Garrincha

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 Nota: Se procura o nadador brasileiro, veja Manuel dos Santos Júnior.
Garrincha
Garrincha
Garrincha na capa da revista El Gráfico de 1962
Informações pessoais
Nome completo Manuel dos Santos
Data de nascimento 28 de outubro de 1933
Local de nascimento Magé (RJ), Brasil
Data da morte 20 de janeiro de 1983 (49 anos)
Local da morte Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Altura 1,69 m
Destro
Apelido Mané, O Anjo das Pernas Tortas
A Alegria do Povo, O Rei dos Reis
Informações profissionais
Número 7
Posição Ponta-direita
Clubes de juventude
1948–1952
1953
Brasil Pau Grande
Brasil Serrano
Clubes profissionais
Anos Clubes Jogos e gol(o)s
1953–1965
1966
1967
1968
1968–1969
1971-1972
1972
Brasil Botafogo
Brasil Corinthians
Brasil Portuguesa Santista
Colômbia Júnior de Barranquilha
Brasil Flamengo
França Red Star 93
Brasil Olaria
00614 00(245)
00013 0000(10)
00033 0000(7)
00001 0000(3)
00020 0000(4)
0000? 0000(?)
00007 0000(7)
Seleção nacional
1955–1966
1955-1962
Brasil Brasil
Rio de Janeiro Seleção Carioca de Futebol
00060 000(16)
00009 0000(7)

Manuel dos Santos, o Mané Garrincha ou simplesmente Garrincha (Magé, 28 de outubro de 1933Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 1983) foi um futebolista brasileiro que se notabilizou por seus dribles desconcertantes apesar do fato de ter suas pernas tortas. É considerado por muitos o maior jogador de futebol de todos os tempos e o mais célebre ponta-direita da história do futebol. No auge de sua carreira, passou a assinar Manuel dos Santos, em homenagem a um tio homônimo, que muito o ajudou. Garrincha também é amplamente considerado como o maior driblador da história do futebol.[1]

Garrincha, "O Anjo de Pernas Tortas" [1], foi um dos principais jogadores das conquistas da Copa do Mundo de 1958 e, principalmente, da Copa do Mundo de 1962 quando, após a contusão de Pelé, se tornou o principal jogador do time brasileiro. Morreu em 1983, aos 49 anos, em decorrência do alcoolismo.

Biografia

Garrincha (Troglodytes musculus): o pássaro que deu origem ao apelido "Garrincha".

Infância: o apelido "Garrincha"

De origem humilde, com quinze irmãos na família, Manuel dos Santos era natural de Pau Grande, um distrito de Magé, no estado do Rio de Janeiro. Sua irmã o teria apelidado de Garrincha, fazendo uma associação com o pássaro de mesmo nome, muito comum na região[2].

As pernas tortas

Uma das características marcantes que envolvem a figura de Garrincha relaciona-se a uma distrofia física: as pernas tortas. Sua perna direita, seis centímetros mais curta que a esquerda, era flexionada para o lado esquerdo, e a perna esquerda apresentava o mesmo desenho. Ambas as pernas eram, pois, tortas para o seu lado esquerdo. Garrincha era destro. Afirma Ruy Castro em seu livro que já teria nascido assim, mas há vários depoimentos no sentido que tal característica tenha sido sequela de uma poliomielite.

Início no futebol

Com quatorze anos de idade, começou a jogar amadoramente no Esporte Clube Pau Grande e seu talento, já manifestado, despertou a atenção de Arati: um ex-jogador do Botafogo. Não se sabe com certeza quem o levou a fazer um teste no Botafogo, mas nos minutos iniciais do primeiro treino, ele teria dado vários dribles em Nílton Santos, o qual já era um renomado jogador.[2]

