Câncer: diferenças entre revisões

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{{PEPB|Cancro|Câncer}} é um grupo de [[doença]]s que envolvem o [[crescimento celular]] anormal, com potencial para invadir e se espalhar para outras partes do corpo.<ref name=WHO2014/><ref name=NCI2014>{{cite web|title=Defining Cancer|url=http://www.cancer.gov/cancertopics/cancerlibrary/what-is-cancer|website=National Cancer Institute|accessdate=10 June 2014}}</ref> Nem todos os [[tumor]]es são cancerosos; [[tumores benignos]] não se espalham para outras partes do corpo.<ref name=NCI2014/> Sinais e sintomas possíveis incluem: surgimento de uma massa cancerígena, sangramento anormal, tosse prolongada, perda de peso inexplicada, mudança nos movimentos intestinais, entre outros. [3] Enquanto estes sintomas podem indicar câncer, eles também podem ocorrer devido a outros problemas.<ref name=NHS2012>{{cite web|title=Cancer - Signs and symptoms|url=http://www.nhs.uk/Conditions/Cancer/Pages/Symptoms.aspx|website=NHS Choices|accessdate=10 de junho de 2014}}</ref> Há mais de 100 diferentes cânceres conhecidos que afetam os [[seres humanos]].<ref name=NCI2014/>
{{PEPB|Cancro|Câncer}}, é uma [[doença]] caracterizada por uma população de [[célula]]s que cresce e se [[divisão celular|divide]] sem respeitar os limites normais, invade e destrói tecidos adjacentes, e pode se espalhar para lugares distantes no corpo, através de um processo chamado [[metástase]]. Estas propriedades malignas do câncer o diferenciam dos [[tumor benigno|tumores benignos]], que são auto-limitados em seu crescimento e não invadem tecidos adjacentes (embora alguns tumores benignos sejam capazes de se tornarem malignos). O câncer pode afetar pessoas de todas as idades, mas o risco para a maioria dos tipos de câncer aumenta com o acréscimo da idade.<ref name="Cancer Research UK">{{Citar web | ultimo =Cancer Research UK|titulo =UK cancer incidence statistics by age|data=janeiro 2007 | url= http://info.cancerresearchuk.org/cancerstats/incidence/age/|accessdata =2007-06-25 }}</ref> O câncer causa cerca de 13% de todas as mortes no mundo, sendo os cânceres de [[Câncer de pulmão|pulmão]], [[Câncer de estômago|estômago]], [[Carcinoma hepatocelular|fígado]], [[Câncer colorretal|cólon]] e [[Câncer de mama|mama]] os que mais matam.<ref name="WHO">{{Citar web | ultimo =WHO|autorlink =World Health Organization|titulo =Cancer | obra= | publicado =World Health Organization |data= fevereiro 2006 | url =http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs297/en/|accessdata = 2007-06-25 }}</ref>


O uso do [[tabaco]] é a causa de cerca de 22% das mortes por câncer.<ref name=WHO2014>{{cite web|title=Cancer Fact sheet N°297|url=http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs297/en/|website=World Health Organization|accessdate=10 de junho de 2014|date=Fevereiro de 2014}}</ref> Outros 10% é devido à [[obesidade]], uma dieta pobre, [[Sedentarismo|falta de atividade física]] e consumo de [[Bebida alcoólica|álcool]].<ref name=WHO2014/><ref>{{cite web|title=Obesity and Cancer Risk|url=http://www.cancer.gov/about-cancer/causes-prevention/risk/obesity/obesity-fact-sheet#q3|website=National Cancer Institute|accessdate=4 de julho de 2015|date=3 de janeiro de 2012}}</ref> Outros fatores incluem certas infecções, exposição à [[radiação ionizante]] e poluentes ambientais.<ref name=Enviro2008>{{cite journal | author = Anand P, Kunnumakkara AB, Kunnumakara AB, Sundaram C, Harikumar KB, Tharakan ST, Lai OS, Sung B, Aggarwal BB | title = Cancer is a preventable disease that requires major lifestyle changes | journal = Pharm. Res. | volume = 25 | issue = 9 | pages = 2097–116 |date=Setembro de 2008 | pmid = 18626751 | pmc = 2515569 | doi = 10.1007/s11095-008-9661-9 }}</ref> No mundo [[Países em desenvolvimento|em desenvolvimento]], cerca de 20% dos cânceres surgem devido a infecções, tais como [[hepatite B]], [[hepatite C]] e [[vírus do papiloma humano]] (HPV).<ref name=WHO2014/> Estes fatores acuam, pelo menos parcialmente, na alteração dos [[gene]]s de uma [[célula]].<ref name=WCR2014Bio>{{cite book|title=World Cancer Report 2014.|date=2014|publisher=World Health Organization|isbn=9283204298|pages=Chapter 1.1}}</ref> Normalmente muitas dessas mudanças genéticas são necessárias antes que o câncer se desenvolva.<ref name=WCR2014Bio/> Cerca de 5-10% dos cânceres surgem por conta de defeitos genéticos hereditários.<ref name="ACS-heredity">{{cite web | publisher = [[American Cancer Society]] | title = Heredity and Cancer | accessdate = 22 de julho de 2013 | url = http://www.cancer.org/cancer/cancercauses/geneticsandcancer/heredity-and-cancer}}</ref> O câncer pode ser detectado por certos sinais e sintomas ou testes de rastreio.<ref name=WHO2014/> Em seguida, é tipicamente mais investigado por [[Imagiologia médica|imagens médicas]] e confirmado pela [[biópsia]].<ref>{{cite web|title=How is cancer diagnosed?|url=http://www.cancer.org/treatment/understandingyourdiagnosis/examsandtestdescriptions/testingbiopsyandcytologyspecimensforcancer/testing-biopsy-and-cytology-specimens-for-cancer-how-is-cancer-diagnosed|website=American Cancer Society|date=29 de janeiro de 2013|accessdate=10 de junho de 2014}}</ref>
Médicos do [[Egito antigo]] (3000 a.C.) registraram doenças que, dadas suas características, provavelmente podiam ser classificadas como câncer. [[Hipócrates]] ({{AC|377|x}}) também descreveu enfermidades que se assemelhavam aos cânceres de estômago, reto, mama, útero, pele e outros órgãos. Portanto, a presença do câncer na humanidade já é conhecida há milênios. No entanto, registros que designam a causa das mortes como câncer passaram a existir na Europa apenas a partir do {{séc|XVIII}}. Desde então, observou-se o aumento constante nas taxas de mortalidade por câncer, que parecem acentuar-se após o {{séc|XIX}}, com a chegada da industrialização.<ref name="Scielo">{{Citar web | ultimo =Scielo|autorlink =Scielo|titulo =Dieta e câncer: um enfoque epidemiológico|data= Oct./Dec. 2004| url =http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s1415-52732004000400009&script=sci_arttext| formato= | doi = | accessdata = 2010-11-18 }}</ref>


Muitos cânceres podem ser evitados ao evitar o hábito de fumar, manter um peso saudável, não beber muito álcool, comer muitos vegetais, [[fruta]]s e [[grão]]s integrais, ser [[vacina]]do contra certas doenças infecciosas, não comer muita [[carne vermelha]] processada e evitar demasiada exposição à [[luz solar]].<ref name=Kushi2012>{{cite journal |author=Kushi LH, Doyle C, McCullough M |title=American Cancer Society Guidelines on nutrition and physical activity for cancer prevention: reducing the risk of cancer with healthy food choices and physical activity |journal=CA Cancer J Clin |volume=62 |issue=1 |pages=30–67 |year=2012 |pmid=22237782 |doi=10.3322/caac.20140 |display-authors=etal}}</ref><ref>{{cite journal|last1=Parkin|first1=DM|last2=Boyd|first2=L|last3=Walker|first3=LC|title=16. The fraction of cancer attributable to lifestyle and environmental factors in the UK in 2010.|journal=British Journal of Cancer|date=6 December 2011|volume=105 Suppl 2|pages=S77-81|pmid=22158327|doi=10.1038/bjc.2011.489|pmc=3252065}}</ref> A detecção precoce através de [[mamografia]] é útil para o [[câncer do colo do útero]] e [[Câncer colorretal|colorretal]].<ref name=WCR2014Scr>{{cite book|title=World Cancer Report 2014.|date=2014|publisher=World Health Organization|isbn=9283204298|pages=Chapter 4.7}}</ref> Os benefícios do rastreio do câncer de mama são controversos.<ref name=WCR2014Scr/><ref name=Got2013>{{cite journal | author = Gøtzsche PC, Jørgensen KJ | title = Screening for breast cancer with mammography. | journal = The Cochrane database of systematic reviews | volume = 6 | pages = CD001877 | date = 4 Jun 2013 | pmid = 23737396 | doi = 10.1002/14651858.CD001877.pub5 }}</ref> O câncer é frequentemente tratado com uma combinação de [[radioterapia]], [[cirurgia]], [[quimioterapia]] e terapia dirigida.<ref name=WHO2014/><ref>{{cite web|title=Targeted Cancer Therapies|url=http://www.cancer.gov/cancertopics/factsheet/Therapy/targeted|website=NCI|accessdate=11 de junho de 2014|date=25 de abril de 2014}}</ref> A gestão da dor e dos sintomas são uma parte importante do tratamento. Os cuidados paliativos são particularmente importantes para os doentes com com cânceres em estágio avançado.<ref name=WHO2014/> A chance de sobrevivência depende do tipo de câncer e da extensão da doença no início do tratamento.<ref name="WCR2014Bio"/> Em crianças menores de 15 anos no momento do diagnóstico a taxa de sobrevivência de cinco anos no [[mundo desenvolvido]] é, em média, de 80%.<ref name=WCR2014Peads>{{cite book|title=World Cancer Report 2014.|date=2014|publisher=World Health Organization|isbn=9283204298|pages=Chapter 1.3}}</ref> Nos Estados Unidos a taxa média de sobrevivência de cinco anos é de 66%.<ref>{{cite web|title=SEER Stat Fact Sheets: All Cancer Sites|url=http://seer.cancer.gov/statfacts/html/all.html|website=National Cancer Institute|accessdate=18 de junho de 2014}}</ref>
Quase todos os cânceres são causados por anomalias no [[genoma|material genético]] de células transformadas. Estas anomalias podem ser resultado dos efeitos de [[carcinógeno]]s, como o [[tabagismo]], [[radiação]], [[substâncias químicas]] ou [[patógeno|agentes infecciosos]]. Outros tipos de anormalidades genéticas podem ser adquiridas através de erros na [[replicação do DNA]], ou são [[desordem genética|herdadas]], e conseqüentemente presente em todas as células ao nascimento. As interações complexas entre carcinógenos e o genoma hospedeiro podem explicar porque somente alguns desenvolvem câncer após a exposição a um carcinógeno conhecido. Novos aspectos da genética da patogênese do câncer, como a [[metilação do DNA]] e os [[microRNA]]s estão cada vez mais sendo reconhecidos como importantes para o processo.


Em 2012, cerca de 14,1 milhões de novos casos de câncer ocorreram globalmente (excluindo [[câncer de pele]] que não seja [[melanoma]]).<ref name="WCR2014Bio"/> A doença causou cerca de 8,2 milhões de mortes, ou 14,6% de todas as mortes humanas.<ref name="WCR2014Bio"/><ref>{{cite web|title=The top 10 causes of death Fact sheet N°310|url=http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs310/en/|website=WHO|accessdate=10 de junho de 2014|date=Maio de 2014}}</ref> Os tipos mais comuns de câncer nos homens são de [[Câncer de pulmão|pulmão]], [[Câncer de próstata|próstata]], [[Câncer colorretal|colorretal]] e de [[Câncer de estômago|estômago]]. Nas mulheres, os tipos mais comuns são o [[câncer de mama]], colorretal, pulmão e [[câncer cervical|cervical]].<ref name="WCR2014Bio"/> Se o câncer de pele que não for melanoma for incluído no total de novos casos anuais representaria cerca de 40% dos registros da doença.<ref>{{cite journal|last1=Dubas|first1=LE|last2=Ingraffea|first2=A|title=Nonmelanoma skin cancer.|journal=Facial plastic surgery clinics of North America|date=Feb 2013|volume=21|issue=1|pages=43–53|pmid=23369588|doi=10.1016/j.fsc.2012.10.003}}</ref><ref name=Cak2012>{{cite journal|last1=Cakir|first1=BÖ|last2=Adamson|first2=P|last3=Cingi|first3=C|title=Epidemiology and economic burden of nonmelanoma skin cancer.|journal=Facial plastic surgery clinics of North America|date=Nov 2012|volume=20|issue=4|pages=419–22|pmid=23084294|doi=10.1016/j.fsc.2012.07.004}}</ref> Em crianças, [[leucemia linfoide aguda]] e [[tumores cerebrais]] agudos são os mais comuns, exceto na [[África]], onde o [[linfoma não Hodgkin]] ocorre com mais frequência.<ref name=WCR2014Peads/> Em 2012, cerca de 165 mil crianças com menos de 15 anos de idade foram diagnosticadas com câncer. O risco de câncer aumenta significativamente com a idade e muitos cânceres ocorrem mais comumente em [[países desenvolvidos]].<ref name="WCR2014Bio"/> As taxas estão a aumentar à medida que mais pessoas vivem até uma idade avançada e com as mudanças de [[estilo de vida]] que ocorrem no mundo em desenvolvimento.<ref name=Epi11>{{cite journal | author = Jemal A, Bray, F, Center, MM, Ferlay, J, Ward, E, Forman, D | title = Global cancer statistics | journal = CA: a cancer journal for clinicians | volume = 61 | issue = 2 | pages = 69–90 |date=February 2011 | pmid = 21296855 | doi = 10.3322/caac.20107 }}</ref> Os custos financeiros do câncer foram estimados 1,16 trilhão de dólares por ano em 2010.<ref name="WCR2014Eco">{{cite book|title=World Cancer Report 2014.|date=2014|publisher=World Health Organization|isbn=9283204298|pages=Chapter 6.7}}</ref>
As anomalias genéticas encontradas no câncer afetam tipicamente duas classes gerais de genes. Os genes promotores de câncer, [[oncogene]]s, estão geralmente ativados nas células cancerígenas, fornecendo a estas células novas propriedades, como o crescimento e divisão hiperativa, proteção contra [[apoptose|morte celular programada]], perda do respeito aos limites teciduais normais e a habilidade de se tornarem estáveis em diversos ambientes teciduais. Os [[gene supressor de tumor|genes supressores de tumor]] estão geralmente inativados nas células cancerígenas, resultando na perda das funções normais destas células, como uma replicação de DNA acurada, controle sobre o [[ciclo celular]], orientação e aderência nos tecidos e interação com as células protetoras do [[sistema imune]].

