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Prudente de Morais: diferenças entre revisões

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'''Prudente José de Morais e Barros'''<ref group="nb">A grafia original do nome do biografado, ''Prudente Joze de Moraes e Barros'', deve ser atualizada conforme a [[onomástica]] estabelecida a partir do [[Formulário Ortográfico de 1943]], por seguir as mesmas regras dos [[substantivo]]s comuns ([http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=20 Academia Brasileira de Letras — Formulário Ortográfico de 1943]). Tal norma foi reafirmada pelos subsequentes [[Acordo Ortográfico|Acordos Ortográficos]] da língua portuguesa ([http://www.portaldalinguaportuguesa.org/index.php?action=acordo&version=1945 Acordo Ortográfico de 1945] e [http://www.portaldalinguaportuguesa.org/index.php?action=acordo&version=1990 Acordo Ortográfico de 1990]). A norma é optativa para nomes de pessoas em vida, a fim de evitar constrangimentos, mas após seu falecimento torna-se obrigatória para publicações, ainda que se possa utilizar a grafia arcaica no foro privado (Formulário Ortográfico de 1943, IX).</ref> ([[Itu]], [[4 de outubro]] de [[1841]] — [[Piracicaba]], [[13 de dezembro]] de [[1902]]) foi um [[advocacia|advogado]] e [[política|político]] [[brasil]]eiro, primeiro governador do estado de São Paulo ([[1889]]-[[1890]]), [[Senado Federal do Brasil|senador]], presidente da Assembleia Nacional Constituinte de 1891, terceiro [[presidente do Brasil]], tendo sido o primeiro político civil a assumir este cargo e o primeiro a fazê-lo por força de eleição direta.
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Prudente de Morais representava a ascensão da [[oligarquia cafeicultora]] e dos políticos civis ao poder nacional, após um período de domínio do poder executivo por parte dos militares, no qual essa oligarquia mantinha-se dominando apenas o poder [[Legislativo]].
Prudente de Morais representava a ascensão da [[oligarquia cafeicultora]] e dos políticos civis ao poder nacional, após um período de domínio do poder executivo por parte dos militares, no qual essa oligarquia mantinha-se dominando apenas o poder [[Legislativo]].


== Formação e início da carreira ==
== Formação e início da carreira ==
[[Ficheiro:Prudente de Morais e família.jpg|thumb|350px|left|Na foto a família Prudente, os filhos e o casal, da esquerda para a direita: Prudente de Morais Filho, Maria Amélia, Adelaide (esposa), Paula, Gustavo, Carlota, Maria Teresa, Prudente de Morais (esposo), Antônio e Júlia.]]
Prudente de Morais nasceu nos arredores de [[Itu]] ([[São Paulo]]), em [[4 de outubro]] de [[1841]], sendo descendente dos primeiros colonizadores de [[São Paulo]]<ref>http://www.buratto.net/doria/AntasMoraes.pdf</ref><ref>http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=467900</ref>. Com menos de três anos perdeu o pai, comerciante de [[Animalia|animais]], [[assassinato|assassinado]] por um [[escravo]]. Após o segundo [[casamento]] da sua mãe, passou a residir no município, onde concluiu o curso primário. Graduou-se em direito na [[Faculdade de Direito de São Paulo]] em [[1863]] e, no mesmo ano, transferiu-se para [[Piracicaba]], onde exerceu [[advocacia]] durante dois anos, e, em [[1865]], começou sua carreira política.
Prudente de Morais nasceu nos arredores da cidade paulista de [[Itu]] em [[4 de outubro]] de [[1841]], sendo descendente dos primeiros colonizadores de [[São Paulo]]. Seus pais eram José Marcelino de Barros e Catarina Maria de Moraes, agricultores. Em 1844,<ref>[http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=626421 Genealogia (José Marcelino de Barros).] Acessado em 31/01/2012.</ref> com menos de três anos de idade, Prudente perdeu o pai, [[assassinato|assassinado]] por um [[escravo]] quando estava viajando como [[tropeiro]] nas proximidades da cidade de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]].<ref>[http://www.buratto.net/doria/AntasMoraes.pdf Árvore genealógica de Prudente.] Acessado em 31/01/2012.</ref><ref>[http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=467900 Genealogia de Prudente.] Acessado em 31/01/2012.</ref> Sua mãe casa-se com o viúvo Caetano José Gomes Carneiro. Prudente graduou-se em [[direito]] na [[Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo|Universidade de São Paulo]] em [[1863]], e, no mesmo ano, transferiu-se para [[Piracicaba]], onde exerceu [[advocacia]] durante dois anos. Em 28 de maio de 1866, Prudente casou-se com [[Adelaide de Morais e Barros|Adelaide Benvinda]] na residência dos pais dela em [[Santos]]. Após o casamento, fixaram-se em [[Piracicaba]], e na atualidade, a residência onde viveram tornou-se o [[Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Morais]].<ref name="TudodPrudente1">[http://www.aprovincia.com/padrao.aspx?texto.aspx?idcontent=225628 Prudente de Morais: vida, paixão e morte (1).] A Província. Netto, Cecílio Elias. Acessado em 31/01/2012.</ref> Prudente teve nove filhos com Adelaide, sendo que dois faleceram na [[menoridade]], Teresa e Maria Jovita, falecidas, respectivamente, aos onze e um ano de idade. Além desses nove filhos, Prudente teve um filho fora do casamento na época em que era estudante de direito, este chamava-se José.<ref>[http://www.aprovincia.com/padrao.aspx?texto.aspx?idContent=5932&idContentSection=712 Testamento de Prudente de Moraes é monumento de honradez e dignidade.] A Província. Netto, Cecílio Elias. Acessado em 31/01/2012.</ref>


