Eleições estaduais em Minas Gerais em 1986
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Eleições estaduais em Minas Gerais em 1986 | ||||
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15 de novembro de 1986 (Turno único) | ||||
Candidato | Newton Cardoso | Itamar Franco | ||
Partido | PMDB | PL | ||
Natural de | Brumado, BA | Salvador, BA | ||
Vice | Júnia Marise | Aécio Cunha | ||
Votos | 2.869.635 | 2.570.439 | ||
Porcentagem | 47,12% | 42,21% | ||
Candidato mais votado por município (722):
Newton Cardoso (472)
Itamar Franco (245)
Murilo Badaró (5)
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Titular Eleito | ||||
As eleições estaduais em Minas Gerais em 1986 ocorreram em 15 de novembro como parte das eleições gerais no Distrito Federal, em 23 estados brasileiros e nos territórios federais do Amapá e Roraima.[1][2] Foram eleitos o governador Newton Cardoso, a vice-governadora Júnia Marise, os senadores Ronan Tito e Alfredo Campos, além de 53 deputados federais e 77 deputados estaduais.[3][4][nota 1]
Se em 1982 a unidade do PMDB mineiro garantiu-lhe a vitória contra o PDS, quatro anos depois o partido experimentou sobressaltos internos antes de definir seu candidato. Preterido por seus correligionários, o senador Itamar Franco disputou o governo sob a legenda do PL enquanto seu antigo partido não se entendia. A princípio o governador Hélio Garcia escolheu Melo Freire para sucedê-lo,[5] mas com a renúncia deste o PMDB definiu seu candidato numa convenção onde Newton Cardoso derrotou Pimenta da Veiga.[6] Baiano de Brumado, Newton Cardoso chegou a Belo Horizonte para trabalhar numa empresa privada e foi transferido para Contagem. Em meio à atuação política graduou-se advogado na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e depois se tornou empresário.[7] Após figurar duas vezes como suplente de deputado estadual, foi eleito prefeito de Contagem via MDB em 1972 e deputado federal em 1978, voltando à prefeitura de Contagem em 1982 pelo PMDB. Seu triunfo na luta pelo Palácio da Liberdade em 1986 fez dele o primeiro não nascido em Minas Gerais a governar o estado por eleição direta após o Estado Novo, afinal o piauiense Francelino Pereira foi governador biônico por escolha do presidente Ernesto Geisel oito anos antes.[8]
Nascida em Belo Horizonte, a jornalista Júnia Marise iniciou a carreira em 1962 no Correio de Minas e anos depois foi assessora de imprensa do governador Magalhães Pinto, cargo que ocupou até 1967 quando formou-se advogada na Universidade Federal de Uberlândia. Diplomada em Cinema na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, foi aluna do curso de Literatura Brasileira na Academia Mineira de Letras e do curso intensivo de Ciência Política da Universidade de Brasília. Continuou exercendo atividade jornalística em veículos como o Diário de Minas, Rádio Itatiaia e a atual TV Bandeirantes Minas até ingressar no MDB sendo eleita vereadora na capital mineira em 1970 e 1972.[nota 2] Parente de Renato Azeredo e do General Dale Coutinho,[9] elegeu-se deputada estadual em 1974 e depois deputada federal em 1978 e 1982, transitou do PP ao PMDB e votou pela Emenda Dante de Oliveira em 1984 e em Tancredo Neves no Colégio Eleitoral em 1985.[10][11] Em 1986, foi eleita vice-governadora de Minas Gerais.[12][13]
Resultado da eleição para governador
[editar | editar código-fonte]Conforme o Tribunal Superior Eleitoral foram apurados 6.089.810 votos nominais (80,16%), 1.110.961 votos em branco (14,62%) e 396.712 votos nulos (5,22%) resultando no comparecimento de 7.597.483 eleitores.
