Lenin: diferenças entre revisões

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Negociações com o Governo Provisório para obter uma passagem através da [[Alemanha]] para os exilados russos em troca de prisioneiros alemães e austro-húngaros da guerra arrastaram-se. Eventualmente, ignorando o Governo Provisório, em 31 de março o suíço comunista [[Fritz Platten]] obteve permissão do ministro alemão das Relações Exteriores através de seu [[embaixador]] na Suíça, o [[barão]] Gisbert von Romberg, para que Lenin e outros exilados russos viajassem da Alemanha para a Rússia em um trem.
Negociações com o Governo Provisório para obter uma passagem através da [[Alemanha]] para os exilados russos em troca de prisioneiros alemães e austro-húngaros da guerra arrastaram-se. Eventualmente, ignorando o Governo Provisório, em 31 de março o suíço comunista [[Fritz Platten]] obteve permissão do ministro alemão das Relações Exteriores através de seu [[embaixador]] na Suíça, o [[barão]] Gisbert von Romberg, para que Lenin e outros exilados russos viajassem da Alemanha para a Rússia em um trem.


Em 9 de abril, Lenin e sua esposa Krupskaia conheceram seus companheiros exilados em [[Berna]], um grupo de eventualmente 30 pessoas embarcaram em um [[trem]] que os levou a [[Zurique]]. De lá, eles viajaram para [[Gottmadingen]] onde havia um trem especial esperando. Acompanhado por dois oficiais do Exército alemão, os exilados viajaram através de [[Frankfurt]] e [[Berlim]] para [[Sassnitz]] (chegando em 12 de abril), onde uma balsa levou-os para [[Trelleborg]]. Krupskaya observou pela janela enquanto eles passavam através da Alemanha em guerra, que os exilados ficaram "''impressionados com a total ausência de adultos homens. Apenas as mulheres, adolescentes e crianças podiam ser vistos nas estações, nos campos, e nas ruas das cidades''".<ref name="Reminiscences of Lenin"/> Uma vez na [[Suécia]], o grupo viajou de trem para [[Estocolmo]] e daí de volta à Rússia.
Em 9 de abril, Lenin e sua esposa Krupskaia conheceram seus companheiros exilados em [[Berna]], um grupo de eventualmente 30 pessoas embarcaram em um [[trem]] que os levou a [[Zurique]]. De lá, eles viajaram para [[Gottmadingen]] onde havia um trem especial esperando. Acompanhado por dois oficiais do Exército alemão, os exilados viajaram através de [[Frankfurt]] e [[Berlim]].

Permaceu naquela capital por aproximadamente 20 horas para a realização de acordos, recebendo do governo alemão uma quantia de 40 milhões de ''[[goldmark]]s'' para finaciar sua revolta.<ref name="Deutsche Welle">[http://www.dw.de/1917-l%C3%AAnin-retorna-%C3%A0-r%C3%BAssia/a-498290 Deutsche Welle] - ''1917: Lênin retorna à Rússia.'' Acessado em 09/01/2014.</ref> [[Aleksandr Parvus]], que durante anos procurou obter recursos do [[II Reich]] para rebeliões na Rússia, foi um importante intermediário nestas negociações.<ref>[http://www.fmauriciograbois.org.br/portal/impriminot.php?id_sessao=8&id_noticia=12199 Fundação Maurício Grabois] - ''Do trem blindado a Brest-Litovsk (ou as concessões do camarada Lênin).'' Acessado em 09/01/2014.</ref> <ref name="Jornal GGN">[http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/alexander-parvus-e-a-acao-alema-na-revolucao-russa Jornal GGN] - ''Alexander Parvus e a ação alemã na Revolução Russa.'' Acessado em 09/01/2014.</ref> Em suas ''[[Teses de Abril]]'', Lenin explicitou seu desejo de retirar a Rússia da guerra, algo vital para os alemães.<ref name="Deutsche Welle" /> O objetivo do [[Império Alemão]] ao financiar o projeto revolucionário de Lenin, era desestabilizar o governo provisório, obrigando a Rússia a retirar-se da guerra, paralisando a [[frente Oriental (Primeira Guerra Mundial)|frente Oriental]]. Assim, a alemanha poderia concentrar suas [[tropa]]s na [[frente Ocidental (Primeira Guerra Mundial)|frente Ocidental]].<ref name="Deutsche Welle" />

De Berlim rumaram para [[Sassnitz]] (chegando em 12 de abril), onde uma balsa levou-os para [[Trelleborg]] na [[Suécia]]. Krupskaya observou pela janela enquanto eles passavam através da Alemanha em guerra, que os exilados ficaram "''impressionados com a total ausência de adultos homens. Apenas as mulheres, adolescentes e crianças podiam ser vistos nas estações, nos campos, e nas ruas das cidades''".<ref name="Reminiscences of Lenin"/> Uma vez na [[Suécia]], o grupo viajou de trem para [[Estocolmo]] e daí de volta à Rússia.


Pouco antes da meia-noite de 16 de abril ([[3 de abril]] no [[Mudança para o calendário gregoriano|calendário gregoriano]]) de 1917, o trem de Lenin chegou à Estação Finlândia, em Petrogrado (atual [[São Petesburgo]]). Ele foi recebido, ao som da ''[[Marselhesa]]'', por uma multidão de [[trabalhador]]es, [[marinheiro]]s e [[soldado]]s levando bandeiras vermelhas: um ritual na Rússia revolucionária para os exilados que chagavam em casa.<ref>Orlando Figes, ''A People's Tragedy: The Russian Revolution 1891–1924'', London: Pimlico (1996), p. 384.</ref> Lenin foi formalmente recebido por [[Nikolay Chkheidze]], o presidente [[menchevique]] do [[Soviete]] de Petrogrado. Lenin intencionalmente virou-se para a multidão, e declarou:
Pouco antes da meia-noite de 16 de abril ([[3 de abril]] no [[Mudança para o calendário gregoriano|calendário gregoriano]]) de 1917, o trem de Lenin chegou à Estação Finlândia, em Petrogrado (atual [[São Petesburgo]]). Ele foi recebido, ao som da ''[[Marselhesa]]'', por uma multidão de [[trabalhador]]es, [[marinheiro]]s e [[soldado]]s levando bandeiras vermelhas: um ritual na Rússia revolucionária para os exilados que chagavam em casa.<ref>Orlando Figes, ''A People's Tragedy: The Russian Revolution 1891–1924'', London: Pimlico (1996), p. 384.</ref> Lenin foi formalmente recebido por [[Nikolay Chkheidze]], o presidente [[menchevique]] do [[Soviete]] de Petrogrado. Lenin intencionalmente virou-se para a multidão, e declarou:
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No acontecimento, o [[Governo Provisório Russo|Governo Provisório]] prendeu os bolcheviques e proibiu a sua parte, levando Lenin a fugir para a [[Finlândia]]. No exílio novamente, refletindo sobre as jornadas de julho e suas consequências, Lenin determinou que, para evitar o triunfo de forças [[Contrarrevolução|contra-revolucionárias]], o Governo Provisório deveria ser derrubado por um levante armado.<ref>Read, Christopher, ''Lenin'' (2005): 162–3</ref> Enquanto isso, ele publicou ''O Estado e a Revolução'' (1917) propondo o governo pelos [[soviete]]s (conselhos eleitos formados por trabalhadores, soldados e camponeses) e não por um organismo parlamentar.<ref>{{cite web |last=Lenin |first=Vladimir |title=The State and Revolution |work= |year=1917 |url=http://www.marxists.org/archive/lenin/works/1917/staterev/index.htm}}</ref>
No acontecimento, o [[Governo Provisório Russo|Governo Provisório]] prendeu os bolcheviques e proibiu a sua parte, levando Lenin a fugir para a [[Finlândia]]. No exílio novamente, refletindo sobre as jornadas de julho e suas consequências, Lenin determinou que, para evitar o triunfo de forças [[Contrarrevolução|contra-revolucionárias]], o Governo Provisório deveria ser derrubado por um levante armado.<ref>Read, Christopher, ''Lenin'' (2005): 162–3</ref> Enquanto isso, ele publicou ''O Estado e a Revolução'' (1917) propondo o governo pelos [[soviete]]s (conselhos eleitos formados por trabalhadores, soldados e camponeses) e não por um organismo parlamentar.<ref>{{cite web |last=Lenin |first=Vladimir |title=The State and Revolution |work= |year=1917 |url=http://www.marxists.org/archive/lenin/works/1917/staterev/index.htm}}</ref>