Vida pessoal

Garrincha casou-se com Nair, namorada da infância, com quem teve nove filhas. Suas filhas Tereza e Nadir já estão falecidas. Separou-se de Nair e foi casado com Elza Soares por 15 anos, de 1968 a 1983. Os dois tiveram um filho, Manuel Garrincha dos Santos Júnior (9 de julho de 1976 — 11 de janeiro de 1986), morto aos 9 anos de idade num acidente automobilístico. Neném, o filho dele com Iraci, anterior ao casamento com Elza, também morreu num acidente em Portugal em 20 de janeiro de 1992, aos 28 anos. Garrincha também é pai de um filho sueco: Ulf Lindberg, fruto de um relacionamento com uma sueca da cidade de Umeå, durante uma excursão do Botafogo à Europa em 1959.[3]

Jogador profissional

Garrincha na Copa do Mundo 1962.

Por praticamente toda a sua carreira (95% das partidas), Garrincha defendeu o Botafogo (no período de 1953-1965), além da Seleção Brasileira (de 1957-1966).

Já em fim de carreira jogou alguns meses no Sport Club Corinthians Paulista (1966), no Clube de Regatas do Flamengo (1969), e no Olaria Atlético Clube, porém já estava longe de seu auge. Integrou o elenco do Vasco, em um amistoso contra a seleção da cidade de Cordeiro (RJ), marcando um gol nesta partida. Sua contratação não foi fechada pela equipe cruzmaltina devido a sua má condição física e foi devolvido ao Sport Club Corinthians Paulista após o supracitado amistoso.

Enquanto esteve no Corinthians, o Jornal da Tarde de 26 de outubro de 1966 assim escreveu sobre Garrincha: "Mané veio para ser a alegria do Corinthians, não foi. É um homem triste que só vê a bola em treino no Parque São Jorge".[4]

Jogou sessenta partidas pelo Brasil entre 1955 e 1966. Em todos os seus jogos, participou de apenas uma derrota (de 3 a 1 para a Hungria na Copa de 66). Com Garrincha e Pelé jogando juntos, o Brasil nunca perdeu.[2]

Mesmo na Seleção Brasileira, Garrincha nunca abandonou sua forma irreverente de jogar. Voltava a driblar o jogador oponente, no mesmo lance, ainda que desnecessariamente, só pela brincadeira em si.[2]

Nos clubes, jogou 614 vezes, marcando 245 gols pelo Botafogo e sua carreira profissional se prolongou de 1953 a 1972.

O último gol de Garrincha aconteceu no empate do Olaria Atlético Clube em 2 a 2 com o Comercial, dia 23 de março de 1972, no Estádio Palma Travassos em Ribeirão Preto. Foi, inclusive, o único gol de Mané pelo Olaria.

Garrincha faleceu aos 49 anos em 20 de janeiro de 1983, vítima de cirrose hepática, tendo sido velado num caixão sob a bandeira do Botafogo. Em seu epitáfio lê-se "Aqui jaz em paz aquele que foi a Alegria do Povo – Mané Garrincha." Conviveu com o excesso de ingestão bebida alcoólica ao longo de sua vida, principalmente cachaça. O fato do seu gosto pela branquinha era tão conhecido que algumas marcas traziam seu nome. [5]

Em 2010, torcedores do Botafogo custearam uma estátua de quatro metros e meio e cerca de 300 kg, ao custo de R$ 56.000,00 pagos ao artista plástico Edgar Duvivier. Essa estátua encontra-se hoje em frente ao Estádio João Havelange, onde o Botafogo manda seus jogos.

Já em novembro de 2011 durante a convenção mundial de futebol Soccerex, Eusébio, maior jogador português e contemporâneo tanto de Pelé quanto Garrincha, declarou abertamente que considerava Garrincha o melhor jogador de todos os tempos.

Garrincha foi considerado o mais habilidoso jogador que já existiu em todos os tempos pois sua capacidade de driblar e envolver seus adversários era impressionante. Pelo Brasil perdeu apenas uma das 61 partidas que fez com a camisa da Seleção. Em 1998, foi escolhido para a seleção de todos os tempos da FIFA, em eleição que contou com votos de jornalistas do mundo inteiro.

