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Espiritismo: diferenças entre revisões

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'''Doutrina espírita''', '''Espiritismo''' ou '''Kardecismo''',<ref name="barsa">{{citar livro|título=Enciclopédia Barsa|ano=1970|editora=Encyclopaedia Britannica Editores Ltda.|volume=5}}</ref><ref>{{citar web|url= http://philtar.ucsm.ac.uk/encyclopedia/latam/kardec.html|título=Spiritism/Kardecism |publicado=Universidade de Cumbria|acessodata={{Dtext|29|06|2012}}}}</ref> é a doutrina codificada pelo pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, usando o pseudônimo [[Allan Kardec]]. Esta é baseada em cinco [[Anexo:Obras básicas do espiritismo|obras básicas]], escritas por ele, através da observação de fenômenos que o mesmo atribuía a manifestações de inteligências incorpóreas ou imateriais, denominadas espíritos. A codificação espírita está presente em: [[O Livro dos Espíritos]], [[O Livro dos Médiuns]], [[O Evangelho segundo o Espiritismo]], [[O Céu e o Inferno]] e [[A Gênese]]. O termo ''Espiritismo'' foi cunhado por Kardec em 1857<ref>{{citar web|url= http://www.cnrtl.fr/etymologie/spiritisme|título=Centre National de Ressources Textuelles et Lexicales - Etymologie du Spiritisme|publicado=Ministério Francês de Ensino Superior e Pesquisa|acessodata={{Dtext|28|09|2012}}}}</ref><ref>{{citar web|url= http://philtar.ucsm.ac.uk/encyclopedia/latam/kardec.html|título=Spiritism/Kardecism |publicado=Universidade de Cumbria|acessodata={{Dtext|29|06|2012}}}}</ref><ref name="ReferenceA">Enciclopédia Eletrônica Barsa - versão 1.11 - CD - Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.</ref> para definir especificamente o corpo de ideias por ele reunidas e codificadas no "O Livro dos Espíritos".<ref>{{citar livro|autor=KARDEC, A.|título=O Livro dos Espíritos|ano=1857|editora=FEB|local=Rio de Janeiro-Brasil|isbn= 9788573285291}}</ref> Refere-se a uma doutrina que trata da "natureza, origem e destino dos espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal e as consequências morais que dela dimanam",<ref>KARDEC, A. ''O que é o Espiritismo''. Rio de Janeiro-Brasil: FEB, 1859. ISBN 978-85-7328-113-2. Definição do próprio autor (Allan Kardec).</ref> e fundamenta-se nas manifestações e nos ensinamentos dos espíritos.<ref>{{citar web|url= http://www.larousse.fr/dictionnaires/francais/spiritisme/74242|título=Dicionário Larousse - Verbete "''Spiritisme''"|acessodata={{Dtext|28|09|2012}}}}</ref> Também é compreendido como uma doutrina de cunho científico-filosófico-religioso voltada para o aperfeiçoamento moral do homem, que acredita na possibilidade de comunicação com os espíritos através de [[mediunidade|médiuns]].<ref>{{Citar livro|título=Dicionário Eletrônico Houaiss de Língua Portuguesa 3.0|editora=Objetiva Ltda|ano=2009}}.</ref> Na publicação do livro [[O Que É o Espiritismo?|O que é o Espiritismo]], o codificador a define como "uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos espíritos, e das suas relações com o mundo corporal"<ref name="oqueehoespiritismo">{{citar livro |nome=Allan |sobrenome=Kardec |titulo=O Que é o Espiritismo |ano=1859 |url=http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/oq/ |acessodata={{Dtext|12|08|2012}}}}</ref>.
'''Doutrina espírita''', '''Espiritismo''',<ref name="barsa">{{citar livro|título=Enciclopédia Barsa|ano=1970|editora=Encyclopaedia Britannica Editores Ltda.|volume=5}}</ref><ref>{{citar web|url= http://philtar.ucsm.ac.uk/encyclopedia/latam/kardec.html|título=Spiritism/Kardecism |publicado=Universidade de Cumbria|acessodata={{Dtext|29|06|2012}}}}</ref> é a doutrina codificada pelo pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, usando o pseudônimo [[Allan Kardec]]. Esta é baseada em cinco [[Anexo:Obras básicas do espiritismo|obras básicas]], escritas por ele, através da observação de fenômenos que o mesmo atribuía a manifestações de inteligências incorpóreas ou imateriais, denominadas espíritos. A codificação espírita está presente em: [[O Livro dos Espíritos]], [[O Livro dos Médiuns]], [[O Evangelho segundo o Espiritismo]], [[O Céu e o Inferno]] e [[A Gênese]]. O termo ''Espiritismo'' foi cunhado por Kardec em 1857<ref>{{citar web|url= http://www.cnrtl.fr/etymologie/spiritisme|título=Centre National de Ressources Textuelles et Lexicales - Etymologie du Spiritisme|publicado=Ministério Francês de Ensino Superior e Pesquisa|acessodata={{Dtext|28|09|2012}}}}</ref><ref>{{citar web|url= http://philtar.ucsm.ac.uk/encyclopedia/latam/kardec.html|título=Spiritism/Kardecism |publicado=Universidade de Cumbria|acessodata={{Dtext|29|06|2012}}}}</ref><ref name="ReferenceA">Enciclopédia Eletrônica Barsa - versão 1.11 - CD - Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.</ref> para definir especificamente o corpo de ideias por ele reunidas e codificadas no "O Livro dos Espíritos".<ref>{{citar livro|autor=KARDEC, A.|título=O Livro dos Espíritos|ano=1857|editora=FEB|local=Rio de Janeiro-Brasil|isbn= 9788573285291}}</ref> Refere-se a uma doutrina que trata da "natureza, origem e destino dos espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal e as consequências morais que dela dimanam",<ref>KARDEC, A. ''O que é o Espiritismo''. Rio de Janeiro-Brasil: FEB, 1859. ISBN 978-85-7328-113-2. Definição do próprio autor (Allan Kardec).</ref> e fundamenta-se nas manifestações e nos ensinamentos dos espíritos.<ref>{{citar web|url= http://www.larousse.fr/dictionnaires/francais/spiritisme/74242|título=Dicionário Larousse - Verbete "''Spiritisme''"|acessodata={{Dtext|28|09|2012}}}}</ref> Também é compreendido como uma doutrina de cunho científico-filosófico-religioso voltada para o aperfeiçoamento moral do homem, que acredita na possibilidade de comunicação com os espíritos através de [[mediunidade|médiuns]].<ref>{{Citar livro|título=Dicionário Eletrônico Houaiss de Língua Portuguesa 3.0|editora=Objetiva Ltda|ano=2009}}.</ref> Na publicação do livro [[O Que É o Espiritismo?|O que é o Espiritismo]], o codificador a define como "uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos espíritos, e das suas relações com o mundo corporal"<ref name="oqueehoespiritismo">{{citar livro |nome=Allan |sobrenome=Kardec |titulo=O Que é o Espiritismo |ano=1859 |url=http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/oq/ |acessodata={{Dtext|12|08|2012}}}}</ref>.


