Politicamente correto: diferenças entre revisões

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== História ==
== História ==


O termo "politicamente correto" foi usado com pouca frequência até a última parte do [[século XX]]. Este uso anterior não se relacionava a desaprovação social geralmente implicada em seu uso mais recente. Em 1793, o termo "politicamente correto" apareceu no [[Suprema Corte dos Estados Unidos]] durante o julgamento de um processo político.<ref>[[James Wilson]], Suprema Corte dos Estados Unidos comentou: "Os estados, e não o Povo, por quem os Estados existem, são frequentemente os objetos que atraem e prendem nossa principal atenção... Sentimentos e expressões desse tipo impreciso prevalecem em nossa linguagem comum, mesmo em nossa convivência. Será solicitado um brinde? "Os Estados Unidos", em vez do "povo dos Estados Unidos", é o brinde dado. Isso não é politicamente correto." [http://caselaw.lp.findlaw.com/scripts/getcase.pl?navby=CASE&court=US&vol=2&page=419 ''Chisholm v. Georgia'', 2 U.S. (2 Dall.) 419 (1793)] ''Findlaw.com'' – Accessed 6 February 2007.</ref> O termo também teve uso em outros países de língua inglesa nos anos 1800.<ref>Exemplos:
O termo "politicamente correto" foi usado com pouca frequência até a última parte do [[século XX]]. Este uso anterior não se relacionava a desaprovação social geralmente implicada em seu uso mais recente. Em 1793, o termo "politicamente correto" apareceu no [[Suprema Corte dos Estados Unidos]] durante o julgamento de um [[Processo judicial|processo]] político.<ref>[[James Wilson]], Suprema Corte dos Estados Unidos comentou: "Os estados, e não o Povo, por quem os Estados existem, são frequentemente os objetos que atraem e prendem nossa principal atenção... Sentimentos e expressões desse tipo impreciso prevalecem em nossa linguagem comum, mesmo em nossa convivência. Será solicitado um brinde? "Os Estados Unidos", em vez do "povo dos Estados Unidos", é o brinde dado. Isso não é politicamente correto." [http://caselaw.lp.findlaw.com/scripts/getcase.pl?navby=CASE&court=US&vol=2&page=419 ''Chisholm v. Georgia'', 2 U.S. (2 Dall.) 419 (1793)] ''Findlaw.com'' – Accessed 6 February 2007.</ref> O termo também teve uso em outros países de língua inglesa nos anos 1800.<ref>Exemplos:
* {{citar jornal|url = http://newspaperarchive.com/uk/middlesex/london/courier/1804/08-18/page-2?tag=politically+correct&rtserp=tags/?pep=politically-correct&psb=dateasc|título= (London) Courier|último = 18 August 1804|primeiro = |data= |obra= |acessodata= |via = |página= 2|citação= "Em seu trabalho na segunda-feira [...] você ofereceu algumas observações aos seus leitores, que evidentemente estavam bem intencionadas, embora não fossem politicamente corretas"}}
* {{citar jornal|url = http://newspaperarchive.com/uk/middlesex/london/courier/1804/08-18/page-2?tag=politically+correct&rtserp=tags/?pep=politically-correct&psb=dateasc|título= (London) Courier|último = 18 August 1804|primeiro = |data= |obra= |acessodata= |via = |página= 2|citação= "Em seu trabalho na segunda-feira [...] você ofereceu algumas observações aos seus leitores, que evidentemente estavam bem intencionadas, embora não fossem politicamente corretas"}}
* {{citar web|título= Australian Mail And New Zealand Express|url = http://newspaperarchive.com/uk/middlesex/london/australian-mail-and-new-zealand-express/1861/06-15|website = newspaperarchive.com|data=15 de junho de 1861|acessodata=29 de novembro de 2015|citação= Chamar de "uma nova colônia" é apenas politicamente correto - o estresse está na palavra "colônia".}}</ref>
* {{citar web|título= Australian Mail And New Zealand Express|url = http://newspaperarchive.com/uk/middlesex/london/australian-mail-and-new-zealand-express/1861/06-15|website = newspaperarchive.com|data=15 de junho de 1861|acessodata=29 de novembro de 2015|citação= Chamar de "uma nova colônia" é apenas politicamente correto - o estresse está na palavra "colônia".}}</ref>
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=== Início do século 20 ===
=== Início do século 20 ===


No início do século XX, a frase "politicamente correta" foi associada à aplicação [[Dogmatismo|dogmática]] da doutrina [[Stalinismo|Stalinista]], debatida entre membros dos [[partido]]s [[Partido Comunista dos Estados Unidos|Comunista]] e [[Partido Socialista dos Trabalhadores (Estados Unidos)|Socialista]] americanos. Este uso se referia à linha do Partido Comunista, que forneceu posições "corretas" em muitos assuntos políticos. De acordo com o [[educador]] americano Herbert Kohl, escrevendo sobre debates em [[Nova York]] no final da [[década de 1940]] e início da [[década de 1950]]:
No início do século XX, a frase "politicamente correta" foi associada à aplicação [[Dogmatismo|dogmática]] da [[Stalinismo|doutrina stalinista]], debatida entre membros dos [[partido]]s [[Partido Comunista dos Estados Unidos|Comunista]] e [[Partido Socialista dos Trabalhadores (Estados Unidos)|Socialista]] americanos. Este uso se referia à linha do Partido Comunista, que forneceu posições "corretas" em muitos assuntos políticos. De acordo com o [[educador]] americano Herbert Kohl, escrevendo sobre debates em [[Nova York]] no final da [[década de 1940]] e início da [[década de 1950]]:


