África subsariana
A África subsariana (português europeu) ou subsaariana (português brasileiro), antes chamada África negra,[1] corresponde à parte do continente africano situada ao sul do Deserto do Saara. É chamada subsaariana por estar ao sul (sub-) do Saara (saariana). É constituída de quarenta e oito países, cujas fronteiras resultaram da descolonização.
Com cerca de 9 milhões de quilômetros quadrados, o Deserto do Saara forma uma espécie de barreira natural que divide o continente africano em duas partes muito distintas quanto ao quadro humano e econômico. A norte do Saara, encontramos uma organização socioeconómica muito semelhante à do Oriente Médio, formando um mundo islamizado. Ao sul está a África subsariana, antigamente chamada 'África Negra', por europeus e árabes, em razão da predominância, nessa região, de povos de pele mais escura; porém, tal terminologia é considerada essencialmente ideológica.[2][3]
Diversidade étnica
[editar | editar código-fonte]A diversidade étnica desta região da África é patente nas diferentes formas de cultura, incluindo as línguas, a música, a arquitetura, a religião, a culinária e a indumentária dos diferentes povos do continente.
A maioria da população pertence a etnias anteriormente classificadas na "raça negra".
Línguas
[editar | editar código-fonte]A África é provavelmente a região do mundo onde a situação linguística é a mais diversificada (com mais de mil línguas) e a menos conhecida.[4] A classificação estabelecida por Joseph Harold Greenberg, um famoso linguista norte-americano, em 1955, distingue quatro grandes conjuntos:
- A família camito-semítica (dita também afro-asiática) ao norte, constituída pelo semítico (árabe, hebraico, amárico e outras), o berbere, o egípcio, o cuchítico e o chadiano (haúça);
- A família nilo-saariana que se estende sobre uma zona descontínua do Chade ao Sudão e ao Zaire, e compreende o songai, o maban, o koma, o fur e o nilo-chadiano, este dividido em sudanês central (sara, mangbetu) e sudanês oriental (línguas núbias);
- A família nígero-congolesa que ocupa a maior parte da África subsaariana, é dividida em seis grupos: o oeste-atlântico (peul, uolofe, diola), o mandé ou mandinga (bambara, malinquê, mende), o voltaico ou gur (mossi), o cuá (iorubá, iba, acã, jeje, kru), o grupo de Adamawa oriental e o grupo benuê-congolês, essencialmente constituído pelas línguas bantas, que ocupam todo o sul do continente. Para fazer face a essa diversidade linguística, foram desenvolvidas línguas de relação, faladas como segundas línguas nos conjuntos geográficos mais vastos: o árabe, a língua mais falada do continente; o suaíle (leste da África), primeira língua banta a utilizar a forma escrita; o lingala (oeste da República Democrática do Congo); o bambara (Mali, Guiné, Costa do Marfim); o haúça (norte da Nigéria) e outras. Finalmente, as línguas europeias herdadas da colonização (inglês, francês, português) são faladas pelas classes cultas e continuam a ser o alicerce linguístico de numerosos países.[4] Essa imensa diversidade cultural é, em parte, explicada pela preservação, até tempos recentes, de uma organização social tribal. A tribo é uma das mais antigas e elementares formas de organização social, sendo caracterizada pela presença de um território comunitário e pela unidade da língua e das tradições. Dessa maneira, cada tribo é um verdadeiro universo cultural, com suas particularidades bem definidas, que se mantêm enquanto não são expostas a culturas externas.
- A família línguas khoisan ao sul, constituída essencialmente pelas línguas de cliques dos bosquímanos.
População
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O continente africano tem hoje cerca de 889 milhões de habitantes, dos quais 500 milhões vivem na África subsariana. Essa população tem um crescimento populacional na ordem dos 2,5% ao ano.