Embora o espiritismo tenha importado, a fim de estruturar de seu corpo de conhecimento, muito da [[Método científico|metodologia científica]], mostra-se importante ressaltar que ele desenvolve-se sobre princípios que transcendem os rigores dessa metodologia, de forma que vários dos resultados e fenômenos dentro do espiritismo entendidos como válidos perante sua metodologia própria não se sustentam frente à metodologia científica - essa estabelecida com base e princípios certamente mais rigorosos e restritivos. Quando o termo [[ciência]] é usado com acepção estrita ([[academia|acadêmica]]), tais extrapolações ao [[Método Científico|método cientifico]], embora internamente úteis ao validarem vários preceitos da doutrina, impedem a classificação do espiritismo como [[ciência]]; e essa doutrina não constitui cadeira científica, mesmo compartilhando com a ciência de outrora o estudo de vários fenômenos, e nela encontrando-se por vezes referências frequentes a vários cientistas de renome. O termo ciência a vigorar junto ao espiritismo caracteriza-se por acepção lata e não estrita na grande maioria dos casos, sobretudo na atualidade. O espiritismo pode ser visto como uma doutrina estabelecida mediante a fusão da [[ciência]], [[filosofia]] e [[religião]], buscando a melhor compreensão não apenas do universo tangível (científico) mas também do universo a esse transcendente (religião).<ref name="oqueehoespiritismo"/> Cientistas renomados empenharam-se nos estudos sobre a comunicação com entidades incorpóreas, entre eles: [[Alfred Russel Wallace]], [[Alexandre Aksakof]], [[Amit Goswami]], [[Augustus De Morgan]], [[Brian Weiss]], [[Camille Flammarion]], [[Carl Jung]], [[Cesare Lombroso]], [[Charles Richet]], [[Ernesto Bozzano]], [[Frederic Myers]], [[Hernani Guimarães Andrade|Hermani G. Andrade]], [[Ian Stevenson]], [[Johann Karl Friedrich Zöllner|J.K Friedrich Zöllner]], [[Joseph Banks Rhine|J.B. Rhine]], [[Oliver Lodge]], [[Raymond Moody]], [[Roger Penrose]], [[Waldo Vieira]], [[William Crookes]] e [[William James]].<ref>{{citar web |url=http://bvespirita.com/A%20Mediunidade%20e%20os%20Cientistas%20(autoria%20desconhecida).pdf |título=A mediunidade e os cientistas |formato=PDF|acessodata={{Dtext|12|08|2012}}}}</ref><ref>http://www.news.com.au/lifestyle/quantum-scientists-offer-proof-soul-exists/story-fneszs56-1226507452687</ref><ref>Revista ''Veja'':[http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/cientistas-mapeiam-a-atividade-cerebral-de-mediuns-brasileiros Cientistas mapeiam a atividade cerebral de médiuns], 17/11/2012</ref>
Embora o espiritismo tenha importado, a fim de estruturar de seu corpo de conhecimento, muito da [[Método científico|metodologia científica]], mostra-se importante ressaltar que ele desenvolve-se sobre princípios que transcendem os rigores dessa metodologia, de forma que vários dos resultados e fenômenos dentro do espiritismo entendidos como válidos perante sua metodologia própria não se sustentam frente à metodologia científica - essa estabelecida com base e princípios certamente mais rigorosos e restritivos. Quando o termo [[ciência]] é usado com acepção estrita ([[academia|acadêmica]]), tais extrapolações ao [[Método Científico|método cientifico]], embora internamente úteis ao validarem vários preceitos da doutrina, impedem a classificação do espiritismo como [[ciência]]; e essa doutrina não constitui cadeira científica, mesmo compartilhando com a ciência de outrora o estudo de vários fenômenos, e nela encontrando-se por vezes referências frequentes a vários cientistas de renome. O termo ciência a vigorar junto ao espiritismo caracteriza-se por acepção lata e não estrita na grande maioria dos casos, sobretudo na atualidade. O espiritismo pode ser visto como uma doutrina estabelecida mediante a fusão da [[ciência]], [[filosofia]] e [[religião]], buscando a melhor compreensão não apenas do universo tangível (científico) mas também do universo a esse transcendente (religião).<ref name="oqueehoespiritismo"/> Cientistas renomados empenharam-se nos estudos sobre a comunicação com entidades incorpóreas, entre eles: [[Alfred Russel Wallace]], [[Alexandre Aksakof]], [[Amit Goswami]], [[Augustus De Morgan]], [[Brian Weiss]], [[Camille Flammarion]], [[Carl Jung]], [[Cesare Lombroso]], [[Charles Richet]], [[Ernesto Bozzano]], [[Frederic Myers]], [[Hernani Guimarães Andrade|Hermani G. Andrade]], [[Ian Stevenson]], [[Johann Karl Friedrich Zöllner|J.K Friedrich Zöllner]], [[Joseph Banks Rhine|J.B. Rhine]], [[Oliver Lodge]], [[Raymond Moody]], [[Roger Penrose]], [[Waldo Vieira]], [[William Crookes]] e [[William James]].<ref>{{citar web |url=http://bvespirita.com/A%20Mediunidade%20e%20os%20Cientistas%20(autoria%20desconhecida).pdf |título=A mediunidade e os cientistas |formato=PDF|acessodata={{Dtext|12|08|2012}}}}</ref><ref>http://www.news.com.au/lifestyle/quantum-scientists-offer-proof-soul-exists/story-fneszs56-1226507452687</ref><ref>Revista ''Veja'':[http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/cientistas-mapeiam-a-atividade-cerebral-de-mediuns-brasileiros Cientistas mapeiam a atividade cerebral de médiuns], 17/11/2012</ref>
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Historicamente, na França e no Brasil, existiram conflitos entre "kardecistas" e "[[Roustainguismo|roustainguistas]]", consoante a admissão ou não dos postulados da obra "[[Os Quatro Evangelhos ou Revelação da Revelação|Os Quatro Evangelhos]]", coordenada por [[Jean-Baptiste Roustaing]], nomeadamente acerca da natureza do corpo de Jesus. Para os chamados "roustainguistas" Jesus teve um "corpo fluídico", de origem material diferente da nossa matéria, já o os ditos "kardecistas" acreditam que Jesus possuia um corpo de origem material, como de qualquer ser humano.<ref name="nova historia">{{Citar livro| nome=Dalmo Duque dos |sobrenome=Santos |título=Nova História do Espiritismo |subtítulo=Dos precursores de Allan Kardec a Chico Xavier |edição=1ª |local=Rio de Janeiro |editora=Corifeu |ano=2007 |páginas=402 |volumes= |volume= |id=ISBN 9788599287705}}.</ref><ref>''Para Entender Roustaing'', Luciano dos Anjos, Ed. Lachâtre, 2005.</ref>
Historicamente, na França e no Brasil, existiram conflitos entre "espiritas" e "[[Roustainguismo|roustainguistas]]", consoante a admissão ou não dos postulados da obra "[[Os Quatro Evangelhos ou Revelação da Revelação|Os Quatro Evangelhos]]", coordenada por [[Jean-Baptiste Roustaing]], nomeadamente acerca da natureza do corpo de Jesus. Para os chamados "roustainguistas" Jesus teve um "corpo fluídico", de origem material diferente da nossa matéria, já o os ditos "kardecistas" acreditam que Jesus possuia um corpo de origem material, como de qualquer ser humano.<ref name="nova historia">{{Citar livro| nome=Dalmo Duque dos |sobrenome=Santos |título=Nova História do Espiritismo |subtítulo=Dos precursores de Allan Kardec a Chico Xavier |edição=1ª |local=Rio de Janeiro |editora=Corifeu |ano=2007 |páginas=402 |volumes= |volume= |id=ISBN 9788599287705}}.</ref><ref>''Para Entender Roustaing'', Luciano dos Anjos, Ed. Lachâtre, 2005.</ref>


Hoje este conflito não mais existe, subsistindo apenas como reflexo da opinião de setores isolados que, embora compondo o Movimento Espírita Brasileiro, não representam a Doutrina Espírita. Acrescente-se a isto o fato de que o espiritismo, compreendido como "doutrina dos espíritos", não é "kardecista", pois não se trata de escola espiritualista criada por Allan Kardec, cabendo ao mesmo tão somente o processo de codificação - vale dizer, organização e disposição de princípios - e não o de formulação dos mesmos, fato este reiterado pelo próprio Allan Kardec em diversas de suas obras, notadamente em "O Livro dos Espíritos" e "A Gênese".<ref>Capítulo I, Caráter da revelação espírita</ref>
Hoje este conflito não mais existe, subsistindo apenas como reflexo da opinião de setores isolados que, embora compondo o Movimento Espírita Brasileiro, não representam a Doutrina Espírita. Acrescente-se a isto o fato de que o espiritismo, compreendido como "doutrina dos espíritos", não é "kardecista", pois não se trata de escola espiritualista criada por Allan Kardec, cabendo ao mesmo tão somente o processo de codificação - vale dizer, organização e disposição de princípios - e não o de formulação dos mesmos, fato este reiterado pelo próprio Allan Kardec em diversas de suas obras, notadamente em "O Livro dos Espíritos" e "A Gênese".<ref>Capítulo I, Caráter da revelação espírita</ref>

Revisão das 20h42min de 14 de fevereiro de 2013

 Nota: ""Espiritismo"" redireciona para este artigo. Para informações sobre outros significados atribuídos a esse termo, veja Espiritismo (termo).

Doutrina espírita, Espiritismo,[1][2] é a doutrina codificada pelo pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, usando o pseudônimo Allan Kardec. Esta é baseada em cinco obras básicas, escritas por ele, através da observação de fenômenos que o mesmo atribuía a manifestações de inteligências incorpóreas ou imateriais, denominadas espíritos. A codificação espírita está presente em: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. O termo Espiritismo foi cunhado por Kardec em 1857[3][4][5] para definir especificamente o corpo de ideias por ele reunidas e codificadas no "O Livro dos Espíritos".[6] Refere-se a uma doutrina que trata da "natureza, origem e destino dos espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal e as consequências morais que dela dimanam",[7] e fundamenta-se nas manifestações e nos ensinamentos dos espíritos.[8] Também é compreendido como uma doutrina de cunho científico-filosófico-religioso voltada para o aperfeiçoamento moral do homem, que acredita na possibilidade de comunicação com os espíritos através de médiuns.[9] Na publicação do livro O que é o Espiritismo, o codificador a define como "uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos espíritos, e das suas relações com o mundo corporal"[10].

Embora o espiritismo tenha importado, a fim de estruturar de seu corpo de conhecimento, muito da metodologia científica, mostra-se importante ressaltar que ele desenvolve-se sobre princípios que transcendem os rigores dessa metodologia, de forma que vários dos resultados e fenômenos dentro do espiritismo entendidos como válidos perante sua metodologia própria não se sustentam frente à metodologia científica - essa estabelecida com base e princípios certamente mais rigorosos e restritivos. Quando o termo ciência é usado com acepção estrita (acadêmica), tais extrapolações ao método cientifico, embora internamente úteis ao validarem vários preceitos da doutrina, impedem a classificação do espiritismo como ciência; e essa doutrina não constitui cadeira científica, mesmo compartilhando com a ciência de outrora o estudo de vários fenômenos, e nela encontrando-se por vezes referências frequentes a vários cientistas de renome. O termo ciência a vigorar junto ao espiritismo caracteriza-se por acepção lata e não estrita na grande maioria dos casos, sobretudo na atualidade. O espiritismo pode ser visto como uma doutrina estabelecida mediante a fusão da ciência, filosofia e religião, buscando a melhor compreensão não apenas do universo tangível (científico) mas também do universo a esse transcendente (religião).[10] Cientistas renomados empenharam-se nos estudos sobre a comunicação com entidades incorpóreas, entre eles: Alfred Russel Wallace, Alexandre Aksakof, Amit Goswami, Augustus De Morgan, Brian Weiss, Camille Flammarion, Carl Jung, Cesare Lombroso, Charles Richet, Ernesto Bozzano, Frederic Myers, Hermani G. Andrade, Ian Stevenson, J.K Friedrich Zöllner, J.B. Rhine, Oliver Lodge, Raymond Moody, Roger Penrose, Waldo Vieira, William Crookes e William James.[11][12][13]

A doutrina muito tem expandido, e hoje conta com cerca de 15 milhões de adeptos em diversos países, como, Portugal, Espanha, França, Reino Unido, Bélgica,[14] Estados Unidos, Japão, Alemanha, Argentina, Canadá[15], e, principalmente, alguns países americanos como Cuba, Jamaica e Brasil, este, tendo uma das maiores proporções, com um considerável número de seguidores em sua população.[16] Alguns nomes são tidos como continuadores da doutrina, e de fundamental importância para sua expansão, entre eles: Arthur Conan Doyle, Alexandre Aksakof, Amalia Domingo Soler, Bezerra de Menezes, Brian Weiss, Camille Flammarion, Chico Xavier, Divaldo Pereira Franco, Ernesto Bozzano, Gabriel Delanne, Gustave Geley, Herculano Pires, Hernani G. Andrade, Hermínio C. Miranda, Léon Denis, Raul Teixeira, Yvonne Pereira, Waldo Vieira[17] e William Crookes.[18]

Terminologia

Ver artigo principal: Espiritismo (termo)
Primeira aparição do termo "Espiritismo" na literatura francesa. O Livro dos Espíritos, p. 1, abril de 1857.

O termo "Espiritismo" (em francês: Spiritisme) surgiu como um neologismo, criado pelo pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail (conhecido por Allan Kardec) para nomear especificamente o corpo de ideias por ele sistematizadas em "O Livro dos Espíritos" (1857).[19] No entanto, em virtude da existência de vários pontos em comum, os termos "espiritismo" e "espiritualismo" têm sido muitas vezes usados inapropriadamente como sinônimos.