{{Citação2|''O termo "politicamente correto" foi usado com desprezo, para se referir a alguém cuja lealdade à linha do PC [Partido Comunista] superou a compaixão e levou a uma política ruim. Foi usado pelos socialistas contra os comunistas e deveria separar os socialistas que acreditavam em idéias morais igualitárias de comunistas dogmáticos que advogassem e defendessem posições partidárias independentemente de sua substância moral.''|"Uncommon Differences", The Lion and the Unicorn Journal<ref name=Kohl/>}}
{{Citação2|''O termo "politicamente correto" foi usado com desprezo, para se referir a alguém cuja lealdade à linha do PC [Partido Comunista] superou a compaixão e levou a uma política ruim. Foi usado pelos socialistas contra os comunistas e deveria separar os socialistas que acreditavam em idéias morais igualitárias de comunistas dogmáticos que advogassem e defendessem posições partidárias independentemente de sua substância moral.''|"Uncommon Differences", The Lion and the Unicorn Journal<ref name=Kohl/>}}
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== Politicamente incorreto ==
== Politicamente incorreto ==


O discurso politicamente incorreto é, em oposição ao chamado politicamente correto, uma forma de expressão que procura banalizar os [[Preconceito social|preconceitos sociais]] sem receios de nenhuma ordem.<ref name="books.google.com.br"/> Apesar de ser expressão de simples [[preconceito]]s cotidianos<ref>{{Citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/917484-politicamente-fascista.shtml |título=Politicamente fascista |língua= |autor= Marcelo Coelho |obra= |data= |acessodata=}}</ref>, o politicamente incorreto foi apropriado pela [[direita (política)|direita]] para opor-se à [[esquerda (política)|esquerda]] e à agenda das minorias.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Di Carlo|primeiro=Josnei|ultimo2=Kamradt|primeiro2=João|data=2018|titulo=Bolsonaro e a cultura do politicamente incorreto na política brasileira|url=https://www.academia.edu/38019872/Bolsonaro_e_a_cultura_do_politicamente_incorreto_na_pol%C3%ADtica_brasileira|jornal=Teoria e Cultura|lingua=pt|acessodata=}}</ref>
O discurso politicamente incorreto é, em oposição ao chamado politicamente correto, uma forma de expressão que procura banalizar os [[Preconceito social|preconceitos sociais]] sem receios de nenhuma ordem.<ref name="books.google.com.br"/> Apesar de ser expressão de simples [[preconceito]]s cotidianos<ref>{{Citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/917484-politicamente-fascista.shtml |título=Politicamente fascista |língua= |autor= Marcelo Coelho |obra= |data= |acessodata=}}</ref>, o politicamente incorreto foi apropriado pela [[direita (política)|direita]] para opor-se à [[esquerda (política)|esquerda]] e à agenda das [[minoria]]s.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Di Carlo|primeiro=Josnei|ultimo2=Kamradt|primeiro2=João|data=2018|titulo=Bolsonaro e a cultura do politicamente incorreto na política brasileira|url=https://www.academia.edu/38019872/Bolsonaro_e_a_cultura_do_politicamente_incorreto_na_pol%C3%ADtica_brasileira|jornal=Teoria e Cultura|lingua=pt|acessodata=}}</ref>


=== Características ===
=== Características ===


Segundo os defensores do politicamente incorreto, há uma [[conspiração (política)|conspiração]] do politicamente correto que impede um exercício efetivo da [[liberdade de expressão]].<ref>{{Citar web |url=http://books.google.com.br/books?id=v-j9KimAk08C&printsec=frontcover&dq=political+correctness+richard+feldstein&hl=pt-BR&ei=_3-STr7_N4670QGBmv2dDg&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCwQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false |título=Political correctness: a response from the cultural Left |língua= |autor=Richard Feldstein |obra= |data= |acessodata=}}</ref> Em geral, os defensores do politicamente incorreto defendem que suas opiniões são minoritárias, e que não geram efeitos nocivos na sociedade. Seus críticos dizem que "politicamente incorreto" é apenas um sinônimo para [[Autoritarismo]] e que tais preconceitos são oriundos de discriminações [[Atavismo|atávicas]] contra minorias. Além disso, indicam que não há real [[Patrulha ideológica|patrulhamento ideológico]] dessas opiniões, que são amplamente reproduzidas nas sociedades contemporâneas.<ref>{{Citar web |url=http://sergyovitro.blogspot.com/2011/05/marcelo-coelho-politicamente-fascista.html |título=Politicamente fascista |língua= |autor= |obra=Conteúdo Livre |data= |acessodata=}}</ref> Como qualquer [[discurso de ódio]], o humor politicamente incorreto não deve necessariamente ser entendido como compatível com os direitos do homem.<ref>{{Citar web |url=http://books.google.co.uk/books?id=z0_9MKrF8owC&printsec=frontcover&dq=hate+speech&hl=pt-BR&ei=1akTTqyqIeLj0gGrnL2IDg&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCYQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false |título= Opposing Hate-Speech |língua= |autor=Joseph Paul Cortese |obra= |data= |acessodata=}}</ref> O discurso politicamente incorreto é tido, também, como uma forma de vigiar e controlar a liberdade de expressão de grupos não conservadores.<ref>{{Citar web |url=http://books.google.com.br/books?id=a8SdAAAAMAAJ&q=patriotic+correctness&dq=patriotic+correctness&hl=pt-BR&ei=iVGbTuuyBtS3tweosNCEBA&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCwQ6AEwAA |título=Patriotic Correctness |língua= |autor=John K. Wilson|obra= |data= |acessodata=}}</ref>
Segundo os defensores do politicamente incorreto, há uma [[conspiração (política)|conspiração]] do politicamente correto que impede um exercício efetivo da [[liberdade de expressão]].<ref>{{Citar web |url=http://books.google.com.br/books?id=v-j9KimAk08C&printsec=frontcover&dq=political+correctness+richard+feldstein&hl=pt-BR&ei=_3-STr7_N4670QGBmv2dDg&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCwQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false |título=Political correctness: a response from the cultural Left |língua= |autor=Richard Feldstein |obra= |data= |acessodata=}}</ref> Em geral, os defensores do politicamente incorreto defendem que suas opiniões são minoritárias, e que não geram efeitos nocivos na sociedade. Seus críticos dizem que "politicamente incorreto" é apenas um sinônimo para [[Autoritarismo]] e que tais preconceitos são oriundos de discriminações [[Atavismo|atávicas]] contra minorias. Além disso, indicam que não há real [[Patrulha ideológica|patrulhamento ideológico]] dessas opiniões, que são amplamente reproduzidas nas sociedades contemporâneas.<ref>{{Citar web |url=http://sergyovitro.blogspot.com/2011/05/marcelo-coelho-politicamente-fascista.html |título=Politicamente fascista |língua= |autor= |obra=Conteúdo Livre |data= |acessodata=}}</ref> Como qualquer [[discurso de ódio]], o [[humor]] politicamente incorreto não deve necessariamente ser entendido como compatível com os [[direitos do homem]].<ref>{{Citar web |url=http://books.google.co.uk/books?id=z0_9MKrF8owC&printsec=frontcover&dq=hate+speech&hl=pt-BR&ei=1akTTqyqIeLj0gGrnL2IDg&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCYQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false |título= Opposing Hate-Speech |língua= |autor=Joseph Paul Cortese |obra= |data= |acessodata=}}</ref> O discurso politicamente incorreto é tido, também, como uma forma de vigiar e controlar a liberdade de expressão de grupos não conservadores.<ref>{{Citar web |url=http://books.google.com.br/books?id=a8SdAAAAMAAJ&q=patriotic+correctness&dq=patriotic+correctness&hl=pt-BR&ei=iVGbTuuyBtS3tweosNCEBA&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCwQ6AEwAA |título=Patriotic Correctness |língua= |autor=John K. Wilson|obra= |data= |acessodata=}}</ref>