Esse crescimento elevado da população tem criado duas preocupações muito sérias:[carece de fontes]
- a predominância de jovens na população determina a necessidade de elevados investimentos sociais em escolas, alimentação e tratamento médico;
- a pressão demográfica, aliada ao baixo nível técnico da produção agropecuária, à introdução de culturas de rendimento para exportação e à urbanização no século XX, tem gerado graves desequilíbrios económicos e sociais.
De forma geral, a população da África subsaariana apresenta os piores indicadores socioeconómicos do mundo. Enquanto nos países desenvolvidos a população morre, em média, com uma idade superior a 70 anos, nessa parte do mundo raramente a média ultrapassa os 45 anos. Essa expectativa média de vida tão baixa é explicada por inúmeros fatores, tais como a má nutrição, falta de assistência médica e ausência de saneamento básico nos meios rurais.
País | População[5] | Área (km2) | Alfabetização (M/F)[6] | PIB per capita[6] | Transparência [7] (classificação/escore) | Esperança de vida[6] | IDH | EODBR/SAB[8] | PFI [9](classificação/escore) |
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Angola | 30 355 880 | 1 246 700 | 82,9%/54,2% | 6000 | 168/2 | 42,4 | 0,486 | 172/171 | 132/58,43 |
Burundi | 11 844 520 | 27 830 | 67,3%/52,2% | 101 | 168/1,8 | 49 | 0,316 | 176/130 | 103/29,00 |
República Democrática do Congo | 85 281 024 | 2 345 410 | 80,9%/54.1% | 91 | 162/11,9 | 46,1 | 0,286 | 182/152 | 146/53,50 |
Camarões | 25 640 965 | 475 440 | 77%/59,8% | 687 | 146/2,2 | 50,3 | 0,482 | 171/174 | 109/30,50 |
República Centro-Africana | 5 745 062 | 622 984 | 64.8%/33,5% | 22 | 158/2,8 | 44,4 | 0,343 | 183/159 | 80/17,75 |
Chade | 15 833 116 | 1 284 000 | 40,8%/12,8% | 266 | 175/1,6 | 50,6 | 0,328 | 178/182 | 132/44,50 |
República do Congo | 5 062 021 | 342,000 | 90,5%/ 79.0% | 1 145 | 162/1,9 | 54,8 | 0,533 | N/A | 116/34,25 |
Guiné Equatorial | 797 457 | 28 051 | 93,4%/80,3% | 7 470 | 168/1,8 | 51,1 | 0,537 | 170/178 | 158/65,50 |
Gabão | 2 119 036 | 267 667 | 88,5%/79.7% | 4 263 | 106/2,9 | 56,7 | 0,674 | 158/152 | 129/43,50 |
Kenya | 48 397 527 | 582 650 | 77,7%/70,2% | 976 | 146/2,2 | 57,8 | 0,519 | 95/124 | 96/25,00 |
Nigéria | 203 452 505 | 923 768 | 84,4%/72,7%[10] | 6,204 | 136/27 | 57 | 0,504 | 131/120 | 112/34,24 |
Rwanda | 12 187 400 | 26 338 | 71,4%/59,8% | 263 | 89/3,3 | 46,8 | 0,429 | 67/11 | 157/64,67 |
São Tomé e Príncipe | 204,454 | 1 001 | 92,2%/77,9% | N/A | 111/2,8 | 65,2 | 0,.509 | 180/140 | NA |
Tanzânia | 55 451 343 | 945 087 | 77,5%/62,2% | 339 | 126/2,6 | 51,9 | 0,466 | 131/120 | NA/15,50 |
Uganda | 40 853 749 | 236 040 | 76,8%/57,7% | 274 | 130/2,5 | 50,7 | 0,446 | 112/129 | 86/21,50 |
Sudão | 43 120 843 | 1 886 068 | 79,6%/60,8% | 2 500[11] | 176/1,5 | 62,57[12] | 0,408 | 154/118 | 148/54,00 |
Sudão do Sul | 10 204 581 | 619 745 | |||||||