O câncer é geralmente classificado de acordo com o tecido de qual as células cancerígenas se originaram, assim como o tipo normal de célula com que mais se parecem. Um diagnóstico definitivo geralmente requer examinação [[histologia|histológica]] da [[biópsia]] do tecido por um [[anatomia patológica|patologista]], embora as indicações iniciais da malignidade podem ser os [[sintoma]]s ou anormalidades nas imagens [[radiografia|radiográficas]]. A maioria pode ser tratada e alguns curados, dependendo do tipo específico, localização e [[estadiamento]]. Uma vez diagnosticado, o câncer geralmente é tratado com uma combinação de [[cirurgia]], [[quimioterapia]] e [[radioterapia]]. Com o desenvolvimento das pesquisas, os tratamentos estão se tornando cada vez mais específicos para as diferentes variedades do câncer. Ultimamente tem havido um progresso significativo no desenvolvimento de medicamentos de terapia específica que agem especificamente em anomalias moleculares detectáveis em certos tumores, minimizando o dano às células normais. O prognóstico para os pacientes com câncer é muito influenciado pelo tipo de câncer, assim como o estadiamento, a extensão da doença. Além disso, a [[graduação (tumores)|graduação]] histológica e a presença de marcadores moleculares específicos podem também ser úteis em estabelecer o prognóstico, assim como em determinar tratamentos personalizados.


== Etimologia ==
== Etimologia ==
A palavra "Câncer" é oriunda do [[latim]] ''cancer'', "[[caranguejo]]"<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.332</ref>. É uma referência à proliferação de células cancerosas no organismo (metástase), que se espalham pelo corpo como as patas e pinças do caranguejo se irradiam do seu [[cefalotórax]]. "Cancro" é oriundo do latim ''cancru''<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.333</ref>.
A palavra "Câncer" é oriunda do [[latim]] ''cancer'', "[[caranguejo]]"<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.332</ref>. É uma referência à proliferação de células cancerosas no organismo (metástase), que se espalham pelo corpo como as patas e pinças do caranguejo se irradiam do seu [[cefalotórax]]. "Cancro" é oriundo do latim ''cancru''<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.333</ref>.


== Classificação ==
== Sinais e sintomas ==
[[Imagem:Symptoms of cancer metastasis.svg|thumb|Sintomas da [[metástase]] do câncer a depender do local do [[tumor]] {{en}}]]
Quando o câncer começa, invariavelmente, não produz sintomas. Sinais e sintomas só aparecem quando a massa cancerígena continua a crescer ou forma [[úlcera]]s. As conclusões que resultam da doença dependem do tipo e localização do câncer. Alguns sintomas são específicos, sendo que muitos deles também ocorrem com frequência em indivíduos que têm outras patologias. O câncer é o novo "grande imitador". Assim, não é incomum que pessoas diagnosticadas com câncer tenham sido tratadas antes para outras doenças, que foram assumidas como as causas de seus sintomas.<ref name=Card10>Holland Chp. 1</ref>

=== Efeitos locais ===

Os sintomas locais podem ocorrer devido à massa do tumor ou a sua [[ulceração]]. Por exemplo, efeitos de massa cancerígena no [[pulmão]] podem causar obstrução do [[brônquio]] resultando em [[tosse]] ou [[pneumonia]]; [[câncer de esôfago]] pode causar o estreitamento do [[esôfago]], o que torna o ato de engolir difícil ou doloroso; e [[câncer colorretal]] pode levar ao estreitamento ou ao bloqueio do [[intestino]], resultando em alterações nos hábitos intestinais. Massas em seios ou testículos podem ser facilmente sentidas. A ulceração pode causar [[hemorragia]] que, se ocorrer no pulmão, conduzirá a tossir sangue, nas entranhas levará à anemia ou ao sangramento retal, na bexiga ao sangue na [[urina]] e no útero a uma hemorragia vaginal. Embora dores localizadas possam ocorrer em câncer em estágios avançados, o inchaço inicial é geralmente indolor. Alguns tipos de câncer podem causar um acúmulo de líquido dentro do peito ou no [[abdômen]].<ref name=Card10/>
=== Sintomas sistêmicos ===

Os sintomas gerais ocorrer devido a efeitos distantes do câncer que não estão relacionados a a propagação metastática. Estes podem incluir: perda involuntária de peso, febre, cansaço excessivo e alterações na pele.<ref>{{cite book|last=O'Dell|first=edited by Michael D. Stubblefield, Michael W.|title=Cancer rehabilitation principles and practice|year=2009|publisher=Demos Medical|location=New York|isbn=978-1-933864-33-4|page=983|url=https://books.google.com/books?id=_JaPlNYgXkEC&pg=PT983}}</ref> A [[doença de Hodgkin]], [[leucemia]]s e [[câncer de fígado]] ou [[Câncer de rim|rins]] podem causar uma [[febre]] persistente de origem desconhecida.<ref name=Card10/>

Alguns tipos de câncer podem causar grupos específicos de sintomas sistêmicos, denominado fenômenos para-neoplásicos. Exemplos incluem o aparecimento de [[miastenia grave]] em [[timoma]] e [[hipocratismo digital]] em [[câncer de pulmão]].<ref name=Card10/>

=== Metástase ===
{{Artigo principal|Metástase}}

O câncer pode se espalhar a partir do seu local original de propagação através da disseminação linfática para os [[linfonodo]]s regionais ou pelo sangue para locais distantes, processo conhecido como [[metástase]]. Quando o câncer se espalha por uma rota sanguínea, normalmente se espalha por todo o corpo. No entanto, "sementes" de câncer crescem em determinado locais selecionados. Os sintomas de cânceres metastáticos dependem da localização do tumor e podem incluir [[linfadenopatia]], [[hepatomegalia]] ou [[esplenomegalia]], dor ou fratura dos [[osso]]s afetados e sintomas neurológicos.<ref name=Card10/>

== Causas ==
{{Artigo principal|Carcinogênese}}

A grande maioria dos cânceres, cerca de 90-95% dos casos, são devido a fatores ambientais. Os 5-10% restantes são devido a genética herdada.<ref name="Enviro2008" /> O "ambiente", como usado pelos pesquisadores de câncer, significa qualquer causa que não é herdada geneticamente, tais como [[estilo de vida]], nível econômico e fatores comportamentais, e não apenas a [[poluição]].<ref name="isbn0-387-78192-7">{{cite book | author = Kravchenko J, Akushevich I, Manton, KG | title = Cancer mortality and morbidity patterns in the U. S. population: an interdisciplinary approach | publisher = Springer | location = Berlin | year = 2009 | pages = | isbn = 0-387-78192-7 }}</ref> Entre os fatores ambientais que contribuem para a morte por câncer estão o [[tabagismo]] (25-30%), [[dieta]] pobre e [[obesidade]] (30-35%), [[infecções]] (15-20%), [[radiação]] (tanto ionizante e não ionizante, até 10%), [[estresse]], [[sedentarismo]] e poluentes ambientais.<ref name="Enviro2008" />

É quase impossível provar o que causou um câncer em qualquer indivíduo, porque a maioria dos cânceres têm várias causas possíveis. Por exemplo, se uma pessoa que usa tabaco fortemente desenvolve câncer de pulmão, então ele provavelmente foi causado pelo uso do tabaco, mas visto que todo mundo tem uma pequena chance de desenvolver câncer de pulmão, como resultado da poluição do ar ou da radiação, há uma pequena chance que o câncer possa ter se desenvolvido por conta da poluição do ar ou da radiação. Aceitando as transmissões raras que ocorrem com [[gestações]] e em apenas alguns [[doadores de órgãos]], o câncer não é geralmente uma [[doença transmissível]].<ref name=Tolar>{{cite journal | author = Tolar J, Neglia JP | title = Transplacental and other routes of cancer transmission between individuals | journal = J. Pediatr. Hematol. Oncol. | volume = 25 | issue = 6 | pages = 430–4 |date=June 2003 | pmid = 12794519 | doi = 10.1097/00043426-200306000-00002 }}</ref>

=== Produtos químicos ===
{{Artigo principal|Tabagismo e saúde}}
[[Imagem:Cancer_smoking_lung_cancer_correlation_from_NIH.svg|thumb|A incidência de câncer de pulmão é altamente correlacionada com o [[tabagismo]]]]
A exposição a determinadas substâncias têm sido associada a tipos específicos de câncer. Estas substâncias são chamadas de [[cancerígena]]s. O [[tabagismo]], por exemplo, causa 90% dos casos de câncer de pulmão.<ref name="pmid9594919">{{cite journal | author = Biesalski HK, Bueno de Mesquita B, Chesson A, Chytil F, Grimble R, Hermus RJ, Köhrle J, Lotan R, Norpoth K, Pastorino U, Thurnham D | title = European Consensus Statement on Lung Cancer: risk factors and prevention. Lung Cancer Panel | journal = CA Cancer J Clin | volume = 48 | issue = 3 | pages = 167–76; discussion 164–6 | year = 1998 | pmid = 9594919 | doi = 10.3322/canjclin.48.3.167 }}</ref> Ele também causa [[câncer de laringe]], cabeça, [[Câncer de pescoço|pescoço]], [[Câncer de estômago|estômago]], [[Câncer de bexiga|bexiga]], [[Câncer de rim|rins]], [[Câncer de esôfago|esôfago]] e [[Câncer de pâncreas|pâncreas]].<ref name="pmid12270001">{{cite journal | author = Kuper H, Boffetta P, Adami HO | title = Tobacco use and cancer causation: association by tumour type | journal = Journal of Internal Medicine | volume = 252 | issue = 3 | pages = 206–24 |date=Setembro de 2002 | pmid = 12270001 | doi = 10.1046/j.1365-2796.2002.01022.x }}</ref> O fumo de [[tabaco]] contém mais de cinquenta agentes cancerígenos conhecidos, incluindo [[nitrosamina]]s e [[hidrocarboneto]]s aromáticos policíclicos.<ref name="Kuper" /> O tabaco é responsável por cerca de uma em cada três mortes por câncer no [[mundo desenvolvido]]<ref name="Sasco">{{cite journal | author = Sasco AJ, Secretan MB, Straif K | title = Tobacco smoking and cancer: a brief review of recent epidemiological evidence | journal = Lung Cancer | volume = 45 Suppl 2 | issue = | pages = S3–9 |date=August 2004 | pmid = 15552776 | doi = 10.1016/j.lungcan.2004.07.998 }}</ref> e cerca de um em cada cinco em todo o mundo.<ref name="Kuper">{{cite journal | author = Kuper H, Adami HO, Boffetta P | title = Tobacco use, cancer causation and public health impact | journal = Journal of Internal Medicine | volume = 251 | issue = 6 | pages = 455–66 |date=June 2002 | pmid = 12028500 | doi = 10.1046/j.1365-2796.2002.00993.x }}</ref> As taxas de mortalidade por pulmão nos [[Estados Unidos]] têm espelhado padrões, com aumentos de fumantes seguidos por aumentos dramáticos nas taxas de mortalidade por câncer de pulmão e, mais recentemente, diminuição nas taxas de tabagismo desde a década de 1950, seguido por decréscimos nas taxas de mortalidade por câncer de pulmão em homens desde 1990.<ref name="pmid16998161">{{cite journal | author = Thun MJ, Jemal A | title = How much of the decrease in cancer death rates in the United States is attributable to reductions in tobacco smoking? | journal = Tob Control | volume = 15 | issue = 5 | pages = 345–7 |date=October 2006 | pmid = 16998161 | pmc = 2563648 | doi = 10.1136/tc.2006.017749 }}</ref><ref name="pmid18434333">{{cite journal | author = Dubey S, Powell CA | title = Update in lung cancer 2007 | journal = Am. J. Respir. Crit. Care Med. | volume = 177 | issue = 9 | pages = 941–6 |date=May 2008 | pmid = 18434333 | pmc = 2720127 | doi = 10.1164/rccm.200801-107UP }}</ref>

Na [[Europa Ocidental]], 10% dos cânceres em homens e 3% de todos os cânceres em mulheres são atribuídos à exposição ao álcool, especialmente em casos de [[câncer do fígado]] e do trato digestivo.<ref name="pmid21474525">{{cite journal | author = Schütze M, Boeing H, Pischon T, Rehm J, Kehoe T, Gmel G, Olsen A, Tjønneland AM, Dahm CC, Overvad K, Clavel-Chapelon F, Boutron-Ruault MC, Trichopoulou A, Benetou V, Zylis D, Kaaks R, Rohrmann S, Palli D, Berrino F, Tumino R, Vineis P, Rodríguez L, Agudo A, Sánchez MJ, Dorronsoro M, Chirlaque MD, Barricarte A, Peeters PH, van Gils CH, Khaw KT, Wareham N, Allen NE, Key TJ, Boffetta P, Slimani N, Jenab M, Romaguera D, Wark PA, Riboli E, Bergmann MM | title = Alcohol attributable burden of incidence of cancer in eight European countries based on results from prospective cohort study | journal = BMJ | volume = 342 | issue = | pages = d1584 | year = 2011 | pmid = 21474525 | pmc = 3072472 | doi = 10.1136/bmj.d1584 }}</ref> Acredita-se que o câncer relacionado a exposições de substâncias no local de trabalho possa representar entre 2-20% de todos os casos.<ref name="pmid18055160">{{cite journal | author = Irigaray P, Newby JA, Clapp R, Hardell L, Howard V, Montagnier L, Epstein S, Belpomme D | title = Lifestyle-related factors and environmental agents causing cancer: an overview | journal = Biomed. Pharmacother. | volume = 61 | issue = 10 | pages = 640–58 |date=Dezembro de 2007 | pmid = 18055160 | doi = 10.1016/j.biopha.2007.10.006 }}</ref> Todos os anos, pelo menos 200 mil pessoas morrem de câncer no mundo em casos relacionados a seus locais de trabalho.<ref name="pmid18055160">{{cite journal | author = Irigaray P, Newby JA, Clapp R, Hardell L, Howard V, Montagnier L, Epstein S, Belpomme D | title = Lifestyle-related factors and environmental agents causing cancer: an overview | journal = Biomed. Pharmacother. | volume = 61 | issue = 10 | pages = 640–58 |date=Dezembro de 2007 | pmid = 18055160 | doi = 10.1016/j.biopha.2007.10.006 }}</ref> Milhões de trabalhadores correm o risco de de desenvolver a doença, como o [[câncer de pulmão]] e [[mesotelioma]] por inalação do fumo do tabaco ou de fibras de [[amianto]] no trabalho, ou [[leucemia]] por exposição ao [[benzeno]].<ref name=WHO_occup/>

