Museu Histórico Nacional
Museu Histórico Nacional | |
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Tipo | museu nacional, arquivo, museu, biblioteca |
Inauguração | 1922 (102 anos) |
Administração | |
Diretor(a) | Paulo Knauss de Mendonça |
Página oficial (Website) | |
Geografia | |
Coordenadas | |
Localização | Centro, Rio de Janeiro - Brasil |
Patrimônio | bem tombado pelo IPHAN, Património de Influência Portuguesa (base de dados) |
O Museu Histórico Nacional (MHN) é um museu dedicado à História do Brasil, localizado na Praça Marechal Âncora, no centro histórico da cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. Foi criado em 1922 pelo presidente Epitácio Pessoa,[1] como parte das comemorações do Centenário da Independência do Brasil e o seu primeiro diretor foi o advogado e jornalista Gustavo Barroso.[2] O museu é uma das unidades museológicas do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e possui um vasto acervo constituído por cerca de 300 mil peças,[3] que correspondem a 67% do patrimônio museológico brasileiro sob a guarda do Ministério da Cultura. São manuscritos, iconografia, mobiliário, armaria, esculturas, indumentária, entre outros itens da coleção.
História
O conjunto arquitetônico
O local onde se encontra o museu era primitivamente uma ponta de terra que avançava sobre as águas da baía de Guanabara, entre as praias de Piaçaba e de Santa Luzia. Nessa ponta, os portugueses ergueram, em 1603, o Forte de São Tiago da Misericórdia,[4] ao qual se acrescentou a Prisão do Calabouço (1693) - destinada a escravos faltosos -,[5] a Casa do Trem (1762) - depósito do "trem de artilharia" (armas e munições) -, o Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro (1764) e o Quartel (1835).[6]
Na Casa do Trem foi esquartejado o corpo de Tiradentes, após sua execução no Campo de Lampadosa (atual Praça Tiradentes), no final do século XVIII.
Por sua localização estratégica para a defesa da cidade, então capital, a ponta e as instalações nela mantidas foram área militar até 1908, quando o Arsenal de Guerra foi transferido para a ponta do Caju.[7]
Na década de 1920, a Ponta do Calabouço foi aterrada e reurbanizada para acolher a Exposição Internacional do Centenário da Independência".[8] Para integrar o evento, as edificações do antigo Arsenal de Guerra foram ampliadas e embelezadas, com decoração característica da arquitetura neocolonial. Do primitivo Forte de São Tiago e da Prisão do Calabouço, restam apenas as fundações. Subsistem até aos nossos dias o edifício da Casa do Trem (totalmente recuperado na década de 1990), o do Arsenal de Guerra (onde se destaca o imponente Pátio da Minerva), e o Pavilhão da Exposição de 1922, atualmente ocupado pela Biblioteca.
O museu
Criado em agosto de 1922, visando dotar o país de um museu voltado para a História do Brasil,[9] as novas instalações foram abertas ao público, compreendendo o "Palácio das Grandes Indústrias", um dos pavilhões mais visitados da referida Exposição, e duas galerias do Museu Histórico Nacional. Em 1940, essas galerias abertas ao público já somavam vinte e duas.
Atualmente o museu ocupa todo o conjunto arquitetônico da antiga Ponta do Calabouço, constituindo-se no mais importante museu histórico do país e um centro gerador de conhecimento nas áreas da museologia e do patrimônio cultural. Abrigou o primeiro curso de Museologia do país, criado em 1932, e que funcionou nas dependências do museu até 1977, tornando-se uma referência para a constituição de outros importantes museus brasileiros.[1] Outra importante instituição que começou no Museu Histórico Nacional foi a Inspetoria dos Monumentos Nacionais, criada em 1934, que transformou-se mais tarde no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).[10]
Em 2001, o conjunto arquitetônico e as coleções do museu foram tombados pelo Iphan.
Características
O museu se caracteriza como um museu de história, com ênfase na História do Brasil, abrangendo desde o período pré-cabralino até sua história contemporânea. Seus espaços expositivos abertos à visitação pública fazem parte de um conjunto arquitetônico que distribui-se por uma área útil total de 14.540 m², a qual se somam os 3.212 m² de seus pátios internos (o Pátio Epitácio Pessoa, também conhecido como Pátio dos Canhões, o Pátio da Minerva, o Pátio Santiago e o Pátio Gustavo Barroso).
No pavimento térreo, encontram-se o Pátio dos Canhões, que apresenta uma coleção de canhões do período colonial e a exposição permanente "Do móvel ao automóvel", com um grande número de carruagens do século XIX. Nesse pavimento encontra-se ainda a reserva técnica do museu e uma área do Setor Educativo localizada no térreo da Casa do Trem. Há também no térreo algumas galerias utilizadas para exposições temporárias.
