Tim (futebolista)
Informações pessoais | ||
---|---|---|
Nome completo | Elba de Pádua Lima | |
Data de nasc. | 20 de fevereiro de 1916 | |
Local de nasc. | Rifaina, São Paulo, Brasil | |
Nacionalidade | brasileiro | |
Morto em | 7 de julho de 1984 (68 anos) | |
Local da morte | Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil | |
Altura | 1,71 m | |
Apelido | Tim El Péon | |
Informações profissionais | ||
Posição | Treinador (ex-atacante) | |
Clubes de juventude | ||
1928–1931 | Botafogo-SP | |
Clubes profissionais | ||
Anos | Clubes | Jogos (golos) |
1931–1933 1933 1934–1936 1936 1937–1944 1944 1944 1945–1947 1947–1948 1948–1949 1950 |
Botafogo-SP Corinthians Portuguesa Santista Botafogo-SP Fluminense Nacional-SP São Paulo Olaria Botafogo-SP Atlético Junior |
1 (0) 226 (71) 24 (1) |
Seleção nacional | ||
1936–1944 1935 |
Brasil Seleção Paulista |
[1] | 16 (1)
Times/clubes que treinou | ||
1945–1947 1948–1949 1950 1951 1953–1956 1957-1958 1959 1959–1960 1961–1963 1963–1964 1964–1967 1967–1968 1969 1970 1971 1972 1973 1974–1975 1975 1975-1976 1977 1978 1979 1980 1981 1981–1982 1983 |
Olaria (jogador-treinador) Botafogo-SP (jogador-treinador) Junior de Barranquilla (jogador-treinador) Bangu Bangu CA Ferroviário Atlético Paranaense Bangu Guarani Bangu Fluminense San Lorenzo Flamengo Vasco da Gama Coritiba Botafogo Coritiba Santos Guarani Vitória America FC (RJ) Colorado EC Coritiba Bangu São José-SP Peru Inter de Limeira |
Elba de Pádua Lima, mais conhecido como Tim (Rifaina, 20 de fevereiro de 1916 — Rio de Janeiro, 7 de julho de 1984), foi um treinador e futebolista brasileiro, que atuou como atacante. É um dos maiores ídolos da história do Fluminense.
Como jogador, Tim era conhecido por seus dribles — "drible fácil e insinuante, só comparável a Garrincha", de acordo com a Folha de S.Paulo[2] — e bom posicionamento.[3] "Em dez anos ao seu lado, nunca vi ele errar", dizia Domingos da Guia.[4] No livro Guia dos Craques, o jornalista Marcelo Duarte definiu-o assim: "Inteligente, ótima colocação em campo, driblador notável, passes imprevisíveis e eficiente goleador."[5]
Já como técnico, chegou a ser considerado o "maior estrategista do futebol brasileiro", segundo a revista Placar.[6] Ele costumava usar uma mesa de futebol de botão para explicar aos jogadores suas táticas.[2] Ele também costumava ser amigo dos jogadores que comandava, o que às vezes prejudicava a disciplina interna,[6] mas em geral lhe garantia o respeito deles.[2] "De Tim, devemos dizer sempre que ele foi um inventor, um estrategista", lembrava o ex-jogador Ademir de Menezes. "Foi ele quem inventou o 'cabeça de área' no futebol brasileiro. Foi ele ainda quem descobriu que o ponta-direita, além de ir à linha de fundo e cruzar, podia fechar em diagonal para dentro do campo e chutar em gol. Podemos também dizer que ele deve ter sido um dos únicos homens do mundo a não ser chamado de louco por falar com botões. Foi um professor, um catedrático do futebol."[7]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Nascimento e infância
[editar | editar código-fonte]Tim nasceu em 20 de fevereiro de 1916, numa fazenda que pertencia ao município paulista de Rifaina. Ele era filho do ferroviário Vargas Lima, e de Tereza Granato. Quando criança, sua família chamava-o carinhosamente de Ti.
Em 1923, aos sete anos, Elba perdeu o pai. A partir daí, passou a ser criado pela mãe na Vila Tibério, tradicional bairro de Ribeirão Preto, onde Ti descobriria o talento que tinha para jogar futebol.
O começo da carreira
[editar | editar código-fonte]Foi nas peladas pelas ruas de Ribeirão Preto, que Elba despertou seus dons futebolísticos. Foi nessa época também que o apelido de família, Ti, virou Tim.
Tim começou oficialmente sua carreira no Botafogo de Ribeirão Preto em 1928, aos 12 anos.
A carreira profissional
[editar | editar código-fonte]Em 1934, após ganhar destaque nas esquipes de base do Botafogo, Tim passou para a equipe profissional.[6] No profissional do Pantera, com seu bom futebol, desbancou o maior craque do time até então, o atacante Piquetote, tornando-se, assim, ídolo da torcida botafoguense.
