Campeonato Paulista de Futebol de 1957
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Campeonato Paulista de Futebol da Primeira Divisão de 1957
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Dados
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Participantes
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20
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Organização
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FPF
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Gol(o)s
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1363
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Partidas
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371
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Média
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3,67 gol(o)s por partida
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Campeão
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São Paulo (8º título)
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Vice-campeão
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Santos
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Melhor marcador
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Pelé
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O Campeonato Paulista de Futebol de 1957 foi a 56.ª edição do torneio, organizado pela Federação Paulista de Futebol, e teve o São Paulo como campeão.[1] Foi o último título do clube até 1970, sendo treze anos que representaram o maior jejum de títulos da história tricolor. O jogo decisivo foi São Paulo 3 × 1 Corinthians, e o Linense foi rebaixado.
O artilheiro foi Pelé, do Santos, com 17 gols.
Disputaram o campeonato vinte equipes: Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Portuguesa, Juventus, Ypiranga e Nacional, todas da capital; Santos, Portuguesa Santista e Jabaquara, as três de Santos; Guarani e Ponte Preta, ambas de Campinas; XV de Piracicaba, XV de Jaú, Botafogo de Ribeirão Preto, Noroeste de Bauru, São Bento, de São Caetano do Sul, Ferroviária de Araraquara, Taubaté e Linense, de Lins.
O campeonato foi dividido em duas fases. Na primeira fase, de classificação, os vinte clubes se enfrentaram, todos contra todos, em turno único. Os dez melhores times classificaram-se para a Série Azul, para disputar o título. Em caso de empate entre mais de um time na décima posição, haveria um jogo-desempate. A Série Azul foi disputada em pontos corridos, com todos os times se enfrentando em turno e returno. A contagem de pontos da Série Azul foi independente da pontuação na primeira fase. Havendo empate na primeira posição, ao término das rodadas, haveria um jogo-desempate. Os dez piores classificados na primeira fase, disputaram a Série Branca, torneio que rebaixou à Segunda Divisão o último colocado. A disputa foi em pontos corridos, todos contra todos em turno e returno, também com contagem de pontos independente da primeira fase.
A fase de classificação não é computada por alguns autores como parte do campeonato. Para esses autores, apenas a Série Azul (os turnos decisivos) é considerada como o Campeonato Paulista de 1957. Nessa fase de classificação, o Corinthians "passeou", invicto, e terminou cinco pontos à frente de Santos e Portuguesa. Uma das vitórias do time foi sobre o Santos, por 2 a 1, em 21 de julho, e foi a última vitória corintiana sobre os santistas em campeonatos paulistas até 1968.
Outro marco importante na fase de classificação foi a primeira partida de Pelé em um Paulistão. Foi em 14 de julho, contra o XV de Piracicaba, na Vila Belmiro. Ele marcou um gol na vitória por 5 a 3. Pela fase decisiva, a estréia de Pelé foi em 20 de outubro, contra o Botafogo, em Ribeirão Preto. O Santos perdeu por 4 a 2 e Pelé não balançou as redes. Ele só viria a marcar seu primeiro gol na fase decisiva no terceiro jogo, uma vitória por 4 a 3 sobre o Palmeiras.[2]
Já o São Paulo, com o técnico húngaro Bela Guttmann no banco, começou a fase classificatória de maneira claudicante, mas garantiu a vaga no torneio decisivo sem maiores sustos. A diretoria ajudou a melhorar o time com a contratação por empréstimo de Zizinho, considerado, mesmo aos 37 anos, o maior craque do futebol brasileiro à época.[3] A estréia foi nos 4 a 2 sobre o Palmeiras, em 10 de novembro. Nos quatro jogos seguintes, já no segundo turno da fase decisiva, mais goleadas, incluindo 6 a 2 sobre o Santos.
O Corinthians manteve a boa campanha na fase decisiva e sustentou uma invencibilidade de 35 jogos até a penúltima rodada, com direito até à Taça dos Invictos, conquistada justamente na vitória sobre o Santos e de forma dramática, com o gol de empate no último minuto de jogo.[4] A derrota para o Santos, por 1 a 0, na Vila Belmiro, em 23 de dezembro, embolou o campeonato: São Paulo e Corinthians tinham 28 pontos, com o Santos logo na cola, com 27. Como a tabela previa para a última rodada o confronto direto entre os dois líderes, um empate nesse jogo, somado a uma vitória santista contra o Palmeiras, deixaria três times empatados com 29 pontos, forçando uma decisão.
