Educação na Bahia
Secretaria da Educação do Estado da Bahia | |
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Detalhes gerais | |
Língua oficial | Português |
Estrutura |
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A educação na Bahia, assim como no resto do Brasil, no sentido formal e escolar, começou com os jesuítas. Por muito tempo ficaram como responsáveis únicos ministrando um ensino totalmente influenciado pela cultura e religião europeia (cristianismo), mas mais tarde com a reforma Góes Calmon, a educação ganhou a cara da sociedade baiana.
História
[editar | editar código-fonte]Período jesuítico
[editar | editar código-fonte]Como aconteceu em todo o Brasil Colônia, a educação começou com os jesuítas, os quais foram de grande importância no processo de colonização, pois fazia parte de seus ensinamentos convencer e converter os indígenas e negros à cultura e religião européia portuguesa.[1]
Os jesuítas chegaram à Bahia com Tomé de Sousa e por cerca de dois séculos foram os únicos responsáveis pelo ensino. Partindo de Salvador pra o resto do estado e do país, se dedicaram à catequese e ao magistério, construindo escolas, nas quais se catequizavam também colonos e filhos de senhores de engenho.[1]
Além da alfabetização (ler e escrever), existiam os cursos de Letras, de Filosofia e Ciências e Teologia e Ciências Sagradas. Para fazer outros cursos, era preciso ir para a Europa, mas poucos podiam. Em toda a Bahia, havia sete classes de instrução, em que na primeira se ensinava gramática portuguesa; na segunda língua latina, sintaxe e sílaba na terceira; na quarta retórica; na quinta matemática; filosofia na sexta; e na sétima teologia moral. Além disso, filosofia era ensinada nos conventos como o do Carmo e o de São Francisco.[1]
O ensino jesuíta era apenas o conhecimento geral e básico valorizado pelos europeus, não possuía ligação nenhuma à colônia e sua sociedade agrária e comercial. Esse ensino passou a ser ministrados apenas aos filhos da elite, excluindo o povo da educação.[1]
Mais tarde, apesar de serem expulsos, continuaram por certo tempo a manter escolas pela colônia, mas o Marquês de Pombal as eliminou, pois as considerava opositoras a Portugal.[1]
Sob o comando da Coroa
[editar | editar código-fonte]A partir da expulsão dos jesuítas, a Coroa passou a ser o promotor responsável pela educação, e instituiu as chamadas aulas régias de Latim, Grego e Retórica, voltadas aos seus interesses, mas que tinham qualidade inferior a da jesuítica, fato que atrasou a Bahia e todo o Brasil. As intervenções do poder público da província baiana sobre a educação datam do século XIX, significando um longo tempo de desordem e falhas na educação dos baianos.[1]
As Assembleias Legislativas Provinciais começaram a legislar sobre as questões do ensino elementar e médio somente com o Ato Adicional de 1834, que emendou a Constituição de 1824. Foi quando as aulas de régias, na Bahia, foram substituídas, em 1837, pelo Liceu Provincial, ensinando as disciplinas Filosofia Racional e Moral; Aritmética; Geometria e Trigonometria; Geografia e História; Comércio; Gramática Filosófica da Língua Portuguesa; Eloquência e Poesia; Análise e Crítica dos Clássicos; Desenho; Música; Gramática Latina; Gramática Grega; Gramática Francesa, Gramática Inglesa, Grego, Gramática Filosófica, Belas Letras, Filosofia, Retórica, Geografia.[1]
Em 1842, a Escola Normal da Bahia começou a funcionar, formando professores do ensino elementar. Havia um turno para os meninos, os quais aprendiam instrução moral e religiosa, as artes de ler, escrever e contar bem como os elementos de pesos e medidas nacionais, e outro para as meninas, que em seus eram adicionados os cursos de costura, bordado e outros conhecimentos que auxiliasse a economia doméstica.[1]
Em 1842 foi criado na Bahia o Conselho de Instrução Pública que tinha as mais diversas atribuições em relação à educação em todo o estado, nesse conselho foi criado o cargo de Diretor-geral dos Estudos, no qual se destacou Casemiro de Sena Madureira, que, entre outras coisas, idealizou o Jardim da Infância como uma cadeira para meninos de 4 a 8 anos regida sempre por uma professora que possuísse candura e amor suficientes para o trabalho.[1]
Conhecida como Reforma Paranaguá, a reforma de 1881 criou duas escolas normais em Salvador, em regime de externato: a Escola Normal de Homens e a Escola Normal de Senhoras. A reforma criou um currículo do ensino elementar no qual entrava, pela primeira vez, elementos de ciências naturais, permitiu o sistema de ensino particular e instituiu o Conselho Superior.[1]