O segundo pavimento apresenta o circuito de longa duração do museu, com as seguintes galerias: "Oreretama" (dedicada aos primeiros povos que viveram no Brasil e aos índios que até hoje povoam o país); "Portugueses no Mundo" (mostrando as trajetórias dos navegantes portugueses no período das grandes navegações e o processo de colonização no Brasil); "A Construção do Estado" (abrangendo a Independência e o período imperial); e "A Construção da Cidadania" (que aborda desde a Proclamação da República até a história contemporânea). Neste segundo pavimento localiza-se também a biblioteca do museu.
No terceiro pavimento funciona o Arquivo Institucional, o Laboratório de Conservação e Restauração, o acervo de numismática (na Casa do Trem) e as áreas técnicas e administrativas do museu.
Acervo
A formação do acervo do Museu Histórico Nacional teve início a partir da transferência itens de outras instituições que já existiam à época de sua fundação. Vários itens e peças vieram do museu do Arquivo Nacional e do gabinete de numismática da Biblioteca Nacional. Também colaboraram para formação inicial do acervo a Casa da Moeda, o Museu Nacional de Belas Artes, o Ministério do Exército e o Ministério da Marinha.[11]
Ajudaram a compor ainda o acervo do museu, em seu período inicial, a doação de colecionadores particulares, como a do senador baiano Miguel Calmon du Pin e Almeida, a da família Guinle e a da museóloga Sophia Jobin. Outra importante coleção, adquirida nos primeiros anos do museu, é a de esculturas religiosas em marfim do empresário e colecionador Souza Lima, arrematadas pelo presidente Getúlio Vargas em um leilão promovido pela Caixa Econômica Federal, em 1940.[12]
Atualmente, o acervo do museu se divide em quatro tipos: o arquivístico, o bibliográfico, o museológico e o de suas próprias publicações. O arquivístico está dividido em dois: o Arquivo Histórico e o Arquivo Institucional. O primeiro, é formado por coleções, em sua maioria de caráter originalmente particular, e que abriga 55.600 documentos iconográficos e manuscritos disponíveis para pesquisa, entre as quais destacam-se as coleções do fotógrafo Juan Gutierrez, que documentou a Revolta da Armada no Rio de Janeiro, as de Augusto Malta e Marc Ferrez, a de Carlos Gomes (composta de partituras, epistolário, libretos e fotografias) e a Coleção Família Imperial, com gravuras, documentos e outros objetos referentes a D. Pedro I, D. Pedro II e familiares. Já o Arquivo Institucional é fonte de pesquisa sobre a história do próprio museu e da história política e administrativa da cultura no país. O acervo bibliográfico encontra-se preservado na Biblioteca do Museu Histórico Nacional e disponibiliza ao público e a pesquisadores obras do século XVI ao XXI. Ele é composto por livros, folhetos, periódicos e outros tipos de publicação, que abrangem temas como Arte Decorativa, Numismática, Filatelia, Indumentária, História do Brasil, História do Rio de Janeiro, História de Portugal, Heráldica, Genealogia, Sigilografia, Gastronomia e Museologia. O acervo museológico do Museu Histórico Nacional conta com cerca de 170 mil itens e é formado por coleções de objetos que datam desde a Antiguidade até os dias atuais. Faz parte deste acervo o Setor de Numismática, responsável pelas coleções de moedas, cédulas, selos, carimbos, sinetes, medalhas e ordens honoríficas de Brasil e Portugal, totalizando mais de 150 mil itens. A qualidade do acervo faz da coleção de numismática a mais expressiva da América do Sul. Nela há várias peças raras, como a moeda Peça da Coroação, com tiragem de apenas 64 exemplares, cunhada a mando do Imperador D. Pedro I para comemorar sua coroação, em 1822, a medalha de homenagem a Louis Pasteur, bulas dos Papas Clemente VI (século XIV) e Júlio II (séculos XV e XVI) e a Insígnia Imperial Ordem da Rosa, criada para perpetuar a memória do segundo casamento de Dom Pedro I com Dona Amélia de Leuchtenberg. O acervo museológico inclui ainda a Reserva Técnica do museu, com cerca de 22 mil itens, datados dos séculos XVI ao XXI, e que abrangem diversos tipos de materiais, tais como a madeira, o metal, o marfim, o vidro, o mármore, o ouro, a porcelana e o gesso, além de quadros, joalheria, cestaria, esculturas, brinquedos, armaria e têxteis. Por fim, o museu também preserva um acervo de suas publicações, pois desde a sua criação, o Museu Histórico Nacional dedica-se à produção e à divulgação de conhecimento nas áreas de História, do Patrimônio e da Museologia. Desde de 1940, o museu publica seus Anais, um periódico de caráter científico, e, a partir de 1999, passou a publicar em livro as apresentações do Seminário Internacional que começou a promover na década de 1990.
