Linha do Norte
|
|
|
|
|
|
332,239
|
V. N. de Gaia (Devesas)
|
|
|
× Vª Eng. E. Cardoso
|
|
|
|
|
|
× R. Machado Santos
|
|
330,943
|
Coimbrões
|
|
|
× A1
|
|
|
× R. Entre-Muros
|
|
|
|
|
329,979
|
Desvio da Madalena
|
|
|
× R. Pitada
|
|
329,319
|
Madalena
|
|
|
× R. Apeadeiro
|
|
|
× R. Ant.º F. Sousa
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Fáb. Cerâmicas Valadares
|
|
|
327,800
|
Valadares
|
|
|
× R. J. M. C. Portugal
|
|
|
× R. Medeiros
|
|
|
|
|
|
|
|
|
× Av. Francelos
|
|
|
|
|
325,365
|
Francelos
|
|
|
× R. Pedras
|
|
|
× R. Moutadas
|
|
|
× Av. V. Gama
|
|
323,815
|
Miramar
|
|
|
× R. N. Mira
|
|
|
× R. Redondelo
|
|
322,500
|
ZN Aguda
|
|
|
× Av. P. Aguda ∥ Av. S. Cabral ∥ R. Ervideiro
|
|
|
× R. Caçadores
|
|
321,808
|
Aguda
|
|
|
× R. J. Correia
|
|
|
× R. Eirado
|
|
|
× R. J. R. Melo
|
|
|
320,394
|
Granja
|
|
|
× R. Praia Nova
|
|
|
|
|
|
× R. M. Vento
|
|
|
× acesso ped. praia
|
|
|
× acesso ped. praia
|
|
|
× R. 66
|
|
|
|
|
|
|
|
|
(traç. ant.)
|
|
|
Espinho(est. ant.)
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
021,810
|
Alverca
|
|
|
|
021,165
|
|
|
020,511
|
|
|
|
Flyover da Póvoa
|
|
|
|
|
|
|
|
|
× R. Lezírias
|
|
017,470
|
Póvoa
|
|
016,928
|
Sodapóvoa
|
|
|
pass. aérea
|
|
|
|
|
|
× IC2
|
|
014,904
|
Santa Iria
|
|
|
× EN 10 ⇄ IC2
|
|
|
pass. aérea
|
|
|
|
|
013,843
|
Bobadela Norte
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Flyover da Bobabela
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Interface da Bobadela
|
|
|
× Canal da Bobadela
|
|
11,013
|
Bobadela
|
|
010,438
|
Bobadela Sul
|
|
|
× ponte particular Galp
|
|
|
|
|
|
pass. aérea
|
|
|
× acesso IC2 → EN 10
|
|
|
× acesso EN 10 → IC2
|
|
|
× Rio Trancão
|
|
|
× R. D. J. Morais
|
|
009,625
|
Sacavém
|
|
|
Sacavém-Louças
|
|
|
Linha de Sacavém
|
|
|
→ Porto de Lisboa
|
|
|
× Av. Inf. D. Henrique (= IC2)
|
|
|
× acesso IC2
|
|
|
× Ponte Vasco da Gama
|
|
|
× Av. Peregrinação
|
|
|
pass. aérea
|
|
7,644
|
Moscavide
|
|
|
× Av. Boa Esperança / R. J. P. Ribeiro
|
|
|
|
|
006,800
|
Olivais
|
|
|
|
|
|
|
|
A Linha do Norte é a principal ligação ferroviária em Portugal, tendo a sua construção e evolução passado por várias fases; as obras iniciaram-se em 17 de Setembro de 1853, e a inauguração teve lugar no dia 5 de Novembro de 1877.
