Morte: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m Erro de escrita
Etiquetas: Editor Visual Edição via dispositivo móvel Edição feita através do sítio móvel
+ ampliação
Etiqueta: Inserção de predefinição obsoleta
Linha 1: Linha 1:
{{ver desambiguação}}
{{ver desambiguação}}
[[Ficheiro:StillLifeWithASkull.jpg|miniaturadaimagem|upright=1.3|Uma flor, uma caveira e uma ampulheta representam a [[vida]], a morte e o [[tempo]] nesta pintura do século XVII de [[Philippe de Champaigne]]. O [[crânio]] humano é usado universalmente como um símbolo da morte.]]
{{mais fontes|data=agosto de 2012}}

[[Ficheiro:William-Adolphe Bouguereau (1825-1905) - The Day of the Dead (1859).jpg|thumb|''O Dia da Morte''; pintura de [[William-Adolphe Bouguereau]] (1825-1905)]]
'''Morte''' (do termo [[latim|latino]] ''mors''),<ref>{{citar web |url=http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=morte |título=Morte |acessodata=15 de fevereiro de 2012 |autor=Dicionário Michaelis }}</ref> '''óbito''' (do termo latino ''obitu''),<ref>{{citar web |url=http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=%F3bito&CP=119342&typeToSearchRadio=exactly&pagRadio=50 |título=Óbito |acessodata=15 de fevereiro de 2012 |autor=Dicionário Michaelis }}</ref> '''falecimento''' (''falecer''+''mento''),<ref>{{citar web |url=http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=falecimento |título=Falecimento |acessodata=15 de fevereiro de 2012 |autor=Dicionário Michaelis }}</ref> '''passamento''' (''passar''+''mento''),<ref>{{citar web |url=http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=passamento |título=Passamento |acessodata=15 de fevereiro de 2012 |autor=Dicionário Michaelis }}</ref> ou ainda '''desencarne''' (''deixar a carne''), são [[sinônimo]]s usados para se referir ao processo irreversível de cessamento das [[Função (biologia)|atividades biológicas]] necessárias à [[Vida|caracterização]] e [[metabolismo|manutenção da vida]] em um [[sistema]] outrora classificado como vivo. Após o processo de morte, o sistema não mais vive, e encontra-se morto. Os processos que seguem-se à morte (''[[Vida após a morte|post mortem]]'') geralmente são os que levam à [[decomposição]] dos sistemas. Sob condições ambientais específicas, processos distintos podem segui-la, a exemplo aqueles que levam à [[Mumificação|mumificação natural]] ou a [[fossilização]] de organismos.
'''Morte''' (do termo [[latim|latino]] ''mors''),<ref>{{citar web |url=http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=morte |título=Morte |acessodata=15 de fevereiro de 2012 |autor=Dicionário Michaelis }}</ref> '''óbito''' (do termo latino ''obitu''),<ref>{{citar web |url=http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=%F3bito&CP=119342&typeToSearchRadio=exactly&pagRadio=50 |título=Óbito |acessodata=15 de fevereiro de 2012 |autor=Dicionário Michaelis }}</ref> '''falecimento''' (''falecer''+''mento''),<ref>{{citar web |url=http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=falecimento |título=Falecimento |acessodata=15 de fevereiro de 2012 |autor=Dicionário Michaelis }}</ref> '''passamento''' (''passar''+''mento''),<ref>{{citar web |url=http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=passamento |título=Passamento |acessodata=15 de fevereiro de 2012 |autor=Dicionário Michaelis }}</ref> ou ainda '''desencarne''' (''deixar a carne''), são [[sinônimo]]s usados para se referir ao processo irreversível de cessamento das [[Função (biologia)|atividades biológicas]] necessárias à [[Vida|caracterização]] e [[metabolismo|manutenção da vida]] em um [[sistema]] outrora classificado como vivo. Após o processo de morte, o sistema não mais vive, e encontra-se morto. Os processos que seguem-se à morte (''[[Vida após a morte|post mortem]]'') geralmente são os que levam à [[decomposição]] dos sistemas. Sob condições ambientais específicas, processos distintos podem segui-la, a exemplo aqueles que levam à [[Mumificação|mumificação natural]] ou a [[fossilização]] de organismos.
Em suma, é a [[Irreversibilidade|cessação permanente e irreversível]] de todas as funções biológicas que sustentam um [[organismo]] vivo. A [[morte encefálica]] às vezes é usada como uma definição legal de morte.<ref>{{Citar web |url=http://reptools.rutgers.edu/CarbonHypermedia/carbonq4.html |titulo=carbonQ1 |acessodata=2018-03-04 |website=reptools.rutgers.edu |arquivourl=https://web.archive.org/web/20180324103236/http://reptools.rutgers.edu/CarbonHypermedia/carbonq4.html |arquivodata=24 de março de 2018}}</ref>


A morte faz-se notória e ganha destaque especial ao ocorrer em seres humanos. Não há nenhuma evidência [[ciência|científica]] de que a [[consciência]] continue após a morte,<ref>''Bioethics: A Return to Fundamentals''. - Página 260, Bernard Gert, Charles M. Culver - 1997 (em inglês)</ref><ref>Persons, Humanity, and the Definition of Death - Página 23, John P. Lizza - 2006 (em inglês)</ref> no entanto existem várias [[crença]]s em diversas [[cultura]]s e tempos históricos que acreditam em [[vida após a morte]].
É um processo universal e inevitável que eventualmente ocorre com todos os organismos vivos. O termo "morte" é geralmente aplicado a organismos inteiros; o processo semelhante observado em componentes individuais de um organismo vivo, como células ou tecidos, é a [[necrose]]. Algo que não é considerado um organismo vivo, como um [[vírus]], pode ser fisicamente destruído, mas não se diz que ele "morreu". A morte faz-se notória e ganha destaque especial ao ocorrer em seres humanos. Não há nenhuma evidência [[ciência|científica]] de que a [[consciência]] continue após a morte,<ref>''Bioethics: A Return to Fundamentals''. - Página 260, Bernard Gert, Charles M. Culver - 1997 (em inglês)</ref><ref>Persons, Humanity, and the Definition of Death - Página 23, John P. Lizza - 2006 (em inglês)</ref> no entanto existem várias [[crença]]s em diversas [[cultura]]s e tempos históricos que acreditam em [[vida após a morte]]. No início do século XXI, mais de 150 mil humanos morrem a cada dia.<ref name="doi10.2202/1941-6008.1011">{{Citar periódico |url=http://www.sens.org/files/pdf/ENHANCE-PP.pdf |titulo=Life Span Extension Research and Public Debate: Societal Considerations |acessodata=20 de março de 2009 |ultimo=Aubrey D.N.J |primeiro=de Grey |autorlink=Aubrey de Grey |ano=2007 |citeseerx=10.1.1.395.745 |doi=10.2202/1941-6008.1011 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20161013163622/http://www.sens.org/files/pdf/ENHANCE-PP.pdf |arquivodata=13 de outubro de 2016 |citação=roughly 150,000 deaths that occur each day across the globe |volume=1 |journal=Studies in Ethics, Law, and Technology}}</ref><ref>{{Citar jornal |url=https://www.medindia.net/patients/calculators/world-death-clock.asp |titulo=World Death Clock |acessodata=30 de março de 2020 |website=[[Medindia]] |citação=Per Day 153,424.70}}</ref>


Com notórias consequências culturais e suscitando interesse recorrente na [[filosofia]], existem diversas concepções sobre o destino da consciência após a morte, como as crenças na [[ressurreição]] ([[religiões abraâmicas]]), na [[reencarnação]] ([[religiões orientais]], [[Doutrina Espírita]], etc.) ou mesmo o ''eternal oblivion'' ("esquecimento eterno"), conceito esse comum na [[neuropsicologia]] e atrelado à ideia de fim permanente da consciência após a morte.<ref>[http://books.google.co.uk/books?id=fuKB8MPMdG4C&pg=PA18&dq=&hl=en&sa=X&ei=WjUtT9yhJY268gPCwMz_Dg&ved=0CDkQ6AEwAQ#v=onepage&q=&f=false Handbook to the Afterlife] Página acessada em 12 de abril de 2012 (em inglês)</ref>
Muitas culturas e religiões têm a ideia de uma [[vida após a morte]] e também têm a ideia de julgamento de suas boas e más ações ([[Céu (religião)|céu]], [[inferno]], [[carma]]). Existem diversas concepções sobre o destino da consciência após a morte, como as crenças na [[ressurreição]] ([[religiões abraâmicas]]), na [[reencarnação]] ([[religiões orientais]], [[Doutrina Espírita]], etc.) ou mesmo o ''eternal oblivion'' ("esquecimento eterno"), conceito esse comum na [[neuropsicologia]] e atrelado à ideia de fim permanente da consciência após a morte.<ref>[http://books.google.co.uk/books?id=fuKB8MPMdG4C&pg=PA18&dq=&hl=en&sa=X&ei=WjUtT9yhJY268gPCwMz_Dg&ved=0CDkQ6AEwAQ#v=onepage&q=&f=false Handbook to the Afterlife] Página acessada em 12 de abril de 2012 (em inglês)</ref>


As cerimônias de [[luto]] e práticas funerárias são variadas. Os restos mortais de uma pessoa, comumente chamados de ''[[cadáver]]'' ou ''corpo'', são geralmente [[sepultamento|enterrados]] ou [[cremação|cremados]]. A forma de disposição mortuária pode, contudo, variar significativamente de cultura para cultura. Entre os [[fenômeno]]s que induzem à morte, os mais comuns são: [[senescência celular|envelhecimento biológico]] (senescência), [[predação]], [[desnutrição]], [[doenças]], [[suicídio]], [[assassinato]], [[acidente]]s e acontecimentos que causam [[trauma físico|traumatismo físico]] irrecuperável.<ref>{{citar web|último=Zimmerman|primeiro=Leda|título=Must all organisms age and die?|url=http://engineering.mit.edu/live/news/1223-must-all-organisms-age-and-die|publicado=Massachusetts Institute of Technology School of Engineering|acessodata=5 de fevereiro de 2012|arquivourl=https://web.archive.org/web/20101101081710/http://engineering.mit.edu/live/news/1223-must-all-organisms-age-and-die|arquivodata=2010-11-01|data=19 de outubro de 2010|língua=inglês|urlmorta=yes}}</ref>
As cerimônias de [[luto]] e práticas funerárias são variadas. Os restos mortais de uma pessoa, comumente chamados de ''[[cadáver]]'' ou ''corpo'', são geralmente [[sepultamento|enterrados]] ou [[cremação|cremados]]. A forma de disposição mortuária pode, contudo, variar significativamente de cultura para cultura. Entre os [[fenômeno]]s que induzem à morte, os mais comuns são: [[senescência celular|envelhecimento biológico]] (senescência), [[predação]], [[desnutrição]], [[doenças]], [[suicídio]], [[assassinato]], [[acidente]]s e acontecimentos que causam [[trauma físico|traumatismo físico]] irrecuperável.<ref>{{citar web|último=Zimmerman|primeiro=Leda|título=Must all organisms age and die?|url=http://engineering.mit.edu/live/news/1223-must-all-organisms-age-and-die|publicado=Massachusetts Institute of Technology School of Engineering|acessodata=5 de fevereiro de 2012|arquivourl=https://web.archive.org/web/20101101081710/http://engineering.mit.edu/live/news/1223-must-all-organisms-age-and-die|arquivodata=2010-11-01|data=19 de outubro de 2010|língua=inglês|urlmorta=yes}}</ref>


== Considerações ==
== Diagnóstico ==
=== Problemas de definição ===
[[Biologia|Biologicamente]], a morte pode ocorrer para todo o [[organismo]] ou apenas para parte dele. É possível para [[células]] individuais, ou mesmo [[órgão (anatomia)|órgãos]], morrerem e ainda assim o organismo continuar a [[vida|viver]]. Muitas células individuais vivem por apenas pouco tempo e a maior parte das células de um organismo são continuamente substituídas por novas células.<ref>{{citar web |url=http://boasaude.uol.com.br/lib/showdoc.cfm?LibCatID=-1&Search=doen%EF%BF%BDa%20card%EF%BF%BDaca&LibDocID=5389 |título=Morte súbita de origem cardíaca |acessodata=15 de fevereiro de 2012 |autor=UOL }}</ref>
[[Ficheiro:French_-_Pendant_with_a_Monk_and_Death_-_Walters_71461.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|upright|Pingente francês de [[marfim]] do século XVI/XVII, "Monge e Morte", relembrando a mortalidade e a certeza da morte ([[Museu de Arte Walters]])]]
[[Ficheiro:CathedralOfTrier_Skeleton.JPG|miniaturadaimagem|upright|esquerda|Estátua da [[Morte (personificação)|Morte]], personificada como um [[esqueleto humano]] vestido com uma [[Sudário|mortalha]] e segurando uma [[Gadanha|foice]], da [[Catedral de Tréveris|Catedral de Trier]] em [[Tréveris|Trier]], [[Alemanha]]]]
[[Ficheiro:Leonardo_Skeleton_1511.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|upright|''Estudo de esqueletos'', c. 1510, de [[Leonardo da Vinci]]]]


O conceito de morte é a chave para a compreensão humana do fenômeno.<ref name="MohammadSamir">{{Citar periódico |titulo=Concepts of Death: A key to our adjustment |ultimo=Samir Hossain Mohammad |ultimo2=Gilbert Peter |ano=2010 |volume=18 |journal=Illness, Crisis and Loss}}</ref> Existem muitas abordagens científicas e várias interpretações do conceito. Além disso, o advento da terapia de suporte à vida e os vários critérios para definir a morte, tanto do ponto de vista médico quanto jurídico, dificultaram a criação de uma única definição unificadora.
A substituição de células através da [[divisão celular]] é definida pelo tamanho dos [[telômeros]] e, ao fim de um certo número de divisões, cessa. Ao final deste ciclo de renovação celular, não há mais replicação, e o organismo terá de funcionar com cada vez menos células. Isso influenciará o desempenho dos órgãos num processo [[Doença degenerativa|degenerativo]] até o ponto em que não haverá mais condições de propagação de sinais químicos para o funcionamento das funções vitais do organismo; implicando a chamada morte natural, por [[velhice]].


Um dos desafios para definir a morte é distingui-la da [[vida]]. Como um ponto no tempo, a morte parece referir-se ao momento em que a vida termina. Determinar quando a morte ocorre é difícil, já que a interrupção das funções vitais muitas vezes não é simultânea entre os diferentes sistemas orgânicos.<ref>{{Citar revista |autor=Henig, Robin Marantz |autorlink=Robin Marantz Henig |título=Crossing Over: How Science Is Redefining Life and Death |url=https://www.nationalgeographic.com/magazine/2016/04/dying-death-brain-dead-body-consciousness-science/ |revista=[[National Geographic Magazine]]}}</ref> Essa determinação, portanto, requer o traçado de limites conceituais precisos entre a vida e a morte. Isso é difícil, devido ao pouco consenso sobre como definir a vida.
Também é possível que um [[animal]] continue vivo, mas sem sinal de atividade cerebral ([[morte cerebral]]); nestas condições, [[tecido]]s e órgãos vivem e podem ser usados para [[transplante]]s. Porém, neste caso, os tecidos sobreviventes precisam ser removidos e transplantados rapidamente ou morrerão também. Em raros casos, algumas células podem sobreviver, como no caso de [[Henrietta Lacks]], da qual células [[câncer|cancerígenas]] foram retiradas do seu corpo por um [[ciência|cientista]], continuando a [[multiplicação|multiplicar-se]] indefinidamente.


É possível definir a vida em termos de consciência. Quando a [[consciência]] cessa, pode-se dizer que um organismo vivo morreu. Uma das falhas dessa abordagem é que muitos organismos estão vivos, mas provavelmente não estão conscientes (por exemplo, [[organismos unicelulares]]). Outro problema é o conceito de "consciência", que tem muitas definições diferentes dadas por cientistas, psicólogos e filósofos modernos. Além disso, muitas tradições religiosas, incluindo as tradições [[Religiões abraâmicas|abraâmicas]] e [[Religiões indianas|dármicas]], afirmam que a morte não significa (ou pode não) acarretar o fim da consciência. Em certas culturas, a morte é mais um processo do que um único evento. Implica uma lenta mudança de um estado espiritual para outro.
A [[irreversibilidade]] é normalmente citada como um [[Qualidade (filosofia)|atributo]] da morte. Cientificamente, é impossível trazer de novo à vida um organismo morto, e se um organismo vive, é porque ainda não morreu anteriormente. Contudo, existem casos que, no mínimo, chamam bastante a atenção e suscitam questionamentos quanto às definições de [[vida]] e morte. Um deles diz respeito a um grupo de animais [[invertebrados]] denominados [[Rotifera|rotífero]]s, que possuem uma capacidade denominada [[criptobiose]], que consiste no "cessar" metabólico quando as condições ambientais não estão favoráveis. Eles podem manter-se assim por meses ou mesmo anos até que as condições se restabeleçam, e então "religam" seus processos biológicos, retomando a sua vida normalmente. Se o conceito de morte for estendido a tais paralisações metabólicas, esses animais literalmente morrem e depois renascem. Igualmente, [[ovo]]s de [[camarão|camarões]] (''Shrimp Hatchery'') [[Desidratação (química)|desidratados]] são incluídos em quites de [[microscopia]] para [[laboratório]]s didáticos, e assim podem permanecer por mais de cinco anos. Quando imersos em [[salmoura]] adequada, hidratam-se, desenvolvem-se plenamente e geram, em poucas semanas, camarões crescidos, implicando um literal processo de ressurreição de tais ovos.<ref>Vivitar - 40 Piece Microscope Set - 300x/600x/1200x Instruction Manual.</ref> O caso limite é o do [[vírus]], que até hoje permanece cientificamente exatamente sobre a [[fronteira]] que separa os seres vivos dos não vivos, e por tal traz muito trabalho aos [[taxonomia|taxonomistas]].


Outras definições para morte enfocam o caráter de cessação de algo. Mais especificamente, a morte ocorre quando uma entidade viva experimenta o fim irreversível de todo o funcionamento. No que se refere à vida humana, a morte é um processo irreversível em que alguém perde sua existência enquanto pessoa.<ref name=":0">{{Citation|last=DeGrazia|first1=David|title=The Definition of Death|date=2017|url=https://plato.stanford.edu/archives/spr2017/entries/death-definition/|journal=The Stanford Encyclopedia of Philosophy|editor-last=Zalta|editor-first=Edward N.|edition=Spring 2017|publisher=Metaphysics Research Lab, Stanford University|access-date=2019-02-19}}</ref>
Muitas pessoas não acreditam que a morte física é sempre e necessariamente irreversível, enquanto outras acreditam em ressurreição do [[espírito]] ou do [[corpo]] e outras, ainda, têm esperança de que futuros avanços científicos e tecnológicos possam trazê-las de volta à vida, utilizando técnicas ainda embrionárias, tais como a [[criogenia]] ou outros meios de ressuscitação ainda por descobrir.


