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'''André da Silva Gomes''' ([[Lisboa]], [[30 de novembro]] de [[1752]] — [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], [[16 de junho]] de [[1844]]) foi um [[organista]] e [[compositor]] sacro [[luso-brasileiro]], radicado na cidade de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]] |
'''André da Silva Gomes''' ([[Lisboa]], [[30 de novembro]] de [[1752]] — [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], [[16 de junho]] de [[1844]]) foi um [[organista]] e [[compositor]] sacro [[luso-brasileiro]], radicado desde 1774 na cidade de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], onde atuou como organista e mestre de capela da catedral, compositor, mestre régio de latim e político (representante da instrução pública). Foi o músico mais influente em São Paulo durante de sua atividade na catedral (1774-1823)<ref name=":2">OLIVEIRA, Clóvis de. ''André da Silva Gomes (1752-1844) “O mestre de Capela da Sé de São Paulo”'': Obra premiada no Concurso de História promovido pelo Departamento Municipal de Cultura, de São Paulo: em 1946. São Paulo: [ed. do autor], 1954. 58p.</ref> e o mais antigo compositor ativo nessa cidade cujas obras foram preservadas (ainda que parcialmente). |
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== Trajetória == |
== Trajetória == |
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[[Ficheiro:Lisbon, the Catedral Sé Patriarcal.JPG|miniaturadaimagem|Sé Patriarcal de Lisboa.|esquerda]] |
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Conforme Régis Duprat, André da Silva Gomes foi batizado em casa, em 15 de dezembro de 1752, por correr risco de vida.<ref name=":3">DUPRAT, Régis. Música na matriz e sé de São Paulo colonial. ''Yearbook'', University of Texas, Austin, n.11, p.8-68, [1975], 1977.</ref><ref name=":4">[http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,musico-de-sao-paulo-no-seculo-xviii,651840 DUPRAT, Régis. Músico de São Paulo no século XVIII. ''O Estado de S. Paulo: Suplemento Literário'', São Paulo, ano 14, n.685 (OESP, ano 91, n.29.262), p.5, 29 ago. 1970.]</ref><ref name=":1">DUPRAT, Régis. ''Música na Sé de São Paulo colonial''. São Paulo: Paulus, 1995. 231p.</ref> De acordo com pesquisa de [[Paulo Castagna]], André da Silva Gomes nasceu em 30 de novembro de 1752, |
Conforme Régis Duprat, André da Silva Gomes foi batizado em casa, em 15 de dezembro de 1752, por correr risco de vida.<ref name=":3">DUPRAT, Régis. Música na matriz e sé de São Paulo colonial. ''Yearbook'', University of Texas, Austin, n.11, p.8-68, [1975], 1977.</ref><ref name=":4">[http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,musico-de-sao-paulo-no-seculo-xviii,651840 DUPRAT, Régis. Músico de São Paulo no século XVIII. ''O Estado de S. Paulo: Suplemento Literário'', São Paulo, ano 14, n.685 (OESP, ano 91, n.29.262), p.5, 29 ago. 1970.]</ref><ref name=":1">DUPRAT, Régis. ''Música na Sé de São Paulo colonial''. São Paulo: Paulus, 1995. 231p.</ref> De acordo com pesquisa de [[Paulo Castagna]], André da Silva Gomes nasceu em 30 de novembro de 1752, recebendo seu primeiro nome por ser esse o dia de Santo André.<ref name=":0">[[iarchive:AndreDaSilvaGomesMemoriaEsquecimentoERestauracao|CASTAGNA, Paulo. André da Silva Gomes (1752-1844): memória, esquecimento e restauração. ''Revista Digital de Música Sacra Brasileira'', São Paulo, n.2, p.7-159, fev./abr. 2018.]]</ref> Estudou no curso de música da [[Sé de Lisboa|Sé Patriarcal de Lisboa]], ao redor de 1770, nessa época dirigido pelo compositor [[José Joaquim dos Santos]] e, de acordo com uma notícia de 1866, "fizera-se organista da igreja dos Franciscanos",<ref name=":6" /> quando foi convidado pelo bispo eleito de São Paulo, o franciscano [[Manuel da Ressurreição|Dom Manuel da Ressurreição]], a assumir o posto de mestre de capela da [[Arquidiocese de São Paulo|Catedral de São Paulo]]. |
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Embarcando com o bispo entre outubro e novembro de 1773, na qualidade de membro de sua família, chegou ao Brasil em fins desse ano e assumiu oficialmente o cargo de mestre de capela em 19 de março de 1774, quando da entrada solene de Dom Manuel da Ressurreição na catedral de São Paulo.<ref name=":0" /> |
Embarcando com o bispo entre outubro e novembro de 1773, na qualidade de membro de sua família, chegou ao Brasil em fins desse ano e assumiu oficialmente o cargo de mestre de capela em 19 de março de 1774, quando da entrada solene de Dom Manuel da Ressurreição na catedral de São Paulo.<ref name=":0" /> |
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André da Silva Gomes teve como encargo reorganizar o coro e o repertório da catedral, para evitar o hibridismo entre a música sacra e a música operística, prática da qual o governador da capitania de São Paulo, [[Luís António de Sousa Botelho Mourão|Luís Antônio Botelho de Sousa Mourão]] ([[Morgado de Mateus]]), havia acusado o mestre de capela anterior, Antônio Manso da Mota.<ref name=":1" /><ref name=":0" /><ref>POLASTRE, Claudia Aparecida. A música na Cidade de São Paulo, 1765-1822. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2008. Tese (Doutorado em Ciências). 255p.</ref><ref>[[hdl:11449/152233|SANTOS, Antônio Carlos dos. Músicas e conflitos no bispado de São Paulo (séculos XVIII e XIX). Marília: Universidade Estadual Paulista, 2017. Tese (Doutorado em Ciências Sociais). 169f.]]</ref> Além da tendência de expurgo de sonoridades profanas da música sacra (principalmente originárias da ópera ou música teatral), estimulado pelo governador da capitania de São Paulo, mas provavelmente decorrente da Encíclica ''Annus qui hunc'' do [[Papa Bento XIV]], André da Silva Gomes deparou-se, em São Paulo, com um ambiente urbano e uma catedral desprovida de recursos, contando, nessa igreja, quase somente com o organista Inácio Xavier de Carvalho.[[Ficheiro:Entrada Leste de São Paulo em 1821.jpg|miniaturadaimagem|Entrada Leste da cidade de São Paulo, e as torres do Convento do Carmo (esquerda), Recolhimento de Santa Teresa (centro) e Catedral (direita), no Panorama de São Paulo (1821) de Arnaud Julien Pallière (1784-1862).]]Mesmo elevada a cidade em [[1711]], São Paulo prolongou sua condição de pobreza durante todo o [[século XVIII]] e primeira metade do [[século XIX]]. Por conta disso, André da Silva Gomes acumulou alguns cargos ao longo de sua carreira, como o de mestre régio de gramática latina, a partir de 1797 |
André da Silva Gomes teve como encargo reorganizar o coro e o repertório da catedral, para evitar o hibridismo entre a música sacra e a música operística, prática da qual o governador da capitania de São Paulo, [[Luís António de Sousa Botelho Mourão|Luís Antônio Botelho de Sousa Mourão]] ([[Morgado de Mateus]]), havia acusado o mestre de capela anterior, Antônio Manso da Mota.<ref name=":1" /><ref name=":0" /><ref>POLASTRE, Claudia Aparecida. A música na Cidade de São Paulo, 1765-1822. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2008. Tese (Doutorado em Ciências). 255p.</ref><ref>[[hdl:11449/152233|SANTOS, Antônio Carlos dos. Músicas e conflitos no bispado de São Paulo (séculos XVIII e XIX). Marília: Universidade Estadual Paulista, 2017. Tese (Doutorado em Ciências Sociais). 169f.]]</ref> Além da tendência de expurgo de sonoridades profanas da música sacra (principalmente originárias da ópera ou música teatral), estimulado pelo governador da capitania de São Paulo, mas provavelmente decorrente da Encíclica ''Annus qui hunc'' do [[Papa Bento XIV]], André da Silva Gomes deparou-se, em São Paulo, com um ambiente urbano e uma catedral desprovida de recursos, contando, nessa igreja, quase somente com o organista Inácio Xavier de Carvalho.[[Ficheiro:Entrada Leste de São Paulo em 1821.jpg|miniaturadaimagem|Entrada Leste da cidade de São Paulo, e as torres do Convento do Carmo (esquerda), Recolhimento de Santa Teresa (centro) e Catedral (direita), no Panorama de São Paulo (1821) de [[Arnaud Pallière|Arnaud Julien Pallière]] (1784-1862).]]Mesmo elevada a cidade em [[1711]], São Paulo prolongou sua condição de pobreza durante todo o [[século XVIII]] e primeira metade do [[século XIX]]. Por conta disso, André da Silva Gomes acumulou alguns cargos ao longo de sua carreira, como o de mestre régio de gramática latina, a partir de 1797. Tendo ingressado na carreira militar em [[1789]], André da Silva Gomes também dirigiu a corporação musical do quartel e alcançou a patente de [[tenente-coronel]]. |