História
Século XIX
Antecedentes
No Século XIX, as vias de comunicação em Portugal revelaram-se muito deficientes, especialmente as rodoviárias; o principal meio de transporte era a navegação, efectuada ao longo da costa, e pelos rios.[1] Assim, durante o governo de António Bernardo da Costa Cabral, iniciaram-se os primeiros esforços para a implementação do transporte ferroviário.[2] Em Agosto de 1844, Benjamim de Oliveira sugere a construção, com capitais britânicos, de um caminho de ferro entre Lisboa e o Porto; este projecto, foi, no entanto, recusado, porque se pensava que uma ligação ferroviária entre Lisboa e Alcácer do Sal era mais necessária, e seria mais lucrativa.[2] Em Dezembro desse ano, foi formada, por iniciativa de José Bernardo da Costa Cabral, a Companhia das Obras Públicas; um dos objectivos desta empresa era unir, por via férrea, Lisboa a Espanha e à rede ferroviária europeia, e de construir, na capital portuguesa, um grande cais para navios transatlânticos.[2] Este projecto, lançado por iniciativa de D. Luís I, estabelecia que os passageiros seriam transportados de comboio de toda a Europa até Lisboa, aonde poderiam embarcar em navios com destino às Américas.[2]
Em 19 de Abril de 1845, o governo português assinou um contrato com a Companhia das Obras Públicas, para a construção e aperfeiçoamento de várias infra-estruturas de comunicação no interior do país; uma das cláusulas referia-se, especificamente, à implementação de uma ligação ferroviária entre Lisboa e a fronteira com Espanha.[3] No entanto, os conflitos políticos que se fizeram sentir no ano seguinte impediram a concretização deste projecto; após o regresso a uma situação mais calma, o interesse por esta ligação ferroviária voltou a aumentar, tendo um empresário inglês, Hardy Hislop, apresentado uma proposta para este caminho de ferro, que implicava a ligação a Espanha através de Badajoz, passando por Santarém.[4] O governo nomeou, em 18 de Julho de 1851, uma comissão para analisar este projecto, que elaborou, em 20 de Outubro do mesmo ano, as bases para o concurso do troço entre Lisboa e Santarém.[5]
Construção do troço até ao Carregado
Este concurso, organizado pelo então ministro da Fazenda, Fontes Pereira de Melo, teve lugar entre 6 de Maio e 31 de Julho de 1852; a obra foi atribuída, de forma provisória, à Companhia Central e Peninsular dos Caminhos de Ferro em Portugal, representada por Hardy Hislop, com uma garantia de juro de 6%.[5] Em 30 de Agosto do mesmo ano, foi criado o Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria, que veio trazer um grande impulso aos projectos de desenvolvimento nacional, como os transportes ferroviários.[5] Em 9 de Dezembro, Hardy Hislop apresentou ao governo o plano do engenheiro Rumball para o traçado entre Lisboa e Santarém, que partia do Largo do Intendente, com um ramal entre Chelas e Xabregas, para dar ligação ao porto fluvial; em 3 de Fevereiro de 1853, este projecto foi aprovado, tendo o ponto de partida sido alterado para o Cais dos Soldados.[5] Apesar da oposição do engenheiro White, que previu, desde logo, as dificuldades que iriam surgir mais tarde em expandir a estação, devido à falta de espaço sentida naquele local, o governo insistiu em colocar ali a estação, tendo assinado o contracto definitivo em 11 de Maio, que foi legalizado em 18 de Agosto; as normas a aplicar na fiscalização da construção foram decretadas em 5 de Setembro, e as obras iniciaram-se no dia 17 do mesmo mês, pelos empreiteiros Shaw & Waring, sediados em Londres.[5]
