Vírus da imunodeficiência humana: diferenças entre revisões

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O '''Vírus da Imunodeficiência Humana''' ('''VIH''' ou '''HIV''', do inglês ''Human Immunodeficiency Virus'') é um [[lentivirus]] que está na origem da [[Síndrome da Imunodeficiência Adquirida]],<ref name="pmid8493571">{{cite journal |author=Weiss RA |title=How does HIV cause AIDS? |journal=Science |volume=260 |issue=5112 |pages=1273–9 |year=1993 |month=May |pmid=8493571 |doi= 10.1126/science.8493571|url=|bibcode = 1993Sci...260.1273W }}</ref><ref name="pmid18947296">{{cite journal |author=Douek DC, Roederer M, Koup RA |title=Emerging Concepts in the Immunopathogenesis of AIDS |journal=Annu. Rev. Med. |volume=60 |issue= |pages=471–84 |year=2009 |pmid=18947296 |pmc=2716400 |doi=10.1146/annurev.med.60.041807.123549 |url=}}</ref> uma condição em seres humanos na qual a deterioração progressiva do [[sistema imunitário]] propicia o desenvolvimento de [[Doença oportunista|infeções oportunistas]] e [[cancro]]s potencialmente mortais. A infeção com o VIH tem origem na transferência de [[sangue]], [[sémen]], lubrificação vaginal, [[fluido pré-ejaculatório]] ou [[leite materno]]. O VIH está presente nestes fluidos corporais, tanto na forma de partículas livres como em [[Glóbulos brancos|células imunitárias]] infectadas. As principais vias de transmissão são as [[Sexo seguro|relações sexuais desprotegidas]], a partilha de seringas contaminadas, e a transmissão entre mãe e filho durante a [[gravidez]] ou [[amamentação]]. Em países desenvolvidos, a monitorização do sangue em [[Transfusão de sangue|transfusões]] praticamente eliminou o risco de transmissão por esta via.
O '''Vírus da Imunodeficiência Humana''' ('''VIH''' ou '''HIV''', do inglês ''Human Immunodeficiency Virus'') é um [[lentivirus]] que está na origem da [[Síndrome da Imunodeficiência Adquirida]],<ref name="pmid8493571">{{citar periódico|autor =Weiss RA |título=How does HIV cause AIDS? |periódico=Science |volume=260 |issue=5112 |páginas=1273–9 |ano=1993 |month=May |pmid=8493571 |doi= 10.1126/science.8493571|url=|bibcode = 1993Sci...260.1273W }}</ref><ref name="pmid18947296">{{citar periódico|autor =Douek DC, Roederer M, Koup RA |título=Emerging Concepts in the Immunopathogenesis of AIDS |periódico=Annu. Rev. Med. |volume=60 |issue= |páginas=471–84 |ano=2009 |pmid=18947296 |pmc=2716400 |doi=10.1146/annurev.med.60.041807.123549 |url=}}</ref> uma condição em seres humanos na qual a deterioração progressiva do [[sistema imunitário]] propicia o desenvolvimento de [[Doença oportunista|infeções oportunistas]] e [[cancro]]s potencialmente mortais. A infeção com o VIH tem origem na transferência de [[sangue]], [[sémen]], lubrificação vaginal, [[fluido pré-ejaculatório]] ou [[leite materno]]. O VIH está presente nestes fluidos corporais, tanto na forma de partículas livres como em [[Glóbulos brancos|células imunitárias]] infectadas. As principais vias de transmissão são as [[Sexo seguro|relações sexuais desprotegidas]], a partilha de seringas contaminadas, e a transmissão entre mãe e filho durante a [[gravidez]] ou [[amamentação]]. Em países desenvolvidos, a monitorização do sangue em [[Transfusão de sangue|transfusões]] praticamente eliminou o risco de transmissão por esta via.


A infeção por VIH em seres humanos é atualmente uma [[pandemia]]. Cerca de 0,6% da população mundial está infetada com o VIH.<ref name="UNAIDS2006">{{cite book | author =[[UNAIDS]] | year = 2006 | title = 2006 Report on the global AIDS epidemic | chapter = Overview of the global AIDS epidemic | chapterurl = http://data.unaids.org/pub/GlobalReport/2006/2006_GR_CH02_en.pdf | format= PDF}}</ref> Entre 1981 e 2006, a SIDA foi responsável pela morte de mais de 25 milhões de pessoas. Um terço destas mortes ocorreu na [[África subsariana]], atrasando o [[crescimento económico]] e aumentando a [[pobreza]].<ref name=Greener>{{cite book | author =Greener, R. | year = 2002 | title = State of The Art: AIDS and Economics | chapter = AIDS and macroeconomic impact | chapterurl = http://db.jhuccp.org/ics-wpd/exec/icswppro.dll?BU=http://db.jhuccp.org/ics-wpd/exec/icswppro.dll&QF0=DocNo&QI0=285428&TN=Popline&AC=QBE_QUERY&MR=30%25DL=1&&RL=1&&RF=LongRecordDisplay&DF=LongRecordDisplay | editor = S, Forsyth (ed.) | edition = | pages = 49–55 | publisher = IAEN}}</ref> Até [[2013]], estimou-se que 78 milhões de pessoas foram contaminadas<ref>[http://www.unaids.org/en/resources/campaigns/World-AIDS-Day-Report-2014/factsheet People living with HIV] UNAIDS</ref>, 39 milhões das quais morreram<ref>[http://www.nytimes.com/2015/03/02/science/two-strains-of-hiv-cut-vastly-different-paths.html?ref=science&_r=0 Two Strains of H.I.V. Cut Vastly Different Paths] 3/3/2015 "The New York Times" (Uma versão deste artigo apareceu impressa em 10 de março de 2015, na página D3 da edição do New York Times, com a manchete: "Tracking a Killer Over Decades".)</ref>.
A infeção por VIH em seres humanos é atualmente uma [[pandemia]]. Cerca de 0,6% da população mundial está infetada com o VIH.<ref name="UNAIDS2006">{{citar livro|autor =[[UNAIDS]] |ano= 2006 |título= 2006 Report on the global AIDS epidemic |capítulo= Overview of the global AIDS epidemic |capítulourl= http://data.unaids.org/pub/GlobalReport/2006/2006_GR_CH02_en.pdf |formato= PDF}}</ref> Entre 1981 e 2006, a SIDA foi responsável pela morte de mais de 25 milhões de pessoas. Um terço destas mortes ocorreu na [[África subsariana]], atrasando o [[crescimento económico]] e aumentando a [[pobreza]].<ref name=Greener>{{citar livro|autor =Greener, R. |ano= 2002 |título= State of The Art: AIDS and Economics |capítulo= AIDS and macroeconomic impact |capítulourl= http://db.jhuccp.org/ics-wpd/exec/icswppro.dll?BU=http://db.jhuccp.org/ics-wpd/exec/icswppro.dll&QF0=DocNo&QI0=285428&TN=Popline&AC=QBE_QUERY&MR=30%25DL=1&&RL=1&&RF=LongRecordDisplay&DF=LongRecordDisplay | editor = S, Forsyth (ed.) |edição= |páginas= 49–55 |publicadopor= IAEN}}</ref> Até [[2013]], estimou-se que 78 milhões de pessoas foram contaminadas<ref>[http://www.unaids.org/en/resources/campaigns/World-AIDS-Day-Report-2014/factsheet People living with HIV] UNAIDS</ref>, 39 milhões das quais morreram<ref>[http://www.nytimes.com/2015/03/02/science/two-strains-of-hiv-cut-vastly-different-paths.html?ref=science&_r=0 Two Strains of H.I.V. Cut Vastly Different Paths] 3/3/2015 "The New York Times" (Uma versão deste artigo apareceu impressa em 10 de março de 2015, na página D3 da edição do New York Times, com a manchete: "Tracking a Killer Over Decades".)</ref>.


O VIH infecta células vitais no [[sistema imunitário]], como os [[Linfócito T auxiliar|linfócitos T auxiliares]] CD4<sup>+</sup>, [[macrófago]]s e [[Célula dendrítica|células dendríticas]].<ref>{{cite pmid | 20598938 }}</ref> A infeção por VIH provoca a diminuição do número [[CD4|linfócitos T CD4<SUP>+</SUP>]] através de diversos mecanismos, entre os quais a [[apoptose]] de células espectadoras,<ref>{{cite journal|last=Garg|first=H|coauthors=Mohl, J; Joshi, A|title=HIV-1 induced bystander apoptosis.|journal=Viruses|date=Nov 9, 2012|volume=4|issue=11|pages=3020–43|pmid=23202514}}</ref> a morte viral direta de células infectadas, e morte de linfócitos T CD4<SUP>+</SUP> através de [[Linfócito T citotóxico|linfócitos T citotóxicos CD8]] que reconhecem as células infetadas.<ref>{{cite book|last=Kumar|first=Vinay|title=Robbins Basic Pathology|year=2012|isbn=9781455737871|page=147|url=http://books.google.ca/books?id=jheBzf17C7YC&pg=PA147|edition=9th}}</ref> Quando o número de linfócitos T CD4<sup>+</sup> desce abaixo do limiar aceitável, o corpo perde a [[imunidade mediada por célula]]s e torna-se progressivamente mais suscetível a infeções oportunistas.
O VIH infecta células vitais no [[sistema imunitário]], como os [[Linfócito T auxiliar|linfócitos T auxiliares]] CD4<sup>+</sup>, [[macrófago]]s e [[Célula dendrítica|células dendríticas]].<ref>{{cite pmid | 20598938 }}</ref> A infeção por VIH provoca a diminuição do número [[CD4|linfócitos T CD4<SUP>+</SUP>]] através de diversos mecanismos, entre os quais a [[apoptose]] de células espectadoras,<ref>{{citar periódico|último =Garg|primeiro =H|coautor=Mohl, J; Joshi, A|título=HIV-1 induced bystander apoptosis.|periódico=Viruses|data=9 de novembro de 2012|volume=4|issue=11|páginas=3020–43|pmid=23202514}}</ref> a morte viral direta de células infectadas, e morte de linfócitos T CD4<SUP>+</SUP> através de [[Linfócito T citotóxico|linfócitos T citotóxicos CD8]] que reconhecem as células infetadas.<ref>{{citar livro|último =Kumar|primeiro =Vinay|título=Robbins Basic Pathology|ano=2012|isbn=9781455737871|página=147|url=http://books.google.ca/books?id=jheBzf17C7YC&pg=PA147|edição=9th}}</ref> Quando o número de linfócitos T CD4<sup>+</sup> desce abaixo do limiar aceitável, o corpo perde a [[imunidade mediada por célula]]s e torna-se progressivamente mais suscetível a infeções oportunistas.


A maior parte das pessoas infetadas com VIH, quando estão sem tratamento, desenvolve [[SIDA]]. A elevada mortalidade desta doença deve-se ao colapso progressivo do sistema imunitário, ao qual está associado o aparecimento de infeções oportunistas ou [[Cancro|tumores malignos]].<ref name=Lawn>{{ cite journal | author=Lawn SD | title=AIDS in Africa: the impact of coinfections on the pathogenesis of HIV-1 infection | journal=J. Infect. Dis. | year=2004 | pages=1–12 | volume=48 | issue=1 | pmid=14667787 | doi=10.1016/j.jinf.2003.09.001}}</ref> Sem tratamento, cerca de nove em cada dez pessoas infetadas com VIH desenvolve SIDA após de 10-15 anos, embora algumas pessoas desenvolvam muito mais cedo.<ref name=Buchbinder>{{cite journal | author=Buchbinder SP, Katz MH, Hessol NA, O'Malley PM, Holmberg SD. | title=Long-term HIV-1 infection without immunologic progression | journal=AIDS | year=1994 | pages=1123–8 | volume=8 | issue=8 | pmid=7986410 | doi=10.1097/00002030-199408000-00014}}</ref> O tratamento com [[Antirretroviral|antirretrovirais]] aumenta a esperança de vida de portadores do VIH, mesmo que a infeção tenha já evoluído para um diagnóstico de SIDA. Estima-se que a esperança de vida com tratamento seja de cinco anos.<ref name=Schneider>{{ cite journal | author=Schneider MF, Gange SJ, Williams CM, Anastos K, Greenblatt RM, Kingsley L, Detels R, Munoz A | title=Patterns of the hazard of death after AIDS through the evolution of antiretroviral therapy: 1984–2004 | journal=AIDS | year=2005 | pages=2009–18 | volume=19 | issue=17 | pmid=16260908}}</ref>. Mas com a entrada de novos antiretrovirais a expectativa passou para algo em torno de 20-50 anos (provavelmente, esta expectativa pode ser ainda maior, posto que atualmente há novos medicamentos e terapias mais toleráveis ao organismo dos portadores). Na ausência de tratamento, a morte ocorre geralmente no prazo de um ano.<ref name=Morgan2>{{ cite journal | author=Morgan D, Mahe C, Mayanja B, Okongo JM, Lubega R, Whitworth JA | title=HIV-1 infection in rural Africa: is there a difference in median time to AIDS and survival compared with that in industrialized countries? | journal=AIDS | year=2002 | pages=597&ndash;632 | volume=16 | issue=4 | pmid=11873003}}</ref>
A maior parte das pessoas infetadas com VIH, quando estão sem tratamento, desenvolve [[SIDA]]. A elevada mortalidade desta doença deve-se ao colapso progressivo do sistema imunitário, ao qual está associado o aparecimento de infeções oportunistas ou [[Cancro|tumores malignos]].<ref name=Lawn>{{citar periódico|autor =Lawn SD |título=AIDS in Africa: the impact of coinfections on the pathogenesis of HIV-1 infection |periódico=J. Infect. Dis. |ano=2004 |páginas=1–12 | volume=48 | issue=1 | pmid=14667787 | doi=10.1016/j.jinf.2003.09.001}}</ref> Sem tratamento, cerca de nove em cada dez pessoas infetadas com VIH desenvolve SIDA após de 10-15 anos, embora algumas pessoas desenvolvam muito mais cedo.<ref name=Buchbinder>{{citar periódico|autor =Buchbinder SP, Katz MH, Hessol NA, O'Malley PM, Holmberg SD. |título=Long-term HIV-1 infection without immunologic progression |periódico=AIDS |ano=1994 |páginas=1123–8 | volume=8 | issue=8 | pmid=7986410 | doi=10.1097/00002030-199408000-00014}}</ref> O tratamento com [[Antirretroviral|antirretrovirais]] aumenta a esperança de vida de portadores do VIH, mesmo que a infeção tenha já evoluído para um diagnóstico de SIDA. Estima-se que a esperança de vida com tratamento seja de cinco anos.<ref name=Schneider>{{citar periódico|autor =Schneider MF, Gange SJ, Williams CM, Anastos K, Greenblatt RM, Kingsley L, Detels R, Munoz A |título=Patterns of the hazard of death after AIDS through the evolution of antiretroviral therapy: 1984–2004 |periódico=AIDS |ano=2005 |páginas=2009–18 | volume=19 | issue=17 | pmid=16260908}}</ref>. Mas com a entrada de novos antiretrovirais a expectativa passou para algo em torno de 20-50 anos (provavelmente, esta expectativa pode ser ainda maior, posto que atualmente há novos medicamentos e terapias mais toleráveis ao organismo dos portadores). Na ausência de tratamento, a morte ocorre geralmente no prazo de um ano.<ref name=Morgan2>{{citar periódico|autor =Morgan D, Mahe C, Mayanja B, Okongo JM, Lubega R, Whitworth JA |título=HIV-1 infection in rural Africa: is there a difference in median time to AIDS and survival compared with that in industrialized countries? |periódico=AIDS |ano=2002 |páginas=597&ndash;632 | volume=16 | issue=4 | pmid=11873003}}</ref>


==Virologia==
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O VIH é um membro do [[Género (biologia)|género]] ''[[Lentivirus]]'',<ref name=ICTV61.0.6>{{cite web | author=[[International Committee on Taxonomy of Viruses]] | publisher=[[National Institutes of Health]] | year=2002 | url=http://www.ncbi.nlm.nih.gov/ICTVdb/ICTVdB/61060000.htm | title=61.0.6. Lentivirus | accessdate=February 28, 2006}}</ref> e parte da família ''[[Retroviridae]]''.<ref name=ICTV61.>{{cite web | author=International Committee on Taxonomy of Viruses | publisher=National Institutes of Health | year=2002 | url=http://www.ncbi.nlm.nih.gov/ICTVdb/ICTVdB/61000000.htm | title=61. Retroviridae | accessdate=February 28, 2006}}</ref> Os lentivirus têm diversas propriedades [[Morfologia (biologia)|morfológicas]] e [[Biologia|biológicas]] em comum. Muitas espécies são infectadas por lentivírus, que são caracteristicamente responsáveis por doenças de longa duração com [[período de incubação]] longo.<ref name=Levy>{{cite journal | author=Lévy, J. A. | title=HIV pathogenesis and long-term survival | journal=AIDS | year=1993 | pages=1401–10 | volume=7 | issue=11 | pmid=8280406 | doi=10.1097/00002030-199311000-00001}}</ref> Os lentivírus são transmitidos como [[vírus ARN]] [[Cápsula viral|encapsulados]], de [[Sentido (biologia molecular)|sentido positivo]] e de cadeia única. Ao entrar na célula-alvo, o [[genoma]] [[ARN]] viral é convertido em [[ADN]] de cadeia dupla pela [[transcriptase reversa]], que é transportada juntamente com o genoma viral na partícula do vírus. O ADN viral resultante é então importado para o [[núcleo celular]] e integrado no ADN celular pela [[HIV-integrase|integrase]] e cofactores. Uma vez integrado, o vírus pode tornar-se [[Período de incubação|latente]], peritindo-lhe a si e à célula hospedeira não serem detectados pelo sistema imunitário. Em elternativa, o vírus pode ser [[Transcrição (genética)|transcrito]], produzindo novos genomas ARN e proteínas virais que são libertadas das células como novas partículas virais que iniciam novamente o ciclo de reprodução.<ref name="JASmith">{{cite journal |author=Smith JA, Daniel R |title= Following the path of the virus: the exploitation of host DNA repair mechanisms by retroviruses |journal=ACS Chem Biol |volume=1|issue=4 |pages= 217–26 | year= 2006 |pmid= 17163676 |doi=10.1021/cb600131q |url= }}</ref>
O VIH é um membro do [[Género (biologia)|género]] ''[[Lentivirus]]'',<ref name=ICTV61.0.6>{{citar web|autor =[[International Committee on Taxonomy of Viruses]] |publicadopor=[[National Institutes of Health]] |ano=2002 | url=http://www.ncbi.nlm.nih.gov/ICTVdb/ICTVdB/61060000.htm |título=61.0.6. Lentivirus |acessodata=28 de fevereiro de 2006}}</ref> e parte da família ''[[Retroviridae]]''.<ref name=ICTV61.>{{citar web|autor =International Committee on Taxonomy of Viruses |publicadopor=National Institutes of Health |ano=2002 | url=http://www.ncbi.nlm.nih.gov/ICTVdb/ICTVdB/61000000.htm |título=61. Retroviridae |acessodata=28 de fevereiro de 2006}}</ref> Os lentivirus têm diversas propriedades [[Morfologia (biologia)|morfológicas]] e [[Biologia|biológicas]] em comum. Muitas espécies são infectadas por lentivírus, que são caracteristicamente responsáveis por doenças de longa duração com [[período de incubação]] longo.<ref name=Levy>{{citar periódico|autor =Lévy, J. A. |título=HIV pathogenesis and long-term survival |periódico=AIDS |ano=1993 |páginas=1401–10 | volume=7 | issue=11 | pmid=8280406 | doi=10.1097/00002030-199311000-00001}}</ref> Os lentivírus são transmitidos como [[vírus ARN]] [[Cápsula viral|encapsulados]], de [[Sentido (biologia molecular)|sentido positivo]] e de cadeia única. Ao entrar na célula-alvo, o [[genoma]] [[ARN]] viral é convertido em [[ADN]] de cadeia dupla pela [[transcriptase reversa]], que é transportada juntamente com o genoma viral na partícula do vírus. O ADN viral resultante é então importado para o [[núcleo celular]] e integrado no ADN celular pela [[HIV-integrase|integrase]] e cofactores. Uma vez integrado, o vírus pode tornar-se [[Período de incubação|latente]], peritindo-lhe a si e à célula hospedeira não serem detectados pelo sistema imunitário. Em elternativa, o vírus pode ser [[Transcrição (genética)|transcrito]], produzindo novos genomas ARN e proteínas virais que são libertadas das células como novas partículas virais que iniciam novamente o ciclo de reprodução.<ref name="JASmith">{{citar periódico|autor =Smith JA, Daniel R |título= Following the path of the virus: the exploitation of host DNA repair mechanisms by retroviruses |periódico=ACS Chem Biol |volume=1|issue=4 |páginas= 217–26 |ano= 2006 |pmid= 17163676 |doi=10.1021/cb600131q |url= }}</ref>


Foram identificados dois tipos de VIH: o VIH-1 e o VIH-2. O VIH-1 é o vírus que foi inicialmente descoberto e denominado LAV e HTLV-III. É o mais [[Virulência|virulento]], mais infeccioso,<ref>{{cite journal | title=Comparison of HIV-1 and HIV-2 infectivity from a prospective cohort study in Senegal | last=Gilbert | first=PB |journal=Statistics in Medicine | date=February 28, 2003| volume=22 | issue=4 | pages=573–593 | pmid=12590415 |doi=10.1002/sim.1342 | last2=McKeague | first2=IW | last3=Eisen | first3=G | last4=Mullins | first4=C | last5=Guéye-Ndiaye| first5=A | last6=Mboup | first6=S | last7=Kanki | first7=PJ}}</ref> e o que provoca a maioria das infeções por VIH a nível mundial. A menor infecciosidade do VIH-2 em comparação com o VIH-1 indica que, a cada exposição, o risco de contágio é menor. Devido à sua reduzida capacidade de contágio, o VIH-2 está maioritariamente restrito à [[África Ocidental]].<ref name=Reeves>{{cite journal | author=Reeves JD, Doms RW | title=Human Immunodeficiency Virus Type 2 | journal=[[Journal of General Virology]] | year=2002 | pages=1253–65 | volume=83 | issue=Pt 6 | pmid=12029140 | doi=10.1099/vir.0.18253-0}}</ref>
Foram identificados dois tipos de VIH: o VIH-1 e o VIH-2. O VIH-1 é o vírus que foi inicialmente descoberto e denominado LAV e HTLV-III. É o mais [[Virulência|virulento]], mais infeccioso,<ref>{{citar periódico|título=Comparison of HIV-1 and HIV-2 infectivity from a prospective cohort study in Senegal |último =Gilbert |primeiro =PB |periódico=Statistics in Medicine |data=28 de fevereiro de 2003| volume=22 | issue=4 |páginas=573–593 | pmid=12590415 |doi=10.1002/sim.1342 |último2 =McKeague |primeiro2 =IW |último3 =Eisen |primeiro3 =G |último4 =Mullins |primeiro4 =C |último5 =Guéye-Ndiaye|primeiro5 =A |último6 =Mboup |primeiro6 =S |último7 =Kanki |primeiro7 =PJ}}</ref> e o que provoca a maioria das infeções por VIH a nível mundial. A menor infecciosidade do VIH-2 em comparação com o VIH-1 indica que, a cada exposição, o risco de contágio é menor. Devido à sua reduzida capacidade de contágio, o VIH-2 está maioritariamente restrito à [[África Ocidental]].<ref name=Reeves>{{citar periódico|autor =Reeves JD, Doms RW |título=Human Immunodeficiency Virus Type 2 |periódico=[[Journal of General Virology]] |ano=2002 |páginas=1253–65 | volume=83 | issue=Pt 6 | pmid=12029140 | doi=10.1099/vir.0.18253-0}}</ref>


===Estrutura e genoma===
===Estrutura e genoma===
[[File:HI-virion-structure en.svg|thumb|Diagrama do VIH.]]
[[File:HI-virion-structure en.svg|thumb|Diagrama do VIH.]]
A estrutura do VIH é diferente da de outros retrovírus. É aproximadamente esférica e com um diâmetro de cerca de 120 [[Nanómetro|nm]], cerca de 60 vezes menor que um [[glóbulo vermelho]], ainda que grande para um vírus.<ref name=McGovern>{{cite journal | author=McGovern SL, Caselli E, Grigorieff N, Shoichet BK | title=A common mechanism underlying promiscuous inhibitors from virtual and high-throughput screening | journal=[[Journal of Medical Chemistry]] | year=2002 | pages=1712–22 | volume=45 | issue=8 | pmid=11931626 | doi=10.1021/jm010533y }}</ref><ref name=Microbiology3>Comparação: {{cite book |author=Fisher, Bruce; Harvey, Richard P.; Champe, Pamela C. |title=Lippincott's Illustrated Reviews: Microbiology (Lippincott's Illustrated Reviews Series) |publisher=Lippincott Williams & Wilkins |location=Hagerstown, MD |year= 2007|pages= |isbn=0-7817-8215-5 |oclc= |doi=}} Page 3</ref> É composto por duas cópias de [[ARN]] positivo de cadeia única de senso positivo com aproximadamente 9749 nucleotídeos q<ref>http://www.learner.org/courses/biology/textbook/hiv/hiv_4.html</ref> que codifica os nove [[gene]]s do vírus, envolto por um [[capsídeo]] cónico composto de 2000 cópias da proteína viral p24.<ref name=compendia>{{cite book
A estrutura do VIH é diferente da de outros retrovírus. É aproximadamente esférica e com um diâmetro de cerca de 120 [[Nanómetro|nm]], cerca de 60 vezes menor que um [[glóbulo vermelho]], ainda que grande para um vírus.<ref name=McGovern>{{citar periódico|autor =McGovern SL, Caselli E, Grigorieff N, Shoichet BK |título=A common mechanism underlying promiscuous inhibitors from virtual and high-throughput screening |periódico=[[Journal of Medical Chemistry]] |ano=2002 |páginas=1712–22 | volume=45 | issue=8 | pmid=11931626 | doi=10.1021/jm010533y }}</ref><ref name=Microbiology3>Comparação: {{citar livro|autor =Fisher, Bruce; Harvey, Richard P.; Champe, Pamela C. |título=Lippincott's Illustrated Reviews: Microbiology (Lippincott's Illustrated Reviews Series) |publicadopor=Lippincott Williams & Wilkins |local=Hagerstown, MD |ano= 2007|páginas= |isbn=0-7817-8215-5 |oclc= |doi=}} Page 3</ref> É composto por duas cópias de [[ARN]] positivo de cadeia única de senso positivo com aproximadamente 9749 nucleotídeos q<ref>http://www.learner.org/courses/biology/textbook/hiv/hiv_4.html</ref> que codifica os nove [[gene]]s do vírus, envolto por um [[capsídeo]] cónico composto de 2000 cópias da proteína viral p24.<ref name=compendia>{{citar livro
| author = Various
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| year = 2008
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| title = HIV Sequence Compendium 2008 Introduction | url =http://www.hiv.lanl.gov/content/sequence/HIV/COMPENDIUM/2008/frontmatter.pdf
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}}</ref> O ARN de cadeia único está intimamente ligado às proteínas da nucleocapside, p7, e às enzimas necessárias ao desenvolvimento do [[virião]] como a [[Transcriptase reversa]], a [[aspartate protease]], [[ribonuclease]] e [[integrase]]. O capsídeo é envolto por uma matriz composta pela proteína viral p17, assegurando a integridade da partícula do virião.<ref name=compendia/>
}}</ref> O ARN de cadeia único está intimamente ligado às proteínas da nucleocapside, p7, e às enzimas necessárias ao desenvolvimento do [[virião]] como a [[Transcriptase reversa]], a [[aspartate protease]], [[ribonuclease]] e [[integrase]]. O capsídeo é envolto por uma matriz composta pela proteína viral p17, assegurando a integridade da partícula do virião.<ref name=compendia/>


Este conjunto é por sua vez envolto pelo [[envelope viral]], que é composto por duas camadas de moléculas gordas denominadas [[fosfolípido]]s, obtidas a partir da membrana de uma célula humana quando uma partícula viral recém-formada brota da célula. No enveleope viral estão incorporadas proteínas da célula anfitriã e cerca de 70 cópias de uma proteína complexa do VIH que é proeminente na superfície da partícula viral.<ref name=compendia/> Esta proteína, conhecida por Env, consiste num conjunto de três moléculas denominadas [[Gp120|glicoproteína (gp) 120]], e uma haste que consiste em três moléculas [[gp41]] que ligam a estrutura ao envelope viral.<ref name=Chan>{{cite journal
Este conjunto é por sua vez envolto pelo [[envelope viral]], que é composto por duas camadas de moléculas gordas denominadas [[fosfolípido]]s, obtidas a partir da membrana de uma célula humana quando uma partícula viral recém-formada brota da célula. No enveleope viral estão incorporadas proteínas da célula anfitriã e cerca de 70 cópias de uma proteína complexa do VIH que é proeminente na superfície da partícula viral.<ref name=compendia/> Esta proteína, conhecida por Env, consiste num conjunto de três moléculas denominadas [[Gp120|glicoproteína (gp) 120]], e uma haste que consiste em três moléculas [[gp41]] que ligam a estrutura ao envelope viral.<ref name=Chan>{{citar periódico
| author=Chan DC, Fass D, Berger JM, Kim PS | title=Core structure of gp41 from the HIV envelope glycoprotein |journal=Cell | year=1997 | pages=263–73 | volume=89 | pmid=9108481 |url=http://www.its.caltech.edu/~chanlab/PDFs/Chan_Cell_1997.pdf |accessdate=March 31, 2009
|autor =Chan DC, Fass D, Berger JM, Kim PS |título=Core structure of gp41 from the HIV envelope glycoprotein |periódico=Cell |ano=1997 |páginas=263–73 | volume=89 | pmid=9108481 |url=http://www.its.caltech.edu/~chanlab/PDFs/Chan_Cell_1997.pdf |acessodata=31 de março de 2009
| doi=10.1016/S0092-8674(00)80205-6
| doi=10.1016/S0092-8674(00)80205-6
| issue=2}}</ref> Este complexo glicoproteico permite ao vírus ligar-se e fundir-se com as células-alvo de modo a dar início ao ciclo de infeção.<ref name=Chan/> Estas duas proteínas de superfície, sobretudo a gp120, têm vindo a ser identificadas como o alvo de futuros tratamentos ou vacinas contra o VIH.<ref name=nih1998>{{cite press release | author=National Institute of Health | title=Crystal structure of key HIV protein reveals new prevention, treatment targets | date=June 17, 1998 |url=http://www3.niaid.nih.gov/news/newsreleases/1998/hivprotein.htm | accessdate = September 14, 2006 |archiveurl=http://web.archive.org/web/20060219112450/http://www3.niaid.nih.gov/news/newsreleases/1998/hivprotein.htm |archivedate=February 19, 2006}}</ref>
| issue=2}}</ref> Este complexo glicoproteico permite ao vírus ligar-se e fundir-se com as células-alvo de modo a dar início ao ciclo de infeção.<ref name=Chan/> Estas duas proteínas de superfície, sobretudo a gp120, têm vindo a ser identificadas como o alvo de futuros tratamentos ou vacinas contra o VIH.<ref name=nih1998>{{citar comunicado de imprensa|autor =National Institute of Health |título=Crystal structure of key HIV protein reveals new prevention, treatment targets |data=17 de junho de 1998 |url=http://www3.niaid.nih.gov/news/newsreleases/1998/hivprotein.htm |acessodata=14 de setembro de 2006 |arquivourl=http://web.archive.org/web/20060219112450/http://www3.niaid.nih.gov/news/newsreleases/1998/hivprotein.htm |arquivodata=19 de fevereiro de 2006}}</ref>