Historicamente, as tentativas de definir o momento exato da morte de um ser humano têm sido subjetivas ou imprecisas. A morte já foi definida como a cessação dos [[Coração|batimentos cardíacos]] ([[parada cardíaca]]) e da [[respiração]], mas o desenvolvimento de [[Reanimação cardiorrespiratória|RCP]] e [[desfibrilação]] imediata tornaram essa definição inadequada porque a respiração e os batimentos cardíacos às vezes podem ser reiniciados. Esse tipo de morte em que ocorre parada circulatória e respiratória é conhecido como definição circulatória de morte (DCM), cujos proponentes que uma pessoa com perda permanente da função circulatória e respiratória deve ser considerada morta.<ref name=":4">{{Citar periódico |titulo=Conceptual Issues in DCDD Donor Death Determination |data=2018 |ultimo=Bernat |primeiro=James L. |paginas=S26–S28 |doi=10.1002/hast.948 |issn=1552-146X |pmid=30584853 |volume=48 |journal=Hastings Center Report}}</ref> Os críticos desta definição afirmam que, embora o fim dessas funções possa ser permanente, isso não significa que a situação seja irreversível, porque se a RCP fosse aplicada, a pessoa poderia ser reanimada. Assim, os argumentos a favor e contra a DCM se resumem a uma questão de definir as palavras "permanente" e "irreversível", o que complica ainda mais o desafio de definir a morte. Além disso, eventos que estavam [[Causalidade|causalmente]] ligados à morte no passado não matam mais em todas as circunstâncias; sem um coração ou pulmões funcionando, às vezes a vida pode ser sustentada com uma combinação de dispositivos de [[suporte à vida]], [[Transplantação de órgãos|transplantes de órgãos]] e [[Marca-passo|marca-passos artificiais]] .
Alguns biólogos acreditam que a função da morte é primariamente permitir a [[evolução]].


Hoje, onde uma definição do momento da morte é necessária, os médicos e legistas geralmente recorrem à "morte cerebral" ou "morte biológica" para definir uma pessoa como morta; as pessoas são consideradas mortas quando a atividade elétrica em seus cérebros cessa. Presume-se que o fim da atividade elétrica indica o fim da [[consciência]]. A suspensão da consciência deve ser permanente e não transitória, como ocorre em certas [[Sono sem movimento rápido dos olhos|fases do sono]] e, principalmente, no [[coma]]. No caso do sono, os [[Eletroencefalografia|EEGs]] podem facilmente dizer a diferença.
== Morte humana ==
[[Ficheiro:Thetriumphofdeath.jpg|thumb|''O triunfo da morte'', de [[Pieter Brueghel o Velho]], (1562).]]


A categoria de "morte cerebral" é vista como problemática por alguns estudiosos. Por exemplo, o Dr. Franklin Miller, membro sênior do corpo docente do Departamento de Bioética do [[National Institutes of Health]], observa: "No final da década de 1990 ... a equação da morte encefálica com a morte do ser humano foi cada vez mais questionada por estudiosos com base em evidências sobre a gama de funcionamento biológico exibida por pacientes corretamente diagnosticados como tendo essa condição que foram mantidos em [[ventilação mecânica]] por períodos substanciais de tempo. Esses pacientes mantiveram a capacidade de manter a circulação e a respiração, controlar a temperatura, excretar resíduos, curar feridas, combater infecções e, mais dramaticamente, gestar fetos (no caso de mulheres grávidas com "morte cerebral")."<ref name="Miller">{{Citar periódico |titulo=Death and organ donation: back to the future |data=Outubro de 2009 |ultimo=Miller |primeiro=F.G. |paginas=616–620 |doi=10.1136/jme.2009.030627 |pmid=19793942 |volume=35 |journal=Journal of Medical Ethics}}</ref>
Historicamente, tentativas de definir o momento exato da morte foram problemáticas. A identificação do momento exato da morte é importante, entre outros casos, no [[transplante]] de órgãos, porque tais órgãos precisam de ser transplantados, cirurgicamente, o mais rápido possível.


Embora a "morte cerebral" seja vista como problemática por alguns estudiosos, seus defensores acreditam que essa definição de morte é a mais razoável. O raciocínio por trás do apoio a essa definição é que a morte encefálica possui um conjunto de critérios confiáveis e reproduzíveis.<ref name=":3">{{Citar periódico |titulo=Accepting Brain Death |data=2014-03-06 |ultimo=Magnus |primeiro=David C. |ultimo2=Wilfond |primeiro2=Benjamin S. |paginas=891–894 |doi=10.1056/NEJMp1400930 |issn=0028-4793 |pmid=24499177 |ultimo3=Caplan |primeiro3=Arthur L. |volume=370 |journal=New England Journal of Medicine}}</ref> Além disso, o cérebro é crucial para determinar nossa identidade ou quem somos como seres humanos. Deve-se fazer a distinção de que "morte encefálica" não pode ser equiparada a alguém que está em [[estado vegetativo]] ou coma, visto que a primeira situação descreve um estado que está além da recuperação.
Em 1846, a [[Academia de Ciências de Paris]] aceitou que a morte significa a [[parada respiratória|ausência de respiração]], de circulação e de [[parada cardíaca|batimentos cardíacos]].<ref name="super"/> Porém, mais de um século depois, o francês [[Paul Brouardel]] concluiu que esta definição estava errada, já que o coração não sustenta a vida sozinho: uma pessoa decapitada pode ter batimentos cardíacos por uma hora, o que não quer dizer que ela esteja viva.<ref name="super">[https://super.abril.com.br/saude/a-morte-como-ela-e/ Revista Super Interessante] ''A morte como ela é''</ref> Além disso com o desenvolvimento da [[ressuscitação cardiopulmonar]] e da [[desfibrilação]], surgiu um dilema: ou a definição de morte estava errada, ou técnicas que realmente ressuscitavam uma pessoa foram descobertas: em vários e vários casos, respiração e pulso cardíaco são realmente restabelecidos após cessarem. Em vista da nova tecnologia, atualmente a definição [[medicina|médica]] de morte é conhecida como ''[[morte clínica]]'', ''morte cerebral'' ou ''parada cardíaca irreversível''.


Aquelas pessoas que sustentam que apenas o [[neocórtex]] do cérebro é necessário para a consciência, às vezes argumentam que apenas a atividade elétrica deve ser considerada ao definir a morte. Eventualmente, é possível que o critério para a morte seja a perda permanente e irreversível da [[Cognição|função cognitiva]], conforme evidenciado pela morte do [[córtex cerebral]]. Toda esperança de recuperação do pensamento e da [[Psicologia da personalidade|personalidade]] humana se vai, dada a tecnologia médica atual. Geralmente, na maioria dos lugares, a definição mais conservadora de morte –cessação irreversível da atividade elétrica em todo o cérebro, em oposição a apenas no neocórtex – foi adotada (por exemplo, a Lei de Determinação Uniforme da Morte nos Estados Unidos). Em 2005, o caso [[Terri Schiavo]] trouxe a questão da morte encefálica e sustento artificial para a frente da [[Política dos Estados Unidos|política estadunidense]].
A morte cerebral é definida pela cessão de atividade eléctrica no [[cérebro]], mas mesmo aqui há correntes divergentes. Há aqueles que mantêm que apenas a [[eletricidade|atividade eléctrica]] do [[neocórtex]] deve ser considerada a fim de se definir a morte. Por padrão, é usada contudo uma definição mais conservadora de morte: a interrupção da atividade elétrica no cérebro como um todo, incluso e sobretudo no [[tronco encefálico]] - responsável entre outros pelo controle de atividades vitais essenciais como [[Sons cardíacos|batimentos cardíacos]] e [[Respiração (fisiologia)|respiração]] - e não apenas no neocórtex, diretamente associado à [[consciência]].<ref name="Livro_do_Cérebro">Cartner, Rita; et alii - O Livro do Cérebro - Rio de Janeiro - Agir - 2012 - ISBN 978-85-220-1361-6</ref> Essa definição - a de morte cerebral - é a adotada, por exemplo, na "Definição Uniforme de Morte" nos [[Estados Unidos]].
[[Ficheiro:Hugo_Sundström_-_Kallio_with_Mannerheim.jpg|miniaturadaimagem| [[Kyösti Kallio]] (no meio), o quarto presidente da [[República da Finlândia]], teve um [[ataque cardíaco]] fatal alguns segundos depois que esta fotografia foi tirada por Hugo Sundström em 19 de dezembro de 1940 na estação ferroviária de [[Helsínquia|Helsinque]]<ref>Aladár Paasonen (1974). Marsalkan tiedustelupäällikkönä ja hallituksen asiamiehenä (Marshall's chief of intelligence and Government's official. In Finnish). Weilin, Göös, Helsinki</ref><ref>{{Citar web |ultimo=Kari Hokkanen |url=http://www.kansallisbiografia.fi/english/?id=629 |titulo=Kallio, Kyösti (1873 - 1940) President of Finland |acessodata=2013-01-10 |publicado=Biografiakeskus, Suomalaisen Kirjallisuuden Seura}}</ref>]]
[[Ficheiro:William-Adolphe Bouguereau (1825-1905) - The Day of the Dead (1859).jpg|thumb|''O Dia da Morte''; pintura de [[William-Adolphe Bouguereau]] (1825-1905)]]


Mesmo pelos critérios do cérebro inteiro, a determinação da morte encefálica pode ser complicada. EEGs podem detectar impulsos elétricos espúrios, enquanto certos [[Droga|medicamentos]], [[hipoglicemia]], [[hipóxia]] ou [[hipotermia]] podem suprimir ou mesmo interromper a atividade cerebral temporariamente. Por causa disso, os hospitais têm protocolos para determinar a morte encefálica envolvendo EEGs em intervalos amplamente separados sob condições definidas.
[[Imagem:CAGrave.jpg|left|thumb|[[Lápide]]s em um cemitério]]
Mesmo frente a uma definição precisa de morte, a determinação da mesma ainda traz suas peculiaridades, e pode ser difícil. A exemplo, [[eletroencefalografia]]s podem detectar pequenos [[impulso nervoso|impulsos elétricos]] onde nenhum existe, enquanto houve casos onde atividade cerebral em um dado cérebro mostrou-se baixa demais para que eletroencefalografias os detectassem. Por causa disso, vários hospitais possuem elaborados protocolos determinando morte envolvendo eletroencefalografias em intervalos separados, e não raro mediante os pareceres autônomos de no mínimo dois médicos.


Em 1980, a adoção dessa definição (morte encefálica) foi feita pela Comissão do Presidente para o Estudo de Problemas Éticos em Medicina e Pesquisa Biomédica e Comportamental.<ref>{{Citar periódico |titulo=Shouldn't Dead Be Dead?: The Search for a Uniform Definition of Death |data=Março de 2017 |ultimo=Lewis |primeiro=Ariane |ultimo2=Cahn-Fuller |primeiro2=Katherine |paginas=112–128 |doi=10.1177/1073110517703105 |issn=1073-1105 |pmid=28661278 |ultimo3=Caplan |primeiro3=Arthur |volume=45 |journal=The Journal of Law, Medicine & Ethics}}</ref> Eles concluíram que essa abordagem para definir a morte foi suficiente para chegar a uma definição uniforme. Uma infinidade de razões foi apresentada para apoiar esta definição, incluindo: uniformidade de padrões na lei para estabelecer a morte; consumo de recursos fiscais de uma família para suporte artificial de vida; e estabelecimento legal para equiparar morte encefálica com o conceito de morte, a fim de prosseguir com a [[doação de órgãos]].<ref>{{Citar periódico |titulo=Definitions of death: brain death and what matters in a person |data=2016-12-01 |ultimo=Sarbey |primeiro=Ben |paginas=743–752 |doi=10.1093/jlb/lsw054 |pmc=5570697 |pmid=28852554 |volume=3 |journal=Journal of Law and the Biosciences}}</ref>
A [[História da medicina|história médica]] contém muitas referências a pessoas que foram declaradas mortas por médicos, e durante os procedimentos para [[embalsamamento]] eram encontradas vivas. Histórias de pessoas enterradas vivas levaram um [[inventor]] no começo do [[século XX]] a desenhar um sistema de [[alarme]] que poderia ser ativado dentro do caixão.


Além da questão do apoio ou da disputa sobre a morte encefálica, há outro problema inerente a essa definição categórica: a variabilidade de sua aplicação na prática médica. Em 1995, a American Academy of Neurology (AAN), estabeleceu um conjunto de critérios que se tornou o padrão médico para o diagnóstico de morte neurológica. Naquela época, três características clínicas precisavam ser satisfeitas para determinar a "interrupção irreversível" de todo o cérebro, como: coma com etiologia clara, interrupção da respiração e falta de reflexos do tronco cerebral.<ref name=":1">{{Citar periódico |titulo=Controversies in defining and determining death in critical care |data=Março de 2013 |ultimo=Bernat |primeiro=James L. |paginas=164–173 |doi=10.1038/nrneurol.2013.12 |issn=1759-4766 |pmid=23419370 |volume=9 |journal=Nature Reviews Neurology}}</ref> Este conjunto de critérios foi atualizado novamente em 2010, mas ainda permanecem discrepâncias substanciais entre hospitais e especialidades médicas.
Por causa das dificuldades na definição de morte, na maioria dos protocolos de emergência, mais de uma confirmação de morte, tipicamente fornecidas por médicos diferentes, é necessária. Alguns protocolos de treinamento, por exemplo, afirmam que uma pessoa não deve ser considerada morta a não ser que indicações óbvias de que a morte ocorreu existam, como [[decapitação]] ou dano extremo ao corpo. Face a qualquer possibilidade de vida, e na ausência de uma ordem de não ressuscitação, [[Paramédico|equipes de emergência]] devem proceder ao transporte o mais imediato possível até ao [[hospital]], para que o paciente possa ser examinado por um médico. Isso leva à situação comum de um paciente ser dado como morto à chegada do hospital.


O problema de definir a morte é especialmente imperativo no que se refere à [[Regra de doador morto|regra do doador morto]], que pode ser entendida como: deve haver uma declaração oficial de óbito de uma pessoa antes de iniciar a obtenção de órgãos ou a obtenção de órgãos não pode resultar na morte do doador.<ref name=":4">{{Citar periódico |titulo=Conceptual Issues in DCDD Donor Death Determination |data=2018 |ultimo=Bernat |primeiro=James L. |paginas=S26–S28 |doi=10.1002/hast.948 |issn=1552-146X |pmid=30584853 |volume=48 |journal=Hastings Center Report}}</ref> Muita controvérsia rodeou a definição de morte e a regra do doador morto. Os defensores da regra acreditam que a regra é legítima na proteção de doadores de órgãos, ao mesmo tempo em que se opõe a qualquer objeção moral ou legal à obtenção de órgãos. Os críticos, por outro lado, acreditam que a regra não atende aos melhores interesses dos doadores e que ela não promove efetivamente a [[doação de órgãos]].
== Pós-morte ==


=== Sinais ===
[[Ficheiro:Allisvanity.jpg|thumb|"''Tudo é vaidade''". Uma [[ilusão de óptica]] criada por [[Charles Allan Gilbert]], criticando o apego material à vida mundana.]]
[[Ficheiro:People Dead 1991 in Sandwip.jpg|thumb|Corpos de vítimas do [[Ciclone Gorky]], que atingiu [[Bangladesh]] em 1991, em [[Sandwip]], já apresentando sinais de ''[[rigor mortis]]'']]
A questão de o que acontece, especialmente com os humanos, durante e após a morte, ou o que acontece "uma vez morto", se pensarmos na morte como um estado permanente, é uma interrogação frequente, literalmente uma questão latente na [[psique]] humana. Tais questões vêm de longa data, e a crença numa [[vida após a morte]] com uma posterior reencarnação ou mesmo a passagem para outros mundos, embora muito antigas, são ainda muito difundidas socialmente (veja [[submundo]]).
[[Ficheiro:Пятна трупные.jpg|thumb|''[[Livor mortis]]'' em um [[cadáver]]]]


Sinais de morte ou fortes indícios de que um [[Endotermia|animal de sangue quente]] não está mais vivo são:
Para muitos, a crença e informações sobre a vida após a morte resultam de uma mera busca por consolação ou mesmo de uma [[covardia]] em relação à morte de um ser amado ou à prospecção da inevitabilidade de sua própria morte. A crença em vida após a morte pode, para esses, trazer algum consolo, contudo crenças como o medo do [[Inferno]] ou de outras consequências negativas podem tornar a morte algo muito mais temido. A [[contemplação]] humana da morte é uma motivação importante para o desenvolvimento de sistemas de crenças e [[religiões]] organizadas. Por essa razão, palavra ''passamento'', quando dita por um [[espiritismo|espírita]], significa a morte do corpo. A passagem da vida corpórea para a [[Plano espiritual|vida espiritual]].


* [[Parada respiratória]] (sem [[respiração]]);
Apesar de ser [[conceito]] comum a muitas [[crença]]s, ela normalmente segue padrões diferentes de definição de acordo com cada [[filosofia]]. Várias religiões creem que, após a morte, o [[ser vivo]] fica junto do seu criador (para os [[cristianismo|cristãos]], [[Deus]]).
* [[Parada cardíaca]] (sem [[Frequência cardíaca|pulso]]);
* [[Morte encefálica|Morte cerebral]] (sem atividade neuronal).


As etapas que se seguem após a morte são:
Muitos [[antropologia|antropólogos]] sentem que os [[enterro]]s fúnebres atribuídos ao ''[[Homem de Neanderthal]]/[[Homo neanderthalensis]]'', onde corpos [[Ornamento (arte)|ornamentados]] estão em covas cuidadosamente escavadas, decoradas com flores e outros motivos simbólicos, são evidência de antiga crença na vida após a morte.


* ''{{Lang|la|[[Pallor mortis]]}}'', palidez que acontece entre 15 e 120 minutos após a morte;
Do ponto de vista científico, não se confirma a ideia de uma vida após a morte. Embora grande parte da comunidade científica sustente que isso não é um assunto que caiba à ciência resolver, e que cientificamente não há evidências que corroborem a existência de espíritos ou algo com função similar que sobreviva após a morte,<ref name = "Livro_do_Cérebro"/><ref name="Livro_da_Filosofia">(Vários colaboradores) Buckingham, Will; et. alli. - O Livro da Filosofia - Editora Globo - São Paulo, SP - 2011 - ISBN 978-85-250-4986-5</ref> muitos pesquisadores tentaram e ainda tentam entrar nesse campo estudando, por exemplo, as chamadas "experiências de quase-morte". Para eles, o conceito de "vida" se associa ao de "[[consciência]]", contudo a consciência não atrela-se à [[matéria]] conhecida.<ref name = "Livro_do_Cérebro"/><ref name="Livro_da_Filosofia"/>
* ''{{Lang|la|[[Algor mortis]]}}'', a redução da temperatura corporal após a morte, que geralmente é um declínio constante até atingir a temperatura ambiente;
* ''{{Lang|la|[[Rigor mortis]]}}'', os membros do cadáver tornam-se rígidos e difíceis de mover ou manipular;
* ''{{Lang|la|[[Livor mortis]]}}'', um assentamento do sangue na parte inferior (dependente) do corpo;
* [[Putrefação]], os primeiros sinais de decomposição;
* [[Decomposição]], a redução em formas mais simples de matéria, acompanhada por um odor forte e desagradável;
* [[Esqueletização]], o fim da decomposição, onde todos os tecidos moles se decompõem, deixando apenas o esqueleto;
* [[Fóssil|Fossilização]], a preservação natural dos restos do esqueleto formados ao longo de um período muito longo.


=== Jurídico ===
Ao fim, consideram-se, em essência, três hipóteses:
A morte de uma pessoa tem consequências jurídicas que podem variar entre as diferentes jurisdições. A [[certidão de óbito]] é emitida na maioria das jurisdições, por um médico ou por um escritório administrativo, mediante a apresentação da declaração de óbito de um médico.