Dessa reforma até as proximidades da República, houve constantes ações relacionadas às melhorias das instituições e fundação de bibliotecas, museus pedagógicos, livrarias e periódicos nas escolas normais.[1]
Período republicano
[editar | editar código-fonte]Com a Proclamação da República em 1889, as instituições oficiais de educação foram alteradas e as leis que regiam o ensino na antiga Província foram reformadas pelo Governo Provisório no Estado da Bahia.[1]
Em 1890, com o regulamento elaborado pelo baiano Satyro Dias, o Conselho Superior de Ensino foi organizado e as escolas normais foram substituídas pelo Instituto Normal da Bahia. No início do século XX, nos municípios de Barra e Caetité, duraram até 1903 duas escolas normais de mesma linha organizacional e o Instituto Normal passou a ser chamado de Escola Normal.[1]
Algumas importantes instituições de ensino foram inauguradas ainda no século XIX como a Faculdade de Direito da Bahia em 1891, o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia em 1894, a Escola Politécnica e o Conservatório de Música em 1897.[1]
A partir de 1918, o ensino público foi dividido em Ensino Primário, ministrado em escolas isoladas ou em grupos escolares, e Ensino Secundário, ministrado no Ginásio da Bahia.[1]
Influências de Anísio Teixeira
[editar | editar código-fonte]A reforma de 1925, conhecida como Reforma Góes Calmon e influenciada pelas ideias de Anísio Teixeira, orientou grandes mudanças na organização da educação estadual. A lei n.º 1 846 de 14 de agosto de 1925 dispunha com detalhes sobre os princípios da gratuidade e obrigatoriedade do ensino e deixava claro que o ensino na Bahia:
tem por objetivo a educação física, intelectual e moral do indivíduo de modo a formar homens aptos para a vida em sociedade e cidadãos úteis à comunhão nacional.— [1]
Abrangendo o ensino geral, a reforma previu o ensino infantil, primário elementar e superior, o complementar, normal, o secundário, o profissional e o especial, organizando a sucessão escolar até a formação completa do indivíduo.[1]
No curso normal houve grande mudança no currículo, que destinava três anos de preparo científico e um de preparo profissional para o magistério, o curso formava um professor completo e proporcionava a educação integral dos alunos.[1]
A reforma de Anísio Teixeira inovou também a administração e a fiscalização das instituições criando a Diretoria Geral da Instrução e reformando o Conselho Superior de Ensino. Criando cargos na fiscalização, melhorou a qualidade da educação, pois formou professores qualificados, fato que não ocorria desde a expulsão dos jesuítas.[1]
Os cursos de artes e ofícios foram criados e receberam a mesma importância da educação integral, física e moral do indivíduo, o que não acontecia anteriormente, ou seja, a educação na Bahia passou a ter características próprias, uma educação fundamentada nas necessidades da sociedade baiana e formadora de indivíduos engajados às cobranças de um estado em desenvolvimento comercial e industrial.[1]
A lei 1 846/25 estabeleceu também uma Escola de Belas Artes oficial e cursos para crianças ditas anormais, indicando a inédita preocupação do Estado com a educação de todas as classes da sociedade baiana. As ideias de Anísio Teixeira, consolidadas na reforma de 1925 marcaram profundamente a história da educação baiana e moldaram o sistema de ensino e suas instituições.[1]
Em 1998 foi apresentado à sociedade os Parâmetros Curriculares Nacionais que segundo o então ministro da Educação e ministro do Desporto:
tem intenção de ampliar e aprofundar um debate educacional que envolva escolas, pais, governos e sociedade e dê origem a uma transformação positiva no sistema educativo brasileiro… foram elaborados procurando, de um lado, respeitar diversidades regionais, culturais e políticas existentes no país e, de outro, considerar a necessidade de construir referencias nacionais comuns ao processo educativo em todas as regiões brasileiras. Com isso, pretende-se criar condições, nas escolas, que permitam aos nossos jovens ter acesso ao conjunto de conhecimento socialmente elaborado e reconhecido como necessários ao exercício da cidadania.— [1]
Modalidades e níveis de ensino
[editar | editar código-fonte]Ensino básico público
[editar | editar código-fonte]A escola pública na Bahia é basicamente estadual e municipal, sendo que o município tem uma preocupação maior com a ensino fundamental (primeiro ao quinto ano) e o governo estadual com a educação fundamental também, mas só do sexto ao nono ano, além do ensino médio. O governo federal tem pouca participação na formação direta da população, porém muitos recursos utilizados por estas instituições escolares são provenientes dos fundos federais.