[[Imagem:Panchen Lama during the struggle (thamzing) session 1964.jpg|thumb|300px|direita|[[Panchen Lama]] sendo submetido a uma "sessão de luta" (em [[Língua tibetana|tibetano]] ''thamzing'') em [[1964]].]]
[[Imagem:Panchen Lama during the struggle (thamzing) session 1964.jpg|thumb|300px|direita|[[Panchen Lama]] sendo submetido a uma "sessão de luta" (em [[Língua tibetana|tibetano]] ''thamzing'') em [[1964]].]]
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A expressão também foi utilizada, no [[Brasil]] e no resto do mundo, por grupos [[conservadorismo|conservadores]] para se referir a um patrulhamento ideológico por parte de [[marxismo|marxistas]]. Nos [[Estados Unidos]], a expressão foi empregada na publicação do Guia Politicamente Incorreto, de matriz conservadora.<ref>{{Citar web |url=http://books.google.com.br/books?id=ltSIOnW6XLsC&printsec=frontcover&dq=political+incorrectness&hl=pt-BR&ei=o36STsTEOIe50QG21uw0&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CDIQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false |título=The politically incorrect guide to American history |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> No Brasil, duas publicações de título semelhante foram divulgados recentemente: o [[Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil]], e o Guia Politicamente Incorreto da História da América Latina. Em um desses livros alega-se que [[Evita Perón]] detinham [[Bem (economia)|bens]] roubados pelos [[nazista]]s.<ref>{{Citar web |url=http://www.clarin.com/sociedad/libros/brasileno-sostiene-Evita-robados-judios_0_547145514.html |título=Un libro brasileño sostiene que Evita tenía bienes robados por los nazis a los judíos |língua= |autor=El Clarín |obra= |data= |acessodata=}}</ref> Segundo [[resenha]]s do [[O Estado de S. Paulo]] e da [[Folha de S.Paulo]], os guias buscam denegrir a imagem de figuras [[liberais]] e da [[esquerda (política)|esquerda]], pois acreditam que toda a [[história]] anterior é uma invenção de marxistas politicamente comprometidos, e reproduzem dados que não são precisos em sua tentativa de deslegitimar a [[historiografia]] acadêmica.<ref>{{Citar web |url=http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,lombroso-oculto-livro-sobre-falsos-herois-latino-americanos-usa-simplificacoes-oportunas-omissoes-e-interpretacoes-discutiveis-avalia-professora-,777219,0.htm |título=Lombroso oculto Livro sobre 'falsos heróis latino-americanos' usa simplificações oportunas, omissões e interpretações discutíveis, avalia professora |língua= |autor= Maria L. Prado |obra= Estadão |data= |acessodata=}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://twextra.com/asj1rj |título=Livro reflete ignorância brasileira sobre a América Latina |língua= |autor=Sylvia Colombo |obra= |data= |acessodata=}}</ref>
A expressão também foi utilizada, no [[Brasil]] e no resto do mundo, por grupos [[conservadorismo|conservadores]] para se referir a um patrulhamento ideológico por parte de [[marxismo|marxistas]]. Nos [[Estados Unidos]], a expressão foi empregada na publicação do Guia Politicamente Incorreto, de matriz conservadora.<ref>{{Citar web |url=http://books.google.com.br/books?id=ltSIOnW6XLsC&printsec=frontcover&dq=political+incorrectness&hl=pt-BR&ei=o36STsTEOIe50QG21uw0&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CDIQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false |título=The politically incorrect guide to American history |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> No Brasil, duas publicações de título semelhante foram divulgados recentemente: o [[Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil]], e o Guia Politicamente Incorreto da História da América Latina. Em um desses livros alega-se que [[Evita Perón]] detinham [[Bem (economia)|bens]] roubados pelos [[nazista]]s.<ref>{{Citar web |url=http://www.clarin.com/sociedad/libros/brasileno-sostiene-Evita-robados-judios_0_547145514.html |título=Un libro brasileño sostiene que Evita tenía bienes robados por los nazis a los judíos |língua= |autor=El Clarín |obra= |data= |acessodata=}}</ref> Segundo [[resenha]]s do [[O Estado de S. Paulo]] e da [[Folha de S.Paulo]], os guias buscam denegrir a imagem de figuras [[liberais]] e da [[esquerda (política)|esquerda]], pois acreditam que toda a [[história]] anterior é uma invenção de marxistas politicamente comprometidos, e reproduzem dados que não são precisos em sua tentativa de deslegitimar a [[historiografia]] acadêmica.<ref>{{Citar web |url=http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,lombroso-oculto-livro-sobre-falsos-herois-latino-americanos-usa-simplificacoes-oportunas-omissoes-e-interpretacoes-discutiveis-avalia-professora-,777219,0.htm |título=Lombroso oculto Livro sobre 'falsos heróis latino-americanos' usa simplificações oportunas, omissões e interpretações discutíveis, avalia professora |língua= |autor= Maria L. Prado |obra= Estadão |data= |acessodata=}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://twextra.com/asj1rj |título=Livro reflete ignorância brasileira sobre a América Latina |língua= |autor=Sylvia Colombo |obra= |data= |acessodata=}}</ref>