O genoma de ARN consiste em pelo menos sete marcos estruturais ([[Long terminal repeat|LTR]], TAR, RRE, PE, SLIP, CRS e INS) e nove genes ('gag'', ''pol'', and ''env'', ''tat'', ''rev'', ''nef'', ''vif'', ''vpr'', ''vpu'', e por vezes um décimo ''tev'', que consiste numa fusão de tat, env e rev), codificando 19 proteínas. Três destes genes, ''gag'', ''pol'' e ''env'', contêm a informação necessária para produzir as proteínas estruturais de novas partículas virais.<ref name=compendia/> por exemplo, o ''env'' codifica uma proteína denominada gp160 que é quebrada por uma protease celular de modo a formar gp120 e gp41. Os restantes seis genes, 'tat'', ''rev'', ''nef'', ''vif'', ''vpr'', e ''vpu'' (ou ''vpx'' no caso do VIH-2), são genes reguladores para proteínas que controlam a capacidade do VIH em infectar céulas, produzir novas cópias de si mesmo (replicar-se) ou provoca a doença.<ref name=compendia/>
O genoma de ARN consiste em pelo menos sete marcos estruturais ([[Long terminal repeat|LTR]], TAR, RRE, PE, SLIP, CRS e INS) e nove genes ('gag'', ''pol'', and ''env'', ''tat'', ''rev'', ''nef'', ''vif'', ''vpr'', ''vpu'', e por vezes um décimo ''tev'', que consiste numa fusão de tat, env e rev), codificando 19 proteínas. Três destes genes, ''gag'', ''pol'' e ''env'', contêm a informação necessária para produzir as proteínas estruturais de novas partículas virais.<ref name=compendia/> por exemplo, o ''env'' codifica uma proteína denominada gp160 que é quebrada por uma protease celular de modo a formar gp120 e gp41. Os restantes seis genes, 'tat'', ''rev'', ''nef'', ''vif'', ''vpr'', e ''vpu'' (ou ''vpx'' no caso do VIH-2), são genes reguladores para proteínas que controlam a capacidade do VIH em infectar céulas, produzir novas cópias de si mesmo (replicar-se) ou provoca a doença.<ref name=compendia/>


As duas proteínas Tat (p16 e p14) são [[Ativador (genética)|trans-ativadores transcricionais]] do LTR, atuando ao ligar o elemento ARN do TAR. O TAR pode também ser processado em [[micro-ARN]]s que regulam os genes da [[apoptose]] ERCC1 e IER3.<ref name="pmid18299284">{{cite journal|author=Ouellet DL, Plante I, Landry P, ''et al.'' |title=Identification of functional microRNAs released through asymmetrical processing of HIV-1 TAR element |journal=Nucleic Acids Res. |volume=36 |issue=7 |pages=2353–65 |year=2008 |month=April |pmid=18299284 |pmc=2367715 |doi=10.1093/nar/gkn076 |url=http://nar.oxfordjournals.org/cgi/content/full/36/7/2353}}</ref><ref name="pmid19220914">{{cite journal |author=Klase Z, Winograd R, Davis J, ''et al.'' |title=HIV-1 TAR miRNA protects against apoptosis by altering cellular gene expression |journal=Retrovirology |volume=6 |issue= 1|page=18 |year=2009 |pmid=19220914 |pmc=2654423 |doi=10.1186/1742-4690-6-18 |url=http://www.retrovirology.com/content/6/1/18 }}</ref> A proteína Rev (p19) está envolvida no encerramento dos ARN do núcleo e do [[citoplasma]], ao ligar-se ao elemento de ARN RRE. A proteína Vif (p23) previne a acção da APOBEC3G (uma proteína celular que devide os híbridos de ADN:ARN e/ou interfere com a proteína Pol). A proteína Vpr (p14) pára a [[divisão celular]] e G2/M. A proteína Nef (p27) infra-regula o CD4 (o maior recetor viral), assim como as moléculas [[Complexo principal de histocompatibilidade|MHC]] classe I e II.<ref name="pmid2014052">{{cite journal |author=Garcia JV, Miller AD |title=Serine phosphorylation-independent downregulation of cell-surface CD4 by nef |journal=Nature |volume=350|issue=6318 |pages=508–11 |year=1991 |month=April |pmid=2014052 |doi=10.1038/350508a0|url=|bibcode = 1991Natur.350..508G }}</ref><ref name="pmid8612235">{{cite journal |author=Schwartz O, Maréchal V, Le Gall S, Lemonnier F, Heard JM |title=Endocytosis of major histocompatibility complex class I molecules is induced by the HIV-1 Nef protein |journal=Nat. Med. |volume=2 |issue=3 |pages=338–42 |year=1996|month=March |pmid=8612235 |doi= 10.1038/nm0396-338|url=}}</ref><ref name="pmid11593029">{{cite journal |author=Stumptner-Cuvelette P, Morchoisne S, Dugast M, et al. |title=HIV-1 Nef impairs MHC class II antigen presentation and surface expression |journal=Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A.|volume=98 |issue=21 |pages=12144–9 |year=2001 |month=October |pmid=11593029 |pmc=59782 |doi=10.1073/pnas.221256498 |bibcode = 2001PNAS...9812144S }}</ref> A proteína Vpu (p16) influencia a libertação de novas partículas virais a partir de células infectadas.<ref name=compendia/> As extremidades de cada cadeia de ARN do HIV contêm uma sequência de ARN denominada ''[[long terminal repeat]]'' (LTR). As regiões no LTR atuam como interruptores que controlam a produção de novos vírus e podem ser ativadas pelas proteínas quer do VIH quer da caélula anfitriã. O elemento Psi está envolvido no envelope do genoma viral e é reconhecido pelas proteínas Gag e Rev. O elemento SLIP está envolvido no [[deslocamento do quadro de leitura]] Gag-Pol, necessário para a produção de Pol funcional.<ref name=compendia/>
As duas proteínas Tat (p16 e p14) são [[Ativador (genética)|trans-ativadores transcricionais]] do LTR, atuando ao ligar o elemento ARN do TAR. O TAR pode também ser processado em [[micro-ARN]]s que regulam os genes da [[apoptose]] ERCC1 e IER3.<ref name="pmid18299284">{{citar periódico|autor =Ouellet DL, Plante I, Landry P, ''et al.'' |título=Identification of functional microRNAs released through asymmetrical processing of HIV-1 TAR element |periódico=Nucleic Acids Res. |volume=36 |issue=7 |páginas=2353–65 |ano=2008 |month=April |pmid=18299284 |pmc=2367715 |doi=10.1093/nar/gkn076 |url=http://nar.oxfordjournals.org/cgi/content/full/36/7/2353}}</ref><ref name="pmid19220914">{{citar periódico|autor =Klase Z, Winograd R, Davis J, ''et al.'' |título=HIV-1 TAR miRNA protects against apoptosis by altering cellular gene expression |periódico=Retrovirology |volume=6 |issue= 1|página=18 |ano=2009 |pmid=19220914 |pmc=2654423 |doi=10.1186/1742-4690-6-18 |url=http://www.retrovirology.com/content/6/1/18 }}</ref> A proteína Rev (p19) está envolvida no encerramento dos ARN do núcleo e do [[citoplasma]], ao ligar-se ao elemento de ARN RRE. A proteína Vif (p23) previne a acção da APOBEC3G (uma proteína celular que devide os híbridos de ADN:ARN e/ou interfere com a proteína Pol). A proteína Vpr (p14) pára a [[divisão celular]] e G2/M. A proteína Nef (p27) infra-regula o CD4 (o maior recetor viral), assim como as moléculas [[Complexo principal de histocompatibilidade|MHC]] classe I e II.<ref name="pmid2014052">{{citar periódico|autor =Garcia JV, Miller AD |título=Serine phosphorylation-independent downregulation of cell-surface CD4 by nef |periódico=Nature |volume=350|issue=6318 |páginas=508–11 |ano=1991 |month=April |pmid=2014052 |doi=10.1038/350508a0|url=|bibcode = 1991Natur.350..508G }}</ref><ref name="pmid8612235">{{citar periódico|autor =Schwartz O, Maréchal V, Le Gall S, Lemonnier F, Heard JM |título=Endocytosis of major histocompatibility complex class I molecules is induced by the HIV-1 Nef protein |periódico=Nat. Med. |volume=2 |issue=3 |páginas=338–42 |ano=1996|month=March |pmid=8612235 |doi= 10.1038/nm0396-338|url=}}</ref><ref name="pmid11593029">{{citar periódico|autor =Stumptner-Cuvelette P, Morchoisne S, Dugast M, et al. |título=HIV-1 Nef impairs MHC class II antigen presentation and surface expression |periódico=Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A.|volume=98 |issue=21 |páginas=12144–9 |ano=2001 |month=October |pmid=11593029 |pmc=59782 |doi=10.1073/pnas.221256498 |bibcode = 2001PNAS...9812144S }}</ref> A proteína Vpu (p16) influencia a libertação de novas partículas virais a partir de células infectadas.<ref name=compendia/> As extremidades de cada cadeia de ARN do HIV contêm uma sequência de ARN denominada ''[[long terminal repeat]]'' (LTR). As regiões no LTR atuam como interruptores que controlam a produção de novos vírus e podem ser ativadas pelas proteínas quer do VIH quer da caélula anfitriã. O elemento Psi está envolvido no envelope do genoma viral e é reconhecido pelas proteínas Gag e Rev. O elemento SLIP está envolvido no [[deslocamento do quadro de leitura]] Gag-Pol, necessário para a produção de Pol funcional.<ref name=compendia/>


===Tropismo===
===Tropismo===
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O termo tropismo viral refere-se ao tipo de células que determinado vírus infeta. O VIH pode infetar diversas células imunitárias, como os [[Linfócito T auxiliar|linfócitos T CD4<sup>+</sup>]], [[macrófago]]s e [[Micróglia|microgliócitos]]. A entrada do VIH-1 nos macrófagos e nos linfócitos CD4<sup>+</sup> é mediada através da interação das glicoproteínas do envelope do virião (gp120) com a molécula CD4 nas células-alvo, e ainda através de co-recetores de [[quimiocina]].<ref name=Chan/>
O termo tropismo viral refere-se ao tipo de células que determinado vírus infeta. O VIH pode infetar diversas células imunitárias, como os [[Linfócito T auxiliar|linfócitos T CD4<sup>+</sup>]], [[macrófago]]s e [[Micróglia|microgliócitos]]. A entrada do VIH-1 nos macrófagos e nos linfócitos CD4<sup>+</sup> é mediada através da interação das glicoproteínas do envelope do virião (gp120) com a molécula CD4 nas células-alvo, e ainda através de co-recetores de [[quimiocina]].<ref name=Chan/>


As cadeias do VIH-1 que afectam os macrófagos (M-trópicas) usam os co-recetores de quimiocina [[CCR5]] para entrar, sendo assim capazes de se replicarem em macrófagos e linfócitos T CD4<SUP>+</SUP>.<ref name=Coakley>{{cite journal
As cadeias do VIH-1 que afectam os macrófagos (M-trópicas) usam os co-recetores de quimiocina [[CCR5]] para entrar, sendo assim capazes de se replicarem em macrófagos e linfócitos T CD4<SUP>+</SUP>.<ref name=Coakley>{{citar periódico
| author=Coakley E, Petropoulos CJ, Whitcomb JM | title=Assessing ch vbgemokine co-receptor usage in HIV |journal=Curr. Opin. Infect. Dis. | year=2005 | pages=9–15 | volume=18 | issue=1 | pmid=15647694 |doi=10.1097/00001432-200502000-00003 }}</ref> Este co-recetor CCR5 é usado por praticamente todos os tipos primários de VIH-1, independentemente do seu subtipo genético. Assim, os macrófagos desempenham um papel essencial em vários aspetos fundamentais da infeção por VIH, aparentando ser as primeiras células a ser infetadas e talvez a fonte de produção de VIH a partir do momento em que o doente perde as células CD4. Em [[Tonsila|amígdala]]s e [[adenoide]]s de doentes infetados com VIH, os macrófagos fundem-se em células de grandes dimensões e vários núcleos que produzem grandes quantidades de partículas virais. As cadeias T-trópicas replicam-se tanto em linfócitos T CD4<sup>+</sup> como em macrófagos e usam para entrar o co-recetor de quimioquina [[CXCR4]].<ref name=Coakley /><ref name=Deng>{{cite journal |author=Deng H, Liu R, Ellmeier W, Choe S, Unutmaz D, Burkhart M, Di Marzio P, Marmon S, Sutton RE, Hill CM, Davis CB, Peiper SC, Schall TJ, Littman DR, Landau NR |title=Identification of a major co-receptor for primary isolates of HIV-1 | journal=Nature | year=1996 | pages=661–6 | volume=381 | issue=6584 | pmid=8649511 | doi=10.1038/381661a0 |bibcode = 1996Natur.381..661D }}</ref><ref name=Feng>{{cite journal
|autor =Coakley E, Petropoulos CJ, Whitcomb JM |título=Assessing ch vbgemokine co-receptor usage in HIV |periódico=Curr. Opin. Infect. Dis. |ano=2005 |páginas=9–15 | volume=18 | issue=1 | pmid=15647694 |doi=10.1097/00001432-200502000-00003 }}</ref> Este co-recetor CCR5 é usado por praticamente todos os tipos primários de VIH-1, independentemente do seu subtipo genético. Assim, os macrófagos desempenham um papel essencial em vários aspetos fundamentais da infeção por VIH, aparentando ser as primeiras células a ser infetadas e talvez a fonte de produção de VIH a partir do momento em que o doente perde as células CD4. Em [[Tonsila|amígdala]]s e [[adenoide]]s de doentes infetados com VIH, os macrófagos fundem-se em células de grandes dimensões e vários núcleos que produzem grandes quantidades de partículas virais. As cadeias T-trópicas replicam-se tanto em linfócitos T CD4<sup>+</sup> como em macrófagos e usam para entrar o co-recetor de quimioquina [[CXCR4]].<ref name=Coakley /><ref name=Deng>{{citar periódico|autor =Deng H, Liu R, Ellmeier W, Choe S, Unutmaz D, Burkhart M, Di Marzio P, Marmon S, Sutton RE, Hill CM, Davis CB, Peiper SC, Schall TJ, Littman DR, Landau NR |título=Identification of a major co-receptor for primary isolates of HIV-1 |periódico=Nature |ano=1996 |páginas=661–6 | volume=381 | issue=6584 | pmid=8649511 | doi=10.1038/381661a0 |bibcode = 1996Natur.381..661D }}</ref><ref name=Feng>{{citar periódico
| author=Feng Y, Broder CC, Kennedy PE, Berger EA | title=HIV-1 entry cofactor: functional cDNA cloning of a seven-transmembrane, G protein-coupled receptor | journal=Science | year=1996 | pages=872–7 | volume=272 | issue=5263 |pmid=8629022 | doi=10.1126/science.272.5263.872 |bibcode = 1996Sci...272..872F }}</ref> Pensa-se que as cadeias VIH-1 de tropismo duplo sejam cadeias de VIH-1 em transição, e portanto capazes de usar como co-recetores de entrada tanto o CCR5 como o CXCR4. A quimioquina-alfa SDF-1, um [[ligante]] do CXCR4, suprime a replicação dos tipos T-trópicos. Consegue-o através da infra-regulação da expressão do CXCR4 na superfície destas células. O VIH que usa apenas o co-recetor CCR5 é denominado R5; o que usa apenas o CXCR4 é denominado X4; e o que usa ambos é denominado X4R5. No entanto, o uso do co-recetor por si só não explica o tropismo viral, já que nem todos os vírus R5 são capazes de usar o CCR5 em macrófagos de modo a dar origem a uma infeção bem sucedida e o VIH pode também infetar um subtipo de [[Célula dendrítica|células dendríticas]] [[mieloide]]s, que provavelmente constituem uma reserva que mantém a infeção quando a contagem de células CD4<sup>+</sup> desce para níveis extremamente baixos.<ref name=Coakley /><ref name=Knight>{{cite journal
|autor =Feng Y, Broder CC, Kennedy PE, Berger EA |título=HIV-1 entry cofactor: functional cDNA cloning of a seven-transmembrane, G protein-coupled receptor |periódico=Science |ano=1996 |páginas=872–7 | volume=272 | issue=5263 |pmid=8629022 | doi=10.1126/science.272.5263.872 |bibcode = 1996Sci...272..872F }}</ref> Pensa-se que as cadeias VIH-1 de tropismo duplo sejam cadeias de VIH-1 em transição, e portanto capazes de usar como co-recetores de entrada tanto o CCR5 como o CXCR4. A quimioquina-alfa SDF-1, um [[ligante]] do CXCR4, suprime a replicação dos tipos T-trópicos. Consegue-o através da infra-regulação da expressão do CXCR4 na superfície destas células. O VIH que usa apenas o co-recetor CCR5 é denominado R5; o que usa apenas o CXCR4 é denominado X4; e o que usa ambos é denominado X4R5. No entanto, o uso do co-recetor por si só não explica o tropismo viral, já que nem todos os vírus R5 são capazes de usar o CCR5 em macrófagos de modo a dar origem a uma infeção bem sucedida e o VIH pode também infetar um subtipo de [[Célula dendrítica|células dendríticas]] [[mieloide]]s, que provavelmente constituem uma reserva que mantém a infeção quando a contagem de células CD4<sup>+</sup> desce para níveis extremamente baixos.<ref name=Coakley /><ref name=Knight>{{citar periódico
| author=Knight SC, Macatonia SE, Patterson S | title=HIV I infection of dendritic cells | journal=[[International Review of Immunology]] | year=1990 | pages=163–75 | volume=6 | issue=2–3 | pmid=2152500 | doi=10.3109/08830189009056627 }}</ref> Algumas pessoas são resistentes a determinadas estirpes de VIH.Por exemplo, pessoas com a mutação [[CCR5#CCR5-Δ32|CCR5-Δ32]] são resistentes a infeções com o vírus R5, uma vez que a mutação impede o VIH de se ligar ao seu co-recetor, reduzindo a sua capacidade de infetar células-alvo.<ref name=Tang>{{cite journal |author=Tang J, Kaslow RA | title=The impact of host genetics on HIV infection and disease progression in the era of highly active antiretroviral therapy | journal=AIDS | year=2003 | pages=S51–S60 | volume=17 | issue=Suppl 4 | pmid=15080180 | doi=10.1097/00002030-200317004-00006}}</ref>
|autor =Knight SC, Macatonia SE, Patterson S |título=HIV I infection of dendritic cells |periódico=[[International Review of Immunology]] |ano=1990 |páginas=163–75 | volume=6 | issue=2–3 | pmid=2152500 | doi=10.3109/08830189009056627 }}</ref> Algumas pessoas são resistentes a determinadas estirpes de VIH.Por exemplo, pessoas com a mutação [[CCR5#CCR5-Δ32|CCR5-Δ32]] são resistentes a infeções com o vírus R5, uma vez que a mutação impede o VIH de se ligar ao seu co-recetor, reduzindo a sua capacidade de infetar células-alvo.<ref name=Tang>{{citar periódico|autor =Tang J, Kaslow RA |título=The impact of host genetics on HIV infection and disease progression in the era of highly active antiretroviral therapy |periódico=AIDS |ano=2003 |páginas=S51–S60 | volume=17 | issue=Suppl 4 | pmid=15080180 | doi=10.1097/00002030-200317004-00006}}</ref>


A [[relação sexual]] é o principal meio de transmissão do VIH. Tanto o VIH X4 como o R5 estão presentes no [[sémen]] que é transmitido entre o homem e o seu parceiro sexual. Os viriões podem assim infetar vários alvos celulares e disseminar-se por todo o organismo. No entanto, a existência de um processo de seleção faz com que através desta via seja predominante a transmissão do vírus R5.<ref name=Zhu1993>{{cite journal | author=Zhu T, Mo H, Wang N, Nam DS, Cao Y, Koup RA, Ho DD | title=Genotypic and phenotypic characterization of HIV-1 patients with primary infection | journal=Science | year=1993 | pages=1179–81 | volume=261 | issue=5125 | pmid=8356453 | doi=10.1126/science.8356453|bibcode = 1993Sci...261.1179Z }}</ref><ref name=Wout>{{cite journal | author=van’t Wout AB, Kootstra NA, Mulder-Kampinga GA, Albrecht-van Lent N, Scherpbier HJ, Veenstra J, Boer K, Coutinho RA, Miedema F, Schuitemaker H. | title=Macrophage-tropic variants initiate human immunodeficiency virus type 1 infection after sexual, parenteral, and vertical transmission | journal=J Clin Invest | year=1994 | pages=2060–7 | volume=94 | issue=5 | pmid=7962552 | doi=10.1172/JCI117560 | pmc=294642 }}</ref><ref name=Zhu1996>{{cite journal | author=Zhu T, Wang N, Carr A, Nam DS, Moor-Jankowski R, Cooper DA, Ho DD | title=Genetic characterization of human immunodeficiency virus type 1 in blood and genital secretions: evidence for viral compartmentalization and selection during sexual transmission | journal=J Virol | year=1996 | pages=3098–107 | volume=70 | issue=5 | pmid=8627789 | pmc=190172 }}</ref> A forma como o processo seletivo funciona está ainda a ser investigada, mas um dos modelos propõe que os [[espermatozoide]]s possam seletivamente transportar VIH R5, uma vez que na superfície possuem CCR3 e CCR5, mas não CXCR4,<ref name=Muciaccia>{{cite journal| author=Muciaccia B, Padula F, Vicini E, Gandini L, Lenzi A, Stefanini M | title=Beta-chemokine receptors 5 and 3 are expressed on the head region of human spermatozoon | journal=FASEB J | year=2005 | pages=2048–50 | volume=19 | issue=14 | pmid=16174786 | doi=10.1096/fj.05-3962fje }}</ref> e que as [[epitélio|células epiteliais]] genitais sequestram de forma preferencial vírus X4.<ref name=Berlier>{{cite journal | author=Berlier W, Bourlet T, Lawrence P, Hamzeh H, Lambert C, Genin C, Verrier B, Dieu-Nosjean MC, Pozzetto B, Delezay O | title=Selective sequestration of X4 isolates by human genital epithelial cells: Implication for virus tropism selection process during sexual transmission of HIV | journal=J Med Virol. | year=2005 | pages=465–74 | volume=77 | issue=4 | pmid=16254974 | doi=10.1002/jmv.20478 }}</ref> Em pessoas infetadas com o subtipo HIV-1, muitas vezes verifica-se a troca de co-recetor durante a fase avançada da doença, e as variantes T-trópicas aparentam poder infetar diferentes linfócitos T através do CXCR4.<ref name=Clevestig>{{cite journal |author=Clevestig P, Maljkovic I, Casper C, Carlenor E, Lindgren S, Naver L, Bohlin AB, Fenyo EM, Leitner T, Ehrnst A | title=The X4 phenotype of HIV type 1 evolves from R5 in two children of mothers, carrying X4, and is not linked to transmission | journal=AIDS Res Hum Retroviruses | year=2005 | pages=371–8 | volume=5 | issue=21 | pmid=15929699 | doi=10.1089/aid.2005.21.371 }}</ref> Estas variantes replicam-se então de forma mais agressiva e com maior virulência, o que provoca a diminuição acentuada dos linfócitos T, o colapso do sistema imunitário e o aparecimento de infeções oportunistas, características da SIDA.<ref name=Moore>{{cite journal | author=Moore JP | title=Coreceptors: implications for HIV pathogenesis and therapy |journal=Science | year=1997 | pages=51–2 | volume=276 | issue=5309 | pmid=9122710 | doi=10.1126/science.276.5309.51 }}</ref> Assim, durante o curso da infeção, a adaptação viral para passar a usar o CXCR4 em vez do CCR5 pode representar um passo fundamental na progressão para a SIDA. Vários estudos em indivíduos infetados com o subtipo B concluíram que 40 a 50% dos pacientes com SIDA podem apresentar vírus T-trópicos e, presume-se, fenótipos X4.<ref name=Karlsson>{{cite journal | author=Karlsson A, Parsmyr K, Aperia K, Sandstrom E, Fenyo EM, Albert J.| title=MT-2 cell tropism of human immunodeficiency virus type 1 isolates as a marker for response to treatment and development of drug resistance | journal=J Infect Dis. | year=1994 | pages=1367–75 | volume=170 | issue=6 | pmid=7995974 | doi=10.1093/infdis/170.6.1367 }}</ref><ref name=Koot>{{cite journal
A [[relação sexual]] é o principal meio de transmissão do VIH. Tanto o VIH X4 como o R5 estão presentes no [[sémen]] que é transmitido entre o homem e o seu parceiro sexual. Os viriões podem assim infetar vários alvos celulares e disseminar-se por todo o organismo. No entanto, a existência de um processo de seleção faz com que através desta via seja predominante a transmissão do vírus R5.<ref name=Zhu1993>{{citar periódico|autor =Zhu T, Mo H, Wang N, Nam DS, Cao Y, Koup RA, Ho DD |título=Genotypic and phenotypic characterization of HIV-1 patients with primary infection |periódico=Science |ano=1993 |páginas=1179–81 | volume=261 | issue=5125 | pmid=8356453 | doi=10.1126/science.8356453|bibcode = 1993Sci...261.1179Z }}</ref><ref name=Wout>{{citar periódico|autor =van’t Wout AB, Kootstra NA, Mulder-Kampinga GA, Albrecht-van Lent N, Scherpbier HJ, Veenstra J, Boer K, Coutinho RA, Miedema F, Schuitemaker H. |título=Macrophage-tropic variants initiate human immunodeficiency virus type 1 infection after sexual, parenteral, and vertical transmission |periódico=J Clin Invest |ano=1994 |páginas=2060–7 | volume=94 | issue=5 | pmid=7962552 | doi=10.1172/JCI117560 | pmc=294642 }}</ref><ref name=Zhu1996>{{citar periódico|autor =Zhu T, Wang N, Carr A, Nam DS, Moor-Jankowski R, Cooper DA, Ho DD |título=Genetic characterization of human immunodeficiency virus type 1 in blood and genital secretions: evidence for viral compartmentalization and selection during sexual transmission |periódico=J Virol |ano=1996 |páginas=3098–107 | volume=70 | issue=5 | pmid=8627789 | pmc=190172 }}</ref> A forma como o processo seletivo funciona está ainda a ser investigada, mas um dos modelos propõe que os [[espermatozoide]]s possam seletivamente transportar VIH R5, uma vez que na superfície possuem CCR3 e CCR5, mas não CXCR4,<ref name=Muciaccia>{{citar periódico|autor =Muciaccia B, Padula F, Vicini E, Gandini L, Lenzi A, Stefanini M |título=Beta-chemokine receptors 5 and 3 are expressed on the head region of human spermatozoon |periódico=FASEB J |ano=2005 |páginas=2048–50 | volume=19 | issue=14 | pmid=16174786 | doi=10.1096/fj.05-3962fje }}</ref> e que as [[epitélio|células epiteliais]] genitais sequestram de forma preferencial vírus X4.<ref name=Berlier>{{citar periódico|autor =Berlier W, Bourlet T, Lawrence P, Hamzeh H, Lambert C, Genin C, Verrier B, Dieu-Nosjean MC, Pozzetto B, Delezay O |título=Selective sequestration of X4 isolates by human genital epithelial cells: Implication for virus tropism selection process during sexual transmission of HIV |periódico=J Med Virol. |ano=2005 |páginas=465–74 | volume=77 | issue=4 | pmid=16254974 | doi=10.1002/jmv.20478 }}</ref> Em pessoas infetadas com o subtipo HIV-1, muitas vezes verifica-se a troca de co-recetor durante a fase avançada da doença, e as variantes T-trópicas aparentam poder infetar diferentes linfócitos T através do CXCR4.<ref name=Clevestig>{{citar periódico|autor =Clevestig P, Maljkovic I, Casper C, Carlenor E, Lindgren S, Naver L, Bohlin AB, Fenyo EM, Leitner T, Ehrnst A |título=The X4 phenotype of HIV type 1 evolves from R5 in two children of mothers, carrying X4, and is not linked to transmission |periódico=AIDS Res Hum Retroviruses |ano=2005 |páginas=371–8 | volume=5 | issue=21 | pmid=15929699 | doi=10.1089/aid.2005.21.371 }}</ref> Estas variantes replicam-se então de forma mais agressiva e com maior virulência, o que provoca a diminuição acentuada dos linfócitos T, o colapso do sistema imunitário e o aparecimento de infeções oportunistas, características da SIDA.<ref name=Moore>{{citar periódico|autor =Moore JP |título=Coreceptors: implications for HIV pathogenesis and therapy |periódico=Science |ano=1997 |páginas=51–2 | volume=276 | issue=5309 | pmid=9122710 | doi=10.1126/science.276.5309.51 }}</ref> Assim, durante o curso da infeção, a adaptação viral para passar a usar o CXCR4 em vez do CCR5 pode representar um passo fundamental na progressão para a SIDA. Vários estudos em indivíduos infetados com o subtipo B concluíram que 40 a 50% dos pacientes com SIDA podem apresentar vírus T-trópicos e, presume-se, fenótipos X4.<ref name=Karlsson>{{citar periódico|autor =Karlsson A, Parsmyr K, Aperia K, Sandstrom E, Fenyo EM, Albert J.|título=MT-2 cell tropism of human immunodeficiency virus type 1 isolates as a marker for response to treatment and development of drug resistance |periódico=J Infect Dis. |ano=1994 |páginas=1367–75 | volume=170 | issue=6 | pmid=7995974 | doi=10.1093/infdis/170.6.1367 }}</ref><ref name=Koot>{{citar periódico
| author=Koot M, van 't Wout AB, Kootstra NA, de Goede RE, Tersmette M, Schuitemaker H.| title=Relation between changes in cellular load, evolution of viral phenotype, and the clonal composition of virus populations in the course of human immunodeficiency virus type 1 infection | journal=J Infect Dis. | year=1996 | pages=349–54 | volume=173 | issue=2 | pmid=8568295 | doi=10.1093/infdis/173.2.349 }}</ref>
|autor =Koot M, van 't Wout AB, Kootstra NA, de Goede RE, Tersmette M, Schuitemaker H.|título=Relation between changes in cellular load, evolution of viral phenotype, and the clonal composition of virus populations in the course of human immunodeficiency virus type 1 infection |periódico=J Infect Dis. |ano=1996 |páginas=349–54 | volume=173 | issue=2 | pmid=8568295 | doi=10.1093/infdis/173.2.349 }}</ref>