=== Diagnóstico errado ===
::* A consciência existe unicamente como resultado de correlações materiais.<ref name="Livro_da_Filosofia"/> Essa hipótese é a que encontra corroboração científica atualmente, e se for verdadeira, a vida cessa de existir no momento da morte.
{{AP|Enterro prematuro}}
::* A consciência não tem origem física e sim [[Transcendência (filosofia)|transcendente]] à [[matéria]],<ref name="Livro_da_Filosofia"/> usando o corpo físico apenas como instrumento para se expressar. Se esta hipótese for verdadeira, certamente há uma existência de consciência após a morte e não obstante também antes da vida física, o que leva diretamente às tentativas de validação da reencarnação. É a adotada na [[Doutrina Espírita]]; sendo igualmente utilizada por várias outras doutrinas [[espiritualismo|espiritualistas]] para validar os acontecimentos por eles presenciados e assumidos como transcendentais; bem como para explicarem-se os [[êxtase]]s em [[culto]]s de [[neopaganismo]].
[[Ficheiro:Wiertz_burial.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|A pintura de [[Antoine Wiertz]] de um homem [[Enterro prematuro|enterrado vivo]]]]
::*A consciência tem uma origem física e encontra-se atrelada ao cérebro, mas há uma distinção entre os estados físicos da matéria (da massa encefálica) e os [[pensamento]]s que deles derivam.<ref name="Livro_da_Filosofia"/> Nessa linha de pensamento, há alguns que vão adiante e alegam que a consciência atrela-se a algum tipo de matéria [[wikt:imponderável|imponderável]] que, embora relacionada à [[Tabela periódica|matéria ordinária]], não se decompõe como a primeira quando da morte. A hipótese também é, neste caso, compatível com a reencarnação e com a filosofia das doutrinas espiritualistas (ver [[perispírito]]).
Há muitas referências anedóticas a pessoas sendo declaradas mortas por médicos e "voltando à vida", às vezes dias depois em seu próprio caixão, ou quando os procedimentos de [[embalsamamento]] estão prestes a começar. A partir de meados do século XVIII, houve um aumento do medo do público de ser enterrado vivo por engano<ref>{{Harvnb|Bondeson|2001|p=77}}</ref> e muito debate sobre a incerteza dos sinais da morte. Várias sugestões foram feitas para testar os sinais de vida antes do [[Sepultamento|enterro]], variando de derramar [[vinagre]] e [[pimenta]] na boca do [[cadáver]] a aplicar picaretas em brasa nos pés ou no [[reto]].<ref>{{Harvnb|Bondeson|2001|pp=56,&nbsp;71.}}</ref> Escrevendo em 1895, o médico J. C. Ouseley afirmou que até 2.700 pessoas eram enterradas prematuramente a cada ano na [[Inglaterra]] e no [[País de Gales]], embora outros estimassem o número perto de 800.<ref>{{Harvnb|Bondeson|2001|p=239}}</ref>


Em casos de [[choque elétrico]], a [[Reanimação cardiorrespiratória|ressuscitação cardiopulmonar]] (RCP) por uma hora ou mais pode permitir que os [[Nervo|nervos]] atordoados se recuperem, permitindo que uma pessoa aparentemente morta sobreviva. Pessoas encontradas inconscientes sob água gelada podem sobreviver se seus rostos forem mantidos continuamente frios até chegarem a um [[Departamento de emergência|pronto-socorro]].<ref name="Limmer">{{Citar livro|url=https://archive.org/details/emergencycare0000unse|título=Brady Emergency Care AHA|ultimo=Limmer, Dan|ultimo2=O'Keefe, Michael F.|ultimo3=Bergeron, J. David|ultimo4=Grant, Harvey|ultimo5=Murray, Bob|ultimo6=Dickinson, Ed|data=21 de dezembro de 2006|editora=Prentice Hall|isbn=978-0-13-159390-9|edition=10th Updated}}</ref> Essa "resposta ao mergulho", em que a [[Metabolismo|atividade metabólica]] e as necessidades de oxigênio são mínimas, é algo que os humanos compartilham com os [[Cetáceos|cetáceos,]] chamado de [[Reflexo de mergulho de mamífero|reflexo do mergulho]] dos mamíferos.
== Personificação da morte ==
[[Ficheiro:Death drawing plain.jpg|thumb|Iconografia da representação da Morte.]]
{{AP|[[Morte (personificação)]]}}
A morte como uma entidade sensível é um conceito que existe em muitas sociedades desde o início da história. A morte também é representada por uma figura [[mitológica]] em várias culturas. Na [[iconografia]] [[Mundo ocidental|ocidental]], ela é, usualmente, representada como uma figura [[Esqueleto humano|esquelética]] vestida de manta negra com [[capuz]] e portando uma [[foice]]/[[gadanha]]. É representada nas cartas do [[tarô]] e frequentemente ilustrada na literatura e nas artes.


À medida que as tecnologias médicas avançam, as ideias sobre quando a morte ocorre podem ter que ser reavaliadas à luz da capacidade de restaurar a vitalidade de uma pessoa após longos períodos de morte aparente (como aconteceu quando a RCP e a desfibrilação mostraram que a cessação dos batimentos cardíacos é inadequada como um indicador decisivo de morte). A falta de atividade elétrica do cérebro pode não ser suficiente para considerar alguém cientificamente morto. Portanto, o conceito de morte teórica da informação<ref name="InfoDeath">{{Citar web |ultimo=Merkle |primeiro=Ralph |url=http://www.merkle.com/definitions/infodeath.html |titulo=Information-Theoretic Death |website=www.merkle.com }}</ref> tem sido sugerido como um meio melhor de definir quando ocorre a morte verdadeira, embora o conceito tenha poucas aplicações práticas fora do campo da [[criônica]] .
A associação da imagem com o ceifador está relacionada ao [[trigo]], que na [[Bíblia]] simboliza a vida. Em [[língua inglesa|inglês]], é geralmente dado, à morte, o nome de ''Grim Reaper'' (literalmente, "ceifeiro sombrio"). Também é dado o nome de Anjo da Morte ({{lang-he-n|מַלְאַךְ הַמָּוֶת}}, ''Malach HaMavet''), decorrente da Bíblia.


Houve algumas tentativas científicas de trazer organismos mortos de volta à vida, mas com sucesso limitado.<ref>{{Citar jornal |url=http://www.foxnews.com/story/2005/06/28/blood-swapping-reanimates-dead-dogs/ |titulo=Blood Swapping Reanimates Dead Dogs |data=28 de junho de 2005 |acessodata=18 de janeiro de 2014 |website=Fox News |arquivourl=https://web.archive.org/web/20161014135940/http://www.foxnews.com/story/2005/06/28/blood-swapping-reanimates-dead-dogs.html |arquivodata=14 de outubro de 2016}}</ref> Em cenários de [[ficção científica]] onde essa tecnologia está prontamente disponível, a morte real é diferenciada da morte reversível.
A morte também é uma figura [[mitologia|mitológica]] que tem existido na mitologia e na cultura popular desde o surgimento dos contadores de histórias. Na [[mitologia grega]], [[Tânato]] seria a divindade que personificava a morte, e [[Hades]], o deus do mundo da morte.


== Causas ==
O ''ceifador'' também aparece nas cartas de ''[[tarô]]'' e em vários trabalhos televisivos e cinematográficos. Uma das formas dessa personificação é um grande personagem da série [[Discworld]] de [[Terry Pratchett]]. Grande parte dos romances da série centra-se nela como personagem principal.
[[Ficheiro:Kuoleman_Puutarha_by_Hugo_Simberg.jpg|alt=|miniaturadaimagem|esquerda|Morte cuidando de suas flores, em Kuoleman Puutarha, Hugo Simberg (1906)]]


A principal causa de morte humana nos [[países em desenvolvimento]] são as [[doenças infecciosas]]. As principais causas em [[País desenvolvido|países desenvolvidos]] são [[aterosclerose]] ([[Doença cardiovascular|doenças cardíacas]] e [[Acidente vascular cerebral|derrames]]), [[câncer]] e outras doenças relacionadas à [[obesidade]] e ao [[envelhecimento]]. Por uma margem extremamente ampla, a maior causa unificadora de morte no mundo desenvolvido é o envelhecimento biológico,<ref name="doi10.2202/1941-6008.1011"/> levando a várias complicações conhecidas como [[doenças associadas ao envelhecimento]]. Essas condições causam perda da [[homeostase]], levando à [[parada cardíaca]], causando perda de [[Oxigénio|oxigênio]] e fornecimento de nutrientes, causando deterioração irreversível do [[Cérebro humano|cérebro]] e de outros [[Tecido|tecidos]]. Das cerca de 150 mil pessoas que morrem a cada dia em todo o mundo, cerca de dois terços morrem de causas relacionadas à idade. Nas nações industrializadas, a proporção é bem maior, chegando a 90%. Com a melhoria da capacidade médica, morrer tornou-se uma condição a ser controlada. Mortes em casa, antes comuns, agora são raras no mundo desenvolvido.
Em alguns casos, essa personificação da morte é realmente capaz de causar a morte da vítima,<ref>[[Alucinação|Alucinações]] sobre essa figura podem causar a morte, especialmente em uma pessoa que está muito doente e perto da morte, destruindo a confiança da pessoa de que pode sobreviver, (veja [[nocebo]]).</ref> gerando histórias de que ela pode ser [[suborno|subornada]], enganada, ou iludida, a fim de manter uma vida. Outras crenças consideram que o [[fantasma|espectro]] da morte é apenas um [[psicopompo]] e serve para cortar os laços antigos entre a [[alma]] e o corpo e para orientar o falecido ao outro mundo, sem ter qualquer controle sobre o fato da morte da vítima.
[[Ficheiro:Lewis_Hine,_Newsies_smoking_at_Skeeter's_Branch,_St._Louis,_1910.jpg|miniaturadaimagem| Crianças estadunidenses fumando em 1910. O [[tabagismo]] causou cerca de 100 milhões de mortes no século XX.<ref name="who">{{Citar web |url=https://www.who.int/tobacco/mpower/mpower_report_full_2008.pdf |titulo=WHO Report on the Global Tobacco Epidemic, 2008 |acessodata=26 de dezembro de 2013 |publicado=[[Organização Mundial da Saúde]] |ano=2008 |resumo-url=http://www.abc.net.au/news/stories/2008/02/08/2157587.htm |resumo-data=8 de fevereiro de 2008}}</ref>]]


Nas [[País em desenvolvimento|nações em desenvolvimento]], as condições sanitárias inferiores e a falta de acesso à [[tecnologia médica]] moderna tornam a morte por doenças infecciosas mais comum do que nos países desenvolvidos. Uma dessas doenças é a [[tuberculose]], uma doença bacteriana que matou 1,8 milhão de pessoas apenas em 2015.<ref name="WHO2004data">{{Citar web |url=https://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs104/en/index.html |titulo=Tuberculosis Fact sheet N°104 – Global and regional incidence |data=Março de 2006 |acessodata=6 de outubro de 2006 |publicado=[[Organização Mundial da Saúde]]}}</ref> A [[malária]] causa cerca de 400–900 milhões de casos de [[febre]] e 1–3 milhões de mortes anualmente.<ref>{{Citar web |ultimo=Chris Thomas, Global Health/Health Infectious Diseases and Nutrition |url=http://www.usaid.gov/our_work/global_health/mch/ch/techareas/malaria_brief.html |titulo=USAID's Malaria Programs |data=2 de junho de 2009 |acessodata=19 de setembro de 2016 |publicado=Usaid.gov |arquivourl=https://web.archive.org/web/20040126050719/http://www.usaid.gov/our_work/global_health/mch/ch/techareas/malaria_brief.html |arquivodata=26 de janeiro de 2004}}</ref> O número de mortes pela [[AIDS]] na [[África]] pode chegar a 90–100 milhões em 2025.<ref>{{Citar jornal |url=https://www.theguardian.com/world/2005/mar/04/aids |titulo=Aids could kill 90 million Africans, says UN |data=4 de março de 2005 |acessodata=23 de maio de 2010 |website=[[The Guardian]] |local=London}}</ref><ref>{{Citar jornal |ultimo=Terry Leonard |url=https://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2006/06/03/AR2006060300229.html |titulo=AIDS Toll May Reach 100 Million in Africa |data=4 de junho de 2006 |acessodata=26 de dezembro de 2013 |website=[[The Washington Post]]}}</ref>
[[Ficheiro:Santa-muerte-nlaredo2.jpg|left|thumb|''[[Santa Muerte]]'': uma [[personificação]] da morte segundo a cultura popular [[México|mexicana]].]]
A morte, em muitas línguas, é personificada na forma masculina (como no [[língua inglesa|inglês]]), enquanto em outros ela é percebida como uma personagem feminina (por exemplo, em [[línguas eslavas]] e [[línguas neolatinas|neolatinas]]). A série [[Sobrenatural (série de televisão)|''Supernatural'']] apresentou uma visão nova da morte, onde um dos [[cavaleiros do Apocalipse]], juntamente com a morte em sua personificação humana, discutem com o personagem principal sobre sua origem. Durante o diálogo, ela afirma ser mais velha do que Deus, estar acima dos céus e da terra, existir em outros [[planeta]]s e levar a vida para o abismo há muito tempo.


De acordo com [[Jean Ziegler]] ([[Organização das Nações Unidas|Repórter Especial das Nações Unidas]] sobre o Direito à Alimentação, de 2000 até março de 2008), a mortalidade por [[desnutrição]] representou 58% da taxa de mortalidade total em 2006. Ziegler diz que em todo o mundo cerca de 62 milhões de pessoas morreram, sendo que dessas mortes mais de 36 milhões foram por fome ou por conta de doenças relacionadas a deficiências de [[Micronutriente|micronutrientes]].
Os [[mexicanos]] personificam a morte na figura da ''[[Santa Muerte]]'', uma [[divindade|deusa]] resultante do [[sincretismo]] entre as mitologias [[catolicismo|católica]] e [[Mesoamérica|mesoamericanas]].


[[Tabaco|Fumar tabaco]] matou 100 milhões de pessoas em todo o mundo no século XX e poderiam matar 1 bilhão de pessoas em todo o mundo no século XXI, alertou um relatório da [[Organização Mundial da Saúde|Organização Mundial da Saúde.]]<ref name="who">{{Citar web |url=https://www.who.int/tobacco/mpower/mpower_report_full_2008.pdf |titulo=WHO Report on the Global Tobacco Epidemic, 2008 |acessodata=26 de dezembro de 2013 |publicado=[[Organização Mundial da Saúde]] |ano=2008 |resumo-url=http://www.abc.net.au/news/stories/2008/02/08/2157587.htm |resumo-data=8 de fevereiro de 2008}}</ref>
== No direito ==
{{artigo principal|pena de morte}}
As [[Ordenações Filipinas]] - conjunto de leis que servia de base para o [[Lei de Portugal|direito português]] na época do [[Brasil Colônia]], previa a "morte natural" em duas versões: "natural cruel" e "natural atroz". Na "morte cruel", o corpo do condenado era objeto de [[vingança]] e, por isso, devia ser [[tortura]]do vivo. A finalidade era prolongar o sofrimento da vítima.<ref name="MJ">[http://www.tjba.jus.br/publicacoes/mem_just/volume2/cap8.htm "Memória da Justiça Brasileira" - Poder Judiciário do Estado da Bahia]</ref>


Muitas das principais causas de morte no mundo desenvolvido podem ser adiadas por [[Regime nutricional|dieta adequada]] e [[Aptidão física|atividade física]], mas a incidência crescente de doenças com a idade ainda impõe limites à [[longevidade]] humana. A [[Evolução do envelhecimento|causa evolutiva do envelhecimento]] está, na melhor das hipóteses, apenas começando a ser entendida. Foi sugerido que a intervenção direta no processo de envelhecimento pode agora ser a intervenção mais eficaz contra as principais causas de morte.<ref>{{Citar periódico |titulo=Longevity dividend: What should we be doing to prepare for the unprecedented aging of humanity? |ultimo=Olshansky |primeiro=S. Jay |ultimo2=Perry |primeiro2=Daniel |ano=2006 |paginas=28–36 |ultimo3=Miller |primeiro3=Richard A. |ultimo4=Butler |primeiro4=Robert N. |volume=20 |journal=[[The Scientist]]}}</ref>
No caso da condenação por "morte natural atroz", a vítima teria ainda seus [[bem (direito)|bens]] confiscados e a família seria atingida até a geração dos netos. Essa punição era considerada mais branda que a da "morte natural cruel" e o condenado podia ser [[Desmembramento|esquartejado]] depois de morto. Em ambos os casos, era ressaltado o "caráter pedagógico" da degradação do cadáver. Era a "[[pedagogia]] do domínio" pelo [[medo]], "aprendida" por todos que presenciavam o "espetáculo".<ref name="HV">Revista História Viva: "A Bastilha brasileira" - "Os inconfidentes e a terrível "morte natural". Editora Dueto. São Paulo (2010).</ref>
[[Ficheiro:Édouard_Manet_-_Le_Suicidé_(ca._1877).jpg|esquerda|miniaturadaimagem| ''Le Suicidé'' de [[Édouard Manet]] retrata um homem que recentemente se suicidou com uma arma de fogo]]


[[Hans Selye|Selye]] propôs uma abordagem não específica unificada para muitas causas de morte. Ele demonstrou que o [[estresse]] diminui a adaptabilidade de um organismo e propôs descrever a adaptabilidade como um recurso especial, a ''energia de adaptação''. O animal morre quando esse recurso se esgota.<ref name="SelyeAE2">Selye, H. (1938). Experimental evidence supporting the conception of "adaptation energy", Am. J. Physiol. 123 (1938), 758–765.</ref> Selye presumiu que a adaptabilidade é um suprimento finito, apresentado no nascimento. Posteriormente, Goldstone propôs o conceito de uma produção ou receita de energia de adaptação que pode ser armazenada (até um limite), como reserva de capital de adaptação.<ref>{{Citar periódico |titulo=The general practitioner and the general adaptation syndrome |ultimo=Goldstone B |ano=1952 |paginas=106–109 |pmid=14913266 |volume=26 |journal=South African Medical Journal}}</ref> Em trabalhos recentes, a energia de adaptação é considerada uma coordenada interna no "caminho dominante" no modelo de adaptação. É demonstrado que oscilações de bem-estar aparecem quando a reserva de adaptabilidade está quase esgotada.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.researchgate.net/publication/287251014 |titulo=Evolution of adaptation mechanisms: adaptation energy, stress, and oscillating death |ultimo=Gorban A.N. |ultimo2=Tyukina T.A. |ano=2016 |paginas=127–139 |arxiv=1512.03949 |doi=10.1016/j.jtbi.2015.12.017 |pmid=26801872 |ultimo3=Smirnova E.V. |ultimo4=Pokidysheva L.I. |volume=405 |journal=J. Theor. Biol.}}</ref>
Exemplo conhecido de sentenciado com a "morte natural cruel" é a de um dos [[inconfidentes]]. A essa pena, [[Tiradentes]] foi condenado em 1792.


Em 2012, o [[suicídio]] ultrapassou os acidentes de carro como as principais causas de mortes por ferimentos humanos nos Estados Unidos, seguidos por envenenamento, quedas e assassinatos.<ref>{{Citar jornal |ultimo=Steven Reinberg |url=http://medicalxpress.com/news/2012-09-suicide-americans-car.html |titulo=Suicide now kills more Americans than car crashes: study |data=20 de setembro de 2012 |acessodata=15 de outubro de 2012 |website=Medical Express}}</ref> Em países de renda alta e média, quase metade a mais de dois terços de todas as pessoas vivem além dos 70 anos e morrem predominantemente de [[doenças crônicas]]. Em países de baixa renda, onde menos de uma em cada cinco pessoas chega aos 70 anos e mais de um terço de todas as mortes ocorrem entre crianças menores de 15 anos, as pessoas morrem predominantemente de doenças infecciosas.<ref>{{Citar web |url=https://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs310/en/index2.html |titulo=The top 10 causes of death |acessodata=12 de dezembro de 2012 |publicado=[[Organização Mundial da Saúde]] |ano=2012 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20121104134125/http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs310/en/index2.html |arquivodata=4 de novembro de 2012}}</ref>
No final do século XVIII, o direito português previa a "morte natural para sempre": proibia o sepultamento do cadáver, que teria as partes do corpo expostas até a decomposição completa.<ref name="HV" />".