No final de agosto de 1917, enquanto Lenin estava escondido na [[Finlândia]], o [[comandante-em-chefe]] do exército russo, o general [[Lavr Kornilov]] enviou [[tropa]]s para Petrogrado, no que parecia ser uma tentativa de [[golpe militar]] contra o Governo Provisório. [[Kerensky]], em pânico, pediu ajuda ao [[Soviete]] de Petrogrado, permitindo que os revolucionários organizassem os trabalhadores como [[Guardas Vermelhos]] para defender Petrogrado. O golpe se esgotou antes de chegar a Petrogrado devido a ação coletiva dos trabalhadores industriais de Petrogrado, e a falta de vontade dos soldados.<ref name="Sheila Fitzpatrick 2008 p. 60">Sheila Fitzpatrick, ''The Russian Revolution'', Oxford: Oxford University Press (2008), p. 60.</ref>
No final de agosto de 1917, enquanto Lenin estava escondido na [[Finlândia]], o [[comandante-em-chefe]] do exército russo, o general [[Lavr Kornilov]] enviou [[tropa]]s para Petrogrado, no que parecia ser uma tentativa de [[golpe militar]] ([[golpe de Kornilov]]) contra o Governo Provisório. [[Kerensky]], em pânico, pediu ajuda ao [[Soviete]] de Petrogrado, permitindo que os revolucionários organizassem os trabalhadores como [[Guardas Vermelhos]] para defender Petrogrado. O golpe se esgotou antes de chegar a Petrogrado devido a ação coletiva dos trabalhadores industriais de Petrogrado, e a falta de vontade dos soldados.<ref name="Sheila Fitzpatrick 2008 p. 60">Sheila Fitzpatrick, ''The Russian Revolution'', Oxford: Oxford University Press (2008), p. 60.</ref>


Entretanto, a fé no Governo Provisório foi severamente abalada.O slogan de Lenin desde as Teses de Abril - "Todo o poder aos sovietes!" -, tornou-se mais plausível a cada vez mais na qual o Governo Provisório foi desacreditado aos olhos do povo. Os bolcheviques ganharam a maioria no soviete de Petrogrado em 31 de agosto e no Soviete de Moscou em 05 de setembro.<ref>Sheila Fitzpatrick, ''The Russian Revolution'', Oxford: Oxford University Press (2008), pp. 60–1.</ref>
Entretanto, a fé no Governo Provisório foi severamente abalada.O slogan de Lenin desde as Teses de Abril - "Todo o poder aos sovietes!" -, tornou-se mais plausível a cada vez mais na qual o Governo Provisório foi desacreditado aos olhos do povo. Os bolcheviques ganharam a maioria no soviete de Petrogrado em 31 de agosto e no Soviete de Moscou em 05 de setembro.<ref>Sheila Fitzpatrick, ''The Russian Revolution'', Oxford: Oxford University Press (2008), pp. 60–1.</ref>
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Lenin declarou em 1920 que "o comunismo é o poder soviético além da eletrificação de todo o país" na modernização da Rússia em um país do século 20:<ref>Lenin "Collected Works", vol. 31, p. 516.</ref> "Devemos mostrar aos camponeses que a organização da indústria com base na tecnologia moderna e avançada, na eletrificação, que irá fornecer um link entre as cidades e o país, irá pôr fim à divisão entre cidade e campo, será possível levantar o nível de cultura no campo, e para vencer, mesmo nos cantos mais remotos da terra, a ignorância, o atraso, a pobreza e a barbárie da doença".<ref>Lenin "Collected Works", vol. 30, p. 335.</ref>
Lenin declarou em 1920 que "o comunismo é o poder soviético além da eletrificação de todo o país" na modernização da Rússia em um país do século 20:<ref>Lenin "Collected Works", vol. 31, p. 516.</ref> "Devemos mostrar aos camponeses que a organização da indústria com base na tecnologia moderna e avançada, na eletrificação, que irá fornecer um link entre as cidades e o país, irá pôr fim à divisão entre cidade e campo, será possível levantar o nível de cultura no campo, e para vencer, mesmo nos cantos mais remotos da terra, a ignorância, o atraso, a pobreza e a barbárie da doença".<ref>Lenin "Collected Works", vol. 30, p. 335.</ref>


No entanto, o governo bolchevique tinha que primeiramente retirar a Rússia da [[Primeira Guerra Mundial]] (1914-1918). Enfrentando a expansão do [[Império Alemão]] para o leste, Lenin propôs a retirada imediata da Rússia da guerra na [[Europa Ocidental]], ainda, outros líderes bolcheviques (por exemplo, [[Nikolai Bukharin]]) defendeu a continuação da guerra para fomentar a revolução na Alemanha. O tratado de paz de [[Leon Trotsky]] propôs um "não às guerras, não à paz", uma postura intermediária no tratado russo-alemão, subordinada à não anexar terras conquistadas na guerra; as negociações entraram em colapso, e os alemães atacaram, conquistando grande parte do território agrícola do oeste da Rússia. Resultantemente, a proposta de Lenin em se retirar da guerra ganhou o apoio da maioria, e, em 3 de março de 1918, a Rússia retirou-se da Primeira Guerra Mundial através do [[Tratado de Brest-Litovski]], perdendo grande parte de seu território europeu. Por causa da ameaça alemã, Lenin mudou o governo soviético de [[Petrogrado]] para [[Moscou]], entre 10 e 11 de março de 1918.<ref>Christopher Read (2005) ''Lenin''. London: Routledge: 212</ref><ref>[http://query.nytimes.com/mem/archive-free/pdf?_r=1&res=9A02E0DF103BEE3ABC4E52DFB5668383609EDE LENINE'S MIGRATION A QUEER SCENE], ''[[The New York Times]]'', 16 March 1918</ref>
No entanto, o governo bolchevique tinha que primeiramente retirar a Rússia da [[Primeira Guerra Mundial]] (1914-1918). Enfrentando a expansão do [[Império Alemão]] para o leste, Lenin propôs a retirada imediata da Rússia da guerra na [[Europa Ocidental]], ainda, outros líderes bolcheviques (por exemplo, [[Nikolai Bukharin]]) defendeu a continuação da guerra para fomentar a revolução na Alemanha. O tratado de paz de [[Leon Trotsky]] propôs um "não às guerras, não à paz", uma postura intermediária no tratado russo-alemão, subordinada à não anexar terras conquistadas na guerra; as negociações entraram em colapso, e os alemães atacaram, conquistando grande parte do território agrícola do oeste da Rússia. Resultantemente, a proposta de Lenin em se retirar da guerra ganhou o apoio da maioria, e, em 3 de março de 1918, a Rússia retirou-se da Primeira Guerra Mundial através do [[Tratado de Brest-Litovski]], perdendo grande parte de seu território europeu. Por causa da ameaça alemã, Lenin mudou o governo soviético de [[Petrogrado]] para [[Moscou]], entre 10 e 11 de março de 1918.<ref>Christopher Read (2005) ''Lenin''. London: Routledge: 212</ref><ref>[http://query.nytimes.com/mem/archive-free/pdf?_r=1&res=9A02E0DF103BEE3ABC4E52DFB5668383609EDE LENINE'S MIGRATION A QUEER SCENE], ''[[The New York Times]]'', 16 March 1918</ref>

Com a saída da Rússia do conflito, encerrando a atividade na [[frente Oriental (Primeira Guerra Mundial)|frente Oriental]], a Alemanha conseguiu o que pretendia ao financiar a revolução bolchevique.<ref>[http://www.areamilitar.net/analise/analise.aspx?NrMateria=54 Área Militar] - ''Barbarossa, 22-Jun-1941.'' Acessado em 09/01/2014.</ref> Graças a isto, o [[II Reich]] pôde concentrar suas forças na [[frente Ocidental (Primeira Guerra Mundial)|frente Ocidental]], lançando a [[ofensiva da Primavera]], quando a Alemanha teve a oportunidade real de vencer a I Guerra Mundial, só não alcançando o sucesso devido aos problemas [[logística|logísticos]], de abastecimento e, pela entrada dos [[EUA]] na guerra.<ref name="Jornal GGN" />


Em [[19 de janeiro]] de [[1918]], confiando com os [[soviete]]s, os [[bolchevique]]s, aliado com os [[anarquista]]s e os membros do Partido Socialista-Revolucionário, dissolveram a [[Assembléia Constituinte Russa]], e assim, consolidaram o poder político do governo bolchevique. Ainda que a coalizão de [[Esquerda política|esquerda]] tenha terminada em consequência dos socialistas-revolucionários que se opuseram ao prejuízo territorial do [[Tratado de Brest-Litovsk]], os bolcheviques concordaram com o [[Império Alemão]]. Os anarquistas e os socialistas-revolucionários, em seguida, se juntaram a outros partidos políticos na tentativa de depor o governo bolchevique, que se defendeu com a perseguição e a prisão dos anti-bolcheviques.
Em [[19 de janeiro]] de [[1918]], confiando com os [[soviete]]s, os [[bolchevique]]s, aliado com os [[anarquista]]s e os membros do Partido Socialista-Revolucionário, dissolveram a [[Assembléia Constituinte Russa]], e assim, consolidaram o poder político do governo bolchevique. Ainda que a coalizão de [[Esquerda política|esquerda]] tenha terminada em consequência dos socialistas-revolucionários que se opuseram ao prejuízo territorial do [[Tratado de Brest-Litovsk]], os bolcheviques concordaram com o [[Império Alemão]]. Os anarquistas e os socialistas-revolucionários, em seguida, se juntaram a outros partidos políticos na tentativa de depor o governo bolchevique, que se defendeu com a perseguição e a prisão dos anti-bolcheviques.