Candidatos a governador do estado |
Candidatos a vice-governador | Número | Coligação | Votação | Percentual |
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Newton Cardoso PMDB |
Júnia Marise PMDB |
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Itamar Franco PL |
Aécio Cunha PFL |
(PL, PFL) |
2.570.439 |
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Murilo Badaró PDS |
Gerardo Renault PDS |
(PDS, PDC, PPB, PDI) |
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Fernando Viana Cabral PT |
Sátiro da Rocha PT |
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Onaldo Janotti PS |
Regina Duarte PS |
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Vítor Nosseis PSC |
Eliana Salomon PSC |
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Fontes:[3] |
Biografia dos senadores eleitos
[editar | editar código-fonte]Ronan Tito
[editar | editar código-fonte]Eleito senador com a maior votação do estado, o empresário Ronan Tito nasceu em Pratinha.[14] Presidente da Associação Comercial e Industrial de Uberlândia e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais por dois anos a partir de 1970, integrou o conselho curador da Universidade Federal de Uberlândia. Filiado ao MDB elegeu-se deputado federal em 1978 e foi reeleito em 1982 via PMDB. Titular da Secretaria do Trabalho e Ação Social nos governos Tancredo Neves e Hélio Garcia, afastou-se para votar em Tancredo Neves no Colégio Eleitoral e conseguiu um mandato de senador em 1986.[11][15]
Alfredo Campos
[editar | editar código-fonte]Embora Paulino Cícero tenha ficado em segundo lugar, a outra vaga senatorial foi entregue ao pecuarista Alfredo Campos graças ao casuísmo da sublegenda. Advogado nascido em Abaeté e formado na Universidade Federal de Minas Gerais em 1967, pertencia à UDN e foi oficial de gabinete da presidência do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais no governo Magalhães Pinto, o que não impediu sua filiação ao MDB ao deixar o cargo. Foi vice-presidente da Confederação dos Servidores Públicos do Brasil no fim dos anos 1960 e depois trabalhou na Fundação Mineira de Educação e Cultura. Procurador do MDB junto ao Tribunal Superior Eleitoral a partir de 1975, foi candidato a senador numa sublegenda em 1978 e mesmo derrotado assumiu a primeira suplência e mais tarde ingressou no PMDB.[16] Com a eleição de Tancredo Neves ao governo de Minas Gerais em 1982, tornou-se senador efetivo e foi eleitor do mesmo no Colégio Eleitoral. Renovou seu mandato de senador em 1986.[11][17]
Resultado da eleição para senador
[editar | editar código-fonte]Dados fornecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral apontam que por serem duas vagas em disputa os votos válidos atingiram 8.793.464 eleitores (57,87%) com 5.219.889 votos em branco (34,35%) e 1.181.613 votos nulos (7,78%), somando 15.194.966 sufrágios.
Candidatos a senador da República |
Candidatos a suplente de senador | Número | Coligação | Votação | Percentual |
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Ronan Tito PMDB |
Edgar Amorim PMDB [nota 3] [nota 4] |
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Paulino Cícero PFL |
Helvécio Arantes PFL Oswaldo Guimarães Amorim PFL |
(PL, PFL) |
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Alfredo Campos PMDB |
João Bosco Murta Lages PMDB [nota 3] [nota 5] |
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Rondon Pacheco PDS |
[nota 6] - [nota 7] - |
(PDS, PDC, PPB, PDI) |
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José Francisco Lage Pessoa PDT |
[nota 6] - [nota 8] - |
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Hugo Gontijo PMDB |
Zoroastro Medrado PMDB [nota 3] [nota 5] |
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Jorge Ferraz PMDB |
Joaquim Mariano da Silva PMDB [nota 3] [nota 4] |
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José Gomes Pimenta PT |
Lindalva de Jesus Macedo PT Milton de Freitas Carvalho PT |
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Elcio Reis PT |
Maria Auxiliadora Gomes PT Aluísio Rodrigues Coelho PT |
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Maurício Vieira de Paiva PS |
Maria das Graças de Souza e Silva PS Maria Auxiliadora de Castro PS |
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Maria do Rosário Caiafa Farias PSB |
Antônio Cláudio PSB Licene França PSB |
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Sérgio Miranda PCdoB |
Edgard Bandeira PCdoB Vadil Rodrigues PCdoB |
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Leonardo Afonso da Silveira PSC |
Ilceu Bressane Santos PSC Geraldo Aroeira de Souza Neves PSC |
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Guido Luís Mendonça Bilharinho PDT |
[nota 6] - [nota 8] - |
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Morvan Acaiaba PDS |
[nota 6] - [nota 7] - |
(PDS, PDC, PPB, PDI) |
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Cyro Maciel PDS |
[nota 6] - [nota 7] - |
(PDS, PDC, PPB, PDI) |
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João Firmino Luzia PDT |
[nota 6] - [nota 8] - |
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Fontes:[3] |
Deputados federais eleitos
[editar | editar código-fonte]São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.
Deputados estaduais eleitos
[editar | editar código-fonte]Foram escolhidos 77 deputados estaduais para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Notas
- ↑ O Distrito Federal elegeu três senadores e oito deputados federais de acordo com a Emenda Constitucional nº. 25 de 15/05/1985 enquanto os territórios federais elegeram quatro deputados federais cada de acordo com a Emenda Constitucional nº. 22 de 29/06/1982, sendo que em Fernando de Noronha não houve escolha de representantes.
- ↑ O Diário de Minas referido acima é o jornal criado na capital mineira em 1899 e quanto à emissora de TV, a mesma era originalmente chamada de TV Vila Rica.
- ↑ a b c d Quando um partido lançar dois candidatos a senador, cada sublegenda indicará o respectivo suplente. Neste caso, o mais votado na será eleito, tendo como primeiro suplente o candidato que não foi eleito e como segundo suplente aquele registrado na chapa vitoriosa.
- ↑ a b Formada por Ronan Tito e Jorge Ferraz, a sublegenda um do PMDB somou 2.235.380 votos (25,43%) e garantiu uma vaga de senador.
- ↑ a b Formada por Alfredo Campos e Hugo Gontijo, a sublegenda dois do PMDB somou 2.108.508 votos (23,97%) e garantiu uma vaga de senador.
