Sônia Lafoz

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Sônia Lafoz
Nascimento 1946
Argélia
Nacionalidade Brasil brasileira
Ocupação guerrilheira, socióloga

Sônia Eliane Lafoz (codinome: Mariana; Argélia, 1946) é uma socióloga e ex-guerrilheira brasileira, integrante das organizações de extrema-esquerda VAR-Palmares e MR8, que participou da luta armada contra a ditadura militar brasileira (1964-1985). Atuante em assaltos e sequestros de diplomatas, foi a única das mais importantes guerrilheiras dos grupos táticos de ação armada que jamais foi presa, auto-exilando-se fora do país, ao qual retornou após a entrada em vigor da Lei da Anistia, em 1979.

Nascida na Argélia de pai espanhol e mãe francesa,[1] chegou a São Paulo ainda criança, vivendo praticamente toda a vida no Brasil. Era estudante de sociologia na USP e participante de movimentos estudantis quando entrou para a clandestinidade e a luta armada.[2] Considerada boa atiradora e alguém que "não tinha medo",[2] Lafoz integrou os grupos de ação armada da VAR-Palmares que fez vários assaltos a bancos, supermercados e carros-forte. Os fatos mais notórios que contaram com sua participação foram o roubo do "cofre do Adhemar", em Santa Teresa, Rio de Janeiro, em julho 1969, onde atuou na segurança externa do assalto de fuzil FAL 7,62 na mão – um dos roubados por Lamarca quando desertou do Exército – e granadas ao alcance dentro de carro de cobertura e vigilância,[3] e o sequestro do embaixador alemão Ehrenfried von Holleben, em 1970, quando foi ferida três vezes, na perna, na virilha e na cabeça,[2] mas mesmo assim escapou.

Sempre armada com uma pistola .44,[2] e muito ligada a Carlos Lamarca na guerrilha, Lafoz fez a segurança do capitão durante a operação plástica a que ele se submeteu na tentativa de escapar do reconhecimento, já que tinha suas fotografias espalhadas por todo o país. Ela treinou Lamarca para parecer um cabeleireiro homossexual durante a consulta e os procedimentos cirúrgicos, mesmo enfrentando toda a indignação de Lamarca com a situação, que se passou por irmão gay de Lafoz, para dissipar desconfianças, à época, de um homem heterossexual querer fazer cirurgia plástica no rosto.[4]

Grávida de sete meses e caçada em todo país pelos órgãos de segurança, ela conseguiu deixar o Brasil em abril de 1971, rumando para o Chile,[3] de onde seguiu para a França. Com nacionalidade francesa, Sônia elegeu-se vereadora pelo Partido Socialista daquele país pela cidade de Saint-Denis, situada ao norte de Paris, nos anos 70.[5]:200 Vivendo no exílio com Murilo Pezzuti, retornou ao Brasil por conta da anistia.[6]:200

Hoje vive em Curitiba, aposentada, com o marido e duas filhas.[2]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Fernandes, José Carlos (27 de junho de 2013). «I love guerrilheira Sonia». Gazeta do Povo. Consultado em 28 de maio de 2022 
  2. a b c d e «A moça dos milhões de dólares». Revista TPM. Consultado em 25 de maio de 2013. Arquivado do original em 13 de junho de 2008 
  3. a b «A verdadeira história do cofre do Dr. Rui». IstoÉ. Consultado em 25 de maio de 2013 
  4. «O dia que Lamarca virou cabeleireiro e gay». Jornal Opção. Consultado em 25 de maio de 2013. Arquivado do original em 13 de abril de 2013 
  5. Rabelo, José Maria e Thereza. Geração Editorial, ed. Diáspora: os longos caminhos do exílio 2001 ed. [S.l.: s.n.] ISBN 8575090194 
  6. Paiva, Maurício. Mauad Editora Ltda, ed. Companheira Carmela: a história da luta de Carmela Pezzuti e seus dois filhos na resistência ao regime militar e no exílio. 1996. [S.l.: s.n.] ISBN 8585756373