Ensino superior público
[editar | editar código-fonte]São oito universidades públicas baianas, sendo quatro estaduais — a saber: Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) — e quatro federais — a saber: Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB). Além dessas, o estado conta ainda com a Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) sediada em Petrolina, Pernambuco, que possui câmpus em Juazeiro e em Senhor do Bonfim, e com a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) sediada em Redenção, Ceará, que possui câmpus em São Francisco do Conde.
Há propostas e projetos de criação de novas universidades públicas baianas. Há a proposta de criação de uma quinta universidade estadual baiana, a Universidade Estadual do Rio de Contas (UNERC), a partir do campus da UESB em Jequié.[2][3][4] E de outras três universidades federais, a Universidade Federal da Chapada Diamantina (UFCD), a Universidade Federal do Litoral Norte (UFLN), e a Universidade Federal do Nordeste da Bahia (UFNB).[5][6]
Ainda na rede pública, há outras duas instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica: o Instituto Federal da Bahia (IFBA), com doze campi e quatro núcleos avançados, e o Instituto Federal Baiano (IF Baiano), com dez campi. Foi anunciado em 2011 novas unidades do IFBA em Brumado, Euclides da Cunha, Juazeiro, Lauro de Freitas e Santo Antônio de Jesus; e do IF Baiano em Alagoinhas, Itaberaba, Serrinha e Xique-Xique.[7]
Ensino superior privado
[editar | editar código-fonte]São duas universidade baianas privadas, a saber: Universidade Católica de Salvador (UCSal) e Universidade Salvador (UNIFACS). Elas possuem vinculações a redes internacionais, tal como UNIFACS compõe a rede Laureate International Universities.[8]
Para além das universidades, há também outras várias instituições de ensino superior (IES). Entre os centros universitários, existem na Bahia a Centro Universitário Jorge Amado (UNIJORGE, UJ) e a Estácio FIB, a qual é hoje uma unidade da carioca Universidade Estácio de Sá.[9]
Entre as faculdades privadas, vale destacar a Faculdade Baiana de Ciências (FABAC) e o câmpus soteropolitano da Faculdade Maurício de Nassau (FMN), ambas pertencentes ao Grupo Ser Educacional;[10] a Faculdade Baiana de Direito; a Centro Universitário UniRuy e a ÁREA1, integrantes do YDUQS (segundo maior grupo educacional do Brasil);[11] a Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC), com campus em Salvador, Feira de Santana, Itabuna, Jequié e Vitória da Conquista[12] e a Faculdade da Cidade, ambas mantidas pelo Instituto Mantenedor de Ensino Superior da Bahia S/C Ltda (IMES), representada pela Rede FTC;[13][14] as faculdades em Lauro de Freitas da União Metropolitana de Educação e Cultura (UNIME), que absorveu a Faculdade Delta (FacDelta), de Salvador, e a Faculdade do Sul (FacSul), de Itabuna,[15] e pertence ao grupo Kroton Educacional;[16][17] entre outras.
Indicadores e dados
[editar | editar código-fonte]Em 1999 a Bahia contava com 41 798 instituições de ensino público (federais, estaduais e municipais), sem contar os particulares, sendo 13 526 destinados à educação infantil e classes de alfabetização, 27 173 ao ensino fundamental e 1 102 ao ensino médio. Havia mais de 4 593 225 alunos matriculados nessas instituições dentre os quais 385 944 na educação infantil e classes de alfabetização, 3 702 727 no ensino fundamental e 504 554 no ensino médio. O estado contava e ainda conta com quatro universidades estaduais que abrigavam, em 1999, mais de 16 mil estudantes universitários, a UNEB, a UEFS, a UESC e a UESB, e hoje já são 50 887 alunos matriculados em 375 cursos de graduação e 144 cursos de pós-graduação. Em 1999 foram matriculados 9 717 alunos nos cursos de suplência em todo o estado, curso destinado à aceleração dos estudos que não se enquadram nos padrões do ensino regular, a exemplo da idade avançada.[1]
Sobretudo por causa das péssimas condições financeiras em que vivem a maioria dos alunos de escola pública, os índices de reprovação e abandono da escola são muito grandes. Um dos motivos do abandono é para ir trabalhar para ajudar na renda da família.[1]
Com 97% das crianças de sete a catorze anos na escola, a Bahia já alcançou a universalização do acesso ao ensino fundamental.