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[[Ficheiro:Catedral de São Paulo (Ender).jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Catedral de São Paulo em 1817, por [[Thomas Ender]] (1793-1875). Akademie der Bildenden Künste Wien.]] |
[[Ficheiro:Catedral de São Paulo (Ender).jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Catedral de São Paulo em 1817, por [[Thomas Ender]] (1793-1875). Akademie der Bildenden Künste Wien.]] |
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Não teve filhos do seu casamento, em [[1775]], com a viúva Maria Garcia de Jesus, mas criou uma enteada e adotou dezesseis crianças, dando-lhes apelido (sobrenome) de família e ensinando-lhes não só as primeiras letras mas também a música. Entre esses filhos adotivos |
Não teve filhos do seu casamento, em [[1775]], com a viúva Maria Garcia de Jesus, mas criou uma enteada e adotou dezesseis crianças, dando-lhes apelido (sobrenome) de família e ensinando-lhes não só as primeiras letras mas também a música. Entre esses filhos adotivos destacaram-se, na área de música, Joaquim José da Silva e Antônio Garcia da Silva Gomes, o segundo dos quais, além de músico, tomou as ordens religiosas e tornando-se capelão da Sé, porém faleceu aos 19 anos de idade.<ref name=":0" /> |
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Com a chegada de [[Pedro I do Brasil|D. Pedro]] a São Paulo em [[1822]], regeu, na catedral, o ''Te Deum'' de sua autoria nos dias que precederam a declaração de [[Independência do Brasil|Independência]]. De acordo com um texto de Eugênio Egas publicado em 1909, André da Silva Gomes teria adaptado às pressas, para um conjunto orquestral, o [[Hino da Independência do Brasil|Hino da Independência]] de Pedro I, cantado durante as solenidades Casa da Ópera na noite do próprio dia [[7 de setembro]], porém |
Com a chegada de [[Pedro I do Brasil|D. Pedro]] a São Paulo em [[1822]], regeu, na catedral, o ''Te Deum'' de sua autoria nos dias que precederam a declaração de [[Independência do Brasil|Independência]]. De acordo com um texto de Eugênio Egas publicado em 1909, André da Silva Gomes teria adaptado às pressas, para um conjunto orquestral, o [[Hino da Independência do Brasil|Hino da Independência]] de Pedro I, cantado durante as solenidades Casa da Ópera na noite do próprio dia [[7 de setembro]], porém tal escritor não apresentou as fontes de tais informações e nunca foram encontrados manuscritos musicais que comprovassem esse fato.<ref name=":0" /> |
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[[Ficheiro:Militão A. de Azevedo - Álbum Comparativo, 47 - Acervo do Museu Paulista da USP (DR).jpg|miniaturadaimagem| |
[[Ficheiro:Militão A. de Azevedo - Álbum Comparativo, 47 - Acervo do Museu Paulista da USP (DR).jpg|miniaturadaimagem| |
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Catedral de São Paulo por [[Militão Augusto de Azevedo]] em 1862. |
Catedral de São Paulo por [[Militão Augusto de Azevedo]] em 1862. |
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André da Silva Gomes desligou-se do cargo de mestre de capela da catedral possivelmente em 1823 (já havia |
André da Silva Gomes desligou-se do cargo de mestre de capela da catedral possivelmente em 1823 (já havia apresentado pedido de demissão em 1801, não aceito pelo bispo) ou, no máximo, antes de 1827, quando o mestre de capela da catedral já era Francisco de Paula Leite.<ref name=":0" /> Aposentou-se da função de mestre de latim do [[Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo|Curso Jurídico]] em [[1828]]. Faleceu com 91 anos e meio de idade, na cidade de São Paulo, tendo sido sepultado na catedral, mas em fins da década de 1850 ou inícios de 1860, seus restos mortais foram transferidos para a Igreja dos Remédios do antigo Largo de São Gonçalo (demolida em 1943), hoje Praça João Mendes. |
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== Cargos Públicos == |
== Cargos Públicos == |
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Além do cargo de mestre de capela, do qual demitiu-se provavelmente |
Além do cargo de mestre de capela, do qual demitiu-se provavelmente em 1823, André da Silva Gomes ocupou o cargo de mestre régio de gramática latina, de forma interina a partir de 1797 e provisionado a partir de [[1801]]. Com essa função, ministrou aulas em sua própria casa, até aposentar-se, em 1828. Em seu último ano de atuação como mestre de latim, essa aula foi incorporada como disciplina preparatório do [[Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo|Curso Jurídico]], criado em 1827.<ref name=":2" /><ref name=":3" /><ref name=":3" /><ref name=":4" /><ref name=":1" /><ref name=":0" /> |
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[[Ficheiro:Palácio do Governo de São Paulo (Debret).jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Palácio do Governo de São Paulo em 1827 (antigo Colégio dos Jesuítas), por Jean-Baptiste Debret (1768-1848).]] |
[[Ficheiro:Palácio do Governo de São Paulo (Debret).jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Palácio do Governo de São Paulo em 1827 (antigo Colégio dos Jesuítas), por [[Jean-Baptiste Debret]] (1768-1848).]] |
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Por conta de sua função como mestre régio de gramática latina, foi aclamado deputado do Governo Provisório da Província de São Paulo em 1821, na qualidade de representante da instrução pública, tendo participado da quase totalidade das mais de 100 sessões e assinado atas que tiveram papel fundamental no processo de [[Independência do Brasil]]. Em função das revoltas de 1822 iniciadas pelos absolutistas de São Paulo, que culminaram na "Bernarda de Francisco Inácio", André da Silva Gomes foi preso e condenado à deportação para [[Cotia]], porém perdoado um mês depois, provavelmente antes de efetivar-se a deportação.<ref name=":0" /> |
Por conta de sua função como mestre régio de gramática latina, foi aclamado deputado do Governo Provisório da Província de São Paulo em 1821, na qualidade de representante da instrução pública, tendo participado da quase totalidade das mais de 100 sessões, e assinado atas que tiveram papel fundamental no processo de [[Independência do Brasil]]. Em função das revoltas de 1822 iniciadas pelos absolutistas de São Paulo, que culminaram na "Bernarda de Francisco Inácio", André da Silva Gomes foi preso e condenado à deportação para [[Cotia]], porém perdoado um mês depois, provavelmente antes de efetivar-se a deportação.<ref name=":0" /> |
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A partir de 1827 candidatou-se a novos cargos públicos, porém sem os assumir: obteve o terceiro lugar na eleição para Juiz de Fato em 1827, foi eleito suplente do Conselho Geral de São Paulo em 1829 (desistindo desse cargo antes da posse) e não obteve votos para o cargo de Juiz de Fato em 1831, encerrando nesse ano (aos 79 anos de idade) todas as formas de participação ou candidatura a funções públicas.<ref name=":0" /> |
A partir de 1827 candidatou-se a novos cargos públicos, porém sem os assumir: obteve o terceiro lugar na eleição para Juiz de Fato em 1827, foi eleito suplente do Conselho Geral de São Paulo em 1829 (desistindo desse cargo antes da posse) e não obteve votos para o cargo de Juiz de Fato em 1831, encerrando nesse ano (aos 79 anos de idade) todas as formas de participação ou candidatura a funções públicas.<ref name=":0" /> |
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== Os testemunhos do século XIX == |
== Os testemunhos do século XIX == |
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Vários autores do século XIX publicaram notícias sobre André da Silva Gomes em jornais da época (em alguns casos durante o seu período de vida), a maioria deles reunidos e estabelecidos por [[Paulo Castagna]].<ref name=":0" /> Os mais expressivos desses textos foram a ''Necrologia''<ref>[[iarchive:AndreDaSilvaGomesMemoriaEsquecimentoERestauracao|NECROLOGIA. ''Jornal do Commercio'', Rio de Janeiro, ano 19, n.177, p.3, coluna “Communicados”, 8 jul. 1844.]]</ref> de 1844 (possivelmente escrita pelo bispo [[Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade|Dom Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade]]), ''As músicas de André da Silva na Semana Santa da Catedral'',<ref name=":6">[[iarchive:AndreDaSilvaGomesMemoriaEsquecimentoERestauracao|AS MUSICAS de André da Silva na Semana Santa da Cathedral. ''Diario de S. Paulo'', São Paulo, ano 1, n.208, p.2, coluna “Publicações pedidas”, 18 abr. 1866; n.212, p.2, coluna “Publicações pedidas”, 22 abr. 1866; n.214, p.2, coluna “Publicações pedidas”, 22 abr. 1866.]]</ref> de 1866 (provavelmente escrito pelo organista Hermenegildo José de Jesus e Silva, pelo mestre de capela Antônio José de Almeida ou por ambos), e o texto ''André da Silva'',<ref>[[iarchive:AndreDaSilvaGomesMemoriaEsquecimentoERestauracao|GOMES CARDIM, João Pedro. André da Silva. ''A musica para todos: gazeta litteraria musical ilustrada'', São Paulo, ano 2, n.54, p.458-459, seção “Cathedral de S. Paulo: contribuições para a historia da musica no Brasil”, 1º nov. 1898.]]</ref> de 1898, escrito pelo mestre de capela João Pedro Gomes Cardim. |
