José Gomes Temporão
José Gomes Temporão | |
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Fonte:Agência Brasil | |
Ministro da Saúde do Brasil | |
Período | 16 de março de 2007 até 1 de janeiro de 2011 |
Presidente | Luiz Inácio Lula da Silva |
Antecessor | Agenor Álvares |
Sucessor | Alexandre Padilha |
Dados pessoais | |
Nascimento | 20 de outubro de 1951 (69 anos) Merufe, VC Portugal |
Nacionalidade | português brasileiro |
Profissão | Médico |
José Gomes Temporão (Merufe, 20 de outubro de 1951) é um médico sanitarista e político luso-brasileiro. Foi ministro da Saúde durante boa parte do segundo mandato do governo Lula, empossado em março de 2007 e sucedido em 1 de janeiro de 2011. Atualmente é Diretor Executivo do Instituto Sul-americano de Governo em Saúde.
Biografia[editar | editar código-fonte]
José Gomes Temporão nasceu na freguesia de Merufe, na vila de Monção, no norte de Portugal, em 20 de outubro de 1951. Seus pais, Sara Gomes e José Temporão, emigraram para o Brasil quando ele tinha apenas um ano de idade, e fixaram-se no Rio de Janeiro.[1]
Temporão se formou na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1977. Especializou-se em Doenças Tropicais na mesma Universidade. Fez mestrado em Saúde Pública na Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz e doutorado em Medicina Social no Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).[1]
Seu pai é dono do Mosteiro, um dos mais conceituados restaurantes do centro do Rio de Janeiro. Em seu currículo, antes de assumir a pasta de ministro de Estado da Saúde, constam cargos como secretário de Planejamento do INAMPS, presidente do Instituto Nacional do Câncer (INCA), presidente do Instituto Vital Brazil (IVB), sub-secretário Estadual de Saúde do Rio de Janeiro e sub-secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro.[1]
Livros[editar | editar código-fonte]
- A propaganda de medicamentos e o mito da saúde, 1986.
Políticas do Ministério[editar | editar código-fonte]
Aborto[editar | editar código-fonte]
Durante sua gestão no ministério da Saúde, defendeu a posição de que o aborto é uma questão de saúde pública, e que quem deve discutir a descriminalização são as mulheres, e não os homens, o que causou indignação de setores mais conservadores da sociedade brasileira, como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, e de sua própria mãe, descrita por ele como sendo uma católica muito devota.[2]
Temporão argumentou que todos os países desenvolvidos do planeta já legalizaram total ou parcialmente o procedimento que interrompe a gestação, e sofreu forte retaliação dos setores conservadores do Congresso Nacional, que sustentam a idéia de que as mulheres que praticam o aborto são criminosas e precisam ser presas.
Comunidade LGBT[editar | editar código-fonte]
Durante a gestão de Temporão, ocorreram alguns avanços significativos no tratamento dado à comunidade LGBT pelo Ministério da Saúde.
Temporão lançou uma campanha de conscientização do risco de contágio do vírus HIV entre os membros da comunidade LGBT.[3] Os pôsteres da campanha foram distribuídos em boates LGBT e organizações não-governamentais que defendem a criminalização da homofobia.
Também durante sua gestão foi assinada uma portaria permitindo que enfermeiros e médicos do SUS passassem a se dirigir à pacientes transexuais e travestis por seu nome de escolha ao invés do de registro. Durante a realização da 1ª Conferência Nacional LGBT, Temporão anunciou a assinatura de uma portaria autorizando a realização de cirurgia de mudança de sexo através do SUS. Entretanto, ainda não há previsão para a publicação do decreto no Diário Oficial da União.[4][5] Anteriormente, a ministra Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal, havia concluído que a União não teria a responsabilidade de fazer o pagamento de tais cirurgias.