A força do seu carisma ficou marcada rapidamente nas palavras do poeta de Itabira, Carlos Drummond de Andrade, numa crônica publicada no Jornal do Brasil, no dia 21 de janeiro de 1983, um dia após a morte do genial Garrincha:

Os números de Garrincha

Busto de Garrincha no Estádio do Maracanã

Rio de Janeiro Botafogo

  • Partidas: 614
  • Gols marcados: 245
  • Partida de estreia: Botafogo 6 – 3 Bonsucesso (19 de julho de 1953)
  • Primeiro gol: na partida Botafogo 6 – 3 Bonsucesso (19 de julho de 1953).
  • Última partida: Botafogo 2 – 1 Portuguesa-RJ (16 de setembro de 1965)
  • Último gol: Botafogo 1 – 0 Flamengo (22 de agosto de 1965)

São Paulo Corinthians

  • Partidas: 13[4]
  • Gols marcados: 2[4]
  • Partida de estreia: Corinthians 0 – 3 Vasco da Gama (2 de março de 1966)
  • Primeiro gol: Corinthians 3 – 2 Cruzeiro (13 de março de 1966)
  • Última partida: Corinthians 3 – 2 Santos (9 de outubro de 1966)
  • Último gol: Corinthians 2 – 0 São Paulo (19 de março de 1966)

Colômbia Junior de Barranquilla Barranquilla

  • Partidas: 1
  • Gols marcados: 0
  • Única partida: Junior 2 – 3 Santa Fé (20 de agosto de 1968)
  • Foi uma passagem muito breve pelo clube.

Rio de Janeiro Flamengo

  • Partidas: 15
  • Gols marcados: 4
  • Partida de estreia: Flamengo 0 – 2 Vasco da Gama 30 de novembro de 1968)
  • Primeiro gol: Flamengo 2 – 2 America (19 de janeiro de 1969)
  • Última partida: Flamengo 1 – 0 Campo Grande (14 de dezembro de 1969)
  • Último gol: Flamengo 2 – 1 ABC (9 de fevereiro de 1969)

Rio de Janeiro Olaria

  • Partidas: 10
  • Gols marcados: 1
  • Partida de estreia: Olaria 1 – 1 Flamengo (23 de fevereiro de 1972)
  • Última partida: Olaria 1 – 5 Caldense (7 de setembro de 1972)
  • Único gol: Olaria 2 – 2 Comercial (23 de março de 1972)

Brasil Brasil

  • Partidas: 60
  • Gols: 16
  • Partida de estreia: Brasil 1 – 1 Chile (18 de setembro de 1955)
  • Primeiro gol: Brasil 5 – 0 Corinthians (28 de maio de 1958) – Garrincha marcou 2 gols na partida
  • Última partida: Brasil 1 – 3 Hungria (15 de julho de 1966)
  • Último gol: Brasil 2 – 0 Bulgária (12 de julho de 1966, [[Copa do Mundo de 1966)

Rio de Janeiro Seleção Carioca

  • Partidas: 9
  • Gols: 7
  • Partida de estreia: Rio de Janeiro 3 – 2 Pernambuco (9 de março de 1955)
  • Primeiro gol: Marcado na partida acima.
  • Última partida: Rio de Janeiro 6 – 4 São Paulo (19 de dezembro de 1962)
  • Último gol: Marcado no partida acima.
  • Obs: Aqui está computada também a partida Combinado Botafogo-Flamengo 6 – 2 Honved-Hungria (7 de fevereiro de 1957), no qual Garrincha marcou 1 gol.

Total geral

  • Partidas: 688
  • Gols marcados: 268

Títulos

Garrincha em jogo pelo Botafogo.

Botafogo

Internacionais
Estaduais e Regionais

Rio de Janeiro x São Paulo Rio-São Paulo : 1962 e 1964

Seleção Brasileira

Corinthians

Garrincha participou também de vários amistosos pelo Brasil e pelo exterior, integrando o Milionários (formado por veteranos com carreiras encerradas);[6] o time da AGAP-RJ (Associação de Garantia ao Atleta Profissional do Estado do Rio de Janeiro); diversas equipes amadoras da Itália, e clubes sem expressão do interior do Brasil. Estas partidas não têm valor para estatísticas.