O termo "kardecista" é repudiado por parte dos adeptos da doutrina que reservam a palavra "espiritismo" apenas para a doutrina tal qual codificada por Kardec, afirmando não haver diferentes vertentes dentro do espiritismo, e denominam correntes diversas de "espiritualistas".[20] Estes adeptos entendem que o espiritismo, como corpo doutrinário, é um só, o que tornaria redundante o uso do termo "espiritismo kardecista". Assim, ao seguirem os ensinamentos codificados por Allan Kardec nas obras básicas (ainda que com uma tolerância maior ou menor a conceitos que não são estritamente doutrinários, como a apometria), denominam-se simplesmente "espíritas", sem o complemento "kardecista".[20] A própria obra desaprova o emprego de outras expressões como "kardecista", definindo que os ensinamentos codificados, em sua essência, não se ligam à figura única de um homem, como ocorre com o cristianismo ou o budismo, mas a uma coletividade de espíritos que eles acreditam que se manifestaram através de diversos médiuns naquele momento histórico, e que se esperava que continuassem a comunicar, fazendo com que aquele próprio corpo doutrinário se mantivesse em constante processo evolutivo, o que não se teria verificado, já que as obras básicas teriam permanecido inalteradas desde então.[carece de fontes?] Outra parcela dos adeptos, no entanto, considera o uso do termo "kardecismo" apropriado.[21] O uso deste termo é corroborado por fontes lexicográficas como o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa[22], o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa[23], o Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa[24] e o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa[25].

José Lacerda de Azevedo, médico espírita brasileiro, compreendia o kardecismo como uma "prática ou tentativa de vivência da Doutrina Espírita" criado por brasileiros "permeada de religiosidade, com tendência a se transformar em crença ou seita".[26]

As expressões nasceram da necessidade de alguns em distinguir o "espiritismo" (como originalmente definido por Kardec) dos cultos afro-brasileiros, como a Umbanda. Estes últimos, discriminados e perseguidos em vários momentos da história recente do Brasil, passaram a se auto-intitular espíritas (em determinado momento com o apoio da Federação Espírita Brasileira[27]), num anseio por legitimar e consolidar este movimento religioso, devido à proximidade existente entre certos conceitos e práticas destas doutrinas. Seguidores mais ortodoxos de Kardec, entretanto, não gostaram de ver a sua prática associada aos cultos afro-brasileiros, surgindo assim o termo "espírita kardecista" para distingui-los dos que passaram a ser denominados como "espíritas umbandistas".

História

Allan Kardec, o codificador e sistematizador da Doutrina Espírita.

Durante o século XIX houve uma grande onda de manifestações mediúnicas nos Estados Unidos e na Europa. Estas manifestações consistiam principalmente de ruídos estranhos, pancadas em móveis e objetos que se moviam ou flutuavam sem nenhuma causa aparente. Entre eles destacou-se o suposto caso das Irmãs Fox, nos EUA.

Em 1855, o professor Denizard Rivail, que depois adotou o pseudônimo de Allan Kardec, pretendia investigar o fenômeno que muitas pessoas afirmavam ter experimentado na época, das mesas girantes ou dança das mesas, em que mesas e objetos em geral pareciam animar-se com uma estranha vitalidade. Apesar de inciais afirmações aparentemente céticas "Eu crerei quando vir e quando conseguirem provar-me que uma mesa dispõe de cérebro e nervos, e que pode se tornar sonâmbula; até que isso se dê, deem-me a permissão de não enxergar nisso mais que um conto para dormir em pé", assegura-se que após dois anos de pesquisas, não tinha visto constatação de fraudes e nem um motivo para englobar todos os acontecimentos dessa ordem no âmbito das falácias e/ou charlatanices. Pessoalmente convencido não só da realidade do fenômeno, que considerou essencialmente real apesar das mistificações existentes, mas também da possibilidade de ele ser causado por espíritos, Rivail, em lugar de dedicar o resto de sua vida à busca por "provar cientificamente" a explicação mediúnica para esses pretensos fenômenos, sagrou-se a explorar as consequências da hipótese de que fossem causados pela ação de espíritos.

Quanto à sua formação, pretendia ser discípulo de Pestalozzi, discípulo por sua vez de Rousseau, apesar da sua teórica pesquisa não seguir métodos estritamente científicos ou mesmo naturalistas. O seu intuito era dar algum suporte à espiritualidade humana numa época em que a ciência avançava a passos largos e as religiões perdiam cada vez mais adeptos. Kardec julgava ter encontrado um novo modo de pensar o real, que uniria, de forma ponderada, a ascendente ciência e a decadente religião. Assim, Kardec defendia que fazia uso do empirismo científico para investigar os fenômenos, da racionalidade filosófica para dialogar com o que presumiu serem espíritos e analisar suas proposições, e buscou extrair desses diálogos consequências ético-morais úteis para o ser humano. Surgia aí, mais precisamente em 18 de abril de 1857, a doutrina espírita, sistematizada na primeira edição de O Livro dos Espíritos.

Nos Estados Unidos, desde os primórdios de seu aparecimento, o espiritismo tem sido mais comumente denominado "Espiritualismo Moderno", em face da introdução de um caráter científico-filosófico novo nas ideias já existentes do espiritualismo. Nos países de língua inglesa, assim como boa parte da europa, o espiritismo ainda é considerado, primordialmente, uma ciência de observação dos fenômenos espiritualistas (uma espécie de "espiritualismo científico ou experimental") e, muito menos, como uma religião.[28] O Espiritualismo norte-americano e inglês evoluiu de forma bem diferente do que é conhecido como Espiritismo ou Doutrina Espírita no Brasil.

Primeiras observações

A médium Eusápia, num experimento controlado por Alexandre Aksakof, Ph.D., em 1892.

Segundo os seguidores da doutrina espírita, os fenômenos mediúnicos seriam universais e teriam sempre existido, inclusive com fartos relatos na Bíblia, mas muitos espíritas e outros defensores da explicação mediúnica para os chamados "fenômenos sobrenaturais" ou "paranormais" adotam a data de 31 de março de 1848 como o marco inicial das modernas manifestações mediúnicas, alegadamente mais ostensivas e frequentes do que jamais ocorrera, o que levou muitos pesquisadores a se debruçarem sobre tais fenômenos.[29] Afirmam, contudo, que acontecimentos envolvendo espíritos (pessoas que já morreram) existem desde os primórdios da humanidade.

Entre outros, citam como exemplo os comentários de Platão ao falar sobre o dáimon ou gênio que acompanharia Sócrates; a proibição de Moisés à prática da "consulta aos mortos", que seria uma evidência da crença judaica nessa possibilidade, já que não se interdita algo irrealizável; e a comunicação de Jesus com Moisés e Elias no Monte Tabor, citada no Evangelho de Mateus 17:1-9.

Estudo sobre as mesas girantes

Salão parisiense com as "mesas girantes" (revista "L'Illustration", 1853).

Segundo os biógrafos, Allan Kardec foi convidado por Fortier, um amigo estudioso das teorias de Mesmer, a verificar o fenômeno das mesas girantes com a disposição de observar e analisar os fenômenos que despertavam curiosidade no século XIX.

As primeiras manifestações tidas como mediúnicas aconteceram por meio de mesas se levantando e batendo, com um dos pés, um número determinado de pancadas e respondendo, desse modo, sim ou não, segundo fora convencionado, a uma questão proposta.

Kardec, analisando esses fenômenos, concluiu que não havia nada de convincente neste método para os céticos, porque se podia acreditar num efeito da eletricidade, cujas propriedades eram pouco conhecidas pela ciência de então. Foram então utilizados métodos para se obter respostas mais desenvolvidas por meio das letras do alfabeto: o objeto móvel, batendo um número de vezes corresponderia ao número de ordem de cada letra, chegando, assim, a formular palavras e frases respondendo às perguntas propostas.

Kardec concluiu que a precisão das respostas e sua correlação com a pergunta não poderiam ser atribuídas ao acaso. O ser misterioso que assim respondia, quando interrogado sobre sua natureza, declarou que era um espírito ou gênio, deu o seu nome e forneceu diversas informações a seu respeito.

Princípios

Nascido no século XIX, no dia 18 de Abril de 1857, com a publicação de O Livro dos Espíritos, o espiritismo se estruturou a partir de pretensos diálogos estabelecidos por espíritos desencarnados que, se manifestando por meio de médiuns, discorreram sobre temas religiosos sob a ótica da moral cristã, ou seja, tendo por princípio o amor ao próximo. Desta forma foi estabelecido o preceito primário do espiritismo, de que só é possível buscar o aprimoramento espiritual através da caridade aos semelhantes (Lema: Fora da caridade não há salvação), além de trazer a luz novas perspectivas sobre diversos temas de grande relevância filosófica e teológica.

O Espiritismo pretende chegar à compreensão da realidade mediante a integração entre as três formas clássicas de conhecimento, que seriam a ciência, a filosofia e a religião. Segundo Kardec, cada uma delas, tomada isoladamente, tende a conduzir a excessos de ceticismo, negação ou fanatismo.[carece de fontes?] A doutrina espírita se propõe, assim, a estabelecer um diálogo entre as três, visando à obtenção de uma forma original que, a um só tempo, fosse mais abrangente e mais profunda, para desta forma melhor compreender a realidade. Kardec sintetiza o conceito com a célebre frase: “Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão em todas as épocas da humanidade”[30].

É importante ressaltar ainda que, quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que os elementos integrantes do universo natural - matéria e radiação - acreditando assim em quaisquer entidades transcendentes ao universo tangível é, por definição, espiritualista, independente de sua religião, sendo, portanto, o espiritualismo enquanto oposição ao materialismo, o pilar fundamental da maioria das doutrinas religiosas. No caso do espiritismo, a principal diferença entre esta doutrina e a maioria das demais religiões é sua crença na possibilidade de comunicação entre o mundo corporal e o mundo espiritual, contudo, a fé nesta possibilidade de comunicação gera grande confusão por parte dos leigos entre a doutrina espirita e as religiões afro-brasileiras, contudo, cada uma delas possui origens completamente distintas umas das outras.

Allan Kardec, em "Obras Póstumas", propõe que o espiritismo seja uma doutrina natural, passível de ser interpretada ou não como religião pelos homens, isto é, capaz de colocar o homem – ou o espírito – diretamente em relação com Deus.

Quadro retratando a Evolução espiritual, segundo a ótica da Doutrina Espírita.

