Caminho de Ferro Larmanjat de Torres Vedras

O Caminho de Ferro Larmanjat de Torres Vedras foi uma via ferroviária em monocarril (Larmanjat) que ligava Lisboa (Portas do Rego) a Torres Vedras, numa extensão total de 54 Km, tendo funcionado entre 1873 e 1877.

História

Larmanjat em Portugal

Em 1868, o Duque de Saldanha, que se encontrava na altura em França, teve a oportunidade de presenciar uma demonstração do sistema ferroviário Larmanjat, tendo mesmo participado numa viagem experimental, nos arredores de Paris, entre Raincy e Montfermeil.^[1]

O Duque de Saldanha, um entusiasta do caminho de ferro, viu no sistema Larmanjat, mais económico que o tradicional, a solução para um rede suburbana de transporte ferroviário para Lisboa. Formou a “Lisbon Steam Tramways Company”.^[2] para exploração, em Lisboa, do sistema Larmanjat.

Caminho de Ferro Larmanjat de Torres Vedras

O Duque de Saldanha obteve, em 25-10-1869, licenças para estabelecer um caminho de ferro Larmanjat de Lisboa a Leiria, passando pelo Lumiar, Torres Vedras, Caldas da Rainha e Alcobaça.^[3]

A 4 de Setembro de 1873, foi inaugurada a linha de Torres Vedras, tendo a primeira composição partido da estação de Portas do Rego pelas 6 horas e 25 minutos.^[4]

O percurso, com 54 Km, era feito em 4 horas e 20 minutos^[4] (em diligência rondava as 6 -7 horas^[5]), sendo composto pelas seguintes estações: Portas do Rego, Campo Pequeno, Campo Grande, Lumiar, Nova Sintra, Santo Adrião, Loures, Pinheiro de Loures, Lousa, Venda do Pinheiro, Malveira, Vila Franca do Rosário, Barras, Freixofeira, Turcifal, Carvalhal e Torres Vedras.^[4] Este percurso era muito semelhante ao da actual E.N. 8.^[1] A estação terminal em Torres Vedras localizava-se no pátio por detrás da “taberna Venceslau”.^[5]

A linha foi aberta no sábado seguinte, 6 de Setembro de 1873.^[1] As composições eram compostas por carruagens de 1ª e 3ª classes.^[4] Os preços eram de 900 e 700 reis respectivamente.^[4]

Os descarrilamentos constantes, as avarias sucessivas, as quedas frequentes dos passageiros e os grandes atrasos fez com que muitos voltassem a optar pelas pelas diligências, apesar destas serem bem mais morosas.^[1]

Foram infrutíferas as tentativas para cativar passageitos (mais horários e preços mais baixos), pelo que o serviço foi suspenso a 8 de Abril de 1875.^[6] Tendo sido retomado mais tarde, sem sucesso, encerrou definitivamente, em 1877, com a falência da “Lisbon Steam Tramways Company".^[2]^[6]

Características do Larmanjat

A designação "Larmanjat", deve-se ao seu criador o Engenheiro Mecânico francês J. Larmanjat.^[1]

Ao contrário dos tradicionais dois carris paralelos, o sistema Larmanjat baseava-se num único carril, no qual encaixavam rodas localizadas no eixo central da locomotiva a vapor e das carruagens. Para que a composição não tombasse existiam ainda rodas laterais de apoio que deveriam assentar numa superfície plana, preferenciamente passadeiras de madeira colocadas ao paralelamente ao carril em ambos do lados.^[7]

Era, por isso, um sistema mais económico pois circulava pelas estradas, não necessitando, por consequência, de caminho próprio.^[6]

Ver também

Referências

↑ ^a ^b ^c ^d ^e Junta de Freguesia de Vila Franca do Rosário (9 de Dezembro de 2002). «Uma estação de comboios em Vila Franca do Rosário?». Consultado em 11 de Novembro de 2009
↑ ^a ^b Freebase.com. «Lisbon Steam Tramways Company». Consultado em 27 de Dezembro de 2009
↑ CP-Comboios de Portugal. «Os Caminhos de Ferro: 1844/1874 - Desde o Projecto até ao Fim do 3º Quartel do Séc. XIX». Consultado em 27 de Dezembro de 2009
↑ ^a ^b ^c ^d ^e Michel Subrenat-Auger. «Le train de Monsieur Larmanjat - Son aventure au Portugal». Consultado em 27 de Dezembro de 2009
↑ ^a ^b Venerando Aspra de Matos (25 de Outubro de 2009). «Há 140 anos o Governo concedia autorização para instalar o Larmanjat». Consultado em 11 de Novembro de 2009
↑ ^a ^b ^c Pedro Nogeira. «Caminho de Ferro de Larmanjat (1870-1877)». Consultado em 11 de Novembro de 2009
↑ Paulo Martins Oliveira. «O "Lá vem já" - nota histórica» (PDF). Consultado em 11 de Novembro de 2009

