Alfa Romeo na Fórmula 1
A Alfa Romeo participou da Fórmula 1 como construtor e fornecedor de motores esporadicamente entre 1950 e 1987. A marca retornou como construtor na temporada de 2019, quando a equipe Sauber foi rebatizada para Alfa Romeo. Entre este período a equipe competiu sob uma licença suíça e estava sediada em Hinwil, Suíça e era operada pela Sauber Motorsport AG.[2][3]
Os pilotos da Alfa Romeo conquistaram os dois primeiros Campeonatos Mundiais de Pilotos: Giuseppe Farina em 1950; e Juan Manuel Fangio em 1951. Porém, após estes sucessos, a empresa se retirou da Fórmula 1. Durante a década de 1960, embora a empresa não tivesse presença oficial na Fórmula 1, várias equipes utilizaram motores Alfa Romeo desenvolvidos de forma independente para alimentar os seus carros. No início da década de 1970, a Alfa forneceu suporte de Fórmula 1 ao seu piloto de trabalho Andrea de Adamich, fornecendo versões adaptadas de seu motor V8 de 3 litros do carro esportivo Alfa Romeo Tipo 33/3 para impulsionar a McLaren de Adamich em 1970 e para a March em 1971. Nenhuma dessas combinações de motores marcou pontos no campeonato. Em meados da década de 1970, o engenheiro da Alfa Romeo, Carlo Chiti, projetou um motor flat-12 para substituir o T33 V8, que obteve algum sucesso ao conquistar o Campeonato Mundial de Resistência de 1975. Bernie Ecclestone, então proprietário da equipe Brabham, convenceu a Alfa Romeo a fornecer este motor gratuitamente para a temporada de Fórmula 1 de 1976. Embora a primeira temporada da Brabham-Alfa Romeo tenha sido relativamente modesta, durante os Campeonatos Mundiais de 1977 e 1978 seus carros conquistaram 14 pódios, incluindo duas vitórias em corridas para Niki Lauda.
O departamento esportivo da empresa, Autodelta, regressou como equipe de fábrica em 1979, com a equipe passando a competir sob o nome "Alfa Romeo" a partir da temporada de 1980. Este segundo período como construtor foi menos bem sucedido que o primeiro. Entre o regresso da empresa e a sua retirada como construtor no final de 1985, os pilotos da Alfa Romeo não venceram nenhuma corrida e a equipe nunca terminou acima do sexto lugar no Campeonato Mundial de Construtores. Os motores da equipe também foram fornecidos para Osella de 1983 a 1987, mas marcaram apenas dois pontos no Campeonato Mundial nesse período.
O logotipo da Alfa Romeo regressou à Fórmula 1 em 2015, aparecendo nos carros da Scuderia Ferrari. No final de 2017, a Alfa Romeo anunciou que se tornaria patrocinadora principal da Sauber a partir de 2018[4] e firmou uma parceria técnica e comercial com a equipe. A Alfa Romeo voltou ao esporte quando a Sauber mudou seu nome de construtor para "Alfa Romeo Racing", porém, a propriedade e a administração da equipe permaneceram inalteradas e independentes.[5][6] A parceria da Alfa Romeo com a equipe suíça foi encerrada após o fim da temporada de 2023.[7]
História
[editar | editar código-fonte]1950–1951: títulos
[editar | editar código-fonte]Em 1950, Giuseppe Farina foi campeão da Fórmula 1 no 158 com compressor, em 1951 Juan Manuel Fangio foi campeão com um Alfetta 159 (uma evolução do 158 com duas etapas de compressor). Na temporada de 1952, a equipe se retira da Fórmula 1 por um tempo.
1961–1979, 1983–1988: fornecedora de motor
[editar | editar código-fonte]Em 1961 forneceu motores para a equipe De Tomaso, porém não obteve sucesso e a equipe não marcou um ponto sequer. Entre 1962 e 1972, foi fornecedora de motores para equipes: Cooper, LDS, McLaren e March. Durante esses anos o motor Alfa Romeo não se mostrava competitivo, e só voltou a fornecer motores em 1976, desta vez para a equipe Brabham.