O VIH-2 é muito menos patogénico do que o VIH-1 e a sua ocorrência é mais restrita em termos globais. A adoção de "genes acessórios" pelo VIH-2 e o seu padrão promíscuo de utilização de coreceptores (incluindo a independência relativamente ao CD4) pode auxiliar o vírus na sua adaptação de forma a evitar fatores de restrição inatos presentes nas células anfitriãs. A capacidade do VIH-2 em se replicar nos seres humanos pode ter origem na capacidade de adaptação do vírus, de modo a ser capaz de usar processos celulares normais de forma a permitir a transmissão e a infeção produtiva. Uma das estratégias de sobrevivência de qualquer agente infecioso é não matar o seu hospedeiro, mas antes estabelecer uma relação de [[comensalismo]] entre organismos. Tendo conseguido obter baixa petogenicidade, ao longo do tempo irão sendo selecionadas as variantes mais eficazes na transmissão.<ref name= CheneyandMcKnight>{{cite book |author= Cheney K, McKnight A |chapter=HIV-2 Tropism and Disease | year=2010 |title=Lentiviruses and Macrophages: Molecular and Cellular Interactions | publisher=Caister Academic Press | isbn=978-1-904455-60-8 }}</ref>
O VIH-2 é muito menos patogénico do que o VIH-1 e a sua ocorrência é mais restrita em termos globais. A adoção de "genes acessórios" pelo VIH-2 e o seu padrão promíscuo de utilização de coreceptores (incluindo a independência relativamente ao CD4) pode auxiliar o vírus na sua adaptação de forma a evitar fatores de restrição inatos presentes nas células anfitriãs. A capacidade do VIH-2 em se replicar nos seres humanos pode ter origem na capacidade de adaptação do vírus, de modo a ser capaz de usar processos celulares normais de forma a permitir a transmissão e a infeção produtiva. Uma das estratégias de sobrevivência de qualquer agente infecioso é não matar o seu hospedeiro, mas antes estabelecer uma relação de [[comensalismo]] entre organismos. Tendo conseguido obter baixa petogenicidade, ao longo do tempo irão sendo selecionadas as variantes mais eficazes na transmissão.<ref name= CheneyandMcKnight>{{citar livro|autor = Cheney K, McKnight A |capítulo=HIV-2 Tropism and Disease |ano=2010 |título=Lentiviruses and Macrophages: Molecular and Cellular Interactions |publicadopor=Caister Academic Press | isbn=978-1-904455-60-8 }}</ref>


===Ciclo de replicação===
===Ciclo de replicação===
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====Penetração celular====
====Penetração celular====


O VIH penetra nos [[macrófago]]s e nos [[Linfócito T|linfócitos T]] CD4<SUP>+</SUP> através da [[adsorção]] de [[glicoproteína]]s na sua superfície para recetores na célula-alvo, seguida pela fusão do [[envelope viral]] com a membrana celular e pela libertação do [[capsídeo]] do VIH na célula.<ref name=Chan2>{{cite journal |author=Chan D, Kim P |title=HIV entry and its inhibition |journal=Cell |volume=93 |issue=5 |pages=681–4 |year=1998 |pmid=9630213 |doi=10.1016/S0092-8674(00)81430-0}}</ref><ref name=Wyatt>{{cite journal |author=Wyatt R, Sodroski J |title=The HIV-1 envelope glycoproteins: fusogens, antigens, and immunogens |journal=Science |volume=280 |issue=5371 |pages=1884–8 |year=1998 | doi=10.1126/science.280.5371.1884 |pmid=9632381|bibcode = 1998Sci...280.1884W }}</ref>
O VIH penetra nos [[macrófago]]s e nos [[Linfócito T|linfócitos T]] CD4<SUP>+</SUP> através da [[adsorção]] de [[glicoproteína]]s na sua superfície para recetores na célula-alvo, seguida pela fusão do [[envelope viral]] com a membrana celular e pela libertação do [[capsídeo]] do VIH na célula.<ref name=Chan2>{{citar periódico|autor =Chan D, Kim P |título=HIV entry and its inhibition |periódico=Cell |volume=93 |issue=5 |páginas=681–4 |ano=1998 |pmid=9630213 |doi=10.1016/S0092-8674(00)81430-0}}</ref><ref name=Wyatt>{{citar periódico|autor =Wyatt R, Sodroski J |título=The HIV-1 envelope glycoproteins: fusogens, antigens, and immunogens |periódico=Science |volume=280 |issue=5371 |páginas=1884–8 |ano=1998 | doi=10.1126/science.280.5371.1884 |pmid=9632381|bibcode = 1998Sci...280.1884W }}</ref>


A penetração na célula tem início com a interação do complexo envelope [[trímero]] ([[gp160]]) com o [[CD4]] e um recetor de quimiocina na superfície da célula (geralmente o [[CCR5]] ou [[CXCR4]], embora sejam conhecidos outros).<ref name=Chan2/><ref name=Wyatt/> A gp120 liga-se à [[integrina]] α<sub>4</sub>β<sub>7</sub>, ativando o [[LFA-1]], a principal integrina envolvida no estabelecimento de sinapses virológicas, que facilita a disseminação eficiente do VIH-1 entre células.<ref name=Arthos>{{cite journal |author=Arthos J, Cicala C, Martinelli E, Macleod K, Van Ryk D, Wei D, Xiao Z, Veenstra TD, Conrad TP, Lempicki RA, McLaughlin S, Pascuccio M, Gopaul R, McNally J, Cruz CC, Censoplano N, Chung E, Reitano KN, Kottilil S, Goode DJ, Fauci AS |title=HIV-1 envelope protein binds to and signals through integrin alpha(4)beta(7), the gut mucosal homing receptor for peripheral T cells |journal=Nature Immunology |volume=In Press |issue= 3|year=2008|pmid=18264102 |doi=10.1038/ni1566 |pages=301–9}}</ref> A gp160 contém domínios de ligação tanto para o CD4 como para os recetores de quimioquina.<ref name=Chan2/><ref name=Wyatt/>
A penetração na célula tem início com a interação do complexo envelope [[trímero]] ([[gp160]]) com o [[CD4]] e um recetor de quimiocina na superfície da célula (geralmente o [[CCR5]] ou [[CXCR4]], embora sejam conhecidos outros).<ref name=Chan2/><ref name=Wyatt/> A gp120 liga-se à [[integrina]] α<sub>4</sub>β<sub>7</sub>, ativando o [[LFA-1]], a principal integrina envolvida no estabelecimento de sinapses virológicas, que facilita a disseminação eficiente do VIH-1 entre células.<ref name=Arthos>{{citar periódico|autor =Arthos J, Cicala C, Martinelli E, Macleod K, Van Ryk D, Wei D, Xiao Z, Veenstra TD, Conrad TP, Lempicki RA, McLaughlin S, Pascuccio M, Gopaul R, McNally J, Cruz CC, Censoplano N, Chung E, Reitano KN, Kottilil S, Goode DJ, Fauci AS |título=HIV-1 envelope protein binds to and signals through integrin alpha(4)beta(7), the gut mucosal homing receptor for peripheral T cells |periódico=Nature Immunology |volume=In Press |issue= 3|ano=2008|pmid=18264102 |doi=10.1038/ni1566 |páginas=301–9}}</ref> A gp160 contém domínios de ligação tanto para o CD4 como para os recetores de quimioquina.<ref name=Chan2/><ref name=Wyatt/>


O primeiro estágio na fusão envolve a união dos domínios de ligação CD4 da [[gp120]] ao CD4. Uma vez ligada a gp120 com a proteína CD4, o complexo envelope atravessa uma alteração na estrutura, expondo os domínios de ligação de quimioquina da gp120 e permitindo-lhes interagir com o recetor-alvo de quimioquina.<ref name=Chan2/><ref name=Wyatt/> Isto permite uma ligação mais estável, o que permite ao peptídeo de fusão N-terminal gp41 penetrar na membrana celular.<ref name=Chan2/><ref name=Wyatt/> Em seguida, as sequências de repetição na gp41, HR1 e HR2 interagem entre si, provocando o colapso da porção extracelular da gp41 num ''[[Hairpin loop|hairpin]]''. Esta estrutura circular aproxima o vírus da membrana celular, permitindo a fusão das suas membranas e consequente entrada do capsídeo viral.<ref name=Chan2/><ref name=Wyatt/>
O primeiro estágio na fusão envolve a união dos domínios de ligação CD4 da [[gp120]] ao CD4. Uma vez ligada a gp120 com a proteína CD4, o complexo envelope atravessa uma alteração na estrutura, expondo os domínios de ligação de quimioquina da gp120 e permitindo-lhes interagir com o recetor-alvo de quimioquina.<ref name=Chan2/><ref name=Wyatt/> Isto permite uma ligação mais estável, o que permite ao peptídeo de fusão N-terminal gp41 penetrar na membrana celular.<ref name=Chan2/><ref name=Wyatt/> Em seguida, as sequências de repetição na gp41, HR1 e HR2 interagem entre si, provocando o colapso da porção extracelular da gp41 num ''[[Hairpin loop|hairpin]]''. Esta estrutura circular aproxima o vírus da membrana celular, permitindo a fusão das suas membranas e consequente entrada do capsídeo viral.<ref name=Chan2/><ref name=Wyatt/>


Depois do VIH se ligar à célula-alvo, injeta nela o seu [[ARN]] e as suas diversas [[enzima]]s, incluindo a [[transcriptase reversa]], [[integrase]], [[ribonuclease]] e [[protease]].<ref name=Chan2/> O VIH pode infetar [[células dendríticas]] (CD) através do processo CD4-CCR5, embora possa também usar recetores de lectina tipo C.<ref name=Pope_2003>{{cite journal |author=Pope M, Haase A |title=Transmission, acute HIV-1 infection and the quest for strategies to prevent infection |journal=Nat Med |volume=9 |issue=7 |pages=847–52 |year=2003 |pmid=12835704 |doi=10.1038/nm0703-847}}</ref> As células dendríticas são uma das primeiras células que o vírus encontra durante a trensmissão por via sexual. Atualmente, pensa-se que as CD desempenhem um papel importante na transmissão do VIH para os linfócitos, durante o momento em que o vírus é capturado na [[mucosa]].<ref name=Pope_2003 /> Acredita-se que a presença da proteína FEZ-1, que ocorre naturalmente em [[neurónio]]s, impeça que o VIH infecte as células.<ref>{{Citar periódico|titulo = The brain-specific factor FEZ1 is a determinant of neuronal susceptibility to HIV-1 infection|url = http://www.pnas.org/content/106/33/14040|jornal = Proceedings of the National Academy of Sciences|data = 2009-08-18|issn = 0027-8424|pmid = 19667186|paginas = 14040-14045|volume = 106|numero = 33|doi = 10.1073/pnas.0900502106|idioma = en|primeiro = Juliane|ultimo = Haedicke|coautores = Craig}}</ref>
Depois do VIH se ligar à célula-alvo, injeta nela o seu [[ARN]] e as suas diversas [[enzima]]s, incluindo a [[transcriptase reversa]], [[integrase]], [[ribonuclease]] e [[protease]].<ref name=Chan2/> O VIH pode infetar [[células dendríticas]] (CD) através do processo CD4-CCR5, embora possa também usar recetores de lectina tipo C.<ref name=Pope_2003>{{citar periódico|autor =Pope M, Haase A |título=Transmission, acute HIV-1 infection and the quest for strategies to prevent infection |periódico=Nat Med |volume=9 |issue=7 |páginas=847–52 |ano=2003 |pmid=12835704 |doi=10.1038/nm0703-847}}</ref> As células dendríticas são uma das primeiras células que o vírus encontra durante a trensmissão por via sexual. Atualmente, pensa-se que as CD desempenhem um papel importante na transmissão do VIH para os linfócitos, durante o momento em que o vírus é capturado na [[mucosa]].<ref name=Pope_2003 /> Acredita-se que a presença da proteína FEZ-1, que ocorre naturalmente em [[neurónio]]s, impeça que o VIH infecte as células.<ref>{{Citar periódico|titulo = The brain-specific factor FEZ1 is a determinant of neuronal susceptibility to HIV-1 infection|url = http://www.pnas.org/content/106/33/14040|jornal = Proceedings of the National Academy of Sciences|data = 2009-08-18|issn = 0027-8424|pmid = 19667186|paginas = 14040-14045|volume = 106|numero = 33|doi = 10.1073/pnas.0900502106|idioma = en|primeiro = Juliane|ultimo = Haedicke|coautores = Craig}}</ref>


====Replicação e transcrição====
====Replicação e transcrição====
Pouco depois do capsídeo viral penetrar na célula, uma enzima denominada trenscriptase reversa liberta o genoma ARN de cadeia única das proteínas virais, e copia-o para uma [[ADN complementar|molécula complementar de ADN]].<ref name=Zheng>{{cite journal | author=Zheng YH, Lovsin N, Peterlin BM | title=Newly identified host factors modulate HIV replication | journal=Immunol. Lett. | year=2005 | pages=225–34 | volume=97 | issue=2 | pmid=15752562 | doi=10.1016/j.imlet.2004.11.026 }}</ref> O processo de transcrição reversa é extremamente predisposto a erros e as mutações daí resultantes podem provocar resistência aos anti-virais ou permitir ao vírus evadir o sistema imunitário. A transcriptase reversa tem também atividade de ribonuclease, que degrada o ARN viral durante a síntese de ADN complementar, assim como atividade de ADN polimerase ADN-dependente, capaz de criar ADN de [[Sentido (biologia molecular)|sentido positivo]] a partir do ADN complementar de sentido negativo.<ref>{{cite web |url=http://student.ccbcmd.edu/courses/bio141/lecguide/unit3/viruses/hivlc.html |work=Doc Kaiser's Microbiology Home Page |title=IV. VIRUSES - F. ANIMAL VIRUS LIFE CYCLES 3. The Life Cycle of HIV |publisher=Community College of Baltimore County |date=January 2008 }}</ref> Juntos, o ADN complementar e o seu complemento forma um ADN viral de cadeia dupla que é assim transportado para o [[núcleo celular]]. A integração do ADN viral com o genoma das células anfitriãs é realizada por outra enzima viral, denominada [[integrase]].<ref name=Zheng/>
Pouco depois do capsídeo viral penetrar na célula, uma enzima denominada trenscriptase reversa liberta o genoma ARN de cadeia única das proteínas virais, e copia-o para uma [[ADN complementar|molécula complementar de ADN]].<ref name=Zheng>{{citar periódico|autor =Zheng YH, Lovsin N, Peterlin BM |título=Newly identified host factors modulate HIV replication |periódico=Immunol. Lett. |ano=2005 |páginas=225–34 | volume=97 | issue=2 | pmid=15752562 | doi=10.1016/j.imlet.2004.11.026 }}</ref> O processo de transcrição reversa é extremamente predisposto a erros e as mutações daí resultantes podem provocar resistência aos anti-virais ou permitir ao vírus evadir o sistema imunitário. A transcriptase reversa tem também atividade de ribonuclease, que degrada o ARN viral durante a síntese de ADN complementar, assim como atividade de ADN polimerase ADN-dependente, capaz de criar ADN de [[Sentido (biologia molecular)|sentido positivo]] a partir do ADN complementar de sentido negativo.<ref>{{citar web|url=http://student.ccbcmd.edu/courses/bio141/lecguide/unit3/viruses/hivlc.html |obra=Doc Kaiser's Microbiology Home Page |título=IV. VIRUSES - F. ANIMAL VIRUS LIFE CYCLES 3. The Life Cycle of HIV |publicadopor=Community College of Baltimore County |data=janeiro de 2008 }}</ref> Juntos, o ADN complementar e o seu complemento forma um ADN viral de cadeia dupla que é assim transportado para o [[núcleo celular]]. A integração do ADN viral com o genoma das células anfitriãs é realizada por outra enzima viral, denominada [[integrase]].<ref name=Zheng/>


[[File:Reverse Transcription.png|thumb|left|Transcrição reversa do genoma do VIH em ADN de fita dupla]]
[[File:Reverse Transcription.png|thumb|left|Transcrição reversa do genoma do VIH em ADN de fita dupla]]


O ADN viral, agora integrado na célula, pode permanecer dormente durante a fase latente da infeção.<ref name=Zheng/> De forma ao vírus poder ser produzido de forma ativa, têm que estar presentes determinados [[Fator de transcrição|fatores de transcrição]], o mais importante dos quais o [[NF-κB]] (factor nuclear kappa B), que é depois supra-regulado quando os linfócitos T são ativados.<ref name=Hiscott>{{cite journal | author=Hiscott J, Kwon H, Genin P | title=Hostile takeovers: viral appropriation of the NF-kB pathway | journal=J Clin Invest. | year=2001 | pages=143–151 | volume=107 | issue=2 | pmid=11160127 | doi=10.1172/JCI11918
O ADN viral, agora integrado na célula, pode permanecer dormente durante a fase latente da infeção.<ref name=Zheng/> De forma ao vírus poder ser produzido de forma ativa, têm que estar presentes determinados [[Fator de transcrição|fatores de transcrição]], o mais importante dos quais o [[NF-κB]] (factor nuclear kappa B), que é depois supra-regulado quando os linfócitos T são ativados.<ref name=Hiscott>{{citar periódico|autor =Hiscott J, Kwon H, Genin P |título=Hostile takeovers: viral appropriation of the NF-kB pathway |periódico=J Clin Invest. |ano=2001 |páginas=143–151 | volume=107 | issue=2 | pmid=11160127 | doi=10.1172/JCI11918
| pmc=199181 }}</ref>
| pmc=199181 }}</ref>


Durante a replicação viral, o AND [[Provírus|proviral]] integrado é [[Transcrição (genética)|transcrito]] para [[ARN mensageiro|ARNm]], que é depois reorganizado através de ''[[splicing]]'' em partes mais pequenas. Estas partes são exportadas do núcleo para o [[citoplasma]], onde são transcritas para as [[proteínas reguladoras]] Tat (que incentiva a produção de novos vírus) e Rev. À medida que as proteínas Rev recém-formadas se acumulam no núcleo, vão-se ligando ao ARNm viral e permitem ao ARN que ainda não sofreu splicing abandonar o núcleo, onde de outra forma são retidos até sofrerem ''splicing''.<ref name=Pollard>{{cite journal | author=Pollard VW, Malim MH | title=The HIV-1 Rev protein | journal=Annu. Rev. Microbiol. | year=1998 | pages=491–532 | volume=52 | issue= | pmid=9891806 | doi=10.1146/annurev.micro.52.1.491 }}</ref>
Durante a replicação viral, o AND [[Provírus|proviral]] integrado é [[Transcrição (genética)|transcrito]] para [[ARN mensageiro|ARNm]], que é depois reorganizado através de ''[[splicing]]'' em partes mais pequenas. Estas partes são exportadas do núcleo para o [[citoplasma]], onde são transcritas para as [[proteínas reguladoras]] Tat (que incentiva a produção de novos vírus) e Rev. À medida que as proteínas Rev recém-formadas se acumulam no núcleo, vão-se ligando ao ARNm viral e permitem ao ARN que ainda não sofreu splicing abandonar o núcleo, onde de outra forma são retidos até sofrerem ''splicing''.<ref name=Pollard>{{citar periódico|autor =Pollard VW, Malim MH |título=The HIV-1 Rev protein |periódico=Annu. Rev. Microbiol. |ano=1998 |páginas=491–532 | volume=52 | issue= | pmid=9891806 | doi=10.1146/annurev.micro.52.1.491 }}</ref>


====Recombinação====
====Recombinação====
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[[File:HIV on macrophage.png|thumb|right|Montagem do VIH na [[Membrana celular|superfície]] de um [[macrófago]] infetado.]]
[[File:HIV on macrophage.png|thumb|right|Montagem do VIH na [[Membrana celular|superfície]] de um [[macrófago]] infetado.]]


O último passo do ciclo viral, a montagem dos viriões do novo VIH-1, tem início na membrana de plasma da célula anfitriã. A poliproteína Env (gp160) atravessa o [[retículo endoplasmático]] e é transportada para o [[complexo de Golgi]], onde é dividida pela [[furina]], dando origem às duas glicoproteínas do envelope do VIH, [[gp41]] e [[gp120]].<ref>{{cite journal |author=Hallenberger S, Bosch V, Angliker H, Shaw E, Klenk HD, Garten W |title=Inhibition of furin-mediated cleavage activation of HIV-1 glycoprotein gp160 |journal=Nature|date=November 26, 1992 |volume=360|issue=6402 |pages=358–61 |pmid=1360148 |bibcode = 1992Natur.360..358H |doi = 10.1038/360358a0 }}</ref> Estas proteínas são transportadas para a [[membrana plasmática]] da célula anfitriã, na qual a gp41 fixa a gp120 à membrana da célula infetada. As poliproteínas Gag (p55) e Gag-Pol (p160) também interagem com a superfície interior da membrana plasmática, em conjunto com o ARN genómico do VIH, à medida que o virião em formação começa a despontar da célula anfitriã. Este novo virião encontra-se ainda imaturo, uma vez que as poliproteínas Gag precisam ainda de ser separadas em proteínas de matriz, capsídeo e nucleocapsídeo.Esta divisão é mediada pela [[protease]] viral e pode ser inibida por fármacos [[Antirretroviral|antirretrovirais]] da classe dos inibidores da protease. Finalmente, os vários componentes são montados de modo a produzir um virião de VIH amadurecido, que são os únicos capazs de infetar outras células.<ref name=Gelderblom>{{cite book | author= Gelderblom HR | year = 1997 | title = HIV sequence compendium | chapter = Fine structure of HIV and SIV |chapterurl=http://www.hiv.lanl.gov/content/sequence/HIV/COMPENDIUM/1997/partIII/Gelderblom.pdf | editor = Los Alamos National Laboratory | edition = | pages = 31–44 | publisher = [[Los Alamos National Laboratory]] }}</ref>
O último passo do ciclo viral, a montagem dos viriões do novo VIH-1, tem início na membrana de plasma da célula anfitriã. A poliproteína Env (gp160) atravessa o [[retículo endoplasmático]] e é transportada para o [[complexo de Golgi]], onde é dividida pela [[furina]], dando origem às duas glicoproteínas do envelope do VIH, [[gp41]] e [[gp120]].<ref>{{citar periódico|autor =Hallenberger S, Bosch V, Angliker H, Shaw E, Klenk HD, Garten W |título=Inhibition of furin-mediated cleavage activation of HIV-1 glycoprotein gp160 |periódico=Nature|data=26 de novembro de 1992 |volume=360|issue=6402 |páginas=358–61 |pmid=1360148 |bibcode = 1992Natur.360..358H |doi = 10.1038/360358a0 }}</ref> Estas proteínas são transportadas para a [[membrana plasmática]] da célula anfitriã, na qual a gp41 fixa a gp120 à membrana da célula infetada. As poliproteínas Gag (p55) e Gag-Pol (p160) também interagem com a superfície interior da membrana plasmática, em conjunto com o ARN genómico do VIH, à medida que o virião em formação começa a despontar da célula anfitriã. Este novo virião encontra-se ainda imaturo, uma vez que as poliproteínas Gag precisam ainda de ser separadas em proteínas de matriz, capsídeo e nucleocapsídeo.Esta divisão é mediada pela [[protease]] viral e pode ser inibida por fármacos [[Antirretroviral|antirretrovirais]] da classe dos inibidores da protease. Finalmente, os vários componentes são montados de modo a produzir um virião de VIH amadurecido, que são os únicos capazs de infetar outras células.<ref name=Gelderblom>{{citar livro|autor = Gelderblom HR |ano= 1997 |título= HIV sequence compendium |capítulo= Fine structure of HIV and SIV |capítulourl=http://www.hiv.lanl.gov/content/sequence/HIV/COMPENDIUM/1997/partIII/Gelderblom.pdf | editor = Los Alamos National Laboratory |edição= |páginas= 31–44 |publicadopor= [[Los Alamos National Laboratory]] }}</ref>


==== Latência e reservatórios de HIV ====
==== Latência e reservatórios de HIV ====
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[[File:HIV-SIV-phylogenetic-tree.svg|thumb|left|[[Árvore filogenética]] do VIH e VIS.]]
[[File:HIV-SIV-phylogenetic-tree.svg|thumb|left|[[Árvore filogenética]] do VIH e VIS.]]


O VIH difere de grande parte dos vírus na medida em que possui uma imensa [[variabilidade genética]]. Esta diversidade é resultado do seu rápido ciclo de replicação, capaz de gerar 10<sup>10</sup> viriões por dia; de uma elevada [[taxa de mutação]], de cerca de 3 x 10<sup>−5</sup> por [[nucleobase]] por ciclo de replicação; e das propriedades [[Recombinação genética|recombinativas]] da transcriptase reversa.<ref name=RobertsonDL>{{cite journal | author=Robertson DL, Hahn BH, Sharp PM. | title=Recombination in AIDS viruses | journal=J Mol Evol. | year=1995 | pages=249–59 | volume=40 | issue=3 | pmid=7723052 | doi=10.1007/BF00163230}}</ref><ref name="Rambaut_2004">{{cite journal | title=The causes and consequences of HIV evolution | journal=Nature Reviews Genetics | volume=5 | year=2004 | month=January | doi=10.1038/nrg1246 | pmid=14708016 | url=http://tree.bio.ed.ac.uk/downloadPaper.php?id=242 | issue=52–61 | last1=Rambaut |first1=A | last2=Posada | first2=D | last3=Crandall | first3=KA | last4=Holmes | first4=EC | pages=52–61}}</ref><ref name="pmid17960579">{{cite journal |author=Perelson AS, Ribeiro RM |title=Estimating drug efficacy and viral dynamic parameters: HIV and HCV |journal=Stat Med |volume=27 |issue=23 |pages=4647–57 |year=2008 |month=October |pmid=17960579 |doi=10.1002/sim.3116 |url=}}</ref>
O VIH difere de grande parte dos vírus na medida em que possui uma imensa [[variabilidade genética]]. Esta diversidade é resultado do seu rápido ciclo de replicação, capaz de gerar 10<sup>10</sup> viriões por dia; de uma elevada [[taxa de mutação]], de cerca de 3 x 10<sup>−5</sup> por [[nucleobase]] por ciclo de replicação; e das propriedades [[Recombinação genética|recombinativas]] da transcriptase reversa.<ref name=RobertsonDL>{{citar periódico|autor =Robertson DL, Hahn BH, Sharp PM. |título=Recombination in AIDS viruses |periódico=J Mol Evol. |ano=1995 |páginas=249–59 | volume=40 | issue=3 | pmid=7723052 | doi=10.1007/BF00163230}}</ref><ref name="Rambaut_2004">{{citar periódico|título=The causes and consequences of HIV evolution |periódico=Nature Reviews Genetics | volume=5 |ano=2004 | month=January | doi=10.1038/nrg1246 | pmid=14708016 | url=http://tree.bio.ed.ac.uk/downloadPaper.php?id=242 | issue=52–61 |último1 =Rambaut |primeiro1 =A |último2 =Posada |primeiro2 =D |último3 =Crandall |primeiro3 =KA |último4 =Holmes |primeiro4 =EC |páginas=52–61}}</ref><ref name="pmid17960579">{{citar periódico|autor =Perelson AS, Ribeiro RM |título=Estimating drug efficacy and viral dynamic parameters: HIV and HCV |periódico=Stat Med |volume=27 |issue=23 |páginas=4647–57 |ano=2008 |month=October |pmid=17960579 |doi=10.1002/sim.3116 |url=}}</ref>


Este esquema complexo leva a que sejam produzidas diversas variantes de VIH por dia num paciente infetado com VIH.<ref name=RobertsonDL/> Esta variabilidade é agravada quando uma célula é simultaneamente infetada por duas ou mais estirpes de VIH. Quando ocorre infeção em simultâneo, o genoma dos viriões progenitores pode ser constituído por fitas de ARN de duas estirpes diferentes. Este virião híbrido infeta depois uma nova célula, onde se replicará. Enquanto isto acontece, a transcriptase reversa, ao alternar entre dois padrões diferentes de ARN, vai gerar uma nova [[sequência de ADN]] retroviral que é uma recombinação entre os dois genomas progenitores.<ref name=RobertsonDL/> Esta recombinação é mais óbvia quando ocorrer entre subtipos.<ref name=RobertsonDL/>
Este esquema complexo leva a que sejam produzidas diversas variantes de VIH por dia num paciente infetado com VIH.<ref name=RobertsonDL/> Esta variabilidade é agravada quando uma célula é simultaneamente infetada por duas ou mais estirpes de VIH. Quando ocorre infeção em simultâneo, o genoma dos viriões progenitores pode ser constituído por fitas de ARN de duas estirpes diferentes. Este virião híbrido infeta depois uma nova célula, onde se replicará. Enquanto isto acontece, a transcriptase reversa, ao alternar entre dois padrões diferentes de ARN, vai gerar uma nova [[sequência de ADN]] retroviral que é uma recombinação entre os dois genomas progenitores.<ref name=RobertsonDL/> Esta recombinação é mais óbvia quando ocorrer entre subtipos.<ref name=RobertsonDL/>


O [[vírus da imunodeficiência símia]] (VIS) evoluiu para diversas estirpes, classificadas em função da espécie do hospedeiro natural. Pensa-se que as estirpes de VIS dos géneros ''[[Chlorocebus]]'' (VISagm) e ''[[Cercocebus atys]]'' (VISsmm) tenham tido uma longa história evolutiva em paralelo com os seus hospedeiros. Estes hospedeiros adaptaram-se à presença do vírus,<ref name=pmid19661993>{{Cite pmid|19661993}}</ref> que está presente em grande quantidade no seu sangue mas espoleta apenas uma resposta imune moderada,<ref>{{cite journal |author=Holzammer S, Holznagel E, Kaul A, Kurth R, Norley S |title=High virus loads in naturally and experimentally SIVagm-infected African green monkeys |journal=Virology |volume=283 |issue=2 |pages=324–31 |year=2001 |pmid=11336557 |doi=10.1006/viro.2001.0870}}</ref> não provoca o aparecimento da SIDA símia,<ref>{{Cite journal | author = Kurth, R. and Norley, S. | year = 1996 | title = Why don't the natural hosts of SIV develop simian AIDS? | url = | journal = J. NIH Res. | volume = 8 | issue = | pages = 33–37 }}</ref> e nem sofre as amplas mutações e recombinações típicas da infeção do VIH em seres humanos.<ref>{{cite journal |author=Baier M, Dittmar MT, Cichutek K, Kurth R |title=Development of vivo of genetic variability of simian immunodeficiency virus |journal=Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. |volume=88 |issue=18 |pages=8126–30 |year=1991 |pmid=1896460 |doi=10.1073/pnas.88.18.8126 |pmc=52459|bibcode = 1991PNAS...88.8126B }}</ref>
O [[vírus da imunodeficiência símia]] (VIS) evoluiu para diversas estirpes, classificadas em função da espécie do hospedeiro natural. Pensa-se que as estirpes de VIS dos géneros ''[[Chlorocebus]]'' (VISagm) e ''[[Cercocebus atys]]'' (VISsmm) tenham tido uma longa história evolutiva em paralelo com os seus hospedeiros. Estes hospedeiros adaptaram-se à presença do vírus,<ref name=pmid19661993>{{Cite pmid|19661993}}</ref> que está presente em grande quantidade no seu sangue mas espoleta apenas uma resposta imune moderada,<ref>{{citar periódico|autor =Holzammer S, Holznagel E, Kaul A, Kurth R, Norley S |título=High virus loads in naturally and experimentally SIVagm-infected African green monkeys |periódico=Virology |volume=283 |issue=2 |páginas=324–31 |ano=2001 |pmid=11336557 |doi=10.1006/viro.2001.0870}}</ref> não provoca o aparecimento da SIDA símia,<ref>{{citar periódico|autor = Kurth, R. and Norley, S. |ano= 1996 |título= Why don't the natural hosts of SIV develop simian AIDS? | url = |periódico= J. NIH Res. | volume = 8 | issue = |páginas= 33–37 }}</ref> e nem sofre as amplas mutações e recombinações típicas da infeção do VIH em seres humanos.<ref>{{citar periódico|autor =Baier M, Dittmar MT, Cichutek K, Kurth R |título=Development of vivo of genetic variability of simian immunodeficiency virus |periódico=Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. |volume=88 |issue=18 |páginas=8126–30 |ano=1991 |pmid=1896460 |doi=10.1073/pnas.88.18.8126 |pmc=52459|bibcode = 1991PNAS...88.8126B }}</ref>