Revisão das 01h09min de 10 de janeiro de 2015

 Nota: "Lenine" redireciona para este artigo. Para outros significados, veja Lenine (desambiguação).
Lenin
Vladimir Ilitch Lenin
Lenin CL Colour.jpg
Presidente do Conselho de Comissários do Povo da União Soviética União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
(Primeiro-ministro da União Soviética)
Período 30 de dezembro de 1922
a 21 de janeiro de 1924
Sucessor(a) Aleksei Rykov
Presidente do Conselho de Comissários do Povo da República Socialista Federativa Soviética Russa
Período 8 de novembro de 1917
a 21 de janeiro de 1924
Sucessor(a) Aleksei Rykov
Membro do Politburo
Período 25 de março de 1919
a 21 de janeiro de 1924
Período 23 de outubro de 1917
a 7 de novembro de 1917
Dados pessoais
Nome completo Vladimir Ilyitch Uliánov
Nascimento 22 de abril de 1870
Simbirsk, Rússia Império Russo
Morte 21 de janeiro de 1924 (53 anos)
Gorki,  União Soviética
Progenitores Mãe: Maria Alexandrovna Blank
Pai: Ilia Nikolayevich Ulianóv
Esposa Nadežda Konstantinovna Krupskaja (1898–1924)
Partido Operário Social-Democrata Russo
Comunista da União Soviética
Religião Ateu
Profissão Advogado
Assinatura Assinatura de Lenin

Vladimir Ilitch Lenin ou Lenine (em russo: Владимир Ильич Ленин - Simbirsk, 22 de abril de 1870 – Gorki, 21 de janeiro de 1924) foi um revolucionário e chefe de Estado russo, responsável em grande parte pela execução da Revolução Russa de 1917, líder do Partido Comunista, e primeiro presidente do Conselho dos Comissários do Povo da União Soviética. Influenciou teoricamente os partidos comunistas de todo o mundo, e suas contribuições resultaram na criação de uma corrente teórica denominada leninismo (Ética de Estado). Diversos pensadores e estudiosos escreveram sobre a sua importância para a história recente e o desenvolvimento da Rússia, entre eles o historiador Eric Hobsbawm, para quem Lenin teria sido "o personagem mais influente do século XX (Ético)".[1]

Infância e juventude

Lenin nasceu (Vladimir Ilyich Ulyanov em russo: Владимир Ильич Ульянов) em 22 de abril de 1870 no calendário Gregoriano (10 de abril no calendário Juliano), na cidade de Simbirsk no Império Russo. Simbirsk, uma cidade rural no Rio Volga a cerca de &0000000000001500.0000001 500 quilômetros da capital São Petersburgo, seria rebatizada em 1924 com a morte de Vladimir Ilyich Ulyanov para "Ulianovsk" em sua honra. Nesse mesmo ano, São Petesburgo seria renomeado como Leningrado.

Lenin aos quatro anos de idade.

Os pais de Lenin foram a professora Maria Alexandrovna Ulyanova e Ilya Ulyanov Nikolayevich. Seu pai, um alto funcionário do governo russo, inspetor das escolas da província de Simbirsk, era um homem extremamente religioso que apoiava as reformas de Alexandre II e aconselhava os jovens a não cairem no radicalismo. Lenin foi batizado em 28 de abril no calendário juliano (16 de abril no calendário gregoriano) em 1870 na igreja local de São Nicolau da Igreja Ortodoxa Russa.[2][3]

Os ancestrais de Lenin eram de diversas culturas. Ele era descendente de russos cristãos, tártaros, alemães, e suecos. Seu avô materno era judeu. [4] Também acredita-se que Lenin possa ter ascendência de calmucos oriundo de seu pai.[5][6]

Lenin nasceu em uma família de classe média. Ilya,o pai de Lenin, teve a classe social elevada para a nobreza russa por seu trabalho na burocracia do governo, e depois de ser nomeado diretor das escolas primárias de Simbirsk, em 1874, tinha o direito de usar uniforme azul com bordado dourado e de ser tratado como "Vossa Excelência".[7][8] Apesar das biografias soviéticas tentarem esconder seu passado, Lenin nunca fez qualquer esforço para esconder o fato de que ele era um nobre por nascimento.[5] Lenin argumentou explicitamente em uma de suas mais famosas obras, Que Fazer?, que os antecedentes intelectuais da "burguesia" possuem um papel vital a desempenhar na revolução, trazendo ideias políticas para o movimento da classe trabalhadora: Por sua condição social dos fundadores do socialismo científico moderno, Marx e Engels, eles mesmos pertenciam à intelligentsia burguesa.[9]

Como intelligentsia, a família Ulyanov educou seus filhos (todos, exceto um que se tornou revolucionário[10]) contra os males do seu tempo (violações dos direitos humanos, psicologia de escravidão, etc), e incutiu neles uma disposição para lutar pelos ideais mais elevados, uma sociedade livre, e direitos iguais. Lenin, em especial ficou impressionado com as descrições de seu pai da "escuridão" da vida nas aldeias e do tratamento arbitrário dos camponeses por funcionários.[11] Lenin, um estudante que gostava de jogar xadrez, também se tornou um leitor voraz, apreciando os livros escritos por Alexander Pushkin, Ivan Turgenev, Leo Tolstoy e Nikolay Nekrasov.[11] Além disso, ele leu obras de escritores pró revolucionários como Vissarion Belinsky, Alexander Herzen, Dmitry Pisarev e Nikolay Dobrolyubov.[11]

O irmão e a radicalização

Lenin em cerca de 1887.

Após a morte de seu pai por hemorragia cerebral em janeiro de 1886, uma série de eventos contribuíram para a radicalização de Lenin. Em maio de 1887 (quando Lenin tinha 17 anos), seu irmão mais velho Alexandre Uliánov foi enforcado por participar de uma tentativa de assassinato contra o czar Alexandre III (governou o Império entre 1881-1894).[12] Sua irmã, Anna Ulyanov, que foi presa com seu irmão Alexandre, foi então banida para uma propriedade da família Ulyanov em Kokushkino, uma aldeia a cerca de 40 km de Kazan. Estes eventos ajudaram a transformar Lenin em um político radical. Durante este tempo, Lenin também foi influenciado pelas obras de Georgi Plekhanov.[13]

Em agosto de 1887, com dezessete anos, Lenin foi para a Universidade de Kazan, onde estudou direito e leu as obras de Karl Marx e Friedrich Engels.[13]Ali, logo tomou contato com um outro grupo de revolucionários moldados no Vontade do Povo. Ainda nesse ano, foi preso, juntamente com outros, numa manifestação de estudantes movida por reivindicações de cunho estritamente acadêmico. Depois disso, ele estava sob vigilância policial constante por ser irmão de um conhecido terrorista.[14] No entanto, ele estudou de forma independente e ganhou um diploma de direito. Naquela época, ele leu pela primeira vez a obra O Capital de Marx. Três anos depois, em 1890, ele foi autorizado a estudar na Universidade de São Petersburgo.[15] Ele era um aluno intelectualmente destacado nas línguas clássicas de latim e grego, e das línguas modernas de alemão, francês e inglês. No período revolucionário de 1917, Inessa Armand ajudou-o a traduzir um artigo do francês para o inglês.[16]

Revolucionário

Fotografia da prisão de Lenin em dezembro de 1895.