=== Dieta e sedentarismo ===
{{Artigo principal|Alimentação e câncer}}
[[Imagem:Make_healthy_choices_poster.jpg|thumb|Propaganda de 1987 do [[National Cancer Institute]] sobre a importância de uma alimentação saudável]]
Dieta ruim, [[sedentarismo]] e [[obesidade]] estão relacionados com até 30-35% de mortes por câncer.<ref name=Enviro2008/><ref name=Nutri06>{{cite journal | author = Kushi LH, Byers T, Doyle C, Bandera EV, McCullough M, McTiernan A, Gansler T, Andrews KS, Thun MJ | title = American Cancer Society Guidelines on Nutrition and Physical Activity for cancer prevention: reducing the risk of cancer with healthy food choices and physical activity | journal = CA Cancer J Clin | volume = 56 | issue = 5 | pages = 254–81; quiz 313–4 | year = 2006 | pmid = 17005596 | doi = 10.3322/canjclin.56.5.254 }}</ref> O excesso de peso corporal Estados Unidos está associado com o desenvolvimento de muitos tipos de câncer e é um fator relevante em 14-20% de todas as mortes por câncer.<ref name=Nutri06/> Do mesmo modo, um estudo do [[Reino Unido]], incluindo dados de mais de 5 milhões de pessoas, apresentou que um maior [[índice de massa corporal]] esta relacionado a pelo menos dez tipos de câncer e é responsável por cerca de 12 mil casos anuais da doença no país.<ref name=BhaskaranLancet>{{cite journal|last1=Bhaskaran|first1=K|title=Body mass index and risk of 22 specific cancers|journal=Lancet|date=2014|volume=384|issue=9945|pages=755–765|doi=10.1016/S0140-6736(14)60892-8|pmid=25129328}}</ref> Acredita-se que o sedentarismo possa contribuir para o risco de câncer, não só através do seu efeito sobre o peso corporal, mas também através de efeitos negativos sobre o [[sistema endócrino]] e [[sistema imunológico|imunológico]]. Mais da metade do efeito da dieta é devido a supernutrição (comer demais), em vez de comer muito poucos legumes ou outros alimentos saudáveis.<ref name=Nutri06/>

Alguns alimentos específicos estão ligados a cânceres específicos. Uma dieta rica em sal está ligada ao [[câncer gástrico]]. A aflatoxina B1, que frequentemente contamina alimentos, provoca o [[câncer de fígado]]. A mastigação de [[noz de areca]] provoca [[câncer oral]].<ref name="pmid18990005">{{cite journal | author = Park S, Bae J, Nam BH, Yoo KY | title = Aetiology of cancer in Asia | journal = Asian Pac. J. Cancer Prev. | volume = 9 | issue = 3 | pages = 371–80 | year = 2008 | pmid = 18990005 | doi = | url = http://www.apocpcontrol.org/page/popup_paper_file_view.php?pno=MzcxIFBhcmsucCZrY29kZT04MjI=&pgubun=i | format = PDF }}</ref> As diferenças de práticas alimentares podem explicar em parte as diferenças de incidência de câncer em diferentes países. Por exemplo, o câncer gástrico é mais comum no [[Japão]], devido à sua dieta de alto teor salino,<ref name="pmid19107449">{{cite journal | author = Brenner H, Rothenbacher D, Arndt V | title = Epidemiology of stomach cancer | journal = Methods Mol. Biol. | volume = 472 | issue = | pages = 467–77 | year = 2009 | pmid = 19107449 | doi = 10.1007/978-1-60327-492-0_23 | series = Methods in Molecular Biology | isbn = 978-1-60327-491-3 }}</ref> enquanto o [[câncer de cólon]] é mais comum nos [[Estados Unidos]]. [[Imigrante]]s também desenvolvem maior risco em seu novo país, muitas vezes dentro de uma geração, sugerindo um vínculo substancial entre dieta e câncer.<ref name="pmid14278899">{{cite journal | author = Buell P, Dunn JE | title = Cancer mortality among Japanese Issei and Nisei of California | journal = Cancer | volume = 18 | issue = 5 | pages = 656–64 |date=May 1965 | pmid = 14278899 | doi = 10.1002/1097-0142(196505)18:5<656::AID-CNCR2820180515>3.0.CO;2-3 }}</ref>

=== Infecção ===
[[Imagem:EMpylori.jpg|thumb|''[[Helicobacter pylori]]'']]
Em todo o mundo aproximadamente 18% das mortes por cãncer estão relacionadas com [[doenças infecciosas]].<ref name=Enviro2008/> Esta proporção varia em diferentes regiões do mundo de um máximo de 25% na [[África]] para menos de 10% no [[mundo desenvolvido]].<ref name=Enviro2008/> Os [[vírus]] são usuais agentes infecciosos que causam câncer, mas bactérias e parasitas cancerosos também podem ter efeito.<ref name=Enviro2008/>

Um vírus que pode causar câncer é chamado de [[oncovírus]]. Estes incluem [[papilomavírus humano]] ([[Câncer cervical|carcinoma cervical]]), vírus de [[Epstein-Barr]], [[herpesvírus]] ([[sarcoma de Kaposi]]), [[hepatite B]] e [[hepatite C]] ([[carcinoma hepatocelular]]) e [[vírus linfotrópico da célula T humana]] (leucemia de células T). A infecção bacteriana pode também aumentar o risco de câncer, como visto no carcinoma gástrico induzida por ''[[Helicobacter pylori]]''.<ref name=Viral04>{{cite journal | author = Pagano JS, Blaser M, Buendia MA, Damania B, Khalili K, Raab-Traub N, Roizman B | title = Infectious agents and cancer: criteria for a causal relation | journal = Semin. Cancer Biol. | volume = 14 | issue = 6 | pages = 453–71 |date=December 2004 | pmid = 15489139 | doi = 10.1016/j.semcancer.2004.06.009 }}</ref> As infecções parasitárias fortemente associadoas com câncer incluem ''[[Schistosoma haematobium]]''' (carcinoma de células escamosas da bexiga) e os vermes do fígado, como ''[[Opisthorchis viverrini]]'' e ''[[Clonorchis sinensis]]'' ([[colangiocarcinoma]]).<ref name="pmid20539059">{{cite journal | author = Samaras V, Rafailidis PI, Mourtzoukou EG, Peppas G, Falagas ME | title = Chronic bacterial and parasitic infections and cancer: a review | journal = J Infect Dev Ctries | volume = 4 | issue = 5 | pages = 267–81 |date=May 2010 | pmid = 20539059 | doi = 10.3855/jidc.819| url = http://www.jidc.org/index.php/journal/article/download/20539059/387 | format = PDF }}</ref>

=== Radiação ===
[[Imagem:Radioactive.svg|thumb|upright|esquerda|Símbolo internacional de alerta para nível de [[radiação]] perigoso para humanos]]
Até 10% dos cânceres invasivos estão relacionadas com a exposição à [[radiação]], incluindo tanto a [[radiação ultravioleta]] e a [[radiação não ionizante]].<ref name=Enviro2008/> Além disso, a grande maioria dos cânceres não invasivos são cânceres da pele que não são [[melanoma]]s causados ​​por radiação ultravioleta não ionizante, a maior parte da [[luz solar]]. Fontes de radiação ionizante incluem [[Imagiologia médica|imagens médicas]] e gás [[radônio]].<ref name=Enviro2008/>

A radiação ionizante não é um [[mutagênico]] particularmente forte.<ref name="Little" /> A exposição residencial ao radônio, por exemplo, tem riscos de câncer semelhantes ao do [[tabagismo passivo]].<ref name="Little" /> A radiação é uma fonte mais potente de câncer quando é combinada com outros agentes causadores da doença, como a exposição a radônio, além de tabaco.<ref name="Little" /> A radiação pode causar câncer na maioria das partes do corpo, em todos os animais e em qualquer idade. Crianças e adolescentes têm duas vezes mais probabilidade de desenvolver [[leucemia]] induzida por radiação que adultos; a exposição à radiação antes do nascimento tem dez vezes mais efeito.<ref name="Little">{{cite book | editor = Kufe DW, Pollock RE, Weichselbaum RR, Bast RC Jr, Gansler TS, Holland JF, Frei E III | title = Cancer medicine | author = Little JB | chapter = Chapter 14: Ionizing Radiation | edition = 6th | publisher = B.C. Decker | location = Hamilton, Ont | year = 2000 | isbn = 1-55009-113-1 | url = http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK20793/ }}</ref>

O uso médico da radiação ionizante é uma pequena, mas crescente fonte de cânceres induzidos por radiação. A radiação ionizante pode ser utilizada para tratar outros tipos de cânceres, mas esta pode, em alguns casos, induzir a uma segunda forma da doença. [46] Também é utilizada em alguns tipos de imagens médicas.<ref name="pmid18046031">{{cite journal | author = Brenner DJ, Hall EJ | title = Computed tomography—an increasing source of radiation exposure | journal = N. Engl. J. Med. | volume = 357 | issue = 22 | pages = 2277–84 |date=November 2007 | pmid = 18046031 | doi = 10.1056/NEJMra072149 }}</ref>

A exposição prolongada à radiação ultravioleta do sol pode conduzir a melanoma e outras malignidades de pele. Evidências estabelecem a radiação ultravioleta, em particular a onda média não ionizante [[Radiação ultravioleta|UV]], como a causa da maior parte dos cânceres da pele não-melanoma, que são as mais formas comuns de câncer no mundo.<ref name=Cleaver>{{cite book | author = Cleaver JE, Mitchell DL | editor = Bast RC, Kufe DW, Pollock RE| title = Holland-Frei Cancer Medicine | edition = 5th | publisher = B.C. Decker | location = Hamilton, Ontario | year = 2000 | chapter = 15. Ultraviolet Radiation Carcinogenesis | isbn = 1-55009-113-1 | oclc = | url = http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK20854/ | accessdate= 31 January 2011 |display-editors=etal}}</ref>

A [[radiofrequência]] não ionizante a partir de [[telefones móveis]], transmissão de energia elétrica e outras fontes semelhantes têm sido descrita como um possível agente cancerígeno pela [[Agência Internacional de Pesquisa em Câncer]] da [[Organização Mundial da Saúde]].<ref>{{cite web|title=IARC classifies radiofrequency electromagnetic fields as possibly carcinogenic to humans |url=http://www.iarc.fr/en/media-centre/pr/2011/pdfs/pr208_E.pdf|work=[[Organização Mundial da Saúde]]}}</ref> No entanto, os estudos não encontraram uma ligação consistente entre a radiação do telefone celular e o aumento do risco de câncer.<ref>{{cite web|url=http://www.cancer.gov/cancertopics/factsheet/Risk/cellphones |title=Cell Phones and Cancer Risk - National Cancer Institute |publisher=Cancer.gov |date=8 de maio de 2013 |accessdate=25 de dezembro de 2013}}</ref>

=== Hereditariedade ===
[[Imagem:FAP.jpg|thumb|[[Polipose adenomatosa familiar]]]]
A grande maioria dos cãnceres não são hereditários ("cânceres esporádicos"). Cânceres hereditários são causados ​​principalmente por um defeito [[genético]] herdado. Menos do que 0,3% da população é portadora de uma [[mutação genética]] que tem um grande efeito no risco de câncer e estas causam menos do que 3-10% de todos os casos de câncer no mundo.<ref name=Expert09>{{cite journal | author = Roukos DH | title = Genome-wide association studies: how predictable is a person's cancer risk? | journal = Expert Rev Anticancer Ther | volume = 9 | issue = 4 | pages = 389–92 |date=April 2009 | pmid = 19374592 | doi = 10.1586/era.09.12 }}</ref> Por exemplo, certas mutações hereditárias nos genes BRCA1 e BRCA2 ampliam o risco de [[câncer da mama]], [[câncer de ovário]]<ref name=Expert09/> e de [[câncer colorretal hereditário sem polipose]] (que está presente em cerca de 3% das pessoas com câncer colorretal) em 75%.<ref name=Lancet10>{{cite journal | author = Cunningham D, Atkin W, Lenz HJ, Lynch HT, Minsky B, Nordlinger B, Starling N | title = Colorectal cancer | journal = Lancet | volume = 375 | issue = 9719 | pages = 1030–47 |date=March 2010 | pmid = 20304247 | doi = 10.1016/S0140-6736(10)60353-4 }}</ref>

=== Agentes físicos ===
Algumas substâncias causam câncer, principalmente através de seus efeitos físicos, em vez de químicos, sobre as células.<ref name=Maltoni>{{cite book | author = Maltoni CFM, Holland JF | editor = Bast RC, Kufe DW, Pollock RE | title = Holland-Frei Cancer Medicine | edition = 5th | publisher = B.C. Decker | location = Hamilton, Ontario | year = 2000 | chapter = Chapter 16: Physical Carcinogens | isbn = 1-55009-113-1 | url = http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK20770/ | accessdate = 31 January 2011|display-editors=etal}}</ref> Um exemplo proeminente disto é a prolongada exposição ao [[amianto]], que ocorre naturalmente em fibras minerais, que são uma das principais causas de [[mesotelioma]], que é um câncer da membrana serosa que envolve os pulmões.<ref name=Maltoni /> Outras substâncias nesta categoria são a [[wollastonita]], [[paligorsquite]], [[lã de vidro]] e [[lã mineral]], que têm efeitos semelhantes.<ref name=Maltoni /> Materiais particulados não fibrosos que causam câncer incluem o pó metálico de [[cobalto]] e [[níquel]] e o [[dióxido de silício]] ([[quartzo]], [[cristobalita]] e [[tridimita]]).<ref name=Maltoni /> Normalmente, agentes cancerígenos físicos devem ficar no interior do corpo (tal como por meio de inalação de pedaços minúsculos) e requerem anos de exposição para desenvolver câncer.<ref name=Maltoni />

Trauma físico resultar em câncer é algo relativamente raro.<ref name=Gaeta>{{cite book|author=Gaeta, John F|editor=Bast RC, Kufe DW, Pollock RE|title=Holland-Frei Cancer Medicine|edition=5th|publisher=B.C. Decker|location=Hamilton, Ontario|year=2000|chapter=Chapter 17: Trauma and Inflammation|isbn=1-55009-113-1|oclc=|url=http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK20784/|accessdate=27 January 2011|display-editors=etal}}</ref> Afirmações de que ossos quebrados resultaram em [[câncer ósseo]], por exemplo, nunca foram provadas.<ref name=Gaeta /> Da mesma forma, traumas físicos não são aceitos como uma das causas para o câncer de colo do útero, de mama, ou no cérebro.<ref name=Gaeta /> Uma fonte aceita é a aplicação frequente, a longo prazo, de objetos quentes no corpo. É possível que repetidas queimaduras na mesma parte do corpo, possam produzir câncer de pele, especialmente se substâncias químicas cancerígenas também estiverem presentes.<ref name=Gaeta /> Beber chá muito quente pode produzir câncer do esôfago.<ref name=Gaeta /> De um modo geral, acredita-se que o câncer surge através de câncer preexistente que é impulsionado durante o processo de reparação do trauma, ao invés do câncer ser causado diretamente pelo trauma.<ref name=Gaeta /> No entanto, repetidas lesões nos mesmos tecidos podem promover uma proliferação celular excessiva, que poderia, então, aumentar as chances de uma mutação cancerosa.<ref name=Gaeta />

