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Deus: diferenças entre revisões

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{{Ver desambig |prefixo=Se procura|outros significados|Deus (desambiguação)}}
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| footer = Representações de Deus (da esquerda para a direita, de cima para baixo) no [[cristianismo]], [[islamismo]], [[hinduísmo]], [[siquismo]], [[judaísmo]] e [[fé Bahá'í]]
|image1 =Michelangelo, Creation of Adam 06.jpg
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|footer =Embora Deus geralmente seja pensado como um espírito intangível e, portanto, não tem forma física ou mesmo visual, muitas religiões usam imagens para "representar" Deus em ícones para arte ou para adoração. Aqui estão exemplos de representações de Deus em diferentes religiões monoteístas e politeístas. No sentido horário da parte superior esquerda: [[Deus no Cristianismo]], [[Kaumaramo]], [[Shaktismo]], [[Vaishnavismo]], [[Religião na Grécia Antiga|Grécia Antiga]] e [[Xintoísmo]]
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Nos sistemas de crenças [[Monoteísmo|monoteístas]], '''Deus''' é geralmente visto como o [[ser supremo]], [[Divindade criadora|criador]] e principal objeto da [[fé]].<ref name="Swinburne">{{Citar livro|título=The Oxford Companion to Philosophy|ultimo=Swinburne|primeiro=R. G.|editora=Oxford University Press|ano=1995|editor-sobrenome=Honderich|editor-nome=Ted|capitulo=God|autorlink=Richard Swinburne}}</ref> Nos sistemas de crenças [[Politeísmo|politeístas]], [[Deidade|um deus]] é "um espírito ou ser que se acredita ter criado, ou que controla alguma parte do [[universo]] ou da vida, motivo pelo qual tal divindade é frequentemente adorada".<ref>{{Citar web|url=https://dictionary.cambridge.org/dictionary/english/god|titulo=god|website=Cambridge Dictionary}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://www.merriam-webster.com/dictionary/god|titulo=Definition of GOD|acessodata=2023-02-27|website=www.merriam-webster.com|lingua=en}}</ref> A crença na existência de pelo menos um deus é chamada de [[teísmo]].<ref>{{Citar web|url=https://www.dictionary.com/browse/theism|titulo=THEISM Definition & Usage Examples|acessodata=2023-11-13|website=Dictionary.com|lingua=en}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://www.merriam-webster.com/dictionary/theism|titulo=Definition of THEISM|acessodata=2023-11-13|website=www.merriam-webster.com|lingua=en}}</ref>
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As concepções de Deus variam consideravelmente. Muitos teólogos e filósofos notáveis desenvolveram argumentos a favor e contra a [[existência de Deus]].<ref name="Plantinga">[[Alvin Plantinga|Plantinga, Alvin]]. "God, Arguments for the Existence of", ''Routledge Encyclopedia of Philosophy'', Routledge, 2000.</ref> O [[ateísmo]] rejeita a crença em qualquer divindade, enquanto o o [[agnosticismo]] é a crença de que a existência de Deus é desconhecida ou incognoscível. Alguns teístas veem o conhecimento sobre Deus como derivado da fé. Deus é frequentemente concebido como a maior entidade existente.<ref name="Swinburne"/> Muitas vezes acredita-se que Deus é a causa de todas as coisas e, portanto, é visto como o criador, [[Deus que sustenta|sustentador]] e governante do universo. Deus é frequentemente considerado incorpóreo e [[Transcendência (religião)|independente]] da criação material,<ref name="Swinburne" /><ref>{{Citar livro|título=Catechism of the Catholic Church|ultimo=Bordwell|primeiro=David|editora=Continuum|ano=2002|páginas=84|isbn=978-0-860-12324-8}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://www.vatican.va/archive/ENG0015/__P17.HTM|titulo=Catechism of the Catholic Church|acessodata=30 de dezembro de 2016|arquivourl=https://web.archive.org/web/20130303003725/https://www.vatican.va/archive/ENG0015/__P17.HTM|arquivodata=3 de março de 2013|urlmorta=dead|via=IntraText}}</ref> enquanto o [[panteísmo]] sustenta que Deus é o próprio universo. Deus às vezes é visto como [[Onibenevolência|onibenevolente]], enquanto o [[deísmo]] sustenta que Deus não está envolvido com a [[humanidade]], sendo separado da sua criação.
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Algumas tradições atribuem significado espiritual à manutenção de alguma forma de relacionamento com Deus, muitas vezes envolvendo atos como [[adoração]] e [[oração]], e o vêem como a fonte de toda [[Obrigação (filosofia)|obrigação moral]].<ref name="Swinburne"/> Deus às vezes é descrito [[Gênero de Deus|sem referência ao gênero]], enquanto outros usam terminologia específica de gênero. Deus é referido por [[Nomes de Deus|nomes diferentes]] dependendo do idioma e da tradição cultural, às vezes com diferentes títulos de Deus usados em referência aos seus vários atributos.<ref name="JE1">{{cite encyclopedia |url=http://www.jewishencyclopedia.com/articles/11305-names-of-god |title=Names of God |last1=Eisenstein |first1=Judah D. |last2=McLaughlin |first2=John F. |date=1906 |encyclopedia=[[Jewish Encyclopedia]] |publisher=Kopelman Foundation |access-date=26 de agosto de 2019}}</ref>
|image3 =Lalita sm.JPG
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== Etimologia ==
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{{AP|Deus (palavra)|Nomes de Deus}}
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[[Ficheiro:Mesha_Stele_(511142469)_(cropped).jpg|miniaturadaimagem| A [[Pedra Moabita|Estela de Mesa]] traz a referência mais antiga conhecida (840&nbsp;AC) ao Deus israelita Yahweh.]]
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O termo ''deus'' tem origem no termo [[Latim|latino]] ''deus'', que significa ''[[divindade]]'' ou ''[[deidade]]''. Os termos latinos ''Deus'' e ''divus'', assim como o [[Língua grega|grego]] διϝος = "divino", descendem do [[Língua protoindo-europeia|Proto-Indo-Europeu]] *''deiwos'' = "brilhante/celeste", termo esse encerrando a mesma [[Radical (linguística)|raiz]] que ''Dyēus'', a divindade principal do [[Religião protoindo-europeia|panteão indo-europeu]], igualmente [[cognato]] do grego Ζευς ([[Zeus]]).<ref>{{citar web |url=https://super.abril.com.br/historia/qual-e-o-significado-original-da-palavra-deus|titulo=Qual é o significado original da palavra “deus”?|editor=[[Superinteressante]]|autor=Alexandre Versignassi|data=22 de junho de 2017|acessodata=27 de abril de 2024}}</ref>


== Concepções gerais ==
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=== Existência ===
|image6 =Amaterasu_cave_crop.jpg
{{Artigo principal|Existência de Deus}}
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{{Vertambém|Teísmo|Ateísmo|Agnosticismo}}
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[[Ficheiro:St-thomas-aquinas.jpg|miniaturadaimagem| [[Tomás de Aquino]] resumiu cinco argumentos principais como provas da existência de Deus (pintura de [[Carlo Crivelli (pintor)|Carlo Crivelli]], 1476).]]
}}
[[Ficheiro:Portrait_of_Sir_Isaac_Newton,_1689.jpg|miniaturadaimagem| [[Isaac Newton]] viu a existência de um Criador necessária no movimento dos objetos astronômicos (pintura de [[Godfrey Kneller]], 1689).]]
'''Deus''' é um conceito de [[Ser Supremo]] presente em diversas [[Religião|religiões]] [[Monoteísmo|monoteístas]], [[Henoteísmo|henoteístas]] ou [[Politeísmo|politeístas]], sendo geralmente definido como o espírito infinito e eterno, criador e preservador do [[Universo]].<ref name="michaelis1">{{Citar web |url=http://michaelis1.locaweb.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=Deus |título=Michaelis Deus - sm (lat Deus) |autor= |obra= |data= |acessodata= |citação=1 O Ser supremo; o espírito infinito e eterno, criador e preservador do Universo. 2 Teol Ente tríplice e uno, infinitamente perfeito, livre e inteligente, criador e regulador do Universo. 3 Cada uma das pessoas da Santíssima Trindade. 4 Indivíduo ou personagem que, por qualidades extraordinárias, se impõe à adoração ou ao amor dos homens. 5 Objeto de um culto, ou de um desejo ardente que se antepõe a todos os outros desejos ou afetos. Cada uma das [[divindade]]s masculinas do politeísmo. Pl: deuses. Fem: Deusa. Deus-dará: na locução adverbial ao deus-dará: à toa, descuidadamente, a esmo, ao acaso. Nem à mão de Deus Padre: por forma nenhuma, apesar de todas as contradições.}}</ref> O conceito de Deus, conforme descrito pelos [[teólogo]]s, geralmente inclui os atributos da [[onisciência]] (todo conhecimento), a [[onipotência]] (poder ilimitado), a [[onipresença]] (presente em todos os lugares), a [[simplicidade divina]] e a existência eterna e necessária. Muitos teólogos também descrevem Deus como sendo [[Onibenevolência|onibenevolente]] (perfeitamente bom) e [[Amor de Deus|amoroso]].
A existência de Deus é tema de debate na [[teologia]], [[filosofia da religião]] e [[cultura popular]].<ref>See e.g. ''The Rationality of Theism'' quoting [[Quentin Smith]] "God is not 'dead' in academia; it returned to life in the late 1960s". They cite "the shift from hostility towards theism in Paul Edwards's ''Encyclopedia of Philosophy'' (1967) to sympathy towards theism in the more recent ''Routledge Encyclopedia of Philosophy''.</ref> Em termos [[Filosofia|filosóficos]], a questão envolve as disciplinas da [[epistemologia]] (a natureza e o âmbito do [[conhecimento]]) e da [[ontologia]] (estudo da natureza do [[Existência|ser]] ou [[Existência|da existência]]) e da teoria do valor (uma vez que algumas definições de Deus incluem "perfeição"). [[Argumento ontológico|Argumentos ontológicos]] referem-se a qualquer argumento a favor da existência de Deus baseado em raciocínio ''a priori,''<ref>{{Citar web|url=https://plato.stanford.edu/entries/ontological-arguments/|titulo=Ontological Arguments|acessodata=27 de dezembro de 2022|publicado=Stanford Encyclopedia of Philosophy}}</ref> sendo seus principais defensores [[Anselmo de Cantuária|Anselmo]] e [[René Descartes]].<ref>{{Citar livro|título=Summa of the Summa|ultimo=Aquinas|primeiro=Thomas|editora=Ignatius Press|ano=1990|editor-sobrenome=Kreeft|editor-nome=Peter|páginas=65–69}}</ref> [[Argumento da causa primeira|Argumentos cosmológicos]],usam conceitos em torno da origem do universo para defender a existência de Deus.<ref name="GEISLER, 2002">[[Norman Geisler]]. ''Argumento Cosmológico''. In: ''Enciclopédia Apologética''. São Paulo: Vida, 2002;</ref>


O ''[[argumento teleológico]]'', também chamado de “argumento da criação”, usa a complexidade do universo como prova da existência de Deus.<ref>{{Citar enciclopédia|url=https://plato.stanford.edu/entries/teleological-arguments/|titulo=Teleological Arguments for God's Existence|data=10 de junho de 2005|enciclopédia=Stanford Encyclopedia of Philosophy}}</ref> Críticos desta linha de pensamento dizem que o [[Universo bem afinado|ajuste fino]] necessário para um universo estável com vida na Terra é ilusório, pois os humanos só são capazes de observar a pequena parte deste universo que conseguiu tornar possível tal observação, chamado de [[princípio antrópico]], e assim não aprenderiam sobre, por exemplo, vida em outros planetas que não ocorreram devido a diferentes [[Constante fundamental|leis da física]].<ref>{{Citar web|url=https://plato.stanford.edu/entries/fine-tuning/|titulo=Fine-Tuning|data=22 de agosto de 2017|acessodata=29 de dezembro de 2022|website=The Stanford Encyclopedia of Philosophy|publicado=Center for the Study of Language and Information (CSLI), Stanford University}}</ref> Os não-teístas argumentam que processos complexos que têm explicações naturais ainda a serem descobertas são referidos ao sobrenatural, fenômeno chamado de [[deus das lacunas]]. Outros teístas, como [[John Henry Newman|John Henry Newman,]] que acreditava que a [[Evolucionismo teísta|evolução teísta]] era aceitável, também criticaram versões do argumento teleológico. <ref>{{Citar periódico |título=A Grammar of Descent: John Henry Newman and the Compatibility of Evolution with Christian Doctrine |periódico=Science and Christian Belief |número=2 |ultimo=Chappell |primeiro=Jonathan |ano=2015 |paginas=180–206 |bibcode= |doi= |pmid= |volume=27}}</ref>
É mais frequentemente descrito como incorpóreo (imaterial)<ref name="Swinburne" /> e sem [[Gênero (sociedade)|gênero]],<ref>David Bordwell, 2002, ''Catechism of the Catholic Church'',Continuum International Publishing {{ISBN|978-0-86012-324-8}} page 84</ref><ref>{{citar web|url=http://www.vatican.va/archive/ENG0015/__P17.HTM |título=Catechism of the Catholic Church – IntraText |publicado= |acessodata=30 de dezembro de 2016 |urlmorta= sim|arquivourl=https://web.archive.org/web/20130303003725/http://www.vatican.va/archive/ENG0015/__P17.HTM |arquivodata=3 de março de 2013 |df= }}</ref> embora muitas religiões descrevam Deus usando a terminologia masculina, através do uso de termos como "Ele" ou "Pai", sendo que algumas religiões (como o [[judaísmo]]) atribuem apenas um "gênero" puramente gramatical a Deus. A incorporeidade e a corporeidade de Deus estão relacionadas a concepções de [[Transcendência (religião)|transcendência]] (estar fora da natureza) e [[imanência]] (estar na natureza, no mundo) de Deus, com posições de síntese como o [[panenteísmo]] e a "transcendência imanente" da [[Burocracia celestial|teologia chinesa]].


O ''[[argumento da beleza]]'' afirma que este universo contém uma beleza especial e que não haveria nenhuma razão particular para isto em relação à neutralidade estética além de Deus.<ref>{{Citar livro|título=The Existence of God|ultimo=Swinburne|primeiro=Richard|editora=Oxford University Press|ano=2004|páginas=190–91|língua=en|isbn=978-0199271689|edição=2}}</ref> Este ponto de vista é contestado pela existência de feiúra no universo<ref>{{Citar livro|título=The existence of God|editora=Watts & Co|edição=1}}</ref> e também pelo argumento de que a beleza não tem realidade objetiva e, portanto, o universo poderia ser visto como feio.<ref>''Minority Report'', H. L. Mencken's Notebooks, Knopf, 1956.</ref>
Deus foi concebido como pessoal ou impessoal. No [[Monoteísmo|pensamento monoteísta]], Deus é o Ser Supremo e principal foco de [[fé]].<ref name="Swinburne">[[Richard Swinburne|Swinburne, R.G.]] "God" in [[Ted Honderich|Honderich, Ted]]. (ed)''The Oxford Companion to Philosophy'', [[Oxford University Press]], 1995.</ref> No [[teísmo]], Deus é o criador e sustentador do Universo, enquanto no [[deísmo]], Deus é o criador, mas não o sustentador do Universo. No [[panteísmo]], Deus é o próprio Universo. No [[ateísmo]], Deus não existe, enquanto é considerado incognoscível no contexto do [[agnosticismo]]. Deus também foi concebido como a fonte de todas as [[Deontologia|obrigações morais]]".<ref name="Swinburne" /> Muitos filósofos notáveis desenvolveram argumentos a favor e contra a [[existência de Deus]].<ref name=Platinga>[[Alvin Plantinga|Platinga, Alvin]]. "God, Arguments for the Existence of", ''Routledge Encyclopedia of Philosophy'', Routledge, 2000.</ref>


O ''[[argumento da moralidade]]'' defende a existência de Deus dada a suposição da existência objetiva da [[Realismo moral|moral]].<ref>{{Citar livro|título=Atheism: A Philosophical Justification|ultimo=Martin, Michael|editora=Temple University Press|ano=1992|páginas=213–214|isbn=978-0877229438}}</ref> Embora proeminentes filósofos não-teístas, como o ateu [[John Mackie|J. L. Mackie,]] concordassem que o argumento é válido, eles discordavam das suas premissas. [[David Hume]] argumentou que não há base para acreditar em verdades morais objetivas, enquanto o biólogo [[Edward Osborne Wilson|E. O. Wilson]] teorizou que os sentimentos de [[moralidade]] são um subproduto da [[seleção natural]] nos humanos e não existiriam independentemente da mente.<ref>{{Citar livro|título=The Blackwell Companion to Natural Theology|ultimo=Craig|primeiro=William Lane|ultimo2=Moreland|primeiro2=J. P.|editora=John Wiley & Sons|ano=2011|língua=en|isbn=978-1444350852}}</ref>
As muitas concepções diferentes de Deus e as reivindicações concorrentes quanto às suas características, objetivos e ações levaram ao desenvolvimento de ideias do [[pandeísmo]]<ref name="Lataster">{{citar livro|autor = [[Raphael Lataster]]|título= There was no Jesus, there is no God: A Scholarly Examination of the Scientific, Historical, and Philosophical Evidence & Arguments for Monotheism|página= 165|ano= 2013|ISBN= 1492234419 }}</ref><ref name ="Dawe">{{citar livro|título= The God Franchise: A Theory of Everything|autor = Alan H. Dawe|ano= 2011|ISBN = 0473201143|página= 48}}</ref> ou de uma filosofia perene, que postula que existe uma verdade teológica subjacente, a qual todas as religiões expressam um entendimento parcial, e a respeito da qual "os devotos nas diversas grandes religiões do mundo são, de fato, adorando o mesmo Deus, mas através de conceitos diferentes que se sobrepõem ou com imagens mentais diferentes Dele."<ref>''Christianity and Other Religions'', by John Hick and Brian Hebblethwaite. 1980. Page 178.</ref>


O ''[[Argumento da moralidade|argumento da consciência]],'' de forma semelhante ao argumento da moralidade, defende a existência de Deus dada a existência de uma [[consciência]] que informa sobre o certo e o errado, mesmo contra os códigos morais prevalecentes. O filósofo [[John Locke]], em vez disso, argumentou que a consciência é uma [[construção social]] e, portanto, poderia levar a contradições morais.<ref>{{Citar livro|título=An Encyclopedia of Philosophy|ultimo=Parkinson|primeiro=G. H. R.|editora=Taylor & Francis|ano=1988|páginas=344–345|língua=en|isbn=978-0415003230}}</ref>
== Etimologia ==
{{Artigo principal|Deus (palavra)}}
[[Imagem:Louvre 042010 01.jpg|miniatura|esquerda|A [[Pedra Moabita]] contém a referência mais antiga conhecida (840&nbsp;AEC) ao Deus Israelita Yahweh.]]