== Na ciência ==
=== Autópsia ===
[[Ficheiro:Rembrandt_-_The_Anatomy_Lesson_of_Dr_Nicolaes_Tulp.jpg|alt=A painting of an autopsy, by Rembrandt, entitled "The Anatomy Lesson of Dr. Nicolaes Tulp"|miniaturadaimagem| Uma autópsia é retratada em ''[[A Lição de Anatomia do Dr. Tulp|A Lição de Anatomia do Dr. Nicolaes Tulp]]'', de [[Rembrandt]]]]
A morte, no ramo das ciências, é estudada pela [[tanatologia]]. Nesse sentido, são estudados causas, circunstâncias, fenômenos e repercussões jurídico-sociais, sendo amplamente utilizados na [[medicina legal]]. No [[Brasil]], o [[diagnóstico]] da morte é regido pela [[Resolução (direito)|resolução]] 1.480/97 do Conselho Federal de Medicina. A morte também é estudada em outros ramos da ciência, notadamente os relacionados a tratar doenças e [[traumatismo]]s, evitando que eles ocorram. No mesmo sentido, algumas das estatísticas mundialmente utilizadas para ações governamentais de prevenção são as [[taxa de mortalidade|taxas de mortalidade]]. Alguns estudos da ciência abordam as [[Experiência de quase morte|experiências de quase-morte]] no sentido de entender os fenômenos correlacionados na quase-morte.
Uma [[autópsia]], também conhecida como ''exame post-mortem'' ou ''obdução'', é um procedimento médico que consiste em um [[Exame médico|exame]] completo de um [[cadáver]] humano para determinar a causa e a forma da morte de uma pessoa e para avaliar qualquer [[doença]] ou [[Trauma físico|lesão]] que possa estar presente. Geralmente é realizado por um [[médico]] especializado chamado [[Patologia|patologista]].


As autópsias são realizadas para fins legais ou médicos. Uma autópsia forense é realizada quando a causa da morte pode ser uma questão criminal, enquanto uma autópsia clínica ou acadêmica é realizada para encontrar a causa médica da morte e é usada em casos de morte desconhecida ou incerta, ou para fins de pesquisa. As autópsias podem ser classificadas em casos em que o exame externo é suficiente e aqueles em que o corpo é dissecado e um exame interno é realizado. Em alguns casos, a permissão de parentes mais próximos pode ser necessária para uma autópsia interna. Uma vez que uma autópsia interna é concluída, o corpo é geralmente reconstituído por costura. A autópsia é importante em um ambiente médico e pode esclarecer erros e ajudar a melhorar as práticas. A [[necropsia]], que nem sempre é um procedimento médico, era um termo usado anteriormente para descrever um exame ''post-mortem'' não regulamentado. Nos tempos modernos, esse termo é mais comumente associado a cadáveres de animais.
=== Morte e consciência ===
Devido à [[Problema mente-corpo|dicotomia mente-corpo]] — [[monismo]] ou [[dualismo]]<ref name="Livro_do_Cérebro"/> —, muitos debates cercam a questão sobre o que acontece com a consciência quando o corpo morre. A crença na [[vida após a morte]] baseia-se em relatos, experiências, [[Revelação divina|revelações divinas]] e [[lógica|exercícios lógicos]], sendo um [[conceito]] primordial de praticamente todas as religiões. Para os que não acreditam que exista continuidade após a morte e rejeitam a veracidade dos indícios contrários (por não serem científicos), a consciência e a [[personalidade]] são, apenas, o produto de um cérebro em funcionamento.<ref name="big brain">Rosenberger, Peter B. MD; Adams, Heather R. PhD. Big Brain/Smart Brain. 18 de outubro de 2011.</ref> Sendo assim, o cessamento da atividade cerebral significaria o final da existência do indivíduo, não havendo nada após isso.<ref>Piccinini, Gualtiero; Bahar, Sonya. "[http://philosophyofbrains.com/files/30451-28882/Neural_Localization_of_Mental_Functions_6.docx No Mental Life after Brain Death: The Argument from the Neural Localization of Mental Functions]{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}" (2011). University of Missouri - St. Louis.</ref><ref>{{citar periódico|autor =Bernat JL|data=8 de abril de 2006|doi=10.1016/S0140-6736(06)68508-5|número=9517|periódico=Lancet|páginas=1181–1192|pmid=16616561|título=Chronic disorders of consciousness|volume=367}}</ref> A visão monista é a cientificamente apoiada em virtude primeiro da ausência factual científica necessária ao apoio da visão dualista; e em segundo devido a considerações levantadas quanto se busca definir de forma rigorosa o que é "[[consciência]]"; sobretudo diante da perspectiva dos avanços em [[biotecnologia]], onde a possibilidade de se construir uma [[máquina]] com consciência não pode ser mais tratada como mera [[ficção científica]].<ref name ="Livro_do_Cérebro"/>


=== Experiência de quase-morte ===
== Sociedade e cultura ==
[[Ficheiro:Hertig_Karl_skymfande_Klaus_Flemings_lik,_målning_av_Albert_Edelfelt_från_1878.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|O regente duque Carlos (mais tarde rei [[Carlos IX da Suécia]]) insultou o cadáver de [[Klas Fleming|Klaus Fleming]]. [[Albert Edelfelt]], 1878.]]
{{AP|Experiência de quase-morte}}
Um ramo da ciência estuda as declarações de pacientes que recuperaram suas funções vitais depois de uma intervenção médica. São comuns relatos de pessoas que dizem ter visto uma [[luz]], um [[túnel]] iluminado e, às vezes, vendo-se a si mesmos fora do próprio corpo, a exemplo durante uma [[cirurgia]]. Esses relatos dividem as opiniões de especialistas. Segundo os defensores da visão dualista, a luz vivenciada pelos pacientes de quase-morte é a luz que indica o caminho para o mundo pós-morte.


Falar sobre a morte e testemunhá-la é uma questão difícil para a maioria das culturas. As sociedades ocidentais podem gostar de tratar os mortos com o máximo respeito material, com um embalsamador oficial e ritos associados. Sociedades orientais (como a Índia) podem ser mais abertas a aceitar a morte como um ''fato consumado'', com uma procissão fúnebre do cadáver terminando em uma queima ao ar livre até as cinzas do mesmo.
Até o momento, a visão apoiada cientificamente sobre esse fenômeno é a monista: a de que são alterações químicas e funcionais no cérebro - agravadas se há falta de [[Oxigênio|oxigenação]] adequada aos tecidos, algo comum em cirurgias graves - que fazem o paciente ter [[alucinações]] durante a ocorrência das anormalidades. Os avanços das técnicas de mapeamento cerebral e de mecanismos excitatórios cerebrais contribuíram significativamente para a compreensão da experiência de quase-morte. A exemplo, o estímulo direto dos [[Lobo temporal|lobos temporais]] pode induzir a sensação de uma presença invisível ou "divina": um [[capacete]] construído pelo médico Michael Persinger e por ele denominado "capacete de Deus" induz experiências "espirituais" em 80% daqueles que o experimentam. Modificações induzidas no funcionamento dos [[Lobo parietal|lobos parietais]] simulam experiências [[extrassensorial|extrassensoriais]], entre elas [[Materialização|corporificações]] e a sensação de se [[Projeção da consciência|"sair do corpo"]].<ref name = "Livro_do_Cérebro"/>


=== Aspectos jurídicos ===
Em experimentos realizados em [[centrífuga|aceleradores centrípetos]] que visam a compreender as reações [[fisiologia|psicofisiológicas]] humanas em presença de enormes [[aceleração|acelerações]], após momentaneamente desmaiarem dada a incapacidade [[Sistema circulatório|circulatória]], as pessoas submetidas ao teste relatam, quase sempre, alucinações análogas às apresentadas pelas pessoas que passaram por experiências de quase-morte, incluso a experiência de se ver fora do corpo; muito embora, nesses experimentos controlados, as pessoas em testes sejam seguramente mantidas longe do limite entre a vida e a morte.<ref>"Im Augenblick des Todes - Medizin im Grenzebereich" - National Geographic Television - NGHT - 2008 - Deutsche Fassung ZDF (2010). Disponível no [[YouTube]] sob mesmo título.</ref> A compreensão das reações humanas às bruscas acelerações mostra-se importante a exemplo na [[aviação militar]], onde facilmente os pilotos encontrar-se-ão submetidos a enormes acelerações, usualmente medida via múltiplo da [[aceleração da gravidade]], ou de seu próprio peso, mediante a chamada [[força G]].


Os aspectos jurídicos da morte também fazem parte de muitas culturas, particularmente o acordo do destino do [[patrimônio]] do falecido e as questões de [[herança]] e, em alguns países, a [[Imposto de transmissão causa mortis e doação|tributação de herança]]. A [[Pena de morte|pena capital]] também é um aspecto culturalmente divisivo da morte. Na maioria das jurisdições onde a pena de morte é aplicada hoje, a pena de morte é reservada para [[Assassínio|assassinato]] premeditado, [[espionagem]], [[traição]] ou como parte da [[Direito militar|Justiça militar]]. Em alguns países, crimes sexuais, como [[adultério]] e [[sodomia]], acarretam pena de morte, assim como crimes religiosos, como [[apostasia]], que é a renúncia formal de uma religião. Em muitos países, o [[Narcotráfico|tráfico de drogas]] também é crime capital. Na China, o [[tráfico de pessoas]] e casos graves de [[Corrupção política|corrupção]] também são punidos com a morte. Nas forças armadas em todo o mundo, as [[Corte marcial|cortes marciais]] impuseram sentenças de morte para crimes como [[Cobardia|covardia]], [[deserção]], [[insubordinação]] e [[motim]].<ref>{{Citar web |url=http://www.shotatdawn.org.uk/ |titulo=Shot at Dawn, campaign for pardons for British and Commonwealth soldiers executed in World War I |acessodata=20 de julho de 2006 |publicado=Shot at Dawn Pardons Campaign |arquivourl=https://web.archive.org/web/20061004030535/http://www.shotatdawn.org.uk/ |arquivodata=4 de outubro de 2006}}</ref>
O [[psiquiatra]] e [[parapsicólogo]] [[Raymond Moody]] popularizou a expressão "experiência de quase-morte" com seu livro escrito em [[1975]], "[[Vida Depois da Vida]]". O livro ganhou a atenção do público em geral para o conceito de experiência de quase-morte. Entretanto, relatos dessas experiências sempre ocorreram na história. A obra [[A República|"A República" (Livro X)]], de [[Platão]], escrita no [[século IV a.C.]], contém a lenda de um soldado chamado [[Mito de Er|Er]] que teve uma experiência semelhante depois de ter sido ferido em combate. Er descreveu sua alma deixando seu corpo e, do céu, viu-a sendo julgada junto com outras almas.<ref>{{citar web
[[Ficheiro:Allisvanity.jpg|miniaturadaimagem|upright|''Tudo é vaidade'', obra de [[Charles Allan Gilbert]], um exemplo de ''[[memento mori]]'', destinado a representar como a vida e a morte estão interligadas]]
|título=The Republic
[[Ficheiro:Grave_stone2.JPG|miniaturadaimagem|upright|Lápides em [[Quioto]], Japão]]
| url =http://classics.mit.edu/Plato/republic.1.introduction.html
|data=2007
|publicado=The Internet Classics Archive
|autor =Benjamin Jowett
|acessodata=2007-10-14}}</ref><ref>[https://qz.com/709969/2300-years-later-platos-theory-of-consciousness-is-being-backed-up-by-neuroscience/ 2,300 years later, Plato’s theory of consciousness is being backed up by neuroscience]</ref>


No [[Brasil]], uma morte humana é contabilizada oficialmente quando é registrada por familiares do morto em um [[cartório]]. Antes de poder requerer o óbito oficial, o falecido deve ter feito o registro de nascimento oficial. Apesar da Lei de Registro Público garantir a todos os cidadãos brasileiros o direito de registrar os óbitos independentemente de seus meios financeiros, o governo brasileiro não retirou o ônusd eosfamiliares (muitas vezes os filhos), comos custos ocultos e as taxas dpararegistrar aumamorte. de um parente Para muitas famílias empobrecidas, os custos indiretos e o fardo do pedido de morte levam a um enterro cultural local mais afácil não oficial, o que, por sua vez, levanta o debate sobre [[Taxa de mortalidade|a]] [[Taxa de mortalidade|axas de mortalidade]] imprecisas. no país <ref>{{Citar periódico |titulo=Flesh, Blood, Souls, and Households: Cultural Validity in Mortality Inquiry |data=Setembro de 1999 |ultimo=Nations |primeiro=Marilyn K. |ultimo2=Amaral |primeiro2=Mara Lucia |paginas=204–220 |doi=10.1525/maq.1991.5.3.02a00020 |volume=5 |journal=Medical Anthropology Quarterly}}</ref>
As "experiências de quase-morte" caracterizam-se, em sua quase totalidade, pelas seguintes percepções:
* Sensações de tranquilidade - essas sensações podem incluir paz, aceitação da morte, conforto físico e emocional;
* Luz radiante, pura e intensa - é uma luz que, muitas vezes, preenche o [[quarto]]. Em vários casos, o indivíduo associa-a ao [[Céu (religião)|Céu]] e a Deus;
* [[Projeção da consciência|Experiências fora do corpo]] - a pessoa sente que deixou seu corpo. Em vários casos, o indivíduo afirma que vê seu corpo e descreve com certa precisão o ato dos médicos trabalhando nele;<ref>Pim van Lommel (2010). ''Consciousness Beyond Life: The science of the near-death experience''. ISBN 978-0-06-177725-7 .</ref>
* Entrando em outra realidade ou dimensão - dependendo das [[crença religiosa|crenças religiosas]] da pessoa, ela pode se sentir entrando num [[Portal (arquitetura)|portal]] de novas [[dimensão|dimensões]];
* Seres espirituais - a pessoa sente-se encontrando "seres de luz" ou outras representações de entidades espirituais. Ela pode perceber esses seres como entes queridos que morreram, [[anjo]]s, [[santo]]s ou Deus.


=== Suicídio ===
== Culto dos mortos em Portugal ==
{{AP|Suicídio|Eutanásia}}
Segundo [[Leite de Vasconcelos]], na noite de [[Dia de Todos-os-Santos|Todos os Santos]], em Barqueiros, era tradição preparar, à [[meia-noite]], uma mesa com [[castanha]]s para os mortos da família irem comer; e depois ninguém mais tocava nas castanhas porque se dizia que estavam "babadas dos defuntos". É também costume deixar um lugar vago à mesa para o morto ou deixar a mesa cheia de iguarias toda a noite da [[consoada]] para as "alminhas".<ref>{{Citar web |url=http://cvc.instituto-camoes.pt/bdc/etnologia/opusculos/vol07/opusculos07_1291_1333.pdf |titulo=José Leite de Vasconcelos. OPÚSCULOS. Volume VII – Etnologia (Parte II).Lisboa, Imprensa Nacional, 1938.V. Miscelânea etnográfica |acessodata=2012-11-25 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20140714203854/http://cvc.instituto-camoes.pt/bdc/etnologia/opusculos/vol07/opusculos07_1291_1333.pdf |arquivodata=2014-07-14 |urlmorta=yes }}</ref>
A morte na guerra e no [[ataque suicida]] também têm laços culturais, e as ideias de ''[[dulce et decorum est pro patria mori]]'', [[motim]] punível com a morte, parentes de soldados mortos em luto estão incorporadas em muitas culturas. Recentemente no mundo ocidental, com o aumento do terrorismo após os [[Ataques de 11 de setembro de 2001|ataques de 11 de setembro]], mas também no passado com os atentados suicidas em missões [[kamikaze]] na [[Segunda Guerra Mundial]] e missões suicidas em uma série de outros conflitos na história, morte por uma causa por forma de ataque suicida e [[Mártir|martírio]] tiveram impactos culturais significativos. O [[suicídio]] em geral, e particularmente a [[eutanásia]], também são pontos de debate cultural. Ambos os atos são entendidos de maneiras muito diferentes em diferentes culturas. No [[Japão]], por exemplo, acabar com a vida com honra por [[seppuku]] era considerado uma morte desejável, enquanto nas culturas tradicionais cristã e islâmica, o suicídio é visto como um "pecado". A [[Morte (personificação)|morte é personificada]] em muitas culturas, com representações simbólicas como o [[Morte (personificação)|Grim Reaper]], [[Azrael]], o [[deus hindu]] [[Iama (deus)|Iama]] e o [[Tempo do pai|Pai Tempo]].


=== Impacto psicológico ===
[[Leite de Vasconcelos]] também considerava o [[magusto]], festa popular em que amigos e famílias se juntam para assar e comer castanhas, como o vestígio de um antigo [[sacrifício]] em honra dos mortos.
Muitas pessoas têm medo de morrer. Discutir, pensar ou planejar suas próprias mortes lhes causa desconforto. Esse medo pode levá-los a adiar o planejamento financeiro, preparar um [[testamento]] ou solicitar ajuda de uma organização de [[Unidade de cuidados paliativos|cuidados paliativos.]]


Pessoas diferentes têm reações diferentes à ideia de suas próprias mortes. O filósofo [[Galen Strawson]] escreve que a morte que muitas pessoas desejam é uma aniquilação inexperiente e indolor instantânea.<ref name=":2">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=c_9MDwAAQBAJ&pg=PA72|título=Things that Bother Me: Death, Freedom, the Self, Etc|ultimo=Strawson|primeiro=Galen|data=2018|editora=New York Review of Books|páginas=72–73|língua=en|isbn=9781681372204}}</ref> Nesse cenário improvável, a pessoa morre sem perceber e sem medo. Em um momento, a pessoa está andando, comendo ou dormindo e, no momento seguinte, a pessoa está morta. Strawson argumenta que esse tipo de morte não tiraria nada da pessoa, pois ele acredita que uma pessoa não pode ter uma reivindicação legítima de propriedade no futuro.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=z2XODQAAQBAJ&pg=PT108|título=The Subject of Experience|ultimo=Strawson|primeiro=Galen|data=2017|editora=Oxford University Press|páginas=108–110|língua=en|isbn=9780198777885}}</ref>
:Nesta noite ninguém cuide
:Encontrar-se à mesa a sós!
:Porque os nossos ''q'ridos'' mortos
:Vão sentar-se junto a nós.