Visitação
O acervo aberto à visitação se divide em várias exposições, permanentes e temporárias. Entre as exposições permanentes estão:
- O "Pátio dos canhões", que guarda a coleção de canhões do museu e reúne exemplares de Portugal, Inglaterra, França, Holanda e do Brasil; foi a primeira exposição do país a ter legendas em braile;
- "Oreretama", é dedicada à presença dos povos indígenas no país, desde o passado mais remoto até os dias atuais.
- A exposição "Portugueses no Mundo" mostra o processo de colonização e seus desdobramentos econômico-culturais, compondo-se de peças ligadas à navegação, às culturas de cana-de-açúcar e café, à mineração, à chegada da corte portuguesa no Brasil.
- "A Construção do Estado" procura retratar a Independência do Brasil, o período imperial e à imigração do século XIX, entre outros assuntos relacionados à essa época;
- "A Construção da Cidadania" apresenta um panorama da história do país, desde a Proclamação da República até a história contemporânea.
- A exposição "Do Móvel ao Automóvel: transitando pela História", que mostra 29 peças como cadeirinhas, carruagens e berlindas. Uma das raridades dessa exposição é o carro Protos, pertencente ao Barão do Rio Branco e um dos dois únicos existentes no mundo.
O museu possui um Setor Educativo que atende escolas dos níveis fundamental e médio, bem como visitantes em geral. O visitante também pode fazer uso de audioguias em português, inglês e espanhol, além de uma versão apenas visual em libras. Uma parte dos itens em exposição possuem maquetes táteis com legendas em braille. Todas as áreas de visitação do museu permitem a livre circulação de cadeirantes.
Diretores do Museu Histórico Nacional[13]
- Gustavo Barroso (1922-1930)
- Rodolfo Garcia (1930-1932)
- Gustavo Barroso (1932-1959)
- Josué Montello (1959-1967)
- Léo Fonseca (1967-1970)
- Octávia Côrrea dos Santos de Oliveira (1970-1971)
- Gerardo Britto Câmara (1971-1984)
- Rui Mourão (1984-1985)
- Solange de Sampaio Godoy (1985-1989)
- Heloísa Magalhães Duncan (1989-1990)
- Ecyla Castanheira Brandão (1990-1994)
- Vera Lúcia Bottrel Tostes (1994-2014)
- Ruth Beatriz Silva Caldeira de Andrade (2014-2015)
- Paulo Knauss (2015-Atual)
Ver também
Referências
- ↑ «DECRETO Nº 15.596, DE 2 DE AGOSTO DE 1922 - Publicação Original - Portal Câmara dos Deputados». www2.camara.leg.br. Consultado em 30 de janeiro de 2018
- ↑ «Gustavo Barroso | CPDOC». cpdoc.fgv.br. Consultado em 30 de janeiro de 2018
- ↑ «Museus Br»
- ↑ «Forte São Tiago da Misericórdia | Museus do Brasil». museusdobrasil.wordpress.com. Consultado em 17 de janeiro de 2018
- ↑ «Publique!». www.historiacolonial.arquivonacional.gov.br. Consultado em 15 de janeiro de 2018
- ↑ «Museus do Brasil». Consultado em 15 de janeiro de 2018
- ↑ «Museu Histórico Nacional | Conteúdo completo sobre o Museu Histórico Nacional». mhn.museus.gov.br. Consultado em 9 de janeiro de 2018
- ↑ Morettin, Eduardo (março de 2011). «Cinema e Estado no Brasil: a Exposição Internacional do Centenário da Independência em 1922 e 1923». Novos estudos CEBRAP (89): 137–148. ISSN 0101-3300. doi:10.1590/S0101-33002011000100008
- ↑ «Museu Histórico Nacional tem exposição sobre os seus 90 anos». Rio de Janeiro. 11 de outubro de 2012
- ↑ «Linha do tempo: Iphan 80 anos». 6 de novembro de 2018
- ↑ «Decreto 15.596/1922». Câmara do Deputados da República Federativa do Brasil. 1922. Consultado em 2 de março de 2018
- ↑ Tostes, Vera (2002). «Catálogo da Exposição "A sagração do marfim".». Museu Histórico Nacional. Consultado em 2 de março de 2018
- ↑ MAGHALHÃES, Aline Montenegro et alii. (2013). MAGHALHÃES, Aline Montenegro et alii. (2013). Museu Histórico Nacional: 90 anos de histórias, 1922-2012. Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional. pp. p.18–33. Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional,. pp. 18–33
Bibliografia
BANCO SAFRA. O Museu Histórico Nacional. São Paulo, Banco Safra, 1989.
MUSEU HISTÓRICO NACIONAL. Museu Histórico Nacional. São Paulo, Olhares, 2013.
MUSEU HISTÓRICO NACIONAL. Museu Histórico Nacional: 90 anos de histórias, 1922-2012. Rio de Janeiro, Museu Histórico Nacional, 2013.
Ligações externas
- SitMuseu Histórico Nacional.e do museu
- Anais do Museu Histórico Nacional