Em 1978, na Brabham conseguiu desenvolver um bom motor, o que levou a equipe para um belo 3.º lugar no campeonato de construtores e o 4.º no de pilotos com Niki Lauda (as melhores colocações como fornecedora). Em 1979 resolve voltar à Fórmula 1 como equipe, mas fornece apenas para a Brabham, encerrando esse ciclo. Voltou a fornecer de 1983 a 1987 e a escolhida é a pequena equipe Osella. No GP de Dallas de 1984, Piercarlo Ghinzani termina em 5.º lugar marcando 2 pontos e no GP da Itália, em Monza, marcaria novamente 2 pontos se o austríaco Jo Gartner estivesse elegível para a temporada na Osella.[8] Na temporada de 1988, os motores Alfa Romeo foram rebatizados com o nome da própria Osella, que os desenvolve sozinha. Apenas três provas terminadas, sete abandonos, quatro não qualificações para o grid de largada e também nenhum ponto marcado como nas temporadas anteriores: 1985, 1986 e 1987. Um grande fracasso nessa tentativa de desenvolvimento da própria Osella, que fez a Alfa Romeo deixar a categoria máxima da velocidade.[9]
1979–1985: retorno como equipe
[editar | editar código-fonte]A temporada de 1979 marca o retorno da Alfa Romeo como equipe, mas não consegue pontuar. Passou mais seis temporadas não conseguindo repetir o sucesso do início da década de 1950, quando conseguiu dois títulos mundiais. O melhor resultado em sua volta, foi um sexto lugar na temporada de 1983 com dezoito pontos e dois pódios: segundo lugar nos GPs: Alemanha e África do Sul conseguidos por Andrea de Cesaris. Em 1984 obteve o único (último) pódio com o terceiro lugar no GP da Itália, Monza, conduzido por Riccardo Patrese. Essa temporada, assim como a de 1985, ela teve o patrocínio da marca Benetton, que viria a ser uma equipe em 1986.
A temporada de 1985 foi um desastre, porque com o chassi 185T, os carros não terminaram as quatro provas inicias no campeonato. No meio da temporada, "desenterraram" o modelo 184T modificando para 184TB, mas os resultados foram péssimos: não pontuaram e raramente acabavam corridas, devido à pobre fiabilidade do motor e as restrições de gasolina ao qual os motores Turbo estavam sujeitos. No final da época, dadas as dificuldades que a marca passava, a retirada da Formula 1 foi inevitável. Em uma entrevista que deu em 2000, Riccardo Patrese descreveu o 185T como "o pior carro que já dirigi".
A Alfa Romeo saiu da Fórmula 1 como construtora após a corrida final da temporada de 1985 na Austrália.[10]
2018: Parceria com a Sauber
[editar | editar código-fonte]Para a temporada de 2018, a Alfa Romeo firmou uma parceria técnica e comercial com a equipe Sauber, que utiliza motores Ferrari, e em 29 de novembro de 2017, foi anunciado que a Alfa Romeo seria o patrocinador título da equipe a partir da temporada de 2018, em um "contrato de parceria técnica e comercial de vários anos",[4] com a equipe suíça passando a se denominar Alfa Romeo Sauber F1 Team.[11] No dia 2 de dezembro de 2017, uma conferência de imprensa foi realizada no Museu Alfa Romeo em Arese (Milão), ilustrando os termos do acordo entre o Grupo FCA e a equipe Sauber, seguida de uma cerimônia de apresentação da pintura e da dupla de pilotos composta por Charles Leclerc e Marcus Ericsson.[12]
No dia 11 de setembro de 2018, foi anunciada a contratação de Kimi Räikkönen pela equipe, em troca com Charles Leclerc, que foi para a Ferrari.