É controverso se inflamações crônicas podem causar mutações diretamente.<ref name=Gaeta /><ref name="ColottaAllavena2009">{{cite journal|last1=Colotta|first1=F.|last2=Allavena|first2=P.|last3=Sica|first3=A.|last4=Garlanda|first4=C.|last5=Mantovani|first5=A.|title=Cancer-related inflammation, the seventh hallmark of cancer: links to genetic instability|journal=Carcinogenesis|volume=30|issue=7|year=2009|pages=1073–1081|issn=0143-3334|doi=10.1093/carcin/bgp127|pmid=19468060|type=review}}</ref> Reconhece-se, no entanto, que a inflamação pode contribuir para a proliferação, a sobrevivência, a [[angiogênese]] e a migração de células cancerosas por influenciar o microambiente em torno dos tumores.<ref>{{cite journal
|author1=Hendrik Ungefroren
|author2=Susanne Sebens
|author3=Daniel Seidl
|author4=Hendrik Lehnert
|author5=Ralf Haas
|url=http://www.biosignaling.com/content/9/1/18
|title=Interaction of tumor cells with the microenvironment
|journal=Cell Communication and Signaling
|year=2011
|volume=9
|number=18
|doi=10.1186/1478-811X-9-18
|pages=18
}}</ref><ref>{{cite journal |author=Mantovani A |title=Molecular pathways linking inflammation and cancer |journal=Current Molecular Medicine |volume=10 |issue=4 |pages=369–73 |date=Junho de 2010 |pmid=20455855 |doi= 10.2174/156652410791316968|type=review}}</ref> Além disso, os [[oncogenes]] são conhecidos para construir-se em um microambiente inflamatório pró-tumorigénico.<ref>{{cite journal|last1=Borrello|first1=Maria Grazia|last2=Degl'Innocenti|first2=Debora|last3=Pierotti|first3=Marco A.|title=Inflammation and cancer: The oncogene-driven connection|journal=Cancer Letters|volume=267|issue=2|year=2008|pages=262–270|issn=0304-3835|doi=10.1016/j.canlet.2008.03.060|pmid=18502035|type=review}}</ref>

=== Hormônios ===
Algumas [[hormônio]]s desempenham um papel no desenvolvimento de câncer através da promoção da proliferação de células.<ref name=Henderson>{{cite book | author = Henderson BE, Bernstein L, Ross RK | editor = Bast RC, Kufe DW, Pollock RE
|title=Holland-Frei Cancer Medicine
|edition=5th
|publisher=B.C. Decker
|location=Hamilton, Ontario
|year=2000
|chapter=Chapter 13: Hormones and the Etiology of Cancer
|isbn=1-55009-113-1
|oclc=
|url=http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK20759/
|accessdate=27 de janeiro de 2011|display-editors=etal}}</ref> Os [[Fator de crescimento semelhante à insulina|fatores de crescimento semelhante à insulina]] e as suas [[proteínas de ligação]] desempenham um papel fundamental na proliferação de células cancerosas, na diferenciação e na [[apoptose]], sugerindo um possível envolvimento na [[carcinogênese]].<ref>{{cite journal |last1=Rowlands |first1=Mari-Anne |last2=Gunnell |first2=David |last3=Harris |first3=Ross |last4=Vatten |first4=Lars J |last5=Holly |first5=Jeff MP |last6=Martin |first6=Richard M |title=Circulating insulin-like growth factor peptides and prostate cancer risk: a systematic review and meta-analysis |journal=Int J Cancer. |date=15 de maio de 2009 |pages=2416–29 |doi=10.1002/ijc.24202 |pmid=19142965 |volume=124 |issue=10 |pmc=2743036}}</ref>

Hormônios são agentes importantes na cancros relacionados ao sexo, como câncer de mama, do endométrio, da próstata, do ovário e do [[Câncer de testículo|testículo]], além de [[câncer de tireoide]] e [[câncer ósseo]].<ref name=Henderson /> Por exemplo, as filhas de mulheres que têm câncer de mama têm níveis significativamente mais elevados de [[estrogênio]] e [[progesterona]] do que as filhas de mulheres sem câncer da mama. Estes níveis hormonais elevados podem explicar por que essas mulheres têm maior risco de câncer de mama, mesmo na ausência de um gene deste tipo de câncer.<ref name=Henderson /> Da mesma forma, os homens de [[ascendência]] [[africana]] têm níveis significativamente mais elevados de [[testosterona]] do que os homens de ascendência [[europeia]], além de ter um nível correspondentemente muito maior de câncer de próstata.<ref name=Henderson /> Os homens de ascendência [[asiática]] os têm níveis mais baixos de câncer de próstata.<ref name=Henderson />

Outros fatores que também são relevantes: pessoas obesas têm níveis mais elevados de alguns hormônios associados ao câncer e uma taxa mais elevada de certos cânceres.<ref name=Henderson /> As mulheres que fazem terapia de [[reposição hormonal]] têm um maior risco de desenvolver cânceres associados a esses hormônios.<ref name=Henderson /> Por outro lado, pessoas que se exercitam muito mais do que a média têm menores níveis desses hormônios e menor risco de desenvolver câncer.<ref name=Henderson /> O [[osteossarcoma]] pode ser promovida por [[hormônios de crescimento]].<ref name=Henderson />

== Diagnóstico ==
A maioria dos cânceres são inicialmente reconhecidos por causa de seus sintomas e sinais ou através de exames. Nenhum dos dois leva a um diagnóstico definitivo, que geralmente requer a opinião de um [[Anatomia patológica|patologista]].

[[Imagem:Thorax pa peripheres Bronchialcarcinom li OF markiert.jpg|thumb|direita|[[Raio-X de tórax]] mostrando [[câncer de pulmão]] no pulmão esquerdo.]]

Pessoas com suspeita de câncer são investigadas com [[exames médicos]]. Estes geralmente incluem exames de sangue, [[radiografia]], [[tomografia computadorizada]], [[endoscopia]] entre outros.

=== Nomenclatura ===
=== Nomenclatura ===
* [[Tumor]] é um termo genérico que indica um aumento anormal de uma parte ou da totalidade de um [[tecido]]. Pode ser originado por um processo inflamatório (sinais de Celsus), por uma neoplasia benigna , por um quisto ou por uma neoplasia maligna (cancro).
* [[Tumor]] é um termo genérico que indica um aumento anormal de uma parte ou da totalidade de um [[tecido]]. Pode ser originado por um processo inflamatório (sinais de Celsus), por uma neoplasia benigna , por um quisto ou por uma neoplasia maligna (cancro).
Linha 40: Linha 142:
* De células [[Neuroendocrinologia|neuroendócrinas]]: os tumores [[carcinóide]]s.
* De células [[Neuroendocrinologia|neuroendócrinas]]: os tumores [[carcinóide]]s.
* De células dos endotélios: [[hemangiossarcomas]] (vasos sanguíneos), linfangiossarcomas (vasos linfáticos), colangiossarcomas (vasos biliares)
* De células dos endotélios: [[hemangiossarcomas]] (vasos sanguíneos), linfangiossarcomas (vasos linfáticos), colangiossarcomas (vasos biliares)

=== Tumores em Órgãos Específicos ===
* [[Melanoma maligno]] - neoplasia invasiva dos [[melanócito]]s da [[pele]].
* [[Melanoma maligno]] - neoplasia invasiva dos [[melanócito]]s da [[pele]].
* [[Tumor da tiroide]] - neoplasias das células da [[glândula]] [[Tiroide]]/Tireoide.
* [[Tumor da tiroide]] - neoplasias das células da [[glândula]] [[Tiroide]]/Tireoide.


=== Cancros da Vida Adulta ===
==== Cancros adultos ====
Nos [[Estados Unidos]] e em outros [[países desenvolvidos]], o câncer é responsável por cerca de 25 por cento de todas as mortes.<ref name="CACancerJClin2005-Jemal">{{Citar periódico | autor =Jemal A, Murray T, Ward E, Samuels A, Tiwari RC, Ghafoor A, Feuer EJ, Thun MJ | titulo= Cancer statistics, 2005 | jornal =CA Cancer J Clin | ano= 2005 | paginas =10-30 | volume= 55 | numero =1 | url= http://caonline.amcancersoc.org/cgi/content/full/55/1/10 | id = PMID 15661684}}</ref> Anualmente, 0,5 por cento da população é diagnosticada com câncer. As estatísticas abaixo são para adultos nos Estados Unidos, e variam consideravelmente em outros países:
Nos [[Estados Unidos]] e em outros [[países desenvolvidos]], o câncer é responsável por cerca de 25 por cento de todas as mortes.<ref name="CACancerJClin2005-Jemal">{{Citar periódico | autor =Jemal A, Murray T, Ward E, Samuels A, Tiwari RC, Ghafoor A, Feuer EJ, Thun MJ | titulo= Cancer statistics, 2005 | jornal =CA Cancer J Clin | ano= 2005 | paginas =10-30 | volume= 55 | numero =1 | url= http://caonline.amcancersoc.org/cgi/content/full/55/1/10 | id = PMID 15661684}}</ref> Anualmente, 0,5 por cento da população é diagnosticada com câncer. As estatísticas abaixo são para adultos nos Estados Unidos, e variam consideravelmente em outros países:


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|}
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=== Cânceres da Infância ===
==== Cânceres infantis ====
O câncer também ocorre em crianças jovens e adolescentes, mas é raro. Alguns estudos concluíram que cânceres pediátricos, especialmente leucemia, estão em uma tendência de aumento de incidência.<ref name="Haematologica2005-Dalmasso">{{Citar periódico | autor =Dalmasso P, Pastore G, Zuccolo L, Maule MM, Pearce N, Merletti F, Magnani C | titulo= Temporal trends in the incidence of childhood leukemia, lymphomas and solid tumors in north-west Italy,. A report of the Childhood Cancer Registry of Piedmont | jornal =Haematologica | ano= 2005 | paginas =1197-204 | volume= 90 | numero =9 | id= PMID}}</ref><ref name="IntJCancer2005-Agha">{{Citar periódico | autor =Agha M, Dimonte B, Greenberg M, Greenberg C, Barr R, McLaughlin JR | titulo= Incidence trends and projections for childhood cancer in Ontario | jornal =Int J Cancer | ano= 2005|id = PMID}}</ref>
O câncer também ocorre em crianças jovens e adolescentes, mas é raro. Alguns estudos concluíram que cânceres pediátricos, especialmente leucemia, estão em uma tendência de aumento de incidência.<ref name="Haematologica2005-Dalmasso">{{Citar periódico | autor =Dalmasso P, Pastore G, Zuccolo L, Maule MM, Pearce N, Merletti F, Magnani C | titulo= Temporal trends in the incidence of childhood leukemia, lymphomas and solid tumors in north-west Italy,. A report of the Childhood Cancer Registry of Piedmont | jornal =Haematologica | ano= 2005 | paginas =1197-204 | volume= 90 | numero =9 | id= PMID}}</ref><ref name="IntJCancer2005-Agha">{{Citar periódico | autor =Agha M, Dimonte B, Greenberg M, Greenberg C, Barr R, McLaughlin JR | titulo= Incidence trends and projections for childhood cancer in Ontario | jornal =Int J Cancer | ano= 2005|id = PMID}}</ref>


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Os meninos e meninas possuem essencialmente as mesmas taxas de incidência, mas crianças brancas possuem taxas de câncer substancialmente maiores do que crianças negras para a maioria dos tipos de câncer. A sobrevivência das crianças é muito boa para neuroblastoma, [[tumor de Wilms]] e [[retinoblastoma]] e para leucemia (oitenta por cento), mas não para a maioria dos outros tipos de câncer.
Os meninos e meninas possuem essencialmente as mesmas taxas de incidência, mas crianças brancas possuem taxas de câncer substancialmente maiores do que crianças negras para a maioria dos tipos de câncer. A sobrevivência das crianças é muito boa para neuroblastoma, [[tumor de Wilms]] e [[retinoblastoma]] e para leucemia (oitenta por cento), mas não para a maioria dos outros tipos de câncer.

== Sinais e sintomas ==
[[Imagem:Symptoms of cancer metastasis.svg|thumb|Sintomas da [[metástase]] do câncer a depender do local do [[tumor]] {{en}}]]
Quando o câncer começa, invariavelmente, não produz sintomas. Sinais e sintomas só aparecem quando a massa cancerígena continua a crescer ou forma [[úlcera]]s. As conclusões que resultam da doença dependem do tipo e localização do câncer. Alguns sintomas são específicos, sendo que muitos deles também ocorrem com frequência em indivíduos que têm outras patologias. O câncer é o novo "grande imitador". Assim, não é incomum que pessoas diagnosticadas com câncer tenham sido tratadas antes para outras doenças, que foram assumidas como as causas de seus sintomas.<ref name=Card10>Holland Chp. 1</ref>

=== Efeitos locais ===

Os sintomas locais podem ocorrer devido à massa do tumor ou a sua [[ulceração]]. Por exemplo, efeitos de massa cancerígena no [[pulmão]] podem causar obstrução do [[brônquio]] resultando em [[tosse]] ou [[pneumonia]]; [[câncer de esôfago]] pode causar o estreitamento do [[esôfago]], o que torna o ato de engolir difícil ou doloroso; e [[câncer colorretal]] pode levar ao estreitamento ou ao bloqueio do [[intestino]], resultando em alterações nos hábitos intestinais. Massas em seios ou testículos podem ser facilmente sentidas. A ulceração pode causar [[hemorragia]] que, se ocorrer no pulmão, conduzirá a tossir sangue, nas entranhas levará à anemia ou ao sangramento retal, na bexiga ao sangue na [[urina]] e no útero a uma hemorragia vaginal. Embora dores localizadas possam ocorrer em câncer em estágios avançados, o inchaço inicial é geralmente indolor. Alguns tipos de câncer podem causar um acúmulo de líquido dentro do peito ou no [[abdômen]].<ref name=Card10/>
=== Sintomas sistêmicos ===

Os sintomas gerais ocorrer devido a efeitos distantes do câncer que não estão relacionados a a propagação metastática. Estes podem incluir: perda involuntária de peso, febre, cansaço excessivo e alterações na pele.<ref>{{cite book|last=O'Dell|first=edited by Michael D. Stubblefield, Michael W.|title=Cancer rehabilitation principles and practice|year=2009|publisher=Demos Medical|location=New York|isbn=978-1-933864-33-4|page=983|url=https://books.google.com/books?id=_JaPlNYgXkEC&pg=PT983}}</ref> A [[doença de Hodgkin]], [[leucemia]]s e [[câncer de fígado]] ou [[Câncer de rim|rins]] podem causar uma [[febre]] persistente de origem desconhecida.<ref name=Card10/>

Alguns tipos de câncer podem causar grupos específicos de sintomas sistêmicos, denominado fenômenos para-neoplásicos. Exemplos incluem o aparecimento de [[miastenia grave]] em [[timoma]] e [[hipocratismo digital]] em [[câncer de pulmão]].<ref name=Card10/>

=== Metástase ===
{{Artigo principal|Metástase}}

O câncer pode se espalhar a partir do seu local original de propagação através da disseminação linfática para os [[linfonodo]]s regionais ou pelo sangue para locais distantes, processo conhecido como [[metástase]]. Quando o câncer se espalha por uma rota sanguínea, normalmente se espalha por todo o corpo. No entanto, "sementes" de câncer crescem em determinado locais selecionados. Os sintomas de cânceres metastáticos dependem da localização do tumor e podem incluir [[linfadenopatia]], [[hepatomegalia]] ou [[esplenomegalia]], dor ou fratura dos [[osso]]s afetados e sintomas neurológicos.<ref name=Card10/>

== Diagnóstico ==
A maioria dos cânceres são inicialmente reconhecidos por causa de seus sintomas e sinais ou através de exames. Nenhum dos dois leva a um diagnóstico definitivo, que geralmente requer a opinião de um [[Anatomia patológica|patologista]].