No entanto, em 5 de Setembro de 1855, as obras foram suspensas devido a conflitos entre a Companhia Peninsular e os empreiteiros, tendo o governo tomado conta das obras logo no dia seguinte.[5] Em Janeiro de 1856, chega a Portugal B. Wattier, professor da Escola de Engenharia de Paris[6], com o objectivo de dirigir as obras, função que principia em 7 de Fevereiro, assistido pelos engenheiros Margiochi e Gromicho Couceiro.[5] O trajecto para o Caminho de Ferro do Leste, lavrado pelo engenheiro Joaquim Nunes de Aguiar, e aprovado por Wattier, preconizava a passagem ao sul de Santarém, junto à Ponte da Asseca, relegando a travessia do Rio Tejo para Constância; o traçado após o Entroncamento foi elaborado por Wattier, passando por Coimbra, mas sem chegar ao Porto, porque, naquela altura, ainda não se havia decidido aonde colocar a Estação naquela cidade.[7]
Em Maio, são efectuados, por ordem do governo, vários estudos, sobre a construção dos troços até Espanha e ao Porto, devendo o caminho de ferro até esta cidade ser construído como um prolongamento da estrada real até Coimbra[8]; parte da linha já construída foi visitada, a 24 de Agosto desse ano, por D. Pedro V, que foi um dos maiores defensores deste meio de transporte. Entretanto, o governo português tentou chegar a acordo com os empreiteiros, sem o ter conseguido; adiantou, assim, em 28 de Agosto, 460.000$000 a esta companhia, usando como penhor as acções que detinha em carteira.[5] O troço até ao Carregado foi, assim, inaugurado em 28 de Outubro de 1856[5], com uma bitola de via de 1,45 metros[9], e aberto à exploração no dia seguinte, para passageiros; os serviços de mercadorias só se iniciaram em 1 de Novembro de 1858.[6] A construção do primeiro troço desta linha, que chegou a empregar 3000 obreiros, trouxe vários problemas financeiros e técnicos, como a transposição do Rio de Sacavém (actual Rio Trancão)[6]. Pelo facto da Estação Ferroviária de Santa Apolónia ainda não estar concluída, foi utilizada uma interface provisória junto ao Palácio de Coimbra.[10]
Troço entre o Carregado e Vila Nova de Gaia
Após a ligação até ao Carregado ter sido concluída, e apesar do apoio financeiro do estado, a instabilidade da empresa concessionária gerava vários problemas, sofrendo as obras e os estudos várias interrupções; assim, verificou-se impossível a meta estabelecida no contrato, de chegar até Santarém em Setembro de 1857.[5] O governo rescindiu, assim, o contrato com a Companhia, e centrou-se na construção da ligação até à margem sul do Rio Douro, junto à cidade do Porto; negociou, assim, em Abril de 1857, com o engenheiro e empresário inglês Samuel Morton Peto, que já tinha efectuado vários projectos ferroviários na América do Norte e no Reino Unido. Morton Peto seria o empreiteiro, enquanto que a direcção da Companhia seria assegurada pelo engenheiro João Crisóstomo de Abreu e Sousa, por parte do governo.[5] No dia 14 de Abril, o projecto de construção da futura Linha do Norte foi discutido nas Cortes, tendo-se decidido que a construção da ligação ferroviária ao Porto seria dividida em duas fases; inicialmente, deveria ser concretizada a união entre Lisboa a Santarém e Coimbra, a partir do Carregado, e a segunda fase contemplaria a ligação entre Coimbra e a cidade do Porto, com a construção de uma ponte sobre o Rio Douro.[8]
O contracto definitivo foi assinado em 29 de Agosto, comprometendo-se Morton Peto a criar uma nova companhia, que seria subsidiada pelo estado português em 5500 libras por quilómetro, e que substituiria a Companhia Central e Peninsular dos Caminhos de Ferro em Portugal.[5] Nesse dia, foi publicado um decreto, que ordenou que o troço entre Santarém e o Porto passasse pelas localidades de Atalaia, Tomar, Pombal, Coimbra, Pampilhosa e Avelãs; a estação ferroviária do Porto deveria ser construída na margem Sul do Rio Douro[11], sendo o acesso à cidade assegurado com a construção de uma ponte.[12] Apesar das várias dificuldades encontradas, as obras foram prosseguindo, tendo o troço até Virtudes sido aberto à exploração no dia 31 de Julho de 1857, até à Ponte de Santana em 28 de Abril do ano seguinte, e à Ponte de Asseca em 29 de Junho.[9]