Fundamentos principais

A doutrina espírita, de modo geral, fundamenta-se nos seguintes pontos:[31][32][33]

  • Existência e unicidade de Deus, desconstruindo o dogma da Santíssima Trindade (Conforme está na primeira questão de "O Livro dos Espiritos" - "Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas".[34]);
  • O universo é criação de Deus, incluindo todos os seres racionais e irracionais, animados e inanimados, materiais e imateriais, que por sua vez, todos estão destinados a lei de evolução;
  • Existência e imortalidade do espírito, compreendido como individualidade inteligente da Criação Divina (para Kardec, a ligação entre o espírito e o corpo físico, é feita por meio de um conectivo "semimaterial" que denomina de perispírito);
  • Volta do espírito à matéria (reencarnação), tantas vezes quanto necessário, como o mecanismo natural para se alcançar o aperfeiçoamento a perfeição. No entanto os espíritas não creem na metempsicose;
  • Conceito de "criação igualitária" de todos os espíritos, "simples e ignorantes" em sua origem, e destinados invariavelmente à perfeição, com aptidões idênticas para o bem ou para o mal, dado o livre-arbítrio;
  • Possibilidade de comunicação entre os espíritos encarnados ("vivos") e os espíritos desencarnados ("mortos"), por meio da mediunidade (Essa comunicação é realizada com o auxílio de pessoas com determinadas capacidades - os médiuns, como por exemplo a chamada "escrita automática" (psicografia).[35]);
  • Lei de causa e efeito, compreendida como mecanismo de retribuição ética universal a todos os espíritos, segundo a qual nossa condição é resultado de nossos atos passados;
  • Pluralidade dos mundos habitados, a ideia de que a Terra não é o único planeta com vida inteligente no universo;
  • Jesus como sendo o guia e modelo para toda a humanidade.[36] Segundo o espiritismo, a moral cristã contida nos evangelhos canônicos é o maior roteiro ético-moral de que o homem possui, e a sua prática é a solução para todos os problemas humanos e o objetivo a ser atingido pela humanidade.[37]

Além disso, podem-se citar como características secundárias:[38]

  • A noção de continuidade da responsabilidade individual por toda a existência do espírito;
  • Progressividade do espírito dentro do processo evolutivo em todos os níveis da natureza;
  • Ausência total de hierarquia sacerdotal;
  • Abnegação na prática do bem, ou seja, não se deve cobrar pela prática da caridade nem o fazer visando a segundas intenções, toda a prática espírita é gratuita, como orienta o princípio moral do evangelho: “Dai de graça o que de graça recebestes”;
  • Uso de terminologia e conceitos próprios, como, por exemplo, perispírito, reencarnação, lei da evolução, lei de causa e efeito, mediunidade, centro espírita;
  • Total ausência de exorcismos, fórmulas, palavras sacramentais, horóscopos, cartomancia, pirâmides, cristais, amuletos, talismãs, culto ou oferenda a imagens ou altares, danças, procissões ou atos semelhantes, paramentos, andores, bebidas alcoólicas ou alucinógenas, incenso e fumo, praticas exteriores ou quaisquer sinais materiais;
  • Ausência de rituais institucionalizados, a exemplo de batismo, culto ou cerimônia para oficializar casamento;
  • Incentivo ao respeito para com todas as religiões e opiniões.

Unanimidade na reencarnação

Com relação à questão da reencarnação, há opiniões divergentes, como por exemplo ilustrado no V Congresso Internacional de Barcelona, 1934, onde ficou estabelecido que:

"...os espíritas latinos e hindus, representados pelos delegados da Bélgica, Brasil, Cuba, Espanha, França, Índia, México, Portugal, Porto Rico, Argentina, Colômbia, Suíça e Venezuela, afirmam a reencarnação como lei de vida progressiva, segundo a frase de Allan Kardec: 'Nascer, morrer, renascer e progredir sempre', e a aceitam como uma verdade de fato. Os espíritas não-latinos, representados no Congresso pelos delegados da Inglaterra, Irlanda, Holanda e África do Sul, consideram não haver demonstração suficiente para estabelecer a doutrina da reencarnação formulada por Kardec. Cada escola, portanto, fica em liberdade para proclamar as suas convicções a respeito de reencarnação."[39]

Obras básicas

Ver artigo principal: Obras básicas do espiritismo

A seguir são apresentadas algumas das principais obras publicadas por Allan Kardec, entre as quais encontram-se as chamadas obras básicas do espiritismo.

Publicação do Livro dos Espíritos de 1860 em Paris.
Publicação do livro O Que é o Espiritismo? de 1868 em Paris.
  • O Livro dos Espíritos
Ver artigo principal: O Livro dos Espíritos

O Livro dos Espíritos[40], publicado em 1857, nele estão contidos os princípios fundamentais da Doutrina Espírita

  • O Livro dos Médiuns
Ver artigo principal: O Livro dos Médiuns

O Livro dos Médiuns[41], ou "Guia dos Médiuns e dos Evocadores", foi publicado em 1861 e versa sobre o caráter experimental e investigativo do espiritismo, visto como ferramenta teórico-metodológica para se compreender uma "nova ordem de fenômenos", até então jamais considerada pelo conhecimento científico: os fenômenos ditos espíritas ou mediúnicos, que teriam como causa a intervenção de espíritos na realidade física.

  • O Evangelho Segundo o Espiritismo
Ver artigo principal: O Evangelho Segundo o Espiritismo

O livro O Evangelho Segundo o Espiritismo[42], publicado em 1864, avalia os evangelhos canônicos sob a óptica da doutrina espírita, tratando com atenção especial a aplicação dos princípios da moral cristã e de questões de ordem religiosa como a prática da adoração, da prece e da caridade.

  • O Céu e o Inferno
Ver artigo principal: O Céu e o Inferno

O livro O Céu e o Inferno[43], ou "A Justiça Divina segundo o Espiritismo", foi publicado em 1865 e compõe-se de duas partes: na primeira, Kardec realiza um exame crítico da doutrina católica sobre a transcendência, procurando apontar contradições filosóficas e incoerências com o conhecimento científico superáveis, segundo ele, mediante o paradigma espírita da fé raciocinada. Na segunda, constam dezenas de diálogos que teriam sido estabelecidos entre Kardec e diversos espíritos, nos quais estes narram as impressões que trazem do além-túmulo.

  • A Gênese
Ver artigo principal: A Gênese

O livro A Gênese[44], ou "Milagres e as Predições segundo o Espiritismo", foi publicado em 1868 e aborda diversas questões de ordem filosófica e científica, como a criação do universo, a formação dos mundos, o surgimento do espírito e a natureza dos ditos milagres, segundo o paradigma espírita de compreensão da realidade.

Além destas obras, outras são adicionadas como complemento

  • O Que é o Espiritismo?
Ver artigo principal: O Que é o Espiritismo?

O livro O Que é o Espiritismo?, publicado em 1859, é uma introdução didática sobre o espiritismo.

  • Obras Póstumas
Ver artigo principal: Obras Póstumas

O livro Obras Póstumas, publicado postumamente em janeiro de 1890, pelos dirigentes da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, trata-se de uma compilação de escritos inéditos do codificador da doutrina espírita, Allan Kardec, com anotações sobre os bastidores da criação da doutrina e que auxiliam a sua compreensão.

Fenômenos espíritas e a ciência

Método Cientifico x "Ciência Espirita"

Uma das fotos de Sir William Crookes com o alegado espírito Katie King materializado. (1874)

A investigação dos fatos e causas do pretenso fenômeno mediúnico é objeto de estudo, principalmente pela parapsicologia, antigamente denominada metapsíquica. Seu primeiro interesse é o de pretender verificar a ocorrência dos aludidos fatos, fazendo-no contudo mediante o uso de metodologia própria contestada pela ciência, metodologia que inclui a exemplo usos não científicos da estatística e do chamado teste duplo-cego. Fez-se e ainda faz-se atualmente - contudo de forma mesmo frequente - investigação científica também em âmbito universitário[45][46][47], mas os resultados obtidos até o momento em caso algum implicaram prova pelo método científico em relação a existência de espíritos.

Existe certamente uma diversidade de alegadas práticas que vêm suscitando curiosidade dos pesquisadores de fenômenos "espirituais" em geral - a exemplo a psicografia, experiência de quase morte, projeção da consciência, electronic voice phenomena, retrocognição, premonição, incorporação, psicofonia, psicometria, xenoglossia, obsessão espiritual, medicina espiritual, clarividência, clariaudiência, poltergeist, psicopictografia, fotografia espírita, filmagem espírita, ectoplasmia, telepatia, psicoquinesia, levitação, radiestesia, etc.

Frente a essa diversidade de fenômenos é que Kardec, no preâmbulo de "O que é o Espiritismo", afirma que o espiritismo "é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal", e é dentro dessa perspectiva é que define-se o que naquele momento se chamou de "ciência espírita" [nb 1], tendo esta por objeto central de estudo o espírito e por metodologia um conjunto de princípios teórico-metodológicos próprios que, ao menos em definição, far-se-iam sempre compatíveis com o estabelecido pela ciência propriamente dita - via método científico[nb 2].

É fazendo-o sempre com base nos princípios metodológico-teóricos acima definidos, sempre esmerando-se em distinguir os acontecimentos que considerava verossímeis de charlatanismo daqueles oriundos da simples imaginação superexcitada pela , que Kardec analisa, na "Revue Spirite" (Revista espírita) - impressa até a época de sua morte - vários dos relatos de fenômenos aparentemente mediúnicos ou sobrenaturais oriundos de diversas partes do mundo. Igualmente, já na década de 1960, a pesquisa sobre reencarnação obteve repercussão graças ao trabalho de Ian Stevenson, nomeadamente com a publicação de "Twenty Cases Suggestive of Reincarnation" (1966).

Ficheiro:Aldous Huxley.gif
Ian Stevenson, M.D., um dos cientistas que mais defendeu e divulgou a reencarnação e outros conceitos espíritas.