=== Localização ===
Outras manifestações do culto dos mortos são as [[alminhas]] e os [[Cruzeiro (monumento)|cruzeiros]], pequenos monumentos de devoção que se encontram frequentemente na beira dos caminhos, os [[Fiéis de Deus]] e a tradição de pedir o [[pão-por-deus]].
[[Ficheiro:All_causes_world_map-Deaths_per_million_persons-WHO2012.svg|miniaturadaimagem|esquerda|upright=1.3|Número estimado da [[Organização Mundial da Saúde|Organização Mundial de Saúde]] de mortes por milhão de pessoas em 2012]]


Antes de cerca de 1930, a maioria das pessoas nos [[países ocidentais]] morria em suas próprias casas, cercada pela família e confortada pelo clero, vizinhos e médicos fazendo visitas domiciliares.<ref name="isbn0-8018-1762-5">{{Citar livro|url=https://archive.org/details/westernattitudes00phil|título=Western attitudes toward death: from the Middle Ages to the present|ultimo=Ariès|primeiro=Philippe|editora=Johns Hopkins University Press|ano=1974|localização=Baltimore|páginas=[https://archive.org/details/westernattitudes00phil/page/87 87–89]|isbn=978-0-8018-1762-5|autorlink=Philippe Ariès}}</ref> Em meados do século XX, metade de todos os estadunidenses morreram em um hospital.<ref name="isbn0-679-41461-4">{{Citar livro|url=https://archive.org/details/howwediereflecti00nula/page/254|título=How we die: Reflections on life's final chapter|ultimo=Nuland|primeiro=Sherwin B.|editora=A.A. Knopf|ano=1994|localização=Nova York|páginas=[https://archive.org/details/howwediereflecti00nula/page/254 254–255]|isbn=978-0-679-41461-2|autorlink=Sherwin B. Nuland}}</ref>
Nas Viagens do Barão de Rozmital, de 1465 a 1467, encontram-se algumas referências aos clamores e brados e outras tradições fúnebres: "Ha também ''alli'' esta costumeira : morrendo alguém, levam para a ''egreja'' vinho, carne, pão e outras comidas; os parentes do morto acompanham o funeral vestidos de roupas brancas próprias dos
enterros com capuzes ''á'' maneira dos monges, com o qual vestuário se vestem de um modo admirável. ''Aquelles'' porém, que são assalariados para carpirem o defuncto vão vestidos com roupa
preta, e fazem um pranto como o ''d'aquelles'' que entre nós pulam
de contentes ou estão alegres por terem bebido".<ref>[http://archive.org/stream/cursodehistoriad00braguoft/cursodehistoriad00braguoft_djvu.txt Teophilo Braga.CURSO DE HISTORIA DA LITTERATURA PORTUGUEZA. Porto: 1885]</ref>


No início do século XXI, apenas cerca de 20–25% das pessoas nos países desenvolvidos morriam fora de uma instituição médica.<ref name="pmid16299059">{{Citar periódico |titulo=Where older people die: a retrospective population-based study |data=Dezembro de 2005 |ultimo=Ahmad |primeiro=S. |ultimo2=O'Mahony |primeiro2=M.S. |paginas=865–870 |doi=10.1093/qjmed/hci138 |pmid=16299059 |volume=98 |journal=QJM}}</ref><ref name="pmid11535743">{{Citar periódico |titulo=Remembering death: public policy in the USA |data=Setembro de 2001 |paginas=433–436 |doi=10.1177/014107680109400905 |pmc=1282180 |pmid=11535743 |vauthors=Cassel CK, Demel B |volume=94 |journal=J R Soc Med}}</ref> A mudança da morte em casa para a morte em um ambiente médico profissional foi denominada "morte invisível". Essa mudança ocorreu gradualmente ao longo dos anos, até que a maioria das mortes agora ocorrem fora da casa da pessoa.<ref>{{Citar periódico |titulo=Invisible Death |ultimo=Ariès |primeiro=P |ano=1981 |paginas=105–115 |jstor=40256048 |pmid=11624731 |volume=5 |journal=The Wilson Quarterly}}</ref>
==Tabus e crenças sobre a morte dos nativos das Américas==


=== Religiões ===
Algumas [[tribo]]s de [[Povos ameríndios|nativos]] do [[Novo Mundo]] acreditavam que havia algum tipo de vida após a morte. Outras consumiam a [[carne]] ou [[osso]]s de familiares mortos, pois pensavam que assim adquiririam as boas qualidades da pessoa morta.<ref name="msc">CAVALCANTE, Messias S. ''Comidas dos Nativos do Novo Mundo''. Barueri, SP. Sá Editora. 2014, 403p. ISBN 9788582020364</ref>
{{AP|Religião|Reencarnação|Vida após a morte|Ressurreição}}
[[Ficheiro:Momias de Llullaillaco en la Provincia de Salta (Argentina).jpg|thumb|"A Donzela" é uma múmia que faz parte de um achado arqueológico chamado [[Crianças de Llullaillaco]]. Na foto, a Donzela na [[Salta (província)|província de Salta]] ([[Argentina]]).]]


Na sociedade, a natureza da morte e a [[Saliência da mortalidade|consciência da humanidade de sua própria mortalidade]] tem sido por milênios uma preocupação das [[Religião|tradições religiosas]] do mundo e da [[Filosofia|investigação filosófica]]. Isso inclui a crença na [[ressurreição]] ou na [[vida após a morte]] (associada às [[religiões abraâmicas]]), [[reencarnação]] ou renascimento (associada às [[Religiões indianas|religiões dármicas]]) ou que a consciência deixa de existir permanentemente, conhecido como [[esquecimento eterno]] (associado ao [[humanismo secular]]).<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=fuKB8MPMdG4C&pg=PA18|título=Handbook to the Afterlife|ultimo=Heath|primeiro=Pamela Rae|ultimo2=Klimo|primeiro2=Jon|editora=North Atlantic Books|ano=2010|isbn=978-1-55643-869-1|acessodata=12 April 2012}}</ref>
[[Imagem:Nativo em ritual de dança da morte.pdf|thumb|Nativo em ritual de dança da morte]]


As cerimônias após a morte podem incluir várias [[Luto|práticas de luto]], [[Funeral|práticas fúnebres]] e rituais de homenagem ao falecido. Os restos mortais de uma pessoa, comumente conhecidos como ''cadáveres'' ou ''corpos'', são geralmente [[Sepultamento|enterrados]] inteiros ou [[Cremação|cremados]], embora entre as culturas do mundo haja uma variedade de outros métodos de [[Eliminação de cadáveres humanos|eliminação mortuária]].
Quando algum índio importante de [[tribo]]s da [[Bahia]] falecia, era enterrado com suas [[arma]]s e objetos usados no dia a dia e, para que pudesse se alimentar, alimentos e água eram disponibilizados.<ref name="souza">SOUSA, Gabriel Soares de (1540-1590). ''Tratado descritivo do Brasil em 1587''. São Paulo, Cia Editora Nacional, Editora da Universidade de São Paulo. 1971, 4ª ed. 389p.</ref> O pio do [[gavião]] [[caracará]] era temido pelos índios [[Amazônia|amazônicos]] uma vez que acreditam que era o anúncio de morte na [[aldeia]].<ref name="bates">BATES, Henry Walter (1825-1892). ''Um naturalista no rio Amazonas''. Belo Horizonte, Edit. Itatiaia; São Paulo, Edit. da Universidade de São Paulo. 1979, 300 p.</ref>
[[Ficheiro:Mummy at British Museum.jpg|thumb|esquerda|[[Múmia]] do [[Antigo Egito]] no [[Museu Britânico]]]]


A morte é o centro de muitas tradições e organizações; os costumes relativos à morte são uma característica de todas as culturas ao redor do mundo. Muito disso gira em torno do cuidado com os mortos, bem como da vida após a morte e da eliminação dos corpos no início da morte.
Os [[Camacan]] da [[Bahia]] colocavam, sobre a [[sepultura]] do índio morto, pedaços de carnes e, quando eles desapareciam (comidos por outros animais ou por outros motivos), evitava-se comer aquele tipo de [[caça]].<ref name="spix">SPIX, Johan Baptiste Von (1781-1826) & MARIUS, Carlos Frederico Philippe Von (1794-1868). ''Através da Bahia – Excerptos da obra Reise in Brasilien''; transladados ao português pelos Drs. Pirajá da e Paulo Wolf; Trabalho apresentado no 5º Congresso Brasileiro de Geografia; Biblioteca Pedagógica Brasileira, série 5ª, vol. 118, 3ª Ed. 342 p. São Paulo, Cia Editora Nacional. 1938, 342 p.</ref> Entre os [[Maués]] da [[Amazônia]], a família da pessoa morta abstinha-se de comer [[banana]], [[peixe]] pego em [[anzol]] ou com o emprego do [[Timbó (planta)|timbó]] e alguns tipos de [[caça]].<ref name="pereira"> PEREIRA, Nunes (1892-1985). ''Os índios Maués''. Rio de Janeiro, Organização Simões. 1954, 174 p.</ref> Os [[aruaques|Aruak]] de [[Roraima]] cremavam os mortos e as [[cinza]]s eram guardadas em pequenas [[Caixão|urnas]]. Por ocasião da data de [[aniversário]] do falecido, um punhado da [[cinza]] era misturado ao [[mingau]] de [[banana]] e consumido pelos parentes. Outras [[tribo]]s misturavam as [[cinza]]s ao [[caxiri]], uma bebida fermentada, e assim as ingeriam.<ref name="bastos">BASTOS, Abguar. ''A pantofagia ou as estranhas práticas alimentares da selva: Estudo na região amazônica''. São Paulo, Editora Nacional; Brasília DF, INL. 1987, 153 p.</ref>


A eliminação de cadáveres humanos, em geral, acaba em enterro ou [[cremação]]. No entanto, esta não é uma prática unificada; no [[Tibete]], por exemplo, o corpo recebe um [[Enterro celestial|túmulo no céu]] e é deixado no topo de uma montanha. A preparação adequada para a morte e as técnicas e cerimônias para produzir a habilidade de transferir as realizações espirituais de alguém para outro corpo ([[reencarnação]]) são assuntos de estudo detalhado no Tibete. A [[Múmia|mumificação]] ou [[embalsamamento]] também é comum em algumas culturas, para retardar a taxa de [[decomposição]].
Os [[Tarianas]] e os [[Tucanos]] desenterravam seus mortos após um mês do [[funeral]] e os colocavam em uma grande [[panela]] até que as partes moles desaparecessem. Os [[osso]]s, após carbonizados, eram triturados e reduzidos a pó. Este era colocado em vários cochos cheios de caxiri. A mistura era bebida pelos presentes, que acreditavam que estavam ingerindo as boas qualidades do falecido. Entre os Kubewãna, era costume desenterrar grandes líderes mortos há mais de quinze anos, triturar seus ossos e misturá-los a uma bebida grossa à base de [[milho]] e ingeri-los em grandes festas regadas a caxiri. Os [[Arapiuns]], índios que viveram nos séculos XVII e XVIII a oeste do [[Rio Tapajós]], também bebiam as cinzas dos seus mortos misturadas a bebidas.<ref name="rai">REVISTA DE ATUALIDADE INDÍGENA. ''Antropofagia''. p. 9-16. In: Revista de Atualidade Indígena. Brasília, Fundação Nacional do Índio. 1978, ano II, nº 10, 64p.</ref>


==== Budismo ====
Os Jumana da região dos [[rio Japurá]] e [[rio Solimões]] cremavam seus mortos e tomavam as [[cinza]]s misturadas com bebidas, uma vez que acreditavam que a [[alma]] da pessoa estava nas cinzas e voltava a viver no corpo de quem ingeria a bebida.<ref name="bastos"/> Os [[Waiká]] da [[Amazônia]] adicionavam as cinzas à [[sopa]] de [[banana]] e os Surara, também da [[Amazônia]], ao [[mingau]] de [[banana]]. Entre os indígenas que habitavam no início do [[século XVII]] na região da [[serra da Ibiapaba]], entre [[Ceará]] e [[Piauí]], se o morto era do sexo masculino, as mulheres comiam sua carne e moíam seus ossos, bebendo-o para não sentirem [[saudade]]s do ente querido. As mulheres dos [[Tarairiu]] do [[Rio Grande do Norte]] repartiam o cadáver, [[moquém|moqueavam]] e lamentavam sua morte enquanto comiam sua carne e roíam seus ossos.<ref name="rai"/>
{{AP|Budismo}}
[[Ficheiro:Traditional bhavachakra wall mural of Yama holding the wheel of life, Buddha pointing the way out.jpg|thumb|upright|Um [[thangka]] mostrando o [[bhavacakra]] com os antigos cinco reinos cíclicos de [[saṃsāra]] na cosmologia budista. Textos medievais e contemporâneos geralmente descrevem seis reinos de reencarnação.]]

Na doutrina e na prática budista, a morte desempenha um papel importante. A consciência da morte foi o que motivou o príncipe [[Sidarta Gautama]] a se esforçar para encontrar o [[Amrita|"imortal"]] e, finalmente, alcançar a [[Iluminação (Budismo)|iluminação]]. Na doutrina budista, a morte funciona como um lembrete do valor de [[Ningenkai|ter nascido como ser humano]] . Renascer como ser humano é considerado o único estado em que se pode atingir a iluminação. Portanto, a morte ajuda a lembrar a si mesmo de que não se deve considerar a vida algo natural. A crença no renascimento entre os budistas não remove necessariamente a [[Existencialismo|ansiedade da morte]], uma vez que toda existência no [[Samsara (budismo)|ciclo de renascimento]] é considerada repleta de [[Dukkha|sofrimento]], e renascer muitas vezes não significa necessariamente que se progrida.<ref name="Blum 2004">{{Citar enciclopédia |ultimo=Blum |primeiro=Mark L. |url=http://www.ahandfulofleaves.org/documents/Encyclopedia%20of%20Buddhism_2%20Vols_%20Buswell.pdf |titulo=Death |data=2004 |publicado=Macmillan Reference, [[Thomson Gale]] |editor-sobrenome=Buswell |local=Nova York |pagina=203 |isbn=978-0-02-865720-2 |enciclopédia=Encyclopedia of Buddhism |volume=1}}</ref>

A morte faz parte de vários princípios budistas essenciais, como as [[Quatro Nobres Verdades]] e a [[Originação dependente|origem dependente]].<ref name="Blum 2004"/>

==== Hinduísmo ====
{{AP|Hinduísmo|Iama (deus)}}
[[Ficheiro:Reincarnation_AS.jpg|miniaturadaimagem|upright|Ilustração que descreve as crenças hindus sobre a [[reencarnação]] .]]
Nos textos hindus, a morte é descrita como o ''[[Jiva|jiva-atma]]'' espiritual eterno individual (alma ou eu consciente) saindo do corpo material temporário atual. A alma sai deste corpo quando o corpo não pode mais sustentar o eu consciente (vida), o que pode ser devido a razões mentais ou físicas, ou mais precisamente, a incapacidade de agir sobre o ''[[Kama (hinduísmo)|kama]]'' (desejos materiais). Durante a concepção, a alma entra em um novo corpo compatível com base nos méritos e deméritos restantes do ''[[Carma|karma]]'' (atividades materiais boas/más baseadas no ''[[Darma|dharma]]'') e no estado da mente (impressões ou últimos pensamentos) no momento da morte.<ref>{{Citar web |url=https://vedabase.io/en/library/bg/2/13/ |titulo=Bhagavad-gītā As It Is 2.13 |acessodata=2020-03-29 |website=Bhaktivedanta Vedabase}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://vedabase.io/en/library/bg/2/20/ |titulo=Bhagavad-gītā As It Is 2.20 |acessodata=2020-03-29 |website=Bhaktivedanta Vedabase }}</ref><ref>{{Citar web |url=https://vedabase.io/en/library/bg/8/3/ |titulo=Bhagavad-gītā As It Is 8.3 |acessodata=2020-03-29 |website=Bhaktivedanta Vedabase}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://vedabase.io/en/library/bg/8/6/ |titulo=Bhagavad-gītā As It Is 8.6 |acessodata=2020-03-29 |website=Bhaktivedanta Vedabase }}</ref>

Normalmente, o processo de [[reencarnação]] (transmigração da alma) faz com que a pessoa esqueça todas as memórias de sua vida anterior.<ref>{{Citar web |url=https://vedabase.io/en/library/sb/5/8/27/ |titulo=Śrīmad-Bhāgavatam (Bhāgavata Purāṇa) 5.8.27 |acessodata=2020-03-29 |website=Bhaktivedanta Vedabase }}</ref> Visto que nada realmente morre e o corpo material temporário está sempre mudando, tanto nesta vida quanto na próxima, a morte significa simplesmente o esquecimento de nossas experiências anteriores (identidade material anterior).<ref>{{Citar web |url=https://vedabase.io/en/library/sb/11/22/39/ |titulo=Śrīmad-Bhāgavatam (Bhāgavata Purāṇa) 11.22.39 |acessodata=2020-03-29 |website=Bhaktivedanta Vedabase }}</ref>

A existência material é descrita como cheia de misérias decorrentes do nascimento, doença, velhice, morte, mente, clima, etc.<ref>{{Citar web |url=https://vedabase.io/en/library/sb/5/14/25/ |titulo=Śrīmad-Bhāgavatam (Bhāgavata Purāṇa) 5.14.25 |acessodata=2020-03-29 |website=Bhaktivedanta Vedabase}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://vedabase.io/en/library/sb/5/14/27/ |titulo=Śrīmad-Bhāgavatam (Bhāgavata Purāṇa) 5.14.27 |acessodata=2020-03-29 |website=Bhaktivedanta Vedabase}}</ref> Para conquistar o ''[[samsara]]'' (o ciclo de morte e renascimento) e se tornar elegível para um dos diferentes tipos de ''[[moksha]]'' (liberação), é preciso primeiro conquistar ''[[Kama (hinduísmo)|kama]]'' (desejos materiais) e tornar-se [[Iluminação (espiritual)|autorrealizado]].<ref>{{Citar web |url=https://vedabase.io/en/library/bg/3/39/ |titulo=Bhagavad-gītā As It Is 3.39 |acessodata=2020-03-29 |website=Bhaktivedanta Vedabase |citação=Thus the wise living entity's pure consciousness becomes covered by his eternal enemy in the form of lust, which is never satisfied and which burns like fire.}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://vedabase.io/en/library/bg/3/41/ |titulo=Bhagavad-gītā As It Is 3.41 |acessodata=2020-03-29 |website=Bhaktivedanta Vedabase |citação=Therefore, O Arjuna, best of the Bhāratas, in the very beginning curb this great symbol of sin [lust] by regulating the senses, and slay this destroyer of knowledge and self-realization.}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://vedabase.io/en/library/sb/1/2/10/ |titulo=Śrīmad-Bhāgavatam (Bhāgavata Purāṇa) 1.2.10 |acessodata=2020-03-29 |website=Bhaktivedanta Vedabase }}</ref> A forma de vida humana é mais adequada para esta jornada espiritual,<ref>{{Citar web |url=https://vedabase.io/en/library/sb/6/6/42/ |titulo=Śrīmad-Bhāgavatam (Bhāgavata Purāṇa) 6.6.42 |acessodata=2020-03-29 |website=Bhaktivedanta Vedabase}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://vedabase.io/en/library/sb/11/20/12/ |titulo=Śrīmad-Bhāgavatam (Bhāgavata Purāṇa) 11.20.12 |acessodata=2020-03-29 |website=Bhaktivedanta Vedabase}}</ref> especialmente com a ajuda de ''[[sadhu]]'' (pessoas santas autorrealizadas), ''[[Shastra|sastra]]'' (escrituras espirituais reveladas) e ''[[guru]]'' (mestres espirituais autorrealizados), dado que todos os três estão de acordo. <ref>{{Citar web |url=https://vedabase.io/en/library/bg/4/35/ |titulo=Bhagavad-gītā As It Is 4.35 |acessodata=2020-03-29 |website=Bhaktivedanta Vedabase}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://vedabase.io/en/library/sb/6/5/20/ |titulo=Śrīmad-Bhāgavatam (Bhāgavata Purāṇa) 6.5.20 |acessodata=2020-03-29 |website=Bhaktivedanta Vedabase}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://vedabase.io/en/library/sb/7/7/30-31/ |titulo=Śrīmad-Bhāgavatam (Bhāgavata Purāṇa) 7.7.30-31 |acessodata=2020-03-29 |website=Bhaktivedanta Vedabase}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://vedabase.io/en/library/sb/11/20/17/ |titulo=Śrīmad-Bhāgavatam (Bhāgavata Purāṇa) 11.20.17 |acessodata=2020-03-29 |website=Bhaktivedanta Vedabase}}</ref>

==== Religiões abraâmicas ====
{{Mais informações|Morte no judaísmo|Escatologia judaica|Escatologia cristã|Escatologia islâmica}}
{{Mais informações|Estado intermediário|Juízo Final|Inferno|Paraíso}}
Há uma [[Escatologia judaica|variedade de crenças sobre a vida após a morte]] dentro do judaísmo, mas nenhuma delas contradiz a preferência da vida sobre a morte. Em parte, isso ocorre porque a morte põe fim à possibilidade de cumprimento de quaisquer [[Mitzvá|mandamentos]].<ref>Soloveitchik, Joseph B. ''Halakhic Man.'' Qtd. in [https://elmad.pardes.org/2018/04/tazria-metzora-understanding-purity/ Israel]</ref>

== Na biologia ==
[[Ficheiro:Earthworm.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|As [[Minhoca|minhocas]] são [[detritívoro]]s que vivem no solo.]]