No entanto, continuaram os problemas de construção, tendo Morton Peto chegado a considerar construir, por sua própria conta e em 3 anos, os troços entre Pombal e Vila Nova de Gaia e a ligação até Tomar, deixando apenas por construir o troço entre Tomar e Pombal, que seria assegurado pela sua companhia, quando estivesse formada.[5] Apesar do prazo para a criação desta companhia ter sido, segundo uma portaria de 13 de Abril, alargado até 31 de Maio de 1859, todos os seus esforços revelaram-se infrutíferos, tendo o contrato sido anulado em 6 de Junho.[5]
O governo contratou, assim, de forma provisória, em 30 de Julho, o empresário espanhol José de Salamanca y Mayol, que, tal como Morton Peto, já tinha concluído vários projectos ferroviários no estrangeiro; este contrato estabelecia a concessão de um subsídio quilométrico de 4.500 libras para a construção do Caminho de Ferro do Leste, e de 5.400 libras para o do Norte.[9] No mesmo dia, abriu-se um concurso para estes projectos, que foi encerrado em 12 de Setembro; neste dia, foi assinado o contrato definitivo com José de Salamanca, que foi o único participante deste concurso.[9] Este formou, assim, a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses tendo como objectivo construir e explorar as Linhas do Leste e Norte.[9] A 14 de Setembro de 1859, foi redigido um novo contrato, que estabeleceu que a ligação ferroviária ao Porto deveria partir da Ponte da Pedra ou de outro ponto próximo da Linha do Leste, e terminar dentro da cidade do Porto; a construção deste troço, oficialmente denominado como Linha do Norte, não deveria ter uma duração superior a 5 anos.[12] No dia 10 de Novembro de 1860, o governo aprovou a escritura pública, e o trespasse da concessão para José de Salamanca e a Companhia Real[13], e, devido a alterações no contrato assinado em 14 de Setembro, foi lavrado um novo contrato em 20 de Dezembro de 1860[10]; este documento estabelecia que o troço já construído, entre Lisboa e Ponte da Asseca, deveria ser adquirido pela Companhia, e a bitola alterada de 1,45 para 1,67 metros.[14] O empreiteiro que, até esta data, tinha sido responsável pela exploração neste troço, reclamou deste acto, mas sem sucesso.[14]
Após um largo período de estagnação, a formação desta Companhia trouxe um novo impulso aos projectos ferroviários, tendo sido edificada a Estação Ferroviária de Lisboa-Santa Apolónia, alargada a bitola no troço já concluído, e retomados os trabalhos de construção da linha; assim, o Caminho de Ferro do Leste chegou até Santarém em 1 de Julho de 1861, Abrantes em 7 de Novembro do ano seguinte, e a fronteira com Espanha em 24 de Setembro de 1863.[9] Na Linha do Norte, a frente de obras avançou em duas frentes, a partir de Vila Nova de Gaia para Sul, atingindo Estarreja em 8 de Julho de 1863 e Taveiro em 10 de Abril de 1864; a outra frente, a partir do Entroncamento, chegou a Soure em 22 de Maio do mesmo ano, e a Taveiro em 7 de Julho, concluindo a Linha do Norte, só faltando a quinta e última secção, que respeitava à passagem do Rio Douro.[9] Os lucros de exploração nesta linha revelaram-se, inicialmente, abaixo do esperado, com a maior parte do tráfego efectuado no regime de pequena velocidade[15]; uma das principais razões para este resultado foi a falta de ligações rodoviárias até às estações, que só foram totalmente construídas em 1872.[16]
Travessia do Rio Douro