2019–2023: Novo retorno da Alfa Romeo como equipe
[editar | editar código-fonte]Para a temporada de 2019, a Alfa Romeo volta como equipe após a Sauber ser rebatizada para "Alfa Romeo Racing". Mas, diferentemente da BMW Sauber, dessa vez foi alterado apenas o nome de construtor da equipe suíça, com a estrutura de propriedade e gestão permanecendo inalteradas. Esta foi a primeira vez desde 1985 que uma equipe competiu sob o nome Alfa Romeo na Fórmula 1.[5][6]
No início de 2020, a equipe anunciou que havia assinado um contrato de múltiplos anos com a empresa petrolífera polonesa Orlen como seu patrocinador título, com isso a Alfa Romeo alterou seu nome de equipe para "Alfa Romeo Racing Orlen".[13] A equipe permaneceu competindo sob esta designação até o final de 2021, quando a equipe removeu o nome "Racing" da nomenclatura de seu chassi e passou a competir a partir da temporada de 2022 sob o nome "Alfa Romeo F1 Team Orlen".[14]
O acordo entre Sauber e Alfa Romeo era inicialmente válido por dois anos,[15] porém, em 29 de outubro de 2020, as partes anunciaram que o acordo havia sido estendido para até o final de 2021.[16] Em 14 de julho de 2021, a montadora italiana anunciou a renovação da parceria com a Sauber em um acordo de múltiplos anos,[17] mas com essa parceria de longo prazo com a Sauber sendo revisada de forma anual.[18] Em 30 de julho de 2022, a Alfa Romeo confirmou que o acordo com a equipe suíça havia sido renovado por mais um ano, até o fim da temporada de 2023.[19] Porém, em meio a rumores de uma possível compra da Sauber pela Audi, alguns dias depois a Alfa Romeo anunciou o fim da parceria com a equipe suíça após o fim de 2023.[7]
Em janeiro de 2023, a Alfa Romeo anunciou um acordo de patrocínio plurianual com o cassino online Stake, renomeando a equipe para "Alfa Romeo F1 Team Stake" e tendo seu logotipo exibido com destaque no C43.[20] A equipe também assinou um acordo de parceria com a plataforma de transmissão ao vivo Kick, que recebe investimentos do cofundador e proprietário da Stake, Eddie Craven. O nome e o logotipo da Kick substituíram os da Stake em países onde anúncios de jogos de azar e apostas esportivas não são permitidos, assim a equipe competiu sob a denominação "Alfa Romeo F1 Team Kick".[21] A Alfa Romeo correu com uma pintura revisada da Kick no Grande Prêmio da Bélgica de 2023.[22]
Pilotos
[editar | editar código-fonte]Nota: O campeonato de construtores só passou a ser disputado em 1958.
Campeões mundiais
[editar | editar código-fonte]Campeonatos | Pilotos | Temporadas |
---|---|---|
2 | Giuseppe Farina | 1950 |
Juan Manuel Fangio | 1951 |
Vitórias por piloto
[editar | editar código-fonte]Fangio: 6
Farina: 4
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c d e f «Alfa Romeo». STATS F1. Consultado em 29 de agosto de 2022
- ↑ «2019 FIA Formula One World Championship Entry List». Federation Internationale de l'Automobile (em inglês). Consultado em 6 de fevereiro de 2019
- ↑ «Provisional 2021 F1 entry list published by FIA». Motorsport Week. 12 de dezembro de 2020. Consultado em 26 de dezembro de 2020
- ↑ a b «The Sauber F1 Team enters a multi-year partnership agreement with Alfa Romeo». Sauber F1 Team. Consultado em 29 de novembro de 2017. Arquivado do original em 1 de janeiro de 2018
- ↑ a b «Sauber become Alfa Romeo Racing for 2019 F1 season». formula1.com. Consultado em 1 de fevereiro de 2019
