Colégio Pedro II

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Colégio Pedro II
CPII
Colégio Pedro II
Informação
Localização Rio de Janeiro, Niterói e Duque de Caxias,  Brasil
Campo de São Cristóvão, 177
Tipo de instituição Público federal
Fundação 2 de dezembro de 1837 (186 anos)
Orçamento anual 347.159.669,02 (2011)[1]
Cursos oferecidos ensino fundamental, ensino médio, técnico em Informática, técnico em meio ambiente e técnico em instrumento musical[2]
Mantenedora União
Afiliações Escola associada à UNESCO
Classificação
no Enem (2010)[3]
(com 100% de participação)
Grupo 1: 75% ou mais de participação.
685.65 pontos
Diretor(a) Prof.º Oscar Halac
Número de estudantes 12 000[4]
Unidades 14
Página oficial
cp2.g12.br

O Colégio Pedro II é uma tradicional instituição de ensino público federal, localizada no estado do Rio de Janeiro, no Brasil. É o terceiro mais antigo dentre os colégios em atividade no país, depois do Ginásio Pernambucano e do Atheneu Norte-Riograndense. É nomeado em homenagem ao imperador do Brasil D. Pedro II.

Fundado na época do período regencial brasileiro, integrava um projeto civilizatório mais amplo do império do Brasil, do qual faziam parte a fundação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e o Arquivo Público do Império, seus contemporâneos. No plano da educação. Alguns autores acreditam que pretendia-se a formação de uma elite nacional. Contudo, pesquisas recentes indicam que a conversão do Seminário de São Joaquim em Collégio de Pedro II foi feito para que servisse de modelo para as províncias, que, após a Reforma da Constituição de 1824, ocorrida em 1834, deveriam sozinhas providenciar a instrução local, e muitas não o fizeram adequadamente, embora o Governo remetesse corretamente a verba orçamentária prevista para este fim. Para os que acreditam que o projeto era para a elite, justificam com objetivo a proposta de formar quadros políticos e intelectuais para os postos da alta administração, principalmente pública.Mas esta visão é precipitada, pois o ensino secundário já era propedêutico do ensino superior, na prática, desde 1827, com a criação dos cursos jurídicos. Além disto, foi a Constituição de 1824 que previu no artigo 179, em seus incisos XXXII e XXXIII que a instrução primária teria um viés diferente do ensino secundário e superior.

Conta com 12 campi na cidade do Rio de Janeiro nos bairros do Centro, São Cristóvão (3 unidades), Humaitá (2 unidades), Tijuca (2 unidades), Engenho Novo (2 unidades) e Realengo (2 unidades). Também possui um campus em Niterói e outro em Duque de Caxias.

História

Colégio Pedro II e Igreja de São Joaquim (1856). O templo foi demolido na reforma de Pereira Passos (1904), para alargar a rua Estreita de São Joaquim e abrir a atual avenida Marechal Floriano.
Colégio Pedro II à avenida Marechal Floriano, na atualidade.

O período Imperial

A instituição foi fundada em decorrência da reorganização do antigo Seminário de São Joaquim, conforme projeto apresentado à regência do Marquês de Olinda (1837–1840) pelo então ministro dos Negócios e da Justiça, Bernardo Pereira de Vasconcellos. Inaugurado em 1837, na data de aniversário do imperador-menino (2 de dezembro), foi denominado Imperial Colégio de Pedro II. O ato foi oficializado por decreto regencial a 20 de dezembro, e as aulas se iniciaram em março do ano seguinte (1838).

As suas instalações sediavam-se na antiga rua Larga (atual avenida Marechal Floriano),[5] no centro histórico da cidade do Rio de Janeiro, cujas salas de aula funcionam até aos nossos dias.

A maioria dos alunos pertencia à elite econômica e política do país, apesar de haver a previsão para estudantes destituídos de recursos. O Colégio deveria:

Imbuído dos valores europeus de civilização e progresso, os alunos do Imperial Colégio saíam com o diploma de Bacharel em Letras,[6] aptos a ingressar nos cursos superiores, em especial nos de Direito.