No [[Império brasileiro|Império]], pertenceu primeiro ao [[Partido Liberal]], [[Monarquia|monarquista]]. Foi eleito [[vereador]], em [[1865]], presidindo a [[Câmara Municipal]] de Piracicaba.
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Em [[1873]], transferiu-se para o [[Partido Republicano Paulista]] (PRP), declarando-se republicano, tendência que representou na [[Assembleia Legislativa|Assembleia Provincial]].

Revisão das 14h12min de 31 de janeiro de 2012

 Nota: Para outros significados, veja Prudente de Morais (desambiguação).
Prudente José de Morais e Barros
Prudente de Morais
3Presidente do Brasil
Período 15 de novembro de 1894
a 15 de novembro de 1898
Vice-presidente Manuel Vitorino Pereira
Antecessor(a) Floriano Peixoto
Sucessor(a) Campos Sales
Presidente de São Paulo São Paulo
Período 14 de dezembro de 1889
a 18 de outubro de 1890
Antecessor(a) Junta governativa paulista de 1889
Sucessor(a) Jorge Tibiriçá Piratininga
Presidente do Senado Federal do Brasil
Período 15 de novembro de 1891
a 14 de novembro de 1894
Antecessor(a) Floriano Peixoto
Sucessor(a) Manuel Vitorino
Senador por São Paulo São Paulo
Período 15 de novembro de 1891
a 14 de novembro de 1894
Dados pessoais
Nascimento 4 de outubro de 1841
Itu, São Paulo
Morte 13 de dezembro de 1902 (61 anos)
Piracicaba, São Paulo
Partido PL,PRP e PR Federal
Profissão Advogado
Assinatura Assinatura de Prudente de Morais

Prudente José de Morais e Barros[nb 1] (Itu, 4 de outubro de 1841Piracicaba, 13 de dezembro de 1902) foi um advogado e político brasileiro. Foi presidente do estado de São Paulo (cargo equivalente ao de governador), senador, presidente da Assembléia Nacional Constituinte de 1891, terceiro presidente do Brasil, tendo sido o primeiro político civil a assumir este cargo e o primeiro a fazê-lo por força de eleição direta.