O [[ateísmo]] é, num sentido amplo, a rejeição da [[crença]] na existência de [[Deidade|divindades]].<ref>Nielsen 2013: "Instead of saying that an atheist is someone who believes that it is false or probably false that there is a God, a more adequate characterization of atheism consists in the more complex claim that to be an atheist is to be someone who rejects belief in God for the following reasons ... : for an anthropomorphic God, the atheist rejects belief in God because it is false or probably false that there is a God; for a nonanthropomorphic God ... because the concept of such a God is either meaningless, unintelligible, contradictory, incomprehensible, or incoherent; for the God portrayed by some modern or contemporary theologians or philosophers ... because the concept of God in question is such that it merely masks an atheistic substance – e.g., "God" is just another name for love, or ... a symbolic term for moral ideals."</ref><ref>Edwards 2005: "On our definition, an 'atheist' is a person who rejects belief in God, regardless of whether or not his reason for the rejection is the claim that 'God exists' expresses a false proposition. People frequently adopt an attitude of rejection toward a position for reasons other than that it is a false proposition. It is common among contemporary philosophers, and indeed it was not uncommon in earlier centuries, to reject positions on the ground that they are meaningless. Sometimes, too, a theory is rejected on such grounds as that it is sterile or redundant or capricious, and there are many other considerations which in certain contexts are generally agreed to constitute good grounds for rejecting an assertion."</ref> O [[agnosticismo]], por sua vez, é a visão de que os [[Valor de verdade|valores de verdade]] de certas afirmações - especialmente afirmações [[Metafísica|metafísicas]] e religiosas, como a [[existência de Deus]], do [[Divindade|divino]] ou do [[sobrenatural]] - são desconhecidos e talvez incognoscíveis.<ref>[[Thomas Henry Huxley]], an English biologist, was the first to come up with the word ''agnostic'' in 1869 {{Citar livro|título=Science and Religion: A Very Short Introduction|ultimo=Dixon|primeiro=Thomas|editora=Oxford University Press|ano=2008|localização=Oxford|isbn=978-0199295517}} No entanto, autores anteriores e trabalhos publicados promoveram pontos de vista agnósticos. Eles incluem [[Protágoras]], um filósofo grego do século V [[Era Comum|AEC]]. {{Citar web|url=http://www.iep.utm.edu/p/protagor.htm|titulo=The Internet Encyclopedia of Philosophy – Protagoras (c. 490 – c. 420 BCE)|acessodata=6 de outubro de 2008|arquivourl=https://web.archive.org/web/20081014181706/http://www.iep.utm.edu/p/protagor.htm|arquivodata=14 de outubro de 2008|urlmorta=live}}</ref><ref name="Hepburn">{{Citar enciclopédia|ultimo=Hepburn|primeiro=Ronald W.|titulo=Agnosticism|enciclopédia=The Encyclopedia of Philosophy|publicado=MacMillan Reference US (Gale)|ano=2005|editor-sobrenome=Borchert|editor-nome=Donald M.|pagina=92|isbn=978-0028657806|edição=2nd|volume=1}} (p. 56 in 1967 edition).</ref><ref name="RoweRoutledge">{{Citar enciclopédia|ultimo=Rowe|primeiro=William L.|autorlink=William L. Rowe|url=https://books.google.com/books?id=VQ-GhVWTH84C&q=agnosticism&pg=PA122|titulo=Agnosticism|enciclopédia=Routledge Encyclopedia of Philosophy|publicado=Taylor & Francis|ano=1998|editor-sobrenome=Edward Craig|isbn=978-0415073103}}</ref><ref>{{Citar enciclopédia|titulo=agnostic, agnosticism|publicado=Oxford University Press|ano=2012 |access-date=22 de julho de 2013|edição=3rd}}</ref> O [[teísmo]] geralmente sustenta que Deus existe objetiva e independentemente do pensamento humano e às vezes é usado para se referir a qualquer crença em Deus ou deuses.<ref name="philosofrelGlossthe">{{Citar web|url=http://www.philosophyofreligion.info/definitions.html|titulo=Philosophy of Religion.info – Glossary – Theism, Atheism, and Agonisticism|acessodata=16 de julho de 2008|publicado=Philosophy of Religion.info|arquivourl=https://web.archive.org/web/20080424071443/http://www.philosophyofreligion.info/definitions.html|arquivodata=24 de abril de 2008}}</ref><ref name="TFDtheism">{{Citar web|url=http://www.thefreedictionary.com/theism|titulo=Theism – definition of theism by the Free Online Dictionary, Thesaurus and Encyclopedia|acessodata=16 de julho de 2008|publicado=TheFreeDictionary.com}}</ref>
O termo ''deus'' tem origem no termo [[Latim|latino]] ''deus'', que significa ''[[divindade]]'' ou ''[[deidade]]''. Os termos latinos ''Deus'' e ''divus'', assim como o [[Língua grega|grego]] διϝος = "divino", descendem do [[Língua protoindo-europeia|Proto-Indo-Europeu]] *''deiwos'' = "brilhante/celeste", termo esse encerrando a mesma [[Radical (linguística)|raiz]] que ''Dyēus'', a divindade principal do [[Religião protoindo-europeia|panteão indo-europeu]], igualmente [[cognato]] do grego Ζευς ([[Zeus]]).{{Carece de fontes|data=dezembro de 2016}}


Alguns vêem a existência de Deus como uma questão empírica. [[Richard Dawkins]] afirma que “um universo com um deus seria um tipo de universo completamente diferente de um universo sem um deus, e seria uma diferença científica”.<ref name="Dawkins">{{Citar jornal|ultimo=Dawkins|primeiro=Richard|autorlink=Richard Dawkins|url=http://www.huffingtonpost.com/richard-dawkins/why-there-almost-certainl_b_32164.html|titulo=Why There Almost Certainly Is No God|data=23 de outubro de 2006|acessodata=10 de janeiro de 2007|website=The Huffington Post}}</ref> [[Carl Sagan]] argumentou que a doutrina de um "criador do universo" era difícil de provar ou refutar e que a única descoberta científica concebível que poderia refutar a existência de um criador (não necessariamente um Deus) seria a descoberta de que o universo é infinitamente antigo.<ref>{{Citar livro|título=The Demon Haunted World|ultimo=Sagan|primeiro=Carl|editora=Ballantine Books|ano=1996|localização=New York|isbn=978-0345409461|autorlink=Carl Sagan}}</ref> Alguns teólogos, como [[Alister McGrath]], argumentam que a existência de Deus não é uma questão que possa ser respondida utilizando o [[método científico]].<ref name="mcgrath2005">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=V9dr6167AJ8C|título=Dawkins' God: genes, memes, and the meaning of life|ultimo=McGrath|primeiro=Alister E.|editora=Wiley-Blackwell|ano=2005|isbn=978-1405125390}}</ref> <ref name="barackman2001">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=Jb5aRB7OxWsC|título=Practical Christian Theology: Examining the Great Doctrines of the Faith|ultimo=Barackman|primeiro=Floyd H.|editora=Kregel Academic|ano=2001|isbn=978-0825423802}}</ref>
Na [[Antiguidade Clássica]], o vocábulo em latim era uma referência generalizante a qualquer figura endeusada e adorada pelos [[Paganismo|pagãos]]. Em um mundo dominado pelas religiões abraâmicas, com destaque ao [[cristianismo]], o termo é usado hodiernamente com sentido mais restrito - designando uma e a única deidade - em frases e expressões religiosas como ''Deus sit vobiscum'', variação de ''[[Dominus]] sit vobiscum'', "o Senhor esteja convosco"; no título do hino litúrgico católico ''[[Te Deum]]'', proveniente de ''Te Deum Laudamus'', "A Vós, ó Deus, louvamos". Mesmo na expressão que advém da [[tragédia grega]] ''[[Deus ex machina]]'', de [[Virgílio|Públio Virgílio]], ''Dabit deus his quoque finem'', que pode ser [[Tradução|traduzida]] como "Deus trará um fim a isto", e no grito de guerra utilizado no [[Império Romano]] Tardio e no [[Império Bizantino]], ''nobiscum deus'', "Deus está conosco", assim como o grito das [[cruzadas]] ''[[Deus vult]]'', que, em português, traduz-se por "assim quer Deus", ou "esta é a vontade de Deus", verifica-se o mesmo sentido restrito.{{Carece de fontes|data=dezembro de 2016}}


O [[agnóstico]] [[Stephen Jay Gould]] argumentou que a ciência e a religião não estão em conflito e propôs uma abordagem que divide o mundo da filosofia no que chamou de[[magistérios não-interferentes]],<ref>{{Citar livro|título=Leonardo's Mountain of Clams and the Diet of Worms|ultimo=Gould|primeiro=Stephen J.|editora=Jonathan Cape|ano=1998|isbn=978-0224050432}}</ref> onde questões do [[sobrenatural]], como aquelas relacionadas à [[existência]] e [[natureza]] de Deus, são consideradas [[Metafísica|não]] [[Evidência empírica|empíricas]] e são o domínio próprio da [[teologia]]. Os métodos da ciência deveriam então ser usados para responder a qualquer questão empírica sobre o [[mundo natural]], enquanto a teologia deveria ser usada para responder a questões sobre o sobrenatural e o valor moral. Nesta visão, a aparente falta de qualquer pegada empírica do magistério do sobrenatural nos eventos naturais torna a ciência o único ator no mundo natural.<ref name="Dawkins-Delusion">{{Citar livro|título=The God Delusion|ultimo=Dawkins|primeiro=Richard|editora=Bantam Press|ano=2006|localização=Great Britain|isbn=978-0618680009|autorlink=Richard Dawkins}}</ref> [[Stephen Hawking]] e o co-autor [[Leonard Mlodinow]] afirmam em seu livro de 2010, ''The Grand Design'', que é razoável perguntar quem ou o que criou o universo, mas se a resposta for Deus, então a questão seria meramente desviada para quem criou Deus. Ambos os autores afirmam, no entanto, que é possível responder a estas questões puramente dentro do domínio da ciência e sem invocar seres divinos.<ref>{{Citar livro|url=https://archive.org/details/granddesign0000hawk|título=The Grand Design|ultimo=Hawking|primeiro=Stephen|ultimo2=Mlodinow|primeiro2=Leonard|editora=Bantam Books|ano=2010|língua=en|isbn=978-0553805376}}</ref><ref>Krauss, L. ''A Universe from Nothing''. Free Press, New York. 2012. {{ISBN|978-1451624458}}.</ref>
Em [[latim]], existiam as expressões interjectivas "O Deus meus" e "Mi Deus", delas derivando as expressões portuguesas "(Oh) meu Deus!", "(Ah) meu Deus!" e "Deus meu!". ''Dei'' é uma das formas flexionadas ou [[Declinação (gramática)|declinadas]] de "Deus" no latim. É usada em expressões utilizadas pelo [[Vaticano]], como as organizações católicas apostólicas romanas ''[[Opus Dei]]'' (''Obra de Deus'', sendo obra oriunda de ''opera''), ''[[Agnus Dei]]'' (''Cordeiro de Deus'') e ''[[Dei Gratia]]'' (''Pela Graça de Deus''). Geralmente trata-se do caso genitivo ("de Deus"), mas é também a forma plural primária adicionada à variante ''di''. Existe o outro plural, ''dii'', e a forma feminina ''deae'' ("deusas").{{Carece de fontes|data=dezembro de 2016}}


=== Unidade ===
A palavra Deus, através da forma declinada ''Dei'', é a raiz de [[deísmo]], [[panteísmo]], [[panenteísmo]], e [[politeísmo]], e ironicamente referem-se todas a teorias na qual qualquer figura divina é ausente na intervenção da vida humana. Essa circunstância curiosa originou-se do uso de "deísmo" nos séculos XVII e XVIII como forma contrastante do prevalecente "teísmo". Teísmo é a crença em um Deus [[Divina Providência|providente]] e interferente. Seguidores dessas teorias, e ocasionalmente seguidores do panteísmo, podem vir a usar, em variadas línguas, especialmente no [[Língua inglesa|inglês]], o termo "Deus" ou a expressão "o Deus" (''the God''), para deixar claro de que a entidade discutida não trata-se de um Deus teísta. [[Arthur C. Clarke]] usou-o em seu romance futurista, ''[[3001: The Final Odyssey]]''. Nele, o termo "Deus" substituiu "''God''" no longínquo século XXXI, pois "''God''" veio a ser associado com [[fanatismo religioso]]. A visão religiosa que prevalece em seu mundo fictício é o deísmo. [[Jerônimo de Estridão|São Jerônimo]] traduziu a palavra hebraica ''Elohim'' (אֱלוֹהִים, אלהים) para o latim como Deus.{{Carece de fontes|data=dezembro de 2016}}
{{Artigo principal|Deidade|Monoteísmo|Henoteísmo}}
[[Ficheiro:Escudo-Trinidade-Portugues.svg|miniaturadaimagem|Os [[Trindade (cristianismo)|trinitarianos]] acreditam que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são três pessoas distintas que compartilham uma única natureza ou essência.]]
Uma [[Deidade|divindade]], ou "deus" (com ''d'' [[Caixa alta e caixa baixa|minúsculo]]), refere-se a um ser sobrenatural.<ref name="OBrien">{{Citar livro|url={{google books |plainurl=y |id=_nyHS4WyUKEC}}|título=Encyclopedia of Gender and Society|ultimo=O'Brien|primeiro=Jodi|editora=Sage|ano=2009|localização=Los Angeles, California|língua=en-us|isbn=978-1412909167|acessodata=28 de junho de 2017}}</ref> O [[monoteísmo]] é a crença de que existe apenas uma divindade, referida como “Deus” (com ''d'' maiúsculo). Comparar ou igualar outras entidades a Deus é visto como [[idolatria]] no monoteísmo e muitas vezes é algo fortemente condenado. O [[judaísmo]] é uma das tradições monoteístas mais antigas do mundo.<ref>{{Citar web|url=https://www.bbc.co.uk/religion/religions/judaism/|titulo=BBC – Religion: Judaism|website=www.bbc.co.uk}}</ref> O conceito mais fundamental do [[islamismo]] é ''[[Tawhid|tawhid,]]'' que significa "unidade" ou "singularidade".<ref>{{Citar enciclopédia|ultimo=Gimaret|primeiro=D.|titulo=Allah, Tawhid|enciclopédia=Encyclopædia Britannica Online}}</ref> O primeiro [[Cinco pilares do Islamismo|pilar do Islã]] é um [[Chahada|juramento]] que constitui a base da religião e que os não-muçulmanos que desejam declarar que “não há [[Deidade|divindade]] exceto Deus”.<ref>Mohammad, N. 1985. "The doctrine of jihad: An introduction." ''Journal of Law and Religion'' 3(2): 381–397.</ref> No [[cristianismo]], a [[Trindade (cristianismo)|doutrina da Trindade]] descreve Deus como um só Deus em [[Deus, o Pai|Pai]], [[Deus, o Filho|Filho]] ([[Jesus]]) e [[Espírito Santo]].<ref>{{Citar web|url=http://www.whataboutjesus.com/grace/actions-god-series/what-trinity?page=0,0|titulo=What Is the Trinity?|arquivourl=https://web.archive.org/web/20140219020335/http://www.whataboutjesus.com/grace/actions-god-series/what-trinity?page=0%2C0|arquivodata=19 de fevereiro de 2014|urlmorta=dead}}</ref>


[[Deus no hinduísmo]] é visto de forma diferente por diversas vertentes da religião, sendo que a maioria dos hindus têm fé em uma [[Bramã|realidade suprema]] (''[[Brahman]]'') que pode ser manifestada em várias divindades diferentes. Assim, a religião é por vezes caracterizada como ''monoteísmo polimórfico''.<ref>{{Citar web|ultimo=Lipner|primeiro=Julius|url=https://www.khanacademy.org/humanities/art-asia/beginners-guide-asian-culture/hindu-art-culture/a/hindu-deities|titulo=Hindu deities|data=|acessodata=6 de setembro de 2022}}</ref> O [[henoteísmo]] é a crença e adoração de um único deus por vez, ao mesmo tempo que aceita a validade de adorar outras divindades.<ref>Müller, Max. (1878) ''Lectures on the Origin and Growth of Religion: As Illustrated by the Religions of India.'' London, England: Longmans, Green and Company.</ref> A [[monolatria]] é a crença em uma única divindade digna de adoração enquanto aceita a existência de outras divindades.<ref>{{Citation|last=McConkie|first1=Bruce R.|title=Mormon Doctrine|page=351|year=1979|edition=2nd|place=Salt Lake City, Utah|publisher=Bookcraft}}.</ref>
A palavra pode assumir conotações negativas em algumas conotações. Na [[René Descartes|filosofia cartesiana]], a expressão ''Deus deceptor'' é usada para discutir a possibilidade de um "Deus malévolo" que procura iludir-nos. Esse personagem tem relação com um argumento cético que questiona até onde um demônio ou espírito mau teria êxito na tentativa de impedir ou subverter o nosso conhecimento. Outra é ''deus otiosus'' ("Deus ocioso"), um conceito teológico para descrever a crença num Deus criador que se distancia do mundo e não se envolve em seu funcionamento diário. Um conceito similar é ''[[Deus escondido|Deus absconditus]]'' ("Deus absconso ou escondido") de São Tomás de Aquino. Ambas referem-se a uma divindade cuja existência não é prontamente reconhecida nem através de [[contemplação]] nem via exame ocular de ações divinas ''in loco''. O conceito de ''deus otiosus'' frequentemente sugere um Deus que extenuou-se da ingerência que tinha neste mundo e que foi substituído por deuses mais jovens e ativos que efetivamente se envolvem, enquanto ''deus absconditus'' sugere um Deus que conscientemente abandonou este mundo para ocultar-se alhures.{{Carece de fontes|data=dezembro de 2016}}


=== Transcendência ===
A forma mais antiga de escrita da palavra germânica ''gott'' vem do ''[[Codex Argenteus]]'' cristão do [[século VI]]. A própria palavra inglesa "God" é derivada da [[Proto-germânico|Proto-Germânica]] "''ǥuđan''". A maioria dos linguistas concordam que a forma reconstruída da [[Proto-indo-europeu|Proto-Indo-Europeia]] (ǵhu-tó-m) foi baseada na raiz (ǵhau(ə)-), que significa também "chamar" ou "invocar".<ref>A etimologia ulterior é disputada. À parte a hipótese improvável de adoção de uma língua estrangeira, o OTeut. "ghuba" implica como seu tipo pretérito também "*ghodho-m" ou "*ghodto-m". O anterior não parece admitir explicação; mas o posterior representaria o neutro "pple" da raiz "gheu-". Existem duas raízes arianas da forma requerida ("*g,heu-" with palatal aspirate) uma significando 'invocar' (Skr. "hu") a outra "a derramar, para oferecer sacrifícios" (Skr "hu", Gr. χεηi;ν, OE "geotàn" Yete v). [[Oxford English Dictionary|OED Compact Edition, G, p. 267]]</ref>
{{Artigo principal|Transcendência (religião)|Panteísmo|Panenteísmo}}
A [[Transcendência (religião)|transcendência]] é o aspecto da [[natureza de Deus]] que é completamente independente do universo material e de suas leis físicas. Muitas supostas características de Deus são descritas em termos humanos. [[Anselmo de Cantuária|Anselmo]] pensava que Deus não sentia emoções como raiva ou amor, mas parecia fazê-lo através da nossa compreensão imperfeita. A incongruência de julgar o “ser” contra algo que poderia não existir, levou muitos filósofos medievais a se aproximarem do conhecimento de Deus por meio de atributos negativos, chamados de [[teologia negativa]]. Por exemplo, não se deve dizer que Deus é sábio, mas pode-se dizer que Deus não é ignorante (isto é, de alguma forma, Deus tem algumas propriedades de conhecimento). O teólogo cristão [[Alister McGrath]] escreve que é preciso entender um “deus pessoal” como uma [[analogia]]. “Dizer que Deus é como uma pessoa é afirmar a capacidade divina e a disposição de se relacionar com os outros. Isso não implica que Deus seja humano ou esteja localizado em um ponto específico do universo.”<ref>{{Citar livro|título=Christian Theology: An Introduction|ultimo=McGrath|primeiro=Alister|editora=Blackwell Publishing|ano=2006|isbn=978-1405153607|autorlink=Alister McGrath}}</ref>


O [[panteísmo]] afirma que Deus é o [[universo]] e o universo é Deus e nega que Deus transcenda o universo.<ref>{{Citar web|url=https://stanford.library.sydney.edu.au/archives/spr2008/entries/pantheism/|titulo=Pantheism|data=17 de maio de 2007|acessodata=11 de setembro de 2022|publicado=Stanford Encyclopedia of Philosophy}}</ref> Para o filósofo panteísta [[Baruch Espinoza|Baruch Spinoza]], todo o universo natural é feito de uma substância, Deus, ou seu equivalente, a natureza.<ref>{{Citar livro|título=The Collected Works of Spinoza|ultimo=Curley|primeiro=Edwin M.|editora=Princeton University Press|ano=1985|isbn=978-0691072227}}</ref><ref>{{Citar enciclopédia|url=http://plato.stanford.edu/archives/fall2012/entries/spinoza/|titulo=Baruch Spinoza|data=21 de agosto de 2012|enciclopédia=Stanford Encyclopedia of Philosophy}}</ref> Às vezes, o panteísmo é contestado por não fornecer qualquer explicação significativa de Deus, sendo que o filósofo alemão [[Arthur Schopenhauer|Schopenhauer]] afirma que “o panteísmo é apenas um eufemismo para o ateísmo”.<ref>{{Citar web|url=https://plato.stanford.edu/entries/pantheism/|titulo=Pantheism|data=1 de outubro de 2012|acessodata=18 de novembro de 2022|publicado=Stanford Encyclopedia of Philosophy}}</ref> O [[pandeísmo]] sustenta que Deus era uma entidade separada, mas depois se tornou o universo.<ref name="Dawe">{{Citar livro|título=The God Franchise: A Theory of Everything|ultimo=Dawe|primeiro=Alan H.|editora=Alan H. Dawe|ano=2011|língua=en|isbn=978-0473201142}}
A forma capitalizada ''deus'' foi primeiramente usada na tradução [[Língua gótica|gótica]] ''[[Wulfila]]'' do [[Novo Testamento]], para representar o grego "''Theos''". Na [[língua inglesa]], a capitalização continua a representar uma distinção entre o "God" monoteísta e os "gods" do [[politeísmo]].<ref>{{Citar web |url=http://michaelis1.locaweb.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=Deus |título=Michaelis Deus - sm (lat Deus) |autor= |obra= |data= |acessodata= |citação=1 O Ser supremo; o espírito infinito e eterno, criador e preservador do Universo. 2 Teol Ente tríplice e uno, infinitamente perfeito, livre e inteligente, criador e regulador do Universo. 3 Cada uma das pessoas da Santíssima Trindade. 4 Indivíduo ou personagem que, por qualidades extraordinárias, se impõe à adoração ou ao amor dos homens. 5 Objeto de um culto, ou de um desejo ardente que se antepõe a todos os outros desejos ou afetos. 6 Cada uma das divindades masculinas do politeísmo. Pl: deuses. Fem: Deusa. Deus-dará: na locução adverbial ao deus-dará: à toa, descuidadamente, a esmo, ao acaso. Nem à mão de Deus Padre: por forma nenhuma, apesar de todas as contradições.}}</ref> Apesar das diferenças significativas entre religiões como o [[cristianismo]], [[islamismo]], [[hinduísmo]], a [[fé bahá'í]] e o [[judaísmo]], o termo "God" permanece como uma tradução inglesa comum a todas. O nome pode significar deidades monoteísticas relacionadas ou similares, como no monoteísmo primitivo de [[Aquenáton]] e [[Zoroastrismo]].{{Carece de fontes|data=dezembro de 2016}}
</ref><ref>{{Citar livro|título=This Strange Eventful History: A Philosophy of Meaning|ultimo=Bradley|primeiro=Paul|editora=Algora|ano=2011|língua=en|isbn=978-0875868769}}</ref> O [[panenteísmo]] afirma que Deus contém, mas não é idêntico ao universo.<ref>Culp, John (2013). [http://plato.stanford.edu/cgi-bin/encyclopedia/archinfo.cgi?entry=panentheism "Panentheism,"] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20151016023813/http://plato.stanford.edu/cgi-bin/encyclopedia/archinfo.cgi?entry=panentheism|date=16 de outubro de 2015}} ''Stanford Encyclopedia of Philosophy'', Spring.</ref><ref>{{Citar livro|título=Ultimate Truth, Book 1|ultimo=Rogers|primeiro=Peter C.|editora=AuthorHouse|ano=2009|língua=en|isbn=978-1438979687}}</ref>