Djibouti | 884 017 | 23 000 | N/A | 817 | 111/2,8 | 54,5 | 0,430 | 163/177 | 110/31,00 |
Eritreia | 5 970 646 | 121 320 | N/A | 160 | 126/2,6 | 57,3 | 0,349 | 175/181 | 175/115,50 |
Etiópia | 108 386 391 | 1 127 127 | 50%/28,8% | 161 | 120/2 7 | 52 5 | 0 363 | 107/93 | 140/49,00 |
Somália | 11 259 029 | 637 657 | N/A | N/A | 180/1,1 | 47,7 | N/A | N/A | 164/77,50 |
Botswana | 2 249 104 | 600 370 | 80,4%/81,8% | 8 532 | 37/5,6 | 49,8 | 0,633 | 45/83 | 62/15,50 |
Comores | 821 164 | 2 170 | N/A | 382 | 143/2,3 | 63,2 | 0,433 | 162/168 | 82/19,00 |
Lesoto | 1 962 461 | 30 355 | 73,7%/90,3% | 528 | 89/3,3 | 42,9 | 0,450 | 130/131 | 99/27,50 |
Madagascar | 25 683 610 | 587 041 | 76,5%/65,3% | 238 | 99/3,0 | 59 | 0,480 | 134/12 | 134/45,83 |
Malawi | 19 842 560 | 118 480 | N/A | 145 | 89/3,3 | 47,6 | 0,400 | 132/128 | 62/15,50 |
Maurícia | 1 364 283 | 2 040 | 88,2%/80,5% | 4 522 | 42/5,4 | 73,2 | 0,728 | 17/10 | 51/14,00 |
Moçambique | 27 233 789 | 801 590 | N/A | 330 | 130/2,5 | 42,5 | 0,322 | 135/96 | 82/19,00 |
Namíbia | 2 533 224 | 825 418 | 86,8%/83,6% | 2166 | 56/4,5 | 52,5 | 0,625 | 66/123 | 35/9,00 |
Seychelles | 94 633 | 455 | 91,4%/92,3% | 7 005 | 54/4,8 | 72,2 | 0,773 | 111/81 | 72/16,00 |
África do Sul | 55 380 210 | 1 219 912 | N/A | 3,562 | 55/4,7 | 50,7 | 0,619 | 34/67 | 33/8,50 |
Suazilândia | 1 087 200 | 17 363 | 80,9%/78 3% | 1 297 | 79/3,6 | 40 8 | 0,522 | 115/158 | 144/52,50 |
Zâmbia | 16 445 079 | 752 614 | N/A | 371 | 99/3,0 | 41,7 | 0,430 | 90/94 | 97/26,75 |
Zimbabwe | 14 030 368 | 390 580 | 92,7%/86,2% | N/A | 146/2,2 | 42,7 | 0,376 | 159/155 | 136/46,50 |
Benim | 11 340 504 | 112 620 | 47,9%/42,3% | 323 | 106/2,9 | 56,2 | 0,427 | 172/155 | 97/26,75 |
Mali | 18 429 893 | 1 240 000 | 32,7%/15,9% | 290 | 111/2,8 | 53,8 | 0,359 | 156/139 | 38/8,00 |
Burkina Faso | 19 742 715 | 274 200 | 25,3% | 1 360 | 79/3,6 | 51 | 0,331 | 150/116 | N/A |
Cabo Verde | 568 373 | 322 462 | |||||||
Costa do Marfim | 26 260 582 | 322 463 | |||||||
Gâmbia | 2 092 731 | 11 295 | |||||||
Gana | 28 102 471 | 238 535 | |||||||
Guiné | 11 855 411 | 245 857 | |||||||
Guiné-Bissau | 1 833 247 | 36 125 | |||||||
Libéria | 4 809 768 | 111 369 | |||||||
Mauritânia | 3 840 429 | 1 030 700 | |||||||
Níger | 19 866 231 | 1 267 000 | |||||||
Senegal | 15 020 945 | 196 712 | |||||||
Serra Leoa | 6 312 212 | 71 740 | |||||||
Togo | 8 176 449 | 56 785 |
NOTAS:
- PIB per capita: dados de 2006 (em USD)
- Esperança de vida: Esperança de vida ao nascer (dados de 2006)
- Alfabetização (homens/mulheres): dados de 2006
- Transparência: Percepção de corrupção (dados de 2009)
- IDH: Índice de Desenvolvimento Humano
- EODBR: Facilidade para negócios, entre junho de 2008 e maio de 2009. SAB Começando um negócio, entre junho de 2008 e maio de 2009, PFI: Índice de Liberdade de Imprensa, 2009
História