"As origens do politicamente correto", de Bill Lind, é um texto amplamente divulgado por ramos de extrema-direita, como o [[Stormfront]], um forum para "nacionalistas brancos", considerado [[neonazista]].<ref>{{Citar web|url=http://ai.arizona.edu/intranet/papers/Zhou_Domestic_MainText.pdf|título=US Domestic extremist groups|língua=|autor=|obra=|data=|acessodata=|arquivourl=https://web.archive.org/web/20100709003315/http://ai.arizona.edu/intranet/papers/Zhou_Domestic_MainText.pdf|arquivodata=2010-07-09|urlmorta=yes}}</ref> Bill Lind se identifica com a [[extrema-direita]] norte-americana, o [[Tea Party]].<ref>{{Citar web |url=http://www.theamericanconservative.com/blog/a-tea-party-defense-budget/ |título=A Tea Party Defense Budget |língua= |autor= William Lind |obra= |data= |acessodata=}}</ref> Suas publicações, longe de ser consensuais, são [[polêmica]]s,<ref>{{Citar web |url=http://www.splcenter.org/get-informed/news/oklahoma-city-11-years-later# |título=Oklahoma City 11 Years Later |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://www.theatlantic.com/magazine/archive/1997/07/the-widening-gap-between-military-and-society/6158/ |título=The Widening Gap Between Military and Society |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> e Lind é considerado um dos inventores da noção de [[marxismo cultural]]. Lind alega que "o verdadeiro dano para as relações raciais não veio da [[Escravidão nos Estados Unidos|escravidão]], mas da [[reconstrução dos Estados Unidos]], que não teria ocorrido se os [[Estados Confederados da América|Estados Confederados do Sul]] tivessem vencido a [[Guerra de Secessão]]".<ref>{{Citar web |url=http://www.splcenter.org/get-informed/intelligence-report/browse-all-issues/2003/summer/into-the-mainstream?page=0,1 |título=Into the Mainstream |língua= |autor=Chip Berlet |obra= |data= |acessodata=}}</ref> Ele também [[Negacionismo do Holocausto|nega o holocausto]].
"As origens do politicamente correto", de Bill Lind, é um texto amplamente divulgado por ramos de extrema-direita, como o [[Stormfront]], um forum para "nacionalistas brancos", considerado [[neonazista]].<ref>{{Citar web|url=http://ai.arizona.edu/intranet/papers/Zhou_Domestic_MainText.pdf|título=US Domestic extremist groups|língua=|autor=|obra=|data=|acessodata=|arquivourl=https://web.archive.org/web/20100709003315/http://ai.arizona.edu/intranet/papers/Zhou_Domestic_MainText.pdf|arquivodata=2010-07-09|urlmorta=yes}}</ref> Bill Lind se identifica com a [[extrema-direita]] norte-americana, o [[Movimento Tea Party]].<ref>{{Citar web |url=http://www.theamericanconservative.com/blog/a-tea-party-defense-budget/ |título=A Tea Party Defense Budget |língua= |autor= William Lind |obra= |data= |acessodata=}}</ref> Suas publicações, longe de ser consensuais, são [[polêmica]]s,<ref>{{Citar web |url=http://www.splcenter.org/get-informed/news/oklahoma-city-11-years-later# |título=Oklahoma City 11 Years Later |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://www.theatlantic.com/magazine/archive/1997/07/the-widening-gap-between-military-and-society/6158/ |título=The Widening Gap Between Military and Society |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> e Lind é considerado um dos inventores da noção de [[marxismo cultural]]. Lind alega que "o verdadeiro dano para as relações raciais não veio da [[Escravidão nos Estados Unidos|escravidão]], mas da [[reconstrução dos Estados Unidos]], que não teria ocorrido se os [[Estados Confederados da América|Estados Confederados do Sul]] tivessem vencido a [[Guerra de Secessão]]".<ref>{{Citar web |url=http://www.splcenter.org/get-informed/intelligence-report/browse-all-issues/2003/summer/into-the-mainstream?page=0,1 |título=Into the Mainstream |língua= |autor=Chip Berlet |obra= |data= |acessodata=}}</ref> Ele também [[Negacionismo do Holocausto|nega o holocausto]].