Ligações externas

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[rosario-1] Junta de Freguesia de Vila Franca do Rosário (9 de Dezembro de 2002). «Uma estação de comboios em Vila Franca do Rosário?». Consultado em 11 de Novembro de 2009

[freebase-2] Freebase.com. «Lisbon Steam Tramways Company». Consultado em 27 de Dezembro de 2009

[cp-3] CP-Comboios de Portugal. «Os Caminhos de Ferro: 1844/1874 - Desde o Projecto até ao Fim do 3º Quartel do Séc. XIX». Consultado em 27 de Dezembro de 2009

[michel-4] Michel Subrenat-Auger. «Le train de Monsieur Larmanjat - Son aventure au Portugal». Consultado em 27 de Dezembro de 2009

[matos-5] Venerando Aspra de Matos (25 de Outubro de 2009). «Há 140 anos o Governo concedia autorização para instalar o Larmanjat». Consultado em 11 de Novembro de 2009

[nogueira-6] Pedro Nogeira. «Caminho de Ferro de Larmanjat (1870-1877)». Consultado em 11 de Novembro de 2009

[paulo-7] Paulo Martins Oliveira. «O "Lá vem já" - nota histórica» (PDF). Consultado em 11 de Novembro de 2009

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v d e Ferrovias de Portugal
ver também: Gestores • Material motor • Serviços • Acidentes
Rede de via larga da IP e antecessoras: (bitola ibérica)ᴮ	Alentejo • Alfândega† • Alfarelos • Algarve • Aljustrel†° • Aveiro-Mangualde‡ • Barca d’Alva†‡ • Beira Alta • Beira Baixa • Barragem de Belver† • Braga • Cáceres† • Cascais • Cintura • Douro • Estádio† • Évora • Évora-Elvas‡ • Figueira da Foz† • Guimarães • Leixões • Leste • Louriçal • Lousã†‡ / Metro Mondego‡ • Maceira-Liz° • Maceda†° • Marginal do Douro‡† • Matinha • Minho • Montemor-o-Novo† • Montijo† • Mora† • Moura† • Neves-Corvo • Nogueirinha†° • Norte • Oeste • Pego° • Portalegre† • Porto de Aveiro • Porto de Viana‡ • Reguengos† • Rio Maior†‡ • São Roque†° • Seixal† • Serpa‡† • Siderurgia • Sines (L.ª) • Sines (R.)† • Sintra • Sorraia‡† • Sul • Tomar • Vale do Sousa‡ • Valença°^? • Vendas Novas • Viana-Doca†°^? • Vila Viçosa† concordâncias: Agualva • Águas de Moura • Beiras • Bombel • Ermidas • Funcheira • Nine† • Norte Setil • Poceirão • São Gemil • Sete Rios • Tunes† • Verride • Xabregas
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Outras ferrovias mistas pesadas^#:	Linhas de alta velocidade:ⁱ Aveiro-Salamancaⁱ‡† • Évora-Faro-Huelvaⁱ‡† • Lisboa-Madridⁱ‡ • Porto-Lisboaⁱ‡ • Porto-Vigoⁱ‡ • Porto-Madridⁱ‡† Linhas mineiras e portuárias isoladas: • Horta²†° • Lena¹⁶†° • Monges⁶†° • Pego do Altar⁶†° • Pejão⁶†° • Ponta Delgada²†° • Pomarão¹†° • Funchal¹†° • Aljustrel (minas)³†° • Alfeite† • S. P. Cova (minas)† • Leixões (porto)† • Panasqueira† • Lousal† • V. Milhaços (Pólvora)†
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Elevadores (hist.):	Boca do Vento • Carpinteira-Jardim‡ • Castelo‡‡ • Chiado† • Goldra‡ • Mercado • Município† • Outeiro • Ribeira • Peneco • Santa Justa • Santo André
Legenda: bitolas: ²2140 mm • ᴮ1668 mm • ⁱ1435 mm • ¹1000 mm • ³920 mm • ⁹900 mm • ⁶600 mm ⁺designações abreviadas quando possível (fonte para linhas da Infraestruturas de Portugal: [1]: pág. 54) °ferrovias pesadas (^#) não geridas pela Infraestruturas de Portugal (e/ou empresas antecessoras) †extinta (totalmente) • ‡projectada • ††reaberta • †‡reabertura projectada • ‡†projecto abandonado • ‡‡projecto recuperado • ↑substituída mantendo traçado/canal