Lenin praticou a lei por alguns anos na cidade de Samara, em sua maioria em casos de propriedade da terra, a partir do qual ele derivou uma visão política para condicionar os camponeses russos para uma condição sócio-econômica.[17] Em 1893, mudou-se para São Petersburgo, onde praticou a divulgação das ideias revolucionárias. Em 1895, fundou a Liga da Luta pela Emancipação da Classe Operária, a consolidação de grupos marxistas da cidade, como um partido revolucionário embrionário, a Liga foi ativa entre as organizações russas de trabalho. Em 7 de dezembro de 1895, Lenin foi preso por conspirar contra o czar Alexandre III, e foi preso por 14 meses.[18] Em fevereiro de 1897, ele foi exilado para o leste da Sibéria. Lá, ele conheceu Gueorgui Plekhanov, o marxista que introduziu o socialismo na Rússia. Em julho de 1898, Lenin se casou com a militante socialista Nadežda Konstantinovna Krupskaja, e em abril de 1899, ele publicou o livro O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia[19] (1899), sob o pseudônimo de Vladimir Ilyin; um dos trinta trabalhos teóricos que ele escreveu no exílio.[18]

Em julho de 1898, Lenin casou-se com a marxista Nadežda Konstantinovna Krupskaja (foto).

No final de seu exílio em 1900, Lenin deixou a Rússia e viveu em Munique (1900-1902), Londres (1902-1903) — onde uma placa memorial marca sua residência — Genebra (1903-1905).[20] Em 1900, ele e Julius Martov (mais tarde um dos principais opositores) co-fundaram o jornal Iskra (Faísca), e publicou artigos e livros sobre a política revolucionária, enquanto estava recrutando para o Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR), que tinha realizado a sua primeira reunião em 1898 enquanto Lenin ainda estava em exílio na Sibéria.[21] Como político na clandestinidade, Vladimir Ulyanov assumiu vários apelidos e, em 1902, adotou Lenin como seu definitivo nome de guerra, derivado do Rio Lena, localizado na Sibéria.[3]

Em 1903, Lenin participou do 2º Congresso do Partido Operário Social-Democrata Russo, que inicialmente se realizou em Bruxelas e depois terminou em Londres. Nesta reunião, há uma divisão ideológica de longo período desenvolvida dentro do partido entre a facção bolchevique (que significa "maioria" em russo), liderada por Lenin, e a facção menchevique (que significa "minoria" em russo), liderada por Julius Martov.[22] A ruptura originou, em parte, o livro de Lênin Que Fazer? (1902). Outra questão que dividiu as duas facções foi o apoio de Lenin a uma aliança operária-camponesa para derrubar o regime czarista, em oposição ao menchevique que possuia uma aliança entre as classes trabalhadoras e a burguesia liberal para atingir o mesmo objetivo.[23]

Residência de Lenin durante o exílio em Zurique na Suíça.
"Aqui residiu, de 21 de fevereiro de 1916 a 2 de abril de 1917, Lenin, o líder da Revolução Russa". Placa memorial da residência de Lenin em Zurique (foto de 2008).
Residência de Lenin em Zurique (foto de 2008).

Em novembro de 1905, Lenin retornou à Rússia para apoiar a Revolução Russa de 1905.[24] Em 1906, ele foi eleito para presidir o POSDR; mas retomou ao seu exílio em dezembro de 1907, após a vitória czarista na tentativa de revolução, e depois do escândalo do assalto a um banco em Tiflis em 1907. A "expropriação" teria ocorrido para se conseguir dinheiro para financiar a revolução.[24] Até as revoluções de fevereiro e outubro de 1917, ele viveu na Europa Ocidental, onde, apesar de pobreza relativa, ele desenvolveu o leninismo — o marxismo urbano adaptado para a Rússia agrária invertendo a prescrição das políticas econômicas de Karl Marx para permitir uma revolução dinâmica liderada por um partido de vanguarda de revolucionários.[25][26]

Em 1909, para diferenciar as dúvidas filosóficas sobre o próprio curso prático de uma revolução socialista, Lenin publicou Materialismo e Empiriocriticismo (1909), que se tornou uma base filosófica do marxismo-leninismo. Ao longo do exílio, Lenin viajou pela Europa e participou de atividades socialistas. Quando Inessa Armand deixou a Rússia para ir a Paris, ela conheceu Lenin e outros bolcheviques exilados. Rumores dizem que ela foi amante de Lenin.[27]

Em 1914, quando a Primeira Guerra Mundial (1914-18) começou, a maioria dos partidos social-democratas da Europa apoiaram o esforço de suas pátrias na guerra. Lenin não acreditou na inconstância política como, especialmente, a que os alemães tinham votado pelos créditos de guerra; os social-democratas apoiando a guerra quebrou a conexão convencional de Lenin com a organização Segunda Internacional (1889-1916). Ele se opôs à Grande Guerra, pois os camponeses e trabalhadores estariam lutando numa "guerra imperialista" da burguesia — o que deveria ser transformada para uma guerra civil internacional entre as classes. No início da guerra, os austríacos brevemente o detiveram na vila Poronin na Polônia, onde ele residia; e em 5 de setembro de 1914 Lenin mudou-se para a Suíça, residindo primeiramente em Berna, e em seguida, em Zurique.[28]

Em 1915, na Suíça, na Conferência Socialista de Zimmerwald, ele liderou a minoria Internacionalista Revolucionária, que fracassou, contra a maioria centrista. Lenin havia proposto transformar a guerra imperialista em uma guerra de classes. Na conferência seguinte (24-30 abril 1916), na vila Kienthal, Lenin apresentou uma resolução semelhante, mas a conferência concordou apenas com o compromisso do manifesto.[29]

Na primavera de 1916, em Zurique, Lenin escreveu Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo (1916). Neste trabalho, Lenin sintetizou os trabalhos anteriores sobre o assunto por Karl Kautsky, John A. Hobson (Imperialismo: Um Estudo, 1902) e Rudolf Hilferding (O Capital Financeiro, 1910), e aplicou às novas circunstâncias da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) na luta entre os impérios alemão e britânico, exemplificando a competição imperial capitalista, que foi a tese de seu livro. Esta tese postulou que a fusão entre bancos e cartéis industriais deu origem ao capital financeiro — a base do imperialismo, o auge do capitalismo.[30][31][32] Lenin acreditava que a Rússia estava sendo usada como uma ferramenta dos imperialistas franceses e britânicos na Primeira Guerra Mundial, e que a sua participação no conflito foi a mando desses interesses.[33]

Lenin com peruca e com a barba raspada na Finlândia em 11 de agosto de 1917.

Revolução de Fevereiro

A locomotiva que trouxe Lenin para Petrogrado (atual São Petesburgo) em abril de 1917.

Em fevereiro de 1917, manifestações populares na Rússia provocadas pelos problemas na guerra forçou o czar Nicolau II a abdicar. A monarquia foi substituída por uma relação difícil entre os políticos, por um lado, o Governo Provisório Russo composto de figuras parlamentares, e, por outro lado, uma matriz de "Sovietes": conselhos revolucionários eleitos diretamente pelos trabalhadores, soldados e camponeses. Lenin ainda estava no exílio em Zurique.

Lenin estava se preparando para ir à biblioteca de Altstadt em Zurique depois do almoço de 15 de março, quando um colega de exílio, Mieczyslav Bronski, exclamou: "Você não ouviu a notícia? Há uma revolução na Rússia!" No dia seguinte, Lenin escreveu para Alexandra Kollontai, em Estocolmo, insistindo na "propaganda revolucionária, agitação, e luta com o objetivo de uma revolução proletária internacional para a conquista do poder pelos Sovietes de deputados trabalhadores". No dia seguinte: "Espalhe! Desperte novas iniciativas, forme novas organizações em cada classe social e prove-lhes que a paz só pode vir com a União Soviética armada de deputados trabalhadores no poder".[34]

Lenin estava determinado a voltar à Rússia, mas isso não foi uma tarefa fácil no meio da Primeira Guerra Mundial. A Suíça ficou cercada pelos países em guerra da França, Alemanha, Áustria-Hungria e Itália, e os mares foram dominados pelo aliado britânico.[34]

Negociações com o Governo Provisório para obter uma passagem através da Alemanha para os exilados russos em troca de prisioneiros alemães e austro-húngaros da guerra arrastaram-se. Eventualmente, ignorando o Governo Provisório, em 31 de março o suíço comunista Fritz Platten obteve permissão do ministro alemão das Relações Exteriores através de seu embaixador na Suíça, o barão Gisbert von Romberg, para que Lenin e outros exilados russos viajassem da Alemanha para a Rússia em um trem.

Em 9 de abril, Lenin e sua esposa Krupskaia conheceram seus companheiros exilados em Berna, um grupo de eventualmente 30 pessoas embarcaram em um trem que os levou a Zurique. De lá, eles viajaram para Gottmadingen onde havia um trem especial esperando. Acompanhado por dois oficiais do Exército alemão, os exilados viajaram através de Frankfurt e Berlim.