Prudente de Morais representava a ascensão da oligarquia cafeicultora e dos políticos civis ao poder nacional, após um período de domínio do poder executivo por parte dos militares, no qual essa oligarquia mantinha-se dominando apenas o poder Legislativo.

Formação e início da carreira

Na foto a família Prudente, os filhos e o casal, da esquerda para a direita: Prudente de Morais Filho, Maria Amélia, Adelaide (esposa), Paula, Gustavo, Carlota, Maria Teresa, Prudente de Morais (esposo), Antônio e Júlia.

Prudente de Morais nasceu nos arredores da cidade paulista de Itu em 4 de outubro de 1841, sendo descendente dos primeiros colonizadores de São Paulo. Seus pais eram José Marcelino de Barros e Catarina Maria de Moraes, agricultores. Em 1844,[1] com menos de três anos de idade, Prudente perdeu o pai, assassinado por um escravo quando estava viajando como tropeiro nas proximidades da cidade de São Paulo.[2][3] Sua mãe casa-se com o viúvo Caetano José Gomes Carneiro. Prudente graduou-se em direito na Universidade de São Paulo em 1863, e, no mesmo ano, transferiu-se para Piracicaba, onde exerceu advocacia durante dois anos. Em 28 de maio de 1866, Prudente casou-se com Adelaide Benvinda na residência dos pais dela em Santos. Após o casamento, fixaram-se em Piracicaba, e na atualidade, a residência onde viveram tornou-se o Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Morais.[4] Prudente teve nove filhos com Adelaide, sendo que dois faleceram na menoridade, Teresa e Maria Jovita, falecidas, respectivamente, aos onze e um ano de idade. Além desses nove filhos, Prudente teve um filho fora do casamento na época em que era estudante de direito, este chamava-se José.[5]

No Império, pertenceu ao Partido Liberal (PL), monarquista. Elegeu-se vereador, sendo o mais votado, com 420 votos em 1864, presidindo a Câmara Municipal de Piracicaba. Em 1877, no exercício de verador, Prudente conseguiu mudar o nome da cidade, que na época chamava-se Vila Nova da Constituição, e passou a denominar-se Piracicaba.[6]

Em 1873, transferiu-se para o Partido Republicano Paulista (PRP), declarando-se republicano, tendência que representou na Assembleia Provincial.

Foi deputado provincial em São Paulo e deputado à Assembleia Geral do Império, defendendo, além da forma republicana de governo, o abolicionismo e o federalismo. Como deputado provincial trabalhou na complexa questão das divisas de São Paulo com Minas Gerais, tema no qual era especialista.

No início da república

Proclamada a república, foi nomeado por Deodoro da Fonseca chefe da junta governativa que governou São Paulo de 16 de novembro a 14 de dezembro de 1889, nomeado em seguida governador, permanecendo no cargo até 18 de outubro de 1890, quando renunciou para assumir uma cadeira no senado.

No governo de São Paulo, reorganizou e modernizou a administração, especialmente o tesouro e o Arquivo do Tesouro, ampliou Força Pública, sendo que a transição para a república em São Paulo, com a nomeação de novos administradores, secretários e intendentes municipais ocorreu em tranquilidade. Reorganizou a Escola Normal, que deu origem à Escola Normal Caetano de Campos.

Chegou a ser vice-presidente do Senado, e presidiu a Assembleia Constituinte de 1890-1891. Elaborada a Constituição, disputou com Deodoro da Fonseca a presidência da república, sendo derrotado.

Prudente de Morais (no centro) preside a Constituinte republicana, óleo de Aurélio de Figueiredo (Museu da República, Rio de Janeiro).

Após a derrota para Deodoro, eleito indiretamente com 129 votos contra 97, Prudente de Morais presidiu o Senado até o fim do seu mandato.