O Santos fez a sua parte e ganhou do Palmeiras por 4 a 1, no dia 28 de dezembro. No dia seguinte, São Paulo e Corinthians entraram tensos em campo no Pacaembu. Não só porque a vitória daria o título a qualquer um dos dois times: na partida do primeiro turno, empate em 1 a 1, Alfredo Ramos, lateral corintiano que tinha acabado de ser contratado junto ao próprio São Paulo,[5] fraturou a perna em um choque casual com Maurinho, do São Paulo, e o corintiano Luizinho e o são-paulino Gino Orlando discutiram bastante durante o resto da partida — no dia seguinte, Gino e outros jogadores são-paulinos foram visitar o ex-companheiro Alfredo no hospital, e na saída, Luizinho apareceu e acertou uma tijolada na testa de Gino.[5]
O nervosismo do início do jogo só começou a arrefecer quando o São Paulo abriu o placar, com um gol de Amaury aos 17 minutos do segundo tempo. Como o resultado não interessava nem um pouco, o Corinthians teve de se abrir, e Canhoteiro ampliou dois minutos depois. Outros dois minutos se passaram, e Rafael, de bicicleta,[6] descontou para o alvinegro, que começou a pressionar. No auge dessa pressão, aos 34 minutos, Maurinho decretou o placar final, supostamente em posição de impedimento, não marcada pelo bandeirinha inglês Lynch [2], além de ter ´provocado o goleiro Gylmar antes e depois do lance. [7]
O São Paulo foi campeão, mas não houve volta olímpica: a torcida do Corinthians, revoltada com o lance do terceiro gol são-paulino, começou a jogar garrafas na direção do campo. Não por acaso, a ocasião passou para a história como "A Tarde das Garrafadas".[6]
São Paulo 3 x 1 Corinthians[8]
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Data: 29 de dezembro de 1957
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Local: Pacaembu (São Paulo, SP)
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Árbitro: Alberto da Gama Malcher (RJ)
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Renda: Cr$ 2 409 040,00
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Público: 39 670
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Gols: Amaury 62', Canhoteiro 63', Rafael 66' e Maurinho 79'
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Campeão Paulista de 1957
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SÃO PAULO (8º título)
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Time
|
PG
|
J
|
V
|
E
|
D
|
GP
|
GC
|
SG
|
1
|
Corinthians
|
32
|
19
|
13
|
6
|
0
|
46
|
18
|
28
|
2
|
Santos
|
27
|
19
|
13
|
1
|
5
|
81
|
35
|
46
|
3
|
Portuguesa
|
27
|
19
|
11
|
5
|
3
|
37
|
21
|
16
|
4
|
Jabaquara
|
25
|
19
|
11
|
3
|
5
|
35
|
33
|
2
|
5
|
São Paulo
|
25
|
19
|
10
|
5
|
4
|
46
|
19
|
27
|
6
|
Ponte Preta
|
23
|
19
|
10
|
3
|
6
|
37
|
31
|
6
|
7
|
Palmeiras
|
23
|
19
|
9
|
5
|
5
|
38
|
23
|
15
|
8
|
XV de Piracicaba
|
22
|
19
|
11
|
0
|
8
|
45
|
39
|
6
|
9
|
Portuguesa Santista
|
22
|
19
|
9
|
4
|
6
|
25
|
19
|
6
|
10
|
Botafogo
|
21
|
19
|
9
|
3
|
7
|
28
|
24
|
4
|
11
|
Noroeste
|
21
|
19
|
8
|
5
|
6
|
42
|
33
|
9
|
12
|
São Bento
|
18
|
19
|
8
|
2
|
9
|
25
|
33
|
-8
|
13
|
Juventus
|
17
|
19
|
8
|
1
|
10
|
31
|
39
|
-8
|
14
|
Ferroviária
|
17
|
19
|
7
|
3
|
9
|
28
|
37
|
-9
|
15
|
Taubaté
|
14
|
19
|
6
|
2
|
11
|
31
|
34
|
-3
|
16
|
Guarani
|
13
|
19
|
5
|
3
|
11
|
35
|
48
|
-13
|
17
|
XV de Jaú
|
12
|
19
|
4
|
4
|
11
|
24
|
46
|
-22
|
18
|
Nacional
|
11
|
19
|
4
|
3
|
12
|
27
|
45
|
-18
|
19
|
Ypiranga
|
8
|
19
|
3
|
2
|
14
|
18
|
50
|
-32
|
20
|
Linense
|
4
|
19
|
1
|
2
|
16
|
12
|
62
|
-50
|
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classificados à Série Azul (torneio decisivo).
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disputam a Série Banca (torneio de rebaixamento).
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Botafogo e Noroeste disputaram um jogo-desempate, vencido pelo Botafogo por 4x1. Com isso, o Botafogo disputaria a Série Azul, e o Noroeste, a Branca.
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Referências
- ↑ «Todos os campeões paulistas». Federação Paulista de Futebol. Consultado em 1 de dezembro de 2016
- ↑ a b Valmir Storti e André Fontenelle, A História do Campeonato Paulista, Publifolha, 1997
- ↑ Alexandre da Costa, Almanaque do São Paulo Placar, Editora Abril, 2005, pág. 92
- ↑ Celso Dario Unzelte, Almanaque do Corinthians Placar, Editora Abril, 2005, pág. 209
- ↑ a b Conrado Giacomini, São Paulo: Dentre os Grandes, És o Primeiro, Ediouro, 2005, pág. 108
- ↑ a b Celso Dario Unzelte, Almanaque do Corinthians Placar, Editora Abril, 2005, pág. 210
- ↑ VENANCIO, Rafael Duarte Oliveira (2019). O Dançarino e O Húngaro: Uma Estória São-Paulina do Futebol dos Anos 1950. São Paulo: Amazon.com. 284 páginas
- ↑ «O São Paulo foi o primeiro a marcar e ficou com título de campeão de 57». Folha da Manhã, página 11. Consultado em 24 de outubro de 2017
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