== Criticismo ==
== Criticismo ==
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[[John Cleese]], [[comediante]] britânico, comenta: "Começou como uma ideia bastante decente e em seguida transforma-se numa coisa completamente errada e é levada até ao absurdo".<ref>{{citar web|url=http://www.independent.co.uk/news/people/news/former-monty-python-john-cleese-political-correctness-is-condescending-9891121.html|titulo=Former Monty Python John Cleese: Political correctness is 'condescending' Comedian also said jokes about Muslim fundamentalists were problematic because they threaten to 'kill you'|data=28 de Novembro de 2014|publicado=The Independent|ultimo=Buchanan|primeiro=Rose Troup}}</ref>
[[John Cleese]], [[comediante]] britânico, comenta: "Começou como uma ideia bastante decente e em seguida transforma-se numa coisa completamente errada e é levada até ao absurdo".<ref>{{citar web|url=http://www.independent.co.uk/news/people/news/former-monty-python-john-cleese-political-correctness-is-condescending-9891121.html|titulo=Former Monty Python John Cleese: Political correctness is 'condescending' Comedian also said jokes about Muslim fundamentalists were problematic because they threaten to 'kill you'|data=28 de Novembro de 2014|publicado=The Independent|ultimo=Buchanan|primeiro=Rose Troup}}</ref>


Na [[década de 2000]], o jornalista [[Eric Zemmour]] desenvolveu a idéia de que a recusa de usar uma linguagem politicamente correcta foi criminalizada e condenou a "lógica inquisitorial" das associações [[antirracista]]s.<ref>{{citar web|url=http://www.humanite.fr/10_01_2011-zemmour-refuse-de-se-coucher-devant-le-politiquement-correct-461941|titulo=Zemmour refuse de "se coucher devant le politiquement correct"|data=11 de Janeiro de 2011|publicado=L'Humanité.fr}}</ref>
Na [[década de 2000]], o jornalista [[Eric Zemmour]] desenvolveu a idéia de que a recusa de usar uma linguagem politicamente correcta [[Assédio judicial|foi criminalizada]] e condenou a "lógica inquisitorial" das associações [[Antirracismo|antirracistas]].<ref>{{citar web|url=http://www.humanite.fr/10_01_2011-zemmour-refuse-de-se-coucher-devant-le-politiquement-correct-461941|titulo=Zemmour refuse de "se coucher devant le politiquement correct"|data=11 de Janeiro de 2011|publicado=L'Humanité.fr}}</ref>

O professor de [[psicologia]] [[Jordan Peterson]], rejeita o uso de [[Língua artificial|palavras artificiais]], impostas para determinar [[neutralidade de gênero]]: "Nunca vou usar palavras que odeio, como 'el@' ou 'elx', que são artificialmente construídas e estão na moda. Essas palavras são a vanguarda de uma ideologia radical esquerdista [[pós-moderna]] que eu detesto e que são, na minha opinião de profissional, surpreendentemente similares às doutrinas marxistas que mataram pelo menos 100 milhões de pessoas no século XX. A partir de agora, portanto, não vou mais aceitar essas palavras ideologizadas pois, se o fizesse, eu viraria uma marionete nas mãos da esquerda radical, o que não tolero."<ref>{{citar web|url=https://nationalpost.com/opinion/jordan-peterson-the-right-to-be-politically-incorrect|titulo=Jordan Peterson: The right to be politically incorrect|data=8 de novembro de 2016|acessodata=9 de setembro de 2019|publicado=[[National Post]] {{en}}|ultimo=|primeiro=}}</ref>

Segundo o filósofo [[Luiz Felipe Pondé]], o politicamente correto é nocivo para o [[Brasil]] citando, como exemplo, a reserva de [[Cotas raciais no Brasil|cotas raciais do país]]: "o Estado brasileiro arrecada muito dinheiro, montou uma máquina para arrecadar impostos. E, ao invés dele montar uma [[escola pública]] decente, o governo fica preocupado com cota e continua fazendo uma escola pública que é uma porcaria. Então, o politicamente correto ainda serve para maquiar a incompetência do Estado brasileiro".<ref>{{citar web|url=https://www.youtube.com/watch?v=4D09VbaXMaA|titulo=O efeito do politicamente correto no Brasil|data=23 de maio de 2012|acessodata=9 de setembro de 2019|publicado=[[YouTube]]|ultimo=Vejapontocom|primeiro=}}</ref>


Para o filósofo [[Dominique Lecourt]], politicamente correto é "uma [[retórica]] da dissuasão", "um meio de intimidação que sugere que haveria um [[pensamento único]], um caminho certo em relação ao qual todos devemos ser julgados. "Tornou-se através das chamadas leis antirracistas ou memoriais" um instrumento de conquista do [[poder]] "usado por minorias activas bem organizadas que espalham seu [[conformismo]] puro. Muitas vezes, de tom religioso."<ref>{{citar web|url=http://www.lefigaro.fr/vox/politique/2016/10/21/31001-20161021ARTFIG00271-dominique-lecourt-le-politiquement-correct-favorise-le-retour-de-toutes-les-violences.php|titulo=Dominique Lecourt : «Le politiquement correct favorise le retour de toutes les violences» (O politicamente correcto favorece o retorno de todas as violências - em francês)|data=21 de Outubro de 2016|publicado=Le Figaro|ultimo=Feertchak|primeiro=Alexis}}</ref>
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Revisão das 16h43min de 9 de setembro de 2019

 Nota: "Politicamente incorreto" redireciona para este artigo. Para o filme de mesmo nome, veja Politicamente Incorreto.