[editar | editar código-fonte]A teoria mais aceita entre os antropólogos e arqueólogos diz que "a África é o berço da humanidade". Na Antiguidade, a Núbia e a Abissínia foram as primeiras regiões a receber influências externas, principalmente a partir do III milênio a.C.. O território a oeste do Chade permaneceu mal conhecido, e passou lentamente do Neolítico à Idade do Ferro. Existiram grandes impérios: Gana, Mali, Songai, Canem. A partir do século VIII, os Estados sudaneses sofreram a influência dos muçulmanos e tornaram-se fortemente islamizados. O Império do Gana, entre o Senegal e o Níger, desenvolveu-se a partir do século IX e foi destruído em 1076-1077 pelos almorávidas. Seu território controlado no início do século XIII pelo Reino de Sosso, passou em 1240 à dominação do Império do Mali, que, herdeiro de sua riqueza, se estendeu por uma zona bastante extensa no Sudão Ocidental. Esse império entrou em lento declínio a partir do século XV e foi perdendo terreno para o Império Songai, que cresceu às suas custas a partir de então. O golpe final que desencadeou a extinção do Império do Mali foi dado pelo Reino de Segu, por volta de 1670.
O islamismo, introduzido pelos almorávidas, durante muito tempo atingiu somente as classes dirigentes. Ao redor do Chade, sucederam-se ou coexistiram diferentes reinos: Baguirmi, Uadai e Bornu, islamizados superficialmente. O Islamismo deu origem também à reinos teocráticos, no vale do Senegal e no Futa Jalom, onde ocorreram conversões massa no século XIX. Na costa do golfo do Benim formaram-se reinos animistas, menores, porém, muito centralizados, como Império Axânti e Reino do Daomé. A leste do deserto da Líbia, o reino cristão da Núbia passou, pouco a pouco ao controle do Islamismo, o da Etiópia, refugiado nas montanhas após a ruína de Axum por volta do século VI, sobreviveu - apesar de uma história tumultuada - até a sua reorganização, na segunda metade do século XIX, sob uma dinastia igualmente abissínia. Na costa oriental surgiu uma série de sultanatos fundados pelos árabes, que prosperaram até a chegada dos portugueses, no século XVI. Madagascar povoou-se de indonésios desde uma data desconhecida até perto do século XIII.
A chegada dos portugueses no século XV trouxe grandes mudanças, pois o comércio português, em breve seguido pelo de outras nações europeias como os Países Baixos, Dinamarca, Grã-Bretanha e França, por intermédio de companhias autorizadas, baseava-se essencialmente no tráfego de escravos. Do século VII ao XX, cerca de 14 milhões de escravos foram levados para o mundo árabe pelo Saara e pelos portos da costa oriental. A eles se devem somar os que, do século XV ao XIX, foram para a América: de 15 a 20 milhões, mais os que morreram durante a viagem. Os chefes das regiões costeiras, foram, no decorrer do século XIX, substituindo a "mercadoria humana" por produtos tropicais (óleo de coco), que eram trocados por tecidos e armas.