Vários autores do século XIX publicaram notícias sobre André da Silva Gomes em jornais da época (em alguns casos durante o seu período de vida), a maioria deles reunidos e estabelecidos por [[Paulo Castagna]].<ref name=":0" /> Os mais expressivos desses textos foram a ''Necrologia''<ref>[[iarchive:AndreDaSilvaGomesMemoriaEsquecimentoERestauracao|NECROLOGIA. ''Jornal do Commercio'', Rio de Janeiro, ano 19, n.177, p.3, coluna “Communicados”, 8 jul. 1844.]]</ref> de 1844 (possivelmente escrita pelo bispo [[Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade|Dom Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade]]), ''As músicas de André da Silva na Semana Santa da Catedral'',<ref name=":6">[[iarchive:AndreDaSilvaGomesMemoriaEsquecimentoERestauracao|AS MUSICAS de André da Silva na Semana Santa da Cathedral. ''Diario de S. Paulo'', São Paulo, ano 1, n.208, p.2, coluna “Publicações pedidas”, 18 abr. 1866; n.212, p.2, coluna “Publicações pedidas”, 22 abr. 1866; n.214, p.2, coluna “Publicações pedidas”, 22 abr. 1866.]]</ref> de 1866 (provavelmente escrito pelo organista Hermenegildo José de Jesus e Silva, pelo mestre de capela Antônio José de Almeida ou por ambos), e o texto ''André da Silva'',<ref>[[iarchive:AndreDaSilvaGomesMemoriaEsquecimentoERestauracao|GOMES CARDIM, João Pedro. André da Silva. ''A musica para todos: gazeta litteraria musical ilustrada'', São Paulo, ano 2, n.54, p.458-459, seção “Cathedral de S. Paulo: contribuições para a historia da musica no Brasil”, 1º nov. 1898.]]</ref> de 1898, escrito pelo mestre de capela João Pedro Gomes Cardim. |
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[[Ficheiro:Benedito Calixto de Jesus - Largo dos Remédios, 1862, Acervo do Museu Paulista da USP.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Igreja dos Remédios em 1862, por Benedito Calixto de Jesus, templo |
[[Ficheiro:Benedito Calixto de Jesus - Largo dos Remédios, 1862, Acervo do Museu Paulista da USP.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Igreja dos Remédios em 1862, por [[Benedito Calixto|Benedito Calixto de Jesus]], templo no qual, por volta de 1860, foram depositados os restos mortais de André da Silva Gomes (anteriormente sepultado na catedral). Museu Paulista.]] |
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O autor da ''Necrologia'' apresenta os detalhes biográficos que mais circularam nesse período, porém é o único que apresentou a data de nascimento de André da Silva Gomes (30 de novembro de 1752). O(s) autor(es) do texto ''As músicas de André da Silva na Semana Santa da Catedral'' apresenta(m) várias informações exclusivas e desconhecidas nas publicações do século XX sobre André da Silva Gomes, entre elas seu estudo ao redor de 1770 sob a supervisão de [[José Joaquim dos Santos]], o fato de que, em Lisboa, "fizera-se organista da igreja dos Franciscanos", uma breve relação de suas obras literárias e musicais e uma apreciação de várias de suas |
O autor da ''Necrologia'' apresenta os detalhes biográficos que mais circularam nesse período, porém é o único que apresentou a data de nascimento de André da Silva Gomes (30 de novembro de 1752). O(s) autor(es) do texto ''As músicas de André da Silva na Semana Santa da Catedral'' apresenta(m) várias informações exclusivas e desconhecidas nas publicações do século XX sobre André da Silva Gomes, entre elas seu estudo ao redor de 1770 sob a supervisão de [[José Joaquim dos Santos]], o fato de que, em Lisboa, "fizera-se organista da igreja dos Franciscanos", uma breve relação de suas obras literárias e musicais e uma apreciação de várias de suas composições. O texto de João Pedro Gomes Cardim, por sua vez, também apresenta as informações biográficas básicas, porém informa que "O recolhimento de Santa Teresa em São Paulo também possui, como preciosa relíquia, composições do célebre maestro, que são aí constantemente executadas".<ref name=":0" /> |
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== Difusão de suas obras == |
== Difusão de suas obras == |
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[[Ficheiro:Benedito Calixto - Recolhimento de Santa Teresa.jpg|miniaturadaimagem|Recolhimento de Santa Teresa, por Benedito Calixto de Jesus (1853-1927).]] |
[[Ficheiro:Benedito Calixto - Recolhimento de Santa Teresa.jpg|miniaturadaimagem|Recolhimento de Santa Teresa, por [[Benedito Calixto|Benedito Calixto de Jesus]] (1853-1927). [[Museu de Arte Sacra de São Paulo]].]] |
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Desde 1774, a música produzida por André da Silva Gomes foi interpretada em cerimônias religiosas nas igrejas paulistanas, com destaque para a catedral, difundindo-se também para igrejas do interior da Província e Estado de São Paulo. As últimas notícias sobre a execução de suas obras em fase corrente, na Catedral e no Recolhimento de Santa Teresa de São Paulo foram publicadas em 1909 e, depois desse ano, sua música foi esquecida, em função das mudanças acarretadas pelo ''Motu Proprio'' de 1903 do [[Papa Pio X]].<ref name=":0" /> |
Desde 1774, a música produzida por André da Silva Gomes foi interpretada em cerimônias religiosas nas igrejas paulistanas, com destaque para a catedral, difundindo-se também para igrejas do interior da Província e Estado de São Paulo. As últimas notícias sobre a execução de suas obras em fase corrente, na Catedral e no Recolhimento de Santa Teresa de São Paulo foram publicadas em 1909 e, depois desse ano, sua música foi esquecida, em função das mudanças acarretadas pelo ''Motu Proprio'' de 1903 do [[Papa Pio X]].<ref name=":0" /> |
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Em 1930, o então mestre de capela da Catedral de São Paulo, Furio Franceschini, realizou |
Em 1930, o então mestre de capela da Catedral de São Paulo, Furio Franceschini, realizou uma apresentação na [[Paróquia Matriz Nossa Senhora da Conceição (Santa Ifigênia)|Igreja de Santa Ifigênia]], no qual incluiu o Hino ''Ave maris stella'' de André da Silva Gomes,<ref name=":8">[[iarchive:AndreDaSilvaGomesAveMarisStella|GOMES, André da Silva. ''Ave maris stella'' (Hino das Vésperas de Nossa Senhora); edição de Paulo Castagna. In: CASTAGNA, Paulo. André da Silva Gomes (1752-1844): memória, esquecimento e restauração. ''Revista Digital de Música Sacra Brasileira'', São Paulo, n.2, p.7-159, fev./abr. 2018.]]</ref> evento que marcou a primeira interpretação de uma de suas obra em forma de concerto.<ref name=":5" /> Na década de 1960 iniciou-se o processo de restauração de sua música, a partir dos trabalhos de Régis Duprat: em 30 de março de 1965, a Orquestra de Câmara de São Paulo (dirigida por [[Olivier Toni]]) realizou a primeira audição em concerto da ''Missa a 8 vozes e instrumentos'' e de mais duas peças corais. No ano seguinte, Duprat publicou a ''Missa a 8 vozes e instrumentos'', cantada na inauguração do [[Museu de Arte Sacra de São Paulo]] (no [[Mosteiro da Imaculada Conceição da Luz|Mosteiro da Luz]]), em 28 de junho de 1970.<ref name=":0" /> |
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== Arquivo == |
== Arquivo == |
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[[Ficheiro:Benedito Calixto - Largo da Sé em 1865 (MAS)-1.JPG|esquerda|miniaturadaimagem|Largo da Sé de São Paulo por Benedito Calixto |
[[Ficheiro:Benedito Calixto - Largo da Sé em 1865 (MAS)-1.JPG|esquerda|miniaturadaimagem|Largo da Sé de São Paulo por [[Benedito Calixto|Benedito Calixto de Jesus]] (1853-1927). [[Museu de Arte Sacra de São Paulo]].]] |