No ano seguinte, foi vendido para a Portuguesa Santista,[6] pela quantia de quinhentos mil réis, onde sua carreira viria a deslanchar. Com o bom futebol apresentado na Portuguesa Santista, Tim alcançou, em 1936, a Seleção Paulista, onde conquistou o Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais, vencendo o Rio Grande do Sul no Estádio São Januário do Rio de Janeiro 2 a 0, em 2 de agosto.
Em dezembro, chegou à Seleção Brasileira, participando do grupo que foi ao Campeonato Sul-Americano de 1937.[6] Foi nessa competição que ganhou o apelido de El Peón,[6] por "conduzir o time brasileiro como um peão (peón) conduz a sua manada".[3][5][8]
Quando retornou ao Brasil, após o Sul-Americano, decidiu ficar perto da família e voltou a defender o Botafogo, mas ficaria apenas pouco mais de quatro meses no time ribeirão-pretano: em abril de 1937, transferiu-se para o Fluminense, quando lhe foram ofertados vinte contos de réis e mais um conto mensal. No Flu, viveria o auge de sua carreira, formando com Romeu Pellicciari "uma das duplas mais famosas do futebol brasileiro", segundo a Folha de S.Paulo.[2] Sua primeira glória no Tricolor carioca foi integrar o time que seria tricampeão estadual em 1936, 1937 e 1938, a partir da segunda conquista.
Tim disputou a Copa do Mundo de 1938,[4] realizada na França, e, depois, voltou ao Rio de Janeiro para ser bicampeão do Campeonato Carioca em 1940 e 1941. AO longo de seus anos defendendo o Fluminense, marcou 71 gols em 226 partidas.[9]
Em 1942, foi disputar a Copa América pela Seleção Brasileira em Buenos Aires, e voltou com o prestígio redobrado, por suas grandes atuações. Nessa competição, o Brasil terminou em terceiro lugar. No total, vestiria a camisa da Seleção em dezesseis partidas.[5]
Em 1944, aposentou-se da Seleção Brasileira, deixando sua vaga para Jair Rosa Pinto. No mesmo ano, transferiu-se para o São Paulo, mas na temporada seguinte voltaria ao Rio de Janeiro, para defender o Olaria até 1947.[3] De lá, foi voltou para o Botafogo de Ribeirão Preto, uma decisão explicada assim ao Diário Popular: "O futebolista no Brasil conta com muita coisa a seu favor, mas tem ainda mais elementos contra. Um deles: a incompreensão do dirigente. Outro: a ingratidão do público. Acho, por isso, que se deve trabalhar para que a situação do 'ás' seja diferente. Ingressando como técnico do Botafogo, tudo farei para levantá-lo e para o bem do futebol de Ribeirão Preto."[10]
Tim encerrou a carreira em 1950, defendendo o Atlético Junior, de Barranquilla, na Colômbia.
Carreira de técnico-jogador
[editar | editar código-fonte]Em 1947, chegou a jogar e treinar, ao mesmo tempo, a equipe do Olaria. A ocupação do cargo de técnico-jogador do time carioca durou até sua saída, quando foi ocupar o mesmo cargo no Botafogo de Ribeirão Preto, ficando no clube de 1948 até 1949.
Em 1950, encerrou sua carreira de jogador, porém logo tornando-se técnico, já em 1951.