Permaceu naquela capital por aproximadamente 20 horas para a realização de acordos, recebendo do governo alemão uma quantia de 40 milhões de goldmarks para finaciar sua revolta.[35] Aleksandr Parvus, que durante anos procurou obter recursos do II Reich para rebeliões na Rússia, foi um importante intermediário nestas negociações.[36] [37] Em suas Teses de Abril, Lenin explicitou seu desejo de retirar a Rússia da guerra, algo vital para os alemães.[35] O objetivo do Império Alemão ao financiar o projeto revolucionário de Lenin, era desestabilizar o governo provisório, obrigando a Rússia a retirar-se da guerra, paralisando a frente Oriental. Assim, a alemanha poderia concentrar suas tropas na frente Ocidental.[35]

De Berlim rumaram para Sassnitz (chegando em 12 de abril), onde uma balsa levou-os para Trelleborg na Suécia. Krupskaya observou pela janela enquanto eles passavam através da Alemanha em guerra, que os exilados ficaram "impressionados com a total ausência de adultos homens. Apenas as mulheres, adolescentes e crianças podiam ser vistos nas estações, nos campos, e nas ruas das cidades".[34] Uma vez na Suécia, o grupo viajou de trem para Estocolmo e daí de volta à Rússia.

Pouco antes da meia-noite de 16 de abril (3 de abril no calendário gregoriano) de 1917, o trem de Lenin chegou à Estação Finlândia, em Petrogrado (atual São Petesburgo). Ele foi recebido, ao som da Marselhesa, por uma multidão de trabalhadores, marinheiros e soldados levando bandeiras vermelhas: um ritual na Rússia revolucionária para os exilados que chagavam em casa.[38] Lenin foi formalmente recebido por Nikolay Chkheidze, o presidente menchevique do Soviete de Petrogrado. Lenin intencionalmente virou-se para a multidão, e declarou:

Teses de Abril

Nota de mil rublos com a imagem de Lenin.

No trem da Suíça, Lenin tinha composto suas famosas Teses de Abril: o seu programa para o Partido Bolchevique. Nas teses, Lenin afirmou que os bolcheviques não deviam se contentar, como quase todos os outros socialistas russos, com a "burguêsa" Revolução de Fevereiro. Em vez disso, os bolcheviques deveriam avançar para uma revolução socialista dos trabalhadores e dos camponeses mais pobres: "2) A particularidade do momento atual da Rússia é que o país está passando do primeiro estágio da revolução - que deu o poder a burguesia, pelo fato do proletariado não ter o suficiente nível de consciência e de organização - ao segundo estágio, que deve colocar o poder nas mãos do proletariado e dos setores mais pobres do campesinato."[40]

Lenin argumentou que esta revolução socialista seria alcançado pelos sovietes ao tomar o poder do Governo Provisório dos parlamentares: "Não há suporte para o Governo Provisório ... Não deve ser uma República Parlamentar — pois seria um passo atrás, voltar do Soviét dos deputados operários, para ela —, e sim uma República dos Soviéts dos deputados operários, soldados e camponeses, em todo o país, de cima a baixo."[41][42]

Para conseguir isso, Lenin argumentou, que a tarefa imediata dos bolcheviques seria a campanha diligente entre o povo russo para persuadi-los da necessidade do poder Soviete: "4) Reconhecer que, na maior parte dos Sovietes de deputados operários, nosso partido está em minoria, ... e que, por isso, enquanto este governo se submete a influência da burguesia, nossa missão só pode ser a de explicar os erros de sua tática de uma forma paciente, sistemática, persistente e adaptada especialmente as necessidades práticas das massas."[40][41]

As Teses de Abril tinham sido mais radicais. A política bolchevique anterior tinha sido como a dos mencheviques neste quesito: que a Rússia estava pronta só para burgueses, não para uma revolução socialista. Stalin e Kamenev, que haviam retornado do exílio na Sibéria em meados de março, e tomaram o controle do jornal dos bolcheviques, Pravda, e tinham feito campanha para o apoio ao Governo Provisório. Quando Lenin apresentou sua teses numa reunião conjunta do POSDR, ele foi vaiado pelos mencheviques. Dos bolcheviques, apenas Kollontai, a princípio apoiou as Teses.[43]

Lenin chegou às revolucionárias Teses de Abril devido ao seu trabalho no exílio sobre a teoria do imperialismo. Através de seu estudo da política mundial e da economia, Lenin chegou a ver a política russa na perspectiva internacional. Nas condições da Primeira Guerra Mundial, Lenin acreditava que, embora o capitalismo russo fosse subdesenvolvido, uma revolução socialista na Rússia poderia desencadear uma revolução nos países mais avançados da Europa, que poderia, então, ajudar a Rússia a alcançar o desenvolvimento econômico e social.[44]

Desta forma, Lenin se afastou da política anterior bolchevique de buscar só a revolução burguesa na Rússia, e rumou para a posição de seu companheiro revolucionário russo Leon Trotsky e sua teoria da revolução permanente, que pode ter influenciado Lenin neste momento.[45]

Controversa, o programa das Teses de Abril fez o partido bolchevique de refúgio político para os russos desiludidos com o Governo Provisório e a guerra.[46][47]

Revolução de Outubro

Ver também : Revolução de Outubro
Pintura de Lenin na frente do Instituto Smolny feita por Isaak Brodski.

Em Petrogrado, uma insatisfação com o regime culminou nos espontâneos tumultos dos Dias de Julho, realizado por trabalhadores industriais e soldados.[48] Depois de ser suprimida, o governo acusou Lenin e os bolcheviques de estarem no comando dos motins.[49] Aleksandr Kerenski e outros adversários, também acusaram os bolcheviques, especialmente Lenin — de ter provocado os agentes do Império Alemão; e em 17 de julho, Leon Trotsky defendeu:[50]

No acontecimento, o Governo Provisório prendeu os bolcheviques e proibiu a sua parte, levando Lenin a fugir para a Finlândia. No exílio novamente, refletindo sobre as jornadas de julho e suas consequências, Lenin determinou que, para evitar o triunfo de forças contra-revolucionárias, o Governo Provisório deveria ser derrubado por um levante armado.[52] Enquanto isso, ele publicou O Estado e a Revolução (1917) propondo o governo pelos sovietes (conselhos eleitos formados por trabalhadores, soldados e camponeses) e não por um organismo parlamentar.[53]

No final de agosto de 1917, enquanto Lenin estava escondido na Finlândia, o comandante-em-chefe do exército russo, o general Lavr Kornilov enviou tropas para Petrogrado, no que parecia ser uma tentativa de golpe militar (golpe de Kornilov) contra o Governo Provisório. Kerensky, em pânico, pediu ajuda ao Soviete de Petrogrado, permitindo que os revolucionários organizassem os trabalhadores como Guardas Vermelhos para defender Petrogrado. O golpe se esgotou antes de chegar a Petrogrado devido a ação coletiva dos trabalhadores industriais de Petrogrado, e a falta de vontade dos soldados.[54]

Entretanto, a fé no Governo Provisório foi severamente abalada.O slogan de Lenin desde as Teses de Abril - "Todo o poder aos sovietes!" -, tornou-se mais plausível a cada vez mais na qual o Governo Provisório foi desacreditado aos olhos do povo. Os bolcheviques ganharam a maioria no soviete de Petrogrado em 31 de agosto e no Soviete de Moscou em 05 de setembro.[55]

Em outubro Lenin retornou da Finlândia. Do Instituto Smolny, Lenin comandou a deposição do Governo Provisório (06-08 novembro 1917), e a invasão (7-8 de Novembro) do Palácio de Inverno para realizar a rendição de Kerensky, e estabeleceu o governo bolchevique na Rússia.

Formando um governo

Ficheiro:Lenin-office-1918.jpg
Lenin trabalhando no Kremlin em 1918.

