Saltar para o conteúdo

Campeonato Paulista de Futebol de 1968

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Campeonato Paulista de Futebol de 1968
Campeonato Paulista da Divisão Especial de 1968
Dados
Participantes 14
Organização FPF
Campeão Santos (11º título)
Vice-campeão Corinthians
Melhor marcador Teia (Ferroviária), 20 gols[1]
Público 987 896[nota 1]
Média 5 428 pessoas por partida
◄◄ São Paulo 1967 1969 São Paulo ►►

O Campeonato Paulista de Futebol de 1968 foi uma competição oficial realizada pela Federação Paulista de Futebol, e teve o Santos como campeão, e Teia, da Ferroviária, como artilheiro, com vinte gols.

Disputa do título

[editar | editar código-fonte]

O Santos, campeão paulista do ano anterior, teve uma campanha bem mais regular que os adversários diretos ao título, o que o tornou campeão com três rodadas de antecedência. O Santos de Pelé, Edu, Toninho Guerreiro, Carlos Alberto Torres e Clodoaldo era de fato bem superior a seus concorrentes diretos, São Paulo e Corinthians.

A Ferroviária, surpresa que terminou na terceira posição, não teve elenco para suportar a disputa em pontos corridos com o Santos. E o Palmeiras, único clube com elenco à altura do Santos, estava mais preocupado com a Libertadores, em que ficou com o vice-campeonato, deixando em segundo plano o Paulistão e adiando muitos jogos para após a última rodada do torneio.

Assim, apesar do tropeço diante do Corinthians ainda no primeiro turno, pondo fim à invencibilidade de onze anos diante do rival em Campeonatos Paulistas, o Santos conquistou o bicampeonato. No segundo turno, em 21 de abril, o clube venceu o Corinthians por 2 a 0 no Morumbi, com gols de Douglas e Pelé, abrindo uma vantagem de cinco pontos perdidos que seria decisiva para disparar na frente.

O jogo do título foi diante justamente do Palmeiras, que era o único clube que já lhe levara mais de um título na Era Pelé. De quebra, devido ao desorganizado calendário, o Palmeiras ainda poderia lhe roubar essa taça mesmo tendo apenas 9 pontos, contra 39 do Santos. O Alviverde, que deu prioridade à disputa da Libertadores, jogaria outros catorze jogos atrasados, podendo em teoria igualar os 39 pontos e forçar um jogo-desempate. O outro time que ainda disputava o título era o Corinthians, com 34 pontos, podendo chegar a 40.

Mas o Santos venceu o Palmeiras por 3 a 1, em pleno Parque Antarctica, chegando a inalcançáveis 41 pontos e sagrando-se bicampeão paulista, fazendo a festa na casa do adversário, que, ao contrário das expectativas anteriores, ainda teria problemas para se livrar do rebaixamento.

Polêmicas sobre o descenso

[editar | editar código-fonte]

A princípio, o regulamento do campeonato apontava que o último colocado deveria ter sido rebaixado. Palmeiras e Comercial de Ribeirão Preto eram os mais ameaçados de rebaixamento, mas, após o fim da competição, a FPF não promoveu o descenso. O problema foi que o Comercial, que terminara na última colocação, brigou pelos pontos de sua partida contra a Portuguesa em Ribeirão Preto, interrompida após o gol dos visitantes. Depois disso, o árbitro deu prosseguimento, mas tratando os minutos finais como "amistoso".

Mais de um mês após o fim do campeonato, a partida foi anulada pelo STJD e remarcada para a segunda quinzena de agosto, em campo neutro, com portões fechados. A Portuguesa venceu novamente por 1 a 0, aparentemente decretando de vez o rebaixamento comercialino, porém o clube de Ribeirão Preto mais uma vez questionou o resultado na Justiça Desportiva, alegando que o lateral Américo, da Portuguesa, tinha sido escalado irregularmente. Inicialmente, a FPF ignorou o apelo do Comercial, mas, já em 1969, o Conselho Nacional de Desportos deu razão ao clube. Como o Campeonato Paulista de 1969 já tinha sido iniciado, os dirigentes do Comercial aceitaram não tomar parte daquela edição do torneio, sendo o clube readmitido em 1970.

O Comercial também reclamava de uma polêmica envolvendo Palmeiras e Guarani, no penúltimo jogo do campeonato. A história sempre fez parte dos causos futebolísticos paulistas, já que sempre foi contada citando um eventual acordo entre Palmeiras e Guarani para que o time da capital paulista não fosse rebaixado. As equipes enfrentaram-se em Campinas, no penúltimo dos jogos adiados do Palmeiras. O suposto acordo era de que, em troca de uma cessão futura de atletas palmeirenses, o Guarani escalaria um time reserva e com um jogador em situação irregular, de maneira tal que, se o time da casa vencesse, o Palmeiras poderia buscar na justiça desportiva os pontos perdidos. O jogo terminou empatado por 1 a 1, placar que eliminou a possibilidade de queda do Palmeiras à divisão inferior.