Politicamente correto é o adjetivo usado para descrever a evitação de linguagem ou ações que são vistas como excludentes, que marginalizam ou insultam grupos de pessoas que são vistos como desfavorecidos ou discriminados, especialmente grupos definidos por sexo ou raça.[1] No discurso político e na mídia, o termo geralmente é usado como pejorativo, implicando que essas políticas são excessivas.[2][3][4][5][6][7][8]

O termo tinha apenas uso disperso antes da década de 1990, geralmente como uma auto-descrição irônica, mas entrou em uso mais comum nos Estados Unidos depois que foi objeto de uma série de artigos no The New York Times.[9][10][11][12][13][14] O termo foi amplamente usado no debate sobre o livro de 1987 de Allan Bloom,The Closing of the American Mind,[4][6][15][16] e ganhou mais uso em resposta ao livro de Roger Kimball, Tenured Radicals (1990),[4][6][17][18] e ao livro de 1991 do autor conservador Dinesh D'Souza, Illiberal Education, no qual ele condenou o que viu como esforços liberais para avançar a auto-vitimização, ações afirmativas e mudanças no conteúdo dos currículos escolares e universitários através da linguagem.[4][5][17][19]

Comentaristas de esquerda disseram que conservadores empurraram o termo para desviar a atenção de questões mais substantivas de discriminação e como parte de uma ampla guerra cultural contra o liberalismo nos Estados Unidos.[17][20] Eles também argumentam que os conservadores têm suas próprias formas de correção política, que geralmente são ignoradas por comentaristas conservadores.[21][22][23][24]

História

O termo "politicamente correto" foi usado com pouca frequência até a última parte do século XX. Este uso anterior não se relacionava a desaprovação social geralmente implicada em seu uso mais recente. Em 1793, o termo "politicamente correto" apareceu no Suprema Corte dos Estados Unidos durante o julgamento de um processo político.[25] O termo também teve uso em outros países de língua inglesa nos anos 1800.[26]

Início do século 20

No início do século XX, a frase "politicamente correta" foi associada à aplicação dogmática da doutrina stalinista, debatida entre membros dos partidos Comunista e Socialista americanos. Este uso se referia à linha do Partido Comunista, que forneceu posições "corretas" em muitos assuntos políticos. De acordo com o educador americano Herbert Kohl, escrevendo sobre debates em Nova York no final da década de 1940 e início da década de 1950:

O termo "politicamente correto" foi usado com desprezo, para se referir a alguém cuja lealdade à linha do PC [Partido Comunista] superou a compaixão e levou a uma política ruim. Foi usado pelos socialistas contra os comunistas e deveria separar os socialistas que acreditavam em idéias morais igualitárias de comunistas dogmáticos que advogassem e defendessem posições partidárias independentemente de sua substância moral.
 
"Uncommon Differences", The Lion and the Unicorn Journal[3].

Politicamente incorreto

O discurso politicamente incorreto é, em oposição ao chamado politicamente correto, uma forma de expressão que procura banalizar os preconceitos sociais sem receios de nenhuma ordem.[27] Apesar de ser expressão de simples preconceitos cotidianos[28], o politicamente incorreto foi apropriado pela direita para opor-se à esquerda e à agenda das minorias.[29]

Características

Segundo os defensores do politicamente incorreto, há uma conspiração do politicamente correto que impede um exercício efetivo da liberdade de expressão.[30] Em geral, os defensores do politicamente incorreto defendem que suas opiniões são minoritárias, e que não geram efeitos nocivos na sociedade. Seus críticos dizem que "politicamente incorreto" é apenas um sinônimo para Autoritarismo e que tais preconceitos são oriundos de discriminações atávicas contra minorias. Além disso, indicam que não há real patrulhamento ideológico dessas opiniões, que são amplamente reproduzidas nas sociedades contemporâneas.[31] Como qualquer discurso de ódio, o humor politicamente incorreto não deve necessariamente ser entendido como compatível com os direitos do homem.[32] O discurso politicamente incorreto é tido, também, como uma forma de vigiar e controlar a liberdade de expressão de grupos não conservadores.[33]

Panchen Lama sendo submetido a uma "sessão de luta" (em tibetano thamzing) em 1964.

O termo foi usado na China, após a revolta no Tibete em 1959 e, durante a revolução cultural. Nas chamadas "sessões de luta" (sessões públicas de autocríticas e confissões forçadas), indivíduos considerados "reacionários" e "politicamente incorretos" eram submetidos a agressões e humilhações coletivas.[34][35][36]

A expressão também foi utilizada, no Brasil e no resto do mundo, por grupos conservadores para se referir a um patrulhamento ideológico por parte de marxistas. Nos Estados Unidos, a expressão foi empregada na publicação do Guia Politicamente Incorreto, de matriz conservadora.[37] No Brasil, duas publicações de título semelhante foram divulgados recentemente: o Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, e o Guia Politicamente Incorreto da História da América Latina. Em um desses livros alega-se que Evita Perón detinham bens roubados pelos nazistas.[38] Segundo resenhas do O Estado de S. Paulo e da Folha de S.Paulo, os guias buscam denegrir a imagem de figuras liberais e da esquerda, pois acreditam que toda a história anterior é uma invenção de marxistas politicamente comprometidos, e reproduzem dados que não são precisos em sua tentativa de deslegitimar a historiografia acadêmica.[39][40]

"As origens do politicamente correto", de Bill Lind, é um texto amplamente divulgado por ramos de extrema-direita, como o Stormfront, um forum para "nacionalistas brancos", considerado neonazista.[41] Bill Lind se identifica com a extrema-direita norte-americana, o Movimento Tea Party.[42] Suas publicações, longe de ser consensuais, são polêmicas,[43][44] e Lind é considerado um dos inventores da noção de marxismo cultural. Lind alega que "o verdadeiro dano para as relações raciais não veio da escravidão, mas da reconstrução dos Estados Unidos, que não teria ocorrido se os Estados Confederados do Sul tivessem vencido a Guerra de Secessão".[45] Ele também nega o holocausto.