A partir de 1857, a instituição dividiu-se em internato e externato, sendo a primeira modalidade instalada na Tijuca no ano seguinte (1858), onde permaneceu até 1888, quando as suas dependências foram transferidas para o campo de São Cristóvão (Unidade São Cristóvão).

Período Republicano

Com a Proclamação da República, em 1889, o nome da instituição foi alterado para Instituto Nacional de Instrução Secundária e, logo em seguida, para Ginásio Nacional. Em 1911, reassumiu a sua primitiva designação.

Em 1937, o presidente Getúlio Vargas outorgou a lei nº 574 de 9 de novembro, do mesmo ano, que estabelece no 2º artigo o grau de bacharel em ciências e letras para os alunos que houverem terminado o último ano do ensino médio do Colégio.[7]

Até à década de 1950, era considerado como "Colégio padrão do Brasil", uma vez que o seu programa de ensino era referência de qualidade e modelo dos programas dos colégios da rede privada, que solicitavam ao Ministério da Educação o reconhecimento de seus próprios certificados, justificando a semelhança de seus currículos com os do Colégio.

Devido ao grande número de inscritos para seu concurso de acesso, significando um aumento crescente na sua demanda, a instituição necessitou ampliar o número de vagas para matrículas. Foram inauguradas por esta razão as Seções Norte e Sul (1952) e a Seção Tijuca (1957).

O Colégio na atualidade

Logo comemorativo dos 170 anos do Colégio.

A partir de 1979, as antigas seções passaram a ser denominadas Unidades Escolares (U.E.) tendo, como complemento, o nome do bairro onde estavam instaladas: U.E. Centro (a pioneira), U.E. São Cristóvão (o internato), U.E. Engenho Novo (antiga Seção Norte), U.E. Humaitá (antiga Seção Sul) e U.E. Tijuca (antiga Seção Tijuca), atendendo os atuais ensino fundamental (segundo segmento) e ensino médio.

Em 1984, foi instituído na U.E. São Cristóvão o primeiro segmento do Ensino Fundamental (1º. ao 5º. anos), informalmente chamado de "Pedrinho". Este segmento foi implantado, posteriormente, nas U.E. Humaitá (1985), U.E. Engenho Novo (1986) e U.E. Tijuca (1987). A partir desse processo, as unidades do primeiro segmento passaram a ser formalmente denominadas como Unidade I e as do segundo segmento (de 5a. a 8a. séries), como Unidade II, ou seja, U.E. São Cristóvão I e U.E. São Cristóvão II, atendendo respectivamente o primeiro e o segundo segmento.

A tradição de excelência em educação da instituição foi reconhecida pelo Governo Federal brasileiro, em 1998, quando o Colégio recebeu o Prêmio Qualidade por seu projeto de Qualidade Total na área de educação.

Visando atender a grande demanda pelo ensino médio foi inaugurada, em 1999, uma nova unidade em São Cristóvão (U.E. São Cristóvão III).

Mantendo-se a procura por ensino de qualidade no município, mesmo tratando-se de instituição federal, inaugurou-se a Unidade Escolar Realengo em 6 de abril de 2004, fruto de convênio entre a Instituição e a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, que passou a atender, desse modo, a população da Zona Oeste da cidade. No ano de 2010, foi inaugurada a Unidade I, oferecendo as séries iniciais do ensino fundamental; em 2012, Realengo tornou-se a primeira unidade a abrir turmas de educação infantil.

Em 2006, a Unidade Escolar Descentralizada de Niterói foi aberta e, em 2007, a de Duque de Caxias. Ambas oferecem apenas o ensino médio.

Em 2008, foi instituída a "Olimpíada Interna de Química do Colégio Pedro II", evento que premia os alunos na noite de 1 de dezembro, antecipando a comemoração ao aniversário do Colégio, que ocorre na noite seguinte (2 de dezembro).