=== Nomes ===
=== Criador ===
{{Artigo principal|Nomes de Deus}}
{{Artigo principal|Divindade criadora|Criacionismo}}
[[Ficheiro:Blake_God_Blessing.jpg|miniaturadaimagem|''Deus abençoando o sétimo dia'', pintura em aquarela de 1805 de [[William Blake]]]]


Deus é frequentemente visto como a causa de tudo o que existe. Para os [[Escola pitagórica|pitagóricos]], [[Mônada (filosofia)|Mônada]] referia-se de várias maneiras à divindade.<ref>Fairbanks, Arthur, Ed., "The First Philosophers of Greece". K. Paul, Trench, Trubner. London, England, 1898, p. 145.</ref> [[Platão]] e [[Plotino]] referem-se ao “[[Henologia|Um]]”, que é o primeiro princípio da realidade que está “além” do ser<ref>Dodds, E. R. "The Parmenides of Plato and the Origin of the Neoplatonic 'One'". ''The Classical Quarterly'', Jul–Oct 1928, vol. 22, p. 136.</ref> e é ao mesmo tempo a fonte do universo e o propósito [[Teleologia|teleológico]] de todas as coisas.<ref>{{Citar livro|título="Theism" and Related Categories in the Study of Ancient Religions|ultimo=Brenk|primeiro=Frederick|data= janeiro de 2016|editora=Society for Classical Studies ([[University of Pennsylvania]])|volume=75|localização=[[Filadélfia]]|capitulo=Pagan Monotheism and Pagan Cult|acessodata=5 de novembro de 2022}} [https://samreligions.org/2014/12/30/theism-and-related-categories-in-the-study-of-ancient-religions/ SCS/AIA Annual Meeting] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20220303063811/https://samreligions.org/2014/12/30/theism-and-related-categories-in-the-study-of-ancient-religions/|date=3 de março de 2022}}</ref> [[Aristóteles]] teorizou uma ''[[Motor imóvel|primeira causa não causada]]'' para todo o movimento no universo e a via como perfeitamente bela, imaterial, imutável e indivisível. [[Asseidade]] é a propriedade de não depender de nenhuma causa além de si mesmo para sua existência. [[Avicena]] argumentava que deve haver um "[[Prova do Verdadeiro|''existente necessário'']]" – uma entidade que não pode “não” existir – e que os humanos identificam isto como sendo Deus.<ref>{{Citar enciclopédia|ultimo=Adamson|primeiro=Peter|url=https://books.google.com/books?id=OeVribsJbgUC|titulo=From the necessary existent to God|enciclopédia=Interpreting Avicenna: Critical Essays|publicado=[[Cambridge University Press]]|ano=2013|editor-sobrenome=Adamson|editor-nome=Peter|pagina=170|isbn=978-0521190732}}</ref> A causalidade secundária refere-se a Deus criando as leis do universo que então podem mudar a si mesmas dentro da [[Universo mecânico|estrutura destas leis]]. Além da criação inicial, o [[ocasionalismo]] refere-se à ideia de que o universo não continuaria, por padrão, a existir de um instante para o outro e, portanto, precisaria contar com Deus como [[Deus que sustenta|seu sustentador]]. Embora a [[providência divina]] se refira a qualquer intervenção de Deus, geralmente é usada para se referir à "providência especial", ou seja, quando há uma intervenção extraordinária de Deus, como no caso de [[Milagre|milagres]].<ref>{{Citar web|url=http://www.encyclopedia.com/topic/Providence.aspx#1O101-Providence|titulo=Providence|acessodata=2014-07-17|website=The Concise Oxford Dictionary of World Religions|publicado=Encyclopedia.com}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://www.reasonablefaith.org/creation-providence-and-miracle|titulo=Creation, Providence, and Miracle|acessodata=2014-05-20|publicado=Reasonable Faith}}</ref>
Há muitos nomes para Deus e nomes diferentes são anexados a diferentes ideias culturais sobre sua identidade e atributos. No [[Egito Antigo]], o [[atonismo]], possivelmente a primeira religião monoteísta registrada, esta deidade se chamava [[Aton]],<ref>Jan Assmann, ''Religion and Cultural Memory: Ten Studies'', Stanford University Press 2005, p.59</ref> com base em ser o verdadeiro Ser Supremo e o criador do [[universo]].<ref>M. Lichtheim, ''Ancient Egyptian Literature'', Vol.2, 1980, p.96</ref>
[[Ficheiro:Angelsatmamre-trinity-rublev-1410.jpg|miniaturadaimagem|''Trindade'' ([[Andrei Rublev]])]]
Na [[Bíblia hebraica]] e no judaísmo, "Ele que é", "Eu Sou o Eu Sou", e o tetragrama [[YHWH]] ({{Lang-he|יהוה}}, que significa: "Eu sou quem eu sou", "Ele que existe") são usado como nomes de Deus, enquanto [[Yahweh]] e [[Jeová]] às vezes são usados no [[cristianismo]] como vocalizações de YHWH. Na doutrina cristã da [[Trindade (cristianismo)|Trindade]], Deus, consubstancial em três pessoas, é chamado de [[Deus, o Pai|Pai]], [[Deus, o Filho|Filho]] e [[Espírito Santo]]. No judaísmo, é comum se referir a Deus pelos nomes [[Elohim]] ou [[Adonai]], o último dos quais é acreditado por alguns estudiosos como originário do [[Aton|Aten]] egípcio.<ref name="freud">Freud, S. (1939). Moses and Monotheism: Three Essays.</ref><ref>Gunther Siegmund Stent, ''Paradoxes of Free Will''. [[American Philosophical Society]], DIANE, 2002. 284 pages. Pages 34 – 38. {{ISBN|0-87169-926-5}}</ref><ref>Jan Assmann, ''Moses the Egyptian: The Memory of Egypt in Western Monotheism''. [[Harvard University Press]], 1997. 288 pages. {{ISBN|0-674-58739-1}}</ref><ref>N. Shupak, ''The Monotheism of Moses and the Monotheism of Akhenaten''. Sevivot, 1995.</ref><ref>William F. Albright, ''From the Patriarchs to Moses II. Moses out of Egypt''. The Biblical Archaeologist, Vol. 36, No. 2 (May, 1973), pp. 48–76. doi 10.2307/3211050</ref>


=== Benevolência ===
No [[Islã]], o nome [[Alá]] é usado, apesar dos muçulmanos também terem vários nomes para Deus. No [[hinduísmo]], [[Brâman]] é muitas vezes considerado um conceito [[Monismo|monista]] de Deus.<ref>Pantheism: A Non-Theistic Concept of Deity – Page 136, Michael P. Levine – 2002</ref>
{{Artigo principal|Benevolência|Deísmo}}
O [[deísmo]] sustenta que Deus existe, mas não intervém no mundo além do que foi necessário para criá-lo,<ref name="lemos">{{Citar livro|título=A Neomedieval Essay in Philosophical Theology|ultimo=Lemos|primeiro=Ramon M.|editora=Lexington Books|ano=2001|isbn=978-0739102503}}</ref> como responder orações ou produzir milagres. Os deístas às vezes atribuem isso ao fato de Deus não ter interesse ou não estar ciente da humanidade. Os [[Pandeísmo|pandeístas]] defendem que Deus não intervém porque Deus é o próprio universo.<ref name="Fuller">{{Citar livro|título=Thought: The Only Reality|ultimo=Fuller|primeiro=Allan R.|editora=Dog Ear|ano=2010|língua=en|isbn=978-1608445905}}</ref>


Dos teístas que afirmam que Deus tem interesse na humanidade, a maioria afirma que Deus é [[Omnipotência|onipotente]], [[onisciente]] e [[benevolente]]. Esta crença levanta questões sobre a [[Problema do mal|responsabilidade de Deus pelo mal]] e pelo sofrimento no mundo. O [[disteísmo]], que está relacionado à [[teodiceia]], é uma forma de teísmo que sustenta que Deus não é totalmente bom ou é totalmente malévolo como consequência do [[problema do mal]].<ref name="Stanford">The Stanford Encyclopedia of Philosophy, "[http://plato.stanford.edu/entries/evil The Problem of Evil]", Michael Tooley</ref><ref name="IepEvidential">The Internet Encyclopedia of Philosophy, "[http://www.iep.utm.edu/e/evil-evi.htm The Evidential Problem of Evil]", Nick Trakakis</ref>
Na [[religião tradicional chinesa]], Deus é concebido como o progenitor (primeiro antepassado) do universo, intrínseco e constantemente ordenando. Outras religiões têm nomes para Deus, por exemplo, [[Deus na Fé Bahá'í|Baha]] na [[Fé Bahá'í]],<ref>A Feast for the Soul: Meditations on the Attributes of God:... – Page x, Baháʾuʾlláh, Joyce Watanabe – 2006</ref> [[Waheguru]] no [[sikhismo]],<ref>Philosophy and Faith of Sikhism – Page ix, Kartar Singh Duggal – 1988</ref> e [[Aúra-Masda]] no [[zoroastrismo]].<ref>The Intellectual Devotional: Revive Your Mind, Complete Your Education, and Roam confidently with the cultured class, David S. Kidder, Noah D. Oppenheim, page 364</ref>


== Concepções de Deus ==
=== Onisciência e onipotência ===
{{Artigo principal|Onisciência|Onipotência}}
[[Imagem:Creation of the Sun and Moon face detail.jpg|thumb|180px|Detalhe da [[capela Sistina]]ː [[fresco]] ''Criação do Sol e da Lua'', por [[Michelangelo]] (completado em [[1512]]).]]
A [[onisciência]] é outro atributo muitas vezes atribuído a Deus. Isto implica que Deus sabe como os agentes livres escolherão agir. Se Deus sabe disso, ou o seu [[Livre-arbítrio|livre arbítrio]] pode ser ilusório ou a presciência não implica predestinação, e se Deus não sabe disso, Deus pode não ser onisciente.<ref name="Wierenga">Wierenga, Edward R. "Divine foreknowledge" in Audi, Robert. ''The Cambridge Companion to Philosophy''. [[Cambridge University Press]], 2001.</ref> O [[teísmo aberto]] limita a onisciência de Deus ao argumentar que, devido à natureza do tempo, a onisciência de Deus não significa que a divindade pode prever o futuro, enquanto a [[teologia do processo]] sustenta que Deus não tem [[Imutabilidade (teologia)|imutabilidade]], portanto é afetado por sua criação.<ref>[http://www.theopedia.com/Immutability_of_God The Immutability of God], Theopedia. Acessado em 27 de abril de 2024.</ref>


A [[onipotência]] (todo-poderoso) é um atributo frequentemente atribuído a Deus. O [[Paradoxo da omnipotência|paradoxo da onipotência]] é mais frequentemente enquadrado no exemplo "Será que Deus poderia criar uma pedra tão pesada que nem ele pudesse levantá-la?" pois Deus poderia ser incapaz de criar aquela pedra ou levantá-la e, portanto, não poderia ser onipotente. Isto é frequentemente contestado com variações do argumento de que a onipotência, como qualquer outro atributo atribuído a Deus, só se aplica na medida em que é nobre o suficiente para condizer com Deus e, portanto, Deus não pode mentir ou fazer o que é contraditório, pois isso implicaria se opor.<ref>{{Citar livro|url=|título=Christianity/Islam : perspectives on esoteric ecumenism : a new translation with selected letters.|ultimo=Perry|primeiro=M.|ultimo2=Schuon|primeiro2=F.|ultimo3=Lafouge|primeiro3=J.|editora=World Wisdom|ano=2008|localização=Reino Unido|isbn=978-1933316499}}</ref>
As concepções de Deus variam amplamente. Filósofos e teólogos têm estudado inúmeras concepções de Deus desde o início das civilizações, focando-se sobretudo nas concepções socializadas ou institucionalizadas, já que concepções de Deus formuladas por pessoas individuais usualmente variam tanto que não há claro consenso possível sobre a natureza de Deus.


=== Outros conceitos ===
* As [[religião abraâmica|concepções abraâmicas de Deus]] incluem a visão cristã da [[Santíssima Trindade|Trindade]], a [[definição cabalística de Deus]] do misticismo judaico, e os [[Deus no Islão|conceitos islâmicos de Deus]].
[[Teologia|Teólogos]] do personalismo teísta (a visão defendida por [[René Descartes]], [[Isaac Newton]], [[Alvin Plantinga]], [[Richard Swinburne]], [[William Lane Craig]] e a maioria dos [[Evangelicalismo|evangélicos modernos]]) argumentam que Deus é geralmente a base de todo o ser, imanente e transcendente em toda a realidade, sendo a imanência e a transcendência os contrapletos da personalidade.<ref>{{Citar web|url=http://www.ditext.com/runes/t.html|titulo=www.ditext.com|acessodata=7 de fevereiro de 2018|arquivourl=https://web.archive.org/web/20180204214255/http://www.ditext.com/runes/t.html|arquivodata=4 de fevereiro de 2018|urlmorta=live}}</ref>
* As [[religiões indianas]] diferem no seu ponto de vista do divino: pontos de vista de [[Deus no hinduísmo]] variam de região para região, seita, e de casta, que vão desde as monoteístas até as politeístas; sendo o ponto de vista sobre [[Deus no budismo]] praticamente não teísta.
*Na [[filosofia grega antiga]], [[pré-socráticos]] já supuseram sobre a natureza de um Deus maior, como defendia [[Xenófanes]],{{Nota de rodapé|nota="Um Deus é o maior entre deuses e homens, não sendo em absoluto como mortais em corpo ou em pensamento. Ele vê por completo, pensa por completo, ouve por completo, mas completamente sem trabalho agita todas as coisas pelo pensamento de Sua mente. Sempre Ele permanece no mesmo lugar, não se movendo de qualquer modo, nem sendo dEle viajar para lugares diferentes em momentos diferentes."<ref>Fragmentos 23-26 de Xenófanes. Citados em O'Grady, Patricia. «[https://www.iep.utm.edu/xenoph/#SH3c Thales of Miletus].». Internet Encyclopedia of Philosophy.</ref>}} o conceito de [[Nous]] em [[Anaxágoras]],<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=n1kaVPxXJ4IC&pg=PA85|título=Greek Philosophers as Theologians: The Divine Arche|ultimo=Drozdek|primeiro=Adam|data=2013-05-28|editora=Ashgate Publishing, Ltd.|ano=|local=|páginas=|lingua=en|isbn=978-1-4094-7757-0|acessodata=}}</ref> o Esfero em [[Empédocles]],<ref>Almeida, Nazareno. [https://moodle.ufsc.br/pluginfile.php/1063272/mod_resource/content/1/A%20OPOSI%C3%87%C3%83O%20ENTRE%20HER%C3%81CLITO%20E%20PARM%C3%8ANIDES%20E%20SUA%20RESOLU%C3%87%C3%83O%20EM%20EMP%C3%89DOCLES%2C%20ANAX%C3%81GORAS%20E%20DEM%C3%93CRITO.pdf A Oposição entre Heráclito e Parmênides e sua "Resolução" em Empédocles, Anaxágoras e Demócrito].</ref> o [[Logos]] e a união de opostos em um deus em [[Heráclito]],<ref>{{Citar web|titulo=Heraclitus and the Divine|url=https://www.swarthmore.edu/classics/heraclitus-and-divine|data=2006|acessodata=2020-01-08|lingua=en|publicado=Hapax Legomenon. Swarthmore|ultimo=Peck|primeiro=Jennifer}}</ref> a Deusa do poema de [[Parmênides (diálogo)|Parmênides]].{{Nota de rodapé|nota=Parmênides. Fragmento C/DK12: Pois os círculos mais estreitos tornaram-se cheios de fogo não misturado,
Os externos com noite, ao longo dos quais jorra uma porção de chama.<br/>
E no meio delas está uma deusa, que governa todas as coisas.<br/>
In [https://www.iep.utm.edu/parmenid/ Parmenides of Elea]. [[Internet Encyclopedia of Philosophy]].}} [[Sócrates]] faz referência ao termo singular "''Théos''" tanto nos diálogos de Platão quanto na obra de seu outro discípulo, [[Xenofonte]],<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=A9ZLAQAAQBAJ&pg=PA286|título=The Bloomsbury Companion to Socrates|ultimo=Bussanich|primeiro=John|ultimo2=Smith|primeiro2=Nicholas D.|data=2013-01-03|editora=A&C Black|ano=|local=|páginas=|lingua=en|capitulo=Socrates' Religious Experiences|isbn=978-1-4411-1284-2|acessodata=}}</ref> este último tendo atribuído essa definição em seu ''Memoráveis'': "Aquele que coordena e mantém unido o universo, onde todas as coisas são justas e boas, e as apresenta sempre intactas, sãs e sem idade para nosso uso, e mais rápido do que se pensa para nos servir infalivelmente, é manifesto em suas obras supremas e ainda assim não é visto por nós na ordenação delas".<ref>{{Citar web|titulo=Memorabilia, Livro 4, 3:13|url=http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus:text:1999.01.0208:book=4|obra=www.perseus.tufts.edu|acessodata=2020-01-08|data=|publicado=|ultimo=Xenofonte|primeiro=}}</ref> Platão descreve atributos supremos de uma entidade em [[o Um]],<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=z79O4Euow0kC|título=Plato's Parmenides and Its Heritage: History and Interpretation from the Old Academy to Later Platonism and Gnosticism|ultimo=Turner|primeiro=John Douglas|ultimo2=Corrigan|primeiro2=Kevin|data=2010|editora=Society of Biblical Lit|lingua=en|isbn=978-1-58983-449-1}}</ref> [[demiurgo]] e [[Ideia do Bem]].<ref>{{citar periódico|ultimo=Menn|primeiro=Stephen|data=março de 2003|titulo=Aristotle and Plato on God as Nous and as the Good|url=https://www.philosophie.hu-berlin.de/de/lehrbereiche/antike/mitarbeiter/menn/apongodasnous.pdf|jornal=The Review of Metaphysics|volume=45|numero=3|acessodata=}}</ref> [[Aristóteles]] discute em sua [[Metafísica (Aristóteles)|''Metafísica'']] e ''[[Física]]'' e o conceito de uma [[causa primeira]] e do [[Motor imóvel|Motor Imóvel]]. A noção de [[providência divina]] é abordada por Platão<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=NVKWDwAAQBAJ&pg=PA16|título=Divine Providence in Early Modern Economic Thought|ultimo=Hengstmengel|primeiro=Joost|data=2019-05-01|editora=Routledge|ano=|local=|página=16|páginas=|lingua=en|isbn=978-0-429-51111-0|acessodata=}}</ref> e pelos [[estoicos]].<ref>{{Citar web|titulo=Providence {{!}} theology|url=https://www.britannica.com/topic/Providence-theology|obra=Encyclopædia Britannica|acessodata=2020-01-08|lingua=en}}</ref> O [[platonismo]] e [[neoplatonismo]] influenciaram toda a teologia ocidental posterior nas religiões abraâmicas.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Gerson|primeiro=Lloyd|data=2018|editor-sobrenome=Zalta|editor-nome=Edward N.|titulo=Plotinus|url=https://plato.stanford.edu/archives/fall2018/entries/plotinus/|jornal=|publicado=Metaphysics Research Lab, Stanford University|acessodata=|citacao=The theological traditions of Christianity, Islam, and Judaism all, in their formative periods, looked to ancient Greek philosophy for the language and arguments with which to articulate their religious visions. For all of these, Platonism expressed the philosophy that seemed closest to their own theologies. Plotinus was the principal source for their understanding of Platonism.}}</ref>
* Nos tempos modernos, mais alguns conceitos abstratos foram desenvolvidos, tais como [[teologia do processo]] e [[teísmo aberto]].<ref>{{Citar web|url=http://www.hds.harvard.edu/news/bulletin/articles/does_god_matter.html | título=DOES GOD MATTER? A Social-Science Critique | obra=by Paul Froese and Christopher Bader | acessodata=2007-05-28}}</ref> O filósofo francês contemporâneo [[Michel Henry]] tem proposto entretanto uma [[definição fenomenológica de Deus]] como a essência [[fenomenologia|fenomenológica]] da vida.
* [[Doutrina Espírita|Doutrina espírita]] – Considera Deus a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas, eterno, imutável, imaterial, único, onipotente e soberanamente justo e bom. Reconhecem a inexorabilidade das leis naturais, contudo todas as leis da natureza são leis divinas, pois Deus é seu autor.
* [[Martinismo]] – Nesta doutrina, podemos encontrar no livro ''[[Corpus Hermeticum]]'' a seguinte citação: "vejo [[O Tudo|o Todo]], vejo-me na mente… No céu eu estou, na terra, nas águas, no ar; estou nos animais, nas plantas. Estou no útero, antes do útero, após o útero - estou em todos os lugares."
* [[Teosofia]], baseada numa interpretação não ortodoxa das doutrinas místicas orientais e ocidentais, afirma que o Universo é, em sua essência, espiritual, e o homem é um ser espiritual em progresso evolutivo cujo ápice é conhecer e integrar a Realidade Fundamental, que é Deus.
* Algumas pessoas especulam que Deus ou os deuses são seres extraterrestres. Muitas dessas teorias sustentam que seres inteligentes provenientes de outros planetas visitaram a Terra no passado e influenciaram no desenvolvimento das religiões. Alguns livros, como o livro "[[Eram os Deuses Astronautas?]]" de [[Erich von Däniken]], propõem que tanto os profetas como também os messias foram enviados ao nosso mundo com o objetivo exclusivo de ensinar conceitos morais e encorajar o desenvolvimento da civilização.
* Especula-se também que toda a religiosidade do homem criará no futuro uma entidade chamada Deus, a qual emergirá de uma inteligência artificial. [[Arthur Charles Clarke]], um escritor de ficção científica, disse em uma entrevista que: "Pode ser que nosso destino nesse planeta não seja adorar a Deus, mas sim criá-Lo".
* Vários pensadores de renome e muitos não tão conhecidos especulam que as religiões e mitos são derivados do medo. Medo da morte, medo das doenças, medo das calamidades, medo dos predadores, medo de um "inferno eterno", ou mesmo medo do desconhecido. Com o passar do tempo, essas religiões foram subjugadas sob a tutela das autoridades dominantes, as quais se transformaram em governantes divinos ou enviados pelos deuses. Nessa linha de raciocínio, a religião é vista simplesmente como um meio para se dominar a massa que se vale das fraquezas humanas intrínsecas. [[Napoleão Bonaparte]] disse: "o povo não precisa de Deus, mas precisa de religião"; afirmando em essência que a massa necessita de uma doutrina que lhe discipline e lhe estabeleça um rumo, sendo que Deus é um detalhe meramente secundário, o meio para um fim.