Na presidência da República

Na disputa pela sucessão de Floriano Peixoto, que chegara à presidência devido ao golpe de 23 de novembro de 1891, candidatou-se pelo Partido Republicano Federal (PR Federal), fundado pelo paulista Francisco Glicério em 1893. Vence as eleições presidenciais de 1 de março de 1894 e toma posse no dia 15 de novembro daquele ano, tornando-se o primeiro presidente do Brasil a ser eleito pelo voto direto e o primeiro presidente civil do Brasil. Prudente teve 276.583 votos contra 38.291 de seu principal competidor Afonso Pena, em uma eleição que teve mais 29 políticos que foram votados. Seu vice-presidente foi o médico Manuel Vitorino Pereira[7] A sua eleição marcou a chegada ao poder da oligarquia cafeeira paulista em substituição aos setores militares.

Os quatro anos de governo de Prudente de Morais foram agitados, tanto por problemas político-partidários (a perda do apoio do Partido Republicano Federal) como pela oposição dos setores florianistas e pela continuação, no Rio Grande do Sul, da Revolta Federalista (1893-1895).

Prudente de Morais dedicou todos os seus esforços à pacificação das facções, que tinham em seus extremos os defensores do governo forte de Floriano e os partidários da monarquia. Durante seu governo, abandonou uma a uma as medidas inovadoras de Floriano Peixoto. Essa cautela de Prudente foi necessária, já que os florianistas ainda tinham uma certa força, principalmente no Exército. Além disso, o vice-presidente estava ligado às ideias de Floriano. Prudente de Morais imprime uma direção ao governo que atende mais aos cafeicultores e afasta os militares da política.

Caricatura de Prudente de Morais ilustrando um presidente sempre em apuros, com o mandato pendendo por um fio.

No início do seu governo consegue pacificar a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul, assinando a paz com os rebeldes, que receberam anistia.

Em 1896, enfrentou a questão diplomática envolvendo os ingleses, que acharam por bem tomar posse da Ilha da Trindade em 1895, e a revolta da Escola Militar. Fez então valer sua autoridade: fechou a escola e o clube militar. A questão diplomática foi resolvida favoravelmente ao Brasil.

Prudente de Morais restabeleceu as relações com Portugal e assinou o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação com o Japão, em novembro de 1895, com o objetivo de incitar a vinda de imigrantes japoneses.

Mas pouco tempo depois enfrentaria um movimento rebelde ainda maior: a Guerra de Canudos, no sertão baiano.

Obrigado a submeter-se a uma cirurgia, se afastou do poder entre 10 de novembro de 1896 e 4 de março de 1897, passando o cargo ao vice-presidente, o médico Manuel Vitorino Pereira. Nesta interinidade, Manuel Vitorino transferiu a sede do governo do Palácio Itamaraty para o Palácio do Catete.

Com a vitória dos amotinados de Antônio Conselheiro sobre várias expedições militares, a situação voltou a deteriorar-se. Prudente interrompeu então a convalescença e nomeou ministro da Guerra o general Carlos Machado Bittencourt, que liderou nova expedição e derrotou os rebeldes.

As divergências internas no PR Federal e a Guerra de Canudos desgastam o governo. Mesmo com a vitória das tropas do governo na guerra, os ânimos não se acalmam. Em 5 de novembro de 1897, durante uma cerimônia militar, sofreu um atentado contra a sua vida praticado por Marcellino Bispo de Mello; escapou ileso, mas o seu ministro da Guerra, Marechal Bittencourt, faleceu defendendo a vida de Prudente. O presidente decretou, então, estado de sítio, para o Distrito Federal (Rio de Janeiro e Niterói) conseguindo assim livrar-se dos oposicionistas mais incômodos.

As dificuldades econômico-financeiras, herdadas da crise do encilhamento, acentuaram-se em sua administração, sobretudo devido aos gastos militares, aumentando as dívidas com os credores estrangeiros.

Com a assessoria de seus ministros da Fazenda, Rodrigues Alves e Bernardino de Campos, negociou com os banqueiros ingleses a consolidação da dívida externa, operação financeira que ficou conhecida como funding loan, base da política executada por Joaquim Murtinho nos quatro anos seguintes.

