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Travesti (identidade de gênero): diferenças entre revisões

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===Aspectos históricos===
===Aspectos históricos===
Apesar de no senso comum muitas vezes se considerar que as travestis pertencem a um contexto da sociedade moderna, amparada pela visilibidade recente, incluindo o início dos estudos pela sociedade ocidental no século XX, considera-se informações sobre culturas milenares onde há relatos de pessoas vivendo uma identidade de gênero diferente do sexo biológico. O [[Kama Sutra]], escrito em datas que apontam para um período entre 1500 [[a.C.]] e 600 [[d.C.]], mencionam relações masculinas e femininas de pessoas do "terceiro sexo" (tritiya prakriti). [[Hijra]]s, [[Eunuco]]s e uma variedade de termos podem se referir a pessoas de outras culturas milenares que viveram e vivem entre a travestibilidade e transexualidade de acordo com os termos ocidentais.
Apesar de no senso comum muitas vezes se considerar que as travestis pertencem a um contexto da sociedade moderna, amparada pela visilibidade recente, incluindo o início dos estudos pela sociedade ocidental no século XX, considera-se informações sobre culturas milenares onde há relatos de pessoas vivendo uma identidade de gênero diferente do sexo biológico. O [[Kama Sutra]], escrito em datas que apontam para um período entre 1500 [[a.C.]] e 600 [[d.C.]], mencionam relações masculinas e femininas de pessoas do "terceiro sexo" (tritiya prakriti). [[Hijra]]s, [[Eunuco]]s e uma variedade de termos podem se referir a pessoas de outras culturas milenares que viveram e vivem entre a travestibilidade e transexualidade de acordo com os termos ocidentais. Na foto ao lado, Everton Vieceli, um dos mais conhecidos travestis de Videira, SC. Diz se sentir muito feliz com sua homossexualidade, que não se importa com preconceitos, e prefere ser notado do que esquecido, principalmente por homens.


===Diferenças entre transexual e travesti===
===Diferenças entre transexual e travesti===

Revisão das 12h14min de 6 de novembro de 2009

Travesti ou eonista era originalmente alguém que se vestia com roupas do sexo oposto para se apresentar em shows e espetáculos, mas essa prática passou a designar hoje em dia principalmente os transgêneros, que após adquirirem formas femininas através de hormônios femininos ou perigosas injeções de silicone industrial[1], muitas vezes são empurrados à prostituição por falta de oportunidades no mercado de trabalho formal, devido a preconceito.

Origem do termo travesti

O termo travesti tem origem na língua francesa. Travestie referia-se à forma de se vestir em casas de espetáculos na França onde mulheres se apresentavam com roupas pequenas e provocantes a partir do século XV. Na língua inglesa o termo preferido é transvestite que foi cunhado a partir dos estudos do sexologista alemão, Dr. Magnus Hirschfeld, que publicou a obra Die Transvestiten em 1925.[2]

Considerações sobre a travestilidade

Jovem travesti.

O termo travesti hoje em dia se refere principalmente à pessoa que apresenta sua identidade de gênero oposta ao sexo designado no nascimento, mas que não almeja se submeter à Cirurgia de Redesignação Sexual - CRS.

Travestilidade, enquanto transgeneridade, é uma condição identitária e não uma orientação sexual. Portanto, as pessoas que se autodenominam travestis podem se identificar como homossexuais, heterossexuais, bissexuais ou assexuais.

A palavra travesti é também utilizada (embora mais raramente) para identificar pessoas que vivem o seu género de forma oposta ao sexo designado no nascimento apenas em alguns períodos do seu dia-a-dia por diversas razões, algumas das quais não directamente relacionadas com identidade de género no seu sentido mais restrito, mas às suas profissões (como drag queens e transformistas).

Aspectos históricos

Apesar de no senso comum muitas vezes se considerar que as travestis pertencem a um contexto da sociedade moderna, amparada pela visilibidade recente, incluindo o início dos estudos pela sociedade ocidental no século XX, considera-se informações sobre culturas milenares onde há relatos de pessoas vivendo uma identidade de gênero diferente do sexo biológico. O Kama Sutra, escrito em datas que apontam para um período entre 1500 a.C. e 600 d.C., mencionam relações masculinas e femininas de pessoas do "terceiro sexo" (tritiya prakriti). Hijras, Eunucos e uma variedade de termos podem se referir a pessoas de outras culturas milenares que viveram e vivem entre a travestibilidade e transexualidade de acordo com os termos ocidentais. Na foto ao lado, Everton Vieceli, um dos mais conhecidos travestis de Videira, SC. Diz se sentir muito feliz com sua homossexualidade, que não se importa com preconceitos, e prefere ser notado do que esquecido, principalmente por homens.