O Colégio mantém convênios com instituições públicas e privadas, como o Observatório Nacional, a Petrobras, a Fundação Oswaldo Cruz, o Museu Nacional (UFRJ) e outras, oferecendo estágios e complementação de estudos aos seus alunos. Oferece ainda cursos técnicos, integrados ao ensino médio regular, nas áreas de meio ambiente (unidade São Cristóvão), e de informática (unidades São Cristóvão, Engenho Novo e Tijuca). A partir de 2012, oferecerá o curso de música (unidade Realengo).

Sendo assim, de acordo com esta lei, o Colégio equiparou-se aos IFEs (Institutos Federais) nas questões administrativas, e consequentemente as antigas Unidades Escolares passaram a ser chamadas de Campus e a direção-geral passou a ser chamada reitoria [8].

O Colégio passou também a oferecer mestrado em educação em virtude desta lei.

Princípios

Bernardo Pereira de Vasconcellos.

Os princípios norteadores da fundação do Colégio foram expressos em um trecho da aula inaugural, proferida por Bernardo Pereira de Vasconcellos, em 25 de março de 1838:

Hino

"Em solenidade comemorativa do centenário do Colégio foi executado e cantado, pela primeira vez, o Hino dos Alunos do Colégio Pedro II, sob a regência da professora Maria Eliza de Freitas Lima, com música do maestro Antônio Francisco Braga e letra do bacharel do externato Hamilton Elia.

Inspirado na retumbância das peças marciais e na letra de exaltação do passado e certeza do futuro, seus versos acompanham a intensidade da harmonia e são recheados de símbolos do positivismo, expressando, como forma de reconhecimento escolar, o compromisso das novas gerações com as gerações anteriores, de homens que colocaram o nome do Colégio nas altas esferas políticas e culturais do país" (…)[9]

Tabuada

Além do tradicional hino, o Colégio possui também um grito conhecido por Tabuada. Normalmente após a execução do hino um aluno "puxa" o grito sendo então acompanhado pelos demais:

- Ao Pedro Segundo, tudo ou nada?
- TUDO!
- Então como é que é?
- TABUADA!
- Três vezes nove, vinte e sete. Três vezes sete, vinte e um. Menos doze ficam nove. Menos oito fica um!
- ZUM! ZUM! ZUM!
- PARARATIBUM!
- Pedro Segundo!

Professores ilustres

O Colégio Pedro II contou, ao longo de sua história, com professores renomados na História do Brasil, como:[10]

Alunos ilustres

Uniformes dos alunos em 1855.

Do mesmo modo, o Colégio formou dezenas de alunos ilustres, como:[10]

Enem

Esses foram os resultados das unidades participantes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2010:[14]

Unidade Participação Média
Humaitá II 94,3% 692.86
Niteroi 97,2% 683.42
São Cristóvão III 91,8% 682,67
Realengo II 69,1% 674,87
Duque de Caxias 98,6% 673,29
Tijuca II 76,5% 669,23
Engenho Novo II 81,3% 651,15
Média Geral 86,9% 685,65