Lenin argumentou em um artigo de um jornal em setembro de 1917:

A Revolução de Outubro tinha sido relativamente pacífica. As forças revolucionárias já tinham o controle de facto da capital devido à deserção da guarnição da cidade. Poucos soldados tinham ficado para defender o Governo Provisório no Palácio de Inverno.[57] A maioria dos cidadãos tinham simplesmente continuado a sua atividade diária, enquanto o Governo Provisório foi realmente derrubado.[54]

Assim, parecia que todo o poder tinha sido transferido para os sovietes de forma relativamente pacífica. Na noite da Revolução de Outubro, o II Congresso dos Sovietes de Toda a Rússia iniciou, com uma maioria bolchevique do Partido Socialista-Revolucionário de Esquerda no Instituto Smolny em Petrogrado. Quando o esquerdista menchevique Julius Martov propôs um partido de todo o governo soviético, o bolchevique Anatóli Lunatcharski afirmou que seu partido não iria se opor a ideia. Os bolcheviques votaram por unanimidade a favor da proposta.[58]

No entanto, nem todos os socialistas russos apoiaram transferir todo o poder aos sovietes. Os socialistas-revolucionários de direita e mencheviques sairam desta primeira sessão do Congresso dos Sovietes, em protesto contra a derrubada do Governo Provisório, onde seus partidos tinham sido membros.[59]

No dia seguinte, na noite de 26 de outubro (calendário juliano), Lenin participou do Congresso dos Sovietes, sem disfarces e em público pela primeira vez desde as jornadas de julho, apesar de ainda não ter crescido a barba, uma marca. O jornalista americano John Reed descreveu o homem que apareceu às cerca de 8:40 para "uma onda de aplausos trovejantes": "Uma figura, baixa e atarracada, com uma grande cabeça estabelecida em seus ombros, calvo e saliente. Olhos pequenos, boca larga e queixo pesado, bem barbeado agora, mas já começam a ofender com a barba bem conhecida de seu passado e futuro. Vestido com roupas surradas, calças demasiadamente longas para ele. Inexpressivo, para ser o ídolo de uma multidão, amado e reverenciado como talvez poucos líderes na história pode ter sido. Um estranho líder popular — um líder exclusivamente em virtude do intelecto; incolor, sem humor, intransigente e individual, sem pitorescas peculiaridades, mas com o poder de explicar ideias profundas em termos simples, de analisar uma situação concreta. E combinado com astúcia, a maior audácia intelectual."[60]

De acordo com Reed, Lenin esperou os aplausos diminuirem antes de simplesmente declarar: "Vamos agora proceder à construção da ordem socialista!" Lenin passou a propor ao Congresso um Decreto de Paz, convidando "todos os povos beligerantes e aos seus Governos a começar imediatamente negociações para uma paz justa e democrática", e um Decreto das Terras, a transferência das propriedade de todos os "latifundiários", e de todas as terras pertencentes à Coroa", para os camponeses soviéticos. O Congresso aprovou o Decreto da Paz, por unanimidade, e o Decreto das Terras enfrentou apenas um voto de oposição.[61]

Tendo aprovado essas políticas bolcheviques, o Congresso dos Sovietes procedeu à eleição dos bolcheviques ao poder, como o Conselho de Comissários do Povo por "uma enorme maioria".[62] Os bolcheviques ofereceram postos no Conselho para os membros do Partido Socialista-Revolucionário de Esquerda: uma oferta que os socialistas-revolucionários de esquerda no início recusaram,[63] mas depois aceitaram, juntando-se aos bolcheviques em coalizão em 12 de dezembro (calendário juliano).[64] Lenin tinha sugerido que Trotsky assumisse o cargo de Presidente do Conselho — o chefe do governo soviético — mas Trotsky recusou alegando que sua condição de judeu seria controversa, e ele tomou o cargo de Comissário das Relações Exteriores.[63] Assim, Lenin se tornou o chefe de governo na Rússia.

Trotsky anunciou a composição do novo Comitê Executivo Central Soviético: com uma maioria bolchevique, mas com lugares reservados para os representantes dos outros partidos, incluindo os socialistas-revolucionários de direita e mencheviques. Trotsky concluiu: "Congratulamo-nos com um Governo com todos os partidos e grupos que adotarão o nosso programa".[62]

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Vladimir Ulyanov (Lenin), desenhado por Nikolai Bukharin (31 de março de 1927).

Lenin declarou em 1920 que "o comunismo é o poder soviético além da eletrificação de todo o país" na modernização da Rússia em um país do século 20:[65] "Devemos mostrar aos camponeses que a organização da indústria com base na tecnologia moderna e avançada, na eletrificação, que irá fornecer um link entre as cidades e o país, irá pôr fim à divisão entre cidade e campo, será possível levantar o nível de cultura no campo, e para vencer, mesmo nos cantos mais remotos da terra, a ignorância, o atraso, a pobreza e a barbárie da doença".[66]

No entanto, o governo bolchevique tinha que primeiramente retirar a Rússia da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Enfrentando a expansão do Império Alemão para o leste, Lenin propôs a retirada imediata da Rússia da guerra na Europa Ocidental, ainda, outros líderes bolcheviques (por exemplo, Nikolai Bukharin) defendeu a continuação da guerra para fomentar a revolução na Alemanha. O tratado de paz de Leon Trotsky propôs um "não às guerras, não à paz", uma postura intermediária no tratado russo-alemão, subordinada à não anexar terras conquistadas na guerra; as negociações entraram em colapso, e os alemães atacaram, conquistando grande parte do território agrícola do oeste da Rússia. Resultantemente, a proposta de Lenin em se retirar da guerra ganhou o apoio da maioria, e, em 3 de março de 1918, a Rússia retirou-se da Primeira Guerra Mundial através do Tratado de Brest-Litovski, perdendo grande parte de seu território europeu. Por causa da ameaça alemã, Lenin mudou o governo soviético de Petrogrado para Moscou, entre 10 e 11 de março de 1918.[67][68]

Com a saída da Rússia do conflito, encerrando a atividade na frente Oriental, a Alemanha conseguiu o que pretendia ao financiar a revolução bolchevique.[69] Graças a isto, o II Reich pôde concentrar suas forças na frente Ocidental, lançando a ofensiva da Primavera, quando a Alemanha teve a oportunidade real de vencer a I Guerra Mundial, só não alcançando o sucesso devido aos problemas logísticos, de abastecimento e, pela entrada dos EUA na guerra.[37]

Em 19 de janeiro de 1918, confiando com os sovietes, os bolcheviques, aliado com os anarquistas e os membros do Partido Socialista-Revolucionário, dissolveram a Assembléia Constituinte Russa, e assim, consolidaram o poder político do governo bolchevique. Ainda que a coalizão de esquerda tenha terminada em consequência dos socialistas-revolucionários que se opuseram ao prejuízo territorial do Tratado de Brest-Litovsk, os bolcheviques concordaram com o Império Alemão. Os anarquistas e os socialistas-revolucionários, em seguida, se juntaram a outros partidos políticos na tentativa de depor o governo bolchevique, que se defendeu com a perseguição e a prisão dos anti-bolcheviques.

Para iniciar a recuperação econômica russa, em 21 de fevereiro de 1920, Lenin criou o plano GOELRO, a Comissão Estadual de Eletrificação da Rússia (Государственная комиссия по электрификации России), e também estabeleceu os cuidados de saúde universal e gratuito, os sistemas de ensino gratuito, e promulgou os direitos políticos-civis das mulheres.[70] Além disso, desde 1918, em processo para re-estabelecer a economia, no que se refere a administração de empresas produtivas em cada empreendimento industrial na Rússia, Lenin propôs um líder do governo, responsável ​​por cada empresa. Trabalhadores poderiam solicitar medidas para resolver os problemas, mas tinham que cumprir decisão final do líder. Embora, ao contrário da autogestão dos trabalhadores, a administração pragmática, de tais indústrias foi essencial para que a produção fosse eficiente e houvesse a especialização do trabalhador no emprego. No entanto, os adversários bolcheviques de Lenin argumentou que a gestão de negócios industriais foi concebido para reforçar o controle do trabalho pelo Estado, e esse trabalhador de autogestão fracassaria devido à falta de recursos, e não incompetência. Lenin resolveu esse problema por meio de licenciamento (por um mês) de todos os trabalhadores da maioria das fábricas.

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Escavações de vítimas do Terror Vermelho em 1919.

Internacionalmente, a admiração de Lênin pelo revolucionário socialista irlandês James Connolly, levou a URSS a ser o primeiro país a conceder o reconhecimento diplomático à República da Irlanda, que lutou na Guerra da Independência da Irlanda (então subordinada a Grã-Bretanha). No evento, Lenin desenvolveu uma amizade com Roddy Connolly, filho do revolucionário James.