Carreira como treinador
[editar | editar código-fonte]Estreou a carreira como técnico em 1951, sucedendo no Bangu a Ondino Vieira, que considerava "seu mestre".[2] Também treinou outras equipes, como Fluminense, Vasco da Gama, Flamengo, Coritiba, Botafogo, San Lorenzo, São José-SP e Inter de Limeira, teve grande momento no Bangu ao levar o clube aotítulo carioca de 1966, o último do clube até hoje, que também quebrou um jejum de 33 anos na época.[6]
No San Lorenzo de Almagro, Tim foi campeão argentino invicto em 1968 — o primeiro título invicto de um clube argentino na era do profissionalismo.[11]
No Coritiba viveu grandes momentos ao conquistar os campeonatos paranaense de 1971 e 1973 e o Torneio do Povo de 1973, até hoje é considerado um dos títulos mais simbólicos da história do clube, que desde então adotou o apelido de campeão do povo.[12]
Técnico da Seleção Peruana
[editar | editar código-fonte]Em 1981, assumiu a Seleção Peruana, quando esta não vivia um bom momento, e prometeu a classificação para a Copa do Mundo de 1982.[7][13] Tim reorganizou a equipe e conseguiu garantir a vaga para a Copa, eliminando o Uruguai e a Colômbia.[6][14]
No Grupo G da Copa do Mundo, Tim dirigiu o Peru nos três jogos que a equipe fez, conquistando dois empates — contra Camarões (0 a 0) e Itália (1 a 1) — e uma derrota — contra a Polônia (5 a 1). Com isso, o Peru foi eliminado ainda na primeira fase, terminando em vigésimo lugar na classificação geral, uma decepção.[7]
Apesar dessa decepção, em entrevista posterior a um jornal peruano, chegou a falar em voltar a trabalhar no país, onde tinha deixado muitos amigos.[7]
Morte
[editar | editar código-fonte]Tim morreu em 1984, de insuficiência hepática seguida de hemorragia gástrica,[2] menos de três anos após a campanha histórica com a Seleção Peruana nas Eliminatórias da Copa de 1982. Mais de cem pessoas compareceram a seu enterro, no Cemitério de São João Batista,[2] e seu caixão foi coberto com a bandeira do Fluminense.[7] Sua morte causou comoção no Peru, por causa da ainda recente campanha nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1982.[7]
Títulos
[editar | editar código-fonte]Como jogador
[editar | editar código-fonte]- Seleção Paulista
- Seleção Carioca
- Fluminense
- Campeonato Carioca: 1937, 1938, 1940 e 1941
- Torneio Municipal do Rio de Janeiro: 1938
- Torneio Extra: 1941
- Torneio Início do Campeonato Carioca: 1940 e 1941
Como treinador
[editar | editar código-fonte]- Fluminense
- Bangu
- San Lorenzo
- * Campeonato Argentino: (Campeonato Metropolitano): 1968 (invicto)
- Vasco da Gama
- Coritiba
Campanhas de destaque
[editar | editar código-fonte]Como jogador
[editar | editar código-fonte]- Seleção Brasileira
- Copa do Mundo FIFA: 1938 (3º lugar)
- Campeonato Sul-Americano (atual Copa América): 1942 (3º lugar)
Como treinador
[editar | editar código-fonte]- Seleção Peruana
- Grupo B das Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA de 1982: (1º lugar - Classificação à Copa do Mundo)
- Copa do Mundo FIFA: 1982 (20º lugar)
Referências
- ↑ «Todos os brasileiros». Folha de S.Paulo. 9 de dezembro de 2015. Consultado em 30 de agosto de 2018
- ↑ a b c d e f g «Morre Tim, que conhecia os segredos da bola». Folha de S.Paulo (20 186). São Paulo: Empresa Folha da Manhã. 9 de julho de 1984. p. 21. ISSN 1414-5723. Consultado em 7 de julho de 2020
- ↑ a b c Marcelo Duarte (2001). Enciclopédia do Futebol Brasileiro Lance!. [S.l.]: Areté Editorial. p. 356
- ↑ a b Alexandre da Costa (2005). Almanaque do São Paulo Placar. [S.l.]: Abril. p. 445
- ↑ a b c Marcelo Duarte (2000). Guia dos Craques. [S.l.]: Abril. p. 415. 858771027-3
- ↑ a b c d e f g h «Súmula». Placar (738). São Paulo: Editora Abril. 13 de julho de 1984. p. 74. ISSN 0104-1762. Consultado em 7 de julho de 2020
- ↑ a b c d e f «Ele sonhava em voltar ao futebol peruano». Folha de S.Paulo (20 186). São Paulo: Empresa Folha da Manhã. 9 de julho de 1984. p. 21. ISSN 1414-5723. Consultado em 7 de julho de 2020
- ↑ Isaac Amar (14 de janeiro de 1939). «Galeria dos craques:Tim "El Peón"». O Cruzeiro, ano XI, edição 11, páginas 30-31 e 40/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 18 de abril de 2022
- ↑ Site Estatísticas do Fluminense
- ↑ «Em duas palavras...». São Paulo: Diário Popular. Diário Popular (20 732): 7. 3 de julho de 1948
- ↑ Site Futebol Portenho
- ↑ SISTEMAS, CF (15 de dezembro de 2022). «Relembre a conquista do Torneio do Povo». Coritiba Foot Ball Club. Consultado em 18 de agosto de 2024
- ↑ João Duque Estrada Meyer (31 de outubro de 1981). «O merecido repouso do mago do futebol». O Cruzeiro, ano II, edição 42, páginas 40-42/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 18 de abril de 2022
- ↑ «Peru se classifica para a Copa do Mundo». Jornal do Brasil, ano XCI, edição 152, página 1/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 7 de setembro de 1981. Consultado em 18 de abril de 2022
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Técnico do San Lorenzo 1967–1968 |
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Sucedido por Pepe |
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