No dia 25 de Junho de 1865, a Companhia Real assumiu a exploração, que até aí se encontrava no poder de José de Salamanca.[9] Num acordo, feito em em 27 de Novembro, foi sugerida a localização da futura Estação do Porto junto ao Mosteiro de São Bento de Avé-Maria; no entanto, a lei que autorizou este acordo, em 2 de Março do ano seguinte, ordenou que fosse construída no Campo do Cirne, nas proximidades do Prado do Repouso.[9] Simultaneamente, formou-se uma terceira corrente de opinião, defendendo a Variante do Seminário, que a atravessava o Rio mais a montante.[9] De acordo com a lei assinada em 1866, a Companhia Real estudou a implantação de uma estação de mercadorias na margem esquerda, e o atravessamento do Rio Douro, tendo este projecto sido aprovado em 1869; no entanto, as já inseguras condições da Companhia ficaram ainda mais deterioradas por uma crise económica em 1868, e as relações com José de Salamanca eram cada vez mais tensas, atingindo o seu auge em 1872, quando este se recusou a construir a última secção da Linha do Norte, tendo a Companhia sido intimada pelo Estado, segundo a lei de 1866.[9]
Um novo director foi, então, nomeado para a Companhia Real, o engenheiro Manuel Afonso de Espregueira, com o propósito de concluir a construção desta secção da Linha do Norte; para tal, apresentou um projecto elaborado pelo chefe de construção, o engenheiro Pedro Inácio Lopes, que propunha a construção de uma ponte entre a Serra do Pilar e o Monte do Seminário, permitindo um traçado mais adequado para ser ligado às Linhas do Minho e Douro.[9] O governo aceitou este plano, e submeteu-o às Cortes em 5 de Fevereiro de 1873, tendo sido aprovado no dia 18 do mesmo mês; no entanto, só em 26 de Fevereiro de 1875[9] é que foi legalizado, após várias alterações, tendo o contrato sido elaborado em 6 de Março do mesmo ano.[17] Devido à aprovação deste plano, parte das obras do projecto anterior, que já se tinham iniciado, foram abandonadas, tendo ainda sido abertos cerca de 3000 metros de via, entre Gaia e Gervide, e um túnel na Serra do Pilar, com 450 metros de comprimento.[17] Entretanto, desde 5 de Janeiro de 1875 que se tinham iniciado a preparação para as obras da ponte, que tinham sido entregues, por concurso, a Gustave Eiffel; a montagem da ponte terminou no dia 28 de Outubro de 1877, tendo a inauguração tido lugar em 5 de Novembro do mesmo ano.[17]
Evolução dos serviços e duplicação da via
Em 1882, começam a circular, entre Lisboa e Madrid, comboios rápidos de passageiros, e, no ano de 1887, iniciou-se o serviço Sud Express, entre Lisboa e Calais, em França.[4]
O primeiro troço a ser duplicado, entre Lisboa e o Entroncamento, foi aberto à exploração no dia 8 de Abril de 1893.
Projecto da ligação entre Santa Apolónia e a Linha de Cascais
Em 1870, o engenheiro M. A. Thomé de Gamond propôs a instalação, em Lisboa, de um grande porto marítimo, e uma ligação ferroviária entre Lisboa e Colares, passando por Cascais e Sintra; este projecto defendia que o caminho de ferro deveria sair da Linha do Norte no Embarcadouro de Leste, junto ao Novo Porto, continuar até à Praça do Comércio, aonde seria edificada uma estação, e continuar até Sintra, com várias estações no caminho.[18] Este projecto é retomado com o Plano Geral das Obras, publicando em 1874, e uma comissão para o seu estudo é formada em 16 de Março de 1883; o engenheiro Pedro Inácio Lopes defendeu, junto da Associação dos Engenheiros Civis, em 1888, a construção de uma ligação ferroviária, de características urbanas, entre a Estação Ferroviária de Lisboa-Santa Apolónia e Alcântara, aonde se iria ligar à Linha de Cascais, que já se encontrava em construção entre Alcântara e Cascais.[18] No entanto, este projecto não foi construído, devido a problemas técnicos na passagem do Dique do Arsenal, e receios que a linha degradasse a estética da Praça do Comércio.[18]
Século XX
Em Janeiro de 1902, todo o traçado estava equipado com carris de 40 quilogramas por metro, excepto no troço entre Pampilhosa e o Porto[19]; no mês seguinte, chegou uma remessa de carris da casa Ougrée-Marihaye, para renovar as vias neste troço, e continuar a construção de uma segunda via entre Vila Nova de Gaia e Espinho.[20] Antes da renovação, os carris utilizados apresentavam cerca de 30 quilogramas de peso.[21] Neste ano, previa-se a instalação, nesta Linha, de um apeadeiro entre a Estação Ferroviária de Cacia e o Apeadeiro de Estarreja, para servir a localidade de Canelas, no Concelho de Estarreja.[22]