Deus também foi concebido como sendo incorpóreo (imaterial), um ser [[Deus pessoal|pessoal]], a fonte de todas as [[Obrigação (filosofia)|obrigações morais]] e o "maior existente concebível".<ref name="Swinburne"/> Estes atributos foram todos apoiados em vários graus pelos primeiros filósofos teólogos [[judeus]], [[cristãos]] e [[muçulmanos]], como [[Maimônides]],<ref name="Edwards">Edwards, Paul. "God and the philosophers" in Honderich, Ted. (ed)''The Oxford Companion to Philosophy'', [[Oxford University Press]], 1995. {{ISBN|978-1615924462}}.</ref> [[Agostinho de Hipona]] e [[Algazali|Al-Ghazali]],<ref name="Plantinga">[[Alvin Plantinga|Plantinga, Alvin]]. "God, Arguments for the Existence of", ''Routledge Encyclopedia of Philosophy'', Routledge, 2000.</ref> respectivamente.
=== Teísmo ===
No [[Teísmo]], mais especificamente o Teísmo de cunho monoteísta ou monolátrico, Deus é descrito de uma forma personificada, um ser com atributos humanizados e personalidade bem definida. Essas características muitas vezes foram reveladas aos homens através de textos contidos nos [[Livro sagrado|livros sagrados]], quais sejam: o [[Bagavadguitá]], dos hinduístas; o [[Tipitaca]], dos budistas; o [[Tanaque]], dos judeus; o [[Avestá]], dos zoroastrianos; a [[Bíblia]], dos cristãos; o [[Livro de Mórmon]], dos santos dos últimos dias; o [[Alcorão]], dos islâmicos; o [[Guru Granth Sahib]] dos [[siquismo|siquis]]; o [[Kitáb-i-Aqdas]], dos bahá'ís; o [[Evangelho do Monstro do Espaguete Voador]] dos ensinamentos do [[Pastafarianismo]].


== Visões não-teístas ==
Esses livros relatam histórias e fatos envolvendo personagens supostamente escolhidos para testemunhar e transmitir a vontade divina na Terra ao povo de seu tempo, tais como: [[Abraão]] e [[Moisés]], na fé judaica, cristã e islâmica; [[Zoroastro]], na fé zoroastriana; [[Críxena]], na fé hindu; [[Siddhartha Gautama|Buda]], na fé budista; [[Jesus Cristo]], na fé cristã e islâmica; [[Maomé]], na fé islâmica; [[Guru Nanak]], no siquismo, [[Báb]] e [[Bahá'u'lláh]], na fé Bahá'í.


=== Tradições religiosas ===
O teísmo sustenta que Deus existe realmente, objetivamente, e independentemente do pensamento humano, sustenta que Deus criou tudo; que é onipotente e eterno, e é pessoal, interessado, e responde às orações. Afirma que Deus é tanto imanente e transcendente, portanto, Deus é infinito e de alguma forma, presente em todos os acontecimentos do mundo.
O [[jainismo]] geralmente rejeita o [[criacionismo]], sustentando que as substâncias da alma (''Jīva'') são incriadas e que o tempo não tem começo.<ref>Nayanar, Prof. A. Chakravarti (2005). ''Samayasāra of Ācārya Kundakunda''. Gāthā 10.310, New Delhi, India: Today & Tomorrows Printer and Publisher. p. 190.</ref>


Algumas interpretações e tradições do [[budismo]] podem ser concebidas como [[Não-teísmo|não-teístas]]. O [[Deus no budismo|budismo geralmente rejeita a visão monoteísta]] específica de um [[Divindade criadora|Deus Criador]]. O próprio [[Buda]] critica a teoria do [[criacionismo]] nos primeiros textos budistas.<ref>Thera, Narada (2006) ''"The Buddha and His Teachings,"'' Jaico Publishing House. pp. 268–269.</ref><ref>Hayes, Richard P., "Principled Atheism in the Buddhist Scholastic Tradition", ''Journal of Indian Philosophy'', 16:1 (1988: Mar) p. 2.</ref> Além disso, grandes filósofos budistas indianos, como [[Nagarjuna]], [[Vasubandhu]], [[Dharmakirti]] e [[Budagosa|Buddhaghosa]], criticaram consistentemente as visões do Deus Criador apresentadas por pensadores hindus.<ref>Cheng, Hsueh-Li. "Nāgārjuna's Approach to the Problem of the Existence of God" in Religious Studies, Vol. 12, No. 2 (junho de 1976), Cambridge University Press, pp. 207–216.</ref><ref>Hayes, Richard P., "Principled Atheism in the Buddhist Scholastic Tradition", ''Journal of Indian Philosophy'', 16:1 (1988: Mar.).</ref><ref>Harvey, Peter (2019). ''"Buddhism and Monotheism",'' Cambridge University Press. p. 1.</ref> No entanto, como uma religião não-teísta, o budismo deixa ambígua a existência de uma divindade suprema. Há um número significativo de budistas que acreditam em Deus e há um número igualmente grande de que negam a existência de Deus ou não têm certeza sobre o assunto.<ref>{{Citar revista|sobrenome=Khan|primeiro=Razib|data=23 de junho de 2008|título=Buddhists do Believe in God|url=https://www.discovermagazine.com/the-sciences/buddhists-do-believe-in-god|revista=Discover|editora=Kalmbach Publishing}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://www.pewresearch.org/religion/religious-landscape-study/religious-tradition/buddhist/|titulo=Buddhists|website=Pew Research Center|publicado=The Pew Charitable Trusts}}</ref>
A teologia católica sustenta que Deus é [[simplicidade divina|infinitamente simples]], e não está sujeito involuntariamente ao tempo. A maioria dos teístas asseguram que Deus é onipotente, onisciente e benevolente, embora esta crença levante questões acerca da responsabilidade de Deus para com o mal e sofrimento no mundo. Alguns teístas atribuem a Deus uma autoconsciência ou uma proposital limitação da onipotência, onisciência, ou benevolência.


[[Religiões da Ásia Oriental|Religiões taoicas]] como o [[confucionismo]] e o [[taoísmo]] silenciam sobre a existência de deuses criadores. No entanto, mantendo a tradição de veneração dos ancestrais na China, seus adeptos adoram os espíritos de pessoas como [[Confúcio]] e [[Lao Zi|Lao Tzu]] de maneira semelhante a Deus.<ref>{{Citar web|url=https://education.nationalgeographic.org/resource/confucianism/|titulo=Confucianism|website=National Geographic|publicado=National Geographic Society}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://education.nationalgeographic.org/resource/taoism/|titulo=Taoism|website=National Geographic|publicado=National Geographic Society}}</ref>
O [[teísmo aberto]], pelo contrário, afirma que, devido à natureza do tempo, a onisciência de Deus não significa que a divindade pode prever o futuro. O "Teísmo" é por vezes utilizado para se referir, em geral, para qualquer crença em um Deus ou deuses, ou seja, politeísmo ou monoteísmo.<ref name="philosofrelGlossthe">{{Citar web|url=http://www.philosophyofreligion.info/definitions.html|título=Philosophy of Religion.info - Glossary - Theism, Atheism, and Agonisticism|publicado=Philosophy of Religion.info|acessodata=16 de julho de 2008|arquivourl=https://web.archive.org/web/20080424071443/http://www.philosophyofreligion.info/definitions.html|arquivodata=2008-04-24|urlmorta=yes}}</ref><ref name="TFDtheism">{{Citar web|url=http://www.thefreedictionary.com/theism|título=Theism - definiton of thesim by the Free Online Dictionary, Thesaurus and Encyclopedia|publicado=[[TheFreeDictionary]]|acessodata=16 de julho de 2008}}</ref>


=== Antropologia ===
O [[pandeísmo]] e o [[panendeísmo]], respectivamente, combinam as crenças do deísmo com o [[panteísmo]] ou [[panenteísmo]].
{{Artigo principal|Antropologia da religião}}


Alguns [[ateus]] argumentam que um Deus único e onisciente, que se imagina ter criado o universo e que está particularmente atento à vida dos humanos, foi imaginado e embelezado ao longo de gerações.<ref>{{Citar periódico |título=The origins of religion |periódico=Science |número=5954 |ultimo=Culotta |primeiro=E. |ano=2009 |paginas=784–787 |bibcode=2009Sci...326..784C |doi=10.1126/science.326_784 |pmid=19892955 |volume=326}}</ref>
==== Monoteísmo ====
Nas [[Monoteísmo|religiões monoteístas]] atuais, a citarem-se o [[cristianismo]], [[judaísmo]], [[Islão|islamismo]],
[[siquismo]] e a [[fé bahá'í]], o termo ''"Deus"'' refere-se à ideia de um ser supremo, infinito, perfeito, criador do universo, que seria a causa primária e o fim de todas as coisas. Os povos da [[Mesopotâmia]] o chamavam pelo ''Nome'', escrito em [[Língua hebraica|hebraico]] como יהוה (o [[Tetragrama YHVH]]), que quer dizer "Yahweh", que muitos pronunciam em português como "Jeová". Mas, com o tempo, deixaram de pronunciar o seu nome diretamente, apenas se referindo a ele por meio de associações e [[Abreviatura|abreviações]], ou através de [[adjetivo]]s como "O Senhor", "O Salvador", "O Todo-Poderoso", "O Deus Altíssimo", "O Criador" ou "O Supremo", "O Deus de [[Israel]]", ou títulos similares.


Pascal Boyer argumenta que embora exista uma grande variedade de conceitos sobrenaturais encontrados em todo o mundo, em geral, os seres sobrenaturais tendem a se comportar como pessoas. A construção de deuses e espíritos como pessoas é um dos traços mais conhecidos da religião. Ele cita exemplos da [[mitologia grega]], que, em sua opinião, se parece mais com uma [[Soap opera|novela]] moderna do que com outros sistemas religiosos.<ref name="boyer">{{Citar livro|url=https://archive.org/details/religionexplaine00boye|título=Religion Explained|ultimo=Boyer|primeiro=Pascal|editora=Basic Books|ano=2001|localização=New York|páginas=[https://archive.org/details/religionexplaine00boye/page/142 142]–243|isbn=978-0465006960}}</ref>
Um bom exemplo desse tipo de associação entre Deus e suas características ou ações, bem como da expressão do relacionamento dos homens com deus, ainda fazem-se explícitas em alguns nomes e expressões hebraicas, como ''Rafael'', "curado - (''Raf'') - por Deus - (''El'')"; e árabes, por exemplo em "Abdallah", "servo - (''abd'') - de Deus - (''Allah'')".


O autor franco-estadunidense Bertrand du Castel e Timothy Jurgensen demonstram através da formalização que o modelo explicativo de Boyer corresponde à [[epistemologia]] da [[física]] ao postular entidades não diretamente observáveis como intermediários.<ref name="ducasteljurgensen">{{Citar livro|título=Computer Theology|ultimo=du Castel|primeiro=Bertrand|ultimo2=Jurgensen|primeiro2=Timothy M.|editora=Midori Press|ano=2008|localização=Austin, Texas|páginas=221–222|língua=en-us|isbn=978-0980182118}}</ref>
As principais características deste Deus-Supremo seriam: a [[onipotência]]: poder absoluto sobre todas as coisas; a [[onipresença]]: poder de estar presente em todo lugar; a [[onisciência]]: poder de saber tudo; e a [[onibenevolência]]: poder da bondade infinita.


O [[antropólogo]] Stewart Guthrie afirma que as pessoas projetam características humanas em aspectos não humanos do mundo porque isto torna estes aspectos mais familiares. [[Sigmund Freud]] também sugeriu que os conceitos de Deus são projeções do paternas.<ref>{{Citar periódico |url=http://commonsenseatheism.com/wp-content/uploads/2009/09/Barrett-Conceptualizing-a-Nonnatural-Entity.pdf |título=Conceptualizing a Nonnatural Entity: Anthropomorphism in God Concepts |periódico=Cognitive Psychology |número=3 |ultimo=Barrett |primeiro=Justin |ano=1996 |paginas=219–47 |doi=10.1006/cogp.1996.0017 |pmid=8975683 |volume=31}}</ref>
===== Tradição abraâmica =====
Segundo as perspectivas abraâmicas, as doravante enfocadas,<ref>Para outras perspectivas, há nesta mesma enciclopédia diversos artigos específicos. Uma lista com as principais religiões pode ser encontrada sob título "<span dir="auto">[[Lista de religiões e tradições espirituais]]".</span></ref> Deus é, muitas vezes, expressado como o [[Divindade criadora|Criador]] e Senhor do Universo. [[Teologia|Teólogos]] têm relacionado uma variedade de atributos utilizados para estabelecer as várias [[concepções de Deus]]. Os mais comuns entre essas incluem [[onisciência]], [[onipotência]], [[onipresença]], [[Amor (atributo divino)|benevolência]] ou [[Bem (filosofia)|bondade]] perfeita, [[simplicidade divina]], [[Zelo (religião)|zelo]], [[sobrenatural]]idade, [[Transcendência (religião)|transcendentalidade]], [[eternidade]] e existência necessária.


Da mesma forma, [[Émile Durkheim]] foi um dos primeiros a sugerir que os deuses representam uma extensão da vida social humana para incluir seres sobrenaturais. Em linha com este raciocínio, o psicólogo Matt Rossano afirma que quando os humanos começaram a viver em grupos maiores, podem ter criado deuses como forma de impor a [[moralidade]]. Em pequenos grupos, a moralidade pode ser imposta por forças sociais, como [[fofocas]] ou [[reputação]]. No entanto, é muito mais difícil impor a moralidade utilizando forças sociais em grupos muito maiores. Rossano indica que, ao incluir deuses e espíritos sempre vigilantes, os humanos descobriram uma estratégia eficaz para conter o [[egoísmo]] e construir grupos mais cooperativos.<ref name="supernature">{{Citar periódico |url=http://www2.selu.edu/Academics/Faculty/mrossano/recentpubs/Supernaturalizing.pdf |título=Supernaturalizing Social Life: Religion and the Evolution of Human Cooperation |acessodata=25 de junho de 2009 |periódico=Human Nature |número=3 |ultimo=Rossano |primeiro=Matt |ano=2007 |local=Hawthorne, New York |paginas=272–294 |lingua=en-us |doi=10.1007/s12110-007-9002-4 |pmid=26181064 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20120303101304/http://www2.selu.edu/Academics/Faculty/mrossano/recentpubs/Supernaturalizing.pdf |arquivodata=3 de março de 2012 |volume=18}}</ref>
Deus também tem sido compreendido como sendo [[Transcendentalismo|incorpóreo]], um ser intangível com [[Personalidade de Deus|personalidade divina]] e justa; a fonte de toda a [[Moralidade|obrigação moral]]; em suma, o "maior existente".<ref name=Swinburne>[[Richard Swinburne|Swinburne, R.G.]] "God" in [[Ted Honderich|Honderich, Ted]]. (ed)''The Oxford Companion to Philosophy'', [[Oxford University Press]], 1995.</ref>


=== Neurociência e psicologia ===
Tais atributos foram todos, anteriormente, defendidos em diferentes graus pelos filósofos teológicos [[judaísmo|judeus]], [[Cristianismo|cristãos]] e [[Islão|muçulmanos]], incluindo-se, entre eles, [[Rambam]],<ref name=Edwards/> [[Agostinho de Hipona]]<ref name="Edwards">[[Paul Edwards (filósofo)|Edwards, Paul]]. "Deus e os filósofos" em [[Ted Honderich|Honderich, Ted]]. (ed)''The Oxford Companion to Philosophy'', [[Oxford University Press]], 1995.</ref> e [[Al-Ghazali]],<ref name=Plantinga/> respectivamente. Muitos [[filosofia medieval|filósofos medievais]] notáveis desenvolveram [[argumento]]s para a [[existência de Deus]],<ref name=Plantinga/> intencionando, entre outros, elucidar as "aparentes" [[contradição|contradições]] decorrentes de muitos destes atributos quando justapostos.
{{Artigo principal|Experiência religiosa|Psicologia da religião}}


O auto estadunidense [[Sam Harris]] interpretou algumas descobertas da [[neurociência]] para argumentar que Deus é apenas uma entidade imaginária, sem base na realidade.<ref name="Harris, S 2005">Harris, Sam. ''The end of faith''. W. W. Norton and Company, New York. 2005. {{ISBN|0393035158}}.</ref>
==== Henoteísmo / Monolatria ====
O [[Zoroastrismo]] é um exemplo de religião henoteísta e na opinião de alguns estudiosos, monolátrica, uma vez que o deus-criador, [[Zurvan]], não é adorado, mas sim seu filho [[Aúra-Masda]] (o deus que representa o bem), por oposição a seu inimigo, [[Arimã]] (o deus mal). Os filhos de Aúra-Masda também são considerados [[deidade]]s mas não recebem adoração.


Pesquisadores da [[Universidade Johns Hopkins]] que estudam os efeitos da “molécula espiritual” [[Dimetiltriptamina|DMT]], que é tanto uma molécula endógena no cérebro humano quanto a molécula ativa na [[ayahuasca]] [[Droga psicodélica|psicodélica]], descobriram que uma grande maioria dos entrevistados disse que o DMT os colocou em contato com uma “entidade consciente, inteligente, benevolente e sagrada", e descreve interações que exalavam alegria, confiança, amor e bondade. Mais da metade daqueles que anteriormente se identificaram como ateus descreveram algum tipo de crença em um poder superior ou em Deus após a experiência.<ref>{{Citar web|url=https://hub.jhu.edu/magazine/2020/fall/psychedelics-god-atheism/|titulo=A spiritual experience|data=17 de setembro de 2020|acessodata=11 de outubro de 2022}}</ref>
==== Filosofia grega ====
A cultura grega exerceu forte influência sobre a formação da ideia de Deus no Ocidente, a partir da tentativa, desde os seus primórdios, em explicar a ordem do universo e o fato de que ele não se transforme em caos. Inicialmente, a resposta que pareceu mais simples aos pensadores gregos afirmava que o sensível permanece contínuo e integrado por ser a expressão material e diversificada de uma única substância fundamental. [[Parmênides]] e [[Heráclito]], posteriormente, afirmaram que a unidade do mundo não reside no próprio mundo, mas numa instância suprema que, sem ser material e sensível, consiste em ordem e unidade.<ref>{{citar livro|titulo=Nova Enciclopédia Barsa|cidade=São Paulo|autor=Encyclopædia Britannica do Brasil Publicações|ano=1998|volume=5|página=143}}</ref>


Cerca de um quarto das pessoas que sofrem de [[Epilepsia do lobo temporal|convulsões no lobo temporal]] experimentam o que é descrito como uma "experiência religiosa"<ref>{{Citar jornal|ultimo=Sample|primeiro=Ian|url=https://www.theguardian.com/science/2005/feb/24/1|titulo=Tests of faith|data=23 de fevereiro de 2005|acessodata=15 de outubro de 2022|website=The Guardian}}</ref> e podem ficar preocupadas com pensamentos de Deus, mesmo que não fossem assim antes. O neurocientista [[Vilayanur S. Ramachandran|V. S. Ramachandran]] levanta a hipótese de que convulsões no [[lobo temporal]], que está intimamente ligado ao centro emocional do cérebro, o [[sistema límbico]], podem levar as pessoas afetadas a ver até mesmo objetos banais com significado elevado.<ref>{{Citar livro|título=Phantoms in the brain|ultimo=Ramachandran|primeiro=Vilayanur|ultimo2=Blakeslee|primeiro2=Sandra|editora=HarperCollins|ano=1998|localização=New York|páginas=174–187|língua=English|isbn=0688152473|edição=}}</ref>
==== Deísmo ====
{{Artigo principal|Deísmo}}


Psicólogos que estudam sentimentos de [[admiração]] descobriram que os participantes que sentem admiração depois de assistir a cenas de maravilhas naturais tornam-se mais propensos a acreditar em um ser sobrenatural e a ver os eventos como o resultado de um projeto, mesmo quando recebem números gerados aleatoriamente.<ref>{{Citar revista|sobrenome=Kluger|primeiro=Jeffrey|data=27 de novembro de 2013|título=Why There Are No Atheists at the Grand Canyon|url=https://science.time.com/2013/11/27/why-there-are-no-atheists-at-the-grand-canyon/|revista=Time|acessodata=12 de outubro de 2022}}</ref>
==== Panteísmo ====
No [[Panteísmo]], Deus é visto como tudo o que existe,<Ref>{{citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=aw5SBQAAQBAJ&pg=PA142&lpg=PA142&dq=%22Deus+no+pante%C3%ADsmo%22&source=bl&ots=3oiHopuvuT&sig=l5M-j_JIQSFlj3_iDeTdgPApcAo&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwjoouOa3trWAhVLDpAKHeAUBMoQ6AEIUzAK#v=onepage&q=%22Deus%20no%20pante%C3%ADsmo%22&f=false|titulo=Sem Muthemba |autor=Charles Odevan Xavier|acessodata=06/10/2017}}</ref> ou seja o próprio [[Universo]] (ou a [[Natureza]]).<ref>''The New Oxford Dictionary Of English''. 11ª edição. Oxford: Clarendon Press. 1998. p. 1341.</ref> Sendo assim, os panteístas não acreditam num [[deus pessoal]] ou [[antropomorfismo|antropomórfico]], e ainda que existam divergências dentro do panteísmo, as ideias centrais dizem que deus é encontrado em todo o cosmos como uma unidade abrangente.<ref>{{Citar web |url=http://panteismo.no.sapo.pt/panteismo.html |titulo=O que é panteísmo? |acessodata=2017-10-06 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20130327033708/http://panteismo.no.sapo.pt/panteismo.html |arquivodata=2013-03-27 |urlmorta=yes }}</ref>


