Mário Covas
Mário Covas | |
---|---|
Mário Covas Júnior | |
Covas em 1984 | |
30.º Governador de São Paulo ![]() | |
Período | 1 de janeiro de 1995 até 6 de março de 2001 |
Vice-governador | Geraldo Alckmin |
Antecessor(a) | Luiz Antônio Fleury Filho |
Sucessor(a) | Geraldo Alckmin |
Senador por São Paulo ![]() | |
Período | 1 de fevereiro de 1987 até 1 de janeiro de 1995 |
35° Prefeito de São Paulo ![]() | |
Período | 11 de maio de 1983 até 1 de janeiro de 1986 |
Antecessor(a) | Francisco Altino Lima |
Sucessor(a) | Jânio Quadros |
Deputado federal por São Paulo ![]() | |
Período | 1.º - 1962 - 1966 2.º - 1967 - 1969 3.º - 1982 - 1983 |
Vice-presidente da UNE | |
Período | 1955 - 1958 |
Dados pessoais | |
Nascimento | 21 de abril de 1930 Santos, SP |
Morte | 6 de março de 2001 (70 anos) São Paulo, SP |
Nacionalidade | brasileiro(a) |
Cônjuge | Lila Covas (1954-2001) |
Partido | PSDB |
Religião | Católico |
Profissão | Engenheiro |
Mário Covas Júnior (Santos, 21 de abril de 1930 – São Paulo, 6 de março de 2001) foi um engenheiro e político brasileiro. Foi o trigésimo governador do estado de São Paulo, entre 1 de janeiro de 1995 e 22 de janeiro de 2001, quando se afastou do cargo em decorrência de um câncer que o acometeu. Como Mário Covas não renunciou ao seu mandato, ele manteve a sua condição de governador afastado até o seu falecimento, em 6 de março de 2001. Nesse ínterim, Geraldo Alckmin governou o estado na condição de governador interino, sendo inclusive citado pela imprensa como tal.
Infância e juventude
Filho de Mário Covas e Arminda Carneiro Covas, é descendente de galegos e portugueses. Aos 14 anos, já mostrou interesse pela política, quando disse que queria ser técnico de futebol do time municipal e prefeito da cidade de Santos.[1] Cursou o primeiro grau no Colégio Santista e o segundo grau no Colégio Bandeirantes, de São Paulo. Graduou-se em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP), onde foi colega daquele que seria no futuro seu maior adversário político, Paulo Salim Maluf. Foi na USP que iniciou-se a militância política do jovem Covas, que seria eleito em 1955 vice-presidente da União Nacional dos Estudantes.[1]
Formado, Mário Covas trabalhou como engenheiro da prefeitura de Santos até 1962.
Deputado nos Anos de Chumbo
Iniciou sua vida pública em 1961, quando foi candidato derrotado à prefeitura de Santos, a cidade natal. A respeito disso, Covas dizia que só não conseguiu ser eleito em duas coisas: Presidente da República e Prefeito de Santos. No ano seguinte conseguiu eleger-se para seu primeiro cargo, o de deputado federal, pelo PST.[1] Com a dissolução dos partidos políticos em 1965, Covas seria um dos fundadores do MDB, único partido político de oposição existente durante o Regime Militar.
Em 1968, Covas era o líder da bancada oposicionista na Câmara dos Deputados, porém foi cassado em 1969, com a outorga do AI-5. Com a cassação, e a perda dos direitos políticos, Mário Covas dedicou-se à engenharia.
O retorno, prefeito de São Paulo e o mais votado senador na constituinte
Em 1979, reconquistados os direitos políticos, Covas retomou a luta contra a ditadura, tornando-se presidente do MDB. Foi reeleito deputado federal em 1982 pelo PMDB (sucessor do MDB), com um total de 300 mil votos. Com a posse do governador André Franco Montoro em março de 1983, seria nomeado por ele Secretário de Estado dos Transportes. No entanto, apenas dois meses depois, com o apoio do próprio Franco Montoro, venceria o grupo de Orestes Quércia dentro do PMDB e seria nomeado para a prefeitura de São Paulo, que comandaria até o primeiro dia de 1986, quando passou o cargo para Jânio Quadros. Como prefeito de São Paulo, conduziu um amplo processo de asfaltamento de ruas, de melhoramentos na periferia da cidade e de recuperação dos órgãos e serviços públicos.