Em 2012, 44 anos depois da realização da competição, o jornalista Juca Kfouri retomou publicamente a história em seu blog, trazendo documentos registrados em cartório que supostamente provariam o acordo e gerando grande repercussão nas redes sociais.[3] No dia seguinte, reportagem do UOL apontou que o Comercial teria conseguido evitar o seu descenso provando o acerto prévio entre os dois alviverdes, em atuação nos bastidores que contou até com um suborno usando um carro de luxo Simca Chambord,[4] porém o salvamento do clube fora devido às polêmicas nos jogos contra a Portuguesa.

Durante a retomada da polêmica, o historiador do Palmeiras, Fernando Galuppo, contestou com veemência a história. Segundo ele, o acordo não teria razão para existir porque, na rodada anterior ao jogo entre Guarani e Palmeiras, o time da capital derrotou o América de São José de Rio Preto por 2 a 0, supostamente livrando-se do risco de rebaixamento, com duas rodadas de antecedência.[5] Entretanto, após a vitória contra o América o Palmeiras só tinha-se livrado da possibilidade de ser rebaixado diretamente, pois ficou apenas dois pontos à frente do Comercial. Caso os dois times terminassem empatados em pontos, não seria utilizado nenhum critério de desempate: ambos disputariam um jogo-desempate, conhecido à época como "rebolo". Assim, o Palmeiras precisava efetivamente ganhar ao menos um ponto contra o Guarani, para se livrar de qualquer risco, já que enfrentaria o próprio Comercial no último jogo.

Classificação geral

[editar | editar código-fonte]
Campeonato Paulista de 1968
Time Pts J V E D GP GC SG
1 Santos 45 26 22 1 3 71 22 +49
2 Corinthians 34 26 14 6 6 46 28 +18
3 Ferroviária 30 26 11 8 7 42 31 +11
4 Portuguesa 28 26 11 6 9 39 31 +8
5 São Paulo 28 26 11 6 9 39 36 +3
6 São Bento 27 26 11 5 10 40 44 -4
7 XV de Piracicaba 24 26 9 6 11 36 36 0
8 Botafogo 23 26 6 11 9 31 39 -8
9 Guarani 22 26 8 6 12 28 29 -1
10 Portuguesa Santista 22 26 10 2 14 31 51 -20
11 Palmeiras 21 26 8 5 13 34 43 -9
12 Juventus 20 26 8 4 14 29 39 -10
13 América 20 26 8 4 14 31 43 -12
14 Comercial 20 26 7 6 13 31 56 -25
Campeão

Jogo decisivo

[editar | editar código-fonte]
19 de maio de 1968 Palmeiras 1–3 Santos Palestra Itália, São Paulo

China Gol marcado aos 1 do 2.º minutos de jogo 1 do 2.º' Ficha técnica Edu Gol marcado aos 8 do 2.º minutos de jogo 8 do 2.º'
Jorge (contra) Gol marcado aos 13 do 2.º minutos de jogo 13 do 2.º'
Toninho Guerreiro Gol marcado aos 21 do 2.º minutos de jogo 21 do 2.º'
Público: 42 143 pagantes (50 143 presentes)
Renda: NCr$ 68 122
Árbitro: Roberto Goicochea


Campeão Paulista de 1968
SANTOS
(11º título)


Notas e referências

Notas

  1. Público total calculado com base na média.[2]

Referências

  1. «Lista de artilheiros do Campeonato Paulista». ge.globo.com 
  2. «Média de público do Campeonato Paulista nos últimos 21 anos». Placar (832). São Paulo: Editora Abril. 5 de maio de 1986. p. 18. ISSN 0104-1762. Consultado em 5 de janeiro de 2019 
  3. Juca Kfouri (22 de fevereiro de 2012). «A história de uma marmelada documentada». Blog do Juca Kfouri. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  4. Bruno Freitas (23 de fevereiro de 2012). «Funcionário do Guarani ganhou carro de luxo para revelar marmelada pró-Palmeiras em 68». UOL Esporte. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  5. «Assessor de imprensa do Palmeiras contesta a provada marmelada de Guarani e Palmeiras, em 1968». Terceiro Tempo. 23 de fevereiro de 2012. Consultado em 9 de agosto de 2020