== Relacionamento com a humanidade ==
A Umbanda segue princípios [[animismo|animistas]] e neo-panteístas, onde Zambi, também chamado Deus, é associado aos diversos elementos da Natureza, descritos como os [[Orixás]] originários do Candomblé, que nada mais seriam, na Umbanda, do que manifestações da presença do próprio Pai Eterno. Ainda na Umbanda neo-panteísta, Deus está presente no mundo e permeia tudo o que nele existe, também podendo ser experimentado como algo impessoal, como a alma do mundo, ou um sistema do mundo.<ref>{{citar web|url=http://www.umbanda.com.br/index.php/component/content/article/14-a-umbanda-2013/o-que-e-umbanda/95-umbanda-religiao-neopanteista|titulo=A Umbanda é uma religião neo-panteísta|acessodata=05/10/2017|autor=umbanda.com.br}}</ref>
[[Ficheiro:Duerer-Prayer.jpg|direita|miniaturadaimagem| ''[[Mãos que Oram (Dürer)|Mãos que Oram,]]'' de [[Albrecht Dürer]]]]


== Existência ==
=== Adoração ===
{{Artigo principal|Existência de Deus}}
{{Artigo principal|Adoração|Oração|Súplica}}
As tradições religiosas teístas muitas vezes exigem a [[adoração]] a Deus e às vezes sustentam que o [[Sentido da vida|propósito da existência]] é adorar a Deus.<ref name="patheos1">{{Citar web|url=http://www.patheos.com/Library/Islam/Beliefs/Human-Nature-and-the-Purpose-of-Existence.html|titulo=Human Nature and the Purpose of Existence|acessodata=29 de janeiro de 2011|publicado=Patheos.com}}</ref> Para abordar a questão de um ser todo-poderoso que exige ser adorado, afirma-se que Deus não precisa nem se beneficia da adoração, mas que a adoração é para o benefício do adorador.<ref>{{Citar web|url=https://www.bbc.co.uk/religion/religions/islam/practices/salat.shtml|titulo=Salat: daily prayers|acessodata=12 de abril de 2022|publicado=BBC}}</ref> [[Mahatma Gandhi|Gandhi]] expressou a opinião de que Deus não precisa de sua súplica e que "a oração não é um pedido. É um anseio da alma. É uma admissão diária da própria fraqueza".<ref>{{Citar livro|título=The Philosophy of Gandhi: A Study of his Basic Ideas|ultimo=Richards|primeiro=Glyn|editora=Routledge|ano=2005|isbn=1135799342}}</ref> Invocar Deus em [[oração]] desempenha um papel significativo entre muitos crentes. Dependendo da tradição, Deus pode ser visto como uma entidade pessoal que só deve ser invocada diretamente, enquanto outras tradições permitem orar a intermediários, como [[Santo|santos]], para interceder em nome de Deus. A oração muitas vezes também inclui [[Súplica|súplicas]], como [[Perdão|pedir perdão]]. Muitas vezes acredita-se que Deus perdoa. Por exemplo, um [[hádice]] islâmico afirma que Deus substituiria uma pessoa sem pecado por alguém que pecasse, mas que se arrependesse.<ref>{{Citar web|url=http://en.islamtoday.net/artshow-426-3787.htm|titulo=Allah would replace you with a people who sin|acessodata=13 de outubro de 2013|publicado=islamtoday.net|arquivourl=https://web.archive.org/web/20131014174102/http://en.islamtoday.net/artshow-426-3787.htm|arquivodata=14 de outubro de 2013|urlmorta=dead}}</ref> O [[sacrifício]] por causa de Deus é outro ato de devoção que inclui [[jejum]] e [[esmola]]. A [[Dhikr|lembrança]] de Deus no dia a dia inclui a menção de interjeições de agradecimento ou frases de adoração, como repetir [[Japa|cânticos]] durante a realização de outras atividades.<ref name=":02">{{cite book|url=https://www.worldcat.org/oclc/50280143|title=The Oxford Dictionary of Islam|date=2003|publisher=Oxford University Press|others=John L. Esposito|isbn=0-19-512558-4|location=Nova York|oclc=50280143}}</ref><ref>{{cite journal|last=Morris|first=Julia|date=2014-03-01|title=Baay Fall Sufi Da'iras: Voicing Identity Through Acoustic Communities|url=https://doi.org/10.1162/AFAR_a_00121|journal=African Arts|volume=47|issue=1|pages=42–53|doi=10.1162/AFAR_a_00121|s2cid=57563314|issn=0001-9933}}</ref>
Há milênios, a questão da existência de Deus foi levantada dentro do pensamento do homem. As principais correntes filosóficas que investigam e procuram dar respostas para a questão são:


=== Salvação ===
* [[Deísmo]] – Doutrina que considera a [[razão]] como a única via capaz de nos assegurar da existência de Deus, rejeitando, para tal fim, o ensinamento ou a prática de qualquer religião organizada. O deísmo é uma postura filosófica-religiosa que admite a existência de um Deus criador, mas rejeita a ideia de [[revelação divina]].
{{Artigo principal|Salvação}}
As tradições religiosas [[Transteísmo|transteístas]] podem acreditar na existência de divindades, mas negam-lhes qualquer significado espiritual. O termo tem sido usado para descrever certas vertentes do [[budismo]],<ref>Rigopoulos, Antonio. ''The Life and Teachings of Sai Baba of Shirdi'' (1993), p. 372; Houlden, J. L. (Ed.), ''Jesus: The Complete Guide'' (2005), p. 390.</ref> [[jainismo]] e [[estoicismo]].<ref>de Gruyter, Walter (1988), ''Writings on Religion'', p. 145.</ref>


Entre as religiões que associam a [[espiritualidade]] ao relacionamento com Deus, há discordância sobre a melhor forma de adoração e qual é o [[Divina Providência|plano de Deus]] para a humanidade. Existem diferentes abordagens para reconciliar as reivindicações contraditórias das [[religiões monoteístas]]. Uma opinião é adotada pelos exclusivistas, que acreditam ser o "povo escolhido" ou ter acesso exclusivo à "verdade absoluta", geralmente por meio de [[Revelação divina|revelação]] ou encontro com o divino, o que os adeptos de outras religiões não teriam. Outra visão é o [[pluralismo religioso]], vertente que normalmente acredita que a sua religião é a correta, mas não nega a verdade parcial de outras religiões. A visão de que todos os teístas realmente adoram o mesmo deus, quer o conheçam ou não, é especialmente enfatizada na [[fé Bahá'í]], no [[hinduísmo]]<ref>See Swami Bhaskarananda, ''Essentials of Hinduism'' (Viveka Press 2002) {{ISBN|1884852041}}.</ref> e no [[siquismo]].<ref>{{Citar web|url=http://www.srigranth.org/servlet/gurbani.gurbani?Action=Page&Param=1350&english=t&id=57718|titulo=Sri Guru Granth Sahib|acessodata=30 de junho de 2011|publicado=Sri Granth}}</ref> A [[Fé bahá'í|Fé Bahá'í]] prega que as [[Manifestação de Deus|manifestações divinas]] incluem grandes profetas e professores de muitas das principais tradições religiosas, como [[Krishna]], [[Buda]], [[Jesus]], [[Zoroastro]], [[Maomé]] e [[Bahá'u'lláh|Bahá'ú'lláh]], além de também pregar a unidade de todas as religiões e se concentrar nestas múltiplas [[Epifania do Senhor|epifanias]] como necessárias para satisfazer as necessidades da humanidade em diferentes momentos da história e para diferentes culturas, e como parte de um esquema de [[Revelação progressiva (Bahá'í)|revelação progressiva]] e educação da humanidade. Um exemplo de visão pluralista no [[cristianismo]] é o [[Teologia da substituição|supersessionismo]], ou seja, a crença de que a religião de alguém é o cumprimento de religiões anteriores. Uma terceira abordagem é o [[Inclusivismo|inclusivismo relativista]], onde todos são vistos como igualmente certos; um exemplo é o [[universalismo]]: a doutrina de que a [[salvação]] está disponível para todos. Uma quarta abordagem é o [[sincretismo]], que mistura diferentes elementos de diferentes religiões.<ref name="FERREIRA, A. B. H. 1986. p. 1">FERREIRA, A. B. H. ''Novo dicionário da língua portuguesa''. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 1 589.</ref>
[[Imagem:Europe belief in god.png|thumb|esquerda|[[Percentagem]] de pessoas que, em 2005, na [[Europa]], afirmaram acreditar em Deus. Os países da [[Europa Oriental]] de maioria [[Igreja Ortodoxa|ortodoxa]] (como [[Grécia]] e [[Roménia]]) ou [[Islão|muçulmana]] ([[Turquia]]) apresentam percentagens mais elevadas.]]


== Epistemologia ==
* [[Teísmo]] – O teísmo é um conceito que surgiu no [[século XVII]].<ref>R. Cudworth, 1678.</ref> Contrapõe-se ao [[ateísmo]], deísmo e [[panteísmo]]. O teísmo sustenta a existência de um Deus (oposto ao ateísmo), ser absoluto transcendental (contra o panteísmo), pessoal, vivo, que atua no mundo através de sua [[Divina Providência|providência]], mantendo-o (contra o deísmo). No teísmo a existência de um Deus pode ser provada pela razão e por evidências empíricas, prescindindo da revelação; mas não a negando, contudo. Seu ramo principal é o teísmo Cristão, que fundamenta sua crença em Deus e na Sua revelação sobrenatural através da Bíblia.
* [[Teísmo agnóstico]] - Existe ainda o teísmo [[agnosticismo|agnóstico]], que é a filosofia que engloba tanto o teísmo quanto o agnosticismo. Um teísta agnóstico é alguém que admite não poder ter conhecimento algum acerca de Deus, mas decide acreditar em Deus mesmo assim. A partir do teísmo se desenvolve a [[teologia]], que é encarada principalmente, mas não exclusivamente, do ponto de vista da [[fé]]. Embora tenha suas raízes no teísmo, pode ser aplicada e desenvolvida no âmbito de todas as [[Religião|religiões]]. Não deve ser confundida com o estudo e codificação dos [[Ritual|rituais]] e legislação de cada credo.
* [[Agnosticismo]] – Dentro da visão agnóstica, não é possível provar racional e cientificamente a existência de Deus, como também é igualmente impossível provar a sua inexistência. O agnóstico pode ser teísta ou ateísta, dependendo da posição pessoal de acreditar (sem certeza) na existência ou não de [[divindade]]s.
* [[Ateísmo]] – O ateísmo engloba tanto a ''negação'' da existência de [[divindade]]s quanto a simples ''ausência da crença'' em sua existência.


=== Fé ===
Em resumo, podem-se distinguir três linhas centrais de pensamento:
{{Artigo principal|Fé|Fideísmo}}
O [[fideísmo]] é a posição de que em certos tópicos, notadamente na [[teologia]], como na [[epistemologia reformada]], a [[fé]] é superior à [[razão]] para chegar às [[verdades]]. Alguns teístas argumentam que há valor no risco de ter fé e que se os argumentos para a [[existência de Deus]] fossem tão racionais como as [[leis da física]], então não haveria risco. Tais teístas muitas vezes argumentam que o coração é atraído pela beleza, verdade e bondade e, portanto, seria melhor para ditar sobre Deus, como ilustrado por [[Blaise Pascal]], que disse: “O coração tem razões que a razão desconhece”.<ref>{{Citar web|ultimo=D’Antuono|primeiro=Matt|url=https://www.ncregister.com/blog/the-heart-has-its-reasons-that-reason-does-not-know|titulo=The Heart Has Its Reasons That Reason Does Not Know|data=1 de agosto de 2022|acessodata=1 de junho de 2023|publicado=National Catholic Register}}</ref> Um [[hádice]] islâmico atribui uma citação a Deus como “Eu sou o que meu escravo pensa de mim”.<ref>{{Citar livro|título=A Treasury of Hadith: A Commentary on Nawawi's Selection of Prophetic Traditions|ultimo=Ibn Daqiq al-'Id|editora=Kube Publishing Limited|ano=2014|isbn=978-1847740694}}</ref> A intuição inerente sobre Deus é referida no islamismo como ''[[fitra]],'' ou “natureza inata”.<ref>{{Citation|last=Hoover|first1=Jon|title=Fiṭra|date=2016-03-02|url=https://referenceworks.brillonline.com/entries/encyclopaedia-of-islam-3/*-COM_27155|access-date=2023-11-13|publisher=Brill|language=en|doi=10.1163/1573-3912_ei3_com_27155}}.</ref> Na tradição [[Confucionismo|confucionista]], [[Confúcio]] e [[Mêncio]] promoveram que a única justificativa para a conduta correta, chamada de "Caminho", é o que é ditado pelo "Céu", um poder superior mais ou menos [[antropomórfico]], e é implantada nos humanos e, portanto, há apenas um fundamento universal para o Caminho.<ref>{{Citar web|url=https://aeon.co/essays/the-influential-confucian-philosopher-you-ve-never-heard-of|titulo=The Second Sage|acessodata=24 de março de 2023|publicado=Aeon}}</ref>


=== Revelação ===
Entre os teístas, além das [[Revelação divina|revelações]] oriundas de livros considerados [[sagrado]]s, como a [[Bíblia]], muitos argumentam que pode-se conhecer ''Deus'' e suas [[qualidade]]s observando a [[natureza]] e suas ''criações''. Argumentam que existem evidências [[ciência|científicas]] suficientes que inequivocamente implicam uma fonte de [[energia]] ilimitada, e que esta seria o criador da [[substância]] do [[universo]]. Alegam que, observando a ordem, o poder e a complexidade da [[Criação (teologia)|criação]], tanto macroscópica quanto microscópica, podem inequivocamente concluir pela existência de Deus. Como exemplo, uma das correntes cristãs que defendem tal posição é a dos protestantes norte-americanos engajados no movimento do [[Desenho Inteligente]]. [[William Dembski]] é um dos defensores dessa linha de pensamento.
{{Artigo principal|Revelação divina|Profeta}}
A [[Revelação divina|revelação]] refere-se a alguma forma de mensagem comunicada por Deus. Geralmente se propõe que isto ocorra através do uso de [[Profeta|profetas]] ou [[Anjo|anjos]]. [[Abu Mançor Almaturidi|Almaturidi]] defendia a necessidade de revelação porque embora os humanos sejam intelectualmente capazes de perceber Deus, o desejo humano pode desviar o intelecto e porque certos tipos de conhecimentos não podem ser conhecido exceto quando dado especialmente aos profetas, como as especificações dos atos de adoração.<ref>Çakmak, Cenap. ''Islam: A Worldwide Encyclopedia'' [4 volumes] ABC-CLIO 2017, {{ISBN|978-1610692175}}, p. 1014.</ref> Argumenta-se que há também aquilo que se sobrepõe entre o que é revelado e o que pode ser derivado. De acordo com o islamismo, uma das primeiras revelações a ser revelada foi: “Se você não sente vergonha, então faça o que quiser”.<ref>{{Citar livro|título=Qur'anic Keywords: A Reference Guide.|ultimo=Siddiqui|primeiro=A. R.|editora=Kube Publishing Limited|ano=2015|páginas=53|isbn=9780860376767}}</ref> O termo [[revelação geral]] é usado para se referir ao conhecimento revelado sobre Deus fora da revelação direta ou [[Revelação especial|especial]], como nas escrituras. Notavelmente, isto inclui o estudo da natureza, às vezes vista como o [[Livro da Natureza]].<ref>{{Citar web|ultimo=Hutchinson|primeiro=Ian|url=http://silas.psfc.mit.edu/Faraday/|titulo=Michael Faraday: Scientist and Nonconformist|data=14 de janeiro de 1996|acessodata=30 de novembro de 2022}}</ref> Uma expressão em árabe afirma: "O Alcorão é um universo que fala. O universo é um Alcorão silencioso".<ref>{{Citar livro|título=Islam and Qur'an|ultimo=Hofmann|primeiro=Murad|editora=Amana publications|ano=2007|páginas=121|isbn=978-1590080474}}</ref>


=== Razão ===
Para vários ateístas e agnósticos, a situação é diferente. Para a maioria desses, a definição de Deus, conforme proposta pelos teístas, se faz por sentença não testável frente ao mundo natural, que segue seu curso seguindo regras inexoráveis; e, nesses termos, Deus é sustentado apenas por [[fé]], não havendo razão física natural que permita decisão racional ou a favor ou contra Sua existência. Citam, não raramente, a fim de corroborar seu posicionamento, a postura similar adotada pela ciência moderna; a de que deus(es) transcende(m) aos "[[Tubo de ensaio|tubos de ensaio]]"; e que, por tal não se pode entrar empiricamente nos "méritos daquEle(s)". Adotam, em essência, o posicionamento definido pela [[Método científico|ciência]], sendo [[Marcelo Gleiser]] um dos defensores dessa linha de pensamento.
{{Artigo principal|Filosofia da religião}}
Em questões de teologia, alguns como [[Richard Swinburne]], assumem uma posição [[Evidencialismo|evidencialista]], onde uma crença só é justificada se tiver uma razão por trás dela, em vez de mantê-la como uma [[Fundacionalismo|crença fundacional]].<ref>{{Cite journal |first=Michael |last=Beaty |year=1991 |title=God Among the Philosophers |url=http://www.religion-online.org/showarticle.asp?title=53 |journal=The Christian Century |access-date=20 de fevereiro de 2007 |urlmorta=dead |archive-url=https://web.archive.org/web/20070109162529/http://www.religion-online.org/showarticle.asp?title=53 |archive-date=9 de janeiro de 2007}}</ref> A teologia tradicionalista islâmica sustenta que não se deve opinar além da revelação para compreender a natureza de Deus e desaprovar racionalizações como a [[Calâm|teologia especulativa]].<ref name=Halverson-36>{{Harvtxt|Halverson|2010|page=[https://archive.org/details/theologycreedsun00halv/page/n44 36]}}.</ref> A físico-teologia fornece argumentos para temas teológicos baseados na razão.<ref>{{Citation |last1=Chignell |first1=Andrew |title=Natural Theology and Natural Religion |date=2020 |url=https://plato.stanford.edu/archives/fall2020/entries/natural-theology/ |encyclopedia=The Stanford Encyclopedia of Philosophy |editor-last=Zalta |editor-first=Edward N. |access-date=2020-10-09 |edition=2020 |publisher=Metaphysics Research Lab, Stanford University |last2=Pereboom |first2=Derk}}.</ref>


== Características específicas ==
Há, ainda, os que vão além, e afirmam que a situação inicial se inverte. Para alguns ateístas a análise fria do universo e do que nele e na [[Terra]] ocorre mostra-nos, claramente, que não há um Deus ou mesmo outra deidade onipotente qualquer atrelados. Segundo essa corrente de pensamento, o universo, se fosse projetado e concebido por um ser onipotente, onisciente, justo e paternal - como geralmente definido pelos teístas -, teria, certamente, características muito distintas das cientificamente observadas. [[Richard Dawkins]] é um dos mais famosos defensores dessa linha de pensamento.