Em 1986, ano em que foi instituído pelo Presidente José Sarney o Plano Cruzado, considerado pela oposição um "estelionato eleitoral" por favorecer os candidatos da situação, Covas foi eleito senador com 7,7 milhões de votos, a maior votação de um candidato a cargo eletivo na história do Brasil até então, beneficiado também pela reputação conquistada como prefeito. Foi líder da bancada do PMDB no Senado durante a Assembleia que elaborou a Constituição de 1988. Durante os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte, alinhou-se muitas vezes às bancadas de esquerda e fez oposição ao chamado Centrão, bloco supra-partidário liberal de direita.
Em 1987, o governador de Alagoas, Fernando Collor de Mello, propôs a Mário Covas a formação de uma chapa dentro do PMDB para a disputa das eleições presidenciais seguintes, na qual Covas seria o candidato e Collor, o vice. Mário Covas recusou o convite.
Os primeiros anos de PSDB
Em 1988, Covas foi um dos principais líderes da dissidência do PMDB:[1] membros da legenda (incluindo o ex-governador Franco Montoro), insatisfeitos no diálogo político com o presidente José Sarney e com o então governador paulista Orestes Quércia, decidiram fundar um novo partido, o PSDB, do qual Mário Covas foi o primeiro presidente. Como indicado no próprio nome da legenda, o PSDB surgiu com uma plataforma social-democrata, defensora da manutenção do capitalismo de maneira regulada, com respeito aos direitos trabalhistas e promoção de uma justa distribuição de renda. Em relação ao PMDB, o PSDB, quando de sua fundação, pretendia manter-se em uma posição mais à esquerda, autodefinindo-se como um partido de centro-esquerda. Nas eleições presidenciais de 1989, as primeiras desde 1960, Covas foi o candidato do PSDB tendo como vice Almir Gabriel, ficando em quarto lugar. No ano seguinte, foi candidato derrotado a governador de São Paulo, ficando em terceiro lugar.
Como senador, desde o início do mandato do presidente Fernando Collor de Mello (PRN), Mário Covas, que havia apoiado o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, no segundo turno das eleições de 1989, fez oposição à sua administração. A partir de 1991, com dificuldades em aprovar projetos de seu interesse no Congresso Nacional, Collor passou a direcionar esforços na busca da adesão do PSDB ao governo, acordo que passaria pela cessão de cargos dentro de seu ministério. Mário Covas foi uma das principais vozes do partido a condenar qualquer negociação com Collor e, com efeito, seria um dos impositores da recusa do PSDB, recusa proferida não sem conflitos internos em março de 1992. Com o surgimento das denúncias de Pedro Collor em maio, Covas e o PSDB colheriam os dividendos de sua escolha política. O senador inclusive seria um dos principais nomes da Comissão Parlamentar de Inquérito instalada no Congresso para investigar os negócios do presidente e que pediria o seu impeachment no relatório final aprovado em agosto. A Câmara Federal afastaria Collor em 29 de setembro e o presidente entregaria a sua carta-renúncia no início de seu julgamento pelo Senado em 29 de dezembro, a fim de evitar a cassação de seus direitos políticos por oito anos. A renúncia não seria aceita o julgamento prosseguiu, com Mário Covas votando pela cassação, concretizada por ampla maioria.[1]
Em 1994, Covas foi novamente candidato a governador de São Paulo e venceu Francisco Rossi (PDT) no segundo turno com oito milhões de votos, sendo depois reeleito em 1998 para mais quatro anos de governo.
O governo Covas
No início de 1995, Mário Covas assumiu o estado de São Paulo declarando haver herdado inúmeras dívidas das gestões anteriores, apontando obras paralisadas e aparelhamento político de órgãos públicos, o que ocasionaria irregularidades em suas administrações. O Banespa, principal banco estadual do país, estava sob intervenção do Banco Central por má gestão. Intervenção esta que depois de ter sido investigada em uma CPI na Câmara dos Deputados mostrou-se trágica para a instituição, aumentando em muito a dívida do banco com o estado.
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/39/Covas.jpg/220px-Covas.jpg)
Covas demitiu 4.000 empregados do Baneser, supostos fantasmas. Entre os demitidos, encontravam-se guardas escolares (todos) e funcionários do Fundo Social de Solidariedade. Renegociou contratos de serviços, que ficaram paralisados. Limitou os cargos de confiança e iniciou um processo de reforma e modernização administrativa. Privatizou uma série de empresas estatais, como a Eletropaulo, e longos trechos de rodovias estaduais; foi criticado pelo aumento dos números de postos de pedágio. Iniciou a licitação de linhas inter-municipais de ônibus da EMTU - que venciam em 1996. Num acordo de renegociação da dívida do Estado para com o governo federal, cedeu ao mesmo as linhas da Fepasa, posteriormente privatizadas.
