renda per capita, % da força de trabalho na indústria e serviços e rendimentos de professores do ensino fundamental;[100]
  • Crescimento das cidades protestantes;[110][111]
  • Maior empreendedorismo entre as minorias religiosas nos estados protestantes;[112][113]
  • Éticas sociais diferentes;[114]
  • Industrialização.[115]

Governança

Resultados negativos

  • Os julgamentos de bruxas tornaram-se mais comuns em regiões ou outras jurisdições onde protestantes e católicos contestavam o mercado religioso;[124]
  • Os protestantes tinham muito mais probabilidade de votar nos nazistas do que seus colegas católicos alemães;[125] Christopher J. Probst, em seu livro Demonizing the Jewish: Luther and the Protestant Church in Nazi Germany (2012), mostra que um grande número de clérigos e teólogos protestantes alemães durante o Terceiro Reich nazista usaram as publicações hostis de Lutero contra os judeus e o judaísmo para justificar, pelo menos em parte, as políticas antissemitas dos nacional-socialistas.[126]
  • Maior taxa de suicídio e maior aceitabilidade de suicídio.[127][128]

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Bibliografia

Ligações externas