=== Nomes ===
== Abordagens teológicas ==
{{artigo principal|[[Teologia]]}}
{{Artigo principal|Nomes de Deus}}
{{Vertambém|Noventa e nove nomes de Alá}}
[[Ficheiro:Allah_Names_in_Chinese_Arabic_Script.jpg|miniaturadaimagem| [[Noventa e nove nomes de Alá|99 nomes de Alá]], em chinês sini]]
Na tradição [[Tradição judaico-cristã|judaico-cristã]], “a [[Bíblia]] tem sido a principal fonte das concepções de Deus”. O fato de a Bíblia "incluir muitas imagens, conceitos e maneiras diferentes de pensar sobre" Deus resultou em perpétuas "discordâncias sobre como Deus deve ser concebido e compreendido".<ref>Fiorenza, Francis Schüssler and Kaufman, Gordon D., "God", Ch 6, in Taylor, Mark C., ed., ''Critical Terms for Religious Studies'' (University of Chicago, 1998/2008), pp. 136–140.</ref> Ao longo das Bíblias hebraica e cristã há [[Nomes de Deus|nomes para Deus]], que revelou seu nome pessoal como [[YHWH]] (muitas vezes vocalizado como ''[[Yahweh]]'' ou ''[[Jeová]]'').<ref name="Parke-Taylor2006">{{Citar livro|título=Yahweh: The Divine Name in the Bible|ultimo=Parke-Taylor|primeiro=G. H.|data=1 de janeiro de 2006|editora=Wilfrid Laurier University Press|língua=en|isbn=978-0889206526}}</ref> Um deles é ''[[Elohim]]''. Outro é ''[[El Shaddai]]'', traduzido como "Deus Todo-Poderoso".<ref>Gen. 17:1; 28:3; 35:11; Ex. 6:31; Ps. 91:1, 2.</ref> Um terceiro título notável é ''[[El Elyon]]'', que significa "O Deus Supremo".<ref>Gen. 14:19; Ps. 9:2; Dan. 7:18, 22, 25.</ref> Também mencionado nas Bíblias [[Bíblia hebraica|hebraica]] e [[Bíblia|cristã]] está o nome “[[Eu Sou o Que Sou|Eu Sou o que Sou]]”.<ref>Exodus 3:13–15.</ref><ref name="Parke-Taylor2006" />


No islamismo, Deus é descrito e referido no [[Alcorão]] e no [[hádice]] por certos [[Noventa e nove nomes de Alá|nomes ou atributos]], sendo os mais comuns ''Al-Rahman'', que significa "Mais Compassivo" e ''Al-Rahim'', que significa "Mais Misericordioso".<ref name="Ben">{{Citar livro|título=The 99 Beautiful Names for God for All the People of the Book|ultimo=Bentley|primeiro=David|editora=William Carey Library|ano=1999|isbn=978-0878082995}}</ref>
Teólogos e filósofos atribuíram um número de atributos para Deus, incluindo [[onisciência]], [[onipotência]], [[onipresença]], [[Amor (atributo divino)|amor]] perfeito, [[simplicidade]], e [[eternidade]] e de existência necessária. Deus tem sido descrito como [[corpóreo|incorpóreo]], um ser com personalidade, a fonte de todos as [[obrigação moral|obrigações morais]], e concebido como o melhor ser existente.<ref name=Swinburne/> Estes atributos foram todos atribuídos em diferentes graus por acadêmicos [[Judaísmo|judeus]], [[Cristianismo|cristãos]] e [[Islão|muçulmanos]] desde épocas anteriores, incluindo [[Agostinho de Hipona|Santo Agostinho]],<ref name=Edwards/> [[Al-Ghazali]]<ref name=Plantinga>;[[Alvin Plantinga|Plantinga, Alvin]]. "Deus, Argumentos para a existência de"; ''Routledge Enciclopédia de Filosofia'', Routledge, 2000.</ref> e [[Maimônides]].<ref name=Edwards/>


=== Gênero ===
Muitos argumentos desenvolvidos por [[filosofia medieval|filósofos medievais]] para a existência de Deus<ref name=Plantinga/> buscaram compreender as implicações precisas dos atributos divinos. Conciliar alguns desses atributos gerou problemas filosóficos e debates importantes. A exemplo, a onisciência de Deus implica que Deus sabe como agentes livres irão escolher para agir. Se Deus sabe isso, a aparente [[vontade]] deles pode ser ilusória, ou o conhecimento não implica [[predestinação]], e se Deus não sabe, então não é onisciente.<ref name="Wierenga">Wierenga, Edward R. "Divino conhecimento", em [[Robert Audi|Audi, Robert]]. ''The Cambridge Companion to Philosophy''. [[Cambridge University Press]], 2001.</ref>
{{Artigo principal|Gênero de Deus}}
O [[gênero de Deus]] pode ser visto como um aspecto literal ou [[Alegoria|alegórico]] de uma [[Deidade|divindade]] que, na [[filosofia ocidental]] clássica, transcende a forma corporal.<ref>{{Citar livro|url=http://www.newadvent.org/summa/1003.htm|título=Summa Theologica|ultimo=Aquinas|primeiro=Thomas|editora=New Advent|capitulo=First part: Question 3: The simplicity of God: Article 1: Whether God is a body?}}</ref><ref>{{Citar livro|url=https://archive.org/details/confessionsaugu00shedgoog|título=The Confessions of Augustine|editora=Warren F. Draper|ano=1885|editor-sobrenome=Shedd|editor-nome=William G. T.|capitulo=Chapter 7}}</ref> As religiões [[Politeísmo|politeístas]] comumente atribuem um gênero a cada um dos ''deuses'', permitindo que cada um interaja sexualmente com qualquer um dos outros, e talvez até com humanos. Na maioria das religiões [[Monoteísmo|monoteístas]], Deus não tem contraparte com quem se relaciona sexualmente. Assim, na filosofia ocidental clássica, o [[Género|gênero]] desta divindade única é muito provavelmente uma declaração [[Analogia|analógica]] de como os humanos e Deus se dirigem e se relacionam entre si. Ou seja, Deus é visto como criador do mundo e da revelação, o que corresponde ao papel [[Ativo (relação sexual)|ativo]] (em oposição ao [[Passivo (relação sexual)|receptivo]]) nas relações sexuais.<ref name=":1">{{Citar livro|título=Why Matter Matters: Philosophical and Scriptural Reflections on the Sacraments|ultimo=Lang|primeiro=David|ultimo2=Kreeft|primeiro2=Peter|editora=Our Sunday Visitor|ano=2002|capitulo=Why Male Priests?|isbn=978-1931709347}}</ref>


As fontes bíblicas geralmente se referem a Deus usando palavras e simbolismos masculinos ou paternos, exceto em {{Citar bíblia|Genesis||1:26–27|KJV}},<ref>Pagels, Elaine H. [http://holyspirit-shekinah.org/_/what_became_of_god_the_mother-1.htm "What Became of God the Mother? Conflicting Images of God in Early Christianity"] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20101123111512/http://holyspirit-shekinah.org/_/what_became_of_god_the_mother-1.htm|date=23 de novembro de 2010}} Signs, Vol. 2, No. 2 (Winter 1976), pp. 293–303.</ref><ref>{{Citar livro|url=https://archive.org/details/godsexwhatbi00coog/page/175|título=God and Sex. What the Bible Really Says|ultimo=Coogan|primeiro=Michael|editora=Twelve. Hachette Book Group|ano=2010|localização=New York; Boston, Massachusetts|capitulo=6. Fire in Divine Loins: God's Wives in Myth and Metaphor|isbn=978-0446545259|acessodata=5 de maio de 2011|edição=1st}}</ref> {{Citar bíblia|Salmos||123:2–3|KJV|livro=|capítulo=|verso=}} e {{Citar bíblia|Lucas||15:8–10|KJV|livro=|capítulo=|verso=}} (feminino); {{Citar bíblia|Oseias||11:3–4|KJV|livro=|capítulo=|verso=}}, {{Citar bíblia|Deuteronômio||32:18|KJV|livro=|capítulo=|verso=}}, {{Citar bíblia|Isaías||66:13|KJV|livro=|capítulo=|verso=}}, {{Citar bíblia|Isaías||49:15|KJV|livro=|capítulo=|verso=}}, {{Citar bíblia|Isaías||42:14|KJV|livro=|capítulo=|verso=}}, {{Citar bíblia|Salmos||131:2|KJV|livro=|capítulo=|verso=}} (uma mãe); {{Citar bíblia|Deuteronômio||32:11–12|KJV|livro=|capítulo=|verso=}} (uma mãe águia); e {{Citar bíblia|Mateus||23:37|KJV|livro=|capítulo=|verso=}} e {{Citar bíblia|Lucas||13:34|KJV|livro=|capítulo=|verso=}} (uma mãe galinha).
Nos últimos séculos, tem-se visto, na filosofia, vigorosas perguntas acerca dos [[Existência de Deus|argumentos para a existência de Deus]], propostas por filósofos tais como [[Immanuel Kant]], [[David Hume]] e [[Antony Flew]]. Mesmo Kant, embora considerasse que o [[argumento de moralidade]] era válido, fez várias críticas aos usuais argumentos empregados.


No [[siquismo]], [[Deus no siquismo|Deus]] é "Ajuni" (Sem Encarnações), o que significa que Deus não está vinculado a nenhuma forma física. Isto conclui que o Senhor Todo-Poderoso não tem gênero.<ref>{{Citar web|url=http://www.sikhwomen.com/equality/GodsGender.htm|titulo=God's Gender|website=www.sikhwomen.com}}</ref> No entanto, o [[Guru Granth Sahib]] refere-se constantemente a Deus como 'Ele' e 'Pai' (com algumas exceções), normalmente porque o Guru Granth Sahib foi escrito em [[línguas indo-arianas]] do [[norte da Índia]] (mistura de [[Língua panjabi|panjabi]] e [[Sant Bhasha]], [[sânscrito]] com influências do [[Língua persa|persa]]) que não têm gênero neutro. A partir de interpretações sobre a filosofia siquista, pode-se deduzir que Deus é, às vezes, referido como o "Marido das Noivas-Almas", a fim de fazer uma sociedade patriarcal compreender como é o relacionamento com Deus. Além disso, Deus é considerado "Pai, Mãe e Companheiro".<ref>{{Citar web|url=https://www.gurbani.org/articles/webart270.htm|titulo=IS GOD MALE OR FEMALE?|website=www.gurbani.org}}</ref>
A resposta [[teísmo|teísta]] tem sido, usualmente, fundada em argumentos como os de [[Alvin Plantinga]], que afirmam que a fé é "[[epistemologia reformada|adequadamente básica]]", ou em argumentos, como [[Richard Swinburne]], fundados na posição [[empirismo|evidencialista]].<ref>{{citar periódico |nome=Michael |sobrenome=Beaty |ano=1991 |título=God Among the Philosophers |url=http://www.religion-online.org/showarticle.asp?title=53 |jornal=The Christian Century |acessodata=2007-02-20 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20070109162529/http://www.religion-online.org/showarticle.asp?title=53 |arquivodata=2007-01-09 |urlmorta=yes }}</ref> Alguns [[Teísmo|teístas]] concordam que nenhum dos argumentos para a existência de Deus são vinculativos, mas alegam que a [[fé]] não é um produto da [[razão]], mas exige risco. Não haveria risco, dizem, se os argumentos para a existência de Deus fossem tão sólidos quanto as leis da [[lógica]], uma posição assumida por [[Blaise Pascal|Pascal]] bem ao estilo: "O coração tem razões que a razão não conhece."<ref>Pascal, Blaise. ''[[Pensées]]'', 1669.</ref>


=== Representação ===
== Posições científicas e críticas a respeito da ideia de Deus ==
{{Vertambém|Representação de Deus no Cristianismo}}
[[Stephen Jay Gould]] propôs uma abordagem dividindo o mundo da filosofia no que ele chamou de "magistérios não sobrepostos". Nessa visão, as questões do [[sobrenatural]], tais como as relacionadas com a [[existência]] e a [[natureza]] de Deus, são não empíricas e estão no domínio próprio da [[teologia]]. Os métodos da ciência devem ser utilizadas para responder a qualquer questão empírica sobre o mundo natural, e a teologia deve ser usada para responder perguntas sobre o propósito e o valor moral.
[[Ficheiro:Naqsh_i_Rustam._Investiture_d'Ardashir_1.jpg|esquerda|miniaturadaimagem| Ahura Mazda (a representação está à direita, com coroa alta) presenteia [[Artaxes I]] (à esquerda) com o anel da realeza. (Relevo em [[Naqsh-i Rustam|Naqsh-e Rustam]], século III d.C.)]]
No [[zoroastrismo]], durante o início do [[Império Parta]], [[Aúra Masda]] era representado visualmente para que pudesse ser [[Adoração|adorado]]. Esta prática terminou durante o início do [[Império Sassânida]]. A [[iconoclastia]] zoroastrista, que pode ser rastreada até o final do período parta e o início do sassânida, acabou por pôr fim ao uso de todas as imagens de Aúra Masda. No entanto, a divindade continuou a ser simbolizada por uma figura masculina, em pé ou a cavalo, vestido com armadura sassânida.{{Sfn|Boyce|1983|p=686}}


As divindades das [[Oriente Próximo|culturas do Oriente Próximo]] são frequentemente consideradas entidades [[Antropomorfismo|antropomórficas]] que possuem um corpo semelhante ao humano que, no entanto, não é igual a um [[corpo humano]]. Tais corpos eram frequentemente considerados radiantes ou ígneos, de tamanho sobre-humano ou de extrema beleza. A antiga divindade dos [[israelitas]] ([[Javé|Yahweh]]) também era imaginada como uma divindade transcendente, mas ainda assim antropomórfica.<ref name="Transcendent">Williams, Wesley. “A Body Unlike Bodies: Transcendent Anthropomorphism in Ancient Semitic Tradition and Early Islam.” Journal of the American Oriental Society, vol. 129, no. 1, 2009, pp. 19–44. JSTOR, http://www.jstor.org/stable/40593866 {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20221118183524/https://www.jstor.org/stable/40593866|date=18 de novembro de 2022}}. Acessado em 18 de novembro de 2022.</ref> Os humanos não podiam vê-lo, por causa de sua impureza em contraste com a santidade de Yahweh, mas ele era descrito como se irradiasse fogo e luz que poderia matar um humano que olhasse diretamente para ele. Além disso, pessoas mais religiosas ou espirituais tendem a ter menos representações antropomórficas de Deus.<ref name="Shaman">Shaman, Nicholas J.; Saide, Anondah R.; and Richert, Rebekah A. "Dimensional structure of and variation in anthropomorphic concepts of God." Frontiers in psychology 9 (2018): 1425.</ref>
Nessa visão, a percepção de falta de qualquer passo empírico do magistério do sobrenatural para eventos naturais faz da ciência o único ator no mundo natural.<ref>{{citar livro |título=The God Delusion |sobrenome=Dawkins |nome=Richard |autorlink=Richard Dawkins |ano=2006 |editora=Bantam Press |local=Great Britain |isbn=0-618-68000-4}}</ref>


A cosmogonia [[Gnosticismo|gnóstica]] muitas vezes retrata o deus criador do [[Antigo Testamento]] como uma divindade menor e maligna ou [[Demiurgo]], enquanto o deus benevolente superior ou [[Mônada (gnosticismo)|Mônada]] é pensado como algo além da compreensão, tendo luz imensurável, não no tempo ou entre as coisas que existem, mas sim maior do que eles em certo sentido. Diz-se que todas as pessoas têm dentro de si um pedaço de Deus ou uma centelha divina que caiu do mundo imaterial para o mundo material corrupto e está presa a menos que a [[gnose]] seja alcançada.<ref>{{Citar periódico |título=Base Materialism and Gnosticism |data=1930 |periódico=Visions of Excess: Selected Writings, 1927–1939 |ultimo=Bataille |primeiro=Georges |pagina=47}}</ref><ref>{{Citar livro|url=http://gnosis.org/naghamm/apocjn-meyer.html|título=The Gnostic Bible|ultimo=Marvin Meyer|ultimo2=Willis Barnstone|data=30 de junho de 2009|editora=Shambhala Publications|capitulo=The Secret Book of John|acessodata=2021-10-15}}</ref><ref>{{Citar web|ultimo=Denova|primeiro=Rebecca|url=https://www.worldhistory.org/Gnosticism/|titulo=Gnosticism|data=9 de abril de 2021|acessodata=2021-10-15|publicado=World History Encyclopedia}}</ref>
Outro ponto de vista, exposto por [[Richard Dawkins]], é que a existência de Deus é uma questão empírica, com o fundamento de que "um universo com um deus seria um tipo completamente diferente de um universo sem deus, e poderia ser uma diferença científica".<ref name="Dawkins">{{Citar web
|último=Dawkins
|primeiro=Richard
|autorlink=Richard Dawkins
|título=Why There Almost Certainly Is No God
|url=http://www.huffingtonpost.com/richard-dawkins/why-there-almost-certainl_b_32164.html
|acessodata=2007-01-10
|publicado=The Huffington Post}}</ref>


[[Ficheiro:Istanbul,_Hagia_Sophia,_Allah.jpg|miniaturadaimagem|A escrita árabe de "Alá" na [[Santa Sofia|Hagia Sophia]], em [[Istambul]]]]
[[Carl Sagan]] argumentou que a doutrina de um Criador do Universo era difícil de provar ou rejeitar e que a única descoberta científica concebível que poderia trazer desafio seria um universo infinitamente antigo.<ref>{{citar livro |título=The Demon Haunted World p.278 |sobrenome=Sagan |nome=Carl |autorlink=Carl Sagan |ano=1996 |editora=Ballantine Books |local=New York |isbn=0-345-40946-9}}</ref>


No islamismo, os muçulmanos acreditam que Deus ([[Alá]]) está além de toda compreensão e não se parece de forma alguma com nenhuma de suas criações. Os muçulmanos tendem a usar menos antropomorfismo entre os monoteístas.<ref name="Shaman">Shaman, Nicholas J.; Saide, Anondah R.; and Richert, Rebekah A. "Dimensional structure of and variation in anthropomorphic concepts of God." Frontiers in psychology 9 (2018): 1425.</ref> Não são [[Iconodulismo|iconódulos]] e possuem caligrafia religiosa de títulos de Deus em vez de imagens.<ref name=":3">{{Citar livro|título=Searching for Spiritual Unity...Can There Be Common Ground?|ultimo=Lebron|primeiro=Robyn|editora=Crossbooks|ano=2012|isbn=978-1462712625}}</ref>
[[Stephen Hawking]] argumenta que, em vista das recentes descobertas e avanços da ciência, sobretudo na área da [[cosmologia]], a existência de um deus responsável pela existência e pelos eventos do universo mostra-se não apenas desnecessária mas também altamente improvável, para não dizer incompatível.


[[Ficheiro:By Dore, Gustave; La Sainte Trinite.jpg|thumb|''[[Trindade (cristianismo)|La Sainte Trinite]]'', pintura de [[Gustave Doré]] (1866). [[Deus, o Pai]] apresenta o corpo de [[Cristo]], seu [[Filho de Deus|Divino Filho]], com o [[Espírito Santo]] visível como uma pomba no topo da imagem.]]
=== Antropomorfismo ===
{{Artigo principal|[[Antropomorfismo]]}}
[[Pascal Boyer]] argumenta que, embora exista uma grande variedade de conceitos sobrenaturais encontrados ao redor do mundo, em geral seres sobrenaturais tendem a se comportar tanto como as pessoas. A construção de deuses e espíritos como as pessoas é um dos melhores traços conhecidos da religião. Ele cita exemplos de [[mitologia grega]], que é, na sua opinião, mais como uma novela moderna do que outros sistemas religiosos.<ref name="boyer">{{citar livro
|título=Religion Explained,
|isbn=0-465-00696-5
|ano=2001
|sobrenome=Boyer
|nome=Pascal
|autorlink=Pascal Boyer
|url=http://books.google.com/books?id=wreF80OHTicC&pg=PA142&lpg=PA142&dq=boyer+modern+soap+opera&source=web&ots=NxBK3w-s5u&sig=_zo19-nO6z8BS9XPTudCnjH8ybg&hl=en&sa=X&oi=book_result&resnum=2&ct=result#PPA142,M1
| páginas=142–243
|editora=Basic Books
|local=New York
}}</ref> [[Bertrand du Castel]] e [[Timothy Jurgensen]] demonstram através de formalização que o modelo explicativo de Boyer corresponde ao que a [[epistemologia]] física faz ao trabalhar com entidades não diretamente observáveis como intermediários.<ref name="ducasteljurgensen">{{citar livro
|título=Computer Theology,
|isbn=0-9801821-1-5
|editora= Midori Press
|local= Austin, Texas
|ano=2008
|sobrenome= du Castel
|nome= Bertrand
|coautor= Jurgensen, Timothy M.
|autorlink=Bertrand du Castel
| páginas=221–222
}}</ref>


Os primeiros cristãos acreditavam que as palavras do [[Evangelho segundo João|Evangelho de João]] 1:18: "Ninguém jamais viu a Deus" e inúmeras outras declarações deveriam ser aplicadas não apenas a Deus, mas a todas as tentativas de representação dele.<ref name="James Cornwell page 24">Cornwell, James (2009) ''Saints, Signs, and Symbols: The Symbolic Language of Christian Art,'' {{ISBN|081922345X}}. p. 2.</ref> No entanto, representações posteriores são encontradas. Algumas, como a [[Mão de Deus (arte)|Mão de Deus]], são representações emprestadas da arte judaica. Antes do século X, nenhuma tentativa foi feita de usar um ser humano para simbolizar [[Deus, o Pai|Deus, o Pai,]] na [[arte ocidental]].<ref name="James Cornwell page 24" /> No entanto, surgiu a necessidade de ilustrar de alguma forma a presença do Pai, de modo que, através de representações sucessivas, um conjunto de estilos artísticos usando um homem para simbolizar o Pai emergiu gradualmente por volta do século X. Uma justificativa para o uso de um ser humano é a crença de que Deus criou a alma do homem à sua própria imagem (permitindo assim que os humanos transcendessem os outros animais). Parece que quando os primeiros artistas planejaram representar Deus, o Pai, o medo e o espanto os impediram de usar a figura humana como um todo. Normalmente, apenas uma pequena parte seria usada como imagem, geralmente a mão, ou às vezes o rosto, mas raramente um ser humano inteiro. Em muitas imagens, a figura do Filho suplanta a do Pai, de modo que uma porção menor da pessoa do Pai é retratada.<ref name="Adolphe Napoléon Didron pages 169">Didron, Adolphe Napoléon (2003), ''Christian iconography: or The history of Christian art in the middle ages,'' {{ISBN|0-7661-4075-X}}, p. 169.</ref> No século XII, representações de Deus, o Pai, começaram a aparecer em [[Manuscrito iluminado|manuscritos iluminados]] franceses, que, sendo uma forma menos pública, muitas vezes podiam ser mais aventureiros em sua iconografia, e em [[Vitral|vitrais]] de igrejas na [[Inglaterra]]. Inicialmente, a cabeça ou o busto eram geralmente mostrados em alguma forma de moldura de nuvens no topo do espaço da pintura, onde a Mão de Deus havia aparecido anteriormente; o [[Batismo de Jesus|Batismo de Cristo]] na famosa [[Pia batismal da igreja de São Bartolomeu|pia batismal]] de [[Rainer de Huy]] em Liège é um exemplo de 1118 (uma Mão de Deus é usada em outra cena). Gradualmente, a quantidade de símbolos humanos mostrados pode aumentar para uma figura de meio corpo, depois para uma figura de corpo inteiro, geralmente entronizada, como no [[afresco]] de [[Giotto di Bondone|Giotto]] de c. 1305 em [[Pádua]].<ref name="ReferenceA">Arena Chapel, at the top of the triumphal arch, ''God sending out the angel of the Annunciation''. See Schiller, I, figure 15.</ref> No século XIV, a Bíblia de Nápoles trazia uma representação de Deus, o Pai, na [[sarça ardente]]. No início do século XV, as [[Les très riches heures du duc de Berry|Très Riches Heures du Duc de Berry]] tinham um número considerável de símbolos, incluindo uma figura de corpo inteiro idosa, mas alta e elegante, caminhando no [[Jardim do Éden]], que mostram uma diversidade considerável de idades e vestimentas aparentes. As [[Batistério de São João|"Portas do Paraíso" do Batistério de Florença]], de [[Lorenzo Ghiberti]], iniciadas em 1425, usam um símbolo semelhante. O Livro de Horas de Rohan, criado por volta de 1430, também incluía representações de Deus, o Pai, em forma humana de meio corpo, que agora estavam se tornando padrão, e a Mão de Deus se tornando mais rara. No mesmo período, outras obras, como o grande [[Peça de altar|retábulo]] do Gênesis, do pintor de Hamburgo [[Mestre Bertram|Meister Bertram]], continuaram a usar a antiga representação de Cristo como ''[[Logos (cristianismo)|Logos]]'' nas cenas do Gênesis. No século XV, houve uma breve moda de representar todas os três elementos da [[Trindade (cristianismo)|Trindade]] como figuras semelhantes ou idênticas com a aparência habitual de Cristo. Numa [[Pietà]] Trinitária, Deus, o Pai, é muitas vezes simbolizado usando um homem usando uma vestimenta e uma coroa papal, sustentando o Cristo morto em seus braços.<ref>Earls, Irene (1987). ''Renaissance art: a topical dictionary,'' {{ISBN|0313246580}}, pp. 8, 283.</ref> Em 1667, o 43º capítulo do [[Grande Sínodo de Moscou|Grande Concílio de Moscou]] incluiu especificamente a proibição de uma série de representações simbólicas de Deus, o Pai, e do Espírito Santo, o que também resultou na colocação de uma série de outros ícones na lista de proibidos, afetando principalmente representações de estilo ocidental que vinham ganhando espaço nos ícones ortodoxos.<ref>Tarasov, Oleg (2004). ''Icon and devotion: sacred spaces in Imperial Russia,'' {{ISBN|1861891180}}. p. 185.</ref><ref>{{Citar web|url=http://genuineorthodoxchurch.com/moscow_1666.htm|titulo=Council of Moscow – 1666–1667|acessodata=30 de dezembro de 2016}}</ref>
O [[Antropologia|antropólogo]] [[Stewart Elliott Guthrie|Stewart Guthrie]] afirma que as pessoas projetam características humanas sobre os aspectos não humanos do mundo porque isso os torna mais familiares e por tal "compreensíveis". [[Sigmund Freud]] também sugeriu que os conceitos de Deus são projeções de um pai.<ref>{{citar periódico|url=http://www.yale.edu/cogdevlab/People/Lab_Members/Frank/Frank%27s%20papers%20pdfs%20/Frank%27s%20articles/conceptualizingnonnaturalentity.pdf
|formato=PDF|título=Conceptualizing a Nonnatural Entity: Anthropomorphism in God Concepts
|ano=1996
|sobrenome=Barrett
|nome=Justin
}}</ref>