Em contraste, quando estas estirpes infetam espécies que não estão adaptadas ao VIS, os animais desenvolvem SIDA e o vírus gera [[diversidade genética]] semelhante à que é observada na infeção humana com o VIH..<ref>{{cite journal |author=Daniel MD, King NW, Letvin NL, Hunt RD, Sehgal PK, Desrosiers RC |title=A new type D retrovirus isolated from macaques with an immunodeficiency syndrome |journal=Science |volume=223 |issue=4636 |pages=602–5 |year=1984 |pmid=6695172 |doi=10.1126/science.6695172|bibcode = 1984Sci...223..602D }}</ref> O SIV em [[chimpanzé]]s (VIScpz), o parente genético mais próximo do VIH-1, está associado a maior mortalidade e sintomas semelhantes à SIDA no seu hospedeiro natural.<ref name=pmid19626114>{{Cite pmid|19626114}}</ref> O VIScpz aparenta ter sido transmitido aos chimpanzés e à população humana há relativamente pouco tempo, pelo que os seus hospedeiros não estão ainda adaptados ao vírus.<ref name=pmid19661993/> Este vírus também perdeu a função do gene Nef que está presente na maior parte dos VIS; sem esta função, é mais provável que ocorra a diminuição dos linfócitos T, levando à imunodeficiência.<ref name=pmid19626114/>
Em contraste, quando estas estirpes infetam espécies que não estão adaptadas ao VIS, os animais desenvolvem SIDA e o vírus gera [[diversidade genética]] semelhante à que é observada na infeção humana com o VIH..<ref>{{citar periódico|autor =Daniel MD, King NW, Letvin NL, Hunt RD, Sehgal PK, Desrosiers RC |título=A new type D retrovirus isolated from macaques with an immunodeficiency syndrome |periódico=Science |volume=223 |issue=4636 |páginas=602–5 |ano=1984 |pmid=6695172 |doi=10.1126/science.6695172|bibcode = 1984Sci...223..602D }}</ref> O SIV em [[chimpanzé]]s (VIScpz), o parente genético mais próximo do VIH-1, está associado a maior mortalidade e sintomas semelhantes à SIDA no seu hospedeiro natural.<ref name=pmid19626114>{{Cite pmid|19626114}}</ref> O VIScpz aparenta ter sido transmitido aos chimpanzés e à população humana há relativamente pouco tempo, pelo que os seus hospedeiros não estão ainda adaptados ao vírus.<ref name=pmid19661993/> Este vírus também perdeu a função do gene Nef que está presente na maior parte dos VIS; sem esta função, é mais provável que ocorra a diminuição dos linfócitos T, levando à imunodeficiência.<ref name=pmid19626114/>


Foram identificados três grupos de VIH-1 com base nas diferenças entre a região do envelope (''env''): M, N e O.<ref name=Thomson>{{cite journal | author=Thomson MM, Perez-Alvarez L, Najera R | title=Molecular epidemiology of HIV-1 genetic forms and its significance for vaccine development and therapy | journal=Lancet Infectious Diseases | year=2002 | pages=461–471 | volume=2 | issue=8 | pmid=12150845 | doi=10.1016/S1473-3099(02)00343-2 }}</ref> O grupo M é o mais prevalente e é subdividido em oito subtipos (ou [[clado]]s) com base no genoma completo, que são distintos em termos geográficos.<ref name=Carr>{{cite book
Foram identificados três grupos de VIH-1 com base nas diferenças entre a região do envelope (''env''): M, N e O.<ref name=Thomson>{{citar periódico|autor =Thomson MM, Perez-Alvarez L, Najera R |título=Molecular epidemiology of HIV-1 genetic forms and its significance for vaccine development and therapy |periódico=Lancet Infectious Diseases |ano=2002 |páginas=461–471 | volume=2 | issue=8 | pmid=12150845 | doi=10.1016/S1473-3099(02)00343-2 }}</ref> O grupo M é o mais prevalente e é subdividido em oito subtipos (ou [[clado]]s) com base no genoma completo, que são distintos em termos geográficos.<ref name=Carr>{{citar livro
| author = Carr JK, Foley BT, Leitner T, Salminen M, Korber B, McCutchan F | year = 1998 | title = HIV sequence compendium | chapter = Reference sequences representing the principal genetic diversity of HIV-1 in the pandemic | chapterurl = http://www.hiv.lanl.gov/content/sequence/HIV/COMPENDIUM/1998/III/Carr.pdf | editor = Los Alamos National Laboratory (ed.) | edition = | pages = 10–19 | publisher = [[Los Alamos National Laboratory]] | location = [[Los Alamos, New Mexico]] | format=PDF}}</ref> Os mais prevalentes são os subtipos B (encontrados principalmente na Europa e América do Norte), A e D (encontrados principalmente em África), e C (encontrado principalmente em África e na Ásia). Estes subtipos formam ramos na árvore filogénica que representam a linhagem do grupo M do VIH-1. A co-infeção com diferentes subtipos suscita formas recombinantes circulantes (FRC ou, em inglês, CRF). Em 2000, o último ano em que foi feita uma análise da prevalência à escala global dos subtipos, 47,2% das infeções eram do subtipo C, 26,7% eram do subtipo A/CRF02_AG, 12,3% eram do subtipo B, 5,3% do subtipo D, 3,2% eram CRF_AE, e os restantes 5,3% eram constituídos por outros subtipos e formas recombinantes.<ref name=Osmanov>{{cite journal | author=Osmanov S, Pattou C, Walker N, Schwardlander B, Esparza J; WHO-UNAIDS Network for HIV Isolation and Characterization | title=Estimated global distribution and regional spread of HIV-1 genetic subtypes in the year 2000 | journal=Acquired Immune Deficiency Syndrome | year=2002 | pages=184–190 | volume=29 | issue=2 | pmid=11832690 }}</ref> Grande parte da investigação relativa ao VIH-1 está focada no subtipo B e poucos laboratórios se focam nos restantes subtipos.<ref name=Perrin>{{cite journal | author=Perrin L, Kaiser L, Yerly S. | title=Travel and the spread of HIV-1 genetic variants | journal=Lancet Infect Dis. | year=2003 | pages=22–27 | volume=3 | issue=1 | pmid=12505029 | doi=10.1016/S1473-3099(03)00484-5 }}</ref> Tem sido colocada a hipótese de um outro grupo "P", com base num vírus isolado em 2009. A estirpe aparenta ser derivada do VIS do [[gorila]] (VISgor), isolada pela primeira vez em 2006.<ref name="Plantier_2009">{{cite journal |author=Plantier JC, Leoz M, Dickerson JE, et al. |title=A new human immunodeficiency virus derived from gorillas |journal=Nature Medicine |volume=15 |issue=8 |pages=871–2 |year=2009 |month=August |pmid=19648927 |doi=10.1038/nm.2016 |laysummary=http://www.independent.co.uk/life-style/health-and-families/health-news/woman-found-carrying-new-strain-of-hiv-from-gorillas-1766627.html }}</ref>
|autor = Carr JK, Foley BT, Leitner T, Salminen M, Korber B, McCutchan F |ano= 1998 |título= HIV sequence compendium |capítulo= Reference sequences representing the principal genetic diversity of HIV-1 in the pandemic |capítulourl= http://www.hiv.lanl.gov/content/sequence/HIV/COMPENDIUM/1998/III/Carr.pdf | editor = Los Alamos National Laboratory (ed.) |edição= |páginas= 10–19 |publicadopor= [[Los Alamos National Laboratory]] |local= [[Los Alamos, New Mexico]] |formato=PDF}}</ref> Os mais prevalentes são os subtipos B (encontrados principalmente na Europa e América do Norte), A e D (encontrados principalmente em África), e C (encontrado principalmente em África e na Ásia). Estes subtipos formam ramos na árvore filogénica que representam a linhagem do grupo M do VIH-1. A co-infeção com diferentes subtipos suscita formas recombinantes circulantes (FRC ou, em inglês, CRF). Em 2000, o último ano em que foi feita uma análise da prevalência à escala global dos subtipos, 47,2% das infeções eram do subtipo C, 26,7% eram do subtipo A/CRF02_AG, 12,3% eram do subtipo B, 5,3% do subtipo D, 3,2% eram CRF_AE, e os restantes 5,3% eram constituídos por outros subtipos e formas recombinantes.<ref name=Osmanov>{{citar periódico|autor =Osmanov S, Pattou C, Walker N, Schwardlander B, Esparza J; WHO-UNAIDS Network for HIV Isolation and Characterization |título=Estimated global distribution and regional spread of HIV-1 genetic subtypes in the year 2000 |periódico=Acquired Immune Deficiency Syndrome |ano=2002 |páginas=184–190 | volume=29 | issue=2 | pmid=11832690 }}</ref> Grande parte da investigação relativa ao VIH-1 está focada no subtipo B e poucos laboratórios se focam nos restantes subtipos.<ref name=Perrin>{{citar periódico|autor =Perrin L, Kaiser L, Yerly S. |título=Travel and the spread of HIV-1 genetic variants |periódico=Lancet Infect Dis. |ano=2003 |páginas=22–27 | volume=3 | issue=1 | pmid=12505029 | doi=10.1016/S1473-3099(03)00484-5 }}</ref> Tem sido colocada a hipótese de um outro grupo "P", com base num vírus isolado em 2009. A estirpe aparenta ser derivada do VIS do [[gorila]] (VISgor), isolada pela primeira vez em 2006.<ref name="Plantier_2009">{{citar periódico|autor =Plantier JC, Leoz M, Dickerson JE, et al. |título=A new human immunodeficiency virus derived from gorillas |periódico=Nature Medicine |volume=15 |issue=8 |páginas=871–2 |ano=2009 |month=August |pmid=19648927 |doi=10.1038/nm.2016 |laysummary=http://www.independent.co.uk/life-style/health-and-families/health-news/woman-found-carrying-new-strain-of-hiv-from-gorillas-1766627.html }}</ref>


==Diagnóstico==
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[[File:Hiv-timecourse copy.svg|300px|thumb|right|Gráfico da relação entre as cópias do HIV (carga viral) e a contagem de CD4 ao longo do curso médio de uma infeção não tratada de VIH. {{legend-line|blue solid 2px|COntagem de linfócitos T CD4<sup>+</sup> T (nº de células por µL)}} {{legend-line|red solid 2px|Cópias de ARN do VIH por mL de plasma}}]]
[[File:Hiv-timecourse copy.svg|300px|thumb|right|Gráfico da relação entre as cópias do HIV (carga viral) e a contagem de CD4 ao longo do curso médio de uma infeção não tratada de VIH. {{legend-line|blue solid 2px|COntagem de linfócitos T CD4<sup>+</sup> T (nº de células por µL)}} {{legend-line|red solid 2px|Cópias de ARN do VIH por mL de plasma}}]]


Muitos seropositivos desconhecem que estão infetados com o vírus. Por exemplo, em 2001, menos de 1% da população urbana sexualmente ativa em África tinha sido testada, sendo esta percentagem ainda menor entre a população rural. No mesmo ano, só 0,5% das [[Gravidez|mulheres grávidas]] que tiveram uma consulta em áreas urbanas foram aconselhadas, examinadas ou receberam os resultados dos testes e, igualmente, esta percentagem é inferior em áreas rurais.<ref name=Kumaranayake>{{cite journal| author=Kumaranayake L, Watts C | title=Resource allocation and priority setting of HIV/AIDS interventions: addressing the generalized epidemic in sub-Saharan Africa | journal=Journal of International Development | year=2001 | pages=451–466 | volume=13 | issue=4 | doi=10.1002/jid.797 }}</ref> Uma vez que os [[Doação de sangue|dadores de sangue]] podem não estar conscientes da sua infeção, o sangue doado é sistematicamente examinado em relação à presença de VIH.<ref name=Kleinman>{{cite web | author=Kleinman S | publisher=Uptodate | month=September | year=2004 | url=http://www.uptodate.com/patients/content/topic.do?topicKey=blod_dis/2419 | title=Patient information: Blood donation and transfusion | archiveurl=http://web.archive.org/web/20080412115832/http://www.uptodate.com/patients/content/topic.do?topicKey=blod_dis/2419 | archivedate=April 12, 2008}}</ref>
Muitos seropositivos desconhecem que estão infetados com o vírus. Por exemplo, em 2001, menos de 1% da população urbana sexualmente ativa em África tinha sido testada, sendo esta percentagem ainda menor entre a população rural. No mesmo ano, só 0,5% das [[Gravidez|mulheres grávidas]] que tiveram uma consulta em áreas urbanas foram aconselhadas, examinadas ou receberam os resultados dos testes e, igualmente, esta percentagem é inferior em áreas rurais.<ref name=Kumaranayake>{{citar periódico|autor =Kumaranayake L, Watts C |título=Resource allocation and priority setting of HIV/AIDS interventions: addressing the generalized epidemic in sub-Saharan Africa |periódico=Journal of International Development |ano=2001 |páginas=451–466 | volume=13 | issue=4 | doi=10.1002/jid.797 }}</ref> Uma vez que os [[Doação de sangue|dadores de sangue]] podem não estar conscientes da sua infeção, o sangue doado é sistematicamente examinado em relação à presença de VIH.<ref name=Kleinman>{{citar web|autor =Kleinman S |publicadopor=Uptodate | month=September |ano=2004 | url=http://www.uptodate.com/patients/content/topic.do?topicKey=blod_dis/2419 |título=Patient information: Blood donation and transfusion |arquivourl=http://web.archive.org/web/20080412115832/http://www.uptodate.com/patients/content/topic.do?topicKey=blod_dis/2419 |arquivodata=12 de abril de 2008}}</ref>


O teste de VIH-1 é inicialmente feito através de um exame [[ELISA]], que deteta a presença de anticorpos do VIH-1. Indivíduos com resultado não reativo ao primeiro exame são considerados seronegativos, até que se verifique nova exposição a um parceiro infetado. Indivíduos com resultado positivo são novamente testados.<ref name=CDC2001>{{cite journal | author=[[Centers for Disease Control and Prevention]] | title=Revised guidelines for HIV counseling, testing, and referral | journal=MMWR Recomm Rep | year=2001 | pages=1–57 | volume=50 | issue=RR–19 | pmid=11718472 }}</ref> Se o resultado de ambos os testes é reativo, o indivíduo é classificado como duplamente reativo e submetido e exames de confirmação com testes complementares mais específicos (por exemplo, ''[[western blot]]'' ou, menos comum, [[imunofluorescência]]. Apenas os indivíduos que são duplamente reativos pelo ELISA e positivos por imunofluorescência ou reativos pelo ''western blot'' é que são considerados seropositivos e indicadores da presença de uma infeção com o VIH. Alguns indivíduos que são duplamente reativos ao ELISA, ocasionalmente têm resultados indeterminados com ''western blot'', o que pode significar tanto uma resposta incompleta dos anticorpos ao VIH numa pessoa infetada, como reações não-específicas numa pessoa não infetada.<ref name=celum>{{cite journal| author=Celum CL, Coombs RW, Lafferty W, Inui TS, Louie PH, Gates CA, McCreedy BJ, Egan R, Grove T, Alexander S, et al. | title=Indeterminate human immunodeficiency virus type 1 western blots: seroconversion risk, specificity of supplemental tests, and an algorithm for evaluation | journal=J Infect Dis | year=1991 | pages=656–664 | volume=164 | issue=4 | pmid=1894929| doi=10.1093/infdis/164.4.656 }}</ref> Embora a imunofluorescência possa ser usada para confirmar a infeção nestes casos ambíguos, este ensaio não é amplamente usado. Regra geral, deve ser colhida uma segunda amostra mais de um mês depois da primeira, e novamente testadas as pessoas com resultados indeterminados de ''western blot''. Embora seja muito menos comum, o exame com [[ácido nucleico]] pode auxiliar o diagnóstico em determinadas situações.<ref name=CDC2001 />
O teste de VIH-1 é inicialmente feito através de um exame [[ELISA]], que deteta a presença de anticorpos do VIH-1. Indivíduos com resultado não reativo ao primeiro exame são considerados seronegativos, até que se verifique nova exposição a um parceiro infetado. Indivíduos com resultado positivo são novamente testados.<ref name=CDC2001>{{citar periódico|autor =[[Centers for Disease Control and Prevention]] |título=Revised guidelines for HIV counseling, testing, and referral |periódico=MMWR Recomm Rep |ano=2001 |páginas=1–57 | volume=50 | issue=RR–19 | pmid=11718472 }}</ref> Se o resultado de ambos os testes é reativo, o indivíduo é classificado como duplamente reativo e submetido e exames de confirmação com testes complementares mais específicos (por exemplo, ''[[western blot]]'' ou, menos comum, [[imunofluorescência]]. Apenas os indivíduos que são duplamente reativos pelo ELISA e positivos por imunofluorescência ou reativos pelo ''western blot'' é que são considerados seropositivos e indicadores da presença de uma infeção com o VIH. Alguns indivíduos que são duplamente reativos ao ELISA, ocasionalmente têm resultados indeterminados com ''western blot'', o que pode significar tanto uma resposta incompleta dos anticorpos ao VIH numa pessoa infetada, como reações não-específicas numa pessoa não infetada.<ref name=celum>{{citar periódico|autor =Celum CL, Coombs RW, Lafferty W, Inui TS, Louie PH, Gates CA, McCreedy BJ, Egan R, Grove T, Alexander S, et al. |título=Indeterminate human immunodeficiency virus type 1 western blots: seroconversion risk, specificity of supplemental tests, and an algorithm for evaluation |periódico=J Infect Dis |ano=1991 |páginas=656–664 | volume=164 | issue=4 | pmid=1894929| doi=10.1093/infdis/164.4.656 }}</ref> Embora a imunofluorescência possa ser usada para confirmar a infeção nestes casos ambíguos, este ensaio não é amplamente usado. Regra geral, deve ser colhida uma segunda amostra mais de um mês depois da primeira, e novamente testadas as pessoas com resultados indeterminados de ''western blot''. Embora seja muito menos comum, o exame com [[ácido nucleico]] pode auxiliar o diagnóstico em determinadas situações.<ref name=CDC2001 />


Os exames de VIH modernos são extremamente precisos. Um único exame apresenta resultados corretos em mais de 99% dos casos.<ref name=ScreenReview2005>{{cite journal |author=Chou R, Huffman LH, Fu R, Smits AK, Korthuis PT |title=Screening for HIV: a review of the evidence for the U.S. Preventive Services Task Force |journal=[[Annals of Internal Medicine]] |volume=143 |issue=1 |pages=55–73 |year=2005 |month=July |pmid=15998755 |doi= |url=http://www.annals.org/article.aspx?volume=143&page=55 }}</ref> Estima-se que a probabilidade da ocorrência de um resultado falso positivo no exame protocolar seja de apenas 1 em {{formatnum:250000}}, numa população de baixo risco.<ref name=ScreenReview2005/> É recomendado que, após uma exposição ao VIH, os exames sejam feitos de imediato, a seis semanas, a três meses e a seis meses.<ref name=PEP10>{{cite journal |author=Tolle MA, Schwarzwald HL |title=Postexposure prophylaxis against human immunodeficiency virus |journal=[[American Family Physician]] |date=July 15, 2010 |volume=82 |issue=2 |pages=161–6 |pmid=20642270}}</ref>
Os exames de VIH modernos são extremamente precisos. Um único exame apresenta resultados corretos em mais de 99% dos casos.<ref name=ScreenReview2005>{{citar periódico|autor =Chou R, Huffman LH, Fu R, Smits AK, Korthuis PT |título=Screening for HIV: a review of the evidence for the U.S. Preventive Services Task Force |periódico=[[Annals of Internal Medicine]] |volume=143 |issue=1 |páginas=55–73 |data=julho de 2005 |pmid=15998755 |doi= |url=http://www.annals.org/article.aspx?volume=143&page=55 }}</ref> Estima-se que a probabilidade da ocorrência de um resultado falso positivo no exame protocolar seja de apenas 1 em {{formatnum:250000}}, numa população de baixo risco.<ref name=ScreenReview2005/> É recomendado que, após uma exposição ao VIH, os exames sejam feitos de imediato, a seis semanas, a três meses e a seis meses.<ref name=PEP10>{{citar periódico|autor =Tolle MA, Schwarzwald HL |título=Postexposure prophylaxis against human immunodeficiency virus |periódico=[[American Family Physician]] |data=15 de julho de 2010 |volume=82 |issue=2 |páginas=161–6 |pmid=20642270}}</ref>


Em 2017, dois pesquisadores da [[Universidade Stanford|Stanford]] criaram a [[Centrífuga#Tipos de centrífugas|centrífuga de papel]] que pode revolucionar como infecções como [[malária]] e HIV são detectadas nos [[país em desenvolvimento|países em desenvolvimento]]<ref>[http://www.mnn.com/green-tech/research-innovations/blogs/low-cost-paperfuge-may-one-day-save-countless-lives This low-cost paper centrifuge may one day save countless lives <small>Used to detect various blood infections, the 'paperfuge' can be made for less than 20 cents.</small>] por Michael D'Estries, publicado em [[Nature]] (2017)</ref>.
Em 2017, dois pesquisadores da [[Universidade Stanford|Stanford]] criaram a [[Centrífuga#Tipos de centrífugas|centrífuga de papel]] que pode revolucionar como infecções como [[malária]] e HIV são detectadas nos [[país em desenvolvimento|países em desenvolvimento]]<ref>[http://www.mnn.com/green-tech/research-innovations/blogs/low-cost-paperfuge-may-one-day-save-countless-lives This low-cost paper centrifuge may one day save countless lives <small>Used to detect various blood infections, the 'paperfuge' can be made for less than 20 cents.</small>] por Michael D'Estries, publicado em [[Nature]] (2017)</ref>.
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A OMS e a UNAIDS estimam que a SIDA tenha sido responsável pela morte de mais de {{nowrap|25 milhões}} de pessoas desde que foi identificada em 1981, o que a torna numa das mais destrutivas [[pandemia]]s na História desde que há registo. Apesar da melhoria no acesso a cuidados de saúde e a tratamentos antirretrovirais em muitas regiões do mundo, só em 2005 a SIDA provocou a morte estimada a 2,8 milhões de pessoas (entre 2,4 e 3,3 milhões), das quais mais de {{formatnum:570000}} eram crianças.<ref name=UNAIDS2006 />
A OMS e a UNAIDS estimam que a SIDA tenha sido responsável pela morte de mais de {{nowrap|25 milhões}} de pessoas desde que foi identificada em 1981, o que a torna numa das mais destrutivas [[pandemia]]s na História desde que há registo. Apesar da melhoria no acesso a cuidados de saúde e a tratamentos antirretrovirais em muitas regiões do mundo, só em 2005 a SIDA provocou a morte estimada a 2,8 milhões de pessoas (entre 2,4 e 3,3 milhões), das quais mais de {{formatnum:570000}} eram crianças.<ref name=UNAIDS2006 />


Em 2007, estimava-se que viviam com o VIH entre 30,6 e 36,1 milhões de pessoas. Só nesse ano, estima-se que o vírus tenha sido o responsável direto pela morte de cerca de 2,1 milhões de pessoas, das quais {{formatnum:330000}} eram crianças, e que tenham ocorrido 2,5 milhões de novas infeções.<ref name=UNAIDS2007>{{cite web| author =[[UNAIDS]], [[OMS|Organização Mundial de Saúde]]| month = December | year = 2007 | title = 2007 AIDS epidemic update | url= http://data.unaids.org/pub/EPISlides/2007/2007_epiupdate_en.pdf | accessdate = 2008-03-12 | format= PDF}}</ref><!-- procurar dados de 2011-12 -->
Em 2007, estimava-se que viviam com o VIH entre 30,6 e 36,1 milhões de pessoas. Só nesse ano, estima-se que o vírus tenha sido o responsável direto pela morte de cerca de 2,1 milhões de pessoas, das quais {{formatnum:330000}} eram crianças, e que tenham ocorrido 2,5 milhões de novas infeções.<ref name=UNAIDS2007>{{citar web|autor =[[UNAIDS]], [[OMS|Organização Mundial de Saúde]]| month = December |ano= 2007 |título= 2007 AIDS epidemic update | url= http://data.unaids.org/pub/EPISlides/2007/2007_epiupdate_en.pdf |acessodata= 2008-03-12 |formato= PDF}}</ref><!-- procurar dados de 2011-12 -->


A [[África subsariana]] é de longe a região mais afetada, na qual se estima que 21,6 a 27,4 milhões de pessoas vivam atualmente com o VIH. Dois milhões são crianças com idade inferior a quinze anos. Mais de 64% de todas as pessoas portadoras de VIH vivem na África subsariana, assim como mais de 75% de todas as mulheres portadoras do vírus. Em 2005 havia na região entre 10,6 e 13,6 milhões de órfãos em consequência da SIDA.<ref name=UNAIDS2006 /> A [[África do Sul]] tem o maior número de casos de VIH no mundo, seguida pela [[Nigéria]].<ref>{{cite news |first=Donald |last=McNeil, Jr. |authorlink= |coauthors= |title= U.N. Agency to Say It Overstated Extent of H.I.V. Cases by Millions |url=http://query.nytimes.com/gst/fullpage.html?res=9C01EEDF103BF933A15752C1A9619C8B63&n |work= |publisher=The New York Times |date=November 20, 2007 |accessdate=2008-01-16 }}</ref> Nos 35 países com a maior prevalência de VIH, a [[Esperança de vida|esperança média de vida]] é de 48,3 anos, ou 6,5 anos a menos do que seria espectável sem a doença.<ref name=UNAIDS2001>{{cite web | author=UNAIDS | publisher= | year=2001 | url=http://data.unaids.org/Publications/External-Documents/GAS26-rt3_en.pdf | title=Special Session of the General Assembly on HIV/AIDS Round table 3 Socio-economic impact of the epidemic and the strengthening of national capacities to combat HIV/AIDS | accessdate=2006-06-15 | format= PDF}}</ref>
A [[África subsariana]] é de longe a região mais afetada, na qual se estima que 21,6 a 27,4 milhões de pessoas vivam atualmente com o VIH. Dois milhões são crianças com idade inferior a quinze anos. Mais de 64% de todas as pessoas portadoras de VIH vivem na África subsariana, assim como mais de 75% de todas as mulheres portadoras do vírus. Em 2005 havia na região entre 10,6 e 13,6 milhões de órfãos em consequência da SIDA.<ref name=UNAIDS2006 /> A [[África do Sul]] tem o maior número de casos de VIH no mundo, seguida pela [[Nigéria]].<ref>{{citar jornal|primeiro =Donald |último =McNeil, Jr. |autorlink = |coautor= |título= U.N. Agency to Say It Overstated Extent of H.I.V. Cases by Millions |url=http://query.nytimes.com/gst/fullpage.html?res=9C01EEDF103BF933A15752C1A9619C8B63&n |obra= |publicadopor=The New York Times |data=20 de novembro de 2007 |acessodata=2008-01-16 }}</ref> Nos 35 países com a maior prevalência de VIH, a [[Esperança de vida|esperança média de vida]] é de 48,3 anos, ou 6,5 anos a menos do que seria espectável sem a doença.<ref name=UNAIDS2001>{{citar web|autor =UNAIDS |publicadopor= |ano=2001 | url=http://data.unaids.org/Publications/External-Documents/GAS26-rt3_en.pdf |título=Special Session of the General Assembly on HIV/AIDS Round table 3 Socio-economic impact of the epidemic and the strengthening of national capacities to combat HIV/AIDS |acessodata=2006-06-15 |formato= PDF}}</ref>


A introdução da terapêutica HAART reduziu de forma substancial a mortalidade relacionada com o VIH nas áreas onde exista o acesso generalizado a cuidados de saúde. No entanto, à medida que aumentou a esperança de vida de portadores de VIH em países desenvolvidos, aumentaram também a probabilidade de disseminação da doença e, de forma substancial, o número de portadores vivos.<ref name=Pallelal>{{ cite journal | author=Palella, F. J., Delaney, K. M., Moorman, A. C., Loveless, M. O., Fuhrer, J., Satten, G. A., Aschman, D. J. and Holmberg, S. D. | title=Declining morbidity and mortality among patients with advanced human immunodeficiency virus infection | journal=N. Engl. J. Med. | year=1998 | pages=853–860 | volume=338 | issue=13 | pmid=9516219 | doi=10.1056/NEJM199803263381301}}</ref><!-- dados lusofonia -->
A introdução da terapêutica HAART reduziu de forma substancial a mortalidade relacionada com o VIH nas áreas onde exista o acesso generalizado a cuidados de saúde. No entanto, à medida que aumentou a esperança de vida de portadores de VIH em países desenvolvidos, aumentaram também a probabilidade de disseminação da doença e, de forma substancial, o número de portadores vivos.<ref name=Pallelal>{{citar periódico|autor =Palella, F. J., Delaney, K. M., Moorman, A. C., Loveless, M. O., Fuhrer, J., Satten, G. A., Aschman, D. J. and Holmberg, S. D. |título=Declining morbidity and mortality among patients with advanced human immunodeficiency virus infection |periódico=N. Engl. J. Med. |ano=1998 |páginas=853–860 | volume=338 | issue=13 | pmid=9516219 | doi=10.1056/NEJM199803263381301}}</ref><!-- dados lusofonia -->


==Transmissão==
==Transmissão==
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|+ Risco estimado de aquisição de VIH<br/>por ato e por via de exposição<ref name=MMWR3>{{citar periódico|autor =Smith DK, Grohskopf LA, Black RJ, ''et al.'' |título=Antiretroviral postexposure prophylaxis after sexual, injection-drug use, or other nonoccupational exposure to HIV in the United States: recommendations from the U.S. Department of Health and Human Services |periódico=MMWR Recomm Rep |volume=54 |issue=RR-2 |páginas=1–20 |ano=2005 |month=January |pmid=15660015 |doi= |url=http://www.cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhtml/rr5402a1.htm#tab1 |acessodata=2009-03-31
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| 9000<ref name=Donegan>{{citar periódico|autor =Donegan E, Stuart M, Niland JC, et al. |título=Infection with human immunodeficiency virus type 1 (HIV-1) among recipients of antibody-positive blood donations |periódico=Ann. Intern. Med. |ano=1990 |páginas=733&ndash;739 | volume=113 | issue=10
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cite journal | author=Donegan E, Stuart M, Niland JC, et al. | title=Infection with human immunodeficiency virus type 1 (HIV-1) among recipients of antibody-positive blood donations | journal=Ann. Intern. Med. | year=1990 | pages=733&ndash;739 | volume=113 | issue=10
| pmid=2240875
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| 2500<ref name=Coovadia>{{citar periódico|autor =Coovadia H |título=Antiretroviral agents&mdash;how best to protect infants from HIV and save their mothers from AIDS |periódico=N. Engl. J. Med. |ano=2004 |páginas=289&ndash;292 | volume=351 | issue=3 | pmid=15247337 | doi=10.1056/NEJMe048128
| 2500<ref name=Coovadia>{{

cite journal | author=Coovadia H | title=Antiretroviral agents&mdash;how best to protect infants from HIV and save their mothers from AIDS | journal=N. Engl. J. Med. | year=2004 | pages=289&ndash;292 | volume=351 | issue=3 | pmid=15247337 | doi=10.1056/NEJMe048128