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Como a quase totalidade dos músicos que atuaram no Brasil nos séculos XVIII e XIX, o arquivo pessoal de André da Silva Gomes não foi preservado. São conhecidos apenas treslados de alguns documentos oficiais (batismo, passaporte, provisões) em arquivos institucionais portugueses e brasileiros, além de fontes musicais em acervos brasileiros, com destaque para o [[Arquivo da Arquidiocese de São Paulo|Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo]],<ref name=":5">[[iarchive:ASecaoDeMusicaDoArquivoDaCuriaMetropolitanaDeSaoPaulo|CASTAGNA, Paulo. A Seção de Música do Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo. ''Brasiliana'', Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Música, n.1, p.16-27, jan. 1999.]]</ref><ref name=":1" /> Arquivo Manuel José Gomes, do Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas, Acervo Curt Lange do Museu da Inconfidência de Ouro Preto e Arquivo Musical do [[Conservatório Dramático e Musical de São Paulo]] (ainda não aberto ao público).<ref name=":1" /> |
Como a quase totalidade dos músicos que atuaram no Brasil nos séculos XVIII e XIX, o arquivo pessoal de André da Silva Gomes não foi preservado. São conhecidos apenas treslados de alguns documentos oficiais (batismo, passaporte, provisões) em arquivos institucionais portugueses e brasileiros, além de fontes musicais em acervos brasileiros, com destaque para o [[Arquivo da Arquidiocese de São Paulo|Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo]],<ref name=":5">[[iarchive:ASecaoDeMusicaDoArquivoDaCuriaMetropolitanaDeSaoPaulo|CASTAGNA, Paulo. A Seção de Música do Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo. ''Brasiliana'', Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Música, n.1, p.16-27, jan. 1999.]]</ref><ref name=":1" /> Arquivo Manuel José Gomes, do Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas, Acervo Curt Lange do Museu da Inconfidência de Ouro Preto e Arquivo Musical do [[Conservatório Dramático e Musical de São Paulo]] (ainda não aberto ao público).<ref name=":1" /> |
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== Produção musical == |
== Produção musical == |
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Da produção musical de André da Silva Gomes chegaram-nos cerca de 130 composições, de acordo com o catálogo de Régis Duprat,<ref name=":1" /> e uma obra didática: o ''Tratado de Contraponto''.<ref>GOMES, André da Silva. ''Arte explicada de contraponto'': [transcrição] Régis Duprat, Edilson Vicente de Lima, Márcio Spartaco Landi, Paulo Augusto Soares. São Paulo: Arte & Ciência, 1998. 192p</ref> As fontes conhecidas de suas obras, todas elaboradas em São Paulo a partir de 1774, constam de [[antífona]]s, [[cântico]]s religiosos, [[Hino (canção)|hinos]], ladainhas, [[missa (música)|missas]], [[noturno (música)|noturnos]], ofertórios, ofícios fúnebres, ofícios da Semana Santa, [[salmos]] etc.<ref name=":1" /> |
Da produção musical de André da Silva Gomes chegaram-nos cerca de 130 composições, de acordo com o catálogo de Régis Duprat,<ref name=":1" /> e uma obra didática: o ''Tratado de Contraponto''.<ref>GOMES, André da Silva. ''Arte explicada de contraponto'': [transcrição] Régis Duprat, Edilson Vicente de Lima, Márcio Spartaco Landi, Paulo Augusto Soares. São Paulo: Arte & Ciência, 1998. 192p</ref><ref>LANDI, Márcio Spártaco. ''Lições de contraponto segundo a arte explicada de André da Silva Gomes''. São Paulo: ed. do autor, 2006. 282p.</ref> As fontes conhecidas de suas obras, todas elaboradas em São Paulo a partir de 1774, constam de [[antífona]]s, [[cântico]]s religiosos, [[Hino (canção)|hinos]], ladainhas, [[missa (música)|missas]], [[noturno (música)|noturnos]], ofertórios, ofícios fúnebres, ofícios da Semana Santa, [[salmos]] etc.<ref name=":1" /> |
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Entre as obras de grande porte estão a ''Missa a Cinco Vozes'' (final do século XVIII), dividida em |
Entre as obras de grande porte estão a ''Missa a Cinco Vozes'' (final do século XVIII), dividida em dez segmentos (três para o ''Kyrie'' e sete para o ''Gloria''), os ''Noturnos de Natal'' (nome alternativo das Matinas do Natal), com oito Responsórios, tripartidos em allegro, fugato'' e ''andante, a ''Missa em Dó'' (gravada em álbum com outras de suas composições, pelo Brasilessentia Grupo Vocal)<ref name=":7">DUPRAT, Régis. ''Música Sacra Paulista''. São Paulo: Arte Ciência, 1999. 308p.</ref> e a ''Missa Concertada para a Noite de Natal'' (Cotia, 1823), sua última composição conhecida, gravada no Festival de Juiz de Fora, sob a direção de Luís Otávio Santos.<ref>[[iarchive:MissaConcertadaParaANoiteDeNatal|GOMES, André da Silva. ''Missa Concertada para a Noite de Natal'' [Edição de Fernando Pereira Binder e Paulo Castagna]. In: XIII FESTIVAL Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora; Orquestra Barroca; regência de Luis Otávio Santos. Juiz de Fora: Centro Cultural Pró-Música, [2002], CD. Faixas 18-23.]]</ref> |
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André da Silva Gomes também produziu unidades funcionais avulsas de Matinas, Vésperas e Missas, dentre elas os 14 Ofertórios para vozes e órgão<ref name=":7" /><ref>[http://rbm.musica.ufrj.br/edicoes/rbm25-2/rbm25-2-05.pdf SOARES, Paulo Augusto; LIMA, Edilson Vicente de. Ofertórios: um microcosmo estilístico de André da Silva Gomes (1752-1844)''. Revista Brasileira de Música'', Rio de Janeiro, v. 25, n. 2, p. 335-342, jul./dez. 2012.]</ref><ref>[http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27157/tde-06032013-161515/pt-br.php SOARES, Eliel Almeida. A utilização de elementos e figuras de retórica nos ofertórios de André da Silva Gomes. Dissertação (Mestrado em Música) – Universidade de São Paulo. São Paulo, 2012. 461p.]</ref> e o Hino ''Ave maris stella'', a primeira composição desse autor apresentada em forma de concerto (em 1930) e primeira de suas obras disponibilizada para download.<ref name=":8" /><ref>[[scores:Ave_maris_stella_(Gomes,_André_da_Silva)|GOMES, André da Silva. ''Ave maris stella'' (Hino das Vésperas de Nossa Senhora); edição de Paulo Castagna. In: CASTAGNA, Paulo. André da Silva Gomes (1752-1844): memória, esquecimento e restauração. ''Revista Digital de Música Sacra Brasileira'', São Paulo, n.2, p.7-159, fev./abr. 2018.]]</ref> |
André da Silva Gomes também produziu unidades funcionais avulsas de Matinas, Vésperas e Missas, dentre elas os 14 Ofertórios para vozes e órgão<ref name=":7" /><ref>[http://rbm.musica.ufrj.br/edicoes/rbm25-2/rbm25-2-05.pdf SOARES, Paulo Augusto; LIMA, Edilson Vicente de. Ofertórios: um microcosmo estilístico de André da Silva Gomes (1752-1844)''. Revista Brasileira de Música'', Rio de Janeiro, v. 25, n. 2, p. 335-342, jul./dez. 2012.]</ref><ref>[http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27157/tde-06032013-161515/pt-br.php SOARES, Eliel Almeida. A utilização de elementos e figuras de retórica nos ofertórios de André da Silva Gomes. Dissertação (Mestrado em Música) – Universidade de São Paulo. São Paulo, 2012. 461p.]</ref> e o Hino ''Ave maris stella'', a primeira composição desse autor apresentada em forma de concerto (em 1930) e primeira de suas obras disponibilizada para download.<ref name=":8" /><ref>[[scores:Ave_maris_stella_(Gomes,_André_da_Silva)|GOMES, André da Silva. ''Ave maris stella'' (Hino das Vésperas de Nossa Senhora); edição de Paulo Castagna. In: CASTAGNA, Paulo. André da Silva Gomes (1752-1844): memória, esquecimento e restauração. ''Revista Digital de Música Sacra Brasileira'', São Paulo, n.2, p.7-159, fev./abr. 2018.]]</ref> |
Revisão das 23h35min de 29 de março de 2018
André da Silva Gomes | |
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Catedral de São Paulo em 1847, por Miguel Arcanjo Benício de Assunção Dutra - Miguelzinho Dutra (1812-1875) | |
Informação geral | |
Nome completo | André da Silva Gomes |
Também conhecido(a) como | André da Silva |
Nascimento | 30 de novembro de 1752 (271 anos) |
Local de nascimento | Lisboa Portugal |
País | Portugal, Brasil |
Morte | 16 de junho de 1844 (91 anos) |
Local de morte | São Paulo (cidade) |
Nacionalidade | Portugal |
Gênero(s) | música sacra |
Ocupação(ões) | mestre de capela, organista, compositor |
Progenitores | Mãe: Inácia Rosa Pai: Francisco da Silva Gomes |
Alma mater | Catedral Metropolitana de São Paulo |
Instrumento(s) | órgão |
Período em atividade | 1774-1823 |
Outras ocupações | mestre de gramática latina, político (representante da instrução pública) |
André da Silva Gomes (Lisboa, 30 de novembro de 1752 — São Paulo, 16 de junho de 1844) foi um organista e compositor sacro luso-brasileiro, radicado desde 1774 na cidade de São Paulo, onde atuou como organista e mestre de capela da catedral, compositor, mestre régio de latim e político (representante da instrução pública). Foi o músico mais influente em São Paulo durante de sua atividade na catedral (1774-1823)[1] e o mais antigo compositor ativo nessa cidade cujas obras foram preservadas (ainda que parcialmente).
