Glória (bairro do Rio de Janeiro)

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Glória
  Bairro do Brasil  
Marina da Glória.
Marina da Glória.
Marina da Glória.
Localização
Distrito Zona Central
História
Criado em 23 de julho de 1981
Características geográficas
Área total 114,01 hectares (em 2003)
População total 9 661 (em 2 010)[1] hab.
 • IDH 0,940 - muito alto[2](em 2000)
Outras informações
Domicílios 5 188 (em 2010)
Limites Centro, Santa Teresa,
Catete, Lapa e Flamengo[3]
Subprefeitura Zona Central

A Glória é um bairro da Zona Central do município do Rio de Janeiro, no estado do Rio de Janeiro, no Brasil.[4][5] Situado na área fronteiriça com a Zona Sul, o bairro é considerado como o último da "Zona Central". Banhado pela Baía da Guanabara, é na Glória que estão alguns dos principais pontos turísticos da cidade, como o Parque do Flamengo, Praia do Flamengo, Praça Paris, a Marina da Glória, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o Edifício Manchete, o Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial e a Imperial Irmandade de Nossa Senhora da Glória do Outeiro — uma das igrejas mais antigas da cidade, considerada uma joia da arquitetura colonial brasileira. A Glória faz divisa com os bairros do Flamengo, Lapa, Catete e Santa Teresa, e é servida pela estação de metrô da Glória, além de estar na rota de dezenas de linhas de ônibus que seguem para todas as regiões do Rio.[6]

História[editar | editar código-fonte]

Segundo o escritor francês Jean de Léry, que fez parte da expedição francesa que tentou implantar a França Antártica na Baía de Guanabara no século XVI, existia uma aldeia tupinambá no sopé do atual Outeiro da Glória, em uma das foz do Rio Carioca (mais especificamente, a foz do Rio Catete, que era um braço do Rio Carioca). Tal aldeia se chamava Kariók ou Karióg ("casa de carijó") e teria dado origem ao atual gentílico da cidade do Rio de Janeiro, "carioca".[7][8]

Na região, ocorreram violentos combates entre portugueses e seus aliados indígenas de um lado, e franceses e tupinambás do outro, durante a expulsão dos franceses da região pelos portugueses no século XVI, pois os franceses e os tupinambás haviam construído uma forte paliçada na área, o Entrincheiramento de Uruçumirim. Em uma dessas batalhas, em 20 de janeiro de 1567, foi mortalmente ferido o líder português Estácio de Sá, que havia fundado a cidade do Rio de Janeiro dois anos antes. O bairro deve seu nome à Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, construída no século XVIII. Em torno da igreja, consolidou-se o povoamento do bairro.

A igreja obteve um status especial a partir do século XIX, com a chegada da corte real portuguesa ao Brasil. O príncipe regente e futuro rei Dom João VI se afeiçoou ao templo, onde costumava assistir às missas. Seus sucessores mantiveram a preferência pela igreja. Dom Pedro I iniciou a tradição de batizar os príncipes em seu interior. Nela, foram batizados a futura rainha Dona Maria II e o futuro imperador Dom Pedro II (a princesa Isabel foi batizada na Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo).[9][10][11] Até hoje, a Família Imperial Brasileira batiza suas crianças ali.

Até os anos 1930, era considerado o "Saint-Germain-des-Prés carioca", pois, desde fins da década de 1880, abrigava hotéis que serviam de residência a deputados e senadores em exercício no Rio de Janeiro.

Até a primeira metade do século XX, o bairro, devido à sua proximidade com as sedes governamentais nos bairros do Centro e Catete, tinha a maior concentração de embaixadas da cidade. Contudo, após a transferência da capital brasileira para Brasília em 1960, sofreu declínio e, somente após cinco décadas de descaso, vem recebendo investimentos de revitalização da Prefeitura.[12]

Monumento a Pedro Álvarez Cabral (foto de Marc Ferrez - 1900).

Boa parte de seus modelos arquitetônicos e urbanismo inspiraram-se em Paris: basta considerar a Praça Paris, inaugurada em 1929,[13] que é um verdadeiro jardim francês. Em 11 de maio de 1881, foi fundada a Igreja Positivista do Brasil no número 74 da atual Rua Benjamin Constant. Tal organização viria a ter um importante papel na Proclamação da República do Brasil, oito anos depois. Em 1899, o bairro foi um dos principais cenários descritos no clássico livro da literatura brasileira "Dom Casmurro", de Machado de Assis, além de estar presente em outros livros seus como "Esaú e Jacó" e "Memorial de Aires". Em 1900, foi inaugurado o Monumento ao Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil pelos Portugueses.