}}</ref>
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! style="text-align:left"| Partilha de seringas em drogas intravenosas
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| 67<ref name=Kaplan>{{citar periódico|autor =Kaplan EH, Heimer R |título=HIV incidence among New Haven needle exchange participants: updated estimates from syringe tracking and testing data |periódico=J. Acquir. Immune Defic. Syndr. Hum. Retrovirol. |ano=1995 |páginas=175&ndash;176 | volume=10 | issue=2
| 67<ref name=Kaplan>{{

cite journal | author=Kaplan EH, Heimer R | title=HIV incidence among New Haven needle exchange participants: updated estimates from syringe tracking and testing data | journal=J. Acquir. Immune Defic. Syndr. Hum. Retrovirol. | year=1995 | pages=175&ndash;176 | volume=10 | issue=2
| pmid=7552482
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! style="text-align:left"| Perfuração percutânea com agulha
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| 30<ref name=Bell>{{citar periódico|autor =Bell DM |título=Occupational risk of human immunodeficiency virus infection in healthcare workers: an overview. |periódico=Am. J. Med. |ano=1997 |páginas=9&ndash;15 | volume=102 | issue=5B | pmid=9845490
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}}</ref>
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! style="text-align:left"| Sexo anal recetivo<sup>*</sup>
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| 50<ref name=ESG>{{citar periódico|autor =European Study Group on Heterosexual Transmission of HIV |título=Comparison of female to male and male to female transmission of HIV in 563 stable couples |periódico=BMJ. |ano=1992 |páginas=809&ndash;813 | volume=304 | issue=6830 | pmid=1392708 | pmc=1881672
| 50<ref name=ESG>{{


}}</ref><ref name=Varghese>{{citar periódico|autor =Varghese B, Maher JE, Peterman TA, Branson BM,Steketee RW |título=Reducing the risk of sexual HIV transmission: quantifying the per-act risk for HIV on the basis of choice of partner, sex act, and condom use |periódico=Sex. Transm. Dis. |ano=2002 |páginas=38&ndash;43 | volume=29 | issue=1 | pmid=11773877
cite journal | author=European Study Group on Heterosexual Transmission of HIV | title=Comparison of female to male and male to female transmission of HIV in 563 stable couples | journal=BMJ. | year=1992 | pages=809&ndash;813 | volume=304 | issue=6830 | pmid=1392708 | pmc=1881672

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cite journal | author=Varghese B, Maher JE, Peterman TA, Branson BM,Steketee RW | title=Reducing the risk of sexual HIV transmission: quantifying the per-act risk for HIV on the basis of choice of partner, sex act, and condom use | journal=Sex. Transm. Dis. | year=2002 | pages=38&ndash;43 | volume=29 | issue=1 | pmid=11773877


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! style="text-align:left"| Sexo vaginal recetivo<sup>*</sup>
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| 10<ref name=ESG /><ref name=Varghese /><ref name=Leynaert>{{citar periódico|autor =Leynaert B, Downs AM, de Vincenzi I |título=Heterosexual transmission of human immunodeficiency virus: variability of infectivity throughout the course of infection. European Study Group on Heterosexual Transmission of HIV |periódico=Am. J. Epidemiol. |ano=1998 |páginas=88&ndash;96 | volume=148 | issue=1 | pmid=9663408
| 10<ref name=ESG /><ref name=Varghese /><ref name=Leynaert>{{

cite journal | author=Leynaert B, Downs AM, de Vincenzi I | title=Heterosexual transmission of human immunodeficiency virus: variability of infectivity throughout the course of infection. European Study Group on Heterosexual Transmission of HIV | journal=Am. J. Epidemiol. | year=1998 | pages=88&ndash;96 | volume=148 | issue=1 | pmid=9663408


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===Sexual===
===Sexual===


A maioria das infeções por VIH é adquirida através de [[Relação sexual humana|relações sexuais]] [[Sexo seguro|desprotegidas]]. A transmissão por via sexual pode ocorrer quando as secreções sexuais infetadas de um dos parceiros entram em contacto com as [[Membrana mucosa|membranas muscosas]] [[Órgãos genitais|genitais]], [[Sexo oral|orais]] ou [[Ânus|anais]] do outro. Em países desenvolvidos, o risco de transmissão da mulher para o homem é de 0,04% por ato, enquanto o risco da transmissão do homem para a mulher é de 0,08% por ato. Por várias razões, este risco é entre 4 a 10 vezes superior em países em desenvolvimento.<ref>{{cite journal|author=Boily M-C, Baggaley RF, Wang L, ''et al.''|title=Heterosexual risk of HIV-1 infection per sexual act: systematic review and meta-analysis of observational studies|journal=Lancet Infect Dis|volume=9|issue=2|page=118-129|year=2009|pmid=19179227|doi=10.1016/S1473-3099(09)70021-0}}</ref>
A maioria das infeções por VIH é adquirida através de [[Relação sexual humana|relações sexuais]] [[Sexo seguro|desprotegidas]]. A transmissão por via sexual pode ocorrer quando as secreções sexuais infetadas de um dos parceiros entram em contacto com as [[Membrana mucosa|membranas muscosas]] [[Órgãos genitais|genitais]], [[Sexo oral|orais]] ou [[Ânus|anais]] do outro. Em países desenvolvidos, o risco de transmissão da mulher para o homem é de 0,04% por ato, enquanto o risco da transmissão do homem para a mulher é de 0,08% por ato. Por várias razões, este risco é entre 4 a 10 vezes superior em países em desenvolvimento.<ref>{{citar periódico|autor =Boily M-C, Baggaley RF, Wang L, ''et al.''|título=Heterosexual risk of HIV-1 infection per sexual act: systematic review and meta-analysis of observational studies|periódico=Lancet Infect Dis|volume=9|issue=2|página=118-129|ano=2009|pmid=19179227|doi=10.1016/S1473-3099(09)70021-0}}</ref>


A utilização correta e consistente de [[preservativo]]s de [[látex]] reduz o risco de transmissão do VIH por via sexual em cerca de 85%..<ref name="workshop">{{cite conference |last=National Institute of Allergy and Infectious Diseases | authorlink = National Institute of Allergy and Infectious Diseases | coauthors = National Institutes of Health, Department of Health and Human Services |title=Workshop Summary: Scientific Evidence on Condom Effectiveness for Sexually Transmitted Disease (STD) Prevention |pages=pp.13-15 |date=[[2001-07-20]] |location=Hyatt Dulles Airport, Herndon, Virginia |url=http://www3.niaid.nih.gov/about/organization/dmid/PDF/condomReport.pdf |format=PDF |accessdate=2009-01-08 }}</ref> No entanto, a utilização de [[espermicida]] é capaz de aumentar a probabilidade de contágio.<ref name="spermicide">{{cite web |url=http://www.fda.gov/ForConsumers/byAudience/ForPatientAdvocates/HIVandAIDSActivities/ucm126372.htm|title=Should spermicides be used with condoms? |publisher=[[United States Food and Drug Administration]]|date=2009-04-30|accessdate=2009-07-23 |work=Condoms and Sexually Transmitted Diseases, Brochure}}</ref><ref>[http://www.global-campaign.org/rectalN9.htm#rectal Global Campaign for Microbicides : Rectal Use of N-9] checked 2009-07-22</ref><ref>[http://www.global-campaign.org/clientfiles/GFN.pdf Nonoxynol-9 Spermicide on HIV Risk List] checked 2009-07-22</ref>
A utilização correta e consistente de [[preservativo]]s de [[látex]] reduz o risco de transmissão do VIH por via sexual em cerca de 85%..<ref name="workshop">{{citar conferência|último =National Institute of Allergy and Infectious Diseases |autorlink = National Institute of Allergy and Infectious Diseases |coautor= National Institutes of Health, Department of Health and Human Services |título=Workshop Summary: Scientific Evidence on Condom Effectiveness for Sexually Transmitted Disease (STD) Prevention |páginas=pp.13-15 |data=[[2001-07-20]] |local=Hyatt Dulles Airport, Herndon, Virginia |url=http://www3.niaid.nih.gov/about/organization/dmid/PDF/condomReport.pdf |formato=PDF |acessodata=2009-01-08 }}</ref> No entanto, a utilização de [[espermicida]] é capaz de aumentar a probabilidade de contágio.<ref name="spermicide">{{citar web|url=http://www.fda.gov/ForConsumers/byAudience/ForPatientAdvocates/HIVandAIDSActivities/ucm126372.htm|título=Should spermicides be used with condoms? |publicadopor=[[United States Food and Drug Administration]]|data=2009-04-30|acessodata=2009-07-23 |obra=Condoms and Sexually Transmitted Diseases, Brochure}}</ref><ref>[http://www.global-campaign.org/rectalN9.htm#rectal Global Campaign for Microbicides : Rectal Use of N-9] checked 2009-07-22</ref><ref>[http://www.global-campaign.org/clientfiles/GFN.pdf Nonoxynol-9 Spermicide on HIV Risk List] checked 2009-07-22</ref>


Uma [[meta-análise]] de 27 [[Ciência observacional|estudos observacionais]] realizados até 1999 na África subsariana indicou que a [[circuncisão]] masculina reduz o risco de infeção por VIH.<ref>{{cite journal |last=Weiss |first=H.A. |authorlink= |coauthors=M.A. Quigley, R.J. Hayes |year=2000 |month= |title=Male circumcision and risk of HIV infection in sub-Saharan Africa: A systematic review and meta-analysis |journal=AIDS |volume=14 |issue=15 |pages=2361–70 |pmid=11089625 |quote=|doi=10.1097/00002030-200010200-00018 }}</ref> No entanto, uma revisão posterior indicou que a correlação entre a circuncisão e o VIH nestes estudos observacionais pode ter sido devido a [[Variável de confusão|factores de confusão]].<ref name=Siegfred>{{cite journal | author=Siegfried, N., Muller, M., Deeks, J., Volmink, J., Egger, M., Low, N., Walker, S. and Williamson, P. | title=HIV and male circumcision--a systematic review with assessment of the quality of studies | journal=Lancet Infect. Dis. | year=2005 | pages=165–73 | volume=5 | issue=3 | pmid=15766651}}</ref> Além disso, foram levantadas preocupações relativas ao potencial de disseminação do VIH que as lâminas não esterilizadas contituem durante a circunsição em rituais.<ref name=Kaisercircum>{{cite web | author=Various | publisher=Kaisernetwork.org | year=2005 | url=http://www.kaisernetwork.org/daily_reports/rep_index.cfm?DR_ID=31199 | title=Repeated Use of Unsterilized Blades in Ritual Circumcision Might Contribute to HIV Spread in S. Africa, Doctors Say | accessdate=2006-03-28}}</ref> Foram posteriormente realizados outros ensaios, em [[África do Sul]]<ref name=Williams>{{cite journal | author=Williams BG, Lloyd-Smith JO, Gouws E, Hankins C, Getz WM, Hargrove J, de Zoysa I, Dye C, Auvert B. | title=The Potential Impact of Male Circumcision on HIV in Sub-Saharan Africa. | journal=PLoS Med | year=2006 | pages=e262 | volume=3 | issue=7 | pmid=16822094 | doi=10.1371/journal.pmed.0030262}}</ref> no [[Quénia]],<ref>{{cite journal |author=Bailey RC, Moses S, Parker CB, ''et al.'' |title=Male circumcision for HIV prevention in young men in Kisumu, Kenya: a randomised controlled trial |journal=Lancet |volume=369 |issue=9562 |pages=643–56 |year=2007 |pmid=17321310 |doi=10.1016/S0140-6736(07)60312-2}}</ref> e no [[Uganda]]<ref>{{cite journal | quotes = | author = Gray RH et al. | date = 24 February 2007 | title = Male circumcision for HIV prevention in men in Rakai, Uganda: a randomised trial | journal = Lancet | volume = 369 | issue = 9562 | pages = 657–66 | pmid = 17321311 | doi = 10.1016/S0140-6736(07)60313-4 }}</ref> nos quais homens não circuncisados eram aleatoriamente escolhidos para ser circuncisados em condições [[Esterilização de materiais|estéreis]], e os resultados comparados contra um grupo não circuncisado, e que mostraram reduções na transmissão do VIH entre heterossexuais de 60%, 53% e 51%, respetivamente. Posteriormente, um painel de especialistas convocado pela OMS e pelo Secretariado da [[UNAIDS]] recomendou que a circuncisão masculina fosse reconhecida enquanto intervenção complementar na reduzir o risco de uma infeção de VIH adquirida por contacto sexual heterossexual.<ref name=WHOUNAIDScircum>{{cite web | author=WHO | publisher=WHO.int | year=2007 | url=http://www.who.int/hiv/mediacentre/news68/en/index.html | title=WHO and UNAIDS announce recommendations from expert consultation on male circumcision for HIV prevention |accessdate=2007-07-13}}</ref>
Uma [[meta-análise]] de 27 [[Ciência observacional|estudos observacionais]] realizados até 1999 na África subsariana indicou que a [[circuncisão]] masculina reduz o risco de infeção por VIH.<ref>{{citar periódico|último =Weiss |primeiro =H.A. |autorlink = |coautor=M.A. Quigley, R.J. Hayes |ano=2000 |month= |título=Male circumcision and risk of HIV infection in sub-Saharan Africa: A systematic review and meta-analysis |periódico=AIDS |volume=14 |issue=15 |páginas=2361–70 |pmid=11089625 |citação=|doi=10.1097/00002030-200010200-00018 }}</ref> No entanto, uma revisão posterior indicou que a correlação entre a circuncisão e o VIH nestes estudos observacionais pode ter sido devido a [[Variável de confusão|factores de confusão]].<ref name=Siegfred>{{citar periódico|autor =Siegfried, N., Muller, M., Deeks, J., Volmink, J., Egger, M., Low, N., Walker, S. and Williamson, P. |título=HIV and male circumcision--a systematic review with assessment of the quality of studies |periódico=Lancet Infect. Dis. |ano=2005 |páginas=165–73 | volume=5 | issue=3 | pmid=15766651}}</ref> Além disso, foram levantadas preocupações relativas ao potencial de disseminação do VIH que as lâminas não esterilizadas contituem durante a circunsição em rituais.<ref name=Kaisercircum>{{citar web|autor =Various |publicadopor=Kaisernetwork.org |ano=2005 | url=http://www.kaisernetwork.org/daily_reports/rep_index.cfm?DR_ID=31199 |título=Repeated Use of Unsterilized Blades in Ritual Circumcision Might Contribute to HIV Spread in S. Africa, Doctors Say |acessodata=2006-03-28}}</ref> Foram posteriormente realizados outros ensaios, em [[África do Sul]]<ref name=Williams>{{citar periódico|autor =Williams BG, Lloyd-Smith JO, Gouws E, Hankins C, Getz WM, Hargrove J, de Zoysa I, Dye C, Auvert B. |título=The Potential Impact of Male Circumcision on HIV in Sub-Saharan Africa. |periódico=PLoS Med |ano=2006 |páginas=e262 | volume=3 | issue=7 | pmid=16822094 | doi=10.1371/journal.pmed.0030262}}</ref> no [[Quénia]],<ref>{{citar periódico|autor =Bailey RC, Moses S, Parker CB, ''et al.'' |título=Male circumcision for HIV prevention in young men in Kisumu, Kenya: a randomised controlled trial |periódico=Lancet |volume=369 |issue=9562 |páginas=643–56 |ano=2007 |pmid=17321310 |doi=10.1016/S0140-6736(07)60312-2}}</ref> e no [[Uganda]]<ref>{{citar periódico| quotes = |autor = Gray RH et al. |data=24 de fevereiro de 2007 |título= Male circumcision for HIV prevention in men in Rakai, Uganda: a randomised trial |periódico= Lancet | volume = 369 | issue = 9562 |páginas= 657–66 | pmid = 17321311 | doi = 10.1016/S0140-6736(07)60313-4 }}</ref> nos quais homens não circuncisados eram aleatoriamente escolhidos para ser circuncisados em condições [[Esterilização de materiais|estéreis]], e os resultados comparados contra um grupo não circuncisado, e que mostraram reduções na transmissão do VIH entre heterossexuais de 60%, 53% e 51%, respetivamente. Posteriormente, um painel de especialistas convocado pela OMS e pelo Secretariado da [[UNAIDS]] recomendou que a circuncisão masculina fosse reconhecida enquanto intervenção complementar na reduzir o risco de uma infeção de VIH adquirida por contacto sexual heterossexual.<ref name=WHOUNAIDScircum>{{citar web|autor =WHO |publicadopor=WHO.int |ano=2007 | url=http://www.who.int/hiv/mediacentre/news68/en/index.html |título=WHO and UNAIDS announce recommendations from expert consultation on male circumcision for HIV prevention |acessodata=2007-07-13}}</ref>


===Sangue===
===Sangue===


Regra geral, há o risco de transmissão de VIH quando sangue infetado entra em contacto com qualquer [[Ferimento|ferida exposta]]. Esta via de transmissão é responsável por grande parte dos casos em toxicodependentes, [[Hemofilia|hemofílicos]] e receptores de [[Transfusão de sangue|transfusões de sangue]] ou produtos derivados do sangue (embora nos países desenvolvidos as transfusões sejam despistadas para a presença de VIH). É também um motivo de preocupação em pessoas que recebam cuidados de saúde em regiões onde não sejam comuns as boas práticas de higiene no manuseio de equipamento de injeção, como a reutilização de agulhas em países sub-desenvolvidos. Indivíduos que realizem ou recebam [[tatuagem]], ''[[piercing]]s'' ou [[escarificação|escarificações]] são também grupos de risco. Tem sido observado VIH em baixas concentrações em [[saliva]], [[lágrima]]s e [[urina]] de indivíduos portadores; no entanto, não há qualquer caso registado de infeção através destas secreções e o risco potencial de transmissão é desprezível.<ref name="pmid2963151">{{cite journal |author=Lifson AR |title=Do alternate modes for transmission of human immunodeficiency virus exist? A review |journal=JAMA |volume=259 |issue=9 |pages=1353–6 |year=1988 |pmid=2963151 |doi=10.1001/jama.259.9.1353 }}</ref> A transmissão de VIH através do [[mosquito]] não é possível.<ref>http://www.rci.rutgers.edu/%7Einsects/aids.htm</ref>
Regra geral, há o risco de transmissão de VIH quando sangue infetado entra em contacto com qualquer [[Ferimento|ferida exposta]]. Esta via de transmissão é responsável por grande parte dos casos em toxicodependentes, [[Hemofilia|hemofílicos]] e receptores de [[Transfusão de sangue|transfusões de sangue]] ou produtos derivados do sangue (embora nos países desenvolvidos as transfusões sejam despistadas para a presença de VIH). É também um motivo de preocupação em pessoas que recebam cuidados de saúde em regiões onde não sejam comuns as boas práticas de higiene no manuseio de equipamento de injeção, como a reutilização de agulhas em países sub-desenvolvidos. Indivíduos que realizem ou recebam [[tatuagem]], ''[[piercing]]s'' ou [[escarificação|escarificações]] são também grupos de risco. Tem sido observado VIH em baixas concentrações em [[saliva]], [[lágrima]]s e [[urina]] de indivíduos portadores; no entanto, não há qualquer caso registado de infeção através destas secreções e o risco potencial de transmissão é desprezível.<ref name="pmid2963151">{{citar periódico|autor =Lifson AR |título=Do alternate modes for transmission of human immunodeficiency virus exist? A review |periódico=JAMA |volume=259 |issue=9 |páginas=1353–6 |ano=1988 |pmid=2963151 |doi=10.1001/jama.259.9.1353 }}</ref> A transmissão de VIH através do [[mosquito]] não é possível.<ref>http://www.rci.rutgers.edu/%7Einsects/aids.htm</ref>


===De mãe para filho===
===De mãe para filho===
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=== Infeção múltipla e imunidade ===
=== Infeção múltipla e imunidade ===


Ao contrário de outros vírus, a infeção com VIH não proporciona imunidade contra novas infeções, sobretudo no caso de vírus geneticamente distantes. Têm sido relatados vários casos de infeções múltiplas inter- e intra-[[clado]].<ref name='pmid15995957'>{{cite journal |author=Smith D, Richman D, Little S |title=HIV Superinfection |journal=Journal of Infectious Diseases|volume=192 |pages=438–44 |year=2005 |pmid=15995957 |doi=10.1086/431682 }}</ref> As múltiplas infeções têm sido ainda associadas a uma progressão mais rápida da doença.<ref>{{cite journal |pmid=14987889 |title=Dual HIV-1 infection associated with rapid disease progression |author=Gottlieb, et al. |journal=Lancet |year=2004 |volume=363 |issue=9049 |pages=619–22 |doi=10.1016/S0140-6736(04)15596-7 }}</ref> As infeções múltiplas são divididas em duas categorias, dependendo do momento da aquisição da segunda estirpe. A "coinfeção" denomina duas estirpes que aparentam ter sido adquiridas em simultâneo, ou muito perto para se poder distinguir. A "reinfeção" ou "superinfeção" denomina a infeção com uma segunda estirpe num intervalo de tempo mensurável após a primeira. No caso do VIH, têm sido relatadas à escala global ambas as formas de infeção múltipla, tanto em infeções crónicas como agudas.<ref>{{cite journal |url= |pmid=15353529 |title=Incidence of HIV superinfection following primary infection |author=Smith et al. |journal=JAMA |volume=292 |issue=10 |pages=1177–8 |year=2004 |doi=10.1001/jama.292.10.1177}}</ref><ref>{{cite journal |author=Chohan B, Lavreys L, Rainwater SM, Overbaugh J |title=Evidence for frequent reinfection with human immunodeficiency virus type 1 of a different subtype |journal=J. Virol. |volume=79 |issue=16 |pages=10701–8 |year=2005 |month=August |pmid=16051862 |pmc=1182664 |doi=10.1128/JVI.79.16.10701-10708.2005 }}</ref><ref>{{cite journal |author=Piantadosi A, Chohan B, Chohan V, McClelland RS, Overbaugh J |title=Chronic HIV-1 infection frequently fails to protect against superinfection |journal=PLoS Pathog. |volume=3 |issue=11 |pages=e177 |year=2007 |month=November |pmid=18020705 |pmc=2077901 |doi=10.1371/journal.ppat.0030177
Ao contrário de outros vírus, a infeção com VIH não proporciona imunidade contra novas infeções, sobretudo no caso de vírus geneticamente distantes. Têm sido relatados vários casos de infeções múltiplas inter- e intra-[[clado]].<ref name='pmid15995957'>{{citar periódico|autor =Smith D, Richman D, Little S |título=HIV Superinfection |periódico=Journal of Infectious Diseases|volume=192 |páginas=438–44 |ano=2005 |pmid=15995957 |doi=10.1086/431682 }}</ref> As múltiplas infeções têm sido ainda associadas a uma progressão mais rápida da doença.<ref>{{citar periódico|pmid=14987889 |título=Dual HIV-1 infection associated with rapid disease progression |autor =Gottlieb, et al. |periódico=Lancet |ano=2004 |volume=363 |issue=9049 |páginas=619–22 |doi=10.1016/S0140-6736(04)15596-7 }}</ref> As infeções múltiplas são divididas em duas categorias, dependendo do momento da aquisição da segunda estirpe. A "coinfeção" denomina duas estirpes que aparentam ter sido adquiridas em simultâneo, ou muito perto para se poder distinguir. A "reinfeção" ou "superinfeção" denomina a infeção com uma segunda estirpe num intervalo de tempo mensurável após a primeira. No caso do VIH, têm sido relatadas à escala global ambas as formas de infeção múltipla, tanto em infeções crónicas como agudas.<ref>{{citar periódico|url= |pmid=15353529 |título=Incidence of HIV superinfection following primary infection |autor =Smith et al. |periódico=JAMA |volume=292 |issue=10 |páginas=1177–8 |ano=2004 |doi=10.1001/jama.292.10.1177}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Chohan B, Lavreys L, Rainwater SM, Overbaugh J |título=Evidence for frequent reinfection with human immunodeficiency virus type 1 of a different subtype |periódico=J. Virol. |volume=79 |issue=16 |páginas=10701–8 |ano=2005 |month=August |pmid=16051862 |pmc=1182664 |doi=10.1128/JVI.79.16.10701-10708.2005 }}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Piantadosi A, Chohan B, Chohan V, McClelland RS, Overbaugh J |título=Chronic HIV-1 infection frequently fails to protect against superinfection |periódico=PLoS Pathog. |volume=3 |issue=11 |páginas=e177 |ano=2007 |month=November |pmid=18020705 |pmc=2077901 |doi=10.1371/journal.ppat.0030177
}}</ref><ref>{{cite journal |author=Hu DJ, Subbarao S, Vanichseni S, ''et al.'' |title=Frequency of HIV-1 dual subtype infections, including intersubtype superinfections, among injection drug users in Bangkok, Thailand |journal=AIDS |volume=19 |issue=3 |pages=303–8 |year=2005 |month=February |pmid=15718841 |doi= |url=http://meta.wkhealth.com/pt/pt-core/template-journal/lwwgateway/media/landingpage.htm?an=00002030-200502180-00009 |accessdate=2009-03-31}}</ref>
}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Hu DJ, Subbarao S, Vanichseni S, ''et al.'' |título=Frequency of HIV-1 dual subtype infections, including intersubtype superinfections, among injection drug users in Bangkok, Thailand |periódico=AIDS |volume=19 |issue=3 |páginas=303–8 |ano=2005 |month=February |pmid=15718841 |doi= |url=http://meta.wkhealth.com/pt/pt-core/template-journal/lwwgateway/media/landingpage.htm?an=00002030-200502180-00009 |acessodata=2009-03-31}}</ref>


== Sinais e sintomas ==
== Sinais e sintomas ==
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[[Ficheiro:Azt pills.JPG|thumb|right|A zidovudina ([[AZT]]) é um inibidor de transcriptase reversa, foi o primeiro tratamento altamente eficaz contra o HIV.]]
[[Ficheiro:Azt pills.JPG|thumb|right|A zidovudina ([[AZT]]) é um inibidor de transcriptase reversa, foi o primeiro tratamento altamente eficaz contra o HIV.]]


Não existe atualmente qualquer vacina ou cura para o VIH/SIDA. O único método de prevenção recomendado é evitar a exposição ao vírus. No entanto, acredita-se que um tratamento [[antirretroviral|antirretrovírico]] denominado [[profilaxia pós-exposição]] (PPE) reduza o risco de infeção caso seja iniciado imediatamente após a exposição.<ref name=Fan>{{cite book
Não existe atualmente qualquer vacina ou cura para o VIH/SIDA. O único método de prevenção recomendado é evitar a exposição ao vírus. No entanto, acredita-se que um tratamento [[antirretroviral|antirretrovírico]] denominado [[profilaxia pós-exposição]] (PPE) reduza o risco de infeção caso seja iniciado imediatamente após a exposição.<ref name=Fan>{{citar livro
|autor = |ano= 2005 |título= '''AIDS : science and society''' |capítulo= |capítulourl= | editor = Fan, H., Conner, R. F. and Villarreal, L. P. eds |edição= 4th edition |páginas= |publicadopor= Jones and Bartlett Publishers |local= [[Boston, Massachusetts|Boston, MA]] | id = ISBN 0-7637-0086-X}}</ref> O tratamento atual para a infeção com VIH consiste numa [[terapêutica antirretrovírica de alta eficácia]] (em inglês, HAART), introduzida em 1996.<ref name=Pallelal /><ref name=DhhsHivTreatment>{{citar web|autor =[[Department of Health and Human Services]] |publicadopor= |data=janeiro de 2005 | url=http://www.hab.hrsa.gov/tools/HIVpocketguide05/PktGARTtables.htm |título=A Pocket Guide to Adult HIV/AIDS Treatment January 2005 edition |acessodata=2006-01-17}}</ref> As opções terapêuticas atuais são compostas por três fármacos, pertencentes a pelo menos duas classes de agentes [[antirretrovirais]]. Regra geral, estas classes são dois [[Inibidor da transcriptase reversa|nucleósidos inibidores da transcriptase reversa]] (NITR), associados a um não nucleósido inibidor da transcriptase reversa (NNITR) [[inibidor da protease]] (IP).<ref name="comissao">{{citar web | título=Recomendações Portuguesas para o Tratamento da Infecção VIH/sida |autor=Coordenação Nacional para a Infecção VIH/sida |url=http://www.portaldasaude.pt/NR/rdonlyres/030A05A2-12E7-4710-832D-BCE84E17C93B/0/i006008.pdf|acessodata=18 de outubro de 2013}}</ref> Uma vez que a progressão em crianças é mais rápida e menos previsível do que em adultos, são recomendados tratamentos mais agressivos.<ref name=2005dhhsHivChildren>{{citar web|autor =[[Department of Health and Human Services]] Working Group on Antiretroviral Therapy and Medical Management of HIV-Infected Children |publicadopor= |data=3 de novembro de 2005 | url=http://www.aidsinfo.nih.gov/ContentFiles/PediatricGuidelines_PDA.pdf |título=Guidelines for the Use of Antiretroviral Agents in Pediatric HIV Infection |formato= PDF |acessodata=2006-01-17}}</ref> Em países desenvolvidos nos quais esteja disponível a terapêutica HAART, o médico faz a avaliação completa do paciente, medindo a carga viral, a velocidade de declínio do CD4 e a capacidade de resposta do paciente, usando estes dados para decidir quando recomendar o início do tratamento.<ref name=2005DhhsHivTreatment>{{citar web|autor =[[Department of Health and Human Services]] Panel on Clinical Practices for Treatment of HIV Infection |publicadopor= |ano=2005 | url=http://aidsinfo.nih.gov/ContentFiles/AdultandAdolescentGL.pdf |título=Guidelines for the Use of Antiretroviral Agents in HIV-1-Infected Adults and Adolescents |formato= PDF |acessodata=2006-01-17}}</ref>
| author = | year = 2005 | title = '''AIDS : science and society''' | chapter = | chapterurl = | editor = Fan, H., Conner, R. F. and Villarreal, L. P. eds | edition = 4th edition | pages = | publisher = Jones and Bartlett Publishers | location = [[Boston, Massachusetts|Boston, MA]] | id = ISBN 0-7637-0086-X}}</ref> O tratamento atual para a infeção com VIH consiste numa [[terapêutica antirretrovírica de alta eficácia]] (em inglês, HAART), introduzida em 1996.<ref name=Pallelal>{{cite journal
| author=Palella, F. J., Delaney, K. M., Moorman, A. C., Loveless, M. O., Fuhrer, J., Satten, G. A., Aschman, D. J. and Holmberg, S. D. | title=Declining morbidity and mortality among patients with advanced human immunodeficiency virus infection | journal=N. Engl. J. Med. | year=1998 | pages=853-860 | volume=338 | issue=13 | pmid=9516219}}</ref><ref name=DhhsHivTreatment>{{ cite web | author=[[Department of Health and Human Services]] | publisher= | year=January, 2005 | url=http://www.hab.hrsa.gov/tools/HIVpocketguide05/PktGARTtables.htm | title=A Pocket Guide to Adult HIV/AIDS Treatment January 2005 edition | accessdate=2006-01-17}}</ref> As opções terapêuticas atuais são compostas por três fármacos, pertencentes a pelo menos duas classes de agentes [[antirretrovirais]]. Regra geral, estas classes são dois [[Inibidor da transcriptase reversa|nucleósidos inibidores da transcriptase reversa]] (NITR), associados a um não nucleósido inibidor da transcriptase reversa (NNITR) [[inibidor da protease]] (IP).<ref name="comissao">{{citar web | título=Recomendações Portuguesas para o Tratamento da Infecção VIH/sida |autor=Coordenação Nacional para a Infecção VIH/sida |url=http://www.portaldasaude.pt/NR/rdonlyres/030A05A2-12E7-4710-832D-BCE84E17C93B/0/i006008.pdf|acessodata=18 de outubro de 2013}}</ref> Uma vez que a progressão em crianças é mais rápida e menos previsível do que em adultos, são recomendados tratamentos mais agressivos.<ref name=2005dhhsHivChildren>{{ cite web | author=[[Department of Health and Human Services]] Working Group on Antiretroviral Therapy and Medical Management of HIV-Infected Children | publisher= | year=[[November 3]], [[2005]] | url=http://www.aidsinfo.nih.gov/ContentFiles/PediatricGuidelines_PDA.pdf | title=Guidelines for the Use of Antiretroviral Agents in Pediatric HIV Infection | format= PDF | accessdate=2006-01-17}}</ref> Em países desenvolvidos nos quais esteja disponível a terapêutica HAART, o médico faz a avaliação completa do paciente, medindo a carga viral, a velocidade de declínio do CD4 e a capacidade de resposta do paciente, usando estes dados para decidir quando recomendar o início do tratamento.<ref name=2005DhhsHivTreatment>{{ cite web | author=[[Department of Health and Human Services]] Panel on Clinical Practices for Treatment of HIV Infection | publisher= | year=2005 | url=http://aidsinfo.nih.gov/ContentFiles/AdultandAdolescentGL.pdf | title=Guidelines for the Use of Antiretroviral Agents in HIV-1-Infected Adults and Adolescents | format= PDF |accessdate=2006-01-17}}</ref>


