Estação Ferroviária de Sacavém
Sacavém
| |||||||||||||||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
aspeto da gare em 2008, mostrando a integração do edifício antigo | |||||||||||||||||||||||||||
Identificação: | 31062 SAC (Sacavém)[1] | ||||||||||||||||||||||||||
Denominação: | Apeadeiro de Sacavém | ||||||||||||||||||||||||||
Administração: | Infraestruturas de Portugal (até 2020: centro;[2] após 2020: sul)[3] | ||||||||||||||||||||||||||
Classificação: | A (apeadeiro)[1] | ||||||||||||||||||||||||||
Tipologia: | C [3] | ||||||||||||||||||||||||||
Linha(s): |
| ||||||||||||||||||||||||||
Altitude: | 9 m (a.n.m) | ||||||||||||||||||||||||||
Coordenadas: | 38°47′44.41″N × 9°5′58.86″W (=+38.79567;−9.09968) | ||||||||||||||||||||||||||
| |||||||||||||||||||||||||||
Município: | |||||||||||||||||||||||||||
Serviços: | |||||||||||||||||||||||||||
| |||||||||||||||||||||||||||
Coroa: | Coroa 1 Navegante | ||||||||||||||||||||||||||
Conexões: | |||||||||||||||||||||||||||
Equipamentos: | |||||||||||||||||||||||||||
Inauguração: | 28 de outubro de 1856 (há 168 anos) | ||||||||||||||||||||||||||
Website: |
A estação ferroviária de Sacavém (nome anteriormente grafado como "Sacavem")[4] é uma estação ferroviária da Linha do Norte, estando dividida entre a freguesia de Sacavém e Prior Velho (município de Loures) e a freguesia de Parque das Nações (município de Lisboa), Portugal. Situada perto da foz do rio Trancão, é utilizada pelos serviços de passageiros da CP Urbanos de Lisboa da Linha da Azambuja e da Linha de Sintra.
Descrição
[editar | editar código-fonte]Localização e acessos
[editar | editar código-fonte]Esta estação está situada na margem sul (direita) da foz do rio Trancão, no extremo oriental da malha urbana de Sacavém, a leste do Monte Sintra e da antiga fábrica de louça, distando menos de um quilómetro do centro da localidade (Largo 5 de Outubro), tendo acesso, desde 1998,[5] pela Rua Domingos José de Morais junto ao local onde nesta entronca a Rua Roald Amundsen,[6] anteriormente designada Rua da Estação.[7]
Infraestrutura
[editar | editar código-fonte]O edifício de passageiros situa-se do lado poente da via (lado esquerdo do sentido ascendente, para Campanhã).[8][9] A construção, inicialmente em estilo neomanuelino, foi depois[quando?] reconstruída em materiais mais modernos.[carece de fontes] O painel de azulejos azul e branco, que identifica a estação ainda com a grafia oitocentista ("Sacavem"), é dos elementos mais antigos da estação, e que subsiste desde os tempos originais.[carece de fontes] Em dados de 2007, o edifício de passageiros, com sala de espera e bilheteira, encontra-se encerrado e sem outro uso.[5]
Como apeadeiro de uma linha em via quádrupla, esta interface apresenta-se nas quatro vias de circulação (I, II, III, e IV) cada uma acessível por plataforma — todas com de 220 m de comprimento e 90 cm de altura.[3]
Serviços
[editar | editar código-fonte]Em dados de 2023, esta estação é servida por comboios de passageiros da C.P. de tipo urbano dos serviços chamados “Linha de Sintra” e “Linha da Azambuja”, que circulam entre Santa Apolónia, Alcântara-Terra, ou Sintra e Azambuja, Castanheira do Ribatejo, ou Alverca, com 75 circulações diárias em cada sentido aos dias úteis e 19 aos fins de semana.[10]
História
[editar | editar código-fonte]O troço entre Lisboa e o Carregado da Linha do Norte, do qual esta estação se encontra, foi inaugurado no dia 28 de Outubro de 1856.[11] O comboio inaugural passou por aqui sem incidentes, na direcção do Carregado, mas, na viagem em sentido contrário, realizada no dia seguinte, uma das duas locomotivas teve uma avaria a chegar a Sacavém.[12] Assim, algumas das carruagens tiveram de ser deixadas ao longo do caminho, incluindo nesta estação, uma vez que a locomotiva restante não possuía potência suficiente para rebocar sozinha a composição inteira.[12] Esta locomotiva continuou, então, com parte do comboio até Lisboa, regressando posteriormente para recolher as carruagens que tinham ficado imobilizadas.[13][12]