Diferenças entre transexual e travesti

Travesti - no sentido fisiológico o travesti é um homem, mas se relaciona com o mundo como se fosse uma mulher: seu corpo é moldado com formas femininas, socialmente exerce o papel da mulher, mas na intimidade usa as vezes seu pênis em suas relações sexuais, masturbando-se quando passiva o que é mais comum ou quando o mesmo exerce o papel sexual ativo. Também a casos de travestis que sentem prazer apenas com a penetração anal, sendo assim não necessitando masturbar-se.

Na relação das patologias psiquiátricas consta o termo travestismo que é descrito na Classificação Internacional de Doenças da OMS (CID) por duas classificações patológicas: “travestismo fetichista” F65.1 e “transtornos múltiplos da preferência sexual” F65.6.[3] Há um segmento de pessoas que consideram que o sufixo “ismo”, nesse contexto, significa disfunção ou desvio, que não tendo cura através da medicina, só aumenta a dificuldade de ser travesti. Por não considerar essa patologia imposta, as travestis preferem o termo travestilidade como forma de suprimir o peso implícito de doença, vinculado à essa expressão a supressão do termo homossexualismo em benefício do termo homossexualidade, uma vez que o homossexualismo já não é mais classificado como doença pela OMS. Para a medicina, contudo, ser travesti ainda é sinônimo de ser portador de “transtorno de preferência sexual”.

A principal característica que permeia esse universo é abrigar num corpo masculino, o espírito e a mente femininos e possuir ainda genitália masculina, que não lhe traz nenhum constrangimento. As travestis podem viver sua sexualidade, incorporando em um mesmo corpo físico e mental, o masculino e o feminino, forma dúbia que pode estar expressa na sua própria aparência.

Transexual - o indivíduo transexual tem como característica principal o desejo constante e intenso de modificar seu sexo genital. Entende-se que uma pessoa transexual possui a genitália de determinado sexo (masculino ou feminino), porém, sua psique (mente) é oposta a ele. Sendo assim, o transexual de homem para mulher (MtF, Male to Female) é aquele que nasceu com a genitália masculina (pênis), mas sua psique é feminina. Ou seja, se de mulher para homem (FtM, Female to Male), temos uma pessoa que nasceu com a genitália feminina (vagina), mas sua psique é masculina, determinando que ela se perceba interna e externamente como um homem. As pessoas transexuais vivem grande parte de suas vidas (quando não toda ela) numa grande angústia interna, uma vez que têm a sensação de possuírem uma alma feminina ou masculina encarcerada num corpo físico oposto a tal realidade interna. Isso se traduz também numa angústia extrema, não compreendida cultural e socialmente, sendo muitas vezes até mesmo banalizada.

Portanto, a diferença entre travesti e transexual é identificada pelo fato de travesti não possuir a identidade sexual feminina, apesar de poder desempenhar papel sexual feminino. Um travesti se sente confortável com seu sexo genital e não expressa o desejo de alterá-lo. Por outro lado, uma mulher transexual possui a identidade sexual feminina, assim como a identidade de gênero e, portanto, na maioria dos casos, seu maior desejo é realizar a cirurgia de redesignação sexual, garantindo para si uma vida mais adequada, com maior conforto e felicidade.

Teorias psicológicas

Para se entender a travestilidade é interessante discorrer sobre a transexualidade. Esse termo surgiu na década de 1950 para designar uma pessoa que aspirasse realmente a viver no gênero anatomicamente contrário ao seu sexo biológico, independente do uso de hormônios e de mudanças cirúrgicas. Durante as décadas de 1960 e 1970, o termo "transexual" começou a seu usado para pessoas que, se acreditava então, viveriam melhor após uma cirurgia de redesignação de sexo, ao passo que o termo travesti passou a designar as pessoas que se identificam no sexo oposto, mas que não desejam a cirurgia. O termo "Síndrome de Disforia de Gênero" foi introduzido nessa época para designar a presença de um distúrbio de gênero; nessa linha foi introduzido o diagnóstico de transexualismo no DSM-III (Manual Diagnóstico e estatístico das Desordens Mentais) em 1980[4]. Em 1992, a Organização Mundial da Saúde removeu a homossexualidade da CID-10 (Classificação Internacional de Doenças), acontecendo o mesmo com o DSM-IV. No entendimento das teorias psicológicas modernas, travestis e transexuais, assim como os homossexuais, são dissociados dos distúrbios de desordem mental. Nesse ententimento, a travestibilidade e a transexualidade só podem ser entendidas como um transtorno mental se ela ocasionar um enorme sofrimento mental a essa pessoa. A travestibilidade (e também a transexualidade) permanece classficada na CID-10 pois em alguns casos são recomendados procedimentos médicos como tratamento hormonal e cirurgias plásticas estéticas que somente devem ser realizadas com acompanhamento médico.