A partir de 1815, a França tentou lentamente extrair recursos do Senegal, que ocupou em 1658. A Grã-Bretanha se instalou na Costa do Ouro a partir de 1875 e na Nigéria desde 1880, ano em que a França desencadeou a "corrida do ouro", com a Marcha do Níger. A Conferência de Berlim (novembro de 1884 - fevereiro de 1885) não decidiu a partilha da África, mas acelerou a instalação territorial das potências europeias e a constituição de grandes impérios coloniais: inglês, neerlandês, italiano, belga e alemão, junto aos restos do império espanhol e português. Até à Segunda Guerra Mundial, a África subsaariana evoluiu em ritmos diversos, em função do meio e dos recursos, da precariedade das vias de comunicação, da densidade das populações e da urbanização. Por toda parte a massa camponesa (90% da população) sofreu com o domínio colonial. Entretanto a urbanização, acentuada após a Segunda Guerra Mundial, e a formação de de elites letradas desenvolveram a consciência da identidade africana.
Após a Segunda Guerra Mundial o prestígio da etnia branca diminuiu (derrota de 1940, lutas intestinas entre franceses, rivalidade franco-inglesa), fato acentuado com a propaganda dos movimentos pan-africanistas, que já existiam desde antes da guerra. Essa evolução foi geralmente pacífica, salvo a rebelião malgaxe de 1947, as sublevações quicuios (mau-mau) do Quênia, de 1952 a 1956, e a revolta da União das populações de Camarões (1955–1958), O processo de descolonização iniciado em 1944 (Conferência de Brazzaville), acelerou-se após 1960, ano em que muitos países africanos conquistaram a independência. Apesar disso continuaram com graves problemas econômicos e políticos, a despeito do apoio das antigas metrópoles. A África tornou-se, por outro lado, território de disputa entre os dois blocos então dominantes na política mundial, acentuada pela assistência militar que a União Soviética, China, Cuba, Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e outras potências forneciam a governos africanos sob sua influência.
A fragilidade econômica de muitos países africanos levou-os a buscar ajuda nas antigas metrópoles, das potências que apoiaram os novos governos pós-independência, ou sob forma multilateral, dos organismos internacionais como a ONU ou a Comunidade Econômica Europeia. Para superar suas fraquezas os países africanos formaram a Organização da Unidade Africana (OUA), criada em 1963 em Adis Abeba. A África negra hoje atravessa uma crise política e econômica que se caracteriza pela rejeição aos partidos únicos, pelo aumento das tensões tribais e por um desastre econômico sem precedentes. Desde o início dos anos 80 a recessão vem se ampliando, com a queda das matérias-primas e o aumento da dívida externa e do desemprego num continente onde a população cresce num ritmo inédito na história. Tais dados demográficos, no entanto, podem transformar-se profundamente com a evolução da Aids: em 1991, metade dos 5 a 8 milhões de indivíduos portadores do vírus eram africanos.
Até o final da década de 1980, a maioria dos dirigentes se manteve no poder graças a partidos únicos que garantiam os privilégios de uma minoria, apoiada na corrupção generalizada. A crescente pressão dos direitos humanos, no entanto, tem obrigado vários países a se justificarem perante a comunidade internacional. Nesse contexto, em 1990 a África negra passou por mudanças políticas fundamentais, caracterizadas pela implosão dos sistemas vigentes: pluripartidarismo e democracia tornaram-se as palavras de ordem. O Benim renunciou ao marxismo-leninismo, a Costa do Marfim legalizou os partidos de oposição após 3 anos de autoritarismo e Gabão, Zaire, Tanzânia, Camarões, Zâmbia e Congo por sua vez, se abriram ao pluripartidarismo. Na África do Sul as leis que regiam o apartheid foram abolidas em 1991, e a maioria dos países da África austral caminha para a democratização, adotando o pluripartidarismo, novas constituições e eleições livres, na esperança de atingir a estabilidade política indispensável ao desenvolvimento econômico.[4]
Doenças da região
[editar | editar código-fonte]- Doença do Sono: A doença do sono ameaça mais de 60 milhões de pessoas em 36 países da África subsaariana. Menos de quatro milhões destas pessoas têm acesso a um centro de saúde.