Nos horários de 1857, a estação de Sacavém fazia serviço de passageiros e bagagens, nas três classes.[14]
No orçamento da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses para 1902, estava prevista a instalação de uma via transversal em Sacavém;[15] esta foi construída[quando?] antes de 1937.[7]
Em 16 de Janeiro de 1914, tropas de artilharia prenderam vários grevistas que estavam a retirar os carris na zona de Sacavém, durante uma grande greve dos trabalhadores da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.[16] Três dias depois, a greve voltou a reacender-se, tendo sido descarrilado um comboio entre Sacavém e Santa Iria.[17]
Em 1929, a Companhia dos Caminhos de Ferro tinha preparado um grande plano de investimentos, que incluía o desenvolvimento e electrificação da rede urbana de Lisboa, e a criação de uma gare em Sacavém para triagem de comboios de mercadorias.[18]
A Linha da Matinha resulta do encurtamento de uma ferrovia mais longa, que se prolongava para Norte até entroncar com a Linha do Norte junto à estação de Sacavém.[8][9] A supressão deste segmento e a actual designação da linha datam do final dos anos noventa e advêm da implantação da Expo’98.[carece de fontes]
Com a reestruturação das linhas suburbanas de Lisboa,[quando?] a estação de Sacavém ficou integrada no troço comum às “linhas” de Sintra e da Azambuja.[carece de fontes]
No Directório da Rede 2012, publicado pela Rede Ferroviária Nacional em Janeiro de 2011, a estação possuía quatro vias de circulação, com 641, 712 e 747 m de comprimento; as respectivas plataformas tinham 220 e 221 m de comprimento, e 90 cm de altura[19] — valores mais tarde[quando?] alterados para os atuais.[3]
Em 2012, com a criação da freguesia do Parque das Nações, passou a fronteira municipal entre Lisboa, a poente, e Loures, a nascente, a ser constituída pelo eixo da via férrea, ficando a estação virtualmente partilhada pelos dois concelhos, com repercussões também tarifárias.[20]
Em setembro de 2022, foi alargado o parque de estacionamento anexo à estação em obra da responsibilidade da I.P., tendo sido demolido o armazém e respetiva plataforma — estrutura que especialistas em património ferroviário reputam como «provavelmente a edificação mais antiga do conjunto da estação».[5]
Referências literárias
[editar | editar código-fonte]O escritor Eça de Queirós mencionou esta estação ferroviária no livro A Correspondência de Fradique Mendes, escrito na década de 1890:
Chegáramos a uma estação que chamam de Sacavém — e tudo o que os meus olhos arregalados viram do meu país, através dos vidros húmidos do vagão, foi uma densa treva, donde mortiçamente surgiam aqui e além luzinhas remotas e vagas. Eram lanternas de faluas dormindo no rio— QUEIRÓS, Eça de, A Correspondência de Fradique Mendes, p. 154
No Guia de Portugal de 1924, é descrita a estação de Sacavém e a via férrea em redor:
Antes de chegar à est. imediata, vê-se à esq. a grande fábrica de louça de -14 km. Sacavém (E.), pov. industrial já fora do circuito da cidade. »…« Logo em seguida à est., passa-se sobre um viaduto a ribeira de Sacavém, junto da sua confluência com o Tejo. »…« À esq. vê-se o enorme sifão com que a Companhia das Águas salva o rio.— PROENÇA, Raúl e DIONÍSIO, Santana, Guia de Portugal, p. 590
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Ponte de Sacavém
- Fábrica de Loiça de Sacavém
- Comboios de Portugal
- Infraestruturas de Portugal
- Transporte ferroviário em Portugal
- História do transporte ferroviário em Portugal
Referências
- ↑ a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
- ↑ Diretório da Rede 2021. IP: 2019.12.09
- ↑ a b c Diretório da Rede 2024. I.P.: 2022.12.09
- ↑ Mendonça e Costa; Amaral: “Louzã - Coimbra a Louzã e vice versa” Guia Official dos Caminhos de Ferro de Portugal 168 (1913.10). Pessoa & C.ª / Typ. Horas Romanticas: Lisboa: p.82-83
- ↑ a b c Paula Figueiredo: “Estação Ferroviária de Sacavém” SIPA, Sacavém: 2007 et ss.