Trajetória
Conforme Régis Duprat, André da Silva Gomes foi batizado em casa, em 15 de dezembro de 1752, por correr risco de vida.[2][3][4] De acordo com pesquisa de Paulo Castagna, André da Silva Gomes nasceu em 30 de novembro de 1752, recebendo seu primeiro nome por ser esse o dia de Santo André.[5] Estudou no curso de música da Sé Patriarcal de Lisboa, ao redor de 1770, nessa época dirigido pelo compositor José Joaquim dos Santos e, de acordo com uma notícia de 1866, "fizera-se organista da igreja dos Franciscanos",[6] quando foi convidado pelo bispo eleito de São Paulo, o franciscano Dom Manuel da Ressurreição, a assumir o posto de mestre de capela da Catedral de São Paulo.
Embarcando com o bispo entre outubro e novembro de 1773, na qualidade de membro de sua família, chegou ao Brasil em fins desse ano e assumiu oficialmente o cargo de mestre de capela em 19 de março de 1774, quando da entrada solene de Dom Manuel da Ressurreição na catedral de São Paulo.[5]
André da Silva Gomes teve como encargo reorganizar o coro e o repertório da catedral, para evitar o hibridismo entre a música sacra e a música operística, prática da qual o governador da capitania de São Paulo, Luís Antônio Botelho de Sousa Mourão (Morgado de Mateus), havia acusado o mestre de capela anterior, Antônio Manso da Mota.[4][5][7][8] Além da tendência de expurgo de sonoridades profanas da música sacra (principalmente originárias da ópera ou música teatral), estimulado pelo governador da capitania de São Paulo, mas provavelmente decorrente da Encíclica Annus qui hunc do Papa Bento XIV, André da Silva Gomes deparou-se, em São Paulo, com um ambiente urbano e uma catedral desprovida de recursos, contando, nessa igreja, quase somente com o organista Inácio Xavier de Carvalho.
Mesmo elevada a cidade em 1711, São Paulo prolongou sua condição de pobreza durante todo o século XVIII e primeira metade do século XIX. Por conta disso, André da Silva Gomes acumulou alguns cargos ao longo de sua carreira, como o de mestre régio de gramática latina, a partir de 1797. Tendo ingressado na carreira militar em 1789, André da Silva Gomes também dirigiu a corporação musical do quartel e alcançou a patente de tenente-coronel.
Não teve filhos do seu casamento, em 1775, com a viúva Maria Garcia de Jesus, mas criou uma enteada e adotou dezesseis crianças, dando-lhes apelido (sobrenome) de família e ensinando-lhes não só as primeiras letras mas também a música. Entre esses filhos adotivos destacaram-se, na área de música, Joaquim José da Silva e Antônio Garcia da Silva Gomes, o segundo dos quais, além de músico, tomou as ordens religiosas e tornando-se capelão da Sé, porém faleceu aos 19 anos de idade.[5]
Com a chegada de D. Pedro a São Paulo em 1822, regeu, na catedral, o Te Deum de sua autoria nos dias que precederam a declaração de Independência. De acordo com um texto de Eugênio Egas publicado em 1909, André da Silva Gomes teria adaptado às pressas, para um conjunto orquestral, o Hino da Independência de Pedro I, cantado durante as solenidades Casa da Ópera na noite do próprio dia 7 de setembro, porém tal escritor não apresentou as fontes de tais informações e nunca foram encontrados manuscritos musicais que comprovassem esse fato.[5]
André da Silva Gomes desligou-se do cargo de mestre de capela da catedral possivelmente em 1823 (já havia apresentado pedido de demissão em 1801, não aceito pelo bispo) ou, no máximo, antes de 1827, quando o mestre de capela da catedral já era Francisco de Paula Leite.[5] Aposentou-se da função de mestre de latim do Curso Jurídico em 1828. Faleceu com 91 anos e meio de idade, na cidade de São Paulo, tendo sido sepultado na catedral, mas em fins da década de 1850 ou inícios de 1860, seus restos mortais foram transferidos para a Igreja dos Remédios do antigo Largo de São Gonçalo (demolida em 1943), hoje Praça João Mendes.
Cargos Públicos
Além do cargo de mestre de capela, do qual demitiu-se provavelmente em 1823, André da Silva Gomes ocupou o cargo de mestre régio de gramática latina, de forma interina a partir de 1797 e provisionado a partir de 1801. Com essa função, ministrou aulas em sua própria casa, até aposentar-se, em 1828. Em seu último ano de atuação como mestre de latim, essa aula foi incorporada como disciplina preparatório do Curso Jurídico, criado em 1827.[1][2][2][3][4][5]
Por conta de sua função como mestre régio de gramática latina, foi aclamado deputado do Governo Provisório da Província de São Paulo em 1821, na qualidade de representante da instrução pública, tendo participado da quase totalidade das mais de 100 sessões, e assinado atas que tiveram papel fundamental no processo de Independência do Brasil. Em função das revoltas de 1822 iniciadas pelos absolutistas de São Paulo, que culminaram na "Bernarda de Francisco Inácio", André da Silva Gomes foi preso e condenado à deportação para Cotia, porém perdoado um mês depois, provavelmente antes de efetivar-se a deportação.[5]
A partir de 1827 candidatou-se a novos cargos públicos, porém sem os assumir: obteve o terceiro lugar na eleição para Juiz de Fato em 1827, foi eleito suplente do Conselho Geral de São Paulo em 1829 (desistindo desse cargo antes da posse) e não obteve votos para o cargo de Juiz de Fato em 1831, encerrando nesse ano (aos 79 anos de idade) todas as formas de participação ou candidatura a funções públicas.[5]
Os testemunhos do século XIX
Vários autores do século XIX publicaram notícias sobre André da Silva Gomes em jornais da época (em alguns casos durante o seu período de vida), a maioria deles reunidos e estabelecidos por Paulo Castagna.[5] Os mais expressivos desses textos foram a Necrologia[9] de 1844 (possivelmente escrita pelo bispo Dom Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade), As músicas de André da Silva na Semana Santa da Catedral,[6] de 1866 (provavelmente escrito pelo organista Hermenegildo José de Jesus e Silva, pelo mestre de capela Antônio José de Almeida ou por ambos), e o texto André da Silva,[10] de 1898, escrito pelo mestre de capela João Pedro Gomes Cardim.