=== Investigação ===
[[Imagem:Thorax pa peripheres Bronchialcarcinom li OF markiert.jpg|thumb|direita|[[Raio-X de tórax]] mostrando [[câncer de pulmão]] no pulmão esquerdo.]]

Pessoas com suspeita de câncer são investigadas com [[exames médicos]]. Estes geralmente incluem exames de sangue, [[radiografia]], [[tomografia computadorizada]], [[endoscopia]] entre outros.


=== Biópsia ===
=== Biópsia ===
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O [[diagnóstico]] do tecido indica o tipo de célula que está proliferando, sua [[graduação histológica]] e outras características do tumor. Toda esta informação reunida é útil para avaliar o [[prognóstico]] do paciente e escolher o melhor tratamento. A [[citogenética]] e a [[imuno-histoquímica]] podem fornecer informações sobre o comportamento futuro do câncer (prognóstico) e melhor tratamento.
O [[diagnóstico]] do tecido indica o tipo de célula que está proliferando, sua [[graduação histológica]] e outras características do tumor. Toda esta informação reunida é útil para avaliar o [[prognóstico]] do paciente e escolher o melhor tratamento. A [[citogenética]] e a [[imuno-histoquímica]] podem fornecer informações sobre o comportamento futuro do câncer (prognóstico) e melhor tratamento.

== Causas ==
{{Artigo principal|Carcinogênese}}

=== Fatores desencadeantes ===
Factores que aumentam o risco de cancro são vários e incluem a exposição excessiva à [[Radiação ultravioleta|radiação solar]] ([[Câncer de pele|cancros da pele]]), alguns [[vírus]] ([[Câncer peniano|cancro do pénis]], [[Câncer de útero|colo do útero]], alguns [[linfoma]]s). No entanto as causas preveníveis mais importantes do cancro são o [[tabagismo]] ([[Câncer de pulmão|cancros do pulmão]], [[Câncer de bexiga|cancro da bexiga]], [[Câncer de laringe|cancro de laringe]], [[Câncer de boca|cancros da cavidade oral]]) e o [[alcoolismo]] ([[tumor do estômago|cancro do estômago]] e do [[câncer pancreático|pâncreas]]).

A alimentação com excesso de gordura também parece ser um factor de risco importante para muitos cancros.

=== Cancro como doença genética ===
O cancro é fundamentalmente uma doença genética. Em células normais, o crescimento celular é controlado por diversos factores, ou hormonas, libertadas por células adjacentes ou distantes. Deste modo um tecido consegue crescer ou atrofiar em resposta a demandas aumentadas ou diminuídas da sua função.

Há vários fatores que promovem o crescimento e multiplicação celulares, sistémicos como a [[hormona do crescimento]], hormonas da tiróide ([[t3]]/[[Tiroxina|t4]]), [[insulina]], e factores locais como citocinas.

A progressão do cancro não é mais que a inactivação de determinados genes e a hiperexpressão de outros, dando origem a células largamente independentes da regulação local e central do organismo, que se dividem sem inibição. Outras mutações noutros genes poderão então dar às células neoplásicas novas capacidades invasivas, já que todas as células do organismo possuem o [[genoma]] completo e portanto a capacidade de produzir qualquer [[proteína]], desde que os genes correspondentes sejam activados (neste caso por mutação). Assim, uma célula da [[Tecido cartilaginoso|cartilagem]] ([[condrócito]]) neoplásica pode sofrer mutação que lhe permite formar proteínas que provocam a formação de novos vasos sanguíneos, apesar de este gene nunca ser expressado na célula normal.

Várias síndromes de cancro familiares são causados pelo facto de que nessas famílias algum gene importante na progressão ou iniciação tumoral já estar mutado. Mais frequentemente estão mutados os genes de supressão tumoral (ver adiante) em que são necessários duas mutações em ambas as cópias (uma do pai, outra da mãe) para haver inactivação. Se o indivíduo herdar do pai uma cópia defeituosa, é muito mais fácil ocorrer apenas a mutação na cópia materna que nos dois [[alelo]]s.

Um dos factos mais intrigantes em [[oncologia]] é a restrição de determinadas mutações a determinados tipos de cancro. Quase todos os cancros têm apenas uma, duas ou três vias de progressão com mutações de determinados genes, enquanto noutros orgãos a progressão se dá por mutações em genes diferentes. Este facto será talvez porque em determinados tecidos funcionam principalmente determinados oncogenes e genes supressores tumorais, e não outros, mas a causa exacta permanece obscura.

=== DNA e mutações ===
A atividade de cada [[célula]] ou [[tecido]] é dirigida pelo seu DNA. Ao longo da [[embriogénese]], à medida que células cada vez mais diferenciadas se originam do [[zigoto]], alguns genes tornam-se activos enquanto outros são silenciados, de acordo com a função final da célula. Mas cada célula mantém sempre uma cópia do genoma completo no seu núcleo. As cadeias de DNA são frágeis e facilmente são modificadas por químicos ou radiação. Existem contudo proteínas reparadoras de erros do DNA que reduzem a taxa de erros ou mutações a um mínimo. A maior quantidade de erros ocorre aquando da [[divisão celular]], devido à necessidade de duplicar cada [[cromossoma]], de modo a que cada célula filha tenha uma cópia. Continuam, contudo a ser feitos alguns erros, uma simples base movida já constitui uma mutação. Ao longo da vida, milhões de células do nosso corpo sofrem pequenas mutações, essas células normalmente se autodestroem ordenadas pela actividade de proteínas geradas a partir de [[gene]]s antitumorais do DNA como por exemplo o [[p53]].

Nenhuma célula se torna neoplásica apenas com uma mutação. Normalmente são necessárias várias para haver desregulação do ciclo celular e proliferação excessiva, e ainda mais outras para que haja invasão dos [[Órgão (anatomia)|órgãos]] adjacentes ou distantes.

A mutação não-letal do DNA constitui a origem do cancro. Qualquer célula se for sujeita a lesões extensas no seu DNA morre, uma vez que genes fundamentais à sua sobrevivência serão lesados. As células estão mais vulneráveis às mutações aquando da divisão celular com duplicação do DNA. É esta a base da [[radioterapia]]: se as células tumorais se dividem muito mais rápido serão mais vulneráveis à radiação letal. Contudo a radiação ou outros insultos em pequenas quantidades menos provavelmente danificarão genes fundamentais, mas com igual probabilidade afectarão genes que estejam envolvidos na regulação da proliferação celular.

O DNA é um [[polímero]] com quatro tipos diferentes de bases: [[adenina]], [[timina]], [[guanina]] e [[citosina]]. A série de bases é traduzida em sequências proteicas de acordo com os tipos de bases (cada [[aminoácido]] corresponde a uma série de três bases). Diferentes sequências de aminoácidos com diferentes propriedades químicas leva a diferentes comportamentos das proteínas. A substituição ou eliminação de uma única base pode levar a proteínas diferentes, mais quantidade produzida de uma proteína ou silenciamento do gene.

Outros tipos de mutações são as quebras cromossómicas, que são reparadas por vezes com troca dos fragmentos quebrados em cromossomas diferentes do habitual, com efeitos a nível da expressão génica.

Existem várias proteínas que corrigem os erros no DNA. Se os genes destas proteínas sofrerem mutações, elas podem ser inutilizadas, ocorrendo maior taxa de mutações subsequente- fenómeno denominado instabilidade genética.

=== Causas das mutações ===
A mutação do DNA pode ser devida a vários factores:
# Duplicação celular: No decorrer da vida, as células se multiplicam inúmeras vezes até o encerramento de seus processos biológicos. Falhas simples durante uma replicação, que acontecem meramente por acaso, podem ser capazes de desencadearem um cancro. Estudos recentes publicados na revista Science, concluíram que cerca mais de 60% (2/3) de alguns tipos de canceres, acontecem independentemente do estilo de vida da pessoa. <ref>http://www.iflscience.com/health-and-medicine/bad-luck-identified-biggest-cancer-risk</ref>
# Radicais livres: radicais livres são moléculas de 0<sub>2</sub>. O corpo humano utiliza apenas um átomo de oxigénio da molécula e o átomo restante (chamado de radical livre) leva a oxidação às células, mais especificamente no DNA. Isso leva a mutações e à oxidação da célula.
# Radiação: a radiação [[UV]] provoca directamente danos do DNA, com formação de dímeros de bases. Estes são corrigidos sem problemas a maioria das vezes, mas podem ser reparados erroneamente com substituição por uma [[base nitrogenada|base]] diferente. A radiação de alta energia (raios [[Radiação gama|gama]], [[Partícula beta|beta]] e [[Partícula alfa|alfa]]) também causam mutações.
# [[Hidrocarboneto]]s policíclicos aromáticos: os hidrocarbonetos como aqueles presentes em qualquer tipo de fumo (tabaco principalmente), causam mutações no DNA. São os mais potentes carcinogénios presentes em significativa concentração nos ambientes humanos.
# Outros químicos: por exemplo [[arilamina]]s (corante industrial) no cancro da bexiga, [[aflatoxina]] ([[toxina]] de [[fungo]] presente em alguma comida bolorenta) no carcinoma hepatocelular.
# Irritação crónica: a irritação crónica com morte e divisão celulares constantes leva a maior taxa de mutações devido à maior probabilidade de erros no DNA quando da sua replicação durante a divisão celular. Por exemplo a [[hepatite]] crónica por [[alcoolismo]], a [[pancreatite]] crónica por alcoolismo ou a [[cistite]] crónica por infecção.
# [[Vírus]]: alguns causam mutações no DNA ao inserirem o seu [[genoma]] no da célula de forma arbitrária, ou ao produzirem proteínas que estimulam a proliferação da célula a partir de oncogenes do genoma do próprio vírus. Alguns exemplos são o vírus [[Epstein-Barr]], que causa a [[doença do beijo]] (alguns tipos de linfomas e carcinomas nasofaringeais), [[Papilomavirus]], que causa a [[verruga]] e o [[condiloma acuminado]] (carcinomas do [[pénis]] e [[colo do útero]]), [[HTLV-1]] (linfoma de células T), vírus da [[Hepatite B]] e C (carcinoma hepatocelular), vírus do [[sarcoma de Kaposi]] (um vírus da família do [[Herpes]] que causa cancro nos vasos de imunodeprimidos, em especial na [[SIDA]]/AIDS).
# Bactérias: a infecção do estômago crónica com ''[[Helicobacter pylori]]'' predispõe ao desenvolvimento de cancro do estômago e a linfomas associados à [[mucosa]] (MALTomas).

De uma forma ou de outra, o tumor é basicamente iniciado quando há um dano no [[DNA]](ou ADN) causado por quaisquer dos fatores acima, e que não é reparado por sistemas de reparação de DNA existentes em todas as células, gerando uma [[mutação]]. Dependendo do local em que a mutação ocorre na molécula de DNA, este defeito pode causar um desequilíbrio no [[ciclo celular]], desencadeando uma reprodução acelerada e descontrolada de células.

=== Genes tipicamente mutados no Cancro ===
Qualquer tumor é constituído pela progénie de uma única célula que acumulou mutações em genes suficientes para evadir os mecanismos antitumorais e para ganhar autonomia na replicação.

Existem basicamente quatro classes de genes importantes na patogenia do cancro:
* [[Oncogene]]s: são genes que normalmente estão envolvidos na proliferação celular (quando são normais são proto-oncogenes). Se sofrerem mutações que aumentam a sua actividade transformam-se em oncogenes, e aumenta a proliferação celular. Assim por exemplo um [[receptor]] activado por uma hormona de crescimento é um protooncogene, mas se o gene desse receptor for mutado de modo a que o receptor passar a estar activado mesmo sem hormona ligada, é um oncogene e há proliferação independente da hormona. Normalmente basta uma destas mutações numa das duas cópias de cada gene em cada célula para ser eficaz -mecanismo [[dominante]].
** Alguns exemplos de oncogenes:
**# [[MYC]]: factor de transcrição nuclear pró-proliferativo. Mutação pode aumentar a expressão deste gene e a proliferação.
**# [[RET]]: receptor celular que pode sofrer mutação e tornar-se autônomo.
**# [[RAS (gene)]]: proteína de transdução de sinal proliferativo que se pode tornar autônoma (produzindo continuamente sinal).
* [[Genes de supressão tumoral]]: são genes que suprimem a proliferação caso detectem anormalidades celulares. São necessárias duas mutações que os inactivam, uma em cada cópia do gene, já que um gene é capaz de funcionar mesmo se o outro for inactivado -mecanismo [[recessivo]].
** Alguns exemplos:
**# [[Receptor do TGF-beta]]: receptor que inibe o crescimento celular em resposta à citocina TGF-beta.
**# [[RB]]: regula o ciclo celular.
**# [[NF1]]: inibição da [[Tradução (genética)|tradução]] de sinal proliferativo pelas RAS.
**# [[APC]]: inibe a transdução do sinal proliferativo.
**# [[p53]]: inibe crescimento e multiplicação celular se detectar danos do DNA. Promove reparação dos danos e caso esta não seja possível, desencadeia a morte celular programada (apoptose).
**# [[p16]]: inibe multiplicação celular de modo relacionado com p53.
* Genes que regulam a [[apoptose]]: genes que promovam a apoptose podem sofrer mutações (em ambos os alelos) inactivantes; enquanto genes que inibem a apoptose podem sofrer mutações que os tornam hiperactivos.
** Alguns exemplos:
**# [[p53]]: também pertence a esta classe porque promove a apoptose caso os danos do DNA sejam incorrigíveis.
**# [[BCL2]]: protege a célula da apoptose. Pode sofrer mutação inactivante.
**# [[BAX]]: promove a apoptose.
* Genes da reparação do ADN: se estes genes estiverem inactivados, a taxa de mutações passa a ser muito maior, e portanto a probabilidade de haver mutações em outros genes das classes discutidas acima é maior -instabilidade genética.