Da mesma forma, [[Émile Durkheim]] foi um dos primeiros a sugerir que os deuses representam uma extensão da vida social humana para incluir os seres sobrenaturais. Em linha com esse raciocínio, o psicólogo [[Matt Rossano]] afirma que quando os humanos começaram a viver em grupos maiores, eles podem ter criado os deuses como um meio de garantir a moralidade. Em pequenos grupos, a moralidade pode ser executada por forças sociais, como a fofoca ou a reputação. No entanto, é muito mais difícil impor a moral usando as forças sociais em grupos muito maiores. Ele indica que, ao incluir sempre deuses e espíritos atentos, os humanos descobriram uma estratégia eficaz para a contenção do egoísmo e a construção de grupos mais cooperativos.<ref>
{{citar periódico
|sobrenome=Rossano
|nome=Matt
|título=Supernaturalizing Social Life: Religion and the Evolution of Human Cooperation
|ano=2007
|url=http://www2.selu.edu/Academics/Faculty/mrossano/recentpubs/Supernaturalizing.pdf|formato=PDF|acessodata=2009-06-25}}</ref>

O [[Anarquismo|anarquista]] [[Mikhail Bakunin]] faz uma crítica à ideia de Deus, posicionando-O como sendo uma ideia criada pelas [[elite]]s - [[rei]]s, senhores de [[Escravidão|escravos]], [[Senhorialismo|senhores feudais]], [[sacerdote]]s, [[Capitalismo|capitalistas]] etc. - que busca justificar a sociedade [[Autoritarismo|autoritária]], projetando, [[Ideologia|ideologicamente]], as relações de dominação para o universo como um todo: Deus como ''senhor'' ou ''rei'', e o universo como ''escravo'' ou ''súdito''. A ideia de Deus serviria, segundo ele, como um mero instrumento de dominação cuja função seria fazer os dominados aceitarem sua exploração como se fosse um fato natural, cósmico e eterno, ou seja, um fato do qual não podem fugir, restando-lhes, apenas, a opção de resignarem-se.<ref>[http://www.culturabrasil.pro.br/deuseoestado.htm Mikhail Bakunin, Deus e o Estado (1882)]</ref>


== Ver também ==
== Ver também ==
{{Col-begin}}
* [[Absoluto]]
{{Col-break}}
;Por religião
*[[Deus no judaísmo]]
*[[Deus no cristianismo]]
*[[Deus no islamismo]]
*[[Deus no siquismo]]
*[[Deus no hinduísmo]]
{{Col-break}}
;Outros
*[[Absoluto]]
*[[Apateísmo]]
*[[Ápeiron]]
*[[Complexo de deus]]
*[[Deidade]]
*[[Semideus]]
*[[Relação entre religião e ciência]]
{{Col-end}}


{{Notas}}
{{referências}}
{{Referências}}


=== Bibliografia ===
{{refbegin|2}}
* {{citation |last=Boyce |first=Mary |chapter=Ahura Mazdā |title=Encyclopaedia Iranica |location=New York |publisher=Routledge & Kegan Paul |year=1983 |volume=1 |pages=684–687}}
* {{cite book |last1=Bunnin |first1=Nicholas |last2=Yu |first2=Jiyuan |title=The Blackwell Dictionary of Western Philosophy |year=2008 |publisher=Blackwells |isbn=978-0470997215 |url=https://books.google.com/books?id=LdbxabeToQYC}}
* Pickover, Cliff, ''The Paradox of God and the Science of Omniscience'', Palgrave/St Martin's Press, 2001. {{ISBN|1403964572}}
* Collins, Francis, ''The Language of God: A Scientist Presents Evidence for Belief'', Free Press, 2006. {{ISBN|0743286391}}
* Miles, Jack, ''God: A Biography'', Vintage, 1996. {{ISBN|0679743685}}
* [[Karen Armstrong|Armstrong, Karen]], ''A History of God: The 4,000-Year Quest of Judaism, Christianity and Islam'', Ballantine Books, 1994. {{ISBN|0434024562}}
* [[Paul Tillich]], ''Systematic Theology'', Vol. 1 (Chicago, Illinois: University of Chicago Press, 1951). {{ISBN|0226803376}}
* {{cite book |last1=Halverson |first1=J. |title=Theology and Creed in Sunni Islam: The Muslim Brotherhood, Ash'arism, and Political Sunnism |year=2010 |publisher=Springer |isbn=978-0230106581 |url=https://books.google.com/books?id=IYzGAAAAQBAJ |language=en}}
* {{cite book |last=Hastings |first=James Rodney |others=John A. Selbie |title=Encyclopedia of Religion and Ethics |edition=Volume 4 of 24 (Behistun (continued) to Bunyan.) |publisher=Kessinger Publishing, LLC |location=Edinburgh, Scotland |year=1925–2003 |isbn=978-0766136731 |url=<!--
|access-date=5 March 2008--> |page=476}}
{{refend}}

== Ligações externas ==
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}}
}}
* [http://www.armatabianca.org/eng/padre.php?sottomenu=4 Conceito de Deus no cristianismo] {{en}}
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* [http://www.islam-info.ch/en/Who_is_Allah.htm Conceito de Deus no islamismo] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20190421081921/http://www.islam-info.ch/en/Who_is_Allah.htm |date=21 de abril de 2019 }} {{en}}

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Revisão das 20h14min de 27 de abril de 2024

 Nota: Se procura outros significados, veja Deus (desambiguação).
Representações de Deus (da esquerda para a direita, de cima para baixo) no cristianismo, islamismo, hinduísmo, siquismo, judaísmo e fé Bahá'í

Nos sistemas de crenças monoteístas, Deus é geralmente visto como o ser supremo, criador e principal objeto da .[1] Nos sistemas de crenças politeístas, um deus é "um espírito ou ser que se acredita ter criado, ou que controla alguma parte do universo ou da vida, motivo pelo qual tal divindade é frequentemente adorada".[2][3] A crença na existência de pelo menos um deus é chamada de teísmo.[4][5]

As concepções de Deus variam consideravelmente. Muitos teólogos e filósofos notáveis desenvolveram argumentos a favor e contra a existência de Deus.[6] O ateísmo rejeita a crença em qualquer divindade, enquanto o o agnosticismo é a crença de que a existência de Deus é desconhecida ou incognoscível. Alguns teístas veem o conhecimento sobre Deus como derivado da fé. Deus é frequentemente concebido como a maior entidade existente.[1] Muitas vezes acredita-se que Deus é a causa de todas as coisas e, portanto, é visto como o criador, sustentador e governante do universo. Deus é frequentemente considerado incorpóreo e independente da criação material,[1][7][8] enquanto o panteísmo sustenta que Deus é o próprio universo. Deus às vezes é visto como onibenevolente, enquanto o deísmo sustenta que Deus não está envolvido com a humanidade, sendo separado da sua criação.

Algumas tradições atribuem significado espiritual à manutenção de alguma forma de relacionamento com Deus, muitas vezes envolvendo atos como adoração e oração, e o vêem como a fonte de toda obrigação moral.[1] Deus às vezes é descrito sem referência ao gênero, enquanto outros usam terminologia específica de gênero. Deus é referido por nomes diferentes dependendo do idioma e da tradição cultural, às vezes com diferentes títulos de Deus usados em referência aos seus vários atributos.[9]

Etimologia

Ver artigos principais: Deus (palavra) e Nomes de Deus
A Estela de Mesa traz a referência mais antiga conhecida (840 AC) ao Deus israelita Yahweh.

O termo deus tem origem no termo latino deus, que significa divindade ou deidade. Os termos latinos Deus e divus, assim como o grego διϝος = "divino", descendem do Proto-Indo-Europeu *deiwos = "brilhante/celeste", termo esse encerrando a mesma raiz que Dyēus, a divindade principal do panteão indo-europeu, igualmente cognato do grego Ζευς (Zeus).[10]

Concepções gerais

Existência

Ver artigo principal: Existência de Deus
Tomás de Aquino resumiu cinco argumentos principais como provas da existência de Deus (pintura de Carlo Crivelli, 1476).
Isaac Newton viu a existência de um Criador necessária no movimento dos objetos astronômicos (pintura de Godfrey Kneller, 1689).

A existência de Deus é tema de debate na teologia, filosofia da religião e cultura popular.[11] Em termos filosóficos, a questão envolve as disciplinas da epistemologia (a natureza e o âmbito do conhecimento) e da ontologia (estudo da natureza do ser ou da existência) e da teoria do valor (uma vez que algumas definições de Deus incluem "perfeição"). Argumentos ontológicos referem-se a qualquer argumento a favor da existência de Deus baseado em raciocínio a priori,[12] sendo seus principais defensores Anselmo e René Descartes.[13] Argumentos cosmológicos,usam conceitos em torno da origem do universo para defender a existência de Deus.[14]

O argumento teleológico, também chamado de “argumento da criação”, usa a complexidade do universo como prova da existência de Deus.[15] Críticos desta linha de pensamento dizem que o ajuste fino necessário para um universo estável com vida na Terra é ilusório, pois os humanos só são capazes de observar a pequena parte deste universo que conseguiu tornar possível tal observação, chamado de princípio antrópico, e assim não aprenderiam sobre, por exemplo, vida em outros planetas que não ocorreram devido a diferentes leis da física.[16] Os não-teístas argumentam que processos complexos que têm explicações naturais ainda a serem descobertas são referidos ao sobrenatural, fenômeno chamado de deus das lacunas. Outros teístas, como John Henry Newman, que acreditava que a evolução teísta era aceitável, também criticaram versões do argumento teleológico. [17]

O argumento da beleza afirma que este universo contém uma beleza especial e que não haveria nenhuma razão particular para isto em relação à neutralidade estética além de Deus.[18] Este ponto de vista é contestado pela existência de feiúra no universo[19] e também pelo argumento de que a beleza não tem realidade objetiva e, portanto, o universo poderia ser visto como feio.[20]

O argumento da moralidade defende a existência de Deus dada a suposição da existência objetiva da moral.[21] Embora proeminentes filósofos não-teístas, como o ateu J. L. Mackie, concordassem que o argumento é válido, eles discordavam das suas premissas. David Hume argumentou que não há base para acreditar em verdades morais objetivas, enquanto o biólogo E. O. Wilson teorizou que os sentimentos de moralidade são um subproduto da seleção natural nos humanos e não existiriam independentemente da mente.[22]

O argumento da consciência, de forma semelhante ao argumento da moralidade, defende a existência de Deus dada a existência de uma consciência que informa sobre o certo e o errado, mesmo contra os códigos morais prevalecentes. O filósofo John Locke, em vez disso, argumentou que a consciência é uma construção social e, portanto, poderia levar a contradições morais.[23]

O ateísmo é, num sentido amplo, a rejeição da crença na existência de divindades.[24][25] O agnosticismo, por sua vez, é a visão de que os valores de verdade de certas afirmações - especialmente afirmações metafísicas e religiosas, como a existência de Deus, do divino ou do sobrenatural - são desconhecidos e talvez incognoscíveis.[26][27][28][29] O teísmo geralmente sustenta que Deus existe objetiva e independentemente do pensamento humano e às vezes é usado para se referir a qualquer crença em Deus ou deuses.[30][31]

Alguns vêem a existência de Deus como uma questão empírica. Richard Dawkins afirma que “um universo com um deus seria um tipo de universo completamente diferente de um universo sem um deus, e seria uma diferença científica”.[32] Carl Sagan argumentou que a doutrina de um "criador do universo" era difícil de provar ou refutar e que a única descoberta científica concebível que poderia refutar a existência de um criador (não necessariamente um Deus) seria a descoberta de que o universo é infinitamente antigo.[33] Alguns teólogos, como Alister McGrath, argumentam que a existência de Deus não é uma questão que possa ser respondida utilizando o método científico.[34] [35]

O agnóstico Stephen Jay Gould argumentou que a ciência e a religião não estão em conflito e propôs uma abordagem que divide o mundo da filosofia no que chamou demagistérios não-interferentes,[36] onde questões do sobrenatural, como aquelas relacionadas à existência e natureza de Deus, são consideradas não empíricas e são o domínio próprio da teologia. Os métodos da ciência deveriam então ser usados para responder a qualquer questão empírica sobre o mundo natural, enquanto a teologia deveria ser usada para responder a questões sobre o sobrenatural e o valor moral. Nesta visão, a aparente falta de qualquer pegada empírica do magistério do sobrenatural nos eventos naturais torna a ciência o único ator no mundo natural.[37] Stephen Hawking e o co-autor Leonard Mlodinow afirmam em seu livro de 2010, The Grand Design, que é razoável perguntar quem ou o que criou o universo, mas se a resposta for Deus, então a questão seria meramente desviada para quem criou Deus. Ambos os autores afirmam, no entanto, que é possível responder a estas questões puramente dentro do domínio da ciência e sem invocar seres divinos.[38][39]

Unidade

Ver artigos principais: Deidade, Monoteísmo e Henoteísmo
Os trinitarianos acreditam que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são três pessoas distintas que compartilham uma única natureza ou essência.

Uma divindade, ou "deus" (com d minúsculo), refere-se a um ser sobrenatural.[40] O monoteísmo é a crença de que existe apenas uma divindade, referida como “Deus” (com d maiúsculo). Comparar ou igualar outras entidades a Deus é visto como idolatria no monoteísmo e muitas vezes é algo fortemente condenado. O judaísmo é uma das tradições monoteístas mais antigas do mundo.[41] O conceito mais fundamental do islamismo é tawhid, que significa "unidade" ou "singularidade".[42] O primeiro pilar do Islã é um juramento que constitui a base da religião e que os não-muçulmanos que desejam declarar que “não há divindade exceto Deus”.[43] No cristianismo, a doutrina da Trindade descreve Deus como um só Deus em Pai, Filho (Jesus) e Espírito Santo.[44]

Deus no hinduísmo é visto de forma diferente por diversas vertentes da religião, sendo que a maioria dos hindus têm fé em uma realidade suprema (Brahman) que pode ser manifestada em várias divindades diferentes. Assim, a religião é por vezes caracterizada como monoteísmo polimórfico.[45] O henoteísmo é a crença e adoração de um único deus por vez, ao mesmo tempo que aceita a validade de adorar outras divindades.[46] A monolatria é a crença em uma única divindade digna de adoração enquanto aceita a existência de outras divindades.[47]

Transcendência

A transcendência é o aspecto da natureza de Deus que é completamente independente do universo material e de suas leis físicas. Muitas supostas características de Deus são descritas em termos humanos. Anselmo pensava que Deus não sentia emoções como raiva ou amor, mas parecia fazê-lo através da nossa compreensão imperfeita. A incongruência de julgar o “ser” contra algo que poderia não existir, levou muitos filósofos medievais a se aproximarem do conhecimento de Deus por meio de atributos negativos, chamados de teologia negativa. Por exemplo, não se deve dizer que Deus é sábio, mas pode-se dizer que Deus não é ignorante (isto é, de alguma forma, Deus tem algumas propriedades de conhecimento). O teólogo cristão Alister McGrath escreve que é preciso entender um “deus pessoal” como uma analogia. “Dizer que Deus é como uma pessoa é afirmar a capacidade divina e a disposição de se relacionar com os outros. Isso não implica que Deus seja humano ou esteja localizado em um ponto específico do universo.”[48]

O panteísmo afirma que Deus é o universo e o universo é Deus e nega que Deus transcenda o universo.[49] Para o filósofo panteísta Baruch Spinoza, todo o universo natural é feito de uma substância, Deus, ou seu equivalente, a natureza.[50][51] Às vezes, o panteísmo é contestado por não fornecer qualquer explicação significativa de Deus, sendo que o filósofo alemão Schopenhauer afirma que “o panteísmo é apenas um eufemismo para o ateísmo”.[52] O pandeísmo sustenta que Deus era uma entidade separada, mas depois se tornou o universo.[53][54] O panenteísmo afirma que Deus contém, mas não é idêntico ao universo.[55][56]

Criador

Ver artigos principais: Divindade criadora e Criacionismo
Deus abençoando o sétimo dia, pintura em aquarela de 1805 de William Blake

Deus é frequentemente visto como a causa de tudo o que existe. Para os pitagóricos, Mônada referia-se de várias maneiras à divindade.[57] Platão e Plotino referem-se ao “Um”, que é o primeiro princípio da realidade que está “além” do ser[58] e é ao mesmo tempo a fonte do universo e o propósito teleológico de todas as coisas.[59] Aristóteles teorizou uma primeira causa não causada para todo o movimento no universo e a via como perfeitamente bela, imaterial, imutável e indivisível. Asseidade é a propriedade de não depender de nenhuma causa além de si mesmo para sua existência. Avicena argumentava que deve haver um "existente necessário" – uma entidade que não pode “não” existir – e que os humanos identificam isto como sendo Deus.[60] A causalidade secundária refere-se a Deus criando as leis do universo que então podem mudar a si mesmas dentro da estrutura destas leis. Além da criação inicial, o ocasionalismo refere-se à ideia de que o universo não continuaria, por padrão, a existir de um instante para o outro e, portanto, precisaria contar com Deus como seu sustentador. Embora a providência divina se refira a qualquer intervenção de Deus, geralmente é usada para se referir à "providência especial", ou seja, quando há uma intervenção extraordinária de Deus, como no caso de milagres.[61][62]

Benevolência

Ver artigos principais: Benevolência e Deísmo

O deísmo sustenta que Deus existe, mas não intervém no mundo além do que foi necessário para criá-lo,[63] como responder orações ou produzir milagres. Os deístas às vezes atribuem isso ao fato de Deus não ter interesse ou não estar ciente da humanidade. Os pandeístas defendem que Deus não intervém porque Deus é o próprio universo.[64]

Dos teístas que afirmam que Deus tem interesse na humanidade, a maioria afirma que Deus é onipotente, onisciente e benevolente. Esta crença levanta questões sobre a responsabilidade de Deus pelo mal e pelo sofrimento no mundo. O disteísmo, que está relacionado à teodiceia, é uma forma de teísmo que sustenta que Deus não é totalmente bom ou é totalmente malévolo como consequência do problema do mal.[65][66]

Onisciência e onipotência

Ver artigos principais: Onisciência e Onipotência

A onisciência é outro atributo muitas vezes atribuído a Deus. Isto implica que Deus sabe como os agentes livres escolherão agir. Se Deus sabe disso, ou o seu livre arbítrio pode ser ilusório ou a presciência não implica predestinação, e se Deus não sabe disso, Deus pode não ser onisciente.[67] O teísmo aberto limita a onisciência de Deus ao argumentar que, devido à natureza do tempo, a onisciência de Deus não significa que a divindade pode prever o futuro, enquanto a teologia do processo sustenta que Deus não tem imutabilidade, portanto é afetado por sua criação.[68]

A onipotência (todo-poderoso) é um atributo frequentemente atribuído a Deus. O paradoxo da onipotência é mais frequentemente enquadrado no exemplo "Será que Deus poderia criar uma pedra tão pesada que nem ele pudesse levantá-la?" pois Deus poderia ser incapaz de criar aquela pedra ou levantá-la e, portanto, não poderia ser onipotente. Isto é frequentemente contestado com variações do argumento de que a onipotência, como qualquer outro atributo atribuído a Deus, só se aplica na medida em que é nobre o suficiente para condizer com Deus e, portanto, Deus não pode mentir ou fazer o que é contraditório, pois isso implicaria se opor.[69]

Outros conceitos

Teólogos do personalismo teísta (a visão defendida por René Descartes, Isaac Newton, Alvin Plantinga, Richard Swinburne, William Lane Craig e a maioria dos evangélicos modernos) argumentam que Deus é geralmente a base de todo o ser, imanente e transcendente em toda a realidade, sendo a imanência e a transcendência os contrapletos da personalidade.[70]

Deus também foi concebido como sendo incorpóreo (imaterial), um ser pessoal, a fonte de todas as obrigações morais e o "maior existente concebível".[1] Estes atributos foram todos apoiados em vários graus pelos primeiros filósofos teólogos judeus, cristãos e muçulmanos, como Maimônides,[71] Agostinho de Hipona e Al-Ghazali,[6] respectivamente.