No plano da política externa, resolveu, favoravelmente, para o Brasil a questão de limites com a Argentina, arbitrada pelo presidente norte-americano Grover Cleveland e na qual se destacou o representante brasileiro, o Barão do Rio Branco.

Vida após a presidência e homenagens

Prudente de Morais desfrutava de grande popularidade ao fim do mandato, em 15 de novembro de 1898, quando passou o cargo de Presidente da República a Campos Sales e retirou-se para Piracicaba, onde exerceria a advocacia por alguns anos. Faleceu devido a uma tuberculose em 13 de dezembro de 1902. Prudente de Morais está enterrado no "Cemitério da Saudade", localizado na cidade de Piracicaba.

É homenageado dando seu nome à cidade de Presidente Prudente e Prudentópolis.

Governo de Prudente de Morais

Prudente de Morais, por Almeida Júnior.
Ministros de Estado
  • Ministério da Justiça e Negócios Interiores:
  • Ministério da Marinha:
  • Ministério da Guerra:
  • Ministério das Relações Exteriores:
  • Ministério da Fazenda:
  • Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas:

Municípios batizados com seu nome

Notas

  1. A grafia original do nome do biografado, Prudente Joze de Moraes e Barros, deve ser atualizada conforme a onomástica estabelecida a partir do Formulário Ortográfico de 1943, por seguir as mesmas regras dos substantivos comuns (Academia Brasileira de Letras — Formulário Ortográfico de 1943). Tal norma foi reafirmada pelos subsequentes Acordos Ortográficos da língua portuguesa (Acordo Ortográfico de 1945 e Acordo Ortográfico de 1990). A norma é optativa para nomes de pessoas em vida, a fim de evitar constrangimentos, mas após seu falecimento torna-se obrigatória para publicações, ainda que se possa utilizar a grafia arcaica no foro privado (Formulário Ortográfico de 1943, IX).

Referências

  1. Genealogia (José Marcelino de Barros). Acessado em 31/01/2012.
  2. Árvore genealógica de Prudente. Acessado em 31/01/2012.
  3. Genealogia de Prudente. Acessado em 31/01/2012.
  4. Prudente de Morais: vida, paixão e morte (1). A Província. Netto, Cecílio Elias. Acessado em 31/01/2012.
  5. Testamento de Prudente de Moraes é monumento de honradez e dignidade. A Província. Netto, Cecílio Elias. Acessado em 31/01/2012.
  6. Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Moraes. Piracicaba. Acessado em 31/01/2012.
  7. PORTO, Walter Costa, O voto no Brasil, Topbooks, 2002

  • ________, Prudente de Moraes: O Primeiro Centenário do Seu Nascimento, Editora Revista dos Tribunais, 1942.
  • ________, Prudente de Moraes - Parlamentar da Província de São Paulo - 1868-1889, Edição da Assembleia Legislativa de São Paulo, 2004.
  • ________, Biografia de Prudente de Morais, Centenário da primeira constituição promulgada por Prudente de Morais, Academia Piracicaba de Letras, 1991.
  • BARRETO, Amaral Antônio, Prudente de Moraes: uma Vida Marcada, Editora I. H. G. S. P., 1971.
  • KOIFMAN, Fábio, Organizador, Presidentes do Brasil, Editora Rio, 2001.
  • PAULA, Assis José Eugênio, Prudente de Moraes: Sua Vida e Sua Obra, Editora Gr Sangirard, 1976.
  • ROMANINI, Mauricio Guindani, Prudente de Moraes: O precursor da propaganda política no Brasil — Sua trajetória até a presidência da República em 1894, Dissertação (Mestrado em Comunicação Social), Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2002.
  • SILVA, Gastão Pereira da, Prudente de Moraes - o Pacificador, Editora Zélio Valverde, 1946.
  • SILVA, Hélio, Prudente de Morais - 3º presidente do Brasil, Editora Três, 1983.
  • SILVEIRA, Peixoto, A Tormenta Que Prudente de Moraes Venceu!, Editora Imesp, 1990.

Ligações externas

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