Criticismo

John Cleese, comediante britânico, comenta: "Começou como uma ideia bastante decente e em seguida transforma-se numa coisa completamente errada e é levada até ao absurdo".[46]

Na década de 2000, o jornalista Eric Zemmour desenvolveu a idéia de que a recusa de usar uma linguagem politicamente correcta foi criminalizada e condenou a "lógica inquisitorial" das associações antirracistas.[47]

O professor de psicologia Jordan Peterson, rejeita o uso de palavras artificiais, impostas para determinar neutralidade de gênero: "Nunca vou usar palavras que odeio, como 'el@' ou 'elx', que são artificialmente construídas e estão na moda. Essas palavras são a vanguarda de uma ideologia radical esquerdista pós-moderna que eu detesto e que são, na minha opinião de profissional, surpreendentemente similares às doutrinas marxistas que mataram pelo menos 100 milhões de pessoas no século XX. A partir de agora, portanto, não vou mais aceitar essas palavras ideologizadas pois, se o fizesse, eu viraria uma marionete nas mãos da esquerda radical, o que não tolero."[48]

Segundo o filósofo Luiz Felipe Pondé, o politicamente correto é nocivo para o Brasil citando, como exemplo, a reserva de cotas raciais do país: "o Estado brasileiro arrecada muito dinheiro, montou uma máquina para arrecadar impostos. E, ao invés dele montar uma escola pública decente, o governo fica preocupado com cota e continua fazendo uma escola pública que é uma porcaria. Então, o politicamente correto ainda serve para maquiar a incompetência do Estado brasileiro".[49]

Para o filósofo Dominique Lecourt, politicamente correto é "uma retórica da dissuasão", "um meio de intimidação que sugere que haveria um pensamento único, um caminho certo em relação ao qual todos devemos ser julgados. "Tornou-se através das chamadas leis antirracistas ou memoriais" um instrumento de conquista do poder "usado por minorias activas bem organizadas que espalham seu conformismo puro. Muitas vezes, de tom religioso."[50]

No Reino Unido, no que ficou conhecido como o escândalo de exploração sexual infantil de Roterdã, os funcionários tiveram medo de atacar uma rede pedófila paquistanesa por receio de serem acusados ​​de racismo ou preconceito. Os denunciantes, como Jayne Senior e Sarah Champion, foram perseguidos e o problema ignorado. Relatórios subseqüentes estimam que 1.400 crianças foram vítimas desta rede, de 1997 até 2013.[51][52][53][54] No tratamento jornalístico posterior de acontecimentos semelhantes, deixou de ser usado o termo "gangs muçulmanas" ou "paquistanesas", substituído por "gangs asiáticas", um termo bastante lato e pouco preciso.[55][56] Uma associação Sikh insistiu que a mídia e os políticos deixassem de descrever as gangs da rede de Roterdã como "Asiáticos", dado o termo ser demasiado vago e deslustrar outras comunidades.[57]

Em 2008, dois evangelistas cristãos foram ameaçados de detenção por estarem supostamente cometendo o "crime de ódio", visto que evangelizavam numa área predominantemente muçulmana de Birmingham, no Reino Unido. De acordo com os dois homens, em Fevereiro, um policial disse-lhes que eles estavam em uma área muçulmana e que não era permitida a pregação da mensagem cristã ali: "Se voltarem aqui serão espancados."[58]