Estudos da travestilidade e da transexualidade

Os estudos mais antigos indicam a freqüência da travestilidade e transexualidade masculina em 1 em 37 000 homens e 1 em 107 000 mulheres. Em estudo mais recente, realizado nos Países Baixos, os dados apontam para a freqüência de 1 em 11 900 homens e 1 em 30 400 mulheres[5][6]. Há predominância no sexo biológico masculino. Em outro estudo, realizado na Escócia, em 1999, foi verificada uma prevalência de 8,18 em 100.000, com uma relação homem/mulher igual a 4/1[7]. Em crianças, num levantamento em uma clínica psiquiátrica canadense, de 1978 a 1995, encontraram-se 275 transexuais, com uma relação meninos/meninas igual a 6,1/1.

Travestilidade na sociedade moderna

A prostituição entra no cotidiano de muitos transgêneros em virtude do preconceito e do estigma imputado pela sociedade, que não lhes abre as portas, em virtude da incompreensão à sua condição, e os marginaliza, restringindo-os a guetos e ignorando que eles têm as mesmas necessidades sociais dos outros cidadãos. Com a intenção de mudar isso, a palavra travesti, já muito estigmatizada em virtude de estar relacionada à prática da prostituição e com forte apelo erótico e fetichista, vem paulatinamente sendo substituída por transgênero pelas entidades de defesa dos Direitos Humanos, que vêem nesse neologismo uma idéia politicamente correta de uma pessoa que está entre os gêneros, não sendo nem macho nem fêmea, tampouco tendo que necessariamente viver da prostituição. Em pesquisa realizada junto a 165 travestis de Fortaleza, contudo, os resultados apontam que 66% delas têm a pratica do sexo comercial como sua exclusiva fonte de renda, 90% fazem programas (mesmo que eventualmente) e 40% são arrimo de família, mantendo com seu trabalho seus familiares. Outra caraterística comum, embora não possa ser tomado como regra, é que, as travestis, de uma forma geral, possuem baixa escolaridade. A baixa escolaridade, via de regra, pode ser explicada através do processo de hormonização e/ou aplicação de silicone no corpo para torná-lo mais feminino, que muitas vezes inicia-se ainda na adolescência, sendo difícil suportar, portanto, as chacotas ou violências que este processo gera no ambiente escolar, ocasionando uma evasão precoce nos estudos e formação educacional[8]. A falta de formação educacional e profissional acaba por contribuir na dificuldade ingresso no emprego formal, num ambiente que a contratação de uma travesti já é dificil devido a preconceitos.

Solicitação de maiores estudos

Defensores dos direitos GLBT do Brasil estão sensíveis às dificuldades enfrentadas pelas travestis tanto na construção de uma cidadania que as aceite como no estudo e aconselhamento sobre os tratamentos hormonais e estéticos que elas almejam. Em audiência com o Ministro da Saúde José Gomes Temporão, realizada em 29 de janeiro de 2008, Dia da Visibilidade Travesti, foi entregue uma carta de reivindicações: entre elas estão a humanização do atendimento às travestis nos serviços de saúde públicos e a ampliação de pesquisas sobre uso de hormônios femininos nas travestis e as conseqüências para a saúde delas[9].

Ver também

Ligações externas

Referências

  1. «Médicos alertam para o perigo do uso de silicone industrial». Gazeta do Povo. 17 de junho de 2007. Consultado em 19 de agosto de 2008 
  2. «The Transsexual Phenomenos: Transvestism, Transsexualism, and Homosexuality». 21 de fevereiro de 2007. Consultado em 2 de maio de 2008 
  3. «ICD Version 2007: Mental and behavioural disorders». World Health Organization. Consultado em 2 de maio de 2008 
  4. «Transexualismo masculino». 23 de janeiro de 2007. Consultado em 29 de setembro de 2007 
  5. Meyer III W, Bockting WO, Cohen-Kettenis P, Coleman E, DiCeglie D, Devor H; et al. (2001). «Standards of Care for Gender Identity Disorders, Sixth Version» (PDF). International Journal of Transgenderism. The Harry Benjamin International Gender Dysphoria Association's. 2 (2). Consultado em 29 de setembro de 2007 
  6. Amanda V. Luna de Athayde (2001). «Transexualismo Masculino». International Journal of Transgenderism. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia. 45 (4). Consultado em 29 de setembro de 2007 
  7. Wilson P, Sharp C, Carr S. (1999). «The prevalence of gender dysphoria in Scotland: a primary care study». Royal College of General Practitioners. British Journal of General Practice. 49: 991-2. Consultado em 17 de setembro de 2007 
  8. «Guia de Prevenção das DST/Aids e Cidadania para Homossexuais» (PDF). 1 de setembro de 2002. Consultado em 1 de janeiro de 2008 
  9. «Ministro da Saúde recebe ativistas no Dia da Visibilidade Travesti». 29 de janeiro de 2008. Consultado em 31 de janeiro de 2008