- ↑ «Cálculo de distância pedonal (38,79441; −9,10012 → 38,79234; −9,10856)». OpenStreetMaps / GraphHopper. Consultado em 27 de julho de 2023: 915 m: desnível acumulado de +31−7 m
- ↑ a b Diagrama da estação ferroviária de Sacavém em 1937
- ↑ a b (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
- ↑ a b Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
- ↑ Horários Sintra | Lisboa | Azambuja («Em vigor desde 11 de dezembro de 2022»)
- ↑ TORRES, Carlos Manitto (1 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1681). p. 9-12. Consultado em 4 de Junho de 2016
- ↑ a b c «A Inauguração do Caminho de Ferro em Portugal - Revista de Imprensa» (PDF). O Comboio em Portugal - Departamento de Informática da Universidade do Minho. Consultado em 4 de Fevereiro de 2014
- ↑ ANDRADE, Carlos (17 de Julho de 2006). «Aqui (não) houve Portugal e os passageiros foram largados no caminho». Diário de Notícias. Consultado em 4 de Junho de 2016
- ↑ SABEL (16 de Fevereiro de 1936). «Ecos & Comentários» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 48 (1156). p. 117. Consultado em 27 de Setembro de 2016
- ↑ «Orçamento da Companhia Real» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (340). 16 de Fevereiro de 1902. p. 51. Consultado em 4 de Fevereiro de 2014
- ↑ MARQUES, 2014:122
- ↑ MARQUES, 2014:124
- ↑ BARRETO e MÓNICA, 1999:226
- ↑ «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85
- ↑ Comboios Urbanos de Lisboa Lisboa: C.P., 2020.01
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- BARRETO, António; MÓNICA, Maria Filomena (1999). Dicionário de História de Portugal. Suplemento A/E. Volume 7 1.ª ed. Lisboa: Livraria Figueirinhas. 714 páginas. ISBN 972-661-159-8
- MARQUES, Ricardo (2014). 1914: Portugal no ano da Grande Guerra 1.ª ed. Alfragide: Oficina do Livro - Sociedade Editora, Lda. 302 páginas. ISBN 978-989-741-128-1
- PROENÇA, Raúl; DIONÍSIO, Santana (1991) [1924]. Guia de Portugal: Generalidades, Lisboa e arredores. Col: Guia de Portugal. Volume 1 de 5 3.ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 696 páginas. ISBN 972-31-0544-6
- QUEIRÓS, Eça de. A Correspondência de Fradique Mendes. Lisboa: Livros do Brasil. 237 páginas
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Media relacionados com a Estação de Sacavém no Wikimedia Commons
- «Página com fotografias da Estação de Sacavém, no sítio electrónico Railfaneurope» (em inglês)
- Estação Ferroviária de Sacavém na base de dados SIPA da Direção-Geral do Património Cultural