Após a morte, os restos de um organismo passam a fazer parte do [[ciclo biogeoquímico]], durante o qual os animais podem ser consumidos por um [[Predação|predador]] ou um [[necrófago]]. A [[matéria orgânica]] pode então ser posteriormente decomposta por [[Detritívoro|detritívoros]], organismos que reciclam [[Detrito geológico|detritos]], devolvendo-os ao meio ambiente para reutilização na [[cadeia alimentar]], onde esses produtos químicos podem acabar sendo consumidos e assimilados nas células de um organismo vivo. Exemplos de detritívoros incluem [[Minhoca|minhocas]], [[Oniscidea|piolhos]] e [[escaravelhos]].

Os [[Micro-organismo|microrganismos]] também desempenham um papel vital, elevando a temperatura da matéria em decomposição à medida que a decompõem em moléculas ainda mais simples. Nem todos os materiais precisam ser totalmente decompostos. O [[Carvão mineral|carvão]], um [[combustível fóssil]] formado ao longo de vastas extensões de tempo em ecossistemas de [[pântanos]], é um exemplo.

=== Seleção natural ===
{{AP|Seleção natural}}
A [[História do pensamento evolutivo|teoria evolucionária]] contemporânea vê a morte como uma parte importante do processo de [[seleção natural]]. Considera-se que os organismos menos [[Adaptação (biologia)|adaptados]] ao seu ambiente têm maior probabilidade de morrer tendo produzido menos descendentes, reduzindo assim sua contribuição para o [[Fundo genético|''pool'' genético]]. Seus genes são, portanto, eventualmente reproduzidos em uma população, levando, na pior das hipóteses, à [[extinção]] e, mais positivamente, tornando o processo possível, conhecido como [[especiação]]. A frequência da [[reprodução]] desempenha um papel igualmente importante na determinação da sobrevivência das espécies: um organismo que morre jovem, mas deixa vários descendentes, exibe, de acordo com os critérios [[Charles Darwin|darwinianos]], uma [[aptidão]] muito maior do que um organismo de vida longa deixando apenas um.

=== Extinção ===
{{AP|Extinção}}
[[Ficheiro:Dronte_17th_Century_color_corrected.jpg|upright|miniaturadaimagem|Um [[dodô]], o pássaro que se tornou [[Provérbio|sinônimo]] para a extinção de uma espécie<ref name="Diamond">{{Citar livro|título=Guns, Germs, and Steel: The Fates of Human Societies|ultimo=Diamond|primeiro=Jared M.|editora=[[W.W. Norton]]|ano=1999|páginas=[https://archive.org/details/gunsgermssteelfa00diam/page/43 43–44]|capitulo=Up to the Starting Line|isbn=978-0-393-31755-8|autorlink=Jared Diamond|edition=illustrated, reprint}}</ref>]]

Extinção é a cessação da existência de uma espécie ou grupo [[Táxon|taxonômico]], reduzindo a [[biodiversidade]]. O momento de extinção é geralmente considerado como a morte do último indivíduo daquela espécie (embora a [[Efeito de gargalo|capacidade de procriar e se recuperar]] possa ter sido perdida antes deste ponto). Como o [[Distribuição natural|alcance]] potencial de uma espécie pode ser muito grande, determinar esse momento é difícil e geralmente é feito retrospectivamente. Essa dificuldade leva a fenômenos como os [[Taxon Lazarus|táxon de Lázaro]], onde espécies presumivelmente extintas "reaparecem" abruptamente (normalmente no [[Fóssil|registro fóssil]]) após um período de ausência aparente. Novas espécies surgem por meio do processo de [[especiação]], um aspecto da [[evolução]]. Novas variedades de organismos surgem e prosperam quando são capazes de encontrar e explorar um [[nicho ecológico]] - e as espécies se extinguem quando não são mais capazes de sobreviver em condições mutáveis ou contra uma competição superior.

=== Evolução do envelhecimento e da mortalidade ===
{{AP|Envelhecimento}}
[[Imagem:Edward S. Curtis Collection People 086.jpg|thumb|upright|Mulher idosa da tribo [[klamaths]] fotografada por [[Edward S. Curtis]] em 1924]]

A investigação sobre a evolução do envelhecimento visa explicar por que tantos seres vivos e a grande maioria dos animais enfraquecem e morrem com a idade (as exceções incluem ''[[Hydra (género)|Hydra]]'' e a já citada água-viva ''[[Turritopsis dohrnii]]'', cuja pesquisa mostra ser [[Imortalidade biológica|biologicamente imortal]]). A origem evolutiva da [[senescência]] continua sendo um dos enigmas fundamentais da biologia. A [[gerontologia]] é especializada na ciência dos processos de envelhecimento humano.

Organismos que apresentam apenas [[reprodução assexuada]] (por exemplo[[Bactéria|, bactérias]], alguns [[Protista|protistas]], como os [[Euglenoidea|euglenoides]] e muitos [[Amoebozoa|amebozoários]]) e organismos [[Organismo unicelular|unicelulares]] [[Reprodução sexuada|com reprodução sexual]] ([[Colónia (biologia)|colonial]] ou não, como as algas [[Chlamydomonadales|volvocina]] ''[[Pandorina]]'' e ''[[Chlamydomonas]]'' ) são "imortais" em alguma extensão, morrendo apenas devido a perigos externos, como ser comido ou sofrer um acidente fatal. Em [[Organismo multicelular|organismos multicelulares]] (e também em [[Cilióforos|ciliados]] [[Multinucleado|multinucleados]]),<ref>Beukeboom, L. & Perrin, N. (2014). ''The Evolution of Sex Determination''. Online Chapter 2: [http://global.oup.com/booksites/content/9780199657148/ The diversity of sexual cycles], p. 12. Oxford University Press.</ref> com um [[Barreira Weismann|desenvolvimento weismannista]], isto é, com uma divisão de trabalho entre [[Célula somática|células somáticas mortais (corpo)]] e [[Célula germinativa|células germinativas (reprodutivas)]] "imortais", a morte torna-se uma parte essencial de vida, pelo menos para a linha somática.<ref name="Gilbert">{{Citar livro|título=Developmental biology|ultimo=Gilbert|primeiro=S.F.|editora=Sinauer Associates|ano=2003|páginas=34–35|isbn=978-0-87893-258-0|edition=7th}}</ref>

As algas ''[[Volvox]]'' estão entre os organismos mais simples de exibir essa divisão de trabalho entre dois tipos de células completamente diferentes e, como consequência, incluem a morte da linha somática como uma parte regular e geneticamente regulada de sua [[Ciclo de vida|história de vida]].<ref name="Gilbert">{{Citar livro|título=Developmental biology|ultimo=Gilbert|primeiro=S.F.|editora=Sinauer Associates|ano=2003|páginas=34–35|isbn=978-0-87893-258-0|edition=7th}}</ref><ref>{{Citar periódico |titulo=Evolution of reproductive development in the volvocine algae |data=Junho de 2011 |ultimo=Hallmann |primeiro=A. |paginas=97–112 |doi=10.1007/s00497-010-0158-4 |pmc=3098969 |pmid=21174128 |volume=24 |journal=Sexual Plant Reproduction}}</ref>

=== Consciência ===
{{AP|Consciência}}
Muito interesse e debate cercam a questão do que acontece com a consciência de uma pessoa quando o corpo morre. A crença na perda permanente de consciência após a morte é frequentemente chamada de ''esquecimento eterno''. A crença de que o [[Fluxo de consciência (psicologia)|fluxo de consciência]] é preservado após a morte física é descrita pelo termo ''[[Vida após a morte|vida após]]'' a morte. Nenhum dos dois é provável que seja confirmado sem que o ponderador tenha realmente de morrer.

== Prolongamento de vida ==
{{AP|Prolongamento de vida}}
A [[Prolongamento de vida|extensão da vida]] se refere a um aumento na [[Esperança de vida|expectativa de vida]] [[Expectativa máxima de vida|máxima]] ou média, especialmente em humanos, ao desacelerar ou reverter os [[Senescência|processos de envelhecimento]]. A expectativa de vida média é determinada pela vulnerabilidade a [[Acidente|acidentes]] e doenças relacionadas à idade ou estilo de vida, como [[câncer]] ou [[Doença cardiovascular|doenças cardiovasculares]]. A extensão da expectativa de vida média pode ser alcançada por meio de uma boa [[Regime nutricional|dieta]], [[Exercício físico|exercícios]] e evitar perigos como o [[tabagismo]]. A expectativa de vida máxima também é determinada pela taxa de [[envelhecimento]] de uma espécie que é inerente a seus [[Gene|genes]]. Atualmente, o único método amplamente reconhecido de estender a vida útil máxima é a [[Restrição calórica|restrição de calorias]] . Teoricamente, a extensão da expectativa de vida máxima pode ser alcançada reduzindo a taxa de danos causados pelo envelhecimento, pela [[Engenharia de tecidos|substituição periódica de tecidos danificados]] ou por [[Nanobiotecnologia|reparo molecular]] ou [[rejuvenescimento]] de células e tecidos deteriorados.

Uma pesquisa dos [[Estados Unidos]] descobriu que pessoas religiosas e [[Irreligião|irreligiosas]], bem como homens e mulheres e pessoas de diferentes classes econômicas, têm taxas semelhantes de apoio para prolongamento da vida, enquanto africanos e [[hispânicos]] têm taxas de apoio mais altas do que [[Americanos brancos|pessoas brancas]].<ref>{{Citar web |url=http://www.pewforum.org/2013/08/06/living-to-120-and-beyond-americans-views-on-aging-medical-advances-and-radical-life-extension/ |titulo=Living to 120 and Beyond: Americans' Views on Aging, Medical Advances and Radical Life Extension |data=6 de agosto de 2013 |acessodata=19 de setembro de 2016 |website=Pew Research Center |publicado=Pew Research Center's Religion & Public Life Project |arquivourl=https://archive.is/20130816050024/http://www.pewforum.org/2013/08/06/living-to-120-and-beyond-americans-views-on-aging-medical-advances-and-radical-life-extension/ |arquivodata=16 de agosto de 2013}}</ref> Cerca de 38% dos entrevistados disseram que gostariam de ter seu processo de envelhecimento curado.

Os pesquisadores da extensão da vida são uma subclasse de biogerontologistas conhecidos como "[[Gerontologia|gerontologistas]] biomédicos". Procuram compreender a natureza do envelhecimento e desenvolvem tratamentos para reverter os processos de envelhecimento ou pelo menos retardá-los, para a melhoria da saúde e a manutenção do vigor juvenil em todas as fases da vida. Aqueles que tiram vantagem das descobertas de extensão de vida e procuram aplicá-las em si mesmos são chamados de "extensionistas" ou "longevistas". A estratégia primária de extensão de vida atualmente é aplicar os métodos antienvelhecimento disponíveis na esperança de viver o suficiente para se beneficiar de uma cura completa para o [[envelhecimento]], uma vez que ela seja desenvolvida.

=== Senescência ===
{{AP|Senescência}}
[[Ficheiro:Kameldornbaum_Sossusvlei.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|[[Vachellia erioloba|Árvore Camelthorn]] morta em [[Sossusvlei]], na [[Namíbia]]]]
A [[senescência]] se refere a um cenário em que um ser vivo é capaz de sobreviver a todas as calamidades, mas acaba morrendo por causas relacionadas à [[velhice]]. As células animais e vegetais normalmente se reproduzem e funcionam durante todo o período de existência natural, mas o processo de envelhecimento deriva da deterioração da atividade celular e da ruína do funcionamento regular. A aptidão das células para deterioração gradual e mortalidade significa que as células são naturalmente condenadas à perda estável e de longo prazo da capacidade de vida, mesmo apesar das contínuas reações metabólicas e viabilidade. No [[Reino Unido]], por exemplo, nove em cada dez de todas as mortes que ocorrem diariamente estão relacionadas com a senescência, enquanto em todo o mundo é responsável por dois terços das 150 mil mortes que ocorrem diariamente.<ref>Hayflick & Moody, 2003</ref>

Quase todos os [[Animalia|animais]] que sobrevivem a riscos externos ao seu funcionamento biológico acabam morrendo devido ao [[Senescência|envelhecimento biológico]], conhecido nas ciências da vida como "senescência". Alguns organismos experimentam [[senescência insignificante]], até mesmo exibindo [[imortalidade biológica]]. Isso inclui a água-viva ''[[Turritopsis dohrnii]]'',<ref>{{Citar web |url=http://www.jellyfishfacts.net/turritopsis-nutricula-immortal-jellyfish.html |titulo=Turritopsis nutricula (Immortal jellyfish) |acessodata=18 de janeiro de 2014 |publicado=Jellyfishfacts.net |arquivourl=https://web.archive.org/web/20161013163459/http://www.jellyfishfacts.net/turritopsis-nutricula-immortal-jellyfish.html |arquivodata=13 de outubro de 2016}}</ref> a [[Hydra (género)|hidra]] e a [[Planariano|planária]]. As causas não naturais de morte incluem [[suicídio]] e [[predação]].

A morte [[fisiológica]] agora é vista como um processo, mais do que um evento: as condições antes consideradas indicativas de morte agora são reversíveis.<ref>{{Citar web |ultimo=Crippen |primeiro=David |url=http://www.sciamsurgery.com/sciamsurgery/institutional/payPerAdd.action?chapterId=part08_ch10 |titulo=Brain Failure and Brain Death |acessodata=9 de janeiro de 2007 |website=Scientific American Surgery, Critical Care, April 2005 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20060624132446/http://www.acssurgery.com/abstracts/acs/acs0812.htm |arquivodata=24 de junho de 2006}}</ref> No processo, onde uma linha divisória é traçada entre a vida e a morte depende de fatores além da presença ou ausência de [[sinais vitais]]. Em geral, a [[morte clínica]] não é necessária nem suficiente para a determinação da [[morte legal]]. Um paciente com [[coração]] e [[Pulmão|pulmões em funcionamento]] determinado com [[Morte encefálica|morte cerebral]] pode ser declarado legalmente morto sem que ocorra a morte clínica. À medida que [[Ciência|o conhecimento científico]] e a [[medicina]] avançam, a formulação de uma definição médica precisa para a morte se torna mais difícil.

=== Criopreservação ===
{{AP|Criopreservação}}
[[Ficheiro:Cryo_surgery.jpg|miniaturadaimagem| Técnicos preparam corpo para [[criopreservação]] em 1985.]]
[[Criônica]] (do grego κρύος 'kryos-' que significa 'frio ou gelado') é a [[Criopreservação|preservação em baixa temperatura]] de animais e humanos que não podem ser sustentados pela medicina contemporânea, com a esperança de que a cura e a [[wiktionary:resuscitate|ressuscitação]] possam ser possíveis no futuro.<ref>{{Citar jornal |ultimo=McKie |primeiro=Robin |url=https://www.theguardian.com/education/2002/jul/14/medicalscience.science |titulo=Cold facts about cryonics |data=13 de julho de 2002 |acessodata=1 de dezembro de 2013 |website=[[The Guardian]]}}</ref><ref name="alcor What is Cryonics">{{Citar web |url=http://alcor.org/AboutCryonics/index.html |titulo=What is Cryonics? |acessodata=2 de dezembro de 2013 |website=[[Alcor Foundation]] }}</ref>

A [[criopreservação]] de pessoas ou animais de grande porte não é reversível com a tecnologia atual. A justificativa declarada para a criônica é que as pessoas que são consideradas mortas pelas atuais definições médicas ou legais podem não estar necessariamente mortas de acordo com a definição de morte mais rigorosa da [[teoria da informação]].<ref name="InfoDeath"/><ref name="Whetstine L et al. 2005 538–542">{{Citar periódico |titulo=Pro/con ethics debate: When is dead really dead? |ano=2005 |paginas=538–42 |doi=10.1186/cc3894 |pmc=1414041 |pmid=16356234 |vauthors=Whetstine L, Streat S, Darwin M, Crippen D |volume=9 |journal=Critical Care}}</ref>

Alega-se que alguma literatura científica apoia a viabilidade da criônica.<ref name="pmid18321197">{{Citar periódico |titulo=Scientific justification of cryonics practice |ultimo=Ben Best |autorlink=Ben Best |ano=2008 |paginas=493–503 |doi=10.1089/rej.2008.0661 |pmc=4733321 |pmid=18321197 |volume=11 |journal=[[Rejuvenation Research]]}}</ref> A ciência médica e os criobiologistas geralmente consideram a criônica com [[ceticismo]].<ref>{{Citar jornal |ultimo=Lovgren |primeiro=Stefan |url=http://news.nationalgeographic.com/news/2005/03/0318_050318_cryonics.html |titulo=Corpses Frozen for Future Rebirth by Arizona Company |data=18 de março de 2005 |acessodata=15 de março de 2014 |website=[[National Geographic Magazine]] }}</ref>

==== Reperfusão ====
“Uma das novas fronteiras da medicina: tratar os mortos”, reconhece que as células que ficaram sem oxigênio por mais de cinco minutos morrem,<ref>{{Citar livro|título=How We Die: Reflections on Life's Final Chapter|ultimo=Nuland, Sherwin B.|data=1993|editora=Turtleback Books|isbn=978-1-4176-4352-3|autorlink=Sherwin Nuland}}</ref> não por falta de oxigênio, mas quando seu [[Lesão de reperfusão|suprimento de oxigênio for retomado]]. Portanto, os praticantes dessa abordagem, por exemplo, no Instituto de Ciências da Ressuscitação da [[Universidade da Pensilvânia]], "visam reduzir a captação de oxigênio, diminuir o metabolismo e ajustar a química do sangue para uma [[Terapia de reperfusão|reperfusão]] gradual e segura".<ref>{{Citar jornal |ultimo=Adler, Jerry |url=http://www.msnbc.msn.com/id/18368186 |titulo=To Treat the Dead (The new science of resuscitation is changing the way doctors think about heart attacks – and death itself) |data=7 de maio de 2007 |acessodata=3 de maio de 2007 |website=[[Newsweek]] |arquivourl=https://web.archive.org/web/20070503021611/http://www.msnbc.msn.com/id/18368186 |arquivodata=3 de maio de 2007}}</ref>