== Progressão ==
== Progressão ==
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* [[Tabagismo e saúde]]
* [[Tabagismo e saúde]]


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== Ligações externas ==
== Ligações externas ==

Revisão das 11h35min de 15 de março de 2016

 Nota: "Câncer" redireciona para este artigo. Para outros significados, veja Câncer (desambiguação) ou Cancro (desambiguação).
 Nota: Não confundir com cancro duro, nem com cancro mole.
Cancro/Câncer
Normal cancer cell division from NIH.png
(FIGURA A) Células normais danificadas de modo irreversível são eliminadas através de um mecanismo conhecido como apoptose. (FIGURA B) Células cancerígenas evitam a apoptose e continuam a multiplicar-se de maneira desregulada.
Especialidade oncologia
Classificação e recursos externos
CID-10 C80, C80.1
CID-9 199
CID-ICD-O 8000/3
CID-11 1594217552
DiseasesDB 28843
MedlinePlus 001289
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Cancro (português europeu) ou Câncer (português brasileiro) é um grupo de doenças que envolvem o crescimento celular anormal, com potencial para invadir e se espalhar para outras partes do corpo.[1][2] Nem todos os tumores são cancerosos; tumores benignos não se espalham para outras partes do corpo.[2] Sinais e sintomas possíveis incluem: surgimento de uma massa cancerígena, sangramento anormal, tosse prolongada, perda de peso inexplicada, mudança nos movimentos intestinais, entre outros. [3] Enquanto estes sintomas podem indicar câncer, eles também podem ocorrer devido a outros problemas.[3] Há mais de 100 diferentes cânceres conhecidos que afetam os seres humanos.[2]

O uso do tabaco é a causa de cerca de 22% das mortes por câncer.[1] Outros 10% é devido à obesidade, uma dieta pobre, falta de atividade física e consumo de álcool.[1][4] Outros fatores incluem certas infecções, exposição à radiação ionizante e poluentes ambientais.[5] No mundo em desenvolvimento, cerca de 20% dos cânceres surgem devido a infecções, tais como hepatite B, hepatite C e vírus do papiloma humano (HPV).[1] Estes fatores acuam, pelo menos parcialmente, na alteração dos genes de uma célula.[6] Normalmente muitas dessas mudanças genéticas são necessárias antes que o câncer se desenvolva.[6] Cerca de 5-10% dos cânceres surgem por conta de defeitos genéticos hereditários.[7] O câncer pode ser detectado por certos sinais e sintomas ou testes de rastreio.[1] Em seguida, é tipicamente mais investigado por imagens médicas e confirmado pela biópsia.[8]

Muitos cânceres podem ser evitados ao evitar o hábito de fumar, manter um peso saudável, não beber muito álcool, comer muitos vegetais, frutas e grãos integrais, ser vacinado contra certas doenças infecciosas, não comer muita carne vermelha processada e evitar demasiada exposição à luz solar.[9][10] A detecção precoce através de mamografia é útil para o câncer do colo do útero e colorretal.[11] Os benefícios do rastreio do câncer de mama são controversos.[11][12] O câncer é frequentemente tratado com uma combinação de radioterapia, cirurgia, quimioterapia e terapia dirigida.[1][13] A gestão da dor e dos sintomas são uma parte importante do tratamento. Os cuidados paliativos são particularmente importantes para os doentes com com cânceres em estágio avançado.[1] A chance de sobrevivência depende do tipo de câncer e da extensão da doença no início do tratamento.[6] Em crianças menores de 15 anos no momento do diagnóstico a taxa de sobrevivência de cinco anos no mundo desenvolvido é, em média, de 80%.[14] Nos Estados Unidos a taxa média de sobrevivência de cinco anos é de 66%.[15]

Em 2012, cerca de 14,1 milhões de novos casos de câncer ocorreram globalmente (excluindo câncer de pele que não seja melanoma).[6] A doença causou cerca de 8,2 milhões de mortes, ou 14,6% de todas as mortes humanas.[6][16] Os tipos mais comuns de câncer nos homens são de pulmão, próstata, colorretal e de estômago. Nas mulheres, os tipos mais comuns são o câncer de mama, colorretal, pulmão e cervical.[6] Se o câncer de pele que não for melanoma for incluído no total de novos casos anuais representaria cerca de 40% dos registros da doença.[17][18] Em crianças, leucemia linfoide aguda e tumores cerebrais agudos são os mais comuns, exceto na África, onde o linfoma não Hodgkin ocorre com mais frequência.[14] Em 2012, cerca de 165 mil crianças com menos de 15 anos de idade foram diagnosticadas com câncer. O risco de câncer aumenta significativamente com a idade e muitos cânceres ocorrem mais comumente em países desenvolvidos.[6] As taxas estão a aumentar à medida que mais pessoas vivem até uma idade avançada e com as mudanças de estilo de vida que ocorrem no mundo em desenvolvimento.[19] Os custos financeiros do câncer foram estimados 1,16 trilhão de dólares por ano em 2010.[20]

Etimologia

A palavra "Câncer" é oriunda do latim cancer, "caranguejo"[21]. É uma referência à proliferação de células cancerosas no organismo (metástase), que se espalham pelo corpo como as patas e pinças do caranguejo se irradiam do seu cefalotórax. "Cancro" é oriundo do latim cancru[22].

Sinais e sintomas

Sintomas da metástase do câncer a depender do local do tumor (em inglês)

Quando o câncer começa, invariavelmente, não produz sintomas. Sinais e sintomas só aparecem quando a massa cancerígena continua a crescer ou forma úlceras. As conclusões que resultam da doença dependem do tipo e localização do câncer. Alguns sintomas são específicos, sendo que muitos deles também ocorrem com frequência em indivíduos que têm outras patologias. O câncer é o novo "grande imitador". Assim, não é incomum que pessoas diagnosticadas com câncer tenham sido tratadas antes para outras doenças, que foram assumidas como as causas de seus sintomas.[23]

Efeitos locais

Os sintomas locais podem ocorrer devido à massa do tumor ou a sua ulceração. Por exemplo, efeitos de massa cancerígena no pulmão podem causar obstrução do brônquio resultando em tosse ou pneumonia; câncer de esôfago pode causar o estreitamento do esôfago, o que torna o ato de engolir difícil ou doloroso; e câncer colorretal pode levar ao estreitamento ou ao bloqueio do intestino, resultando em alterações nos hábitos intestinais. Massas em seios ou testículos podem ser facilmente sentidas. A ulceração pode causar hemorragia que, se ocorrer no pulmão, conduzirá a tossir sangue, nas entranhas levará à anemia ou ao sangramento retal, na bexiga ao sangue na urina e no útero a uma hemorragia vaginal. Embora dores localizadas possam ocorrer em câncer em estágios avançados, o inchaço inicial é geralmente indolor. Alguns tipos de câncer podem causar um acúmulo de líquido dentro do peito ou no abdômen.[23]

Sintomas sistêmicos

Os sintomas gerais ocorrer devido a efeitos distantes do câncer que não estão relacionados a a propagação metastática. Estes podem incluir: perda involuntária de peso, febre, cansaço excessivo e alterações na pele.[24] A doença de Hodgkin, leucemias e câncer de fígado ou rins podem causar uma febre persistente de origem desconhecida.[23]

Alguns tipos de câncer podem causar grupos específicos de sintomas sistêmicos, denominado fenômenos para-neoplásicos. Exemplos incluem o aparecimento de miastenia grave em timoma e hipocratismo digital em câncer de pulmão.[23]

Metástase

Ver artigo principal: Metástase

O câncer pode se espalhar a partir do seu local original de propagação através da disseminação linfática para os linfonodos regionais ou pelo sangue para locais distantes, processo conhecido como metástase. Quando o câncer se espalha por uma rota sanguínea, normalmente se espalha por todo o corpo. No entanto, "sementes" de câncer crescem em determinado locais selecionados. Os sintomas de cânceres metastáticos dependem da localização do tumor e podem incluir linfadenopatia, hepatomegalia ou esplenomegalia, dor ou fratura dos ossos afetados e sintomas neurológicos.[23]

Causas

Ver artigo principal: Carcinogênese

A grande maioria dos cânceres, cerca de 90-95% dos casos, são devido a fatores ambientais. Os 5-10% restantes são devido a genética herdada.[5] O "ambiente", como usado pelos pesquisadores de câncer, significa qualquer causa que não é herdada geneticamente, tais como estilo de vida, nível econômico e fatores comportamentais, e não apenas a poluição.[25] Entre os fatores ambientais que contribuem para a morte por câncer estão o tabagismo (25-30%), dieta pobre e obesidade (30-35%), infecções (15-20%), radiação (tanto ionizante e não ionizante, até 10%), estresse, sedentarismo e poluentes ambientais.[5]

É quase impossível provar o que causou um câncer em qualquer indivíduo, porque a maioria dos cânceres têm várias causas possíveis. Por exemplo, se uma pessoa que usa tabaco fortemente desenvolve câncer de pulmão, então ele provavelmente foi causado pelo uso do tabaco, mas visto que todo mundo tem uma pequena chance de desenvolver câncer de pulmão, como resultado da poluição do ar ou da radiação, há uma pequena chance que o câncer possa ter se desenvolvido por conta da poluição do ar ou da radiação. Aceitando as transmissões raras que ocorrem com gestações e em apenas alguns doadores de órgãos, o câncer não é geralmente uma doença transmissível.[26]

Produtos químicos

Ver artigo principal: Tabagismo e saúde
A incidência de câncer de pulmão é altamente correlacionada com o tabagismo

A exposição a determinadas substâncias têm sido associada a tipos específicos de câncer. Estas substâncias são chamadas de cancerígenas. O tabagismo, por exemplo, causa 90% dos casos de câncer de pulmão.[27] Ele também causa câncer de laringe, cabeça, pescoço, estômago, bexiga, rins, esôfago e pâncreas.[28] O fumo de tabaco contém mais de cinquenta agentes cancerígenos conhecidos, incluindo nitrosaminas e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos.[29] O tabaco é responsável por cerca de uma em cada três mortes por câncer no mundo desenvolvido[30] e cerca de um em cada cinco em todo o mundo.[29] As taxas de mortalidade por pulmão nos Estados Unidos têm espelhado padrões, com aumentos de fumantes seguidos por aumentos dramáticos nas taxas de mortalidade por câncer de pulmão e, mais recentemente, diminuição nas taxas de tabagismo desde a década de 1950, seguido por decréscimos nas taxas de mortalidade por câncer de pulmão em homens desde 1990.[31][32]

Na Europa Ocidental, 10% dos cânceres em homens e 3% de todos os cânceres em mulheres são atribuídos à exposição ao álcool, especialmente em casos de câncer do fígado e do trato digestivo.[33] Acredita-se que o câncer relacionado a exposições de substâncias no local de trabalho possa representar entre 2-20% de todos os casos.[34] Todos os anos, pelo menos 200 mil pessoas morrem de câncer no mundo em casos relacionados a seus locais de trabalho.[34] Milhões de trabalhadores correm o risco de de desenvolver a doença, como o câncer de pulmão e mesotelioma por inalação do fumo do tabaco ou de fibras de amianto no trabalho, ou leucemia por exposição ao benzeno.[35]

Dieta e sedentarismo

Ver artigo principal: Alimentação e câncer
Propaganda de 1987 do National Cancer Institute sobre a importância de uma alimentação saudável

Dieta ruim, sedentarismo e obesidade estão relacionados com até 30-35% de mortes por câncer.[5][36] O excesso de peso corporal Estados Unidos está associado com o desenvolvimento de muitos tipos de câncer e é um fator relevante em 14-20% de todas as mortes por câncer.[36] Do mesmo modo, um estudo do Reino Unido, incluindo dados de mais de 5 milhões de pessoas, apresentou que um maior índice de massa corporal esta relacionado a pelo menos dez tipos de câncer e é responsável por cerca de 12 mil casos anuais da doença no país.[37] Acredita-se que o sedentarismo possa contribuir para o risco de câncer, não só através do seu efeito sobre o peso corporal, mas também através de efeitos negativos sobre o sistema endócrino e imunológico. Mais da metade do efeito da dieta é devido a supernutrição (comer demais), em vez de comer muito poucos legumes ou outros alimentos saudáveis.[36]

Alguns alimentos específicos estão ligados a cânceres específicos. Uma dieta rica em sal está ligada ao câncer gástrico. A aflatoxina B1, que frequentemente contamina alimentos, provoca o câncer de fígado. A mastigação de noz de areca provoca câncer oral.[38] As diferenças de práticas alimentares podem explicar em parte as diferenças de incidência de câncer em diferentes países. Por exemplo, o câncer gástrico é mais comum no Japão, devido à sua dieta de alto teor salino,[39] enquanto o câncer de cólon é mais comum nos Estados Unidos. Imigrantes também desenvolvem maior risco em seu novo país, muitas vezes dentro de uma geração, sugerindo um vínculo substancial entre dieta e câncer.[40]

Infecção

Helicobacter pylori

Em todo o mundo aproximadamente 18% das mortes por cãncer estão relacionadas com doenças infecciosas.[5] Esta proporção varia em diferentes regiões do mundo de um máximo de 25% na África para menos de 10% no mundo desenvolvido.[5] Os vírus são usuais agentes infecciosos que causam câncer, mas bactérias e parasitas cancerosos também podem ter efeito.[5]