Estabelecendo a Tcheka

Ver artigo principal: Tcheka

Em 20 de dezembro de 1917, "A Comissão Extraordinária de Todas as Rússias para Combater a Contra-Revolução e a Sabotagem", a Tcheka foi criada por um decreto emitido por Lenin para defender a Revolução Russa.[71] O estabelecimento da Tcheka, o serviço secreto, dirigido por Felix Dzerzhinsky, formalmente consolidou a censura estabelecida anteriormente, quando em "17 de novembro, o Comitê Executivo Central aprovou um decreto que dá o controle para todos os bolcheviques sobre o papel de jornal e de amplos poderes de encerramento de jornais críticos ao regime....";[72] os sovietes não bolcheviques foram dissolvidos; os jornais anti-soviéticos foram fechados, enquanto a Pravda (Verdade) e o Izvestia (A Notícia) estabeleceram o monopólio das comunicações. De acordo com Leonard Schapiro, a "recusa [bolchevique] em chegar a um acordo com os [revolucionários] socialistas, e a dispersão da Assembléia Constituinte, levou ao resultado lógico de que o terror revolucionário estaria agora se dirigindo, não só contra os inimigos tradicionais, como a burguesia ou os adversários de direita, mas contra qualquer um, seja ele trabalhador, socialista, ou camponês que se opor às regras bolcheviques".[73] Em 19 de dezembro de 1918, um ano após sua criação, foi adotada uma resolução a mando de Lenin, que proibiu a própria imprensa bolchevique de publicar "artigos difamatórios" sobre a Tcheka.[74] Como Lenin havia colocado: "...Um bom comunista é também um bom tchekista".[74]

Lenin e o antissemitismo

Lenin estava entusiasmado com a nova tecnologia de comunicação em massa como o rádio e o gramofone, e a sua capacidade de educar a população camponesa da Rússia que era em sua maioria analfabeta. Em 1919, Lenin gravou oito palestras com o gramofone. Durante a era Nikita Khrushchov (1953-1964), sete foram publicados. O oitavo discurso, que não foi publicado, delineou pensamentos de Lenin sobre o antissemitismo:[75] "A polícia czarista, em aliança com os latifundiários e os capitalistas, organizaram perseguições contra os judeus. ... Não são os judeus que são os inimigos do povo trabalhador. Os inimigos dos trabalhadores são os capitalistas de todos os países. Entre os judeus, há pessoas trabalhadoras, e eles formam a maioria. Eles são nossos irmãos, que, como nós, são oprimidas pelo capital, pois eles são nossos companheiros na luta pelo socialismo. ... Os capitalistas se esforçam para semear e fomentar o ódio entre trabalhadores de diferentes credos, nações e raças diferentes. ... Judeus ricos, como russos ricos, e os ricos em todos os países, estão em aliança para oprimir, esmagar, roubar e desunir os trabalhadores. ... Vergonha para aqueles que fomentam ódio contra os judeus, que fomentam o ódio para com outras nações."[76]

Assassinatos fracassados

A primeira ocasião foi em 14 de janeiro de 1918 em Petrogrado, quando os assassinos emboscaram Lenin em seu automóvel depois de um discurso. Ele e Fritz Platten estavam no banco de trás, quando os assassinos começaram a atirar, e "Platten agarrou Lenin pela cabeça e empurrou-o para baixo ... a mão de Platten ficou coberta de sangue, tendo sido atingido de raspão por uma bala quando ele estava protegendo Lenin".[77]

O segundo evento foi em 30 de agosto de 1918, quando o membro do Partido Socialista Revolucionário, Fanya Kaplan aproximou-se de Lenin em seu automóvel depois de um discurso. Lenin estava apoiado com um dos pés no estribo enquanto falava com uma mulher. Kaplan atraiu a atenção de Lenin, e quando ele virou o rosto recebeu três tiros. A primeira bala atingiu seu braço, a segunda bala sua mandíbula e pescoço, e a terceira feriu a mulher com quem ele estava falando. Os ferimentos o derrubaram e deixaram-no inconsciente.[78] Temendo assassinos no hospital, Lenin foi levado para seu apartamento Kremlin. Os médicos decidiram não remover as balas para que a cirurgia não pusesse em perigo a recuperação, que se mostrou lenta.

O jornal Pravda ridicularizou publicamente Fanya Kaplan como um assassino fracassado (num dos últimos dias de Charlotte Corday, a assassina do francês Jean-Paul Marat, defensor do Terror), não poderia-se arruinar a Revolução Russa, tranquilizando os leitores imediatamente depois de sobreviver à tentativa de assassinato: "Lenin foi atravessado duas vezes, com os pulmões perfurados derramando sangue, recusou ajuda e continua por conta própria. Na manhã seguinte, ainda ameaçado de morte, ele lê jornais, ouve, aprende e observa que o motor da locomotiva que transporta-nos para a revolução mundial não parou de trabalhar..."; apesar dos pulmões ilesos, o ferimento no pescoço fez derramamento de sangue em um dos pulmões.[79]

O historiador Richard Pipes relata que "a impressão de que se tem ... é que os bolcheviques deliberadamente subestimaram o evento para convencer o público que, o que aconteceu com Lenin, eles estavam firmemente no controle". Além disso, numa carta à sua mulher em 7 de setembro de 1918, Leonid Borisovich Krasin, um czarista e diplomata do regime soviético, descreve a atmosfera do público e da resposta social à fracassada tentativa de assassinato em 30 de agosto e para a sobrevivência de Lenin: "Quando isso acontece, a tentativa de matar Lenin fez dele muito mais popular do que ele é. Ouve-se um grande número de pessoas, que estão longe de ter qualquer simpatia para com os bolcheviques, dizendo que seria um desastre absoluto se Lenin tivesse se sucumbido aos seus ferimentos, como primeiramente eu havia pensado que ele faria. E eles têm toda a razão, pois, no meio de todo esse caos e confusão, ele é a espinha dorsal do novo corpo político, o apoio principal sobre a qual tudo repousa."[80]

Terror Vermelho

Ver artigo principal: Terror Vermelho

Em resposta à frustrada tentativa de assassinato de Lenin por Fanya Kaplan em 30 de agosto de 1918, e ao assassinato realizado do chefe Tcheka de Petrogrado Moisei Uritski, Stalin propôs a Lenin para "abrir um terror em massa e sistemático ... [contra] ... os responsáveis". Os bolcheviques instruíram Felix Dzerzhinsky para começar o Terror Vermelho, anunciado em 1 de setembro de 1918 pela Krasnaya Gazeta (Gazeta Vermelha).[81] Para o efeito, entre outros atos, em Moscou, as listas de execução assinados por Lenin autorizou o assassinato de 25 ministros czaristas, funcionários públicos, e 765 Guardas Brancos em setembro de 1918.[82] Em Diários no Exílio de 1935, Leon Trotsky recordou que Lenin autorizou a execução da Família Real da Rússia.[83] No entanto, de acordo com Greg King e a investigação de Penny Wilson sobre o destino dos Romanov, as lembranças de Trotsky sobre o assunto, 17 anos após os eventos descritos, são infundadas, imprecisos e em contradição com o próprio Trotsky em outras ocasiões.[84] A maioria dos historiadores dizem que há provas suficientes para provar que Lenin ordenou os assassinatos.[85] De acordo com o historiador soviético Dmitri Volkogonov:[86] "Evidências indiretas mostram que a ordem para executar a família real foi dada verbalmente por Lenin e Sverdlov. O objetivo de "exterminar toda a família Romanov é confirmada pelos assassinatos quase simultâneos da grã-duquesa Isabel Feodorovna, do grão-duque Sérgio Mikhailovich da Rússia, dos príncipes João Constantinovich, Constantino Constantinovich, Igor Constantinovich e do conde Vladimir Pavlovich Paley (filho do grão-duque Paulo Alexandrovich), todos eles na cidade de Alapaevsk, uma centena de quilômetros de Ecaterimburgo."

A contrarrevolução estrangeira, auxiliada pelo Exército Branco falhou por falta de apoio do povo russo, porque o Estado proletário bolchevique, protegeu-se com o "terror em massa contra os inimigos da revolução", que era socialmente organizado contra o estabelecimento prévio capitalista, portanto, a luta de classes do terrorismo no período após o czarismo russo originou-se na classe trabalhadora (camponeses e operários) contra as classes privilegiadas aristocratas da monarquia absoluta que havia sido deposta.[87] Durante a Guerra Civil Russa, os anti-bolcheviques enfrentaram torturas e execuções (assassinatos), e em maio de 1919, havia cerca de 16 mil presos nos campos de trabalho czarista de Katorga; e em setembro de 1921 a população de prisioneiros ultrapassou 70 mil.[88][89][90][91][92][93]

Nas perseguições da revolução (Exército Vermelho) e da contrarrevolução (Exército Branco), várias foram as atrocidades russas cometidas, mas os historiadores contemporâneos discordam sobre a questão de igualar os terrores, isso, porque o Terror Vermelho foi a política do governo bolchevique (como por exemplo a Descossaquização) contra as classes sociais, enquanto que as classes do Terror Branco foram por questão racial e política, contra os judeus, anti-monarquistas e comunistas.[94][95] Tais números são registrados nas cidades ocupadas pelos bolcheviques: "Em Kharkov havia entre 2 e 3 mil execuções entre fevereiro e junho de 1919, e outras entre 1 e 2 mil execuções quando a cidade foi tomada novamente em dezembro daquele ano; em Rostov do Don havia cerca de 1 mil execuções em janeiro de 1920; em Odessa, 2,2 mil entre maio e agosto de 1919, então, aproximadamente 1,5 a 3 mil entre fevereiro de 1920 e fevereiro 1921; em Kiev, pelo menos, 3 mil de fevereiro a agosto de 1919; em Ekaterinodar, pelo menos 3 mil entre agosto de 1920 e fevereiro de 1921; em Armavir, uma pequena cidade no Kuban, entre 2 e 3 mil entre agosto e outubro de 1920. E a lista continua."[96]