É diante do acima exposto que mostra-se importante frisar que o termo "ciência", quando associado ao espiritismo, transcende a "ciência" que se encontra atrelada a cadeiras como física, química, biologia ou qualquer das demais cadeiras que integram as ditas ciências naturais - ou mesmo as ciências sociais - áreas últimas também condizentes, ao menos em princípio, com a definição estrita de "ciência", onde um estudo científico - uma teoria científica - deve necessariamente obedecer a todas as delimitações e restrições definidas pelo método científico. Ressalta-se assim que os aludidos fatos defendidos pelos seguidores da doutrina como verídicos, embora tenha sobrevivido ao escrutínio de veracidade mediante testes definidos pela metodologia própria à doutrina, não sobrevivem os escrutínios condizentes apenas com o método científico, e nenhum deles implicou, até a presente data, fato científico propriamente dito. Mesmo esforçando-se para manter-se em consonância com essa, espiritismo não é, frente ao rigor da definição, ciência. [nb 3][nb 4][48][49]

Allan Kardec buscou certamente incorporar o método científico na metodologia inerente ao fundar o Espiritismo, contudo não restringiu os pilares da Doutrina à ciência, definindo-a também sobre pilares da religião e filosofia; e é por não tê-lo seguido de forma única que muitos céticos classificam o Espiritismo como uma pseudociência ou superstição. Mesmo não considerados ciência justamente por serem sustentados também por pilares filosófico-religiosos, os fenômenos espíritas foram e ainda são, contudo, objetos de estudos para milhares de pesquisadores ao redor do mundo; e dentre os que estudaram/estudam os fenômenos espíritas através da metodologia inerente ao Espiritismo, muitos alegaram/alegam inclusive dispor de fortes evidências para corroborar de forma bem próxima à científica vários dos princípios espíritas. Por exemplo, há uma pesquisa efetuada mundialmente pelo falecido professor de psiquiatria canadense da Universidade da Virgínia, Ian Stevenson, desde os anos 1960 até 2007, com mais de 3000 estudos de casos que sustentariam não apenas a existência de espíritos como também a mediunidade e a reencarnação[50][51][52]. Os médicos psiquiatras Jim Tucker e Bruce Greyson continuam o trabalho de Stevenson relacionado a espiritualidade.[53]

O norte-americano Dr. Raymond Moody é outro cientista muito aclamado por seus estudos que defendem conceitos espíritas, ele é autor do best seller "Vida Depois da Vida" e é considerado o principal responsável pelo surgimento do interesse popular nas experiências de quase morte.[54]

Em suma conclui-se que, mesmo que estudados por várias personalidades de renome que acabaram por contribuir de outras formas, significativas ou não, à ciência em sua acepção moderna, as metodologias utilizadas pelas correntes espíritas são até hoje diferentes ou transcendem o método científico, e por tal o espiritismo permanece, hoje mais do que outrora, notoriamente muito mais atrelado às religiões do que às academias científicas propriamente ditas.[nb 5][55][56]

Medicina

Em termos de Medicina, indivíduos com sintomas como audição ou visão de espíritos já foram apontados como sendo portadores de transtornos mentais mas há muito, com as atualizações da Classificação internacional de doenças, a Medicina reconhece que esses sintomas não possuem necessariamente causas patológicas. É importante também lembrar que a Organização Mundial de Saúde define "saúde" como o "estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas como a ausência de doença ou enfermidade" [57], definição que não sofreu emendas desde a fundação da Organização, em 1948 [58].

A Classificação internacional de doenças (CID) em sua décima atualização, a CID-10, prevê, em seu item F.44.3 os chamados "Estados de transe e de possessão", definidos como:

"Transtornos caracterizados por uma perda transitória da consciência de sua própria identidade, associada a uma conservação perfeita da consciência do meio ambiente."

Contudo, explicitamente descreve em alínea seguinte:

"Devem aqui ser incluídos somente os estados de transe involuntários e não desejados, excluídos aqueles de situações admitidas no contexto cultural ou religioso do sujeito.[59]

Nesse sentido é feita a distinção entre o estado de transe normal - a exemplo a hipnose, não mais considerado doença - e o transtorno dissociativo psicótico, uma patologia psiquiátrica. Exclui-se desse item também, entre outros, a esquizofrenia. Evidencia-se também na CID que os estados de transes tidos por espíritualistas como oriundos de "possessões espirituais" - comuns em ambientes religiosos - não são acobertados pelo item F.44.3 citado, e não são considerados patológicos; e apesar da CID reconhecer tais estados de transe ao excluí-los explicitamente, também não aponta "espíritos" como causa de transe algum, mesmo que alguns adeptos espiritualistas insistam em dizer o contrário. [60][61]

Brian Weiss, Ph.D., M.D., famoso neurologista e psiquiatra espiritualista. Expoente da Terapia de Vidas Passadas.

A expressão "possessão" figura no referido item da CID com acepção que remete aos estados de agitação demasiada, de agressividade ou mesmo de fúria; e mediante tal acepção a leitura do item associado em íntegra implica, nitidamente, o não reconhecimento da tal causa "espiritual" (vide alínea). Argumento em favor da asserção inicial deriva também do fato de que o reconhecimento de tal causa pela Organização Mundial de Saúde implicaria a inserção compulsória dessa na CID bem como a necessidade de tratamento ou acompanhamento específicos visto serem tais estados de "possessão" prontamente reconhecido, antes de mais nada pelos próprios espiritualistas, como situações muitas vez prejudiciais à saúde do "possuído" e que requerem por tal tratamento ou mesmo acompanhamento "espiritual" imediato, tratamentos esses certamente fornecidos - segundo suas crenças - pelos referidos grupos ou autoridades religiosas capacitadas junto aos seus templos ou ambientes de reuniões; contudo não definidos, estabelecidos, tampouco cogitados pela Organização Mundial de Saúde. [62][63][64]

Assim, embora evoluindo gradualmente e já reconhecendo a influência do estado de espírito na saúde e bem-estar, verifica-se que, sendo uma cadeira científica, a medicina mantém-se alinhada com a metodologia científica, e a existência de espíritos ainda transcende também a medicina moderna. Contudo, em virtude do crescente reconhecimento da importância do estado de espírito à saúde, muitas escolas médicas ao redor do mundo (principalmente nos EUA) oferecem cursos que alegam unir medicina a aspectos espirituais e/ou relacionados à fé. Segundo a Associação Médica Americana (AMA - American Medical Association), em 1992, 2% de todas as escolas médicas dos EUA ofereciam cursos relacionados à espiritualidade. Em 2004 esse número cresceu para 67%, o que significa que dos 150 cursos de medicina lá existentes, 100 deles incluíam no currículo algum conteúdo relacionado à medicina e espiritualidade. [65]

A Associação Médico-Espírita Internacional é representada no Brasil pela Associação Médico-Espírita do Brasil, que foi fundada em 1995, alegando ter como missão básica congregar todas as AMEs do País e contribuir para o estudo e a pesquisa científica no âmbito da Medicina e do Espiritismo; promover a difusão do paradigma médico-espírita, por meio do ensino e dos meios de comunicação, de livros e outras publicações; contribuir para firmar esse paradigma, tanto nos cursos de formação médica, quanto em outros; e incentivar o médico espírita no cumprimento de sua missão humanitária, apoiando as instituições beneficentes que visem à melhoria da saúde da coletividade, sobretudo, a dos mais carentes. [66]

Relação com as outras religiões

A posição oficial da Igreja Católica proíbe terminantemente aos seus fiéis assistir a sessões mediúnicas realizadas ou não com auxílio de médiuns espíritas - mesmo que estes pareçam ser honestos ou piedosos - quer interrogando os espíritos e ouvindo suas respostas, quer assistindo por mera curiosidade. Posições similares têm as religiões protestantes.

A doutrina espírita, por sua vez, afirma respeitar todas as religiões e doutrinas, e valorizar todos os esforços para a prática do bem e diz trabalhar pela confraternização e pela paz entre todos os povos e entre todos os homens, embora rejeite firmemente, reitere-se, dogmas fundamentais das religiões monoteístas; no caso particular do cristianismo, destacam-se o da divindade de Cristo, o da Santíssima Trindade, o da salvação/justificação pela graça (mais que pelas obras/esforços individuais), e o da existência e importância da Igreja como entidade espiritual, não apenas humana. Por isso existe uma barreira muito dificilmente transponível entre os católicos e os espíritas.

Cultos afro-brasileiros

No Brasil, o termo "Espiritismo" é historicamente utilizado como designação por algumas casas e associações das religiões afro-brasileiras, e seus membros e frequentadores definem-se como "espíritas", nomeadamente a Umbanda, como por exemplo a atual Congregação Espírita Umbandista do Brasil, com sede no estado do Rio de Janeiro.

No Brasil Império a Constituição de 1824 estabelecia expressamente que a religião oficial do Estado era o Catolicismo.[nb 6] No último quartel do século XIX, com a difusão das ideias e práticas espíritas no país, registraram-se choques não apenas na imprensa, mas também a nível jurídico-policial, nomeadamente em 1881, quando uma comissão de personalidades ligadas à Federação Espírita Brasileira reuniu-se com o Chefe de Polícia da Corte e, subsequentemente, com o próprio Imperador D. Pedro II, e após a Proclamação da República Brasileira, agora em função do Código Penal de 1890, quando Bezerra de Menezes oficiou ao então presidente da República, marechal Deodoro da Fonseca, em defesa dos direitos e da liberdade dos espíritas.[nb 7] Outros momentos de tensão registrar-se-iam durante o Estado Novo nomeadamente em 1937 e em 1941, o que levou a que a prática dos cultos afro-brasileiros conhecesse uma espécie de sincretismo sob a designação "espiritismo", como em época colonial o fizera com o Catolicismo.[nb 8]

Com relação à Umbanda, surgida em 1908 no estado do Rio de Janeiro, a postura da Federação Espírita Brasileira ao longo da história foi ambígua:

Como exemplo, a decisão do Conselho Federativo da Federação Espírita Brasileira, em outubro de 1926, conclui:

Essa postura mudou na década de 1940, nomeadamente a partir do reconhecimento da Umbanda como religião pelo Congresso Nacional em 1945:

Nesse período, a aceitação social da crença é cada vez mais ampla, o que é demonstrado quando da promulgação das alterações ao Código Penal brasileiro, em 1949, quando o termo "espiritismo" foi excluído, permanecendo apenas, como delito grave, a prática do "curandeirismo" e do "charlatanismo".[67]

A FEB chegou a publicar, em 1953, em seu órgão oficial, que os umbandistas poderiam ser considerados "espíritas", com o seguinte argumento: "Baseados em Kardec, é-nos lícito dizer: todo aquele que crê nas manifestações dos espíritos é espírita; ora, o umbandista nelas crê, logo, o umbandista é espírita."[68] Esse raciocínio causou polémica à época. Anos mais tarde, em 1958, o Segundo Congresso Brasileiro de Jornalismo e Escritores Espíritas opôs-se considerar os umbandistas como espíritas. Duas décadas mais tarde, em fevereiro de 1978 o mesmo Reformador publicou que a designação de "espíritas" pelos umbandistas é "imprópria, abusiva e ilegítima".