Um vírus que pode causar câncer é chamado de oncovírus. Estes incluem papilomavírus humano (carcinoma cervical), vírus de Epstein-Barr, herpesvírus (sarcoma de Kaposi), hepatite B e hepatite C (carcinoma hepatocelular) e vírus linfotrópico da célula T humana (leucemia de células T). A infecção bacteriana pode também aumentar o risco de câncer, como visto no carcinoma gástrico induzida por Helicobacter pylori.[41] As infecções parasitárias fortemente associadoas com câncer incluem Schistosoma haematobium' (carcinoma de células escamosas da bexiga) e os vermes do fígado, como Opisthorchis viverrini e Clonorchis sinensis (colangiocarcinoma).[42]

Radiação

Símbolo internacional de alerta para nível de radiação perigoso para humanos

Até 10% dos cânceres invasivos estão relacionadas com a exposição à radiação, incluindo tanto a radiação ultravioleta e a radiação não ionizante.[5] Além disso, a grande maioria dos cânceres não invasivos são cânceres da pele que não são melanomas causados ​​por radiação ultravioleta não ionizante, a maior parte da luz solar. Fontes de radiação ionizante incluem imagens médicas e gás radônio.[5]

A radiação ionizante não é um mutagênico particularmente forte.[43] A exposição residencial ao radônio, por exemplo, tem riscos de câncer semelhantes ao do tabagismo passivo.[43] A radiação é uma fonte mais potente de câncer quando é combinada com outros agentes causadores da doença, como a exposição a radônio, além de tabaco.[43] A radiação pode causar câncer na maioria das partes do corpo, em todos os animais e em qualquer idade. Crianças e adolescentes têm duas vezes mais probabilidade de desenvolver leucemia induzida por radiação que adultos; a exposição à radiação antes do nascimento tem dez vezes mais efeito.[43]

O uso médico da radiação ionizante é uma pequena, mas crescente fonte de cânceres induzidos por radiação. A radiação ionizante pode ser utilizada para tratar outros tipos de cânceres, mas esta pode, em alguns casos, induzir a uma segunda forma da doença. [46] Também é utilizada em alguns tipos de imagens médicas.[44]

A exposição prolongada à radiação ultravioleta do sol pode conduzir a melanoma e outras malignidades de pele. Evidências estabelecem a radiação ultravioleta, em particular a onda média não ionizante UV, como a causa da maior parte dos cânceres da pele não-melanoma, que são as mais formas comuns de câncer no mundo.[45]

A radiofrequência não ionizante a partir de telefones móveis, transmissão de energia elétrica e outras fontes semelhantes têm sido descrita como um possível agente cancerígeno pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer da Organização Mundial da Saúde.[46] No entanto, os estudos não encontraram uma ligação consistente entre a radiação do telefone celular e o aumento do risco de câncer.[47]

Hereditariedade

Polipose adenomatosa familiar

A grande maioria dos cãnceres não são hereditários ("cânceres esporádicos"). Cânceres hereditários são causados ​​principalmente por um defeito genético herdado. Menos do que 0,3% da população é portadora de uma mutação genética que tem um grande efeito no risco de câncer e estas causam menos do que 3-10% de todos os casos de câncer no mundo.[48] Por exemplo, certas mutações hereditárias nos genes BRCA1 e BRCA2 ampliam o risco de câncer da mama, câncer de ovário[48] e de câncer colorretal hereditário sem polipose (que está presente em cerca de 3% das pessoas com câncer colorretal) em 75%.[49]

Agentes físicos

Algumas substâncias causam câncer, principalmente através de seus efeitos físicos, em vez de químicos, sobre as células.[50] Um exemplo proeminente disto é a prolongada exposição ao amianto, que ocorre naturalmente em fibras minerais, que são uma das principais causas de mesotelioma, que é um câncer da membrana serosa que envolve os pulmões.[50] Outras substâncias nesta categoria são a wollastonita, paligorsquite, lã de vidro e lã mineral, que têm efeitos semelhantes.[50] Materiais particulados não fibrosos que causam câncer incluem o pó metálico de cobalto e níquel e o dióxido de silício (quartzo, cristobalita e tridimita).[50] Normalmente, agentes cancerígenos físicos devem ficar no interior do corpo (tal como por meio de inalação de pedaços minúsculos) e requerem anos de exposição para desenvolver câncer.[50]

Trauma físico resultar em câncer é algo relativamente raro.[51] Afirmações de que ossos quebrados resultaram em câncer ósseo, por exemplo, nunca foram provadas.[51] Da mesma forma, traumas físicos não são aceitos como uma das causas para o câncer de colo do útero, de mama, ou no cérebro.[51] Uma fonte aceita é a aplicação frequente, a longo prazo, de objetos quentes no corpo. É possível que repetidas queimaduras na mesma parte do corpo, possam produzir câncer de pele, especialmente se substâncias químicas cancerígenas também estiverem presentes.[51] Beber chá muito quente pode produzir câncer do esôfago.[51] De um modo geral, acredita-se que o câncer surge através de câncer preexistente que é impulsionado durante o processo de reparação do trauma, ao invés do câncer ser causado diretamente pelo trauma.[51] No entanto, repetidas lesões nos mesmos tecidos podem promover uma proliferação celular excessiva, que poderia, então, aumentar as chances de uma mutação cancerosa.[51]

É controverso se inflamações crônicas podem causar mutações diretamente.[51][52] Reconhece-se, no entanto, que a inflamação pode contribuir para a proliferação, a sobrevivência, a angiogênese e a migração de células cancerosas por influenciar o microambiente em torno dos tumores.[53][54] Além disso, os oncogenes são conhecidos para construir-se em um microambiente inflamatório pró-tumorigénico.[55]

Hormônios

Algumas hormônios desempenham um papel no desenvolvimento de câncer através da promoção da proliferação de células.[56] Os fatores de crescimento semelhante à insulina e as suas proteínas de ligação desempenham um papel fundamental na proliferação de células cancerosas, na diferenciação e na apoptose, sugerindo um possível envolvimento na carcinogênese.[57]

Hormônios são agentes importantes na cancros relacionados ao sexo, como câncer de mama, do endométrio, da próstata, do ovário e do testículo, além de câncer de tireoide e câncer ósseo.[56] Por exemplo, as filhas de mulheres que têm câncer de mama têm níveis significativamente mais elevados de estrogênio e progesterona do que as filhas de mulheres sem câncer da mama. Estes níveis hormonais elevados podem explicar por que essas mulheres têm maior risco de câncer de mama, mesmo na ausência de um gene deste tipo de câncer.[56] Da mesma forma, os homens de ascendência africana têm níveis significativamente mais elevados de testosterona do que os homens de ascendência europeia, além de ter um nível correspondentemente muito maior de câncer de próstata.[56] Os homens de ascendência asiática os têm níveis mais baixos de câncer de próstata.[56]

Outros fatores que também são relevantes: pessoas obesas têm níveis mais elevados de alguns hormônios associados ao câncer e uma taxa mais elevada de certos cânceres.[56] As mulheres que fazem terapia de reposição hormonal têm um maior risco de desenvolver cânceres associados a esses hormônios.[56] Por outro lado, pessoas que se exercitam muito mais do que a média têm menores níveis desses hormônios e menor risco de desenvolver câncer.[56] O osteossarcoma pode ser promovida por hormônios de crescimento.[56]

Diagnóstico

A maioria dos cânceres são inicialmente reconhecidos por causa de seus sintomas e sinais ou através de exames. Nenhum dos dois leva a um diagnóstico definitivo, que geralmente requer a opinião de um patologista.

Raio-X de tórax mostrando câncer de pulmão no pulmão esquerdo.

Pessoas com suspeita de câncer são investigadas com exames médicos. Estes geralmente incluem exames de sangue, radiografia, tomografia computadorizada, endoscopia entre outros.

Nomenclatura

Cancros adultos

Nos Estados Unidos e em outros países desenvolvidos, o câncer é responsável por cerca de 25 por cento de todas as mortes.[58] Anualmente, 0,5 por cento da população é diagnosticada com câncer. As estatísticas abaixo são para adultos nos Estados Unidos, e variam consideravelmente em outros países:

Homens Mulheres
mais comum causa de morte[58] mais comum causa de morte[58]
câncer de próstata (33%) câncer de próstata (10%) câncer de mama (32%) câncer de mama (15%)
câncer de pulmão (13%) câncer de pulmão (31%) câncer de pulmão (27%) câncer de pulmão (12%)
câncer colorretal (10%) câncer colorretal (10%) câncer colorretal (11%) câncer colorretal (10%)
câncer de bexiga (7%) câncer pancreático (5%) câncer endometrial (6%) câncer ovariano (6%)
melanoma cutâneo (5%) leucemia (4%) linfoma não-Hodgkin (4%) câncer pancreático (6%)

Cânceres infantis

O câncer também ocorre em crianças jovens e adolescentes, mas é raro. Alguns estudos concluíram que cânceres pediátricos, especialmente leucemia, estão em uma tendência de aumento de incidência.[59][60]

A idade do pico de incidência de câncer em crianças ocorre durante o primeiro ano de vida. Leucemia (geralmente leucemia linfoblástica aguda) é a forma maligna infantil mais comum (trinta por cento), seguida pelos do sistema nervoso central e neuroblastoma. Também são presentes o tumor de Wilms, linfomas, rabdomiosarcoma (surgindo nos músculos), retinoblastoma, osteossarcoma e sarcoma de Ewing.[58] Teratoma é o tumor mais comum nesta faixa etária, mas as maioria dos teratomas são cirurgicamente removidos enquanto ainda são benignos.

Os meninos e meninas possuem essencialmente as mesmas taxas de incidência, mas crianças brancas possuem taxas de câncer substancialmente maiores do que crianças negras para a maioria dos tipos de câncer. A sobrevivência das crianças é muito boa para neuroblastoma, tumor de Wilms e retinoblastoma e para leucemia (oitenta por cento), mas não para a maioria dos outros tipos de câncer.

Biópsia

Um câncer pode ser suspeitado devido diversas razões, mas o diagnóstico definitivo da maioria dos casos malignos deve ser confirmado através de exame histológico das células cancerosas por um patologista. O tecido pode ser obtido através de uma biópsia ou cirurgia. Muitas biópsias (como aquelas da pele, mama ou fígado) podem ser feitas em um consultório médico. Biópsias em outros órgãos são realizadas sob anestesia e requerem cirurgia em uma sala de operação.

O diagnóstico do tecido indica o tipo de célula que está proliferando, sua graduação histológica e outras características do tumor. Toda esta informação reunida é útil para avaliar o prognóstico do paciente e escolher o melhor tratamento. A citogenética e a imuno-histoquímica podem fornecer informações sobre o comportamento futuro do câncer (prognóstico) e melhor tratamento.

Progressão

Exemplo de progressão do câncer/cancro.

Há várias etapas na progressão de um cancro invasivo a partir de uma célula normal, cada etapa correspondendo a novas mutações num subgrupo das células que partilham a mutação anterior:

  1. Proliferação independente: uma célula ganha mecanismos internos de estimulação ao crescimento em vez de responder a hormonas externas (mutação num oncogene, e.g. RAS). Esta célula multiplica-se.
  2. Insensibilidade a factores inibitórios externos: uma célula das que tinham a mutação 1 sofre duas novas mutações (em ambas as cópias do gene) que a liberta de factores que inibem a proliferação, como produtos de genes supressores tumorais. Esta célula multiplica-se ainda mais rapidamente.
  3. Evasão de apoptose: uma das células em 2 sofre mutações nos dois genes que levam grande número das suas células-irmãs não mutadas à apoptose (morte celular). Esta célula divide-se na mesma velocidade mas as suas células-filhas sobrevivem em muito maior número.
  4. Defeitos na Reparação do DNA: inactivados os genes de reparação de DNA numa célula das de 3. Esta célula divide-se à mesma velocidade mas as suas células filhas acumulam novas mutações muito mais rápido.
  5. Proliferação Ilimitada: uma das células de 4 ganha capacidade de estender os seus telómeros: a sua divisão é ainda mais rápida.
  6. Angiogenese: uma célula de 5 ganha capacidade de secretar proteínas que chamam a criação de novos vasos sanguíneos -menos necrose das suas células filhas devido à isquémia (má irrigação sanguínea de um determinado órgão ou tecido devido a obstrução de vasos e artérias) e novas vias de disseminação.
  7. Habilidade de invasão e metastização: ganho de função de genes que degradam a cápsula (colagenases entre outras enzimas), ganho de função de genes correspondentes a receptores membranares (silenciosos nas células normais progenitoras) que permitem a invasão dos vasos sanguíneos ou linfáticos. Perda da adesividade das células umas às outras (inactivação dos genes correspondentes às proteínas ligantes, como as integrinas).
  8. Estabelecimento de células filhas em outros locais do corpo e crescimento de massas neoplásicas nessas localizações- metastização.

Anatomia patológica

O aspecto microscópico das neoplasias malignas é variado. A maioria é pouco diferenciada, ao contrário da maioria dos tumores benignos, ou seja, as células neoplásicas mais malignas têm mais aspecto de células embrionárias sem diferenciação típica ou de diferenciação caótica do que do tecido ordenado de onde provêm (anaplásia). No entanto alguns tipos de cancro podem apresentar aspecto bem diferenciado, por vezes até funcional. Ultimamente a distinção entre neoplasia benigna e maligna só pode ser feita através da detecção de indícios de invasão de outros tecidos. Assim, um tumor que infiltre a sua cápsula (por vezes colorida com tinta da china para mais fácil identificação) será maligno, assim como um tumor não encapsulado que se mistura livremente com o tecido normal. Invasão dos microvasos sanguíneos e/ou linfáticos por células neoplásicas é considerado prova de invasão e carácter maligno do tumor.

Algumas características gerais que distinguem células neoplásicas provavelmente malignas de células normais ou benignas: pleomorfismo celular (várias formas de células no mesmo tecido); grandes núcleos relativamente ao citoplasma; núcleos com formas diversas; células gigantes com vários núcleos; nucléolos prominentes; mitoses em elevado número; áreas de necrose e/ou apoptose extensas.

Um tumor epitelial ainda que não invasivo, que apresente várias destas características é considerado maligno com elevada probabilidade de invasão subsequente se não for retirado -é um carcinoma in situ.

As indicações da anatomia patológica baseiam-se, mais que em diagnósticos exactos definitivos, em probabilidades de prognóstico de acordo com as características. Estas probabilidades foram determinadas em estudos exaustivos. É mais uma ciência empírica que conhecimento de causas profundas que correlacionem as características ao prognóstico.

Neoplasia e cancro

Ver artigo principal: Carcinogênese
Basalioma.

Os tumores neoplásicos são qualquer massa de células que surge por divisão inapropriada de uma célula mãe original (multiplicação clonal), na qual a expressão dos genes que regulavam essa divisão estão alterados. Cancro é entendido como a grave situação patológica clínica que é gerada por uma neoplasia, a qual é classificada como maligna devido à situação clínica potencialmente fatal que origina.