O professor Christopher Read afirma que, apesar de o terror ter sido empregado no auge dos combates da Guerra Civil, "de 1920 em diante, a apelação ao terror foi muito reduzida e desapareceu dos discursos tradicionais de Lenin e na prática".[97] No entanto, após uma insurreição clerical na cidade de Shuia, em carta de 19 de março de 1922 a Vyacheslav Molotov e o Politburo, Lenin delineou uma ação contra os desafiantes, removendo os valores bolcheviques a Igreja Ortodoxa: "Devemos colocar para baixo ... toda a resistência com tal brutalidade que não vai esquecer por várias décadas ... Quanto maior o número de representantes do clero reacionário e da burguesia reacionária conseguirmos executar ... melhor".[98] Como resultado desta carta, o historiador Orlando Figes estima que talvez 8 mil sacerdotes e leigos tenham sido executados.[99] Além disso, o esmagamento das revoltas de Kronstadt e Tambov em 1921 resultou em muitas execuções.[100]

Ficheiro:5 May 1919-Trotsky Lenin Kamenev.jpg
Trotsky, Lenin e Kamenev no II Congresso do partido em 1919.

Guerra civil

Ver artigo principal: Guerra Civil Russa

Em 1917, como um anti-imperialista, Lenin disse que os povos oprimidos tinham o direito incondicional de se separar do Império Russo, no entanto, no final da Guerra Civil, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) anexou a Armênia, a Geórgia e o Azerbaijão, porque o Exército Branco usava-os como bases de ataque.[101] Lenin pragmaticamente defendeu as anexações como proteção geopolítica contra as depredações capitalistas imperialistas.[102]

Para manter os exércitos alimentados, e para evitar o colapso econômico, o governo bolchevique estabeleceu o comunismo de guerra, através do programa político prodrazvyorstka, obrigou camponeses a entregar os excedentes de produtos agrícolas por um baixo preço fixado. O limite de um determinado produto para as necessidades pessoais ou doméstico foi pré-determinada pelo estado. Os camponeses resistiram reduzindo a produção. Os bolcheviques culparam os kulaks pela retenção dos grãos para aumentar os lucros, mas as estatísticas indicaram mais negócios ocorrendo na economia do mercado negro.[103][104] No entanto, o prodrazvyorstka resultou em confrontos armados em que a Tcheka e o Exército Vermelho reprimiram reféns com tiros, guerra química, e deportação para trabalho no campo; Lenin ainda aumentou a requisição.[94][105][106]

Os seis anos de guerra civil entre Exército Branco e Exército Vermelho, o comunismo de guerra, a crise de fome de 1921 que matou aproximadamente 5 milhões de pessoas, e a intervenção dos Aliados na Guerra Civil Russa reduziu grande parte da Rússia à ruína, e provocou uma rebelião contra os bolcheviques, sendo o maior a Revolta de Tambov (1919-1921). Após a Revolta de Kronstadt, Lenin substituiu o comunismo de guerra pela Nova Política Econômica (NEP), e reconstruíu com sucesso a indústria e a agricultura. O NEP foi o seu reconhecimento pragmático das realidades políticas e econômicas, apesar de ser uma tática, mais tarde, o doutrinário Joseph Stalin reverteu a NEP para consolidar seu controle do Partido Comunista e da URSS.

Lenin e a revolução mundial

Como ele havia afirmado na obra Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo, o projeto revolucionário de Lenin não envolveu apenas a Rússia, mas o mundo. Para implementar revolução mundial, a Comintern ou Internacional Comunista foi convocada na Rússia em 1919.[107] Lenin dominou o primeiro, o segundo (1920) e o terceiro (1921) Congresso Mundial da Internacional Comunista e esperava usar a organização como uma agência da revolução socialista internacional.[108] Após o fracasso das ambições revolucionárias na Polônia, na Guerra Polaco-Soviética de 1919 até 1921, e após várias revoluções na Alemanha e na Europa Oriental em 1919 serem derrotadas, Lenin, cada vez mais, viu que as lutas anti-coloniais no Terceiro Mundo seria o foco da luta revolucionária. Em 1923, Lênin disse:

Lenin elogiou o líder revolucionário chinês Dr. Sun Yat-sen e o seu partido Kuomintang pela sua ideologia e princípios. Lenin elogiou Dr. Sun, suas tentativas de reforma social, e felicitou-o para lutar contra o imperialismo estrangeiro.[110][111][112] Dr. Sun também devolveu o elogio, chamando-o de "grande homem", e enviou seus parabéns devida a revolução na Rússia.[113] O Kuomintang era um partido nacionalista revolucionário, que havia sido apoiado pela União Soviética. Foi organizado em leninismo.[114]

Após a morte de Lenin, em 1924, a revolução mundial foi logo rejeitada por seu sucessor Joseph Stalin em favor do socialismo em um só país que contribuiu para a separação com Leon Trotsky (ver: divergências entre Stalin e Trotsky).


Críticas

Kamenev e Lênin em 1922
Lênin e Stalin

A principal crítica feita contra Lenin, inclusive por alguns setores da esquerda, é em relação à sua suposta participação na construção do Estado policial autoritário nos primórdios da União Soviética, processo este que mais tarde foi seguido e aprimorado por Stalin. Outros sectores baseiam-se na conquista de liberdades que se seguiu à vitória bolchevique (autodeterminação, distribuição de terras aos camponeses pobres, leis do divórcio e do aborto, liberdade de criação artística, etc) para situar a ruptura ditatorial com essa dinâmica precisamente na morte de Lenin e a consolidação do poder da burocracia.

Na primeira visão, afirma-se que em maio de 1919, 16 mil pessoas foram confinadas em um antigo campo czarista de trabalhos forçados chamado Katorga, e que em setembro de 1921 foram enviadas mais de 70 mil.

Outros dados sem documentar falam de entre 50 mil a 200 mil execuções sumárias de "inimigos da classe" durante o regime de Lenin. Durante a Guerra Civil, em 1918, seriam executados o Czar Nicolau II e toda a família imperial, sob suas ordens. Destaca-se também a repressão à revolta dos marinheiros de Kronstadt (Março de 1921), que resultaria na morte e na deportação de milhares de marinheiros. Os factos são controversos, já que também do lado bolchevique houve 10.000 vítimas no confronto com os alçados de Kronstadt.[115][116]

Segundo grande parte de seus muitos defensores, como o norte-americano John Reed ou o belga Victor Serge, biógrafo de Lenin, o seu papel de organizador e diretor da primeira revolução proletária triunfante não impediu que tentasse evitar "a efusão de sangue" no caminho à vitória.[117]

Victor Serge, vítima da repressão stalinista e testemunha direta do processo revolucionário e exilado da URSS em 1936, culpa explicitamente Lenin pela deriva repressiva e reconhece a sincera entrega da velha guarda bolchevique à causa da revolução mundial. Reconhecendo erros no Partido Bolchevique, apoia a experiência revolucionária russa, se bem que afirme que as novas lutas anticapitalistas deverão assumir novas formas no futuro.[118]

Após sua morte, em 1924, seu corpo foi embalsamado e atualmente, assim como durante todo o período soviético, é exposto em seu mausoléu, na Praça Vermelha em Moscou.

Morte natural ou assassinato

Ver também : Testamento de Lenin
Mausoléu de Lenin em Moscovo.

Até os dias de hoje ainda é um mistério a causa da morte de Lenin. Mas as "prováveis causas", são: morte por sífilis ou por causa de uma bala no pescoço que ficou incrustada desde a época em que sofreu uma (das inúmeras); tentativa de assassinato. Os médicos até hoje estão divididos quanto à causa, porque apesar de se "saber por relatos médicos", que poderia ter tido sífilis, seu corpo não apresentava sintomas da doença.

Lenin sofreu vários acidentes vasculares cerebrais. O primeiro em 26 de maio de 1922, o segundo em 16 de dezembro de 1922, o terceiro em 10 de março de 1923, vindo a falecer em 21 de janeiro de 1924 (Dmitri Volkogonov. Lenin, a new biography, 1994, NY: Free Press,pg xxii).

Principais obras

Ver também

Referências

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Ligações externas

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Principais obras para leitura

Precedido por
Alexander Kerensky
Secretário-Geral do
Partido Comunista da União Soviética

1917 — 1924
Sucedido por
Josef Stalin

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