Na prática, sinteticamente, as semelhanças entre a prática Umbanda e a Doutrina Espírita são: a comunicação entre os vivos e os mortos, admitindo ambas, por conseguinte, a sobrevivência à morte do chamado "espírito"; a evolução do espírito através de vidas sucessivas (reencarnação); o resgate, podendo ser pela dor e sofrimento, das faltas cometidas em anteriores existências; a prática da caridade.[69]

Por outro lado, as principais diferenças são a admissão pela Umbanda: de cerimônias litúrgicas como o batizado e o matrimônio; a presença de imagens em seus cultos; o emprego de plantas em seus cultos; a música dos pontos cantados para as entidades.[70] Em suma, qualquer ritual ou culto exterior difere do espiritismo, os cultos afro-brasileiros são, portanto, correntes diversas do espiritualismo.[71]

De todas as religiões afro-brasileiras, a mais próxima da Doutrina Espírita é um segmento (linha) da Umbanda denominado de "Umbanda branca", que guarda pouca ligação com o Candomblé, o Xambá, o Xangô do Recife, o Tambor de Mina ou o Batuque.

Adeptos do Candomblé.

No tocante específicamente ao Candomblé, crê-se na sobrevivência da alma após a morte física (os Eguns), e na existência de espíritos ancestrais que, caso divinizados (os Orixás, cultuados coletivamente), não se materializam; caso não divinizados (os Egungun), materializam em vestes próprias para estarem em contacto com os seus descendentes (os vivos), cantando, falando, dando conselhos e auxilindo espiritualmente a sua comunidade. Observe-se que o conceito de "materialização"[72] no Candomblé, é diferente do de "incorporação" na Umbanda ou na Doutrina Espírita. Em princípio os Orixás só se apresentam nas festas e obrigações para dançar e serem homenageados. Não dão consulta ao público assistente, mas podem eventualmente falar com membros da família ou da casa para deixar algum recado para o filho. O normal é os Orixás se expressarem através do jogo de Ifá (oráculo).

No Candomblé, a função dos rituais durante as cerimónias de iniciação é a de afastar todo e qualquer espírito ou influência, recorrendo-se ao Ifá para monitorar a sua presença. A cerimónia só ocorre quando este confirma a ausência de Eguns no ambiente de recolhimento. Os espíritos são cultuados, nas casas de Candomblé, em uma casa em separado, sendo homenageados diariamente uma vez que, como Exú, são considerados protetores da comunidade.

Cristianismo

Livro de Léon Denis que liga a moral cristã e as leis morais do espiritismo.

A doutrina espírita adota a moral cristã[nb 9], apesar de suas concepções teológicas diferenciadas. Para os espíritas, nome dado aos seguidores do Espiritismo, Jesus Cristo se trata do espírito mais elevado a já ter encarnado na Terra[73], bem como o modelo de conduta para o auto-aperfeiçoamento humano, tendo provado, pela prática da caridade absoluta e pela sua própria encarnação, que o homem pode suportar as provas necessárias para a sua elevação espiritual.

Os espiritistas (tradução muito usada durante as primeiras décadas do século XX para o neologismo francês spirite) ou espíritas, afirmam-se cristãos e atribuem à doutrina espírita o caráter de uma doutrina cristã, já que consideram seguir os ensinamentos morais de Jesus. Entretanto, essa associação entre o espiritismo e o cristianismo é contestada pelas religiões de tradição judaico-cristã, sob a alegação de que, embora partilhem de valores morais semelhantes, a rejeição espírita a diversos dogmas bíblicos e teológicos preconizados por elas inviabilizaria a conceituação do espiritismo como cristão.

Os espíritas fundamentam sua defesa do caráter cristão da doutrina espírita no fato de Allan Kardec defender que a moral cristã, isenta dos dogmas de fé a ela associados, seria o que de mais próximo a um código de ética divino e racional o homem possui. Os espíritas argumentam que os dogmas foram elaborados ao longo dos séculos pela Igreja Católica, não sendo, por isso, necessário segui-los para ser cristão. Além disso, o item 625 d'O Livro dos Espíritos afirma ser Jesus o maior exemplo moral de que dispõe a humanidade, apesar de o espiritismo negar a ele qualquer carácter efetivamente divino.[74]

A professora Dora Incontri, pós-doutorada pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, também defende o caráter cristão da doutrina espírita, apontando, na proposta estruturada por Allan Kardec, um novo modelo de religião, alheio a dogmas, fórmulas, hierarquias sacerdotais e baseado eminentemente no aspecto ético-moral do indivíduo. Considera ainda Jean-Jacques Rousseau e Johann Heinrich Pestalozzi como os dois grandes precursores da ideia de uma "religiosidade natural", predominantemente moral, e defende que "evidenciou-se com a publicação de "O Evangelho segundo o Espiritismo" e de "O Céu e o Inferno" que, embora não o confessasse, ele [Kardec] estava fazendo uma nova leitura do Cristianismo".[75]

Um estudioso da religiosidade brasileira mais cético, o Prof. Antônio Flávio Pierucci, do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo, centra sua análise em aspectos sociológicos ao defender que o espiritismo não é uma religião legitimamente cristã. Segundo ele, os espíritas utilizam o cristianismo para se legitimarem. Pierucci defende também que o vínculo com a Igreja Católica, defendido pelos espíritas serviu, durante décadas, para lutar contra a discriminação e a intolerância.[76]

A Congregação para a Doutrina da Fé, herdeira do Santo Ofício, em 1 de junho de 1917 condenou a prática do Espiritismo e proibiu aos católicos participarem, sob qualquer pretexto de reuniões espíritas:

"(...) partecipare, con medium o senza medium, servendosi o no dell'ipnotismo, a sedute o a manifestazioni spiritiche, anche se hanno un'apparenza onesta o pia, sia s'interroghino le anime o gli spiriti, sai si ascoltino le risposte, sia ci si accontenti di fare da osservatori, quand'anche si dichiarasse tacitamente o espressamente che non si vuole avere alcun rapporto con gli spiriti cattivi."[77]

O conceito bíblico

Sermão da Montanha

As bem-aventuranças são 9 ensinamentos que Jesus proferiu no Sermão da Montanha, segundo o Novo Testamento, Mateus 5:1-12. Para o espiritismo estes ensinamentos são de grande importância, a seguir serão apresentados sobre a óptica espírita.

"Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados." "–Bem-aventurados os famintos e os sequiosos de justiça, pois que serão saciados." "–Bem aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, pois que é deles o reino dos céus" (Mateus, 5:4, 6 e 10). Segundo o espiritismo, somente na vida futura podem efetivar-se as compensações que Jesus promete aos aflitos da terra. A fé no porvir pode consolar e infundir paciência no espírito que suporta as diversas anomalias terrestres com calma e resignação. Todavia não justifica as causas da diversidade dos males, das desigualdades entre o vício e a virtude, as deformidades, os flagelos naturais e etc. As vicissitudes da vida podem dividi-se em duas partes, umas tem sua causa na vida presente, outras estão fora desta vida, esta ultima na visão espírita é explicada pela pluralidade das existências em que o espírito encarnado paga os males que cometeu nas vidas passadas.[78]

"Bem aventurados os pobres de espírito, pois que deles é o reino dos céus" (Mateus, 5:3). No entender da doutrina espírita, Jesus promete o reino dos céus aos simples e humildes em referência as qualidades morais do individuo.[79]

"Bem aventurados os que têm puro o coração, porquanto verão a Deus" (Mateus 5:8). A pureza do coração assemelha-se ao principio da simplicidade e humildade, que exclui toda ideia de orgulho e de egoísmo. Segundo o espiritismo, o emblema de pureza que Jesus toma pela infância não deve ser tomado ao pé da letra, "Então lhe trouxeram algumas crianças para que as tocasse, mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai que venham a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança, de maneira nenhuma entrará nele", Marcos 10:13-15. O espírito da criança não podendo ainda manifestar nenhuma tendência para o mal, representa a imagem da inocência e da candura assemelhando-se aos espíritos puros.[80]

"Bem aventurados os brandos, por que possuirão a Terra." "–Bem-aventurados os pacíficos, por que serão chamados filhos de Deus" (Mateus, 5:5 e 9). Segundo o espiritismo, Jesus faz da brandura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência, uma lei.[81]

"Bem aventurados os que são misericordiosos, por que obterão misericórdia" (Mateus 5:7). A misericórdia consiste no perdão das ofensas, para a doutrina espírita o sacrifício que mais apraz a Deus é a reconciliação com os adversários, conforme está em Mateus 5:23-24.[82]

Segundo o espiritismo, toda a moral cristã se resume neste axioma:

Reencarnação

Para boa parte das religiões cristãs, a reencarnação está em desconformidade aos ensinamentos da Bíblia, a ressurreição, ao conceito de salvação e do eterno suplicio.[83][84] Exemplificam a passagem do apostolo Paulo que determina o estado de toda a humanidade após a morte. "E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo..." (Hebreus 9:27). Concluindo que o “juízo” refere-se a “condição final” em que todos os humanos serão julgados, vivos e mortos, estes últimos ressuscitarão.

Para a doutrina espírita, entretanto, a reencarnação foi confundida pelo nome de ressurreição, que significa literalmente "voltar à vida", resultando as diversas causas de anfibologia. A crença de que o homem poderia reviver é antiga e fazia parte dos dogmas judeus, porém não era determinado de que maneira o fato iria ocorrer, pois apenas tinham vagas e incompletas noções acerca da alma e de sua ligação com o corpo.[85] Segundo alguns adeptos da doutrina o apostolo Paulo, na citação anterior, desvenda a duvida referente à ressurreição, desfazendo a crença da volta do espírito no corpo que já está morto para morrer segunda vez no mesmo, sobretudo quando os elementos da matéria orgânica já se acham dispersos e absorvidos pelo tempo, pois todos os homens morrem apenas uma vez a cada existência corpórea.[86][87] Afirmam ainda que o "juízo" refere-se ao estado individual (não coletivo) que sucede a morte do corpo (erraticidade).[88] Embora não resolva profundamente o problema da ambiguidade diversas passagens bíblicas enfatizam a reencarnação, segundo o espiritismo, em Job 14:10-14 (versão da Igreja grega), Marcos 6:14-16, Marcos 9:11-13, e João 3:1-12.