A terapêutica HAART permite a estabilização dos sintomas e da [[viremia]], mas não cura o paciente nem alivia os sintomas. Uma vez interrompido o tratamento, os VIH-1 regressa aos níveis elevados anteriores.<ref name=martinez>{{ cite journal | author=Martinez-Picado, J., DePasquale, M. P., Kartsonis, N., Hanna, G. J., Wong, J., Finzi, D., Rosenberg, E., Gunthard, H. F., Sutton, L., Savara, A., Petropoulos, C. J., Hellmann, N., Walker, B. D., Richman, D. D., Siliciano, R. and D'Aquila, R. T. | title=Antiretroviral resistance during successful therapy of human immunodeficiency virus type 1 infection | journal=Proc. Natl. Acad. Sci. U. S. A. | year=2000 | pages=10948-10953 | volume=97 | issue=20 | pmid=11005867}}</ref><ref name=Dybul>{{ cite journal | author=Dybul, M., Fauci, A. S., Bartlett, J. G., Kaplan, J. E., Pau, A. K.; Panel on Clinical Practices for Treatment of HIV. | title=Guidelines for using antiretroviral agents among HIV-infected adults and adolescents | journal=Ann. Intern. Med. | year=2002 | pages=381-433 | volume=137 | issue=5 Pt 2
A terapêutica HAART permite a estabilização dos sintomas e da [[viremia]], mas não cura o paciente nem alivia os sintomas. Uma vez interrompido o tratamento, os VIH-1 regressa aos níveis elevados anteriores.<ref name=martinez>{{citar periódico|autor =Martinez-Picado, J., DePasquale, M. P., Kartsonis, N., Hanna, G. J., Wong, J., Finzi, D., Rosenberg, E., Gunthard, H. F., Sutton, L., Savara, A., Petropoulos, C. J., Hellmann, N., Walker, B. D., Richman, D. D., Siliciano, R. and D'Aquila, R. T. |título=Antiretroviral resistance during successful therapy of human immunodeficiency virus type 1 infection |periódico=Proc. Natl. Acad. Sci. U. S. A. |ano=2000 |páginas=10948-10953 | volume=97 | issue=20 | pmid=11005867}}</ref><ref name=Dybul>{{citar periódico|autor =Dybul, M., Fauci, A. S., Bartlett, J. G., Kaplan, J. E., Pau, A. K.; Panel on Clinical Practices for Treatment of HIV. |título=Guidelines for using antiretroviral agents among HIV-infected adults and adolescents |periódico=Ann. Intern. Med. |ano=2002 |páginas=381-433 | volume=137 | issue=5 Pt 2
| pmid=12617573 }}</ref> Além disso, seria necessário um prazo superior a toda uma vida para eliminar a infeção recorrendo apenas à terapêutica HAART.<ref name=blankson>{{ cite journal | author=Blankson, J. N., Persaud, D., Siliciano, R. F. | title=The challenge of viral reservoirs in HIV-1 infection | journal=Annu. Rev. Med. | year=2002 | pages=557-593 | volume=53 | issue= | pmid=11818490}}</ref> Apesar disso, muitos indivíduos infetados apresentam uma melhoria significativa em termos de saúde e qualidade de vida, o que tem proporcionado uma redução significativa da morbosidade e mortalidade associadas ao VIH em países desenvolvidos.<ref name=Pallelal>{{ cite journal | author=Palella, F. J., Delaney, K. M., Moorman, A. C., Loveless, M. O., Fuhrer, J., Satten, G. A., Aschman, D. J. and Holmberg, S. D. | title=Declining morbidity and mortality among patients with advanced human immunodeficiency virus infection | journal=N. Engl. J. Med. | year=1998 | pages=853-860 | volume=338 | issue=13 | pmid=9516219}}</ref><ref name=Wood>{{ cite journal | author=Wood, E., Hogg, R. S., Yip, B., Harrigan, P. R., O'Shaughnessy, M. V. and Montaner, J. S. | title=Is there a baseline CD4 cell count that precludes a survival response to modern antiretroviral therapy? | journal=AIDS | year=2003 | pages=711-720 | volume=17 | issue=5 | pmid=12646794}}</ref><ref name=Chene>{{ cite journal | author=Chene, G., Sterne, J. A., May, M., Costagliola, D., Ledergerber, B., Phillips, A. N., Dabis, F., Lundgren, J., D'Arminio Monforte, A., de Wolf, F., Hogg, R., Reiss, P., Justice, A., Leport, C., Staszewski, S., Gill, J., Fatkenheuer, G., Egger, M. E. and the Antiretroviral Therapy Cohort Collaboration. | title=Prognostic importance of initial response in HIV-1 infected patients starting potent antiretroviral therapy: analysis of prospective studies | journal=Lancet | year=2003 | pages=679-686 | volume=362 | issue=9385 | pmid=12957089}}</ref> A esperança média de vida de um indivíduo infetado por HIV é de 32 anos a partir da data de infeção, caso o tratamento seja iniciado quando a contagem de CD4 for 350/µL.<ref name=schack>{{ cite journal | author=Schackman BR, Gebo KA, Walensky RP, Losina E, Muccio T, Sax PE, Weinstein MC, Seage GR 3rd, Moore RD, Freedberg KA. | title=The lifetime cost of current HIV care in the United States | journal=Med Care | year=2006 | pages=990-997 | volume=44 | issue=11 | pmid=17063130}}</ref> Na ausência de terapêutica HAART, o tempo [[Mediana (estatística)|mediano]] para que uma infeção por VIH faça a progressão para SIDA é de cerca de nova a dez anos, enquanto que a estimativa mediana de sobrevivência depois de instalada a SIDA é de apenas 9,2 meses.<ref name=Morgan2>{{ cite journal | author=Morgan, D., Mahe, C., Mayanja, B., Okongo, J. M., Lubega, R. and Whitworth, J. A. | title=HIV-1 infection in rural Africa: is there a difference in median time to AIDS and survival compared with that in industrialized countries?
| pmid=12617573 }}</ref> Além disso, seria necessário um prazo superior a toda uma vida para eliminar a infeção recorrendo apenas à terapêutica HAART.<ref name=blankson>{{citar periódico|autor =Blankson, J. N., Persaud, D., Siliciano, R. F. |título=The challenge of viral reservoirs in HIV-1 infection |periódico=Annu. Rev. Med. |ano=2002 |páginas=557-593 | volume=53 | issue= | pmid=11818490}}</ref> Apesar disso, muitos indivíduos infetados apresentam uma melhoria significativa em termos de saúde e qualidade de vida, o que tem proporcionado uma redução significativa da morbosidade e mortalidade associadas ao VIH em países desenvolvidos.<ref name=Pallelal /><ref>{{citar periódico|autor =Wood, E., Hogg, R. S., Yip, B., Harrigan, P. R., O'Shaughnessy, M. V. and Montaner, J. S. |título=Is there a baseline CD4 cell count that precludes a survival response to modern antiretroviral therapy? |periódico=AIDS |ano=2003 |páginas=711-720 | volume=17 | issue=5 | pmid=12646794}}</ref><ref name=Chene>{{citar periódico|autor =Chene, G., Sterne, J. A., May, M., Costagliola, D., Ledergerber, B., Phillips, A. N., Dabis, F., Lundgren, J., D'Arminio Monforte, A., de Wolf, F., Hogg, R., Reiss, P., Justice, A., Leport, C., Staszewski, S., Gill, J., Fatkenheuer, G., Egger, M. E. and the Antiretroviral Therapy Cohort Collaboration. |título=Prognostic importance of initial response in HIV-1 infected patients starting potent antiretroviral therapy: analysis of prospective studies |periódico=Lancet |ano=2003 |páginas=679-686 | volume=362 | issue=9385 | pmid=12957089}}</ref> A esperança média de vida de um indivíduo infetado por HIV é de 32 anos a partir da data de infeção, caso o tratamento seja iniciado quando a contagem de CD4 for 350/µL.<ref name=schack>{{citar periódico|autor =Schackman BR, Gebo KA, Walensky RP, Losina E, Muccio T, Sax PE, Weinstein MC, Seage GR 3rd, Moore RD, Freedberg KA. |título=The lifetime cost of current HIV care in the United States |periódico=Med Care |ano=2006 |páginas=990-997 | volume=44 | issue=11 | pmid=17063130}}</ref> Na ausência de terapêutica HAART, o tempo [[Mediana (estatística)|mediano]] para que uma infeção por VIH faça a progressão para SIDA é de cerca de nova a dez anos, enquanto que a estimativa mediana de sobrevivência depois de instalada a SIDA é de apenas 9,2 meses.<ref name=Morgan2 /> No entanto, a terapêutica HAART por vezes não atinge resultados satisfatórios, sendo em algumas circunstâncias ineficaz em mais de metade dos casos. Isto deve-se a várias razões, entra as quais intolerância ou efeitos secundários da medicação, terapêuticas antirretrovirais anteriores ineficazes, ou infeção com uma estirpe resistente de VIH. No entanto, a não adesão ou desistência por parte do paciente ao longo de uma terapia antirretroviral são a principal causa de insucesso da terapia HAART.<ref name=becker>{{citar periódico|autor =Becker SL, Dezii CM, Burtcel B, Kawabata H, Hodder S. |título=Young HIV-infected adults are at greater risk for medication nonadherence |periódico=MedGenMed. |ano=2002 |páginas=21 | volume=4| issue=3 | pmid=12466764}}</ref> São várias as razões para a não adesão ou desistência da terapêutica HAART. A não adesão é motivada sobretudo pelo acesso deficiente a cuidados de saúde, apoios sociais inadequados, a presença de doenças psiquiátricas ou a toxicodependência. A desistência é motivada pela complexidade dos regimes HAART, em particular do número de comprimidos, da frequência das doses, da restrição alimentar ou ainda por outros motivos a par de efeitos secundários.<ref name=Nieuwkerk>{{citar periódico|autor =Nieuwkerk, P., Sprangers, M., Burger, D., Hoetelmans, R. M., Hugen, P. W., Danner, S. A., van Der Ende, M. E., Schneider, M. M., Schrey, G., Meenhorst, P. L., Sprenger, H. G., Kauffmann, R. H., Jambroes, M., Chesney, M. A., de Wolf, F., Lange, J. M. and the ATHENA Project. |título=Limited Patient Adherence to Highly Active Antiretroviral Therapy for HIV-1 Infection in an Observational Cohort Study |periódico=Arch. Intern. Med. |ano=2001 |páginas=1962-1968 | volume=161 | issue=16 | pmid=11525698}}</ref><ref name=Kleeberger>{{citar periódico|autor =Kleeberger, C., Phair, J., Strathdee, S., Detels, R., Kingsley, L. and Jacobson, L. P. |título=Determinants of Heterogeneous Adherence to HIV-Antiretroviral Therapies in the Multicenter AIDS Cohort Study|periódico=J. Acquir. Immune Defic. Syndr. |ano=2001 |páginas=82-92 | volume=26 | issue=1 | pmid=11176272}}</ref><ref name=heath>{{citar periódico|autor =Heath, K. V., Singer, J., O'Shaughnessy, M. V., Montaner, J. S. and Hogg, R. S. |título=Intentional Nonadherence Due to Adverse Symptoms Associated With Antiretroviral Therapy |periódico=J. Acquir. Immune Defic. Syndr. |ano=2002 |páginas=211-217 | volume=31 | issue=2 | pmid=12394800}}</ref> Os efeitos secundários incluem [[lipodistrofia]], [[dislipidemia]], [[resistência à insulina]], aumento de riscos [[cardiovascular]]es e [[Doença congénita|doenças congénitas]].<ref name=Montessori>{{citar periódico|autor =Montessori, V., Press, N., Harris, M., Akagi, L., Montaner, J. S. |título=Adverse effects of antiretroviral therapy for HIV infection. |periódico=CMAJ |ano=2004 |páginas=229-238 | volume=170 | issue=2 | pmid=14734438}}</ref><ref name=Saitoh>{{citar periódico|autor =Saitoh, A., Hull, A. D., Franklin, P. and Spector, S. A. |título=Myelomeningocele in an infant with intrauterine exposure to efavirenz |periódico=J. Perinatol. |ano=2005 |páginas=555-556 | volume=25 | issue=8 | pmid=16047034}}</ref>
| journal=AIDS | year=2002 | pages=597-632 | volume=16 | issue=4 | pmid=11873003}}</ref> No entanto, a terapêutica HAART por vezes não atinge resultados satisfatórios, sendo em algumas circunstâncias ineficaz em mais de metade dos casos. Isto deve-se a várias razões, entra as quais intolerância ou efeitos secundários da medicação, terapêuticas antirretrovirais anteriores ineficazes, ou infeção com uma estirpe resistente de VIH. No entanto, a não adesão ou desistência por parte do paciente ao longo de uma terapia antirretroviral são a principal causa de insucesso da terapia HAART.<ref name=becker>{{ cite journal | author=Becker SL, Dezii CM, Burtcel B, Kawabata H, Hodder S. | title=Young HIV-infected adults are at greater risk for medication nonadherence | journal=MedGenMed. | year=2002 | pages=21 | volume=4| issue=3 | pmid=12466764}}</ref> São várias as razões para a não adesão ou desistência da terapêutica HAART. A não adesão é motivada sobretudo pelo acesso deficiente a cuidados de saúde, apoios sociais inadequados, a presença de doenças psiquiátricas ou a toxicodependência. A desistência é motivada pela complexidade dos regimes HAART, em particular do número de comprimidos, da frequência das doses, da restrição alimentar ou ainda por outros motivos a par de efeitos secundários.<ref name=Nieuwkerk>{{ cite journal | author=Nieuwkerk, P., Sprangers, M., Burger, D., Hoetelmans, R. M., Hugen, P. W., Danner, S. A., van Der Ende, M. E., Schneider, M. M., Schrey, G., Meenhorst, P. L., Sprenger, H. G., Kauffmann, R. H., Jambroes, M., Chesney, M. A., de Wolf, F., Lange, J. M. and the ATHENA Project. | title=Limited Patient Adherence to Highly Active Antiretroviral Therapy for HIV-1 Infection in an Observational Cohort Study | journal=Arch. Intern. Med. | year=2001 | pages=1962-1968 | volume=161 | issue=16 | pmid=11525698}}</ref><ref name=Kleeberger>{{ cite journal | author=Kleeberger, C., Phair, J., Strathdee, S., Detels, R., Kingsley, L. and Jacobson, L. P. | title=Determinants of Heterogeneous Adherence to HIV-Antiretroviral Therapies in the Multicenter AIDS Cohort Study| journal=J. Acquir. Immune Defic. Syndr. | year=2001 | pages=82-92 | volume=26 | issue=1 | pmid=11176272}}</ref><ref name=heath>{{ cite journal | author=Heath, K. V., Singer, J., O'Shaughnessy, M. V., Montaner, J. S. and Hogg, R. S. | title=Intentional Nonadherence Due to Adverse Symptoms Associated With Antiretroviral Therapy | journal=J. Acquir. Immune Defic. Syndr. | year=2002 | pages=211-217 | volume=31 | issue=2 | pmid=12394800}}</ref> Os efeitos secundários incluem [[lipodistrofia]], [[dislipidemia]], [[resistência à insulina]], aumento de riscos [[cardiovascular]]es e [[Doença congénita|doenças congénitas]].<ref name=Montessori>{{ cite journal | author=Montessori, V., Press, N., Harris, M., Akagi, L., Montaner, J. S. | title=Adverse effects of antiretroviral therapy for HIV infection. | journal=CMAJ | year=2004 | pages=229-238 | volume=170 | issue=2 | pmid=14734438}}</ref><ref name=Saitoh>{{ cite journal | author=Saitoh, A., Hull, A. D., Franklin, P. and Spector, S. A. | title=Myelomeningocele in an infant with intrauterine exposure to efavirenz | journal=J. Perinatol. | year=2005 | pages=555-556 | volume=25 | issue=8 | pmid=16047034}}</ref>


O momento preciso para iniciar o tratamento é ainda objeto de debate. É indiscutível que o tratamento deva ser iniciado antes da contagem de CD4 do paciente ser inferior a 200. A maior parte das recomendações nacionais indica que o tratamento deva ser iniciado mal a contagem seja inferior a 350, embora evidências de alguns estudos apontem para que seja iniciado ainda antes de ultrapassar os 350.<ref name="Wood">{{ cite journal | author=Wood E, HoggRS, Harrigan PR, Montaner JS. | title=When to initial antiretroviral therapy in HIV-1-infected adults: a review for clinicians and patients | journal=Lancet Infect. Dis. | year=2005 | volume=5 | pages=407-414}}</ref><ref name="Wang2004">{{ cite journal | author=Wang C, Vlahov D, Galai N, ''et al.'' | title=Mortality in HIV-seropositive versus seronegative persons in the era of highly active antiretroviral therapy. | journal=J. Infect. Dis. | year=2004 | volume=190 | pages=1046&ndash;54 | pmid=15319852}}</ref> Em países onde não estão disponíveis métodos para contagem de CD4, o tratamento deve ser iniciado em pacientes nos estágios III e IV, conforme definido pela [[OMS]].<ref name="WHO">{{ cite web | author=Organização Mundial de Saúde | title=WHO case definitions of HIV for surveillance and revised clinical staging and immunological classification | year=2006 | url=http://www.who.int/hiv/pub/guidelines/WHO%20HIV%20Staging.pdf | accessdate=2006-12-27}}</ref> Os fármacos antirretrovirais são dispendiosos, pelo que a maioria da população infetada a nível mundial não tem acesso ao tratamento de VIH/SIDA.<ref name=Ferrantelli>{{ cite journal | author=Ferrantelli F, Cafaro A, Ensoli B. | title=Nonstructural HIV proteins as targets for prophylactic or therapeutic vaccines | journal=Curr Opin Biotechnol. | year=2004 | pages=543-556 | volume=15 | issue=6 | pmid=15560981}}</ref> A investigação para melhorar os tratamentos atuais contempla a diminuição dos efeitos secundários, a simplificação dos regimes para diminuir a desistência, e a determinação da melhor sequência de regimes de modo a gerir a resistência aos fármacos. No entanto, pensa-se que apenas a vacinação será capaz de travar a [[pandemia]] global, já que se trata da única solução de baixo custo e que não requer tratamentos diários, sendo assim capaz de ser financeiramente sustentável em países em desenvolvimento.<ref name=Ferrantelli/> No entanto, após mais de vinte anos de investigação, o VIH-1 continua a ser um candidato difícil para uma vacina.<ref name=Ferrantelli/> Apesar disso, pensa-se que uma região da sua superfície constitua um potencial alvo para a criação uma vacina.<ref name="HIV weak spot">{{ cite web | author=BBC News | title=Scientists expose HIV weak spot | year=2007 | url=http://news.bbc.co.uk/2/hi/health/6357287.stm | accessdate=2007-04-20}}</ref>
O momento preciso para iniciar o tratamento é ainda objeto de debate. É indiscutível que o tratamento deva ser iniciado antes da contagem de CD4 do paciente ser inferior a 200. A maior parte das recomendações nacionais indica que o tratamento deva ser iniciado mal a contagem seja inferior a 350, embora evidências de alguns estudos apontem para que seja iniciado ainda antes de ultrapassar os 350.<ref>{{citar periódico|autor =Wood E, HoggRS, Harrigan PR, Montaner JS. |título=When to initial antiretroviral therapy in HIV-1-infected adults: a review for clinicians and patients |periódico=Lancet Infect. Dis. |ano=2005 | volume=5 |páginas=407-414}}</ref><ref name="Wang2004">{{citar periódico|autor =Wang C, Vlahov D, Galai N, ''et al.'' |título=Mortality in HIV-seropositive versus seronegative persons in the era of highly active antiretroviral therapy. |periódico=J. Infect. Dis. |ano=2004 | volume=190 |páginas=1046&ndash;54 | pmid=15319852}}</ref> Em países onde não estão disponíveis métodos para contagem de CD4, o tratamento deve ser iniciado em pacientes nos estágios III e IV, conforme definido pela [[OMS]].<ref name="WHO">{{citar web|autor =Organização Mundial de Saúde |título=WHO case definitions of HIV for surveillance and revised clinical staging and immunological classification |ano=2006 | url=http://www.who.int/hiv/pub/guidelines/WHO%20HIV%20Staging.pdf |acessodata=2006-12-27}}</ref> Os fármacos antirretrovirais são dispendiosos, pelo que a maioria da população infetada a nível mundial não tem acesso ao tratamento de VIH/SIDA.<ref name=Ferrantelli>{{citar periódico|autor =Ferrantelli F, Cafaro A, Ensoli B. |título=Nonstructural HIV proteins as targets for prophylactic or therapeutic vaccines |periódico=Curr Opin Biotechnol. |ano=2004 |páginas=543-556 | volume=15 | issue=6 | pmid=15560981}}</ref> A investigação para melhorar os tratamentos atuais contempla a diminuição dos efeitos secundários, a simplificação dos regimes para diminuir a desistência, e a determinação da melhor sequência de regimes de modo a gerir a resistência aos fármacos. No entanto, pensa-se que apenas a vacinação será capaz de travar a [[pandemia]] global, já que se trata da única solução de baixo custo e que não requer tratamentos diários, sendo assim capaz de ser financeiramente sustentável em países em desenvolvimento.<ref name=Ferrantelli/> No entanto, após mais de vinte anos de investigação, o VIH-1 continua a ser um candidato difícil para uma vacina.<ref name=Ferrantelli/> Apesar disso, pensa-se que uma região da sua superfície constitua um potencial alvo para a criação uma vacina.<ref name="HIV weak spot">{{citar web|autor =BBC News |título=Scientists expose HIV weak spot |ano=2007 | url=http://news.bbc.co.uk/2/hi/health/6357287.stm |acessodata=2007-04-20}}</ref>


== HIV e Saúde mental ==
== HIV e Saúde mental ==
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Um [[antirretroviral]] [[ITRNN]] muito usado no mundo, o [[Efavirenz]], também tem como possível efeito colateral transtornos neuropsiquiátricos crônicos, principalmente na forma de transtornos de ansiedade e de [[sono]].<ref>T.A. Rihs; K. Begley; D.E. Smith; J. Sarangapany; A. Callaghan; M. Kelly; J.J. Post; J. Gold. ''Efavirenz and Chronic Neuropsychiatric Symptoms: a Cross-sectional Case Control Study'' Posted: 01/31/2007; HIV Medicine. 2006;7(8):544-548. © 2006 Blackwell Publishing. Disponível em (24/02/2010): http://www.medscape.com/viewarticle/550461</ref>
Um [[antirretroviral]] [[ITRNN]] muito usado no mundo, o [[Efavirenz]], também tem como possível efeito colateral transtornos neuropsiquiátricos crônicos, principalmente na forma de transtornos de ansiedade e de [[sono]].<ref>T.A. Rihs; K. Begley; D.E. Smith; J. Sarangapany; A. Callaghan; M. Kelly; J.J. Post; J. Gold. ''Efavirenz and Chronic Neuropsychiatric Symptoms: a Cross-sectional Case Control Study'' Posted: 01/31/2007; HIV Medicine. 2006;7(8):544-548. © 2006 Blackwell Publishing. Disponível em (24/02/2010): http://www.medscape.com/viewarticle/550461</ref>


A revelação do diagnóstico de HIV positivo é considerado um evento muito estressante e com impacto em várias áreas da vida do portador, de modo semelhante a outras doenças que ameaçam a vida.<ref>C Gala, A Pergami, J Catalan, F Durbano, M Musicco, M Riccio, T Baldeweg and G Invernizzi. ''The psychosocial impact of HIV infection in gay men, drug users and heterosexuals. Controlled investigation'' The British Journal of Psychiatry 163: 651-659 (1993)© 1993 The Royal College of Psychiatrists. Disponível em: http://bjp.rcpsych.org/cgi/content/abstract/163/5/651</ref> A maioria dos portadores reagiu ao diagnóstico como um evento traumatizante, porém conseguiram lidar com a situação sem muitos problemas psicossociais. Os portadores que desenvolveram transtornos psicológicos beneficiaram de psicoterapia de longo prazo, principalmente da terapia interpessoal em conjunto com [[Anexo:Lista de medicamentos psiquiátricos de acordo com sua indicação|remédios psiquiátricos]].<ref>Weinel E. Long-term psychotherapy of HIV patients - indications and experiences.Int Conf AIDS. 1990 Jun 20-23; 6: 186 (abstract no. S.B.402). Disponível em: http://gateway.nlm.nih.gov/MeetingAbstracts/ma?f=102196209.html</ref> A [[Terapia cognitivo-comportamental]] também demonstrou ser uma intervenção benéfica e aumentar a adesão ao tratamento.<ref>Hans-Joumlrg Znoj e col. ''Psychotherapeutic process of cognitive-behavioral intervention in HIV-infected persons: Results from a controlled, randomized prospective clinical trial'' 2008 Impact Factor of 1.579 (2009 Thomson Reuters, 2008 Journal Citation Reports)</ref>
A revelação do diagnóstico de HIV positivo é considerado um evento muito estressante e com impacto em várias áreas da vida do portador, de modo semelhante a outras doenças que ameaçam a vida.<ref>C Gala, A Pergami, J Catalan, F Durbano, M Musicco, M Riccio, T Baldeweg and G Invernizzi. ''The psychosocial impact of HIV infection in gay men, drug users and heterosexuals. Controlled investigation'' The British Journal of Psychiatry 163: 651-659 (1993)© 1993 The Royal College of Psychiatrists. Disponível em: http://bjp.rcpsych.org/cgi/content/abstract/163/5/651</ref> A maioria dos portadores reagiu ao diagnóstico como um evento traumatizante, porém conseguiram lidar com a situação sem muitos problemas psicossociais. Os portadores que desenvolveram transtornos psicológicos beneficiaram de psicoterapia de longo prazo, principalmente da terapia interpessoal em conjunto com [[Anexo:Lista de medicamentos psiquiátricos de acordo com sua indicação|remédios psiquiátricos]].<ref>Weinel E. Long-term psychotherapy of HIV patients - indications and experiences.Int Conf AIDS. 1990 Jun 20-23; 6: 186 (abstract no. S.B.402). Disponível em: http://gateway.nlm.nih.gov/MeetingAbstracts/ma?f=102196209.html {{ligação inativa|data=março de 2017}}</ref> A [[Terapia cognitivo-comportamental]] também demonstrou ser uma intervenção benéfica e aumentar a adesão ao tratamento.<ref>Hans-Joumlrg Znoj e col. ''Psychotherapeutic process of cognitive-behavioral intervention in HIV-infected persons: Results from a controlled, randomized prospective clinical trial'' 2008 Impact Factor of 1.579 (2009 Thomson Reuters, 2008 Journal Citation Reports)</ref>


Mesmo com o desenvolvimento da terapia antirretroviral altamente eficaz (HAART) a não-adesão ao tratamento ainda é frequente. É recomendado que os profissionais de saúde trabalhem em equipe, desenvolvendo programas específicos para lidar com essa demanda e dediquem mais tempo e atenção aos pacientes com dificuldade de adesão para evitar o desenvolvimento de AIDS e doenças oportunistas nesses pacientes.<ref>COLOMBRINI, Maria Rosa Ceccato; LOPES, Maria Helena Baena de Moraes and FIGUEIREDO, Rosely Moralez de. Adesão à terapia antiretroviral para HIV/AIDS. Rev. esc. enferm. USP [online]. 2006, vol.40, n.4 [cited 2010-02-24], pp. 576-581 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342006000400018&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0080-6234. doi: 10.1590/S0080-62342006000400018.</ref>
Mesmo com o desenvolvimento da terapia antirretroviral altamente eficaz (HAART) a não-adesão ao tratamento ainda é frequente. É recomendado que os profissionais de saúde trabalhem em equipe, desenvolvendo programas específicos para lidar com essa demanda e dediquem mais tempo e atenção aos pacientes com dificuldade de adesão para evitar o desenvolvimento de AIDS e doenças oportunistas nesses pacientes.<ref>{{citar revista|último1=Colombrini|primeiro1=Maria Rosa Ceccato|último2=Lopes|primeiro2=Maria Helena Baena de Moraes|último3=Figueiredo|primeiro3=Rosely Moralez de|título=Adesão à terapia antiretroviral para HIV/AIDS|revista=Revista da Escola de Enfermagem da USP|ano=2006|volume=40|número=4|acessodata=19 de março de 2017|páginas=576-581|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342006000400018&lng=en&nrm=iso|issn=0080-6234|doi=10.1590/S0080-62342006000400018}}</ref>


== Imunidade ==
== Imunidade ==

Revisão das 00h53min de 20 de março de 2017

Como ler uma infocaixa de taxonomiaVírus da imunodeficiência humana
Micrografia eletrônica de varredura de VIH-1, em cor verde, saindo de um linfócito cultivado.
Micrografia eletrônica de varredura de VIH-1, em cor verde, saindo de um linfócito cultivado.
Classificação científica
Grupo: Grupo VI (ssRNA-RT)
Família: Retroviridae
Género: Lentivirus
Espécies
  • Vírus da imunodeficiência humana 1
  • Vírus da imunodeficiência humana 2

O Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH ou HIV, do inglês Human Immunodeficiency Virus) é um lentivirus que está na origem da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida,[1][2] uma condição em seres humanos na qual a deterioração progressiva do sistema imunitário propicia o desenvolvimento de infeções oportunistas e cancros potencialmente mortais. A infeção com o VIH tem origem na transferência de sangue, sémen, lubrificação vaginal, fluido pré-ejaculatório ou leite materno. O VIH está presente nestes fluidos corporais, tanto na forma de partículas livres como em células imunitárias infectadas. As principais vias de transmissão são as relações sexuais desprotegidas, a partilha de seringas contaminadas, e a transmissão entre mãe e filho durante a gravidez ou amamentação. Em países desenvolvidos, a monitorização do sangue em transfusões praticamente eliminou o risco de transmissão por esta via.

A infeção por VIH em seres humanos é atualmente uma pandemia. Cerca de 0,6% da população mundial está infetada com o VIH.[3] Entre 1981 e 2006, a SIDA foi responsável pela morte de mais de 25 milhões de pessoas. Um terço destas mortes ocorreu na África subsariana, atrasando o crescimento económico e aumentando a pobreza.[4] Até 2013, estimou-se que 78 milhões de pessoas foram contaminadas[5], 39 milhões das quais morreram[6].