O autor da Necrologia apresenta os detalhes biográficos que mais circularam nesse período, porém é o único que apresentou a data de nascimento de André da Silva Gomes (30 de novembro de 1752). O(s) autor(es) do texto As músicas de André da Silva na Semana Santa da Catedral apresenta(m) várias informações exclusivas e desconhecidas nas publicações do século XX sobre André da Silva Gomes, entre elas seu estudo ao redor de 1770 sob a supervisão de José Joaquim dos Santos, o fato de que, em Lisboa, "fizera-se organista da igreja dos Franciscanos", uma breve relação de suas obras literárias e musicais e uma apreciação de várias de suas composições. O texto de João Pedro Gomes Cardim, por sua vez, também apresenta as informações biográficas básicas, porém informa que "O recolhimento de Santa Teresa em São Paulo também possui, como preciosa relíquia, composições do célebre maestro, que são aí constantemente executadas".[5]
Difusão de suas obras
Desde 1774, a música produzida por André da Silva Gomes foi interpretada em cerimônias religiosas nas igrejas paulistanas, com destaque para a catedral, difundindo-se também para igrejas do interior da Província e Estado de São Paulo. As últimas notícias sobre a execução de suas obras em fase corrente, na Catedral e no Recolhimento de Santa Teresa de São Paulo foram publicadas em 1909 e, depois desse ano, sua música foi esquecida, em função das mudanças acarretadas pelo Motu Proprio de 1903 do Papa Pio X.[5]
Em 1930, o então mestre de capela da Catedral de São Paulo, Furio Franceschini, realizou uma apresentação na Igreja de Santa Ifigênia, no qual incluiu o Hino Ave maris stella de André da Silva Gomes,[11] evento que marcou a primeira interpretação de uma de suas obra em forma de concerto.[12] Na década de 1960 iniciou-se o processo de restauração de sua música, a partir dos trabalhos de Régis Duprat: em 30 de março de 1965, a Orquestra de Câmara de São Paulo (dirigida por Olivier Toni) realizou a primeira audição em concerto da Missa a 8 vozes e instrumentos e de mais duas peças corais. No ano seguinte, Duprat publicou a Missa a 8 vozes e instrumentos, cantada na inauguração do Museu de Arte Sacra de São Paulo (no Mosteiro da Luz), em 28 de junho de 1970.[5]
Arquivo
Como a quase totalidade dos músicos que atuaram no Brasil nos séculos XVIII e XIX, o arquivo pessoal de André da Silva Gomes não foi preservado. São conhecidos apenas treslados de alguns documentos oficiais (batismo, passaporte, provisões) em arquivos institucionais portugueses e brasileiros, além de fontes musicais em acervos brasileiros, com destaque para o Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo,[12][4] Arquivo Manuel José Gomes, do Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas, Acervo Curt Lange do Museu da Inconfidência de Ouro Preto e Arquivo Musical do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo (ainda não aberto ao público).[4]
Produção musical
Da produção musical de André da Silva Gomes chegaram-nos cerca de 130 composições, de acordo com o catálogo de Régis Duprat,[4] e uma obra didática: o Tratado de Contraponto.[13][14] As fontes conhecidas de suas obras, todas elaboradas em São Paulo a partir de 1774, constam de antífonas, cânticos religiosos, hinos, ladainhas, missas, noturnos, ofertórios, ofícios fúnebres, ofícios da Semana Santa, salmos etc.[4]
Entre as obras de grande porte estão a Missa a Cinco Vozes (final do século XVIII), dividida em dez segmentos (três para o Kyrie e sete para o Gloria), os Noturnos de Natal (nome alternativo das Matinas do Natal), com oito Responsórios, tripartidos em allegro, fugato e andante, a Missa em Dó (gravada em álbum com outras de suas composições, pelo Brasilessentia Grupo Vocal)[15] e a Missa Concertada para a Noite de Natal (Cotia, 1823), sua última composição conhecida, gravada no Festival de Juiz de Fora, sob a direção de Luís Otávio Santos.[16]
André da Silva Gomes também produziu unidades funcionais avulsas de Matinas, Vésperas e Missas, dentre elas os 14 Ofertórios para vozes e órgão[15][17][18] e o Hino Ave maris stella, a primeira composição desse autor apresentada em forma de concerto (em 1930) e primeira de suas obras disponibilizada para download.[11][19]
O índice das obras de André da Silva Gomes, com incipit latino e função cerimonial (ver abaixo) foi adaptado a partir do catálogo temático das obras desse compositor, por Régis Duprat (1995).[4]
Obras disponíveis para download
- «GOMES, André da Silva. Ave maris stella (Hino das Vésperas de Nossa Senhora) - Archive.org»
- «GOMES, André da Silva. Ave maris stella (Hino das Vésperas de Nossa Senhora) - IMSLP»
Obras gravadas
- «GOMES, André da Silva. Missa a 8 vozes e instrumentos; direção Luís Otávio Santos»
- «GOMES, André da Silva. Stabat Mater; Americantiga; direção Ricardo Bernardes»
- «MÚSICA do Brasil Colonial: André da Silva Gomes; direção Vítor Gabriel»
- «GOMES, André da Silva. Missa a cinco vozes, cordas e trompas; Americantiga; direção Ricardo Bernardes»
- «GOMES, André da Silva. Missa a 5 vozes e Noturnos; direção Vítor Gabriel»
- «GOMES, André da Silva. Missa a cinco vozes; direção Cláudio Santoro»
- «GOMES, André da Silva. Eia Mater; direção Ricardo Bernardes»
- «GOMES, André da Silva. Missa Concertada para a Noite de Natal (Cotia, 1823); direção Luís Otávio Santos»
Homenagens
- «Rua Coronel Silva Gomes (CEP 03029-020 - São Paulo SP)»
- «Conservatório Musical André da Silva Gomes (São Bernardo do Campo - SP)»
Ligações externas
- «André da Silva Gomes no IMSLP - International Music Score Library Project (Petrucci Music Library)»
- «André da Silva Gomes na Enciclopédia Itaú Cultural»
- «André da Silva Gomes no Musica Brasilis»
- «André da Silva Gomes no Centro de Investigação e Informação da Música Portuguesa»
Referências
- ↑ a b OLIVEIRA, Clóvis de. André da Silva Gomes (1752-1844) “O mestre de Capela da Sé de São Paulo”: Obra premiada no Concurso de História promovido pelo Departamento Municipal de Cultura, de São Paulo: em 1946. São Paulo: [ed. do autor], 1954. 58p.
- ↑ a b c DUPRAT, Régis. Música na matriz e sé de São Paulo colonial. Yearbook, University of Texas, Austin, n.11, p.8-68, [1975], 1977.
- ↑ a b DUPRAT, Régis. Músico de São Paulo no século XVIII. O Estado de S. Paulo: Suplemento Literário, São Paulo, ano 14, n.685 (OESP, ano 91, n.29.262), p.5, 29 ago. 1970.
- ↑ a b c d e f g h DUPRAT, Régis. Música na Sé de São Paulo colonial. São Paulo: Paulus, 1995. 231p.
- ↑ a b c d e f g h i j k l m CASTAGNA, Paulo. André da Silva Gomes (1752-1844): memória, esquecimento e restauração. Revista Digital de Música Sacra Brasileira, São Paulo, n.2, p.7-159, fev./abr. 2018.
- ↑ a b AS MUSICAS de André da Silva na Semana Santa da Cathedral. Diario de S. Paulo, São Paulo, ano 1, n.208, p.2, coluna “Publicações pedidas”, 18 abr. 1866; n.212, p.2, coluna “Publicações pedidas”, 22 abr. 1866; n.214, p.2, coluna “Publicações pedidas”, 22 abr. 1866.
- ↑ POLASTRE, Claudia Aparecida. A música na Cidade de São Paulo, 1765-1822. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2008. Tese (Doutorado em Ciências). 255p.
- ↑ SANTOS, Antônio Carlos dos. Músicas e conflitos no bispado de São Paulo (séculos XVIII e XIX). Marília: Universidade Estadual Paulista, 2017. Tese (Doutorado em Ciências Sociais). 169f.
- ↑ NECROLOGIA. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, ano 19, n.177, p.3, coluna “Communicados”, 8 jul. 1844.
- ↑ GOMES CARDIM, João Pedro. André da Silva. A musica para todos: gazeta litteraria musical ilustrada, São Paulo, ano 2, n.54, p.458-459, seção “Cathedral de S. Paulo: contribuições para a historia da musica no Brasil”, 1º nov. 1898.