Lei da Evolução

O juízo final, representa, segundo a doutrina espírita, o processo de Regeneração da Humanidade, no qual a Terra sofrerá uma lenta transformação físico-moral, em que se separarão os espíritos que desejam seguir o caminho do bem daqueles que permanecerem no mal — evento simbolizado na parábola do julgamento das nações no Evangelho de Mateus 25:31-46,[89] e pela parábola do trigo e do joio em Mateus 13:24-30.[90][91] Todavia, essa desagregação não fará com que os "espíritos imperfeitos" permaneçam eternamente no sofrimento (situação semelhante encontrada no Evangelho de Lucas 15)[92][93], pois tudo que há no universo está destinado à lei de evolução.[94]

A lei de evolução está intimamente ligada à reencarnação e a lei de causa e efeito. A doutrina espírita explica que, sendo o espírito dotado de livre-arbítrio, este responderá pelo bem ou mal que proporcionar a si mesmo e aos outros. A lei de causa e efeito procura explicar os acontecimentos da vida atribuindo um motivo justo que gera uma consequência proveitosa para o espírito. Através da reencarnação o espírito pode provar as experiências adquiridas na pratica do bem ou reparar o mal que praticou em anteriores encarnações.

Mediunidade

As religiões de matriz judaico-cristã entendem que, com a Lei dada a Moisés no Antigo Testamento, Deus interditou à antiga Israel as comunicações com o mundo dos espíritos e o uso de poderes sobrenaturais por eles concedidos. "… não haverá no meio de ti ninguém que faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, que interrogue os oráculos, pratique adivinhação, magia, encantamentos, enfeitiçamentos, recorra à adivinhação ou consulte os mortos (necromancia)" (Deuteronômio 18:10-14). Afirmam ainda que essa proibição é confirmada no Novo Testamento, pelas referências contidas nos Evangelhos e no livro de Atos dos Apóstolos aos "espíritos impuros". A citação do apóstolo Paulo em Gálatas 5:20, afirma que quem pratica "feitiçaria" (ou bruxaria, o termo grego usado é farmakía) … não herdará o Reino de Deus". (Na Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, o termo é vertido por "espiritismo". Mas esta aplicação da palavra não se refere, por óbvias razões cronológicas, à doutrina espírita). É comum encontrar referências ao uso do termo Espiritismo para denominar outras doutrinas e cultos que não sejam aquela codificada por Allan Kardec.

Já para a doutrina espírita, a Bíblia não condena a prática mediúnica em si, pois esta seria fundamentada em um fenômeno natural. A condenação bíblica, que também encontra apoio no movimento espírita, é a uso dos recursos mediúnicos para finalidades frívolas ou voltadas ao benefício próprio. Segundo ela, diversas passagens bíblicas exemplificariam a fenomenologia mediúnica, a exemplo de I Samuel 9:9, II Crônicas 16:7, e Mateus 17:1-8.

Ao mesmo tempo, a postura da Doutrina Espírita propõe que se avaliem os textos bíblicos, quando verdadeiramente originais, de forma crítica, levando em conta o seu patamar simbólico, em função dos recursos vocabulares e figuras de linguagem disponíveis à época, em ensinamentos dirigidos a um povo simples e sem repertório, e, consequentemente, desprovido das complexidades e riquezas linguística, cultural e material necessárias para a compreensão de conceitos que nem mesmo o homem atual, como todas as suas aquisições intelectuais, é capaz de compreender em toda a sua profundidade.

Dissidências

Racionalismo cristão

Ver artigo principal: Racionalismo cristão

Na cidade brasileira de Santos, em 1910 surgiu uma dissidência do movimento espírita, que se denominou "Espiritismo Racional e Científico Cristão" e, posteriormente, Racionalismo cristão, sistematizada por Luís de Matos e Luís Alves Tomás.

Ramatizismo

Ver artigo principal: Ramatis

No Brasil, desde a segunda metade da de 1950, alguns centros espíritas seguem a doutrina ditada pelo espírito Ramatis (corporificada sobretudo nas obras psicografadas por Hercílio Maes). Distinguem-se dos centros espíritas tradicionais em função da maior ênfase ao universalismo (origem comum das religiões) e ao estudo comparado de religiões e filosofias espiritualistas ocidentais e orientais. Nota-se também a influência mais acentuada de correntes de pensamento orientais (tais como o budismo e o hinduísmo) e a proximidade com a cosmogonia do espiritualismo universalista.

Apometria

Ver artigo principal: Apometria

Surgiu no Brasil, na década de 1960, como uma suposta forma de tratamento alternativo a doentes desenganados. O Dr. José Lacerda de Azevedo, do Hospital Espírita de Porto Alegre, fixou as Leis da Apometria.

Conscienciologia

Ver artigo principal: Conscienciologia
Ver artigo principal: Projeciologia

Surgiu no Brasil, em meados da década de 1960, com o fim da parceria entre Chico Xavier e Waldo Vieira, quando este último iniciou pesquisa própria com o que denominou projeciologia (posteriormente Conscienciologia).[17]

Renovação Cristã

Ver artigo principal: Renovação Cristã

Surgida no Brasil, também como uma dissidência do movimento espírita, desde setembro de 2002. Sem deixar de seguir a Doutrina Espírita, afirma fazê-lo com maior seriedade do que o movimento brasileiro em si, argumento usado para o afastamento.

Roustainguismo

Ver artigo principal: Roustainguismo

Historicamente, na França e no Brasil, existiram conflitos entre "espiritas" e "roustainguistas", consoante a admissão ou não dos postulados da obra "Os Quatro Evangelhos", coordenada por Jean-Baptiste Roustaing, nomeadamente acerca da natureza do corpo de Jesus. Para os chamados "roustainguistas" Jesus teve um "corpo fluídico", de origem material diferente da nossa matéria, já o os ditos "kardecistas" acreditam que Jesus possuia um corpo de origem material, como de qualquer ser humano.[95][96]

Hoje este conflito não mais existe, subsistindo apenas como reflexo da opinião de setores isolados que, embora compondo o Movimento Espírita Brasileiro, não representam a Doutrina Espírita. Acrescente-se a isto o fato de que o espiritismo, compreendido como "doutrina dos espíritos", não é "kardecista", pois não se trata de escola espiritualista criada por Allan Kardec, cabendo ao mesmo tão somente o processo de codificação - vale dizer, organização e disposição de princípios - e não o de formulação dos mesmos, fato este reiterado pelo próprio Allan Kardec em diversas de suas obras, notadamente em "O Livro dos Espíritos" e "A Gênese".[97]

Organizações

Federação Espírita Brasileira

Sede da Federação Espírita Brasileira em Brasília.

A Federação Espírita Brasileira foi fundada em 2 de janeiro de 1884, no Rio de Janeiro. Em 2004 completou 20 anos. É uma sociedade civil, religiosa, educacional, cultural e filantrópica, que tem por objeto o estudo, a prática e a difusão do Espiritismo em todos os seus aspectos, com base nas obras da codificação de Allan Kardec e nos Evangelhos canônicos. O Departamento Editorial da FEB possui um catálogo de mais de 400 títulos que totalizam 39 milhões de livros vendidos. Todos inspirados na Codificação Kardequiana: romances, mensagens, contos, crônicas, textos científicos e filosóficos, vídeos, apostilas e CDs de canções espíritas.

Conselho Espírita Internacional

O Conselho Espírita Internacional (CEI) é um organismo resultante da união das associações representativas dos movimentos espíritas nacionais. Foi constituído em 28 de novembro de 1992 em Madrid, na Espanha. Seus objetivos são:

  • Promoção da união solidária e fraterna das instituições espíritas de todos os países e a unificação do movimento espírita mundial;
  • Promoção do estudo e da difusão da Doutrina Espírita em seus três aspectos básicos, quais sejam o científico, o filosófico e o religioso;
  • Promoção da prática da caridade material e moral, conforme ensina a Doutrina Espírita.

O principal evento organizado pelo CEI é o Congresso Espírita Mundial, realizado a cada três anos.

Confederação Espírita Pan-Americana

A Confederação Espírita Pan-Americana, fundada em 5 de outubro de 1946 na Argentina, é uma instituição internacional, que congrega majoritariamente espíritas da América Latina. A CEPA possui instituições adesas e filiadas em diversos países, e defende uma visão laica a respeito do espiritismo. A organização assume posicionamentos polêmicos entre os espíritas, como a desvinculação entre a doutrina e o cristianismo e a necessidade de se atualizar o espiritismo em face da ciência. Desde o dia 13 de outubro de 2000, a sede da CEPA passou a ser Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A atuação da CEPA no Brasil se dá, principalmente, através de eventos promovidos por instituições adesas, como o Fórum do Livre Pensar Espírita e o Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita.

Associação Médico-Espírita Internacional

A Associação Médico-Espírita Internacional (AME – INTERNATIONAL) foi fundada a 4 de junho de 1999, em São Paulo, Brasil. A associação tem como missão congregar as Associações Médico-Espíritas dos diversos países e tem como finalidade o estudo da Doutrina Espírita e de sua fenomenologia, tendo em vista a sua relação e integração com os campos da Ciência, em particular da Medicina, da Filosofia e da Religião. Para cumprir essa missão, estimula ou apóia a realização de estudos, cursos, experiências e pesquisas científicas, visando a aplicação do paradigma médico-espírita. Atualmente a AME-INTERNATIONAL possui 9 países integrados e tem realizado inúmeros eventos em vários países dos continentes americano e europeu.[98]

Espiritismo no mundo

O espiritismo possui cerca de 15 milhões de adeptos ao redor do mundo,[99] e o país com mais adeptos é o Brasil,[100] com cerca de 3,8 milhões de espíritas.[101][102] O Conselho Espírita Internacional (CEI) tem 35 países membros, sendo eles: Alemanha, Angola, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Cuba, El Salvador, Espanha, Estados Unidos, França, Guatemala, Holanda, Honduras, Irlanda[103], Itália, Japão, Luxemburgo[104], México, Noruega, Nova Zelândia, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, Reino Unido, Suécia, Suíça, Uruguai e Venezuela.[105]

No Brasil, segundo o Censo demográfico de 2010, o espiritismo cresceu do ano de 2000 até 2010, com um expressivo aumento de mais de 60% de seguidores, passando de 2,3 milhões para 3,8 milhões de seguidores,[101] tendo a maioria destes, idades entre 50 e 59 anos (3,1%), e na comparação com as demais religiões, tendo o maior número de pessoas com ensino superior completo (31,5%) e taxa de alfabetização (98,6%), além das menores percentagens de indivíduos sem instrução (1,8%) e com ensino fundamental incompleto (15,0%).[102]

Brasil

Um centro espírita em Santa Catarina.
Festival espírita "Allan Kardec" em São Paulo, 2010.