== Ver também ==
== Ver também ==
{{dividir em colunas}}
<!--esta lista está patologicamente grande, deve ser reduzida-->
{{col-begin}}
{{col-3}}
* [[Apoptose]]
* [[Apoptose]]
* [[Autópsia]]
* [[Atestado de óbito]]
* [[Atestado de óbito]]
* [[Carro fúnebre]]
* [[Carro fúnebre]]
Linha 161: Linha 241:
* [[Doença terminal]]
* [[Doença terminal]]
* [[Dólmen]]
* [[Dólmen]]
{{col-3}}
* [[Eutanásia]]
* [[Finados]]
* [[Finados]]
* [[Homenagem póstuma]]
* [[Homenagem póstuma]]
Linha 169: Linha 247:
* [[Lista de obituários prematuros]]
* [[Lista de obituários prematuros]]
* [[Mausoléu]]
* [[Mausoléu]]
{{col-3}}
* [[Necrópole]]
* [[Necrópole]]
* [[Plano mental]]
* [[Plano mental]]
Linha 179: Linha 256:
* [[Túmulo]]
* [[Túmulo]]
* [[Velório]]
* [[Velório]]
{{dividir em colunas fim}}


{{Fim}}
{{referências}}

{{Referências|col=2}}


=== Bibliografia ===
== Indicações bibliográficas ==
{{dividir em colunas}}
* ALMEIDA, CArlos Alberto Ferreira de, ''Paganismo - sua sobrevivência no ocidente peninsular'',''In memóriam'' António Jorge Dias.
{{refbegin}}
* ARIÉS, Philippe, ''L'Homme devant la Mort'', Paris, Ed. du Seuil, 1977.
* {{cite book|last=Bondeson|first=Jan|title=Buried Alive: the Terrifying History of our Most Primal Fear|publisher=W.W. Norton & Company|date=2001|isbn=978-0-393-04906-0|url=https://archive.org/details/buriedalive00janb}}
* BARROCA, Mário Jorge Neto, ''Necrópoles e sepulturas medievais de Entre-Douro-e-Minho (séculos V a XV)'', Trabalho apresentado no âmbito das provas Públicas de Aptidão Pedagógica e Científica, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 1987.
* {{cite book|last=Mullin|first=Glenn H.|date=2008|title=Living in the Face of Death: The Tibetan Tradition|publisher=Snow Lion Publications|location=Ithaca, New York|isbn=978-1-55939-310-2|ref={{harvid|Mullin|1998}}}}
*BRUSCA, Richard C.; Brusca, Gary J. ''Invertebrados'', Guanabara koogan, 2º ed., 2007.
* {{cite web|website=BenBest.com|url=http://www.benbest.com/lifeext/causes.html|author=Best, Ben|title=Causes of Death|access-date=10 de junho de 2016}}
* CHIAVENATO, Júlio José ([[1939]] - ); ''A morte, uma abordagem sociocultural''; Moderna (Coleção Polêmica); [[1988]]; ISBN 89-16-01863-6
* {{cite book|author=Susana Moreira Marques|translator-last=Sanches|translator-first=Julia|title=Now and At the Hour of Our Death|publisher=And Other Stories|date=13 de outubro de 2015|language=en|isbn=978-1-908276-62-9}}
* GOSWAMI, Amit, ''A física da alma (The physics of the soul)''; Aleph (Série Novos Pensamentos); [[2005]]; ISBN 85-7657-014-9
* {{cite news|work=Slate|title=How One Photographer Overcame His Fear of Death by Photographing It (Walter Schels' ''Life Before Death'')|last=Rosenberg|first=David|date=17 de agosto de 2014|url=http://www.slate.com/blogs/behold/2014/08/17/walter_schels_life_before_death_includes_portraits_of_people_before_and.html}}
* LECLERQ, Henry, "''Cimetière''", Dictionnaire d'Archéologie Chrétienne et Liturgie, tomo III, 2ª parte, Paris, 1914.
* {{cite book|author=Sachs, Jessica Snyder|year=2001|title=Corpse: Nature, Forensics, and the Struggle to Pinpoint Time of Death|publisher=Perseus Publishing|type=270 pages|isbn=978-0-7382-0336-2|url=https://archive.org/details/corpsenaturefore00sach}}
* Leite de Vasconcelos, Opúsculos Etnologia – volumes VII, Lisboa, Imprensa Nacional, 1938
* {{cite web|url=https://www.lensculture.com/wschels|archive-date=11 de outubro de 2014|title=Before and After Death|website=LensCulture.com|author1=Schels, Walter|author2=Lakotta, Beate|archive-url=https://web.archive.org/web/20141011190734/https://www.lensculture.com/wschels|access-date=19 de setembro de 2016}}
* VOGEL, Cyrille, ''L'environnement cultuel du défunt durant la période paléochrétienne, La Maladie et la Mort du Chrétien dans la liturgie'', Conferences de Saint-Serces, XXI Sémaine d'Études Liturgiques, Roma, 1975.
* {{cite web|url=http://www.nsc.org/news_resources/injury_and_death_statistics/Pages/TheOddsofDyingFrom.aspx|title=The Odds of dying from various injuries or accidents|website=National Safety Council|location=Estados Unidos|date=2001}}
* {{cite web|url=http://rack1.ul.cs.cmu.edu/is/deathtypes/doc.scn?rp=_n |title=Causes of Death 1916|author=U.S. Census|others=AntiqueBooks.net (scanns)|archive-url=https://web.archive.org/web/20040918133848/http://rack1.ul.cs.cmu.edu/is/deathtypes/doc.scn?rp=_n|archive-date=18 de setembro de 2004|access-date=19 de setembro de 2016}}
* {{cite web|website=ElijahWald.com|url=http://www.elijahwald.com/origin.html|author=Wald, George|title=The Origin of Death}}
{{refend}}
{{dividir em colunas fim}}


== Ligações externas ==
== Ligações externas ==

Revisão das 18h54min de 16 de junho de 2021

 Nota: Para outros significados, veja Morte (desambiguação).
Uma flor, uma caveira e uma ampulheta representam a vida, a morte e o tempo nesta pintura do século XVII de Philippe de Champaigne. O crânio humano é usado universalmente como um símbolo da morte.

Morte (do termo latino mors),[1] óbito (do termo latino obitu),[2] falecimento (falecer+mento),[3] passamento (passar+mento),[4] ou ainda desencarne (deixar a carne), são sinônimos usados para se referir ao processo irreversível de cessamento das atividades biológicas necessárias à caracterização e manutenção da vida em um sistema outrora classificado como vivo. Após o processo de morte, o sistema não mais vive, e encontra-se morto. Os processos que seguem-se à morte (post mortem) geralmente são os que levam à decomposição dos sistemas. Sob condições ambientais específicas, processos distintos podem segui-la, a exemplo aqueles que levam à mumificação natural ou a fossilização de organismos. Em suma, é a cessação permanente e irreversível de todas as funções biológicas que sustentam um organismo vivo. A morte encefálica às vezes é usada como uma definição legal de morte.[5]

É um processo universal e inevitável que eventualmente ocorre com todos os organismos vivos. O termo "morte" é geralmente aplicado a organismos inteiros; o processo semelhante observado em componentes individuais de um organismo vivo, como células ou tecidos, é a necrose. Algo que não é considerado um organismo vivo, como um vírus, pode ser fisicamente destruído, mas não se diz que ele "morreu". A morte faz-se notória e ganha destaque especial ao ocorrer em seres humanos. Não há nenhuma evidência científica de que a consciência continue após a morte,[6][7] no entanto existem várias crenças em diversas culturas e tempos históricos que acreditam em vida após a morte. No início do século XXI, mais de 150 mil humanos morrem a cada dia.[8][9]

Muitas culturas e religiões têm a ideia de uma vida após a morte e também têm a ideia de julgamento de suas boas e más ações (céu, inferno, carma). Existem diversas concepções sobre o destino da consciência após a morte, como as crenças na ressurreição (religiões abraâmicas), na reencarnação (religiões orientais, Doutrina Espírita, etc.) ou mesmo o eternal oblivion ("esquecimento eterno"), conceito esse comum na neuropsicologia e atrelado à ideia de fim permanente da consciência após a morte.[10]

As cerimônias de luto e práticas funerárias são variadas. Os restos mortais de uma pessoa, comumente chamados de cadáver ou corpo, são geralmente enterrados ou cremados. A forma de disposição mortuária pode, contudo, variar significativamente de cultura para cultura. Entre os fenômenos que induzem à morte, os mais comuns são: envelhecimento biológico (senescência), predação, desnutrição, doenças, suicídio, assassinato, acidentes e acontecimentos que causam traumatismo físico irrecuperável.[11]

Diagnóstico

Problemas de definição

Pingente francês de marfim do século XVI/XVII, "Monge e Morte", relembrando a mortalidade e a certeza da morte (Museu de Arte Walters)
Estátua da Morte, personificada como um esqueleto humano vestido com uma mortalha e segurando uma foice, da Catedral de Trier em Trier, Alemanha
Estudo de esqueletos, c. 1510, de Leonardo da Vinci

O conceito de morte é a chave para a compreensão humana do fenômeno.[12] Existem muitas abordagens científicas e várias interpretações do conceito. Além disso, o advento da terapia de suporte à vida e os vários critérios para definir a morte, tanto do ponto de vista médico quanto jurídico, dificultaram a criação de uma única definição unificadora.

Um dos desafios para definir a morte é distingui-la da vida. Como um ponto no tempo, a morte parece referir-se ao momento em que a vida termina. Determinar quando a morte ocorre é difícil, já que a interrupção das funções vitais muitas vezes não é simultânea entre os diferentes sistemas orgânicos.[13] Essa determinação, portanto, requer o traçado de limites conceituais precisos entre a vida e a morte. Isso é difícil, devido ao pouco consenso sobre como definir a vida.

É possível definir a vida em termos de consciência. Quando a consciência cessa, pode-se dizer que um organismo vivo morreu. Uma das falhas dessa abordagem é que muitos organismos estão vivos, mas provavelmente não estão conscientes (por exemplo, organismos unicelulares). Outro problema é o conceito de "consciência", que tem muitas definições diferentes dadas por cientistas, psicólogos e filósofos modernos. Além disso, muitas tradições religiosas, incluindo as tradições abraâmicas e dármicas, afirmam que a morte não significa (ou pode não) acarretar o fim da consciência. Em certas culturas, a morte é mais um processo do que um único evento. Implica uma lenta mudança de um estado espiritual para outro.

Outras definições para morte enfocam o caráter de cessação de algo. Mais especificamente, a morte ocorre quando uma entidade viva experimenta o fim irreversível de todo o funcionamento. No que se refere à vida humana, a morte é um processo irreversível em que alguém perde sua existência enquanto pessoa.[14]

Historicamente, as tentativas de definir o momento exato da morte de um ser humano têm sido subjetivas ou imprecisas. A morte já foi definida como a cessação dos batimentos cardíacos (parada cardíaca) e da respiração, mas o desenvolvimento de RCP e desfibrilação imediata tornaram essa definição inadequada porque a respiração e os batimentos cardíacos às vezes podem ser reiniciados. Esse tipo de morte em que ocorre parada circulatória e respiratória é conhecido como definição circulatória de morte (DCM), cujos proponentes que uma pessoa com perda permanente da função circulatória e respiratória deve ser considerada morta.[15] Os críticos desta definição afirmam que, embora o fim dessas funções possa ser permanente, isso não significa que a situação seja irreversível, porque se a RCP fosse aplicada, a pessoa poderia ser reanimada. Assim, os argumentos a favor e contra a DCM se resumem a uma questão de definir as palavras "permanente" e "irreversível", o que complica ainda mais o desafio de definir a morte. Além disso, eventos que estavam causalmente ligados à morte no passado não matam mais em todas as circunstâncias; sem um coração ou pulmões funcionando, às vezes a vida pode ser sustentada com uma combinação de dispositivos de suporte à vida, transplantes de órgãos e marca-passos artificiais .

Hoje, onde uma definição do momento da morte é necessária, os médicos e legistas geralmente recorrem à "morte cerebral" ou "morte biológica" para definir uma pessoa como morta; as pessoas são consideradas mortas quando a atividade elétrica em seus cérebros cessa. Presume-se que o fim da atividade elétrica indica o fim da consciência. A suspensão da consciência deve ser permanente e não transitória, como ocorre em certas fases do sono e, principalmente, no coma. No caso do sono, os EEGs podem facilmente dizer a diferença.

A categoria de "morte cerebral" é vista como problemática por alguns estudiosos. Por exemplo, o Dr. Franklin Miller, membro sênior do corpo docente do Departamento de Bioética do National Institutes of Health, observa: "No final da década de 1990 ... a equação da morte encefálica com a morte do ser humano foi cada vez mais questionada por estudiosos com base em evidências sobre a gama de funcionamento biológico exibida por pacientes corretamente diagnosticados como tendo essa condição que foram mantidos em ventilação mecânica por períodos substanciais de tempo. Esses pacientes mantiveram a capacidade de manter a circulação e a respiração, controlar a temperatura, excretar resíduos, curar feridas, combater infecções e, mais dramaticamente, gestar fetos (no caso de mulheres grávidas com "morte cerebral")."[16]

Embora a "morte cerebral" seja vista como problemática por alguns estudiosos, seus defensores acreditam que essa definição de morte é a mais razoável. O raciocínio por trás do apoio a essa definição é que a morte encefálica possui um conjunto de critérios confiáveis e reproduzíveis.[17] Além disso, o cérebro é crucial para determinar nossa identidade ou quem somos como seres humanos. Deve-se fazer a distinção de que "morte encefálica" não pode ser equiparada a alguém que está em estado vegetativo ou coma, visto que a primeira situação descreve um estado que está além da recuperação.

Aquelas pessoas que sustentam que apenas o neocórtex do cérebro é necessário para a consciência, às vezes argumentam que apenas a atividade elétrica deve ser considerada ao definir a morte. Eventualmente, é possível que o critério para a morte seja a perda permanente e irreversível da função cognitiva, conforme evidenciado pela morte do córtex cerebral. Toda esperança de recuperação do pensamento e da personalidade humana se vai, dada a tecnologia médica atual. Geralmente, na maioria dos lugares, a definição mais conservadora de morte –cessação irreversível da atividade elétrica em todo o cérebro, em oposição a apenas no neocórtex – foi adotada (por exemplo, a Lei de Determinação Uniforme da Morte nos Estados Unidos). Em 2005, o caso Terri Schiavo trouxe a questão da morte encefálica e sustento artificial para a frente da política estadunidense.

Kyösti Kallio (no meio), o quarto presidente da República da Finlândia, teve um ataque cardíaco fatal alguns segundos depois que esta fotografia foi tirada por Hugo Sundström em 19 de dezembro de 1940 na estação ferroviária de Helsinque[18][19]
O Dia da Morte; pintura de William-Adolphe Bouguereau (1825-1905)

Mesmo pelos critérios do cérebro inteiro, a determinação da morte encefálica pode ser complicada. EEGs podem detectar impulsos elétricos espúrios, enquanto certos medicamentos, hipoglicemia, hipóxia ou hipotermia podem suprimir ou mesmo interromper a atividade cerebral temporariamente. Por causa disso, os hospitais têm protocolos para determinar a morte encefálica envolvendo EEGs em intervalos amplamente separados sob condições definidas.

Em 1980, a adoção dessa definição (morte encefálica) foi feita pela Comissão do Presidente para o Estudo de Problemas Éticos em Medicina e Pesquisa Biomédica e Comportamental.[20] Eles concluíram que essa abordagem para definir a morte foi suficiente para chegar a uma definição uniforme. Uma infinidade de razões foi apresentada para apoiar esta definição, incluindo: uniformidade de padrões na lei para estabelecer a morte; consumo de recursos fiscais de uma família para suporte artificial de vida; e estabelecimento legal para equiparar morte encefálica com o conceito de morte, a fim de prosseguir com a doação de órgãos.[21]

Além da questão do apoio ou da disputa sobre a morte encefálica, há outro problema inerente a essa definição categórica: a variabilidade de sua aplicação na prática médica. Em 1995, a American Academy of Neurology (AAN), estabeleceu um conjunto de critérios que se tornou o padrão médico para o diagnóstico de morte neurológica. Naquela época, três características clínicas precisavam ser satisfeitas para determinar a "interrupção irreversível" de todo o cérebro, como: coma com etiologia clara, interrupção da respiração e falta de reflexos do tronco cerebral.[22] Este conjunto de critérios foi atualizado novamente em 2010, mas ainda permanecem discrepâncias substanciais entre hospitais e especialidades médicas.

O problema de definir a morte é especialmente imperativo no que se refere à regra do doador morto, que pode ser entendida como: deve haver uma declaração oficial de óbito de uma pessoa antes de iniciar a obtenção de órgãos ou a obtenção de órgãos não pode resultar na morte do doador.[15] Muita controvérsia rodeou a definição de morte e a regra do doador morto. Os defensores da regra acreditam que a regra é legítima na proteção de doadores de órgãos, ao mesmo tempo em que se opõe a qualquer objeção moral ou legal à obtenção de órgãos. Os críticos, por outro lado, acreditam que a regra não atende aos melhores interesses dos doadores e que ela não promove efetivamente a doação de órgãos.

Sinais

Corpos de vítimas do Ciclone Gorky, que atingiu Bangladesh em 1991, em Sandwip, já apresentando sinais de rigor mortis
Livor mortis em um cadáver

Sinais de morte ou fortes indícios de que um animal de sangue quente não está mais vivo são:

As etapas que se seguem após a morte são:

  • Pallor mortis, palidez que acontece entre 15 e 120 minutos após a morte;
  • Algor mortis, a redução da temperatura corporal após a morte, que geralmente é um declínio constante até atingir a temperatura ambiente;
  • Rigor mortis, os membros do cadáver tornam-se rígidos e difíceis de mover ou manipular;
  • Livor mortis, um assentamento do sangue na parte inferior (dependente) do corpo;
  • Putrefação, os primeiros sinais de decomposição;
  • Decomposição, a redução em formas mais simples de matéria, acompanhada por um odor forte e desagradável;
  • Esqueletização, o fim da decomposição, onde todos os tecidos moles se decompõem, deixando apenas o esqueleto;
  • Fossilização, a preservação natural dos restos do esqueleto formados ao longo de um período muito longo.

Jurídico

A morte de uma pessoa tem consequências jurídicas que podem variar entre as diferentes jurisdições. A certidão de óbito é emitida na maioria das jurisdições, por um médico ou por um escritório administrativo, mediante a apresentação da declaração de óbito de um médico.

Diagnóstico errado

Ver artigo principal: Enterro prematuro
A pintura de Antoine Wiertz de um homem enterrado vivo

Há muitas referências anedóticas a pessoas sendo declaradas mortas por médicos e "voltando à vida", às vezes dias depois em seu próprio caixão, ou quando os procedimentos de embalsamamento estão prestes a começar. A partir de meados do século XVIII, houve um aumento do medo do público de ser enterrado vivo por engano[23] e muito debate sobre a incerteza dos sinais da morte. Várias sugestões foram feitas para testar os sinais de vida antes do enterro, variando de derramar vinagre e pimenta na boca do cadáver a aplicar picaretas em brasa nos pés ou no reto.[24] Escrevendo em 1895, o médico J. C. Ouseley afirmou que até 2.700 pessoas eram enterradas prematuramente a cada ano na Inglaterra e no País de Gales, embora outros estimassem o número perto de 800.[25]

Em casos de choque elétrico, a ressuscitação cardiopulmonar (RCP) por uma hora ou mais pode permitir que os nervos atordoados se recuperem, permitindo que uma pessoa aparentemente morta sobreviva. Pessoas encontradas inconscientes sob água gelada podem sobreviver se seus rostos forem mantidos continuamente frios até chegarem a um pronto-socorro.[26] Essa "resposta ao mergulho", em que a atividade metabólica e as necessidades de oxigênio são mínimas, é algo que os humanos compartilham com os cetáceos, chamado de reflexo do mergulho dos mamíferos.