O VIH infecta células vitais no sistema imunitário, como os linfócitos T auxiliares CD4+, macrófagos e células dendríticas.[7] A infeção por VIH provoca a diminuição do número linfócitos T CD4+ através de diversos mecanismos, entre os quais a apoptose de células espectadoras,[8] a morte viral direta de células infectadas, e morte de linfócitos T CD4+ através de linfócitos T citotóxicos CD8 que reconhecem as células infetadas.[9] Quando o número de linfócitos T CD4+ desce abaixo do limiar aceitável, o corpo perde a imunidade mediada por células e torna-se progressivamente mais suscetível a infeções oportunistas.

A maior parte das pessoas infetadas com VIH, quando estão sem tratamento, desenvolve SIDA. A elevada mortalidade desta doença deve-se ao colapso progressivo do sistema imunitário, ao qual está associado o aparecimento de infeções oportunistas ou tumores malignos.[10] Sem tratamento, cerca de nove em cada dez pessoas infetadas com VIH desenvolve SIDA após de 10-15 anos, embora algumas pessoas desenvolvam muito mais cedo.[11] O tratamento com antirretrovirais aumenta a esperança de vida de portadores do VIH, mesmo que a infeção tenha já evoluído para um diagnóstico de SIDA. Estima-se que a esperança de vida com tratamento seja de cinco anos.[12]. Mas com a entrada de novos antiretrovirais a expectativa passou para algo em torno de 20-50 anos (provavelmente, esta expectativa pode ser ainda maior, posto que atualmente há novos medicamentos e terapias mais toleráveis ao organismo dos portadores). Na ausência de tratamento, a morte ocorre geralmente no prazo de um ano.[13]

Virologia

Classificação

Comparação de espécies de VIH
Espécie Virulência Infectividade Prevalência Origem deduzida
VIH-1 Elevada Elevada Global Chimpanzé-comum
VIH-2 Muito baixa Baixa África Ocidental Cercocebus atys

O VIH é um membro do género Lentivirus,[14] e parte da família Retroviridae.[15] Os lentivirus têm diversas propriedades morfológicas e biológicas em comum. Muitas espécies são infectadas por lentivírus, que são caracteristicamente responsáveis por doenças de longa duração com período de incubação longo.[16] Os lentivírus são transmitidos como vírus ARN encapsulados, de sentido positivo e de cadeia única. Ao entrar na célula-alvo, o genoma ARN viral é convertido em ADN de cadeia dupla pela transcriptase reversa, que é transportada juntamente com o genoma viral na partícula do vírus. O ADN viral resultante é então importado para o núcleo celular e integrado no ADN celular pela integrase e cofactores. Uma vez integrado, o vírus pode tornar-se latente, peritindo-lhe a si e à célula hospedeira não serem detectados pelo sistema imunitário. Em elternativa, o vírus pode ser transcrito, produzindo novos genomas ARN e proteínas virais que são libertadas das células como novas partículas virais que iniciam novamente o ciclo de reprodução.[17]

Foram identificados dois tipos de VIH: o VIH-1 e o VIH-2. O VIH-1 é o vírus que foi inicialmente descoberto e denominado LAV e HTLV-III. É o mais virulento, mais infeccioso,[18] e o que provoca a maioria das infeções por VIH a nível mundial. A menor infecciosidade do VIH-2 em comparação com o VIH-1 indica que, a cada exposição, o risco de contágio é menor. Devido à sua reduzida capacidade de contágio, o VIH-2 está maioritariamente restrito à África Ocidental.[19]

Estrutura e genoma

Diagrama do VIH.

A estrutura do VIH é diferente da de outros retrovírus. É aproximadamente esférica e com um diâmetro de cerca de 120 nm, cerca de 60 vezes menor que um glóbulo vermelho, ainda que grande para um vírus.[20][21] É composto por duas cópias de ARN positivo de cadeia única de senso positivo com aproximadamente 9749 nucleotídeos q[22] que codifica os nove genes do vírus, envolto por um capsídeo cónico composto de 2000 cópias da proteína viral p24.[23] O ARN de cadeia único está intimamente ligado às proteínas da nucleocapside, p7, e às enzimas necessárias ao desenvolvimento do virião como a Transcriptase reversa, a aspartate protease, ribonuclease e integrase. O capsídeo é envolto por uma matriz composta pela proteína viral p17, assegurando a integridade da partícula do virião.[23]

Este conjunto é por sua vez envolto pelo envelope viral, que é composto por duas camadas de moléculas gordas denominadas fosfolípidos, obtidas a partir da membrana de uma célula humana quando uma partícula viral recém-formada brota da célula. No enveleope viral estão incorporadas proteínas da célula anfitriã e cerca de 70 cópias de uma proteína complexa do VIH que é proeminente na superfície da partícula viral.[23] Esta proteína, conhecida por Env, consiste num conjunto de três moléculas denominadas glicoproteína (gp) 120, e uma haste que consiste em três moléculas gp41 que ligam a estrutura ao envelope viral.[24] Este complexo glicoproteico permite ao vírus ligar-se e fundir-se com as células-alvo de modo a dar início ao ciclo de infeção.[24] Estas duas proteínas de superfície, sobretudo a gp120, têm vindo a ser identificadas como o alvo de futuros tratamentos ou vacinas contra o VIH.[25]

O genoma de ARN consiste em pelo menos sete marcos estruturais (LTR, TAR, RRE, PE, SLIP, CRS e INS) e nove genes ('gag, pol, and env, tat, rev, nef, vif, vpr, vpu, e por vezes um décimo tev, que consiste numa fusão de tat, env e rev), codificando 19 proteínas. Três destes genes, gag, pol e env, contêm a informação necessária para produzir as proteínas estruturais de novas partículas virais.[23] por exemplo, o env codifica uma proteína denominada gp160 que é quebrada por uma protease celular de modo a formar gp120 e gp41. Os restantes seis genes, 'tat, rev, nef, vif, vpr, e vpu (ou vpx no caso do VIH-2), são genes reguladores para proteínas que controlam a capacidade do VIH em infectar céulas, produzir novas cópias de si mesmo (replicar-se) ou provoca a doença.[23]

As duas proteínas Tat (p16 e p14) são trans-ativadores transcricionais do LTR, atuando ao ligar o elemento ARN do TAR. O TAR pode também ser processado em micro-ARNs que regulam os genes da apoptose ERCC1 e IER3.[26][27] A proteína Rev (p19) está envolvida no encerramento dos ARN do núcleo e do citoplasma, ao ligar-se ao elemento de ARN RRE. A proteína Vif (p23) previne a acção da APOBEC3G (uma proteína celular que devide os híbridos de ADN:ARN e/ou interfere com a proteína Pol). A proteína Vpr (p14) pára a divisão celular e G2/M. A proteína Nef (p27) infra-regula o CD4 (o maior recetor viral), assim como as moléculas MHC classe I e II.[28][29][30] A proteína Vpu (p16) influencia a libertação de novas partículas virais a partir de células infectadas.[23] As extremidades de cada cadeia de ARN do HIV contêm uma sequência de ARN denominada long terminal repeat (LTR). As regiões no LTR atuam como interruptores que controlam a produção de novos vírus e podem ser ativadas pelas proteínas quer do VIH quer da caélula anfitriã. O elemento Psi está envolvido no envelope do genoma viral e é reconhecido pelas proteínas Gag e Rev. O elemento SLIP está envolvido no deslocamento do quadro de leitura Gag-Pol, necessário para a produção de Pol funcional.[23]

Tropismo

Diagrama com as formas maturada e imatura do VIH.

O termo tropismo viral refere-se ao tipo de células que determinado vírus infeta. O VIH pode infetar diversas células imunitárias, como os linfócitos T CD4+, macrófagos e microgliócitos. A entrada do VIH-1 nos macrófagos e nos linfócitos CD4+ é mediada através da interação das glicoproteínas do envelope do virião (gp120) com a molécula CD4 nas células-alvo, e ainda através de co-recetores de quimiocina.[24]

As cadeias do VIH-1 que afectam os macrófagos (M-trópicas) usam os co-recetores de quimiocina CCR5 para entrar, sendo assim capazes de se replicarem em macrófagos e linfócitos T CD4+.[31] Este co-recetor CCR5 é usado por praticamente todos os tipos primários de VIH-1, independentemente do seu subtipo genético. Assim, os macrófagos desempenham um papel essencial em vários aspetos fundamentais da infeção por VIH, aparentando ser as primeiras células a ser infetadas e talvez a fonte de produção de VIH a partir do momento em que o doente perde as células CD4. Em amígdalas e adenoides de doentes infetados com VIH, os macrófagos fundem-se em células de grandes dimensões e vários núcleos que produzem grandes quantidades de partículas virais. As cadeias T-trópicas replicam-se tanto em linfócitos T CD4+ como em macrófagos e usam para entrar o co-recetor de quimioquina CXCR4.[31][32][33] Pensa-se que as cadeias VIH-1 de tropismo duplo sejam cadeias de VIH-1 em transição, e portanto capazes de usar como co-recetores de entrada tanto o CCR5 como o CXCR4. A quimioquina-alfa SDF-1, um ligante do CXCR4, suprime a replicação dos tipos T-trópicos. Consegue-o através da infra-regulação da expressão do CXCR4 na superfície destas células. O VIH que usa apenas o co-recetor CCR5 é denominado R5; o que usa apenas o CXCR4 é denominado X4; e o que usa ambos é denominado X4R5. No entanto, o uso do co-recetor por si só não explica o tropismo viral, já que nem todos os vírus R5 são capazes de usar o CCR5 em macrófagos de modo a dar origem a uma infeção bem sucedida e o VIH pode também infetar um subtipo de células dendríticas mieloides, que provavelmente constituem uma reserva que mantém a infeção quando a contagem de células CD4+ desce para níveis extremamente baixos.[31][34] Algumas pessoas são resistentes a determinadas estirpes de VIH.Por exemplo, pessoas com a mutação CCR5-Δ32 são resistentes a infeções com o vírus R5, uma vez que a mutação impede o VIH de se ligar ao seu co-recetor, reduzindo a sua capacidade de infetar células-alvo.[35]

A relação sexual é o principal meio de transmissão do VIH. Tanto o VIH X4 como o R5 estão presentes no sémen que é transmitido entre o homem e o seu parceiro sexual. Os viriões podem assim infetar vários alvos celulares e disseminar-se por todo o organismo. No entanto, a existência de um processo de seleção faz com que através desta via seja predominante a transmissão do vírus R5.[36][37][38] A forma como o processo seletivo funciona está ainda a ser investigada, mas um dos modelos propõe que os espermatozoides possam seletivamente transportar VIH R5, uma vez que na superfície possuem CCR3 e CCR5, mas não CXCR4,[39] e que as células epiteliais genitais sequestram de forma preferencial vírus X4.[40] Em pessoas infetadas com o subtipo HIV-1, muitas vezes verifica-se a troca de co-recetor durante a fase avançada da doença, e as variantes T-trópicas aparentam poder infetar diferentes linfócitos T através do CXCR4.[41] Estas variantes replicam-se então de forma mais agressiva e com maior virulência, o que provoca a diminuição acentuada dos linfócitos T, o colapso do sistema imunitário e o aparecimento de infeções oportunistas, características da SIDA.[42] Assim, durante o curso da infeção, a adaptação viral para passar a usar o CXCR4 em vez do CCR5 pode representar um passo fundamental na progressão para a SIDA. Vários estudos em indivíduos infetados com o subtipo B concluíram que 40 a 50% dos pacientes com SIDA podem apresentar vírus T-trópicos e, presume-se, fenótipos X4.[43][44]

O VIH-2 é muito menos patogénico do que o VIH-1 e a sua ocorrência é mais restrita em termos globais. A adoção de "genes acessórios" pelo VIH-2 e o seu padrão promíscuo de utilização de coreceptores (incluindo a independência relativamente ao CD4) pode auxiliar o vírus na sua adaptação de forma a evitar fatores de restrição inatos presentes nas células anfitriãs. A capacidade do VIH-2 em se replicar nos seres humanos pode ter origem na capacidade de adaptação do vírus, de modo a ser capaz de usar processos celulares normais de forma a permitir a transmissão e a infeção produtiva. Uma das estratégias de sobrevivência de qualquer agente infecioso é não matar o seu hospedeiro, mas antes estabelecer uma relação de comensalismo entre organismos. Tendo conseguido obter baixa petogenicidade, ao longo do tempo irão sendo selecionadas as variantes mais eficazes na transmissão.[45]

Ciclo de replicação

Ciclo de replicação do VIH

Penetração celular

O VIH penetra nos macrófagos e nos linfócitos T CD4+ através da adsorção de glicoproteínas na sua superfície para recetores na célula-alvo, seguida pela fusão do envelope viral com a membrana celular e pela libertação do capsídeo do VIH na célula.[46][47]

A penetração na célula tem início com a interação do complexo envelope trímero (gp160) com o CD4 e um recetor de quimiocina na superfície da célula (geralmente o CCR5 ou CXCR4, embora sejam conhecidos outros).[46][47] A gp120 liga-se à integrina α4β7, ativando o LFA-1, a principal integrina envolvida no estabelecimento de sinapses virológicas, que facilita a disseminação eficiente do VIH-1 entre células.[48] A gp160 contém domínios de ligação tanto para o CD4 como para os recetores de quimioquina.[46][47]

O primeiro estágio na fusão envolve a união dos domínios de ligação CD4 da gp120 ao CD4. Uma vez ligada a gp120 com a proteína CD4, o complexo envelope atravessa uma alteração na estrutura, expondo os domínios de ligação de quimioquina da gp120 e permitindo-lhes interagir com o recetor-alvo de quimioquina.[46][47] Isto permite uma ligação mais estável, o que permite ao peptídeo de fusão N-terminal gp41 penetrar na membrana celular.[46][47] Em seguida, as sequências de repetição na gp41, HR1 e HR2 interagem entre si, provocando o colapso da porção extracelular da gp41 num hairpin. Esta estrutura circular aproxima o vírus da membrana celular, permitindo a fusão das suas membranas e consequente entrada do capsídeo viral.[46][47]

Depois do VIH se ligar à célula-alvo, injeta nela o seu ARN e as suas diversas enzimas, incluindo a transcriptase reversa, integrase, ribonuclease e protease.[46] O VIH pode infetar células dendríticas (CD) através do processo CD4-CCR5, embora possa também usar recetores de lectina tipo C.[49] As células dendríticas são uma das primeiras células que o vírus encontra durante a trensmissão por via sexual. Atualmente, pensa-se que as CD desempenhem um papel importante na transmissão do VIH para os linfócitos, durante o momento em que o vírus é capturado na mucosa.[49] Acredita-se que a presença da proteína FEZ-1, que ocorre naturalmente em neurónios, impeça que o VIH infecte as células.[50]

Replicação e transcrição

Pouco depois do capsídeo viral penetrar na célula, uma enzima denominada trenscriptase reversa liberta o genoma ARN de cadeia única das proteínas virais, e copia-o para uma molécula complementar de ADN.[51] O processo de transcrição reversa é extremamente predisposto a erros e as mutações daí resultantes podem provocar resistência aos anti-virais ou permitir ao vírus evadir o sistema imunitário. A transcriptase reversa tem também atividade de ribonuclease, que degrada o ARN viral durante a síntese de ADN complementar, assim como atividade de ADN polimerase ADN-dependente, capaz de criar ADN de sentido positivo a partir do ADN complementar de sentido negativo.[52] Juntos, o ADN complementar e o seu complemento forma um ADN viral de cadeia dupla que é assim transportado para o núcleo celular. A integração do ADN viral com o genoma das células anfitriãs é realizada por outra enzima viral, denominada integrase.[51]

Transcrição reversa do genoma do VIH em ADN de fita dupla

O ADN viral, agora integrado na célula, pode permanecer dormente durante a fase latente da infeção.[51] De forma ao vírus poder ser produzido de forma ativa, têm que estar presentes determinados fatores de transcrição, o mais importante dos quais o NF-κB (factor nuclear kappa B), que é depois supra-regulado quando os linfócitos T são ativados.[53]

Durante a replicação viral, o AND proviral integrado é transcrito para ARNm, que é depois reorganizado através de splicing em partes mais pequenas. Estas partes são exportadas do núcleo para o citoplasma, onde são transcritas para as proteínas reguladoras Tat (que incentiva a produção de novos vírus) e Rev. À medida que as proteínas Rev recém-formadas se acumulam no núcleo, vão-se ligando ao ARNm viral e permitem ao ARN que ainda não sofreu splicing abandonar o núcleo, onde de outra forma são retidos até sofrerem splicing.[54]

Recombinação

Em cada partícula de VIH-1 estão encapsidados dois genomas ARN. Durante a infeção e replicação catalisadas pela transcriptase reversa, pode ocorrer recombinação entre estes dois genomas.[55][56] A recombinação ocorre quando os genomas ARN+ de cadeia única são transcritos reversamente para formar ADN. Durante a trenscrição reversa o novo ADN pode alternar diversas vezes entre as duas cópias do ARN viral. Esta forma de recombinação é denominada cópia-escolha. Os processos de recombinação podem ocorrer ao longo de todo o genoma, e entre 2 e 20 eventos por genoma em cada ciclo de replicação. Estes eventos podem alterar rapidamente a informação genética que é transmitida dos genomas progenitores para os descendentes.[56]

A recombinação viral produz variação genética que é provável que contribua para a evolução da resistência à terapia antiviral.[57] A recombinação pode também contribuir, em princípio, para vencer as defesas imunitárias do hospedeiro. No entanto, para que as vantagens adaptativas da variação genética ocorram, os dois genomas virais contidos em cada uma das partículas de vírus devem ter origem em diferentes vírus progenitores e de constituição genética distinta. Não se sabe ainda com que frequência este fenómeno ocorre em condições naturais.[58]

Um estudo sugeriu que a alternância do modelo por parte da transcriptase reversa atua como processo de reparação das quebras no genoma ssARN.[59] Outro estudo sugeriu que a recombinação é uma adaptação tendo em vista a reparação de danos nos genomas ARN.[55] A variação na troca de fita pela transcriptase reversa poderia gerar uma cópia não danificada de ADN genómico a partir de duas cópias danificadas de genoma ssARN. Este ponto de vista dos benefícios da recombinação no VIH poderia explicar porque é que cada partícula de VIH contém dois genomas completos, em vez de apenas um. Além disso, no ponto de vista que sustenta que a recombinação no VIH é um processo de reparação está implícito que esse benefício possa ocorrer a cada ciclo de replicação, e que o benefício possa ser conseguido quer os genomas sejam ou não diferentes em termos genéticos.[59]

A infeção por VIH-1 provoca um processo inflamatório contínuo e a produção de espécies reativas de oxigénio.[60] Assim, o genoma do VIH pode ser vulnerável a danos de oxidação, incluindo quebras no ARN de fita única. No caso do VIH, e para todos os vírus de forma genérica, a infeção bem sucedida está dependente de superar as estratégias defensivas do hospedeiro, que normalmente incluem a produção de oxigénio reativo capaz de destruir genoma. Um estudo sugeriu que a recombinação por parte dos vírus é uma adaptação com o objetivo de reparar os danos no genoma, e que a variação na recombinação é um subproduto que pode trazer benefícios acrescidos.[61]

Montagem e lançamento

Montagem do VIH na superfície de um macrófago infetado.

O último passo do ciclo viral, a montagem dos viriões do novo VIH-1, tem início na membrana de plasma da célula anfitriã. A poliproteína Env (gp160) atravessa o retículo endoplasmático e é transportada para o complexo de Golgi, onde é dividida pela furina, dando origem às duas glicoproteínas do envelope do VIH, gp41 e gp120.[62] Estas proteínas são transportadas para a membrana plasmática da célula anfitriã, na qual a gp41 fixa a gp120 à membrana da célula infetada. As poliproteínas Gag (p55) e Gag-Pol (p160) também interagem com a superfície interior da membrana plasmática, em conjunto com o ARN genómico do VIH, à medida que o virião em formação começa a despontar da célula anfitriã. Este novo virião encontra-se ainda imaturo, uma vez que as poliproteínas Gag precisam ainda de ser separadas em proteínas de matriz, capsídeo e nucleocapsídeo.Esta divisão é mediada pela protease viral e pode ser inibida por fármacos antirretrovirais da classe dos inibidores da protease. Finalmente, os vários componentes são montados de modo a produzir um virião de VIH amadurecido, que são os únicos capazs de infetar outras células.[63]

Latência e reservatórios de HIV

O vírus HIV se replica em linfócitos T CD4+ ativos, porque estes expressam fatores necessários para transcrição reversa, integração e expressão do DNA viral. Como exemplo de um fator que interfere na expressão do DNA viral está o fator de transcrição pró-inflamatório NF-κB, cuja expressão é induzida após ativação de linfócitos T CD4+; tal fator tem um papel importante no início da transcrição da sequência de DNA viral e expressão das proteínas virais primárias.[64]

Os dois primeiros processos não ocorrem nos linfócitos T CD4+ em repouso (que não foram ativados pela apresentação de um antígeno específico) infectados, caracterizando a latência pré-integração. Esse DNA viral extracromossomal (que não está integrado) permanece viável por semanas após a infecção, constituindo um reservatório por certo intervalo de tempo, uma vez que, se tais células forem ativadas subsequentemente à infecção, o DNA viral se integrará e poderá gerar novos vírus.[65]

Quando ocorre a ativação dos linfócitos T CD4+, que podem já estar infectados com o vírus ou serem infectados posteriormente à sua ativação, há estimulo para a proliferação celular e, assim, é possível que ocorra a integração do DNA viral e replicação do HIV; porém este estado é transitório e, após um tempo, os linfócitos voltam à fase de repouso como células de memória. Com isso, proteínas virais deixam de ser expressas e o vírus entra no estado de latência pós-integração: deixa de se replicar, mas seu DNA continua integrado, formando o reservatório de HIV. Caso essas células voltem a ser ativadas, ocorrerá a reativação da replicação do HIV e da sua infecção.[65]

Nos macrófagos, que também são células que não estão em divisão e são o segundo alvo principal do vírus, não ocorre o bloqueio da síntese e integração do provírus, sendo assim, estes não abrigam o HIV em latência pré-integração, mas podem abrigá-lo em latência pós-integração, na qual mesmo com o provírus não há formação de novas partículas virais.[65]

Variabilidade genética

Árvore filogenética do VIH e VIS.

O VIH difere de grande parte dos vírus na medida em que possui uma imensa variabilidade genética. Esta diversidade é resultado do seu rápido ciclo de replicação, capaz de gerar 1010 viriões por dia; de uma elevada taxa de mutação, de cerca de 3 x 10−5 por nucleobase por ciclo de replicação; e das propriedades recombinativas da transcriptase reversa.[66][67][68]

Este esquema complexo leva a que sejam produzidas diversas variantes de VIH por dia num paciente infetado com VIH.[66] Esta variabilidade é agravada quando uma célula é simultaneamente infetada por duas ou mais estirpes de VIH. Quando ocorre infeção em simultâneo, o genoma dos viriões progenitores pode ser constituído por fitas de ARN de duas estirpes diferentes. Este virião híbrido infeta depois uma nova célula, onde se replicará. Enquanto isto acontece, a transcriptase reversa, ao alternar entre dois padrões diferentes de ARN, vai gerar uma nova sequência de ADN retroviral que é uma recombinação entre os dois genomas progenitores.[66] Esta recombinação é mais óbvia quando ocorrer entre subtipos.[66]

O vírus da imunodeficiência símia (VIS) evoluiu para diversas estirpes, classificadas em função da espécie do hospedeiro natural. Pensa-se que as estirpes de VIS dos géneros Chlorocebus (VISagm) e Cercocebus atys (VISsmm) tenham tido uma longa história evolutiva em paralelo com os seus hospedeiros. Estes hospedeiros adaptaram-se à presença do vírus,[69] que está presente em grande quantidade no seu sangue mas espoleta apenas uma resposta imune moderada,[70] não provoca o aparecimento da SIDA símia,[71] e nem sofre as amplas mutações e recombinações típicas da infeção do VIH em seres humanos.[72]

Em contraste, quando estas estirpes infetam espécies que não estão adaptadas ao VIS, os animais desenvolvem SIDA e o vírus gera diversidade genética semelhante à que é observada na infeção humana com o VIH..[73] O SIV em chimpanzés (VIScpz), o parente genético mais próximo do VIH-1, está associado a maior mortalidade e sintomas semelhantes à SIDA no seu hospedeiro natural.[74] O VIScpz aparenta ter sido transmitido aos chimpanzés e à população humana há relativamente pouco tempo, pelo que os seus hospedeiros não estão ainda adaptados ao vírus.[69] Este vírus também perdeu a função do gene Nef que está presente na maior parte dos VIS; sem esta função, é mais provável que ocorra a diminuição dos linfócitos T, levando à imunodeficiência.[74]

Foram identificados três grupos de VIH-1 com base nas diferenças entre a região do envelope (env): M, N e O.[75] O grupo M é o mais prevalente e é subdividido em oito subtipos (ou clados) com base no genoma completo, que são distintos em termos geográficos.[76] Os mais prevalentes são os subtipos B (encontrados principalmente na Europa e América do Norte), A e D (encontrados principalmente em África), e C (encontrado principalmente em África e na Ásia). Estes subtipos formam ramos na árvore filogénica que representam a linhagem do grupo M do VIH-1. A co-infeção com diferentes subtipos suscita formas recombinantes circulantes (FRC ou, em inglês, CRF). Em 2000, o último ano em que foi feita uma análise da prevalência à escala global dos subtipos, 47,2% das infeções eram do subtipo C, 26,7% eram do subtipo A/CRF02_AG, 12,3% eram do subtipo B, 5,3% do subtipo D, 3,2% eram CRF_AE, e os restantes 5,3% eram constituídos por outros subtipos e formas recombinantes.[77] Grande parte da investigação relativa ao VIH-1 está focada no subtipo B e poucos laboratórios se focam nos restantes subtipos.[78] Tem sido colocada a hipótese de um outro grupo "P", com base num vírus isolado em 2009. A estirpe aparenta ser derivada do VIS do gorila (VISgor), isolada pela primeira vez em 2006.[79]

Diagnóstico

Ver artigo principal: Exame de HIV
Gráfico da relação entre as cópias do HIV (carga viral) e a contagem de CD4 ao longo do curso médio de uma infeção não tratada de VIH. Predefinição:Legend-line Predefinição:Legend-line

Muitos seropositivos desconhecem que estão infetados com o vírus. Por exemplo, em 2001, menos de 1% da população urbana sexualmente ativa em África tinha sido testada, sendo esta percentagem ainda menor entre a população rural. No mesmo ano, só 0,5% das mulheres grávidas que tiveram uma consulta em áreas urbanas foram aconselhadas, examinadas ou receberam os resultados dos testes e, igualmente, esta percentagem é inferior em áreas rurais.[80] Uma vez que os dadores de sangue podem não estar conscientes da sua infeção, o sangue doado é sistematicamente examinado em relação à presença de VIH.[81]

O teste de VIH-1 é inicialmente feito através de um exame ELISA, que deteta a presença de anticorpos do VIH-1. Indivíduos com resultado não reativo ao primeiro exame são considerados seronegativos, até que se verifique nova exposição a um parceiro infetado. Indivíduos com resultado positivo são novamente testados.[82] Se o resultado de ambos os testes é reativo, o indivíduo é classificado como duplamente reativo e submetido e exames de confirmação com testes complementares mais específicos (por exemplo, western blot ou, menos comum, imunofluorescência. Apenas os indivíduos que são duplamente reativos pelo ELISA e positivos por imunofluorescência ou reativos pelo western blot é que são considerados seropositivos e indicadores da presença de uma infeção com o VIH. Alguns indivíduos que são duplamente reativos ao ELISA, ocasionalmente têm resultados indeterminados com western blot, o que pode significar tanto uma resposta incompleta dos anticorpos ao VIH numa pessoa infetada, como reações não-específicas numa pessoa não infetada.[83] Embora a imunofluorescência possa ser usada para confirmar a infeção nestes casos ambíguos, este ensaio não é amplamente usado. Regra geral, deve ser colhida uma segunda amostra mais de um mês depois da primeira, e novamente testadas as pessoas com resultados indeterminados de western blot. Embora seja muito menos comum, o exame com ácido nucleico pode auxiliar o diagnóstico em determinadas situações.[82]

Os exames de VIH modernos são extremamente precisos. Um único exame apresenta resultados corretos em mais de 99% dos casos.[84] Estima-se que a probabilidade da ocorrência de um resultado falso positivo no exame protocolar seja de apenas 1 em 250 000, numa população de baixo risco.[84] É recomendado que, após uma exposição ao VIH, os exames sejam feitos de imediato, a seis semanas, a três meses e a seis meses.[85]

Em 2017, dois pesquisadores da Stanford criaram a centrífuga de papel que pode revolucionar como infecções como malária e HIV são detectadas nos países em desenvolvimento[86].

Epidemiologia

Prevalência estimada do VIH entre jovens adultos (15-49) por país em 2011:
  >15%
  5-15%
  2-5%
  1-2%
  0,5-1,0%
  0,1-0,5%
  <0,1%
  sem informação

A OMS e a UNAIDS estimam que a SIDA tenha sido responsável pela morte de mais de 25 milhões de pessoas desde que foi identificada em 1981, o que a torna numa das mais destrutivas pandemias na História desde que há registo. Apesar da melhoria no acesso a cuidados de saúde e a tratamentos antirretrovirais em muitas regiões do mundo, só em 2005 a SIDA provocou a morte estimada a 2,8 milhões de pessoas (entre 2,4 e 3,3 milhões), das quais mais de 570 000 eram crianças.[3]

Em 2007, estimava-se que viviam com o VIH entre 30,6 e 36,1 milhões de pessoas. Só nesse ano, estima-se que o vírus tenha sido o responsável direto pela morte de cerca de 2,1 milhões de pessoas, das quais 330 000 eram crianças, e que tenham ocorrido 2,5 milhões de novas infeções.[87]

A África subsariana é de longe a região mais afetada, na qual se estima que 21,6 a 27,4 milhões de pessoas vivam atualmente com o VIH. Dois milhões são crianças com idade inferior a quinze anos. Mais de 64% de todas as pessoas portadoras de VIH vivem na África subsariana, assim como mais de 75% de todas as mulheres portadoras do vírus. Em 2005 havia na região entre 10,6 e 13,6 milhões de órfãos em consequência da SIDA.[3] A África do Sul tem o maior número de casos de VIH no mundo, seguida pela Nigéria.[88] Nos 35 países com a maior prevalência de VIH, a esperança média de vida é de 48,3 anos, ou 6,5 anos a menos do que seria espectável sem a doença.[89]

A introdução da terapêutica HAART reduziu de forma substancial a mortalidade relacionada com o VIH nas áreas onde exista o acesso generalizado a cuidados de saúde. No entanto, à medida que aumentou a esperança de vida de portadores de VIH em países desenvolvidos, aumentaram também a probabilidade de disseminação da doença e, de forma substancial, o número de portadores vivos.[90]

Transmissão

Risco estimado de aquisição de VIH
por ato e por via de exposição[91]
Via de exposição Infeções estimadas
por cada 10 000 exposições
a um foco de infeção
Transfusão de sangue 9000[92]
Parto 2500[93]
Partilha de seringas em drogas intravenosas 67[94]
Perfuração percutânea com agulha 30[95]
Sexo anal recetivo* 50[96][97]
Sexo anal penetrativo* 6.5[96][97]
Sexo vaginal recetivo* 10[96][97][98]
Sexo vaginal penetrativo* 5[96][97]
Sexo oral recetivo 1[97]
Sexo oral penetrativo 0,5[97]
* assumindo que não é usado preservativo
§a fonte refere-se a sexo oral praticado no homem
estimativa

Estão identificadas três principais vias de transmissão do VIH: através de relações sexuais desprotegidas; por contacto sanguíneo, sobretudo através de feridas expostas, partilha de seringas ou transfusão de sangue que não tenha sido rastreado; e de mãe para filho durante a gravidez, parto ou amamentação. A infeção por VIH não proporciona imunidade adquirida, pelo que é possível ser infetado diversas vezes com estirpes diferentes do vírus.