- ↑ a b «Sauber muda de nome e será a Alfa Romeo Racing na F1 2019». Terra. Consultado em 1 de fevereiro de 2019
- ↑ a b «F1: Alfa Romeo confirma fim da parceria com a Sauber após a temporada 2023». motorsport.uol.com.br. 26 de agosto de 2022. Consultado em 26 de agosto de 2022
- ↑ «1984 FIA Formula One World Championship» (em inglês). Formula 1
- ↑ «Osella Squadra Corse: Allegro ma non troppo». AutoSport
- ↑ «Os Gloriosos Fracassos - Alfa Romeo 1979-1985 (2ª parte)». AutoSport. Consultado em 27 de novembro de 2014. Arquivado do original em 4 de dezembro de 2014
- ↑ FAZIO, VITOR. «Alfa Romeo fecha parceria técnica com Sauber, rebatiza motores e volta ao grid da F1 após 33 anos». Grande Prêmio. Consultado em 29 de novembro de 2017
- ↑ «Sauber confirm Leclerc & Ericsson, as Alfa Romeo livery revealed». Formula 1® - The Official F1® Website (em inglês). Consultado em 2 de dezembro de 2017
- ↑ «Kubica assina como terceiro piloto da Alfa Romeo e time muda de nome; entenda». motorsport.uol.com.br. 1 de janeiro de 2020. Consultado em 1 de janeiro de 2020
- ↑ «2022 FIA Formula One World Championship – Entry List». Fédération Internationale de l'Automobile. 7 de dezembro de 2021. Consultado em 26 de dezembro de 2021
- ↑ «F1 – Vasseur confia que a Alfa Romeo vai renovar acordo». autoracing.com.br. 29 de fevereiro de 2020. Consultado em 29 de fevereiro de 2020
- ↑ «F1: Sauber estende acordo com Alfa Romeo até final de 2021». motorsport.uol.com.br. 29 de outubro de 2020. Consultado em 29 de outubro de 2020
- ↑ «F1: Alfa Romeo anuncia renovação da parceria com a Sauber». motorsport.uol.com.br. 14 de julho de 2021. Consultado em 14 de julho de 2021
- ↑ «Audi oficializa entrada na F1 em 2026, mas confirmação de equipe parceira sairá até o fim do ano». motorsport.uol.com.br. 26 de agosto de 2022. Consultado em 26 de agosto de 2022
- ↑ «Em meio ao interesse da Audi, CEO da Alfa Romeo confirma manutenção da parceria com Sauber para 2023». motorsport.uol.com.br. 30 de julho de 2022. Consultado em 26 de agosto de 2022
- ↑ «Record-breaking title partnership sees launch of Alfa Romeo F1 Team Stake for 2023 and beyond». Sauber Group. 27 de janeiro de 2023. Consultado em 27 de janeiro de 2023
- ↑ Rathore, Nischay (2 de fevereiro de 2023). «Sponsorship Trouble Forces Alfa Romeo to Play the Sneaky Game in 2023 F1 Season». EssentiallySports. Consultado em 9 de julho de 2023. Cópia arquivada em 9 de julho de 2023
- ↑ Collantine, Keith (24 de julho de 2023). «Alfa Romeo reveal neon green livery changes for Belgian GP · RaceFans». RaceFans (em inglês). Consultado em 24 de julho de 2023. Cópia arquivada em 24 de julho de 2023
- ↑ a b «Alfa Romeo announce Valtteri Bottas to join the team in 2022 on multi-year deal». Formula1.com (em inglês). 6 de setembro de 2021. Consultado em 16 de outubro de 2021
- ↑ «Alfa Romeo confirm launch date for 2023 challenger». Formula1.com. 20 de janeiro de 2023. Consultado em 20 de janeiro de 2023
- ↑ «Alfa Romeo confirm Zhou Guanyu to stay on for 2023». Formula1.com. 27 de Setembro de 2022. Consultado em 27 de Setembro de 2022
- ↑ «F1: Pourchaire za sterami Alfy Romeo w pierwszym treningu w Austin». f1wm.pl. 14 de outubro de 2022. Consultado em 14 de outubro de 2022
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Sítio oficial Alfa Romeo
- Sítio oficial Sauber Motorsport
- Alfa Romeo na Fórmula 1 no Facebook
- Alfa Romeo na Fórmula 1 no X