- ↑ a b c d e f Conforme a legislação da época, cada partido poderia lançar até três candidatos a senador por sublegenda, nesse caso dispensando a figura dos suplentes.
- ↑ a b c As sublegendas do PDS somaram 786.300 votos (8,95%).
- ↑ a b c As sublegendas do PDT somaram 787.241 votos (8,95%).
- ↑ a b Por ocasião das eleições municipais de 1988 houve alterações na bancada mineira: Pimenta da Veiga foi eleito prefeito de Belo Horizonte e Virgílio Galassi foi eleito em Uberlândia, eventos que efetivaram Israel Pinheiro Filho e Ibrahim Abi-Ackel.
- ↑ Foi ministro da Reforma Agrária no Governo Sarney.
- ↑ Renunciou em 31 de outubro de 1988 para assumir uma cadeira de ministro do Tribunal de Contas da União sendo efetivado Saulo Coelho.
- ↑ Teve o mandato extinto pelo Ato 134/89 baixado pela Câmara dos Deputados em 31 de maio de 1989 e em seu lugar foi efetivado Sérgio Naya.
- ↑ Durante os oito primeiros meses do governo Newton Cardoso houve quatro deputados federais em sua equipe: Genésio Bernardino foi secretário de Governo, Melo Freire secretário de Agricultura, José da Conceição secretário de Transportes e Luís Leal secretário de Educação.
- ↑ Em momento posterior, Luís Leal retornou ao Executivo como secretário de Justiça, Aloísio Vasconcelos foi chefe da Casa Civil, Gil César foi secretário de Assuntos Metropolitanos e Maurício Pádua secretário de Esportes; além disso, o suplente José Mendonça de Morais foi secretário de Agricultura.
- ↑ Devido a nomeação de parlamentares para cargos executivos, a representação mineira assistiu às convocações de: Israel Pinheiro Filho, Sérgio Naya, Paulo Almada, José Mendonça de Morais, Genesco Aparecido e Paulo Menicucci.
- ↑ a b c d Quatro deputados estaduais venceram as eleições municipais de 1988, a saber: Chico Ferramenta (Ipatinga), Sérgio Emílio (Sete Lagoas), Ademir Lucas (Contagem) e Vitor Penido (Nova Lima) sendo convocados os suplentes.
- ↑ Filho do político Milton Sales.
- ↑ Renunciou ao mandato em 4 de outubro de 1988 para tomar posse como reitor da Universidade Federal de Viçosa.
- ↑ Não confundir com o também político Raimundo Albergaria.
- ↑ Faleceu em 18 de maio de 1989.
Referências
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Emenda Constitucional nº. 25 de 15/05/1985». Consultado em 3 de dezembro de 2017
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 7.493 de 17/06/1986». Consultado em 3 de dezembro de 2017
- ↑ a b c d e BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Eleições de 1986». Consultado em 21 de maio de 2024
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Emenda Constitucional nº. 22 de 29/06/1982». Consultado em 3 de dezembro de 2017
- ↑ Melo Freire é lançado por Garcia em Minas (online). Folha de S.Paulo, 29/07/1986. Política e Exterior, página 08. Página visitada em 29 de junho de 2014.
- ↑ Newton Cardoso é o candidato do PMDB mineiro (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 04/08/19864. Primeiro caderno, página 05. Página visitada em 3 de dezembro de 2017.
- ↑ BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Newton Cardoso». Consultado em 3 de dezembro de 2017
- ↑ TRE mineiro divulga resultado oficial (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 18/12/1986. Política, p. 02. Página visitada em 4 de dezembro de 2017.
- ↑ MDB mineiro ganha com mulher (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 20/11/1978. Primeiro caderno, p. 04. Página visitada em 3 de dezembro de 2017.
- ↑ Clóvis Rossi (26 de abril de 1984). «A nação frustrada! Apesar da maioria de 298 votos, faltaram 22 para aprovar diretas. Capa». acervo.folha.com.br. Folha de S.Paulo. Consultado em 21 de maio de 2024
- ↑ a b c Redação (16 de janeiro de 1985). «Sai de São Paulo o voto para a vitória da Aliança. Política, p. 06». acervo.folha.com.br. Folha de S.Paulo. Consultado em 21 de maio de 2024
- ↑ BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia da deputada Júnia Marise». Consultado em 26 de janeiro de 2022
- ↑ BRASIL. Senado Federal. «Biografia da senadora Júnia Marise». Consultado em 3 de dezembro de 2017
- ↑ BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Ronan Tito». Consultado em 4 de dezembro de 2017
- ↑ BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Ronan Tito». Consultado em 4 de dezembro de 2017
- ↑ O candidato rebelde (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 31/07/1978. Política e Governo, p. 07. Página visitada em 4 de dezembro de 2017.
- ↑ BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Alfredo Campos». Consultado em 4 de dezembro de 2017
- ↑ BRASIL. Câmara dos Deputados. «Página oficial». Consultado em 21 de maio de 2024
- ↑ a b BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 3 de dezembro de 2017