Sexual

A maioria das infeções por VIH é adquirida através de relações sexuais desprotegidas. A transmissão por via sexual pode ocorrer quando as secreções sexuais infetadas de um dos parceiros entram em contacto com as membranas muscosas genitais, orais ou anais do outro. Em países desenvolvidos, o risco de transmissão da mulher para o homem é de 0,04% por ato, enquanto o risco da transmissão do homem para a mulher é de 0,08% por ato. Por várias razões, este risco é entre 4 a 10 vezes superior em países em desenvolvimento.[99]

A utilização correta e consistente de preservativos de látex reduz o risco de transmissão do VIH por via sexual em cerca de 85%..[100] No entanto, a utilização de espermicida é capaz de aumentar a probabilidade de contágio.[101][102][103]

Uma meta-análise de 27 estudos observacionais realizados até 1999 na África subsariana indicou que a circuncisão masculina reduz o risco de infeção por VIH.[104] No entanto, uma revisão posterior indicou que a correlação entre a circuncisão e o VIH nestes estudos observacionais pode ter sido devido a factores de confusão.[105] Além disso, foram levantadas preocupações relativas ao potencial de disseminação do VIH que as lâminas não esterilizadas contituem durante a circunsição em rituais.[106] Foram posteriormente realizados outros ensaios, em África do Sul[107] no Quénia,[108] e no Uganda[109] nos quais homens não circuncisados eram aleatoriamente escolhidos para ser circuncisados em condições estéreis, e os resultados comparados contra um grupo não circuncisado, e que mostraram reduções na transmissão do VIH entre heterossexuais de 60%, 53% e 51%, respetivamente. Posteriormente, um painel de especialistas convocado pela OMS e pelo Secretariado da UNAIDS recomendou que a circuncisão masculina fosse reconhecida enquanto intervenção complementar na reduzir o risco de uma infeção de VIH adquirida por contacto sexual heterossexual.[110]

Sangue

Regra geral, há o risco de transmissão de VIH quando sangue infetado entra em contacto com qualquer ferida exposta. Esta via de transmissão é responsável por grande parte dos casos em toxicodependentes, hemofílicos e receptores de transfusões de sangue ou produtos derivados do sangue (embora nos países desenvolvidos as transfusões sejam despistadas para a presença de VIH). É também um motivo de preocupação em pessoas que recebam cuidados de saúde em regiões onde não sejam comuns as boas práticas de higiene no manuseio de equipamento de injeção, como a reutilização de agulhas em países sub-desenvolvidos. Indivíduos que realizem ou recebam tatuagem, piercings ou escarificações são também grupos de risco. Tem sido observado VIH em baixas concentrações em saliva, lágrimas e urina de indivíduos portadores; no entanto, não há qualquer caso registado de infeção através destas secreções e o risco potencial de transmissão é desprezível.[111] A transmissão de VIH através do mosquito não é possível.[112]

De mãe para filho

A transmissão do vírus de mãe para filho pode ocorrer durante a gravidez, no momento do parto ou através de amamentação. Na ausência de tratamento, a taxa de transmissão é de cerca de 25%. No entanto, caso estejam disponíveis tratamentos de combinação de antirretrovirais e a possibilidade de realizar uma cesariana, este risco pode ser reduzido para 1%.[93] A partilha da tarefa de amamentação entre mães deve ser evitada, já que é uma das causas de transmissão.[113]

Infeção múltipla e imunidade

Ao contrário de outros vírus, a infeção com VIH não proporciona imunidade contra novas infeções, sobretudo no caso de vírus geneticamente distantes. Têm sido relatados vários casos de infeções múltiplas inter- e intra-clado.[114] As múltiplas infeções têm sido ainda associadas a uma progressão mais rápida da doença.[115] As infeções múltiplas são divididas em duas categorias, dependendo do momento da aquisição da segunda estirpe. A "coinfeção" denomina duas estirpes que aparentam ter sido adquiridas em simultâneo, ou muito perto para se poder distinguir. A "reinfeção" ou "superinfeção" denomina a infeção com uma segunda estirpe num intervalo de tempo mensurável após a primeira. No caso do VIH, têm sido relatadas à escala global ambas as formas de infeção múltipla, tanto em infeções crónicas como agudas.[116][117][118][119]

Sinais e sintomas

Carga Viral

A carga viral é a quantidade de vírus presente em certa quantidade de sangue. A carga inicial do HIV pode chegar a 1 milhão de cópias do vírus por ml de sangue nas primeiras semanas de infecção, mas logo se reduz para cerca de 1.000/ml. A partir desse momento, o número de cópias do vírus começa a subir mais lentamente. Normalmente, os sintomas começam a aparecer quando a carga viral é maior que 100 mil/ml.

O risco do organismo depende da taxa de CD4+, que é considerado vulnerável quando está abaixo de 200 células/mm3 de sangue[120].

Infecção aguda inicial

Os sintomas da AIDS/SIDA.

Assim que se adquire o HIV, o sistema imunológico reage na tentativa de eliminar o vírus. Cerca de 15 a 60 dias depois, pode surgir um conjunto de sinais e sintomas semelhantes ao estado gripal, o que é conhecido como síndrome da soroconversão aguda.

A infecção aguda pelo HIV é uma síndrome inespecífica, que não é facilmente percebida devido à sua semelhança com a infecção por outros agentes virais como a mononucleose, gripe, até mesmo dengue ou muitas outras infecções virais. Mas os sintomas mais comuns da infecção aguda são:

Além disso, muitos desenvolvem linfadenopatia. Faringite, mialgia e muitos outros sintomas também ocorrem.[121]

Em geral esta fase é auto-limitada e não há sequelas. Por ser muito semelhante a outras viroses, dificilmente os pacientes procuram atendimento médico e raramente há suspeita da contaminação pelo HIV, a não ser que o paciente relate ocorrência de sexo desprotegido ou compartilhamento de seringas, por exemplo. Entretanto, na fase aguda inicial, mesmo sem tratamento adequado, os sintomas são temporários.

Progressão

Os pacientes poderão ficar assintomáticos por um período variável entre 3 e 20 anos e alguns nunca desenvolverão doença relacionada ao HIV. Este fato relaciona-se com a quantidade e qualidade dos receptores de superfície dos linfócitos e outras células do sistema imune. Tais receptores (os principais são o CD4, CCR5 e CXCR4) funcionam como fechaduras que permitem a entrada do vírus no interior das células: quanto maior a quantidade e afinidade dos receptores com o vírus,maior será a sua penetração nas células, maior a replicação viral e maior velocidade de progressão para doença.

Foi criada então uma classificação não muito rígida:

  • Rápido progressor (adoece em até 3 anos)
  • Médio progressor (adoece entre 4 e 7 anos)
  • Longo progressor (entre 8 e mais anos)

Estas características são determinadas por fatores genéticos e outros fatores desconhecidos. Não obstante, os hábitos e a qualidade de vida podem ser determinantes da velocidade de progressão da doença, tendo em conta o impacto de fatores como tabagismo, alcoolismo, toxicodependência, estresse, alimentação irregular e outros.

A velocidade de progressão está relacionada com a queda da contagem de linfócitos T CD4 no sangue (a contagem normal dos linfócitos varia de 1.000 a 2.500 células/ml de sangue) e com a contagem da carga viral do HIV (a contagem da carga viral é considerada alta acima de 100.000 cópias/ml de sangue. A escala para carga viral é habitualmente logarítmica. Com o tratamento adequado, a carga viral tende a ficar abaixo de 50 cópias/ml.

O HIV destrói os linfócitos CD4 gradativamente (em média a contagem declina 80-100 células/ml/ano). A contagem relaciona-se inversamente com a gravidade da doença. Para fins de tratamento com as drogas antirretrovirais consideram-se os seguintes parâmetros:

  • Abaixo de 200 células/ml: Muito vulnerável, tratar imediatamente;
  • Entre 200 e 350 células/ml: Vulnerável, deve ser iniciado o tratamento para evitar riscos;
  • Entre 350 e 500 células/ml: Pouco vulnerável, pode começar a critério médico;
  • Acima de 500: Saudável, não precisa começar o tratamento.

Porém todos os pacientes com doença oportunista relacionada ao HIV devem ser tratados mesmo com CD4 alto.

Doenças oportunistas

Os sinais e sintomas das doenças relacionadas ao HIV são extremamente variáveis. Uma característica importante é a contagem de linfócitos T CD4. As doenças oportunistas mais comuns que podem sinalizar a contaminação por HIV são:

Geralmente apenas pessoas que desconhecem que estão com o vírus adoecem e só descobrem que estão contaminadas por causa das coinfecções. Tomar os antirretrovirais retorna a imunidade a níveis saudáveis, prevenindo essas e outras doenças. Quando uma dessas doenças é diagnosticadas alguns médicos recomendam que sejam feitos testes para verificar a presença do HIV.[122] Apesar de correlacionadas ao HIV, é importante lembrar que é possível que essas doenças estejam presentes mesmo sem o vírus do HIV, geralmente relacionado a outro fator que leve a uma queda grave da imunidade.

Prevenção

Com o surgimento das Terapias Antirretrovirais (TAR), foram desenvolvidas estratégias de prevenção primária (antes da infecção), secundária (após a doença) e terciária (após agravamento). Entretanto a epidemia continua a contaminar anualmente 2,7 milhões de pessoas, segundo dados da OMS de 2008.[5]

Em 2006, o médico da OMS Brian G. William defendeu a circuncisão masculina na África como método eficaz de prevenção (60% de eficácia).[123] O mesmo médico em fevereiro de 2010 defendeu em San Diego o uso de antirretrovirais com baixos efeitos colaterais por pessoas sem o vírus como meio de frear a epidemia.[6]

Segundo a Organização Não-Governamental sem fins lucrativos IAVI (International AIDS vaccine iniciative) o HIV infecta quase 7.400 pessoas por dia e uma vacina com 50% de eficácia distribuída para 30% da população mundial poderia proteger 5.6 milhões de indivíduos. Em conjunto com 40 laboratórios, o grupo trabalha na vacina desde 1996. Até agora nenhuma vacina teve mais de 33% de eficácia [7].

Em um estudo recente que incluiu o Brasil, o uso de um comprimido de antirretroviral (tenofovir) por homens saudáveis preveniu 44% de novas infecções, chegando a 72% nos pacientes que tomaram o remédio em mais de 90% dos dias.[124]

Mães soropositivas que tomem o antirretroviral durante a gravidez tem apenas de 1 a 2% de chance de transmitir o HIV ao filho. Muitas grávidas ainda tem medo de fazer o teste e/ou se recusam por não se identificarem como possíveis portadoras mesmo sem saber a sorologia do parceiro. Por isso, campanhas de conscientização estão sendo feitas em vários hospitais públicos no Brasil desde 2000.[125]

Após situação de risco

Caso um dos parceiros seja diagnosticado como HIV positivo e o outro como HIV negativo, é possível, a critério médico, prescrever os antirretrovirais para o parceiro soronegativo também, para prevenir a infecção.[126]

De forma semelhante, em vários países inclusive no Brasil, é possível solicitar antirretrovirais gratuitamente a um médico até 72h após uma situação de risco (como sexo anal sem camisinha). Esse tratamento preventivo dura aproximadamente um mês e é eficaz na prevenção de HIV em mais de 80% dos casos. É uma opção do médico prescrever ou não, mas o paciente pode procurar outros médicos em caso de recusa. Em uma pesquisa em uma parada gay nos Estados Unidos 7% dos entrevistados já tomaram antirretrovirais preventivamente. (Mais informações no site da sociedade brasileira de infectologia [8])

O genoma viral

O HIV tem muitos genes que codificam proteínas estruturais.

  • Genes retrovírus gerais
    • gag. proteínas derivadas do gag sintetizam o capsídeo viral em forma de cone (p24, i.e. proteína de 24 Quilo[[dáltons, CA) a proteína do núcleocapsídeo (p17, NC) e um proteína da matriz (MA).
    • pol. O gene pol codifica as proteínas enzimaticamente ativas do vírus. A mais importante é a chamada transcriptase reversa (RT) que realiza a única transcrição reversa do RNA viral em uma cadeia dupla de DNA. O último é integrado ao genoma do hospedeiro, ou seja, em um cromossomo de uma célula infectada de uma pessoa HIV-positiva pela integrase (IN) pol-codificadora. Além disso, a pol codifica uma protease viral específica (PR). Essa enzima cliva o gag e as proteínas derivadas de gag e pol em pedaços funcionais.
    • env. env, abreviação para "envelope". As proteínas derivadas de env são uma membrana de superfície (gp120) e uma proteína transmembrana (gp41). Elas estão localizadas na parte externa da partícula viral, formando um envelope viral o qual permite que o vírus se anexe e incorpore às células-alvo para então iniciar o ciclo infeccioso. A gp possui uma estrutura semelhante a uma maçaneta.
Estrutura genômica do HIV-1. As moléculas de RNA que codificam os genes virais possuem cerca de 10 Kb. Em evidência estão os três principais loci gênicos dos retrovírus: gag, pol e env.
  • Genes específicos do HIV
    • tat. Um porção da estrutura do RNA do HIV é uma estrutura como um grampo de cabelo que inicialmente impede que uma transcrição completa ocorra. Parte do RNA é transcrita (ie. antes da parte do grampo) e codifica a proteína tat. A tat liga-se à CdK9/CycT e a fosforila, ajudando a alterar sua forma e a eliminar o efeito da estrutura de grampo do RNA. Isso por si só aumenta a taxa de transcrição, fornecendo um ciclo de retroalimentação positiva. Isto permite que o HIV tenha uma resposta explosiva, uma vez que uma grande quantidade de tat é produzida.
    • rev. A rev permite que fragmentos do mRNA do HIV que contém uma unidade de resposta a rev (RRE) sejam exportados do núcleo ao citoplasma. Na ausência da rev, a maquinaria de splicing do RNA no núcleo rapidamente cliva o RNA. Na presença da rev, o RNA é exportado do núcleo antes de ser clivado, num mecanismo de retroalimentação positiva.

Tratamento

A zidovudina (AZT) é um inibidor de transcriptase reversa, foi o primeiro tratamento altamente eficaz contra o HIV.

Não existe atualmente qualquer vacina ou cura para o VIH/SIDA. O único método de prevenção recomendado é evitar a exposição ao vírus. No entanto, acredita-se que um tratamento antirretrovírico denominado profilaxia pós-exposição (PPE) reduza o risco de infeção caso seja iniciado imediatamente após a exposição.[127] O tratamento atual para a infeção com VIH consiste numa terapêutica antirretrovírica de alta eficácia (em inglês, HAART), introduzida em 1996.[90][128] As opções terapêuticas atuais são compostas por três fármacos, pertencentes a pelo menos duas classes de agentes antirretrovirais. Regra geral, estas classes são dois nucleósidos inibidores da transcriptase reversa (NITR), associados a um não nucleósido inibidor da transcriptase reversa (NNITR) inibidor da protease (IP).[129] Uma vez que a progressão em crianças é mais rápida e menos previsível do que em adultos, são recomendados tratamentos mais agressivos.[130] Em países desenvolvidos nos quais esteja disponível a terapêutica HAART, o médico faz a avaliação completa do paciente, medindo a carga viral, a velocidade de declínio do CD4 e a capacidade de resposta do paciente, usando estes dados para decidir quando recomendar o início do tratamento.[131]

A terapêutica HAART permite a estabilização dos sintomas e da viremia, mas não cura o paciente nem alivia os sintomas. Uma vez interrompido o tratamento, os VIH-1 regressa aos níveis elevados anteriores.[132][133] Além disso, seria necessário um prazo superior a toda uma vida para eliminar a infeção recorrendo apenas à terapêutica HAART.[134] Apesar disso, muitos indivíduos infetados apresentam uma melhoria significativa em termos de saúde e qualidade de vida, o que tem proporcionado uma redução significativa da morbosidade e mortalidade associadas ao VIH em países desenvolvidos.[90][135][136] A esperança média de vida de um indivíduo infetado por HIV é de 32 anos a partir da data de infeção, caso o tratamento seja iniciado quando a contagem de CD4 for 350/µL.[137] Na ausência de terapêutica HAART, o tempo mediano para que uma infeção por VIH faça a progressão para SIDA é de cerca de nova a dez anos, enquanto que a estimativa mediana de sobrevivência depois de instalada a SIDA é de apenas 9,2 meses.[13] No entanto, a terapêutica HAART por vezes não atinge resultados satisfatórios, sendo em algumas circunstâncias ineficaz em mais de metade dos casos. Isto deve-se a várias razões, entra as quais intolerância ou efeitos secundários da medicação, terapêuticas antirretrovirais anteriores ineficazes, ou infeção com uma estirpe resistente de VIH. No entanto, a não adesão ou desistência por parte do paciente ao longo de uma terapia antirretroviral são a principal causa de insucesso da terapia HAART.[138] São várias as razões para a não adesão ou desistência da terapêutica HAART. A não adesão é motivada sobretudo pelo acesso deficiente a cuidados de saúde, apoios sociais inadequados, a presença de doenças psiquiátricas ou a toxicodependência. A desistência é motivada pela complexidade dos regimes HAART, em particular do número de comprimidos, da frequência das doses, da restrição alimentar ou ainda por outros motivos a par de efeitos secundários.[139][140][141] Os efeitos secundários incluem lipodistrofia, dislipidemia, resistência à insulina, aumento de riscos cardiovasculares e doenças congénitas.[142][143]

O momento preciso para iniciar o tratamento é ainda objeto de debate. É indiscutível que o tratamento deva ser iniciado antes da contagem de CD4 do paciente ser inferior a 200. A maior parte das recomendações nacionais indica que o tratamento deva ser iniciado mal a contagem seja inferior a 350, embora evidências de alguns estudos apontem para que seja iniciado ainda antes de ultrapassar os 350.[144][145] Em países onde não estão disponíveis métodos para contagem de CD4, o tratamento deve ser iniciado em pacientes nos estágios III e IV, conforme definido pela OMS.[146] Os fármacos antirretrovirais são dispendiosos, pelo que a maioria da população infetada a nível mundial não tem acesso ao tratamento de VIH/SIDA.[147] A investigação para melhorar os tratamentos atuais contempla a diminuição dos efeitos secundários, a simplificação dos regimes para diminuir a desistência, e a determinação da melhor sequência de regimes de modo a gerir a resistência aos fármacos. No entanto, pensa-se que apenas a vacinação será capaz de travar a pandemia global, já que se trata da única solução de baixo custo e que não requer tratamentos diários, sendo assim capaz de ser financeiramente sustentável em países em desenvolvimento.[147] No entanto, após mais de vinte anos de investigação, o VIH-1 continua a ser um candidato difícil para uma vacina.[147] Apesar disso, pensa-se que uma região da sua superfície constitua um potencial alvo para a criação uma vacina.[148]

HIV e Saúde mental

Pacientes com transtornos psicológicos são mais vulneráveis a serem infectados com HIV.[149] Portadores de HIV tem altos índices de depressão maior, alcoolismo e tendência ao suicídio.[150] Em outro estudo também identificaram correlação com transtornos de ansiedade, transtornos sexuais e abuso de substâncias.[151]

Um antirretroviral ITRNN muito usado no mundo, o Efavirenz, também tem como possível efeito colateral transtornos neuropsiquiátricos crônicos, principalmente na forma de transtornos de ansiedade e de sono.[152]

A revelação do diagnóstico de HIV positivo é considerado um evento muito estressante e com impacto em várias áreas da vida do portador, de modo semelhante a outras doenças que ameaçam a vida.[153] A maioria dos portadores reagiu ao diagnóstico como um evento traumatizante, porém conseguiram lidar com a situação sem muitos problemas psicossociais. Os portadores que desenvolveram transtornos psicológicos beneficiaram de psicoterapia de longo prazo, principalmente da terapia interpessoal em conjunto com remédios psiquiátricos.[154] A Terapia cognitivo-comportamental também demonstrou ser uma intervenção benéfica e aumentar a adesão ao tratamento.[155]

Mesmo com o desenvolvimento da terapia antirretroviral altamente eficaz (HAART) a não-adesão ao tratamento ainda é frequente. É recomendado que os profissionais de saúde trabalhem em equipe, desenvolvendo programas específicos para lidar com essa demanda e dediquem mais tempo e atenção aos pacientes com dificuldade de adesão para evitar o desenvolvimento de AIDS e doenças oportunistas nesses pacientes.[156]

Imunidade

Após a infecção inicial, o sistema imunológico inicia uma série de reações para tentar conter a multiplicação do vírus no corpo. Elas incluem a produção de anticorpos e o desenvolvimento de células capazes de identificar e eliminar outras células que foram infectadas pelo HIV, chamadas linfócitos T CD8+ citotóxicos. Infelizmente, a resposta imunológica não é capaz de controlar o vírus na grande maioria das pessoas que se infectam pelo vírus. O HIV passa, então, a destruir cada vez mais as células T CD4+. Quando as células T CD4+ estão em número muito baixo no sangue (em geral, quando ficam abaixo de 200 células por microlitro de sangue), o paciente fica mais predisposto a desenvolver doenças que se aproveitam de sua fragilidade imunológica, daí o nome de doenças oportunistas.

Cerca de 10% de todos os europeus carregam um polimorfismo do CCR5, um receptor de superfície celular que participa nas infecções por HIV-1 M-trófico. Segundo Grimaldi (2002), na população brasileira, cerca de 5,3% carregam essa mutação. O HIV-1 M-trófico usa os receptores CCR5 e CD4 para entrar nas células-alvo, diferentemente do HIV T-trófico que usa o CXCR4 com o CD4. Pessoas com essa mutação (uma deleção de 32 pares de bases) têm um risco muito baixo de infecção pelo HIV-1, já que o HIV M-trófico geralmente inicia a infecção. De fato, 1% de todos os europeus homozigotos para o polimorfismo podem ter uma proteção adicional (apesar de incompleta).

Investigação

Os cientistas acreditam que o desenvolvimento da edição do genoma humano usando CRISPR pode, eventualmente, resultar em uma nova abordagem para combater as infecções virais e tumores cancerosos, fazendo a edição de gene nas células T do sistema imunológico em laboratório antes de colocá-las de volta no paciente para protege-lo contra uma ampla gama de doenças, de diabetes ao HIV e cancer. Pesquisadores foram capazes de converter a proteína CXCR4 na superfície das células T, de modo que as células geneticamente modificadas não eram mais propensas a ataques pelo vírus HIV.[157].

Preconceito e discriminação de portadores

Talvez, os maiores problemas e dificuldades enfrentados pelos portadores do vírus são a rejeição e a exclusão social, decorrentes do preconceito existente contra soropositivos desde o início da epidemia. Muitos portadores não contam para sua família nem seus círculos de amizades, e muito menos para pessoas com as quais se relacionam ou pretendem se relacionar, temendo a rejeição e o abandono, sejam estes reais ou não.[158] Esta estigmatização se deve, em grande parte, tanto a tabus sexuais construídos sobre certos grupos (como, por exemplo, pessoas LGBT) e a uma falta de respeito pelos mesmos (o que geralmente leva a falhas na educação sexual e, consequentemente, ao início de uma vida sexual desregrada ou desprotegida em boa parte dos casos), como à veiculação do assunto pela mídia que, por muitas vezes, incentiva o temor ao assunto (e inclusive aos próprios portadores). Infelizmente, ainda há muito o que se fazer no tocante ao respeito dos direitos dos soropositivos, visto que as atuais campanhas contra AIDS ainda são falhas e não contemplam a inclusão social dos portadores do vírus.[159][160]

Mitos comuns a respeito do HIV

Desenvolvimento do HIV em uma célula imune humana infectada.
  • "AIDS e HIV são a mesma coisa" - O HIV é um vírus que pode levar ao desenvolvimento da AIDS, que ocorre quando o sistema imune fica comprometido pela ação do vírus. Alguns tipos de doenças oportunistas do HIV podem estar presentes em uma pessoa que possa ser diagnosticada como tendo AIDS. Uma pessoa pode estar infectada por anos sem ter desenvolvido a AIDS. Alguém que seja HIV positivo pode não ter AIDS.
  • "O HIV afeta apenas homossexuais e usuários de drogas" - O HIV pode afetar qualquer um. Bebês, mulheres (mesmo as monogâmicas e que se casaram virgens), idosos, adolescentes, e pessoas de qualquer etnia, classe social e país podem contrair o HIV. Alguns religiosos insistem em dizer que a AIDS é uma punição divina aos homossexuais ou a promiscuidade, porém se isso fosse verdade não deveriam haver contaminados pela mãe durante o nascimento, em transplantes de órgãos, por doação de sangue ou ferimentos.
  • "Homossexuais, prostitutas e usuários de drogas são os grupos de risco" - O termo grupos de risco é evitado atualmente por razões éticas, para não estigmatizar este ou aquele grupo, e também para que as pessoas fora do grupo de risco mantenham-se cautelosas. Prefere-se usar o termo comportamento de risco (como não usar preservativo, manter sexo com mais de um parceiro(a), compartilhar seringas). Apesar disso a ONU faz referência a uma maior vulnerabilidade à infecção pelo HIV por algumas populações como profissionais do sexo e seus clientes, população carcerária e homens que fazem sexo com homens.[161][162] Ainda segundo a ONU, em 2008, os jovens eram os mais vulneráveis já que representavam 45% do total de novas infecções.[163] No Brasil, entre os homens infectados 20,1% são homossexuais e 11,5% bissexuais, mas a maioria dos infectados são heterossexuais. Dentre os infectados, segundo dados do SUS de 2009, cerca de 37,5% eram mulheres.[164] O mesmo ocorre na maioria dos outros países.[162]
  • "Não há risco para duas pessoas já infectadas ao ter sexo sem proteção" - Há anos a reinfecção por HIV (ou superinfecção como é às vezes chamada) tem sido vista como a consequência de relações sexuais sem proteção entre pessoas infectadas pelo HIV. A reinfecção ocorre quando uma pessoa com HIV infecta-se pela segunda vez ao ter uma relação sexual sem proteção com outra pessoa que também tem o HIV. A reinfecção tem sido demonstrada em estudos laboratoriais, bem como em modelos animais. Por anos, as provas de que isso poderia acontecer em situações da vida real tem sido difíceis de serem obtidas, mas uma evidência recente tem emergido em estudos de casos humanos que confirmou que a reinfecção pelo HIV pode ocorrer e pode ser muito problemática para pessoas com o HIV.
  • "Pessoas acima dos 50 anos não contraem HIV" - Pessoas acima dos 50 anos podem contrair HIV. O número de pessoas acima dos 50 diagnosticadas com infecção pelo HIV está aumentando. Em geral, pessoas mais velhas tendem a desenvolver deficiência imunológica mais rápido que os adultos mais jovens.
  • "Uma mulher HIV positivo não pode dar à luz um bebê saudável" - o HIV é às vezes transmitido da mãe para o bebê no útero, mas nem sempre. O risco é pelo menos de 20 a 30% para a transmissão materno-fetal do HIV. O parto por cesárea e a ingestão de medicamentos antiretrovirais durante a gravidez pode reduzir as chances de a mãe passar a infecção para o bebê; Quando esses tratamentos estão disponíveis e a futura mãe é diagnosticada o mais cedo possível, apenas cerca de 2% das mães HIV-positivas que estão prestes a dar à luz, terão filhos infectados. As infecções podem ocorrer também através do leite materno sendo recomendado usar aleitamento artificial para evitar que isso ocorra. No Brasil o substituto de leite materno em pó está disponível gratuitamente em alguns hospitais da rede pública.
  • "Uma única pessoa identificada trouxe o HIV para a América do Norte" - Ver verbete Paciente Zero.
  • A expectativa de vida de um portador de HIV é de alguns anos - Sem tratamento a expectativa média é de 9 a 11 anos[165]. E caso só seja detectada quando o quadro de AIDS já está instalado e não for feito o tratamento adequado, a expectativa é de apenas 6 a 19 meses[166]. Mas com o avanço dos retrovirais a expectativa aumentou para 20-50 anos.[166] É possível que seja maior pois o HIV só começou a ser estudado mais intensamente por volta de 1985 e a terapia antirretroviral eficaz só chegou ao Brasil por volta de 1996. Como vários laboratórios do mundo estão procurando novos tratamentos é provável que a expectativa aumente cada vez mais e tenha cada vez menos efeitos colaterais[167].
  • Picada de mosquito transmite HIV? - Não há relatos conhecidos de infecção por mosquitos no mundo.[carece de fontes?]
  • Beijo transmite HIV - Existe um risco teórico, porém é quase nulo. Não há nenhum caso confirmado de infecção pelo beijo no mundo. Mesmo em pacientes com AIDS (carga viral média acima de 100.000) e com doenças na cavidade oral menos de 1/3 tinham vestígios do vírus na boca. Em um paciente seguindo o tratamento retro-viral corretamente (carga viral menor que 100) é tão improvável que em 2009 o ministério da saúde brasileiro começou uma campanha contra esse preconceito. Existem 10 substâncias na saliva que destroem o vírus.[168]
  • Quem tem HIV pegou fazendo sexo desprotegido - Provavelmente pela forte campanha de prevenção focalizada no uso da camisinha muita gente pense isso. Mas não necessariamente, até 1996, nem todo sangue ou órgão era examinado corretamente antes da transfusão. Além disso, até 2000 menos da metade das mães faziam todos os exames pré-natal indicados e tanto complicações durante a gestação, durante o parto ou no leite podem transmitir o HIV. Mesmo quem foi contaminado sexualmente pode ter sido vítima de estupro (a violência do ato aumenta o risco de transmissão) ou pode ter sido contaminado antes das campanhas de conscientização terem se popularizado nos anos 90.
  • Quem tem HIV é mais vulnerável a infecções oportunistas - Com o tratamento antirretroviral (TARV) é possível o portador ter uma vida perfeitamente saudável, sem qualquer sintomas nem efeitos colaterais e com um sistema imunológico normal. E a quantidade do vírus geralmente fica centenas de milhares de vezes menor que o de um paciente com AIDS. Caso o paciente tome os remédios corretamente ele não tem nenhuma restrição.
  • Depois de beber não se deve ingerir os medicamentos antirretrovirais - O álcool faz mal por diversos outros motivos, então é bom evitar para não desgastar o organismo e a saúde, porém ele não interage medicamentosamente com a maioria dos tratamentos antirretrovirais. Portanto mesmo após consumir álcool deve-se ingerir os medicamentos normalmente! Uma exceção é a interação com o efavirenz que tem seus possíveis efeitos colaterais como depressão, insonia e dor de cabeça potencializados pelo álcool.
  • Assim que a pessoa descobrir que é portador ela deve começar o tratamento - Apenas caso os sintomas da AIDS já tenham aparecido. Mas caso feitos antes dos sintomas podem demorar anos antes de começar o tratamento. O tratamento só começa quando a imunidade está seriamente comprometida. Existem alguns casos de pacientes que foram contaminados há mais de 12 anos e ainda não precisaram tomar o antirretroviral mas geralmente leva de 4 a 7 anos desde a infecção inicial.

Ver também

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Ligações externas