No setor de saneamento básico, Covas recuperou as finanças da Sabesp e incentivou a recuperação e despoluição do Rio Tietê, iniciada no governo Fleury. No final da década de 1990, a capacidade de tratamento de esgotos cresceu com a ampliação da capacidade de tratamento da Estação de Tratamento de Esgotos de Barueri e inauguração das Estações de Tratamento de Esgoto Parque Novo Mundo, São Miguel e ABC.
Na área da educação, Covas foi severamente criticado por instituir na rede estadual o modelo de ensino de progressão continuada. Neste modelo, elimina-se a repetência por nível de aproveitamento (notas). Tal modelo é amplamente elogiado por educadores, no entanto é consensual que para aplicá-lo corretamente deve haver um acompanhamento pedagógico muito bem estruturado que nem sempre ocorre na rede pública de ensino. Durante o mandato surgiram vários relatos de jovens prestes a concluir o ensino fundamental que seriam praticamente analfabetos.
Covas também sofreu críticas por recusar aumentos a professores e demais servidores públicos, chegando a entrar em conflito em junho de 2000 com professores na Praça da República, onde foi agredido por servidores grevistas que tentavam impedi-lo de entrar pela porta da frente na sede da Secretaria de Educação.
Afastou-se do governo em janeiro de 2001 para tratar-se de doença, e não mais retornou. Seu vice, Geraldo Alckmin, o substituiu e permaneceu até o fim do mandato, em 2002, quando foi reeleito, ficando assim ao todo 6 anos à frente do governo paulista.
As privatizações
Através do denominado PED (Programa Estadual de Desestatização criado pela Lei Nº 9.361, de 5 de julho de 1996[2]), o governo Mário Covas privatizou as principais empresas e estradas estaduais entre 1995 e 2000, o que garantiu R$ 32,9 bilhões aos cofres do estado. Um dos principais articuladores dos planos de privatização foi o secretário de Energia de Covas, David Zylbersztajn, juntamente com Geraldo Alckmin (então vice-governador), que à época presidiu o PED.
- Banespa - Banco do Estado de São Paulo
- CESP - Companhia Energética de São Paulo
- CPFL - Companhia Paulista de Força e Luz
- Comgás – Companhia de Gás do Estado de São Paulo
- Eletropaulo – Eletricidade de São Paulo
- Elektro – Serviços de Eletricidade
- Fepasa – Ferrovia Paulista
- Empresa Bandeirante de Energia
- Rodovia dos Bandeirantes
- Rodovia dos Imigrantes
- Via Anchieta
- Via Anhanguera
Câncer
Covas sofria de um grave câncer na bexiga. A primeira cirurgia foi realizada em dezembro de 1998, o tumor foi retirado e o Governador, submetido a quimioterapia.
Porém, a doença voltou em outubro de 2000 e, em 22 de janeiro de 2001, Mário Covas afastou-se do governo e teve de ser submetido a uma nova cirurgia, na qual parte de seu intestino teve de ser retirado. Ele viria a falecer pouco depois, no dia 6 de março de 2001. O corpo está sepultado no Cemitério do Paquetá, em Santos.
Referências
- ↑ a b c d e «Mário Covas». UOL - Educação. Consultado em 06 de março de 2013 Verifique data em:
|acessodata=
(ajuda) - ↑ «Lei Estadual nº 9.361, de». Al.sp.gov.br. 5 de julho de 1996
Ver também
Ligações externas
Precedido por Francisco Altino Lima |
Prefeito de São Paulo 1983 — 1986 |
Sucedido por Jânio Quadros |
Precedido por Luiz Antônio Fleury Filho |
Governador de São Paulo 1995 — 2001 |
Sucedido por Geraldo Alckmin |
- Nascidos em 1930
- Mortos em 2001
- Engenheiros de São Paulo
- Governadores de São Paulo
- Senadores de São Paulo
- Candidatos à Presidência da República do Brasil
- Membros do Movimento Democrático Brasileiro
- Membros do Partido do Movimento Democrático Brasileiro
- Membros do Partido da Social Democracia Brasileira
- Opositores da ditadura militar no Brasil (1964–1985)
- Alunos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
- Maçons do Brasil
- Espíritas do Brasil
- Hispano-brasileiros
- Luso-brasileiros
- Naturais de Santos
- Mortes por câncer de bexiga
- Prefeitos de São Paulo (cidade)
- Políticos cassados