O tumor maligno ou cancro distingue-se do tumor benigno principalmente porque o primeiro põe a vida do doente em risco mas o segundo geralmente não. A grande maioria dos tumores malignos é invasivo, e é a sua infiltração progressiva de estruturas adjacentes, ou distantes através de metástases que cria disfunções nos órgãos invadidos e reacções imunitárias às lesões que levam à insuficiência ou má função de órgãos vitais e à morte. No entanto, nem todos os cancros são invasivos. Alguns tumores são considerados malignos apesar de serem em tudo semelhantes aos benignos porque produzem graves danos pela produção de hormonas (e.g. feocromocitoma), enquanto outros comprimem órgãos devido às limitações ao seu crescimento como tumores do cérebro que não se podem expandir devido ao crânio e acabam comprimindo o cérebro, o que resulta em morte (devido a asfixia após disfunção do sistema respiratório na maioria dos casos).

As neoplasias benignas em geral não se transformam em malignas, apesar de existirem numerosas excepções, e portanto podem ser mantidas no corpo do paciente, mas geralmente recomenda-se a retirada por motivos estéticos.

No entanto em casos raros as neoplasias de comportamento benigno podem levar à morte, se o seu crescimento local, por azar, comprimir mecanicamente uma artéria, veia ou nervo importante, por exemplo.

As células cancerosas podem ainda se soltar do tecido neoplásico original e, através da corrente sanguínea, linfática ou de outros líquidos (peritoneal, pleural) instalar-se em outros órgãos distantes da localização inicial, as metástases. A metastização constitui a fase do câncer cujo tratamento é mais difícil e quando é obtido menos sucesso na recuperação de pacientes. O paciente com câncer deve, sempre que possível, ser operado o mais rapidamente possível para a extração do tecido ou do órgão afetado, seguido de um tratamento de quimioterapia ou radioterapia.

Progressão entre os órgãos

Estômago

Ver artigo principal: Câncer esofágico

O câncer estomacal inicia com o desenvolvimento nas células do epitélio. No segundo estágio o câncer invade o estômago e vai para os gânglios. Afeta a parede gástrica e invadem áreas adjacentes. No último estágio as evidências são apresentadas.

Pele

Ver artigo principal: Câncer de pele

A batimetria do câncer é menor de um milímetro. Quando localizado na área cutânea é maior que dois centímetros. Encontra-se nos gânglios no terceiro estágio. No quarto estágio as evidências são facilmente encontradas.

Colo do útero

Invade o colo pélvico no primeiro estágio. No segundo estágio limita a parede pélvica. No terceiro estágio encontra-se na vagina ou continua na parede pélvica. No último estágio o câncer atinge os órgãos próximos.

Próstata

O órgão produz a enzima PSA. No segundo estágio o câncer apenas fica na próstata. No terceiro estágio fica na cápsula da próstata ou na vesícula seminal. O câncer continua em outros órgãos no quarto estágio.

Pulmão

No primeiro estágio ele é pequeno. No segundo estágio o tumor pulmonar é de três centímetros. No tórax, tem alterações nos linfonodos. No quarto estágio o problema de oncologia atinge o sistema hepático e neurológico.

Cólon e Reto

A parede do reto ou no cólon para as áreas vizinhas. Toma completamente o cólon ou o reto. Espalha-se para órgãos vizinhos. No quarto estágio atinge o fígado, pulmão, cérebro,etc.

Mama

No primeiro estágio o tumor atinge no máximo dois centímetros, invade os nódulos axiliares, atinge os nódulos línfaticos e mamários. No quarto estágio atinge órgãos distantes como ossos, pele, etc.

Tratamento

A dificuldade do tratamento do cancro consiste em fazer a distinção entre as células malignas e as células normais do corpo. Ambas são provenientes da mesma origem e são muito semelhantes, daí não haver reconhecimento significativo por parte do sistema imunitário da ameaça.

Cirurgia

Se a massa for bem delimitada e minimamente invasiva, a resecção cirúrgica é possível, mas já é impossível se o tumor estiver espalhado por todo o corpo, ou em órgãos vitais que não podem ser cortados. Muitas vezes é difícil para o cirurgião determinar a margem em que acaba a neoplasia e começa o tecido normal, correndo o risco de cortar demasiado tecido normal e reduzir a probabilidade de sobrevivência do doente à operação, ou não retirar a massa cancerosa na totalidade, diminuindo a probabilidade de sobrevivência ao cancro.

A cirurgia é então apenas usada no tratamento dos tumores que ainda estão delimitados, por resecção ou retirando o órgão completo (prostectomia no cancro da próstata, mastectomia no da mama). Contudo se o tumor invadir estruturas adjacentes que não podem ser resectadas (e.g. uma artéria importante) o tumor é irressectável.

Quimioterapia

Ver artigo principal: Quimioterapia

Baseia-se no fato de as células tumorais se dividirem muito mais rápido que as células normais. O doente recebe medicamentos (injetáveis; por via oral; em cavidades como a bexiga, o espaço intratecal, o espaço pleural ou o abdômen) que interferem com a síntese do DNA e matam as células em divisão. Contudo, poderão acontecer efeitos secundários (colaterais) naquelas células normais de crescimento rápido, como a mucosa gastrointestinal (diarreia, náuseas, vómitos), folículos pilosos (queda do cabelo) e outros. Mais recentemente, existe uma nova classe de medicamentos chamada de anticorpos monoclonais, que, por terem um alvo molecular específico na célula cancerígena, têm como vantagem serem menos tóxicos para as células normais. Os anticorpos monoclonais podem ser utilizados sozinhos ou em conjunto com as quimioterapias.

Radioterapia

Ver artigo principal: Radioterapia

Também ataca células de crescimento rápido. As células tumorais, como têm défice de proteínas reparadoras do DNA, são mais vulneráveis a doses de radiação de alta energia (raios X e gama). As suas doses letais são mais baixas que as das células normais. No entanto além de efeitos secundários semelhantes aos da quimioterapia, há risco de desenvolvimento de novos tumores, apesar de relativamente pequeno.

Terapia hormonal

Ver artigo principal: Terapia hormonal (oncologia)

O crescimento de alguns cânceres pode ser inibido ao se fornecer ou bloquear certos hormônios. Exemplos comuns de tumores sensíveis a hormônios incluem certos tipos de câncer de mama e próstata. Remover ou bloquear o estrógeno ou testosterona é frequentemente um tratamento adicional importante. Em certos cânceres, a administração de agonistas hormonais, como progestágenos podem ser benéficos terapeuticamente.

Novas técnicas

Os cientistas acreditam que o desenvolvimento da edição do genoma humano usando CRISPR pode, eventualmente, resultar em uma nova abordagem para combater as infecções virais e tumores cancerosos, fazendo a edição de gene nas células T do sistema imunológico em laboratório antes de colocá-las de volta no paciente para protege-lo contra uma ampla gama de doenças, de diabetes ao HIV e cancer[61].

Têm sido desenvolvidos alguns fármacos específicos que diminuem a actividade de algumas proteínas (traduzidas de oncogenes) cuja alta actividade é importante na proliferação de alguns tipos de cancro. A leucemia mieloide crónica é inclusivamente curável através da administração desse novo tipo de fármacos. No futuro estes fármacos podem vir a ser mais relevantes.

A utilização de toxinas acopladas a anticorpos específicos de proteínas membranares comuns na superfície das células do tumor mas não de células normais também tem tido algum sucesso.

Terapias alternativas

Terapias alternativas ou não-ocidentais são frequentemente escolhidas por muitos pacientes cujo prognóstico é sombrio e os custos elevados. No entanto, não há prova alguma de que essas terapias melhorem o prognóstico. Apesar de também não serem geralmente nocivas, elas podem ser efectuadas por quem acreditar paralelamente ao tratamento convencional de opiáceos.

Se for escolha do paciente informado, e apesar de provavelmente não terem nenhum efeito directo, as terapias alternativas poderão ter um efeito placebo, ou seja, o doente acredita que vai melhorar e está comprovado que pacientes mais optimistas e lutadores têm melhor curso da sua doença que os derrotistas. Substituir o tratamento convencional pelo alternativo seria no entanto altamente desaconselhável, já que a medicina moderna já consegue melhorar o prognóstico e até curar muitas formas de cancro, e é impossível dizer ao certo como reagirá um doente à terapia convencional.

Entretanto, devemos pensar sempre no paciente. Se a neoplasia maligna já foi tratada com cirurgia, quimioterapia e radioterapia e não mostrou melhoria, os médicos têm o dever de procurar novas estratégias. Muitos consideram a imunoterapia e a hipertermia como medidas complementares dignas de crédito. Existem muitos trabalhos científicos de bom nível que atestam a eficácia de tais estratégias.[carece de fontes?] Por outro lado, muitas pessoas se curam de tumores usando a fitoterapia.[carece de fontes?] Na verdade muitos medicamentos da medicina convencional foram sintetizados a partir de princípios ativos encontrados no reino vegetal e de uso empírico. Há, ainda, muitos outros que são tratados e curados com estratégias psicoterápicas e até com acupuntura.[carece de fontes?] O paciente tem o direito de escolha e o médico o dever de oferecer alternativas sérias, já estudadas e seguras

Prognóstico

O câncer possui a reputação de ser uma doença mortífera. Enquanto isso é verdade para alguns tipos particulares de câncer, as verdades por trás das conotações históricas do câncer estão cada vez mais sendo superadas pelos avanços no cuidado médico. Alguns tipos de câncer possuem prognóstico que é substancialmente melhor que outras doenças não-malignas como a insuficiência cardíaca e AVC.

Uma doença maligna progressiva e disseminada possui um impacto substancial na qualidade de vida do paciente, e muitos tratamentos de câncer (como a quimioterapia) podem ter efeitos colaterais severos. Nos estágios avançados do câncer, muitos pacientes precisam de cuidado extensivo, afetando membros da família e amigos.

Os pacientes com câncer, pela primeira vez na história da oncologia, estão visivelmente retornando para suas vidas normais. Pacientes estão vivendo mais tempo com a doença persistente, mas silenciada ou mesmo com a completa remissão. As histórias como a de Lance Armstrong, que ganhou o Tour de France após o tratamento de um câncer testicular metastático ou de Tony Snow, que estava trabalhando como secretário de imprensa da Casa Branca dos Estados Unidos apesar de seu câncer de cólon, continuam a ser uma inspiração para pacientes com câncer em todo mundo.

Prevenção

Exames genéticos

O exame genético para pessoas de alto-risco já está disponível para algumas mutações genéticas relacionadas ao câncer. Portadores de mutações genéticas que aumentam o risco de incidência de câncer podem se submeter a uma inspeção mais detalhada, prevenção química ou cirurgias que diminuam o risco. A identificação precoce de um risco genético herdado para o câncer, associada com outras intervenções de prevenção ao câncer como a cirurgia ou inspeções mais detalhadas, pode salvar a vida destas pessoas em alto-risco.

Gene Tipos de câncer Disponibilidade
BRCA1, BRCA2 Mama, ovário, pancreático Disponível comercialmente
MLH1, MSH2, MSH6, PMS1, PMS2 Cólon, uterino, intestino delgado, estômago, trato urinário Disponível comercialmente

Cura

Recentemente, cientistas da Harvard Medical School, de Boston, divulgaram uma maneira revolucionária na luta contra o câncer.

Segundo o estudo, dirigido por Pier Paolo Pandolfi, em vez de matar células cancerígenas com drogas tóxicas, os cientistas descobriram um caminho molecular que as força a envelhecer e morrer.

As células cancerígenas se espalham e crescem porque podem dividir-se indefinidamente.

A equipe usou para o estudo ratos geneticamente modificados que desenvolveram uma forma de câncer de próstata.

Em alguns deles, os cientistas tornaram inativo o gene Skp2. Quando o rato atingiu seis meses de vida, eles descobriram que os portadores de um gene Skp2 inativo não desenvolveram tumores, ao contrário dos outros ratos da pesquisa.

Quando eles analisaram os tecidos de nódulos linfáticos e da próstata, descobriram que muitas células tinham começado a envelhecer, e também encontraram uma lentidão na divisão de células. Eles obtiveram efeito semelhante quando usaram a droga MLN4924 no bloqueio do Skp2 em culturas de laboratório de células de câncer da próstata.

O estudo em ratos mostrou que o bloqueio de um gene causador do câncer chamado Skp2 forçou células cancerígenas a passar por um processo de envelhecimento conhecido como senescência --o mesmo processo envolvido na ação de livrar o corpo de células danificadas pela luz solar.

A descoberta pode significar uma nova estratégia para o combate ao câncer.

Vacinação

Atualmente existem vacinas para o HPV e o tumor cerebral.

Epidemiologia

Factores de risco incluem geografia (mais cancro da pele em países tropicais que em nórdicos), etnia, hábitos alimentares, idade avançada e genes hereditários que causam predisposição para o cancro.

Em países desenvolvidos o cancro compete com as doenças cardiovasculares (principalmente enfartes coronários e AVCs) enquanto causa de morte principal. Uma em cada quatro ou cinco pessoas morrerá de cancro nestes países.

(2000-2005) nos países do Europa e América do Norte.

  • Cancros mais frequentes no Homem: Carcinoma da Próstata (um terço dos casos), Pulmão (~15%), Cólon e Recto (~10%), Linfomas e leucemias não Hodgkins (~10%), Bexiga (5%), Melanoma maligno (4%), Boca e faringe, Pancreas, Rim (cada um 2-3%), outros (~20%).
  • Cancros mais mortais no Homem -percentagem das mortes por cancro: Pulmão (~30%), Colon e Recto (~10%), Próstata (10%), Leucemias e Linfomas não Hodgkins (~10%), Pancrêas (5%), Bexiga, Figado, Rim, Esófago (cada um 2-3%), outros (~20%).
  • Cancros mais frequentes na Mulher: Mama (um terço), Pulmão (~10%), Cólon e Recto (~10%), Útero, Tiroide, Pâncreas, (cada um 2-3%), outros (~20%)
  • Cancros mais mortais na Mulher: Pulmão (~25%), Mama (~15%), Cólon e Recto (~10%), Linfomas e leucemias não Hodgkins (~10%), Pancrêas (~5%), Ovário (~5%), Útero (~4%), outros (~25%).

Em Portugal os dados são semelhantes, à excepção do cancro do estômago que é muito mais comum devido a maior prevalência de Helicobacter pylori e alcoolismo. No Brasil e na África as incidências são bastante diferentes.

Os cancros do Pulmão e da Bexiga são na sua maioria causados pelo Tabaco. Uma em oito mulheres terá cancro da mama, no entanto a maioria dos casos é diagnosticada num estágio curável.

Ver também

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