Curiosidades

  • Em seus primórdios, a instituição garantia o privilégio do acesso de seus alunos aos cursos de nível superior, sem que necessitassem se submeter a qualquer exame de admissão.
  • Durante noventa anos o Colégio não permitiu o ingresso de estudantes do sexo feminino. A primeira estudante a concluir o curso secundário foi Yvone Monteiro da Silva, em 1927.
  • Certa vez, o Imperador Pedro II declarou em uma carta a José Bonifácio: "Eu só governo duas coisas no Brasil: a minha casa e o Colégio Pedro II".
  • O prédio histórico do Campus Centro encontra-se tombado pelo Iphan.
  • Nele se destaca a cúpula do Torreão, erguida pelo arquiteto Francisco Joaquim Béthencourt da Silva, discípulo de Grandjean de Montigny;
  • O Campus São Cristóvão conta com um Horto Botânico, um Teatro (Teatro Mário Lago) e uma piscina olímpica.
  • O Instituto de Educação do Rio de Janeiro, fundado em 5 de Abril de 1880 com o nome de Escola Normal do Município da Corte, funcionou em salas nas dependências do Imperial Colégio de Pedro II até 1888, quando se transferiu para a Escola Central, no Largo de São Francisco. De lá, transferiu-se para as dependências da Escola Técnica Rivadávia Correia e para as da Escola Estácio de Sá (1930), até se estabelecer, pouco depois, definitivamente, nas suas atuais dependências na Rua Mariz e Barros.
  • O Campus Realengo localiza-se em um terreno onde funcionava uma fábrica de cartuchos pertencente ao Exército brasileiro, que explodiu há vários anos; além disso, a rua onde está instalada possui, coincidentemente, o nome do fundador do colégio: Bernardo de Vasconcelos. Além disso, tem a melhor estrutura dos campi do Colégio, contando com um grandioso Complexo Esportivo (com quadras, campo de futebol, pista de atletismo, salas para prática de artes marciais e dança e uma piscina semiolímpica), um moderno teatro, com equipamentos de ponta, 2 grandes auditórios, laboratórios, uma horta e um Conservatório de Música, onde são ministrados o curso de instrumentação musical integrado com o ensino médio.
  • O Campus Niterói funciona nas dependências de um antigo CIEP.
  • O Campus Duque de Caxias estava funcionando em um prédio alugado no centro de Duque de Caxias, porém atualmente a sede definitiva está funcionando no bairro Centenário.
  • Tendo em vista a sua importância nas lutas pela redemocratização no país, o Colégio Pedro II tornou-se a única instituição de ensino explicitamente citada e protegida na Constituição brasileira de 1988, em seu art. 242, parágrafo 2o, não podendo deixar de ser uma Autarquia Federal.

Referências

  1. Gastos diretos do Governo Federal com o Colégio Dom Pedro II em 2011
  2. Sítio oficial do CPII. «Dúvidas frequentes». Consultado em 9 de março de 2010 
  3. «Notas Médias do ENEM 2010 dos alunos concluintes do Ensino Médio Regular por Escola». Inep. 12 de setembro de 2011 
  4. Colégio Pedro II - Projeto Político Pedagógico, Inep/MEC, 400p. 2002
  5. VILAÇA, Fabiano. "Deus no céu, Pedro na Terra". in Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 3, nº 33, junho de 2008, p. 90-91.
  6. Conforme decreto de 1843, o Colégio era o único a conferir este título a seus formandos, o que lhes garantia o privilégio do acesso direto aos cursos superiores sem a prestação dos exames das matérias preparatórias. (in: História CPII Centro Consultado em 27 Nov. 2008.
  7. «Lei nº 574». Diário Oficial da União. Governo Federal. 9 de novembro de 1937. Consultado em 28 de abril de de 2015  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  8. Lei nº 12.677/2012 - Inclui o Colégio Pedro II na Rede
  9. ANDRADE, Vera Lúcia Cabana de Queiroz (1999). Colégio Pedro II: Um Lugar de Memória. Tese (Doutorado) em História. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro. 157 páginas. ISBN 
  10. a b Para uma lista parcial ver. «História CPII Centro». Consultado em 6 Dez. 2008 
  11. Avô do ator Cecil Thiré
  12. Fernanda Montenegro in: [1] (consultado em 5 Set. 2009)
  13. «Biografia publicada em Zero Hora de 25 de maio de 2006, p. 59» 🔗 
  14. INEP (11 de novembro de 2009). «Notas Médias do Enem por Município e por Escolas dos Alunos Concluintes do Ensino Médio em 2008». Consultado em 9 de março de 2010 

Bibliografia

  • SEGISMUNDO, Fernando. Colégio Pedro II: Tradição e Modernidade. Rio de Janeiro: Unigraf, 1972. 159p.
  • ANDRADE, Vera Lúcia Cabana de Queiroz. Colégio Pedro II: Um Lugar de Memória. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tese (Doutorado) em História. Rio de Janeiro, 1999. 157p. P. 107 e 108

Ligações externas

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Colégio Pedro II