A via dupla foi inaugurada de Vila Nova de Gaia até Espinho em 15 de Abril de 1905, Estarreja em 26 de Novembro de 1906, e até Aveiro em 17 de Maio de 1907; Alfarelos a Coimbra-B em 24 de Outubro de 1908, Albergaria a Pombal em 13 de Maio de 1910, Alfarelos até Pombal em 14 de Outubro de 1911, da Pampilhosa à Mealhada em 11 de Dezembro de 1915 e até Mogofores em 8 de Julho de 1915, Coimbra-B à Pampilhosa no dia 30 de Abril de 1925, Entroncamento a Paialvo em 15 de Junho de 1927 e até Chão de Maçãs em 5 de Julho do mesmo ano, Mogofores a Oliveira do Bairro no dia 14 de Maio de 1929, e até Aveiro em 20 de Maio do ano seguinte.[17]
A Ponte de São João entrou ao serviço em 1992.[23]
Em 1993, o recorde de velocidade ferroviária em Portugal foi atingido entre as Estações de Espinho e Avanca; a composição, formada pela locomotiva número 5601, da Série 5600, e 3 carruagens Corail, tendo uma delas sido adaptada para um laboratório, atingiu uma velocidade 220 km/h. Devido ao facto de, neste troço, a velocidade máxima ser de apenas 140 km/h, foram levadas a cabo várias obras na via e na catenária, de modo a se se proceder a este teste.[24]
Século XXI
Em Janeiro de 2011, chuvas fortes e falta de protecções junto à via férrea provocaram dois deslizamentos de terras junto ao Apeadeiro de Coimbrões, no Concelho de Vila Nova de Gaia, que condicionaram a circulação ferroviária em ambas as direcções, durante várias horas.[25]
Referências
- ↑ Martins et al, 1996:8
- ↑ a b c d Martins et al, 1996:11
- ↑ Torres, 1958:9
- ↑ a b Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006, 2006:12
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n Torres, 1958:10
- ↑ a b c Viegas (1988), p. 61
- ↑ Martins et al, 1996:16
- ↑ a b Viegas (1988), p. 59
- ↑ a b c d e f g h i j k l m Torres,1925:11
- ↑ a b Martins et al, 1996:15
- ↑ Viegas (1988), p. 59, 60
- ↑ a b Viegas (1988), p. 60
- ↑ Martins et al, 1996:17
- ↑ a b Martins et al, 1996:18
- ↑ Martins et al, 1996:19
- ↑ Martins et al, 1996:20
- ↑ a b c d Torres,1958:12
- ↑ a b c Martins et al, 1996:29
- ↑ «Linhas Portuguezas». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (338). 26 páginas. 16 de Janeiro de 1902
- ↑ «Linhas Portuguezas». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (339). 42 páginas. 1 de Fevereiro de 1902
- ↑ «Orçamento da Companhia Real». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (340). 51 páginas. 16 de Fevereiro de 1902
- ↑ «Linhas Portuguezas». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (341). 1 de Março de 1902. 75 páginas
- ↑ 100 Obras de Arquitectura Civil no Século XX, 2000:111
- ↑ «252 y 5600: Automotoras de Alta Velocidad». Madrid: Resistor, S. A. Maquetren (em espanhol). 2 (18): 37, 39 1993
- ↑ FERNANDES, Sandra (9 de Janeiro de 2011). «Linha do Norte cortada, acidentes, cheias e tornado». Controlinveste Media SGPS, S. A. Jornal de Notícias. 123 (222). 14 páginas. ISSN 0874-1352 ID 0874-1352
Bibliografia
- CP-Comboios de Portugal (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. [S.l.]: Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X
- MARTINS, João Paulo, BRION, Madalena, SOUSA, Miguel de, LEVY, Maurício, AMORIM, Óscar (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. [S.l.]: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas
- VIEGAS, Francisco José (1988). Comboios Portugueses. Um Guia Sentimental. Lisboa: Círculo de Editores. 185 páginas
- TORRES, Carlos Manitto (1 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1681): 9, 12
- 100 Obras de Arquitectura Civil no Século XX. Portugal. Lisboa: Ordem dos Engenheiros. 2000. 286 páginas. ISBN 972-97231-7-6