Muxe

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Nas culturas indígenas zapotecas de diversas cidades do Istmo de Tehuantepec, localizadas no estado de Oaxaca (sul do México), muxe, muxhe ou mushe (BAENA, 2022; LANA, 2022)[1] é uma identidade de gênero que se refere a um indivíduo que nasceu com o sexo biológico masculino e foi designada como homem ao nascer, mas que não se submete às funções sociais direcionadas aos homens. Esse indivíduo auto afirma-se como muxe em algum momento da sua vida, seja durante a infância ou mesmo na vida adulta, ou, por vezes, “recebeu uma educação familiar para assumir essa função e se prestar às atividades de cuidados quando chega a velhice dos pais” (BAENA, 2022; LANA, 2022).[2] Segundo a doutora em filosofia Viviane Bagiotto Botton, “o que faz esses indivíduos serem muxes é mais a ausência de características comportamentais e/ou sexuais hegemonicamente heterossexuais e menos alguma característica que os une” (BOTTON, 2017)[3]. Estes indivíduos "podem transitar entre os universos feminino e masculino, adotando ou não as vestimentas femininas em seu cotidiano" (BAENA, 2022; LANA, 2022)[4]. É muitas vezes visto como um gênero não-ocidental ou terceiro gênero.
Muxes não necessariamente precisam manter o pênis até o final de suas vidas, apenas ter nascido com ele e ter assumido publicamente algum papel comumente atribuído às mulheres na cultura zapoteca. Esse ato pode ocorrer através do uso de roupas femininas, da homossexualidade - seja em relações sexuais ou afetivas com outros homens - ou assumindo transitória ou definitivamente a identidade de mulher (BOTTON, 2017)[5].
Além disso, para ser muxe, é preciso que se sigam alguns costumes tradicionais dessas comunidades onde vivem, como celebrações comunitárias e festivais. De acordo com o antropólogo Lynn Stephen, muxes "podem fazer certos tipos de trabalhos femininos, tais como bordados ou decorações caseiras, mas outras fazem o trabalho masculino de confecção de joias. Muitas agora tem trabalhos braçais e estão envolvidas em política"[6], como é o caso de Amaranta Gómez Regalado.
Referências
- ↑ «Gêneros do Istmo: entre Méxicos, mulheres e muxes». Consultado em 10 de setembro de 2025
- ↑ «Gêneros do Istmo:entre Méxicos, mulheres e muxes». Consultado em 10 de setembro de 2025
- ↑ «Muxes: gênero e subjetivação, entre a tradição e as novidades». 19 de setembro de 2017. Consultado em 10 de setembro de 2025
- ↑ «Gêneros do Istmo:entre Méxicos, mulheres e muxes». Consultado em 10 de setembro de 2025
- ↑ «Muxes: gênero e subjetivação, entre a tradição e as novidades». 19 de setembro de 2017. Consultado em 10 de setembro de 2025
- ↑ Ibid.
Leitura adicional
[editar | editar código]- Roscoe, Will (1998). Changing Ones: Third and Fourth Genders in Native North America. New York: St. Martin’s Press.
- Lacey, Marc "A Lifestyle Distinct: The Muxe of Mexico" The New York Times, 7 de dezembro de 2008