Em 1905, foi construído o relógio do Largo da Glória, que continua sendo uma referência arquitetônica do bairro até hoje. Em 15 de agosto de 1922, foi inaugurado o Hotel Glória.[13] Entre os anos 1930 e 1960, os casarões em estilo eclético e boa parte das vilas operárias do bairro foram derrubados para dar lugar aos prédios que caracterizam o bairro atualmente. Nessa época, o escritor brasileiro Mário de Andrade morou no número 5 da Rua Santo Amaro.[13]

Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, no alto do Outeiro da Glória

Em 1956, foi inaugurado o restaurante "Casa da Suíça", que foi uma referência cultural do bairro até 2017.[14][15] Em 1965, foi inaugurado o Parque Brigadeiro Eduardo Gomes. Em 1979, foi inaugurada a Marina da Glória.[13] Em 2004, foi inaugurado o Memorial Getúlio Vargas.

Em maio de 2012, o bairro recebeu uma UOP (Unidade de Ordem Pública), abrangendo a região da Glória, Catete e Flamengo. Desde então, o policiamento nas principais vias encontra-se reforçado e a desordem pública vem sendo combatida ostensivamente. Antigo problema social do bairro, o consumo de crack por moradores de rua foi praticamente eliminado com a ocupação pela Força Nacional de Segurança Pública do Morro Santo Amaro, no bairro vizinho do Catete, de onde provinham, em sua maioria, os consumidores da droga.

Em janeiro de 2023, um decreto da Prefeitura do Rio transferiu o bairro da Zona Sul para a Zona Central da cidade.[5]

Economia[editar | editar código-fonte]

Comércio

A variedade do comércio do bairro não é muito grande, devido às pequenas dimensões do bairro e à proximidade dos núcleos comerciais das regiões próximas. Há três feiras-livres no bairro:

  • Quinta-feira: na Rua Conde de Lages.
  • Sábado: feira orgânica na Rua do Russel das sete às treze horas.
  • Domingo: na Rua da Glória.

Turismo[editar | editar código-fonte]

Lazer[editar | editar código-fonte]

O bairro conta com duas pequenas praias localizadas no Aterro do Flamengo, entre a Marina da Glória e a Praia do Flamengo.[16] Para passear e se exercitar, a população do bairro dispõe do Parque Brigadeiro Eduardo Gomes, o popular Aterro do Flamengo, que foi, em 2012, elevado a Patrimônio Mundial da Unesco junto com outras paisagens da cidade.[17]

Locais de interesse arquitetônico[editar | editar código-fonte]

Além da Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, o bairro conta com outros importantes prédios, monumentos e exemplos de interesse arquitetônico, tais como:

Vista panorâmica da Enseada da Glória e de sua Marina, vistas do terraço do Shopping Bossa Nova Mall, no Aeroporto Santos Dumont.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Fundação». Consultado em 24 de março de 2012. Arquivado do original em 2 de setembro de 2013 
  2. Tabela 1172 - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH), por ordem de IDH, segundo os bairros ou grupo de bairros - 2000
  3. Bairros do Rio
  4. .«Bairros da Zona Sul do Rio de Janeiro». www.riodejaneiroaqui.com. Consultado em 3 de fevereiro de 2016 
  5. a b «Decreto transfere bairro da Glória da Zona Sul do Rio para o Centro». G1. Consultado em 17 de janeiro de 2023 
  6. .Bairros do Rio
  7. «Cópia arquivada». Consultado em 13 de outubro de 2011. Arquivado do original em 10 de outubro de 2009 
  8. NAVARRO, E. A. Método Moderno de Tupi Antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos. Terceira edição. São Paulo: Global, 2005. p. 187
  9. A igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro. Disponível em http://brasilianafotografica.bn.br/?p=12654
  10. Guia cultural. Disponível em http://guiaculturalcentrodorio.com.br/igreja-de-nossa-senhora-do-carmo-da-antiga-se/. Acesso em 6 de maio de 2019.
  11. G1. Disponível em http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL342152-5606,00-REFORMADA+IGREJA+NOSSA+SENHORA+DO+CARMO+E+REINAUGURADA+SABADO.html. Acesso em 6 de maio de 2019.
  12. http://noticias.r7.com/economia/fotos/preco-medio-dos-imoveis-chega-a-mais-de-r-5-mi-no-rj-veja-os-bairros-mais-caros-20121114-3.html#fotos
  13. a b c d Glória. Disponível em http://expan.i.wsrun.net/bvizinho/RJ/Rio_de_Janeiro/gloria.htm. Acesso em 4 de agosto de 2012.
  14. Casa da Suíça. Disponível em http://www.todorio.com/rio/gloria/casadasuica. Acesso em 4 de agosto de 2012.
  15. Trip advisor Brasil. Disponível em https://www.tripadvisor.com.br/Restaurant_Review-g303506-d1062951-Reviews-Casa_da_Suica-Rio_de_Janeiro_State_of_Rio_de_Janeiro.html. Acesso em 27 de abril de 2019.
  16. 'O Globo. Disponível em https://oglobo.globo.com/rio/novo-cantinho-de-praia-no-aterro-do-flamengo-seduz-cariocas-21483637. Acesso em 27 de abril de 2019.
  17. IPHAN. Disponível em http://portal.iphan.gov.br/noticias/detalhes/957/unesco-aprova-titulo-de-patrimonio-mundial-para-a-paisagem-cultural-do-rio-de-janeiro. Acesso em 7 de janeiro de 2016.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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