- ↑ a b GOMES, André da Silva. Ave maris stella (Hino das Vésperas de Nossa Senhora); edição de Paulo Castagna. In: CASTAGNA, Paulo. André da Silva Gomes (1752-1844): memória, esquecimento e restauração. Revista Digital de Música Sacra Brasileira, São Paulo, n.2, p.7-159, fev./abr. 2018.
- ↑ a b CASTAGNA, Paulo. A Seção de Música do Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo. Brasiliana, Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Música, n.1, p.16-27, jan. 1999.
- ↑ GOMES, André da Silva. Arte explicada de contraponto: [transcrição] Régis Duprat, Edilson Vicente de Lima, Márcio Spartaco Landi, Paulo Augusto Soares. São Paulo: Arte & Ciência, 1998. 192p
- ↑ LANDI, Márcio Spártaco. Lições de contraponto segundo a arte explicada de André da Silva Gomes. São Paulo: ed. do autor, 2006. 282p.
- ↑ a b DUPRAT, Régis. Música Sacra Paulista. São Paulo: Arte Ciência, 1999. 308p.
- ↑ GOMES, André da Silva. Missa Concertada para a Noite de Natal [Edição de Fernando Pereira Binder e Paulo Castagna]. In: XIII FESTIVAL Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora; Orquestra Barroca; regência de Luis Otávio Santos. Juiz de Fora: Centro Cultural Pró-Música, [2002], CD. Faixas 18-23.
- ↑ SOARES, Paulo Augusto; LIMA, Edilson Vicente de. Ofertórios: um microcosmo estilístico de André da Silva Gomes (1752-1844). Revista Brasileira de Música, Rio de Janeiro, v. 25, n. 2, p. 335-342, jul./dez. 2012.
- ↑ SOARES, Eliel Almeida. A utilização de elementos e figuras de retórica nos ofertórios de André da Silva Gomes. Dissertação (Mestrado em Música) – Universidade de São Paulo. São Paulo, 2012. 461p.
- ↑ GOMES, André da Silva. Ave maris stella (Hino das Vésperas de Nossa Senhora); edição de Paulo Castagna. In: CASTAGNA, Paulo. André da Silva Gomes (1752-1844): memória, esquecimento e restauração. Revista Digital de Música Sacra Brasileira, São Paulo, n.2, p.7-159, fev./abr. 2018.
Índice de obras
Código | Incipit latino | Função cerimonial |
---|---|---|
A - Antífonas | ||
001 | Pueri hebræorum | Primeira Antífona da Distribuição dos Ramos de Domingo de Ramos |
002 | Regina Cæli lætare | Antífona de Nossa Senhora do Tempo Pascal |
B - Hinos | ||
003 | Ave Virgo gloriosa | Hino de Santa Bárbara |
004 | [Ave maris stella] Dei Mater Alma | Hino das Vésperas de Nossa Senhora (ver 092f e 093f) |
005 | In tua patientia | Hino de Santa Luzia |
006 | [Salutis humanæ Sator,] Jesu voluptas cordium | Hino das Vésperas da Ascenção de Nosso Senhor Jesus Cristo |
007 | [Veni Creator Spiritus] mentes tuorum | Hino para as Vésperas de Pentecostes |
008 | Pange lingua | Hino da Procissão de Transladação ou Reposição do Santíssimo Sacramento de Quinta-feira Santa |
009 | Pange lingua | Hino da Procissão de Transladação ou Reposição do Santíssimo Sacramento de Quinta-feira Santa |
010 | Crudelis Herodes... Regem Venire quid | Hino das Vésperas da Epifania |
011 | Tantum ergo | Hino da Exposição do Santíssimo Sacramento |
012 | Vexilla Regis prodeunt | Hino à Santa Cruz da Procissão ao Santíssimo Sacramento de Sexta-feira Santa |
C - Ladainha | ||
013 | Kyrie, eleison | Ladainha de Nossa Senhora |
D - Matinas | ||
014 | Venite adoremus Regem | Invitatório e Responsórios das Matinas da Assunção de Nossa Senhor |
015 | Summum Regem gloriæ | Invitatório e Responsórios das Matinas do Bom Jesus |
016 | Cujus non sum dignus | Invitatório e Responsórios das Matinas da Circuncisão |
017 | Laudemus Deum nostrum | Invitatório e Responsórios das Matinas da Conversão de São Paulo |
018 | Alleluia spiritus Domini | Invitatório e Responsórios das Matinas de Pentecostes |
019 | Christus natus est nobis | Invitatório e Responsórios das Matinas do Natal |
020 | Hodie nobis cælorum Rex | Responsórios das Matinas do Natal |
021 | Christus natus est nobis | Invitatório e Responsórios das Matinas do Natal |
022 | Laudemus Deum nostrum | Invitatório e Responsórios das Matinas da Conversão de São Paulo |
023 | Regem Apostolorum | Invitatório e Responsórios das Matinas de São Pedro |
E - Missas | ||
024 | Kyrie, eleison | Missa em Dó, para o Advento e a Quaresma (ver n.103) |
025 | Kyrie, eleison | Missa em Dó |
026 | Kyrie, eleison | Missa em Dó |
027 | Kyrie, eleison | Missa em Dó de capela |
028 | Kyrie, eleison | Missa em Dó de capela |
029 | Exaudi nos, Domine | Bênção das Cinzas e Missa de Quarta-feira de Cinzas (ver Ofertório em n.056) |
030 | Kyrie, eleison | Missa em Ré menor dos cônegos |
031 | Kyrie, eleison | Missa em Mi bemol a oito vozes |
032 | [Requiem æternam] Dona eis, Domine | Missa dos Funerais em Fá |
033 | Kyrie, eleison | Missa em Sol |
034 | Kyrie, eleison | Missa em Sol |
035 | Kyrie, eleison | Missa em Sol, do Natal |
036 | Kyrie, eleison | Missa em Sol, de Santo André |
037 | Requiem æternam | Missa dos Funerais em Sol menor |
038 | Kyrie, eleison | Missa em Lá |
039 | Kyrie, eleison | Missa em Si bemol |
040 | Kyrie, eleison | Missa em Si bemol |
F - Motetos | ||
041 | Hæc est voluntas Dei | Moteto para os Sermões do Jubileu de 1810 e para os Sermões das tardes da Quaresma |
042 | Beatissimæ Virginis | Moteto para a festa da Imaculada Conceição |
043 | O vos omnes | Moteto para o depósito da Imagem do Senhor dos Passos |
044 | Popule meus | Impropérios da Adoração da Cruz de Sexta-feira Santa |
045 | Te ergo | Moteto |
046a | Veri adoratores adorabunt Patrem | Moteto para o Primeiro Domingo da Quaresma |
046b | Beati mortui qui in Domino moriuntur | Moteto para o Segundo Domingo da Quaresma |
046c | Dum tempus habemus | Moteto para o Terceiro Domingo da Quaresma |
046d | Beatus qui intelligit | Moteto para o Quarto Domingo da Quaresma |
046e | Qui invidet nihil est | Moteto para o Quinto Domingo da Quaresma |
047a | Ecce panis angelorum | Primeiro Moteto para a Comunhão de Quinta-feira Santa |
047b | Ecce panis angelorum | Segundo Moteto para a Comunhão de Quinta-feira Santa |
047c | Dies enim solemnis | Terceiro Moteto para a Comunhão de Quinta-feira Santa |
047d | Quod in cœna Christus | Quarto Moteto para a Comunhão de Quinta-feira Santa |
047e | Bonæ pastor | Quinto Moteto para a Comunhão de Quinta-feira Santa |
048a | Quæretis me | Primeiro Moteto para os Sermões dos Domingos da Quaresma |
048b | Vigilate omni tempore | Segundo Moteto para os Sermões dos Domingos da Quaresma |
048c | Facite fructus | Terceiro Moteto para os Sermões dos Domingos da Quaresma |
048d | Si confiteamur | Quarto Moteto para os Sermões dos Domingos da Quaresma |
048e | Qui manducat | Quinto Moteto para os Sermões dos Domingos da Quaresma |
G - Ofertórios | ||
049 | Ad te Levavi | Ofertorio da Missa do Primeiro Domingo do Advento |
050 | Ascendit Deus | Ofertório da Missa da Ascenção do Senhor |
051 | Benedixisti, Domine | Ofertório da Missa do Terceiro Domingo do Advento |