Minoritário em praticamente toda a Europa no século XIX, o Espiritismo chegou ao Brasil em 1865. Teve através de Bezerra de Menezes e Chico Xavier a oportunidade de se popularizar, espalhando seus ensinamentos por grande parte do território brasileiro. Hoje, o país é o que reúne o maior número de espíritas em todo o mundo. A Federação Espírita Brasileira – entidade de âmbito nacional do movimento espírita – congrega aproximadamente dez mil instituições espíritas, espalhadas por todas as regiões do país.

Atualmente, o Brasil possui 3,8 milhões de espíritas, de acordo com o último censo[106] realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010. Com efeito, o IBGE trata os termos Kardecismo e Espiritismo como equivalentes em sua classifição censitária.[107]

Terceiro maior grupo religioso do País, os espíritas são, também, o segmento social que têm maior renda e escolaridade, segundo os dados do mesmo Censo. Os espíritas têm sua imagem fortemente associada à prática da caridade. Eles mantêm em todos os estados brasileiros asilos, orfanatos, escolas para pessoas carentes, creches e outras instituições de assistência e promoção social. Allan Kardec, o codificador do espiritismo, é uma personalidade bastante conhecida e respeitada no Brasil. Seus livros já venderam mais de 20 milhões de exemplares em todo o país. Se forem contabilizados os demais livros espíritas, todos decorrentes das obras de Allan Kardec, o mercado editorial brasileiro espírita ultrapassa 4.000 títulos já editados e mais de 100 milhões de exemplares vendidos.

Capitais com maior percentagem de espíritas

Atualizado segundo o Censo brasileiro de 2010[108]

# Capital % da população espírita
1 Florianópolis 7,3%
2 Porto Alegre 7,1%
3 Rio de Janeiro 5,9%
4 São Paulo 4,7%
5 Goiânia 4,3%
6 Belo Horizonte 4,0%
7 Campo Grande 3,6%
8 Recife 3,6%
9 Brasília 3,5%
10 Cuiabá 3,5%

Cuba

Após a legalização das religiões em Cuba, houve um renascimento do espiritismo, que vinha ocorrendo no país desde o século XIX.

Segundo dados do Ministério das Religiões, em Cuba, há 400 centros espíritas e mais 200 sendo registrados, tornando o país o segundo país mais espírita do mundo, por número de centros. A Associação Médico Espírita de Cuba é a com o maior número de militantes na Associação Médico-Espírita Internacional.[109]

Críticas

Ver artigo principal: Críticas ao espiritismo

Um foco importante de críticas à doutrina espírita se volta contra os princípios do espiritismo, como a reencarnação, a mediunidade e a lei da evolução espiritual. Grupos de céticos e de cristãos contestam também a caracterização do espiritismo como um movimento científico e cristão, defendida por adeptos.[110][111][112]

No entanto, a doutrina espírita não condena nenhuma outra prática religiosa.[113]

Impacto cultural

Na cultura popular, muitas obras de arte apresentam ou contêm alusões a fatos, circunstâncias e conceitos que se assemelham a algumas crenças espíritas:

Cinema

Ficheiro:Chico Xavier 1968.jpg
O médium conhecido como Chico Xavier já foi retratado em diversos filmes brasileiros.
  • Chico Xavier (2010), filme brasileiro protagonizado por Nelson Xavier e Ângelo Antônio, fez sucesso no país. Narra a biografia do mais famoso médium brasileiro, Francisco Cândido Xavier, tendo alcançado a marca de 3,5 milhões de espectadores.[114]
  • E a Vida Continua... (filme) (2012), filme brasileiro dirigido por Paulo Figueiredo, com base na obra homônima (E a Vida Continua...), psicografada por Francisco Cândido Xavier. Narra a trajetória do casal Ernesto e Evelina após a morte.

Telenovelas

No Brasil, diversas telenovelas apresentaram conceitos espiritualistas, semelhantes aqueles contidos no espiritismo:

  • "O Profeta" (1977), produzida pela extinta TV Tupi, e que também conheceu "remake" pela TV Globo (ver O Profeta (2006)), incluiu o espiritismo como uma das filosofias que tentam explicar os poderes do personagem principal, inclusive o de predizer o futuro.
  • "Terra Nostra" (1999) incluiu uma subtrama acerca de um jovem obsidiado pelo espírito do jovem amante da sua mãe que havia sido morto por seu avô.
  • "Alma Gêmea" (2005), produzida pela TV Globo, narra a história de uma mulher que morre e renasce para reencontrar a sua alma gémea.
  • "Duas Caras" (2007), produzida pela TV Globo, incluiu um personagem chamado Ezekiel,[116] que era anti-cristão graças a manifestações de sua mediunidade.
  • "Escrito nas Estrelas" (2010), apresenta muitos temas espíritas, tais como a reencarnação, a evolução dos espíritos e a mediunidade.
  • "Amor Eterno Amor" (2012), apresenta forte presença do espiritismo kardecista, com inúmeras cenas retratando práticas mediúnicas.

Ver também

Notas

  1. Atualmente existem estudiosos espíritas no Brasil que preferem denominar como fenomenologia espírita o estudo e as pesquisas que se referem aos fenômenos do espírito e da mente humana
  2. Existem várias e várias áreas do conhecimento em que os métodos científicos tradicionais não podem ser aplicados - ou cujos métodos transcendem os definidos pela metodologia científica - e como exemplo pode-se citar a própria Filosofia. Em ambos os casos tais áreas nunca se caracterizam como áreas de estudo científicas, e no caso particular da filosofia e correlatos, a ciência geralmente responde de forma enfática: "Ciência é o que você sabe. Filosofia é o que você não sabe" (Bertrand Russell); "A filosofia da ciência é tão útil para o cientista quanto a ornitologia para os pássaros" (Richard Feynman) - conforme relatado por Simon Singh - Big Bang (pág. 459. Vide referências).
  3. "A ciência só pode determinar o que é, não o que deve ser, e fora de seu domínio permanece a necessidade de juízos de valor de todos os tipos" (Albert Einstein); "O homem domina a natureza não pela força, mas pela compreensão. É por isto que a ciência teve sucesso onde a magia fracassou: porque ela não buscou um encantamento para lançar sobre a natureza" (Jacob Bronowski). Ambas as citações conforme relatado por SINGH, Simon - Big Bang - (pág. 459)
  4. "... qualquer teoria em Física científica é sempre provisória, no sentido de que é apenas uma hipótese, você nunca pode prova-la em definitivo. Não importa quantas vezes os resultados das experiências estejam de acordo com algumas teorias, não se pode ter a certeza de que na próxima vez o resultado não irá contradizê-las. Por outro lado, você pode refutar uma teoria por encontrar uma única observação que não concorde com as suas previsões" - Stephen Hawking - Conforme publicado em Uma breve história do tempo
  5. "A ciência só pode determinar o que é, não o que deve ser, e fora de seu domínio permanece a necessidade de juízos de valor de todos os tipos" (Albert Einstein); "O homem domina a natureza não pela força, mas pela compreensão. É por isto que a ciência teve sucesso onde a magia fracassou: porque ela não buscou um encantamento para lançar sobre a natureza" (Jacob Bronowski). Ambas as citações conforme relatado por SINGH, Simon - Big Bang - (pág. 459)
  6. Conforme o seu Art. 5, que estipulava: "A Religião Catholica Apostolica Romana continuará a ser a Religião do Imperio. Todas as outras Religiões serão permitidas com seu culto domestico, ou particular em casas para isso destinadas, sem fórma alguma exterior do Templo." In: Constituição Política do Império do Brazil Consultada em 13 de Julho de 2008.
  7. Este Código foi promulgado pelo Decreto nº 22.213, de 14 de Dezembro de 1890, mas só entrou em vigor seis meses após a sua publicação. Os seus artigos nrs. 157 e 158 proibiam expressamente "praticar o Espiritismo" e "inculcar curas de moléstias curáveis ou incuráveis", o que afetava diretamente as atividades das sociedades espíritas, cuja prática de receituário mediúnico homeopático era muito difundida à época.
  8. "(...) hoje ainda se observa a tendência de as tendas de umbanda levarem em seu nome o termo 'espírita', denotando a aceitação social maior que gozavam os adeptos de Allan Kardec." (PINHEIRO, 2004:276).
  9. Léon Denis escreveu: "O ideal que proclamam as vozes do mundo invisível não é diferente daquele do fundador do cristianismo". René Kopp também escreveu: "O Espiritismo será cristão ou nada será". Mais detalhes sobre esta percepção podem ser obtidos em O Espiritismo Cristão.
  10. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap.15, Fora da Caridade não há salvação, O mandamento maior -Texto Bíblico- "Mas, os fariseus, tendo sabido que ele tapara a boca aos saduceus, se reuniram; e um deles, que era doutor da lei, foi propor-lhe esta questão, para o tentar: -Mestre, qual o grande mandamento da lei? - Jesus lhe respondeu: Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito. -Esse o maior e o primeiro mandamento. -E aqui está o segundo, que é semelhante ao primeiro: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. -Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos." (MATEUS, cap. XXII, vv. 34 a 40.)
  11. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap.15, Fora da Caridade não há salvação, Necessidade da caridade, segundo Paulo (o apostolo) -Texto Bíblico- "Ainda quando eu falasse todas as línguas dos homens e a língua dos próprios anjos, se eu não tiver caridade, serei como o bronze que soa e um címbalo que retine; -Ainda quando tivesse o dom de profecia, que penetrasse todos os mistérios, e tivesse perfeita ciência de todas as coisas; ainda quando tivesse a fé possível, até o ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou. -E, quando houver distribuído os meus bens para alimentar os pobres e houvesse entregado meu corpo para ser queimado, se não tivesse caridade, tudo isso de nada me serviria. A caridade é paciente; é branda e benfazeja; a caridade não é invejosa; não é temerária, nem precipitada; não se enche de orgulho; -não é desdenhosa; não cuida de seus interesses; não se agasta, nem se azeda com coisa alguma; não suspeita mal; não se rejubila com a injustiça, mas se rejubila com a verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre. Agora, estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade permanecem; mas, dentre elas, a mais excelente é a caridade." (PAULO - 1ª Epístola aos Coríntios, cap. XIII, vv. 1 a 7 e 13.)

Referências

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  83. A Biblia e a Reencarnação
  84. O que a Biblia diz sobre a Reencanação?
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  88. A reencarnação é confirmada pela Bíblia. Cap.9,2
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  90. O Trigo e o Joio
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