Apesar dos avanços, em 22 de setembro de 2008 o Ministério da Saúde reiterou sua polêmica posição que homossexuais e bissexuais não podem ser doadores de sangue.[6] Os argumentos são que a incidência de HIV no grupo é maior que na média da população (5% contra 1%),[1] assim como outras enfermidades. Entretanto a medida não foi proposta como forma de discriminação, visto que outros grupos, como ex-presidiários, pessoas que mantiveram sexo com desconhecidos entre outros também tiveram esse direito negado.
Febre amarela e dengue[editar | editar código-fonte]
Durante o início de 2008, Temporão enfrentou duas grandes crises epidêmicas que foram amplamente exploradas pela mídia, a da febre amarela, que foi muito mais midiática do que real, no interior de Goiás e a da dengue na cidade do Rio de Janeiro, respectivamente. Durante a epidemia da dengue, foi criticado por seu desafeto César Maia, ex-prefeito do Rio. Temporão, que já trabalhara com Maia na Prefeitura do Rio de Janeiro, afirmou que uma crise na qual várias pessoas morreram não era o momento mais adequado para troca de acusações mútuas.
Licença compulsória de patentes[editar | editar código-fonte]
Temporão foi o primeiro Ministro da Saúde na história do Brasil a licenciar compulsoriamente um medicamente patenteado utilizado pelo SUS (Sistema Único de Saúde). O EFAVIRENZ, utilizado no coquetel anti-hiv distribuido pelo governo federal, fabricado pelo laboratório MERCK SHARP & DOHME, foi licenciado compulsoriamente por Temporão ainda em 2007, quando o fabricante se recusou a vende-lo ao governo do Brasil por um valor semelhante ao negociado com países asiáticos.[7]
HIV/AIDS[editar | editar código-fonte]
Em 10 de outubro de 2008 foi noticiado que o Sistema Único de Saúde (SUS) está autorizado, a partir de 2009, a distribuir o medicamento Raltegravir, um anti-retroviral para pessoas portadoras de HIV que desenvolveram multirresistência aos tratamentos comuns. Essa será a 18ª droga incorporada para tratamento de portadores do vírus pelo SUS.[8]
Referências
- ↑ a b c Motta, Sérgio Barreto (16 de março de 2007). «Ministro nascido em Monção é aposta de Lula para a Saúde». Diário de Notícias. Consultado em 5 de setembro. Arquivado do original em 22 de março de 2007 Verifique data em:
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(ajuda) - ↑ Autran, Paula (11 de maio de 2007). «Pedido para evitar polêmica do aborto veio da mãe e não de Lula, diz Temporão». O Globo. Consultado em 30 de julho de 2008
- ↑ «Eduardo Valverde participa de lançamento do Plano Nacional de Enfrentamento da Epidemia de Aids e das DST entre gays». Jornal Nortão Online. 25 de março de 2008. Consultado em 5 de setembro de 2011. Arquivado do original em 17 de novembro de 2011
- ↑ «Saúde anuncia cirurgia de mudança de sexo pelo SUS». Folha On line. 5 de junho de 2008. Consultado em 5 de setembro de 2011
- ↑ http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/06/05/materia.2008-06-05.0649002887/view
- ↑ http://www.acapa.com.br/site/noticia.asp?codigo=5765
- ↑ http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u134982.shtml
- ↑ «Cópia arquivada». Consultado em 11 de outubro de 2008. Arquivado do original em 16 de outubro de 2008
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
Precedido por Agenor Álvares |
Ministro da Saúde do Brasil 2007 — 2010 |
Sucedido por Alexandre Padilha |
- Nascidos em 1951
- Ministros do Governo Lula
- Ministros da Saúde do Brasil
- Médicos do Brasil
- Sanitaristas do Brasil
- Membros do Movimento Democrático Brasileiro (1980)
- Alunos da Universidade Federal do Rio de Janeiro
- Brasileiros de ascendência portuguesa
- Cidadãos naturalizados do Brasil
- Naturais de Monção (Portugal)
- Membros da Academia Nacional de Medicina