Prêmios individuais

Botafogo

  • Melhor jogador da decisão da Copa Interstadual de Clubes: 1962
  • Melhor jogador do Campeonato Carioca: 1957, 1961 e 1962

Seleção Brasileira

Filmografia

Curiosidade:

Mané Garrincha atuou pelo Botafogo de 21/06/1953 até 16/09/1965. com ele em campo o Botafogo nesse período disputou 150 jogos contra os times do eixo RJ X SP, tendo supremacia sobre 5 deles (São Paulo, Palmeiras, Corinthians, Flamengo, Fluminense) e desvantagem apenas contra Santos e Vasco da Gama. Vejam os números dos confrontos[8]:

  • Botafogo x S. Paulo - 10 jogos - 7 vitórias 2 empates e 1 derrota,
  • Botafogo x Palmeiras - 15 jogos - 7 vitórias 3 empates e 5 derrotas,
  • Botafogo x Corinthians- 11 jogos - 5 vitórias 3 empates e 3 derrotas,
  • Botafogo x Santos - 15 jogos - 6 vitórias 1 empate e 8 derrotas,
  • Botafogo x Flamengo - 34 jogos - 14 vitórias 10 empates e 10 derrotas,
  • Botafogo x Fluminense - 32 jogos - 13 vitórias 9 empates e 10 derrotas,
  • Botafogo x Vasco - 34 jogos - 10 vitórias 7 empates e 17 derrotas,

Notas

  1. O Anjo de Pernas Tortas é o título de uma poesia de Vinícius de Moraes.
  2. É muito difícil, quando se trata de Garrincha, separar o homem do mito. Muitos tentam: jornalistas, escritores, amigos, renomados acadêmicos, mas, nem sempre com sucesso. Mesmo uma biografia de fôlego como a empreendeu Ruy Castro, considerada a mais completa até o momento, baseada em muita documentação e 500 entrevistas, possibilitou. Boa parte do livro é um esforço para separar lendas de fatos, casos de causos.
  3. Há várias espécies de pássaros em diversas regiões do Brasil que são conhecidas por este nome, a maioria do gênero Thryothorus: o Garrincha-de-Bigode (Thryothorus genibarbis); o Garrincha-da-Chuva (Thryothorus Corayaouça o canto); o Garrincha-de-Bico-Longo (Thryothorus Longirostris - ouça o canto); Garrincha-Trovão (Thryothorus leucotis); etc.

Referências

  1. «Garrincha» (em inglês). International Football Hall of Fame. Consultado em 28 de fevereiro de 2013 
  2. a b c d CASTRO, Ruy. Companhia das Letras, ed. Estrela Solitária: um Brasileiro Chamado Garrincha. 1995. [S.l.: s.n.] 520 páginas. ISBN 8571644934 
  3. «Conheça Ulf Lindberg, o filho perdido de Garrincha». Abril.com. 27 de junho de 2008. Consultado em 28 de fevereiro de 2013 
  4. a b c «Adriano vive dias de Garrincha no Corinthians» (blog). Estadão. 8 de fevereiro de 2012. Consultado em 28 de fevereiro de 2013 
  5. Cavalcante, Messias Soares. A verdadeira história da cachaça. São Paulo: Sá Editora, 2011. 608p. ISBN 9788588193628
  6. «Milionários: Di Stéfano sim, Garrincha não». GloboEsporte.com. 9 de outubro de 2007. Consultado em 28 de fevereiro de 2013 
  7. «Asa Branca: Um Sonho Brasileiro». Cinemateca Brasileira. Consultado em 28 de fevereiro de 2013 
  8. «Botafogo de Futebol e Regatas - Jogos de Nílton Santos e Garrincha». RSSSF Brasil. Consultado em 28 de fevereiro de 2013 

Ver também

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