Ver também

Referências

  1. For definitions see:
  2. Friedman, Marilyn; Narveson, Jan (1995). Political correctness : for and against. Lanham: Rowman & Littlefield. ISBN 0847679861. Consultado em 31 de outubro de 2015 
  3. a b Kohl, Herbert (1992). «Uncommon Differences: On Political Correctness, Core Curriculum and Democracy in Education». The Lion and the Unicorn. 16 (1): 1–16. doi:10.1353/uni.0.0216. Consultado em 10 de novembro de 2015 
  4. a b c d Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Schultz-1993a
  5. a b Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Charles-Wartella
  6. a b c Roberts, Peter (1997). «Paulo Freire and political correctness». Educational Philosophy and Theory: Incorporating ACCESS. 29 (2). doi:10.1111/j.1469-5812.1997.tb00022.x 
  7. Duignan, Peter; Gann, L.H. (1995). Political correctness. Stanford, [Calif.]: Hoover Institution – Stanford University. ISBN 0817937439. Consultado em 25 de outubro de 2015 
  8. Hughes, Geoffrey (2011). «Origins of the Phrase». Political Correctness: A History of Semantics and Culture. [S.l.]: John Wiley & Sons. "1975 – Peter Fuller". ISBN 978-1444360295 
  9. Bernstein, Richard (28 de outubro de 1990). «Ideas & Trends: The Rising Hegemony of the Politically Correct». The New York Times 
  10. McFadden, Robert D. (5 de maio de 1991). «Political Correctness: New Bias Test?». The New York Times 
  11. Berman, edited by Paul (1992). Debating P.C. : the controversy over political correctness on college campuses. [S.l.: s.n.] p. Introduction. ISBN 0307801780 
  12. Heteren, Annette Gomis van (1997). Political correctness in context : the PC controversy in America. Almeria: Universidad de Almería, Servicio de Publicaciones. p. 148. ISBN 8482400835 
  13. Smith, Dorothy E. (1999). Writing the social : critique, theory, and investigations Repr. ed. Toronto (Ont.): University of Toronto press. p. 175. ISBN 0802081355. Consultado em 22 de outubro de 2015 
  14. Schwartz, Howard S. (1997). «Psychodynamics of Political Correctness». Journal of Applied Behavioral Science. 33 (2): 133–49. Consultado em 21 de outubro de 2015 
  15. Bellow, Allan Bloom ; foreword by Saul (1988). The closing of the American mind 1st Touchstone ed. New York: Simon and Schuster. ISBN 0671657151 
  16. Robinson, Sally (2000). Marked men white masculinity in crisis. New York: Columbia University Press. pp. 17, 55–86. ISBN 023150036X 
  17. a b c Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Wilson
  18. Kimball, Roger (1990). Tenured radicals : how politics has corrupted our higher education 1st ed. New York: Harper & Row – Originally from The University of Michigan. ISBN 0060161906 
  19. D'Souza, Dinesh (1991). Illiberal education : the politics of race and sex on campus. New York: Free Press. ISBN 0684863847. Consultado em 20 de novembro de 2015 
  20. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Messer–Davidow
  21. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome WilsonConservativeCorrectness
  22. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome DonWilliams
  23. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Krugman
  24. Kaufman, Scott Barry (20 de novembro de 2016). «The Personality of Political Correctness; The idea of political correctness is central to the culture wars of American politics». blogs.scientificamerican.com. Scientific American. Consultado em 2 de dezembro de 2016 
  25. James Wilson, Suprema Corte dos Estados Unidos comentou: "Os estados, e não o Povo, por quem os Estados existem, são frequentemente os objetos que atraem e prendem nossa principal atenção... Sentimentos e expressões desse tipo impreciso prevalecem em nossa linguagem comum, mesmo em nossa convivência. Será solicitado um brinde? "Os Estados Unidos", em vez do "povo dos Estados Unidos", é o brinde dado. Isso não é politicamente correto." Chisholm v. Georgia, 2 U.S. (2 Dall.) 419 (1793) Findlaw.com – Accessed 6 February 2007.
  26. Exemplos:
    • 18 August 1804. «(London) Courier». p. 2. Em seu trabalho na segunda-feira [...] você ofereceu algumas observações aos seus leitores, que evidentemente estavam bem intencionadas, embora não fossem politicamente corretas 
    • «Australian Mail And New Zealand Express». newspaperarchive.com. 15 de junho de 1861. Consultado em 29 de novembro de 2015. Chamar de "uma nova colônia" é apenas politicamente correto - o estresse está na palavra "colônia". 
  27. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome books.google.com.br
  28. Marcelo Coelho. «Politicamente fascista» 
  29. Di Carlo, Josnei; Kamradt, João (2018). «Bolsonaro e a cultura do politicamente incorreto na política brasileira». Teoria e Cultura 
  30. Richard Feldstein. «Political correctness: a response from the cultural Left» 
  31. «Politicamente fascista». Conteúdo Livre 
  32. Joseph Paul Cortese. «Opposing Hate-Speech» 
  33. John K. Wilson. «Patriotic Correctness» 
  34. Cummings, Michael S. (2001). Beyond Political Correctness: Social Transformation in the United States. [S.l.]: Lynne Rienner Publishers, (em inglês), pág. 01. ISBN 9781588260062  Adicionado em 8 de setembro de 2019.
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  37. «The politically incorrect guide to American history» 
  38. El Clarín. «Un libro brasileño sostiene que Evita tenía bienes robados por los nazis a los judíos» 
  39. Maria L. Prado. «Lombroso oculto Livro sobre 'falsos heróis latino-americanos' usa simplificações oportunas, omissões e interpretações discutíveis, avalia professora». Estadão 
  40. Sylvia Colombo. «Livro reflete ignorância brasileira sobre a América Latina» 
  41. «US Domestic extremist groups» (PDF). Arquivado do original (PDF) em 9 de julho de 2010 
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  49. Vejapontocom (23 de maio de 2012). «O efeito do politicamente correto no Brasil». YouTube. Consultado em 9 de setembro de 2019 
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  51. Blincoe, Nicholas (24 de Março de 2016). «Rotherham whistleblower explains why sex abuse ring was covered up (A denunciante de Rotherham explica porque a rede de abuso sexual foi encoberta)». The Telegraph 
  52. Johnson, Becky (26 de Agosto de 2014). «'Horrific' Cases Of Child Abuse In Rotherham -Rotherham Council's leader quits after a highly critical report finds officials failed to protect 1,400 children over 16 years.». SkyNews 
  53. Almeida, Marina (27 de Agosto de 2014). «Relatório denuncia 1400 abusos sexuais durante 16 anos». Diário de Notícias 
  54. Novais, Vera (27 de Agosto de 2014). «Mais de 1.400 crianças vítimas de abuso em cidade inglesa». Observador 
  55. Zaidi, Zehra (19 de Agosto de 2017). «Zehra Zaidi: As a Muslim woman activist, I will speak out about some Pakistani men and child abuse». ConservativeHome 
  56. Parsons, Martin (11 de Agosto de 2017). «It's a slur to label these grooming gangs "Asian" – they're Pakistani and Muslim». ConservativeHome 
  57. Dearden, Lizzie (28 de Fevereiro de 2016). «Sikh group calls for politicians and media to stop using term 'Asian' to describe Rotherham grooming gang - Four of six people convicted in the Rotherham case were of Pakistani heritage.». Independent 
  58. Harrison, David (25 de Agosto de 2017). «Christian preachers face arrest in Birmingham -A police community support officer ordered two Christian preachers to stop handing out gospel leaflets in a predominantly Muslim area of Birmingham.». The Telegraph 

Ligações externas