- Na República dos Camarões, nos anos 20, um médico chamado Jamot implementou uma estratégia de controle eficaz, enviando equipes móveis às aldeias para diagnosticar e tratar o máximo de pacientes possível. O programa do Dr. Jamot obteve sucesso no bloqueio da transmissão da doença do sono, esvaziando a reserva humana de tripanossomas. Mas, recentemente, as guerras civis desestruturaram sistemas de saúde e forçaram pessoas a migrar, permitindo que tais reservas fossem reconstruídas.
- Malária: A malária está presente em mais de 100 países e ameaça 40% da população mundial. A cada ano, 500 milhões de pessoas são infectadas, a maioria delas na África subsaariana (Estima-se que 90% dos casos mundiais e 90% de toda a mortalidade por malária ocorram na África subsaariana. A doença também ocorre nas Américas Central e do Sul, sobretudo na região amazônica, e em países da Ásia), e 2 milhões de pessoas morrem dessa doença. As vítimas são principalmente crianças de áreas rurais. A malária é a primeira causa de morte de crianças menores de 5 anos na África, e mata uma criança a cada 30 segundos no mundo.
- AIDS: Desde que os primeiros casos da síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS ou SIDA) foram detectados, em 1981, a África é o continente que mais sofre com a doença, especialmente a região subsaariana, segundo o último relatório publicado pelo Programa das Nações Unidas contra esta doença (Unaids) em maio de 2006.
Embora os dados sobre a incidência do vírus estejam sofrendo uma "desaceleração", segundo o relatório, as proporções epidêmicas ainda são graves na África subsaariana. As taxas de infecção per capita de alguns países da região continuam subindo. Com pouco mais de 10% da população mundial, a África subsaariana abriga cerca de 24,5 milhões de infectados, quase dois terços dos portadores de HIV em todo o mundo. Cerca de três quartos dos 25 milhões de pessoas que morreram em decorrência do HIV desde o início da epidemia, nos anos 80, eram do continente africano.
Caracterização política
[editar | editar código-fonte]Esta região da África é marcada, em geral, por governos autoritários e corruptos que não se preocupam em melhorar as condições econômicas dos seus países. Nos últimos anos, no entanto, verifica-se uma tendência democratizadora em toda a região, com eleições multipartidárias realizadas regularmente.
Ambiente
[editar | editar código-fonte]Os principais aspectos do relevo são, na região do Magrebe, a cordilheira do Atlas, cujo pico mais alto é o Jebel Tubkhal (4 165 m); o grande planalto desértico do Saara, com as depressões de Catara (Egito) e Bodelê (Chade); a bacia do rio Níger e as cadeias vulcânicas de Hoggar (Argélia) e de Tibesti (Chade); a sul do planalto do Sudão, destacam-se a bacia do Congo, o monte Cristal e o planalto dos Grandes Lagos Africanos, com os pontos culminantes do continente, os montes Quilimanjaro (5 895 m), Quênia (5 199 m), Ruwenzori (5 119 m) e Elgon (4 321 m); no nordeste do Vale do Rift, o maciço da Abissínia.
Hidrografia
[editar | editar código-fonte]A maior bacia hidrográfica da África e segunda do mundo, apenas superada pela do rio Amazonas, é a do rio Congo, com 3 680 000 km2. O rio Nilo, com 6 690 km, é o segundo mais longo do mundo. O Zambeze e o Limpopo correm para o oceano Índico. O Orange, o Níger, o Gâmbia e o Senegal desembocam no Atlântico.