Segundo a edição de julho de 2008 do Ranking Web of World Universities, somente sete instituições de ensino superior baianas estão presentes entre as 119 melhores brasileiras que fazem parte das 5 000 melhores do mundo. Reputa-se como a melhor universidade do estado da Bahia a Universidade Federal da Bahia, que é também a melhor de todo o norte e nordeste brasileiro, ocupando o 692.º lugar entre as melhores universidades do mundo, o 17.º entre as latino-americanas e o 11.º entre brasileiras. Após a UFBA, figura a UNIFACS que está na 3 560.ª posição no mundo e 76.ª no Brasil, seguida da UEFS (3 733.º no mundo e 82.º no Brasil), da UNEB (4 037.º no mundo e 92.º no Brasil), FIB (4 060.º no mundo e 93.º no Brasil), da UESC (4 835.º no mundo e 116.º no Brasil) e da UESB (4 872.º no mundo e 118.º no Brasil).[18] Já num estudo da Folha de S.Paulo, em 2012, a Universidade Federal da Bahia aparece com a segunda melhor pontuação entre as universidades públicas do norte e nordeste.[19]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x Visite a Bahia. História da Bahia - A Educação. Acesso em 25 de setembro de 2007.
- ↑ Sindicato dos Bancários de Jequié e Região. «EM DEBATE, A CRIAÇÃO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO DAS CONTAS – UNERC». Consultado em 23 de agosto de 2010. Cópia arquivada em 3 de abril de 2015
- ↑ Prefeitura de Jequié (26 de novembro de 2009). «Criação da Universidade Rio das Contas mobiliza a região de Jequié». Consultado em 23 de agosto de 2010
- ↑ NOVAES, Wilson (18 de outubro de 2009). «Deputado fez defesa da universidade de Jequié no plenário da Assembleia». Consultado em 23 de agosto de 2010 [ligação inativa]
- ↑ Bahia 247 (19 de Março de 2014). «Alagoinhas e Itaberaba terão universidade federal». Brasil 247. Consultado em 18 de Março de 2015. Cópia arquivada em 2 de abril de 2015
- ↑ «Projeto escolhe Santaluz e Serrinha para sediar Universidade Federal do Nordeste da Bahia». Bahia Notícias. 23 de Janeiro de 2015. Consultado em 18 de Março de 2015
- ↑ Agecom (16 de agosto de 2011). «Bahia tem mais duas universidades federais». Consultado em 19 de agosto de 2011
- ↑ Universidade Salvador - UNIFACS. «Rede Laureate - Educação Internacional». Consultado em 18 de janeiro de 2011. Arquivado do original em 21 de novembro de 2010
- ↑ Estácio. «Centro Universitário Estácio da Bahia». Consultado em 18 de janeiro de 2011. Arquivado do original em 3 de dezembro de 2010
- ↑ Grupo Ser Educacional. «Instituições - Ensino Superior». Consultado em 18 de janeiro de 2011
- ↑ «YDUQS, que controla Estácio, compra dona da ibmec por 1,9 bilhão». Consultado em 13 de Julho de 2020
- ↑ Portal Rede FTC. «Missão». Consultado em 18 de janeiro de 2011. Arquivado do original em 15 de julho de 2012
- ↑ Fundação FTC. «Rede IMES - Processo Seletivo». Consultado em 18 de janeiro de 2011 [ligação inativa]
- ↑ Faculdade da Cidade do Salvador. «Módulo de pós-graduação terá o Planejamento Institucional como tema». Consultado em 18 de janeiro de 2011 [ligação inativa]
- ↑ UNIME, 28 de agosto de 2008. «Inauguração da UNIME Paralela». Consultado em 18 de janeiro de 2011[ligação inativa]
- ↑ Unime. Unidade Itabuna Arquivado em 5 de abril de 2015, no Wayback Machine.
- ↑ Unime. Unidade Salvador Arquivado em 2 de abril de 2015, no Wayback Machine.
- ↑ Ranking Web of World Universities. 50 melhores instituições de ensino superior do Brasil Arquivado em 4 de outubro de 2009, no Wayback Machine., 50–100.ª Arquivado em 21 de abril de 2012, no Wayback Machine., 100–119.ª Arquivado em 20 de novembro de 2011, no Wayback Machine. e 100 melhores da América latina Arquivado em 19 de junho de 2012, no Wayback Machine.. Páginas visitadas em 27 de novembro de 2008.
- ↑ «O ranking geral de universidades». Consultado em 29 de abril de 2013