Visões não-teístas

Tradições religiosas

O jainismo geralmente rejeita o criacionismo, sustentando que as substâncias da alma (Jīva) são incriadas e que o tempo não tem começo.[72]

Algumas interpretações e tradições do budismo podem ser concebidas como não-teístas. O budismo geralmente rejeita a visão monoteísta específica de um Deus Criador. O próprio Buda critica a teoria do criacionismo nos primeiros textos budistas.[73][74] Além disso, grandes filósofos budistas indianos, como Nagarjuna, Vasubandhu, Dharmakirti e Buddhaghosa, criticaram consistentemente as visões do Deus Criador apresentadas por pensadores hindus.[75][76][77] No entanto, como uma religião não-teísta, o budismo deixa ambígua a existência de uma divindade suprema. Há um número significativo de budistas que acreditam em Deus e há um número igualmente grande de que negam a existência de Deus ou não têm certeza sobre o assunto.[78][79]

Religiões taoicas como o confucionismo e o taoísmo silenciam sobre a existência de deuses criadores. No entanto, mantendo a tradição de veneração dos ancestrais na China, seus adeptos adoram os espíritos de pessoas como Confúcio e Lao Tzu de maneira semelhante a Deus.[80][81]

Antropologia

Ver artigo principal: Antropologia da religião

Alguns ateus argumentam que um Deus único e onisciente, que se imagina ter criado o universo e que está particularmente atento à vida dos humanos, foi imaginado e embelezado ao longo de gerações.[82]

Pascal Boyer argumenta que embora exista uma grande variedade de conceitos sobrenaturais encontrados em todo o mundo, em geral, os seres sobrenaturais tendem a se comportar como pessoas. A construção de deuses e espíritos como pessoas é um dos traços mais conhecidos da religião. Ele cita exemplos da mitologia grega, que, em sua opinião, se parece mais com uma novela moderna do que com outros sistemas religiosos.[83]

O autor franco-estadunidense Bertrand du Castel e Timothy Jurgensen demonstram através da formalização que o modelo explicativo de Boyer corresponde à epistemologia da física ao postular entidades não diretamente observáveis como intermediários.[84]

O antropólogo Stewart Guthrie afirma que as pessoas projetam características humanas em aspectos não humanos do mundo porque isto torna estes aspectos mais familiares. Sigmund Freud também sugeriu que os conceitos de Deus são projeções do paternas.[85]

Da mesma forma, Émile Durkheim foi um dos primeiros a sugerir que os deuses representam uma extensão da vida social humana para incluir seres sobrenaturais. Em linha com este raciocínio, o psicólogo Matt Rossano afirma que quando os humanos começaram a viver em grupos maiores, podem ter criado deuses como forma de impor a moralidade. Em pequenos grupos, a moralidade pode ser imposta por forças sociais, como fofocas ou reputação. No entanto, é muito mais difícil impor a moralidade utilizando forças sociais em grupos muito maiores. Rossano indica que, ao incluir deuses e espíritos sempre vigilantes, os humanos descobriram uma estratégia eficaz para conter o egoísmo e construir grupos mais cooperativos.[86]

Neurociência e psicologia

O auto estadunidense Sam Harris interpretou algumas descobertas da neurociência para argumentar que Deus é apenas uma entidade imaginária, sem base na realidade.[87]

Pesquisadores da Universidade Johns Hopkins que estudam os efeitos da “molécula espiritual” DMT, que é tanto uma molécula endógena no cérebro humano quanto a molécula ativa na ayahuasca psicodélica, descobriram que uma grande maioria dos entrevistados disse que o DMT os colocou em contato com uma “entidade consciente, inteligente, benevolente e sagrada", e descreve interações que exalavam alegria, confiança, amor e bondade. Mais da metade daqueles que anteriormente se identificaram como ateus descreveram algum tipo de crença em um poder superior ou em Deus após a experiência.[88]

Cerca de um quarto das pessoas que sofrem de convulsões no lobo temporal experimentam o que é descrito como uma "experiência religiosa"[89] e podem ficar preocupadas com pensamentos de Deus, mesmo que não fossem assim antes. O neurocientista V. S. Ramachandran levanta a hipótese de que convulsões no lobo temporal, que está intimamente ligado ao centro emocional do cérebro, o sistema límbico, podem levar as pessoas afetadas a ver até mesmo objetos banais com significado elevado.[90]

Psicólogos que estudam sentimentos de admiração descobriram que os participantes que sentem admiração depois de assistir a cenas de maravilhas naturais tornam-se mais propensos a acreditar em um ser sobrenatural e a ver os eventos como o resultado de um projeto, mesmo quando recebem números gerados aleatoriamente.[91]

Relacionamento com a humanidade

Mãos que Oram, de Albrecht Dürer

Adoração

Ver artigos principais: Adoração, Oração e Súplica

As tradições religiosas teístas muitas vezes exigem a adoração a Deus e às vezes sustentam que o propósito da existência é adorar a Deus.[92] Para abordar a questão de um ser todo-poderoso que exige ser adorado, afirma-se que Deus não precisa nem se beneficia da adoração, mas que a adoração é para o benefício do adorador.[93] Gandhi expressou a opinião de que Deus não precisa de sua súplica e que "a oração não é um pedido. É um anseio da alma. É uma admissão diária da própria fraqueza".[94] Invocar Deus em oração desempenha um papel significativo entre muitos crentes. Dependendo da tradição, Deus pode ser visto como uma entidade pessoal que só deve ser invocada diretamente, enquanto outras tradições permitem orar a intermediários, como santos, para interceder em nome de Deus. A oração muitas vezes também inclui súplicas, como pedir perdão. Muitas vezes acredita-se que Deus perdoa. Por exemplo, um hádice islâmico afirma que Deus substituiria uma pessoa sem pecado por alguém que pecasse, mas que se arrependesse.[95] O sacrifício por causa de Deus é outro ato de devoção que inclui jejum e esmola. A lembrança de Deus no dia a dia inclui a menção de interjeições de agradecimento ou frases de adoração, como repetir cânticos durante a realização de outras atividades.[96][97]

Salvação

Ver artigo principal: Salvação

As tradições religiosas transteístas podem acreditar na existência de divindades, mas negam-lhes qualquer significado espiritual. O termo tem sido usado para descrever certas vertentes do budismo,[98] jainismo e estoicismo.[99]

Entre as religiões que associam a espiritualidade ao relacionamento com Deus, há discordância sobre a melhor forma de adoração e qual é o plano de Deus para a humanidade. Existem diferentes abordagens para reconciliar as reivindicações contraditórias das religiões monoteístas. Uma opinião é adotada pelos exclusivistas, que acreditam ser o "povo escolhido" ou ter acesso exclusivo à "verdade absoluta", geralmente por meio de revelação ou encontro com o divino, o que os adeptos de outras religiões não teriam. Outra visão é o pluralismo religioso, vertente que normalmente acredita que a sua religião é a correta, mas não nega a verdade parcial de outras religiões. A visão de que todos os teístas realmente adoram o mesmo deus, quer o conheçam ou não, é especialmente enfatizada na fé Bahá'í, no hinduísmo[100] e no siquismo.[101] A Fé Bahá'í prega que as manifestações divinas incluem grandes profetas e professores de muitas das principais tradições religiosas, como Krishna, Buda, Jesus, Zoroastro, Maomé e Bahá'ú'lláh, além de também pregar a unidade de todas as religiões e se concentrar nestas múltiplas epifanias como necessárias para satisfazer as necessidades da humanidade em diferentes momentos da história e para diferentes culturas, e como parte de um esquema de revelação progressiva e educação da humanidade. Um exemplo de visão pluralista no cristianismo é o supersessionismo, ou seja, a crença de que a religião de alguém é o cumprimento de religiões anteriores. Uma terceira abordagem é o inclusivismo relativista, onde todos são vistos como igualmente certos; um exemplo é o universalismo: a doutrina de que a salvação está disponível para todos. Uma quarta abordagem é o sincretismo, que mistura diferentes elementos de diferentes religiões.[102]

Epistemologia

Ver artigos principais: e Fideísmo

O fideísmo é a posição de que em certos tópicos, notadamente na teologia, como na epistemologia reformada, a é superior à razão para chegar às verdades. Alguns teístas argumentam que há valor no risco de ter fé e que se os argumentos para a existência de Deus fossem tão racionais como as leis da física, então não haveria risco. Tais teístas muitas vezes argumentam que o coração é atraído pela beleza, verdade e bondade e, portanto, seria melhor para ditar sobre Deus, como ilustrado por Blaise Pascal, que disse: “O coração tem razões que a razão desconhece”.[103] Um hádice islâmico atribui uma citação a Deus como “Eu sou o que meu escravo pensa de mim”.[104] A intuição inerente sobre Deus é referida no islamismo como fitra, ou “natureza inata”.[105] Na tradição confucionista, Confúcio e Mêncio promoveram que a única justificativa para a conduta correta, chamada de "Caminho", é o que é ditado pelo "Céu", um poder superior mais ou menos antropomórfico, e é implantada nos humanos e, portanto, há apenas um fundamento universal para o Caminho.[106]

Revelação

Ver artigos principais: Revelação divina e Profeta

A revelação refere-se a alguma forma de mensagem comunicada por Deus. Geralmente se propõe que isto ocorra através do uso de profetas ou anjos. Almaturidi defendia a necessidade de revelação porque embora os humanos sejam intelectualmente capazes de perceber Deus, o desejo humano pode desviar o intelecto e porque certos tipos de conhecimentos não podem ser conhecido exceto quando dado especialmente aos profetas, como as especificações dos atos de adoração.[107] Argumenta-se que há também aquilo que se sobrepõe entre o que é revelado e o que pode ser derivado. De acordo com o islamismo, uma das primeiras revelações a ser revelada foi: “Se você não sente vergonha, então faça o que quiser”.[108] O termo revelação geral é usado para se referir ao conhecimento revelado sobre Deus fora da revelação direta ou especial, como nas escrituras. Notavelmente, isto inclui o estudo da natureza, às vezes vista como o Livro da Natureza.[109] Uma expressão em árabe afirma: "O Alcorão é um universo que fala. O universo é um Alcorão silencioso".[110]

Razão

Ver artigo principal: Filosofia da religião

Em questões de teologia, alguns como Richard Swinburne, assumem uma posição evidencialista, onde uma crença só é justificada se tiver uma razão por trás dela, em vez de mantê-la como uma crença fundacional.[111] A teologia tradicionalista islâmica sustenta que não se deve opinar além da revelação para compreender a natureza de Deus e desaprovar racionalizações como a teologia especulativa.[112] A físico-teologia fornece argumentos para temas teológicos baseados na razão.[113]

Características específicas

Nomes

Ver artigo principal: Nomes de Deus
99 nomes de Alá, em chinês sini

Na tradição judaico-cristã, “a Bíblia tem sido a principal fonte das concepções de Deus”. O fato de a Bíblia "incluir muitas imagens, conceitos e maneiras diferentes de pensar sobre" Deus resultou em perpétuas "discordâncias sobre como Deus deve ser concebido e compreendido".[114] Ao longo das Bíblias hebraica e cristã há nomes para Deus, que revelou seu nome pessoal como YHWH (muitas vezes vocalizado como Yahweh ou Jeová).[115] Um deles é Elohim. Outro é El Shaddai, traduzido como "Deus Todo-Poderoso".[116] Um terceiro título notável é El Elyon, que significa "O Deus Supremo".[117] Também mencionado nas Bíblias hebraica e cristã está o nome “Eu Sou o que Sou”.[118][115]

No islamismo, Deus é descrito e referido no Alcorão e no hádice por certos nomes ou atributos, sendo os mais comuns Al-Rahman, que significa "Mais Compassivo" e Al-Rahim, que significa "Mais Misericordioso".[119]

Gênero

Ver artigo principal: Gênero de Deus

O gênero de Deus pode ser visto como um aspecto literal ou alegórico de uma divindade que, na filosofia ocidental clássica, transcende a forma corporal.[120][121] As religiões politeístas comumente atribuem um gênero a cada um dos deuses, permitindo que cada um interaja sexualmente com qualquer um dos outros, e talvez até com humanos. Na maioria das religiões monoteístas, Deus não tem contraparte com quem se relaciona sexualmente. Assim, na filosofia ocidental clássica, o gênero desta divindade única é muito provavelmente uma declaração analógica de como os humanos e Deus se dirigem e se relacionam entre si. Ou seja, Deus é visto como criador do mundo e da revelação, o que corresponde ao papel ativo (em oposição ao receptivo) nas relações sexuais.[122]

As fontes bíblicas geralmente se referem a Deus usando palavras e simbolismos masculinos ou paternos, exceto em Genesis :1:26–27–KJV,[123][124] Salmos :123:2–3–KJV e Lucas :15:8–10–KJV (feminino); Oseias :11:3–4–KJV, Deuteronômio :32:18–KJV, Isaías :66:13–KJV, Isaías :49:15–KJV, Isaías :42:14–KJV, Salmos :131:2–KJV (uma mãe); Deuteronômio :32:11–12–KJV (uma mãe águia); e Mateus :23:37–KJV e Lucas :13:34–KJV (uma mãe galinha).

No siquismo, Deus é "Ajuni" (Sem Encarnações), o que significa que Deus não está vinculado a nenhuma forma física. Isto conclui que o Senhor Todo-Poderoso não tem gênero.[125] No entanto, o Guru Granth Sahib refere-se constantemente a Deus como 'Ele' e 'Pai' (com algumas exceções), normalmente porque o Guru Granth Sahib foi escrito em línguas indo-arianas do norte da Índia (mistura de panjabi e Sant Bhasha, sânscrito com influências do persa) que não têm gênero neutro. A partir de interpretações sobre a filosofia siquista, pode-se deduzir que Deus é, às vezes, referido como o "Marido das Noivas-Almas", a fim de fazer uma sociedade patriarcal compreender como é o relacionamento com Deus. Além disso, Deus é considerado "Pai, Mãe e Companheiro".[126]

Representação

Ahura Mazda (a representação está à direita, com coroa alta) presenteia Artaxes I (à esquerda) com o anel da realeza. (Relevo em Naqsh-e Rustam, século III d.C.)

No zoroastrismo, durante o início do Império Parta, Aúra Masda era representado visualmente para que pudesse ser adorado. Esta prática terminou durante o início do Império Sassânida. A iconoclastia zoroastrista, que pode ser rastreada até o final do período parta e o início do sassânida, acabou por pôr fim ao uso de todas as imagens de Aúra Masda. No entanto, a divindade continuou a ser simbolizada por uma figura masculina, em pé ou a cavalo, vestido com armadura sassânida.[127]

As divindades das culturas do Oriente Próximo são frequentemente consideradas entidades antropomórficas que possuem um corpo semelhante ao humano que, no entanto, não é igual a um corpo humano. Tais corpos eram frequentemente considerados radiantes ou ígneos, de tamanho sobre-humano ou de extrema beleza. A antiga divindade dos israelitas (Yahweh) também era imaginada como uma divindade transcendente, mas ainda assim antropomórfica.[128] Os humanos não podiam vê-lo, por causa de sua impureza em contraste com a santidade de Yahweh, mas ele era descrito como se irradiasse fogo e luz que poderia matar um humano que olhasse diretamente para ele. Além disso, pessoas mais religiosas ou espirituais tendem a ter menos representações antropomórficas de Deus.[129]

A cosmogonia gnóstica muitas vezes retrata o deus criador do Antigo Testamento como uma divindade menor e maligna ou Demiurgo, enquanto o deus benevolente superior ou Mônada é pensado como algo além da compreensão, tendo luz imensurável, não no tempo ou entre as coisas que existem, mas sim maior do que eles em certo sentido. Diz-se que todas as pessoas têm dentro de si um pedaço de Deus ou uma centelha divina que caiu do mundo imaterial para o mundo material corrupto e está presa a menos que a gnose seja alcançada.[130][131][132]

A escrita árabe de "Alá" na Hagia Sophia, em Istambul

No islamismo, os muçulmanos acreditam que Deus (Alá) está além de toda compreensão e não se parece de forma alguma com nenhuma de suas criações. Os muçulmanos tendem a usar menos antropomorfismo entre os monoteístas.[129] Não são iconódulos e possuem caligrafia religiosa de títulos de Deus em vez de imagens.[133]

La Sainte Trinite, pintura de Gustave Doré (1866). Deus, o Pai apresenta o corpo de Cristo, seu Divino Filho, com o Espírito Santo visível como uma pomba no topo da imagem.

Os primeiros cristãos acreditavam que as palavras do Evangelho de João 1:18: "Ninguém jamais viu a Deus" e inúmeras outras declarações deveriam ser aplicadas não apenas a Deus, mas a todas as tentativas de representação dele.[134] No entanto, representações posteriores são encontradas. Algumas, como a Mão de Deus, são representações emprestadas da arte judaica. Antes do século X, nenhuma tentativa foi feita de usar um ser humano para simbolizar Deus, o Pai, na arte ocidental.[134] No entanto, surgiu a necessidade de ilustrar de alguma forma a presença do Pai, de modo que, através de representações sucessivas, um conjunto de estilos artísticos usando um homem para simbolizar o Pai emergiu gradualmente por volta do século X. Uma justificativa para o uso de um ser humano é a crença de que Deus criou a alma do homem à sua própria imagem (permitindo assim que os humanos transcendessem os outros animais). Parece que quando os primeiros artistas planejaram representar Deus, o Pai, o medo e o espanto os impediram de usar a figura humana como um todo. Normalmente, apenas uma pequena parte seria usada como imagem, geralmente a mão, ou às vezes o rosto, mas raramente um ser humano inteiro. Em muitas imagens, a figura do Filho suplanta a do Pai, de modo que uma porção menor da pessoa do Pai é retratada.[135] No século XII, representações de Deus, o Pai, começaram a aparecer em manuscritos iluminados franceses, que, sendo uma forma menos pública, muitas vezes podiam ser mais aventureiros em sua iconografia, e em vitrais de igrejas na Inglaterra. Inicialmente, a cabeça ou o busto eram geralmente mostrados em alguma forma de moldura de nuvens no topo do espaço da pintura, onde a Mão de Deus havia aparecido anteriormente; o Batismo de Cristo na famosa pia batismal de Rainer de Huy em Liège é um exemplo de 1118 (uma Mão de Deus é usada em outra cena). Gradualmente, a quantidade de símbolos humanos mostrados pode aumentar para uma figura de meio corpo, depois para uma figura de corpo inteiro, geralmente entronizada, como no afresco de Giotto de c. 1305 em Pádua.[136] No século XIV, a Bíblia de Nápoles trazia uma representação de Deus, o Pai, na sarça ardente. No início do século XV, as Très Riches Heures du Duc de Berry tinham um número considerável de símbolos, incluindo uma figura de corpo inteiro idosa, mas alta e elegante, caminhando no Jardim do Éden, que mostram uma diversidade considerável de idades e vestimentas aparentes. As "Portas do Paraíso" do Batistério de Florença, de Lorenzo Ghiberti, iniciadas em 1425, usam um símbolo semelhante. O Livro de Horas de Rohan, criado por volta de 1430, também incluía representações de Deus, o Pai, em forma humana de meio corpo, que agora estavam se tornando padrão, e a Mão de Deus se tornando mais rara. No mesmo período, outras obras, como o grande retábulo do Gênesis, do pintor de Hamburgo Meister Bertram, continuaram a usar a antiga representação de Cristo como Logos nas cenas do Gênesis. No século XV, houve uma breve moda de representar todas os três elementos da Trindade como figuras semelhantes ou idênticas com a aparência habitual de Cristo. Numa Pietà Trinitária, Deus, o Pai, é muitas vezes simbolizado usando um homem usando uma vestimenta e uma coroa papal, sustentando o Cristo morto em seus braços.[137] Em 1667, o 43º capítulo do Grande Concílio de Moscou incluiu especificamente a proibição de uma série de representações simbólicas de Deus, o Pai, e do Espírito Santo, o que também resultou na colocação de uma série de outros ícones na lista de proibidos, afetando principalmente representações de estilo ocidental que vinham ganhando espaço nos ícones ortodoxos.[138][139]

Ver também

Referências

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  25. Edwards 2005: "On our definition, an 'atheist' is a person who rejects belief in God, regardless of whether or not his reason for the rejection is the claim that 'God exists' expresses a false proposition. People frequently adopt an attitude of rejection toward a position for reasons other than that it is a false proposition. It is common among contemporary philosophers, and indeed it was not uncommon in earlier centuries, to reject positions on the ground that they are meaningless. Sometimes, too, a theory is rejected on such grounds as that it is sterile or redundant or capricious, and there are many other considerations which in certain contexts are generally agreed to constitute good grounds for rejecting an assertion."
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