052 | Confitebor Tibi, Domine... retribue servo tuo | Ofertório da Missa do Quinto Domingo da Quaresma (Primeiro Domingo da Paixão) |
053 | Confortamini et nolite timere | Ofertório da Missa do Quarto Domingo do Advento |
054 | Deus Tu convertens | Ofertório da Missa do Segundo Domingo do Advento |
055 | Domine Jesu Christe | Ofertório da Missa dos Funerais |
056 | Exaltabo Te, Domine | Ofertório da Missa de Quarta-feira de Cinzas (ver n.029) |
057 | Justitiæ Domini | Ofertório da Missa do Terceiro Domingo da Quaresma |
058 | Lætentur cœli | Ofertório da Missa de Natal |
059 | Laudate Dominum | Ofertório da Missa do Quarto Domingo da Quaresma |
060 | Meditabor in mandatis | Ofertório da Missa do Segundo Domingo da Quaresma |
061 | Mihi autem nimis | Ofertório da Missa da Conversão de São Paulo |
062 | Scapulis suis | Ofertório da Missa do Primeiro Domingo da Quaresma |
H - Salmos | ||
063 | Beati Omnes qui timet Dominum | Salmo 127 |
064 | Beatus vir qui timet | Salmo 111, para as Vésperas de Nossa Senhora (ver n.093c) |
065 | Beatus vir qui timet | Salmo 111, para as Vésperas de Nossa Senhora |
066 | Confitebor Tibi Domine... in consilio | Salmo 110 |
067 | Confitebor Tibi Domine... in consilio | Salmo 110 |
068 | Confitebor Tibi Domine... in consilio | Salmo 110 (ver n.093b) |
069 | Confitebor Tibi Domine... in consilio | Salmo 110 |
070 | Confitebor Tibi, Domine... quoniam audisti | Salmo 137 |
071 | Credidi propter quod | Salmo 115 |
072 | Declaratio sermonum | Salmo 118 |
073 | De Profundis | Salmo 129 |
074 | Dixit Dominus | Salmo 109 |
075 | Dixit Dominus | Salmo 109 (ver n.093a) |
076 | Dixit Dominus | Salmo 109 |
077 | Dixit Dominus | Salmo 109 |
078 | Domine probasti me | Salmo 138 |
079 | Exaltabo Te, Deus | Salmo 144 |
080 | In convertendo | Salmo 125, para as Vésperas de Terça-feira |
081 | Lauda Jerusalem | Salmo 147 |
082 | Laudate Dominum omnes gentes | Salmo 116 (ver n.093e) |
083 | Laudate Dominum omnes gentes | Salmo 116 |
084a | Laudate Dominum omnes gentes | Salmo 116 |
084b | Magnificat | Cântico de Nossa Senhora (ver n.090e e 092f) |
085 | Laudate pueri | Salmo 112 (ver n.093d) |
086 | Laudate pueri | Salmo 112 |
087 | Laudate pueri | Salmo 112 |
088 | Memento Domine David | Salmo 131 |
089 | Miserere mei, Deus | Salmo 50, das Laudes de Quinta-feira Santa |
090a | Lætatus sum | Salmo 121, das Vésperas de Terça-feira (ver n.092c) |
090b | Ad te levavi | Salmo 122, das Vésperas de Terça-feira |
090c | Nisi quia Dominus | Salmo 123, das Vésperas de Terça-feira |
090d | Qui confidunt in Domino | Salmo 124, das Vésperas de Terça-feira |
090e | In convertendo | Salmo 125, das Vésperas de Terça-feira (ver n.080) |
090f | Magnificat | Cântico de Nossa Senhora (ver n.084 e 092f) |
091a | Laudate pueri | Salmo 112, das Vésperas de Nossa Senhora |
091b | Lætatus sum | Salmo 121, das Vésperas de Nossa Senhora |
091c | Nisi Dominus | Salmo 126, das Vésperas de Nossa Senhora |
092a | Dixit Dominus | Salmo 109, das Vésperas de Nossa Senhora |
092b | Laudate pueri | Salmo 112, das Vésperas de Nossa Senhora |
092c | Lætatus sum | Salmo 121, das Vésperas de Nossa Senhora (ver n.090a) |
092d | Nisi Dominus | Salmo 126, das Vésperas de Nossa Senhora |
092e | Lauda Jerusalem | Salmo 147, das Vésperas de Nossa Senhora |
092f | [Ave maris stella] Dei Mater Alma | Hino das Vésperas de Nossa Senhora (ver n.004 e 093f) |
092g | Magnificat | Cântico de Nossa Senhora (ver n.084b e 090f) |
093a | Dixit Dominus | Salmo 109, de Vésperas de Nossa Senhora (ver n.075) |
093b | Confitebor Tibi Domine... in consilio | Salmo 110, de Vésperas de Nossa Senhora (ver n.068) |
093c | Beatus vir qui timet | Salmo 111, de Vésperas de Nossa Senhora (ver n.064) |
093d | Laudate pueri | Salmo 112, de Vésperas de Nossa Senhora (ver n.085) |
093e | Laudate Dominum omnes gentes | Salmo 116, de Vésperas de Nossa Senhora (ver n.082) |
093f | [Ave maris stella] Dei Mater Alma | Hino das Vésperas de Nossa Senhora (ver n.004 e 092f) |
093g | Magnificat | Cântico de Nossa Senhora (ver n.122) |
I - Semana Santa | ||
094 | Popule meus | Impropérios da Adoração da Cruz de Sexta-feira Santa |
095 | Domine, tu mihi lavas pedes? | Quinta Antífona do Lava-pés de Quinta-feira Santa |
096 | [Benedictus Dominus, Deus Israel] Quia visitavit | Cântico de Zacarias, das Laudes do Tríduo Pascal |
097 | [Benedictus Dominus, Deus Israel] Quia visitavit | Cântico de Zacarias, das Laudes do Tríduo Pascal |
098 | Christus factus est | Seqüência da Missa de Quinta-Feira Santa |
099 | De Lamentatione Jeremiæ Prophetæ | Primeira Lição das Matinas de Sexta-Feira Santa |
100 | Ex tractatu sancti Augustini | Quarta lição das Matinas de Sexta-feira Santa |
101 | De Epistola Beati Pauli Apostoli | Sétima Lição das Matinas de Sexta-Feira Santa |
102 | De Lamentatione Jeremiæ Prophetæ | Primeira Lição das Matinas do Sábado Santo |
103 | Cum audisset populus | Bênção, Procissão e Missa de Domingo de Ramos (Missa corresponde ao n.024) |
104 | Hosanna filio David | Bênção, Procissão e Missa de Domingo de Ramos |
105 | In Monte Oliveti | Responsórios das Matinas de Quinta-feira Santa |
106 | In monte Oliveti | Responsórios das Matinas de Quinta-feira Santa |
107 | Sicut ovis | Responsórios das Matinas de Sexta-Feira Santa |
108 | Astiterunt reges terræ / Omnes amici mei | Antífona e Responsórios das Matinas de Sexta-feira Santa |
109 | Omnes amici mei | Responsórios das Matinas de Sexta-feira Santa |
110 | Miserere mei et exaudi | Completas de Sábado Santo |
111 | Passio... Joannem / Jesum Nazarenum | Paixão e Bradados de Sexta-feira Santa |
112 | Passio... Matthæum / In illo tempore | Paixão de Domingo de Ramos |
113 | O redemptor, sume carmen | Procissão dos Santos Óleos |
114 | Heu! Heu! Domine! | Procissão do Enterro de Sexta-feira Santa |
J - Sequências | ||
115 | Dies iræ | Seqüência da Missa dos Funerais |
116 | Stabat Mater | Seqüência da Missa de Senhora das Dores |
117 | Veni sancte spiritus | Seqüência da Missa de Pentecostes |
118 | Victimæ paschali laudes | Seqüência da Missa do Domingo da Ressurreição |
L - Te Deum | ||
119 | [Te Deum Laudamus] Te Dominum confitemur | Hino de Ação de Graças |
120 | [Te Deum Laudamus] Te Dominum confitemur | Hino de Ação de Graças |
121 | [Te Deum Laudamus] Te Dominum confitemur | Hino de Ação de Graças |
M - Diversos | ||
122 | Magnificat | Cântico de Nossa Senhora |
123 | Magnificat | Cântico de Nossa Senhora |
124 | Clara lux | Moteto ao Pregador |
125 | Credo in unum Deum | Do Ordinário da Missa |
126 | Ó Virgem Formosa | Jaculatórias de Nossa Senhora do Monte Serrate |
127 | Laudamus te | Do Ordinário da Missa |
128 | O salutaris hostia | Noa para a Festa da Ascensão de Cristo |
129 | Christum Mariæ Filium venite | Novena de Nossa Senhora do Rosário |
130 | Regem cui omnia vivunt | Matinas de Finados |