Vitor Carlos Ramos

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Vitor Carlos Ramos
Vitor Carlos Ramos
Nascimento 18 de janeiro de 1944
Santos, Brasil
Morte 13 de julho de 1974 (30 anos)
Medianeira, Brasil
Nacionalidade Brasil brasileiro
Ocupação escultor e guerrilheiro

Vitor Carlos Ramos (Santos, 18 de janeiro de 1944Medianeira, 13 de julho de 1974)[1]. Foi um escultor, professor e militante brasileiro desaparecido durante o período da ditadura militar brasileira de 1964. Segundo documentos encontrados nos arquivos do DOPS/RJ , Vitor era membro da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), VAR-Palmares e Rede.

Esse é um dos casos investigados pela Comissão da Verdade, colegiado instituído pelo governo brasileiro responsável por apurar mortes e desaparecimentos no país entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988 e com foco na ditadura militar brasileira (1964-1985).[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Vitor Carlos Ramos nasceu no dia 18 de janeiro de 1944 na cidade de Santos, São Paulo, filho de Santina Silva Ramos e Felicindo Ramos. Vitor iniciou sua participação política no ano de 1964, participando de movimentos de extrema esquerda. Em dezembro de 1967, foi preso sobre a acusação de estar filiado à Organização Revolucionária Marxista Política (a Polop), tendo sua prisão decretada apenas em agosto de 1971, em São Paulo. [2]

Em 1969, entrou ilegalmente no Uruguai, mudando-se logo em seguida para o Chile, onde ficou até setembro de 1973, mesmo ano e mês da queda de Salvador Allende. Ramos, então, seguiu para a Argentina com outros refugiados brasileiros. Lá, lecionou artes plásticas e também tratou de distúrbios psicológicos que sofria. [3]

No país, conheceu Suzana Machado, de 21 anos, membro da Juventude Peronista, e casaram-se em 20 de fevereiro de 1974. Meses após o casamento, porém, Suzana morreu grávida, vítima de um suspeito acidente de carro. [4]Dois meses depois, Vitor teria se aliado à Onofre Pinto. Por conta disso, seu irmão Paulo teria conseguido obter notícias sobre Vitor da viúva de Onofre Pinto, Idalina, que teria visto o rapaz em algumas fotos do marido. [5]

Segundo documentos encontrados nos arquivos do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS/RJ), Ramos era militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), grupo de luta armada brasileira de extrema-esquerda. Foi indiciado e, de acordo com arquivos, deu-se como foragido. Foi procurado por órgãos de segurança entre 1969 e 1972. [1]

Militância e morte[editar | editar código-fonte]

Ramos iniciou sua luta em movimentos esquerdistas em 1964, ano do golpe militar brasileiro. Meses após a morte da esposa, juntou-se ao chamado "grupo de Onofre", comandado por Onofre Pinto, então líder do VPR, juntamente com Daniel José de Carvalho, Enrique Ernesto Ruggia, Joel José de Carvalho e José Lavecchia.[4] O grupo tentava retornar irregularmente para o Brasil, com o objetivo de novamente combater a ditadura então estabelecida.

Em 11 de julho de 1974, Vitor e seus colegas de militância conseguiram entrar no país, tendo penetrado no território nacional pela região de Foz do Iguaçu. Onofre, Levecchia, e os irmãos Joel e Daniel haviam sido banidos do país entre 1969 e 1971. Todos os membros do grupo de Onofre, incluindo Vitor Carlos Ramos, foram executados em um local próximo ao município da Medianeira, no Paraná, no interior do Parque Nacional do Iguaçu. [5]

Apenas no dia 27 de março de 1996, seu irmão, Paulo Roberto Ramos, fez um requerimento pedindo a indenização e os restos mortais de acordo com seu direito garantido pela Lei 9140/1995[6], que reconhece os mortos e desaparecidos em decorrência de atividade política durante o período da ditadura.

A emboscada[editar | editar código-fonte]

Suas mortes foram fruto de uma emboscada do ex-sargento Alberi Vieira dos Santos, que, disfarçado de militante da esquerda (uma estratégia comum da polícia militar à época), explicou aos militantes que um novo foco guerrilheiro estava se formando num sítio do Paraná, convencendo-os, desta forma, a voltar para o Brasil. O grupo viajou até chegar à cidade de Medianeira, onde a armadilha havia sido feita. Seus corpos foram enterrados na região do Iguaçu, local onde hoje existe uma represa. [4]

A respeito da estratégia de negociação com o grupo de Onofre, Aloísio Palmar explica:

Documentos[editar | editar código-fonte]

Era sabido que, em 1974, um grupo de militantes havia sido morto assim que chegou ao Brasil, na região do Paraná. Com a Lei nº9.140/95, estão anexados os nomes de cinco desaparecidos políticos do grupo, excetuando-se o de Vitor Carlos Ramos: seu caso só ficou conhecido depois da lei, sendo, portanto, analisado pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP).[3]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «VITOR CARLOS RAMOS - Comissão da Verdade». comissaodaverdade.al.sp.gov.br. Consultado em 19 de outubro de 2019 
  2. a b «VITOR CARLOS RAMOS - Comissão da Verdade». comissaodaverdade.al.sp.gov.br. Consultado em 14 de outubro de 2019 
  3. a b Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República. Direito à Memória e à verdade: Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Arquivado em 14 de agosto de 2011, no Wayback Machine. 2007, 1 ed. Página 386]
  4. a b c d PALMAR, Aloísio. Onde foi que vocês enterraram nossos mortos?. Travessa dos Editores, 4 ed. Disponível em: Onde foi que vocês enterraram nossos mortos?
  5. a b «VITOR CARLOS RAMOS - Comissão da Verdade». comissaodaverdade.al.sp.gov.br. Consultado em 14 de outubro de 2019 
  6. «Lei 9140/1995». www2.camara.leg.br. Consultado em 19 de outubro de 2019