Os principais lagos africanos são o Vitória, segundo do mundo em superfície, com 69 485 km², o Tanganica, o Rodolfo, o Alberto, o Eduardo e o Niassa.
Clima
[editar | editar código-fonte]O clima tropical predomina na maior parte da África, tanto na zona tropical, úmida no verão e seca no inverno, quanto na zona equatorial, com temperaturas elevadas e chuvas abundantes.
Nos grandes desertos, como o Saara e o Kalahari, as temperaturas são altas de dia e baixas à noite. Nos extremos norte e no sul do continente encontram-se estreitas regiões de clima ameno, de tipo mediterrâneo.
Fauna e flora
[editar | editar código-fonte]A distribuição climática do continente africano determina diretamente a configuração de suas zonas de vegetação e fauna. A selva equatorial, frondosa e exuberante, abriga numerosas espécies de aves, símios - chimpanzés e gorilas -, répteis, anfíbios e insetos. Nas zonas tropicais estende-se a savana, paisagem de vegetação herbácea, com árvores de folhas caducas (baobá, sicômoro) isoladas ou em bosques; nas savanas abundam os grandes mamíferos herbívoros (elefantes, rinocerontes, hipopótamos, girafas, búfalos, antílopes, gazelas) e os carnívoros (leões, leopardos, hienas, chacais).
As grandes zonas desérticas do Saara e do Kalahari apresentam vegetação muito escassa, de plantas espinhosas, exceto nos oásis, onde crescem formações de palmeiras; insetos, répteis, roedores e alguns mamíferos de grande porte, como os chacais, constituem a fauna adaptada a essas regiões. Nas zonas mediterrâneas cresce o típico bosque baixo, combinado com maquis, garrigue e bosques de pinheiros e carvalhos, onde habitam numerosas espécies de animais de clima temperado: lebres, cabras, raposas, aves de rapina, pombas, perdizes, répteis, etc.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Lopes, Nei (2011). Dicinário da Antiguidade Africana. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira
- ↑ Encyclopédie Larousse. Afrique subsaharienne. 1.3. Une notion idéologique commode. Citação: Le terme d'Afrique noire ne recouvre donc pas un concept, fût-il racial – on trouve des Noirs bien au-delà du 20e parallèle nord – il renvoie le plus souvent à une notion idéologique commode : il a souvent justifié la colonisation du continent. Tradução: O termo 'África negra' não corresponde a um conceito, nem mesmo racial (pois encontramos negros muito além do paralelo 20 N) e, em geral, remete a uma noção ideológica cômoda que, frequentemente, justificou a colonização do continente.
- ↑ « L’Afrique est un pays de race noire » : la géographie raciste à l’usage des nuls, par Gilbert Collard. Por Jean-Sébastien Josset. Jeune Afrique, 28 de setembro de 2015.
- ↑ a b c Grande Enciclopédia Ilustrada Larousse Cultural, Editora Nova Cultural Ltda. (1993)
- ↑ The World Factbook - CIA. Country Comparison: Population (estimativa para julho de 2018)
- ↑ a b c (2009). Africa Development Indicators 2008/2009. World Bank Africa Database African Development Indicators. World Bank Publications, p. 28, ISBN 978-0-8213-7787-1.
- ↑ «Corruption Perceptions Index 2009». Transparency International
- ↑ World Bank. Doing Business 2010, Economy Ranking
- ↑ PRESS FREEDOM INDEX 2009 - AFRICA. Reporters without borders
- ↑ «National Literacy Survey». National Bureau of Statistics. Junho de 2010. Arquivado do original em 17 de setembro de 2015
- ↑ «Sudan». International Monetary Fund
- ↑ «The World Factbook. Life Expectancy at Birth». Cia.gov
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- O que é "África Subsaariana"? Geopolítica ou sofisma flagrante? (razões pelas quais o uso do termo ‘África subsaariana’ tem sido questionado). Latitude. Goethe-Institut.