À medida que as tecnologias médicas avançam, as ideias sobre quando a morte ocorre podem ter que ser reavaliadas à luz da capacidade de restaurar a vitalidade de uma pessoa após longos períodos de morte aparente (como aconteceu quando a RCP e a desfibrilação mostraram que a cessação dos batimentos cardíacos é inadequada como um indicador decisivo de morte). A falta de atividade elétrica do cérebro pode não ser suficiente para considerar alguém cientificamente morto. Portanto, o conceito de morte teórica da informação[27] tem sido sugerido como um meio melhor de definir quando ocorre a morte verdadeira, embora o conceito tenha poucas aplicações práticas fora do campo da criônica .

Houve algumas tentativas científicas de trazer organismos mortos de volta à vida, mas com sucesso limitado.[28] Em cenários de ficção científica onde essa tecnologia está prontamente disponível, a morte real é diferenciada da morte reversível.

Causas

Morte cuidando de suas flores, em Kuoleman Puutarha, Hugo Simberg (1906)

A principal causa de morte humana nos países em desenvolvimento são as doenças infecciosas. As principais causas em países desenvolvidos são aterosclerose (doenças cardíacas e derrames), câncer e outras doenças relacionadas à obesidade e ao envelhecimento. Por uma margem extremamente ampla, a maior causa unificadora de morte no mundo desenvolvido é o envelhecimento biológico,[8] levando a várias complicações conhecidas como doenças associadas ao envelhecimento. Essas condições causam perda da homeostase, levando à parada cardíaca, causando perda de oxigênio e fornecimento de nutrientes, causando deterioração irreversível do cérebro e de outros tecidos. Das cerca de 150 mil pessoas que morrem a cada dia em todo o mundo, cerca de dois terços morrem de causas relacionadas à idade. Nas nações industrializadas, a proporção é bem maior, chegando a 90%. Com a melhoria da capacidade médica, morrer tornou-se uma condição a ser controlada. Mortes em casa, antes comuns, agora são raras no mundo desenvolvido.

Crianças estadunidenses fumando em 1910. O tabagismo causou cerca de 100 milhões de mortes no século XX.[29]

Nas nações em desenvolvimento, as condições sanitárias inferiores e a falta de acesso à tecnologia médica moderna tornam a morte por doenças infecciosas mais comum do que nos países desenvolvidos. Uma dessas doenças é a tuberculose, uma doença bacteriana que matou 1,8 milhão de pessoas apenas em 2015.[30] A malária causa cerca de 400–900 milhões de casos de febre e 1–3 milhões de mortes anualmente.[31] O número de mortes pela AIDS na África pode chegar a 90–100 milhões em 2025.[32][33]

De acordo com Jean Ziegler (Repórter Especial das Nações Unidas sobre o Direito à Alimentação, de 2000 até março de 2008), a mortalidade por desnutrição representou 58% da taxa de mortalidade total em 2006. Ziegler diz que em todo o mundo cerca de 62 milhões de pessoas morreram, sendo que dessas mortes mais de 36 milhões foram por fome ou por conta de doenças relacionadas a deficiências de micronutrientes.

Fumar tabaco matou 100 milhões de pessoas em todo o mundo no século XX e poderiam matar 1 bilhão de pessoas em todo o mundo no século XXI, alertou um relatório da Organização Mundial da Saúde.[29]

Muitas das principais causas de morte no mundo desenvolvido podem ser adiadas por dieta adequada e atividade física, mas a incidência crescente de doenças com a idade ainda impõe limites à longevidade humana. A causa evolutiva do envelhecimento está, na melhor das hipóteses, apenas começando a ser entendida. Foi sugerido que a intervenção direta no processo de envelhecimento pode agora ser a intervenção mais eficaz contra as principais causas de morte.[34]

Le Suicidé de Édouard Manet retrata um homem que recentemente se suicidou com uma arma de fogo

Selye propôs uma abordagem não específica unificada para muitas causas de morte. Ele demonstrou que o estresse diminui a adaptabilidade de um organismo e propôs descrever a adaptabilidade como um recurso especial, a energia de adaptação. O animal morre quando esse recurso se esgota.[35] Selye presumiu que a adaptabilidade é um suprimento finito, apresentado no nascimento. Posteriormente, Goldstone propôs o conceito de uma produção ou receita de energia de adaptação que pode ser armazenada (até um limite), como reserva de capital de adaptação.[36] Em trabalhos recentes, a energia de adaptação é considerada uma coordenada interna no "caminho dominante" no modelo de adaptação. É demonstrado que oscilações de bem-estar aparecem quando a reserva de adaptabilidade está quase esgotada.[37]

Em 2012, o suicídio ultrapassou os acidentes de carro como as principais causas de mortes por ferimentos humanos nos Estados Unidos, seguidos por envenenamento, quedas e assassinatos.[38] Em países de renda alta e média, quase metade a mais de dois terços de todas as pessoas vivem além dos 70 anos e morrem predominantemente de doenças crônicas. Em países de baixa renda, onde menos de uma em cada cinco pessoas chega aos 70 anos e mais de um terço de todas as mortes ocorrem entre crianças menores de 15 anos, as pessoas morrem predominantemente de doenças infecciosas.[39]

Autópsia

A painting of an autopsy, by Rembrandt, entitled "The Anatomy Lesson of Dr. Nicolaes Tulp"
Uma autópsia é retratada em A Lição de Anatomia do Dr. Nicolaes Tulp, de Rembrandt

Uma autópsia, também conhecida como exame post-mortem ou obdução, é um procedimento médico que consiste em um exame completo de um cadáver humano para determinar a causa e a forma da morte de uma pessoa e para avaliar qualquer doença ou lesão que possa estar presente. Geralmente é realizado por um médico especializado chamado patologista.

As autópsias são realizadas para fins legais ou médicos. Uma autópsia forense é realizada quando a causa da morte pode ser uma questão criminal, enquanto uma autópsia clínica ou acadêmica é realizada para encontrar a causa médica da morte e é usada em casos de morte desconhecida ou incerta, ou para fins de pesquisa. As autópsias podem ser classificadas em casos em que o exame externo é suficiente e aqueles em que o corpo é dissecado e um exame interno é realizado. Em alguns casos, a permissão de parentes mais próximos pode ser necessária para uma autópsia interna. Uma vez que uma autópsia interna é concluída, o corpo é geralmente reconstituído por costura. A autópsia é importante em um ambiente médico e pode esclarecer erros e ajudar a melhorar as práticas. A necropsia, que nem sempre é um procedimento médico, era um termo usado anteriormente para descrever um exame post-mortem não regulamentado. Nos tempos modernos, esse termo é mais comumente associado a cadáveres de animais.

Sociedade e cultura

O regente duque Carlos (mais tarde rei Carlos IX da Suécia) insultou o cadáver de Klaus Fleming. Albert Edelfelt, 1878.

Falar sobre a morte e testemunhá-la é uma questão difícil para a maioria das culturas. As sociedades ocidentais podem gostar de tratar os mortos com o máximo respeito material, com um embalsamador oficial e ritos associados. Sociedades orientais (como a Índia) podem ser mais abertas a aceitar a morte como um fato consumado, com uma procissão fúnebre do cadáver terminando em uma queima ao ar livre até as cinzas do mesmo.

Aspectos jurídicos

Os aspectos jurídicos da morte também fazem parte de muitas culturas, particularmente o acordo do destino do patrimônio do falecido e as questões de herança e, em alguns países, a tributação de herança. A pena capital também é um aspecto culturalmente divisivo da morte. Na maioria das jurisdições onde a pena de morte é aplicada hoje, a pena de morte é reservada para assassinato premeditado, espionagem, traição ou como parte da Justiça militar. Em alguns países, crimes sexuais, como adultério e sodomia, acarretam pena de morte, assim como crimes religiosos, como apostasia, que é a renúncia formal de uma religião. Em muitos países, o tráfico de drogas também é crime capital. Na China, o tráfico de pessoas e casos graves de corrupção também são punidos com a morte. Nas forças armadas em todo o mundo, as cortes marciais impuseram sentenças de morte para crimes como covardia, deserção, insubordinação e motim.[40]

Tudo é vaidade, obra de Charles Allan Gilbert, um exemplo de memento mori, destinado a representar como a vida e a morte estão interligadas
Lápides em Quioto, Japão

No Brasil, uma morte humana é contabilizada oficialmente quando é registrada por familiares do morto em um cartório. Antes de poder requerer o óbito oficial, o falecido deve ter feito o registro de nascimento oficial. Apesar da Lei de Registro Público garantir a todos os cidadãos brasileiros o direito de registrar os óbitos independentemente de seus meios financeiros, o governo brasileiro não retirou o ônusd eosfamiliares (muitas vezes os filhos), comos custos ocultos e as taxas dpararegistrar aumamorte. de um parente Para muitas famílias empobrecidas, os custos indiretos e o fardo do pedido de morte levam a um enterro cultural local mais afácil não oficial, o que, por sua vez, levanta o debate sobre a axas de mortalidade imprecisas. no país [41]

Suicídio

Ver artigos principais: Suicídio e Eutanásia

A morte na guerra e no ataque suicida também têm laços culturais, e as ideias de dulce et decorum est pro patria mori, motim punível com a morte, parentes de soldados mortos em luto estão incorporadas em muitas culturas. Recentemente no mundo ocidental, com o aumento do terrorismo após os ataques de 11 de setembro, mas também no passado com os atentados suicidas em missões kamikaze na Segunda Guerra Mundial e missões suicidas em uma série de outros conflitos na história, morte por uma causa por forma de ataque suicida e martírio tiveram impactos culturais significativos. O suicídio em geral, e particularmente a eutanásia, também são pontos de debate cultural. Ambos os atos são entendidos de maneiras muito diferentes em diferentes culturas. No Japão, por exemplo, acabar com a vida com honra por seppuku era considerado uma morte desejável, enquanto nas culturas tradicionais cristã e islâmica, o suicídio é visto como um "pecado". A morte é personificada em muitas culturas, com representações simbólicas como o Grim Reaper, Azrael, o deus hindu Iama e o Pai Tempo.

Impacto psicológico

Muitas pessoas têm medo de morrer. Discutir, pensar ou planejar suas próprias mortes lhes causa desconforto. Esse medo pode levá-los a adiar o planejamento financeiro, preparar um testamento ou solicitar ajuda de uma organização de cuidados paliativos.

Pessoas diferentes têm reações diferentes à ideia de suas próprias mortes. O filósofo Galen Strawson escreve que a morte que muitas pessoas desejam é uma aniquilação inexperiente e indolor instantânea.[42] Nesse cenário improvável, a pessoa morre sem perceber e sem medo. Em um momento, a pessoa está andando, comendo ou dormindo e, no momento seguinte, a pessoa está morta. Strawson argumenta que esse tipo de morte não tiraria nada da pessoa, pois ele acredita que uma pessoa não pode ter uma reivindicação legítima de propriedade no futuro.[43]

Localização

Número estimado da Organização Mundial de Saúde de mortes por milhão de pessoas em 2012

Antes de cerca de 1930, a maioria das pessoas nos países ocidentais morria em suas próprias casas, cercada pela família e confortada pelo clero, vizinhos e médicos fazendo visitas domiciliares.[44] Em meados do século XX, metade de todos os estadunidenses morreram em um hospital.[45]

No início do século XXI, apenas cerca de 20–25% das pessoas nos países desenvolvidos morriam fora de uma instituição médica.[46][47] A mudança da morte em casa para a morte em um ambiente médico profissional foi denominada "morte invisível". Essa mudança ocorreu gradualmente ao longo dos anos, até que a maioria das mortes agora ocorrem fora da casa da pessoa.[48]

Religiões

"A Donzela" é uma múmia que faz parte de um achado arqueológico chamado Crianças de Llullaillaco. Na foto, a Donzela na província de Salta (Argentina).

Na sociedade, a natureza da morte e a consciência da humanidade de sua própria mortalidade tem sido por milênios uma preocupação das tradições religiosas do mundo e da investigação filosófica. Isso inclui a crença na ressurreição ou na vida após a morte (associada às religiões abraâmicas), reencarnação ou renascimento (associada às religiões dármicas) ou que a consciência deixa de existir permanentemente, conhecido como esquecimento eterno (associado ao humanismo secular).[49]

As cerimônias após a morte podem incluir várias práticas de luto, práticas fúnebres e rituais de homenagem ao falecido. Os restos mortais de uma pessoa, comumente conhecidos como cadáveres ou corpos, são geralmente enterrados inteiros ou cremados, embora entre as culturas do mundo haja uma variedade de outros métodos de eliminação mortuária.

Múmia do Antigo Egito no Museu Britânico

A morte é o centro de muitas tradições e organizações; os costumes relativos à morte são uma característica de todas as culturas ao redor do mundo. Muito disso gira em torno do cuidado com os mortos, bem como da vida após a morte e da eliminação dos corpos no início da morte.

A eliminação de cadáveres humanos, em geral, acaba em enterro ou cremação. No entanto, esta não é uma prática unificada; no Tibete, por exemplo, o corpo recebe um túmulo no céu e é deixado no topo de uma montanha. A preparação adequada para a morte e as técnicas e cerimônias para produzir a habilidade de transferir as realizações espirituais de alguém para outro corpo (reencarnação) são assuntos de estudo detalhado no Tibete. A mumificação ou embalsamamento também é comum em algumas culturas, para retardar a taxa de decomposição.

Budismo

Ver artigo principal: Budismo
Um thangka mostrando o bhavacakra com os antigos cinco reinos cíclicos de saṃsāra na cosmologia budista. Textos medievais e contemporâneos geralmente descrevem seis reinos de reencarnação.

Na doutrina e na prática budista, a morte desempenha um papel importante. A consciência da morte foi o que motivou o príncipe Sidarta Gautama a se esforçar para encontrar o "imortal" e, finalmente, alcançar a iluminação. Na doutrina budista, a morte funciona como um lembrete do valor de ter nascido como ser humano . Renascer como ser humano é considerado o único estado em que se pode atingir a iluminação. Portanto, a morte ajuda a lembrar a si mesmo de que não se deve considerar a vida algo natural. A crença no renascimento entre os budistas não remove necessariamente a ansiedade da morte, uma vez que toda existência no ciclo de renascimento é considerada repleta de sofrimento, e renascer muitas vezes não significa necessariamente que se progrida.[50]

A morte faz parte de vários princípios budistas essenciais, como as Quatro Nobres Verdades e a origem dependente.[50]

Hinduísmo

Ver artigos principais: Hinduísmo e Iama (deus)
Ilustração que descreve as crenças hindus sobre a reencarnação .

Nos textos hindus, a morte é descrita como o jiva-atma espiritual eterno individual (alma ou eu consciente) saindo do corpo material temporário atual. A alma sai deste corpo quando o corpo não pode mais sustentar o eu consciente (vida), o que pode ser devido a razões mentais ou físicas, ou mais precisamente, a incapacidade de agir sobre o kama (desejos materiais). Durante a concepção, a alma entra em um novo corpo compatível com base nos méritos e deméritos restantes do karma (atividades materiais boas/más baseadas no dharma) e no estado da mente (impressões ou últimos pensamentos) no momento da morte.[51][52][53][54]

Normalmente, o processo de reencarnação (transmigração da alma) faz com que a pessoa esqueça todas as memórias de sua vida anterior.[55] Visto que nada realmente morre e o corpo material temporário está sempre mudando, tanto nesta vida quanto na próxima, a morte significa simplesmente o esquecimento de nossas experiências anteriores (identidade material anterior).[56]

A existência material é descrita como cheia de misérias decorrentes do nascimento, doença, velhice, morte, mente, clima, etc.[57][58] Para conquistar o samsara (o ciclo de morte e renascimento) e se tornar elegível para um dos diferentes tipos de moksha (liberação), é preciso primeiro conquistar kama (desejos materiais) e tornar-se autorrealizado.[59][60][61] A forma de vida humana é mais adequada para esta jornada espiritual,[62][63] especialmente com a ajuda de sadhu (pessoas santas autorrealizadas), sastra (escrituras espirituais reveladas) e guru (mestres espirituais autorrealizados), dado que todos os três estão de acordo. [64][65][66][67]

Religiões abraâmicas

Há uma variedade de crenças sobre a vida após a morte dentro do judaísmo, mas nenhuma delas contradiz a preferência da vida sobre a morte. Em parte, isso ocorre porque a morte põe fim à possibilidade de cumprimento de quaisquer mandamentos.[68]

Na biologia

As minhocas são detritívoros que vivem no solo.

Após a morte, os restos de um organismo passam a fazer parte do ciclo biogeoquímico, durante o qual os animais podem ser consumidos por um predador ou um necrófago. A matéria orgânica pode então ser posteriormente decomposta por detritívoros, organismos que reciclam detritos, devolvendo-os ao meio ambiente para reutilização na cadeia alimentar, onde esses produtos químicos podem acabar sendo consumidos e assimilados nas células de um organismo vivo. Exemplos de detritívoros incluem minhocas, piolhos e escaravelhos.

Os microrganismos também desempenham um papel vital, elevando a temperatura da matéria em decomposição à medida que a decompõem em moléculas ainda mais simples. Nem todos os materiais precisam ser totalmente decompostos. O carvão, um combustível fóssil formado ao longo de vastas extensões de tempo em ecossistemas de pântanos, é um exemplo.

Seleção natural

Ver artigo principal: Seleção natural

A teoria evolucionária contemporânea vê a morte como uma parte importante do processo de seleção natural. Considera-se que os organismos menos adaptados ao seu ambiente têm maior probabilidade de morrer tendo produzido menos descendentes, reduzindo assim sua contribuição para o pool genético. Seus genes são, portanto, eventualmente reproduzidos em uma população, levando, na pior das hipóteses, à extinção e, mais positivamente, tornando o processo possível, conhecido como especiação. A frequência da reprodução desempenha um papel igualmente importante na determinação da sobrevivência das espécies: um organismo que morre jovem, mas deixa vários descendentes, exibe, de acordo com os critérios darwinianos, uma aptidão muito maior do que um organismo de vida longa deixando apenas um.

Extinção

Ver artigo principal: Extinção
Um dodô, o pássaro que se tornou sinônimo para a extinção de uma espécie[69]

Extinção é a cessação da existência de uma espécie ou grupo taxonômico, reduzindo a biodiversidade. O momento de extinção é geralmente considerado como a morte do último indivíduo daquela espécie (embora a capacidade de procriar e se recuperar possa ter sido perdida antes deste ponto). Como o alcance potencial de uma espécie pode ser muito grande, determinar esse momento é difícil e geralmente é feito retrospectivamente. Essa dificuldade leva a fenômenos como os táxon de Lázaro, onde espécies presumivelmente extintas "reaparecem" abruptamente (normalmente no registro fóssil) após um período de ausência aparente. Novas espécies surgem por meio do processo de especiação, um aspecto da evolução. Novas variedades de organismos surgem e prosperam quando são capazes de encontrar e explorar um nicho ecológico - e as espécies se extinguem quando não são mais capazes de sobreviver em condições mutáveis ou contra uma competição superior.

Evolução do envelhecimento e da mortalidade

Ver artigo principal: Envelhecimento
Mulher idosa da tribo klamaths fotografada por Edward S. Curtis em 1924

A investigação sobre a evolução do envelhecimento visa explicar por que tantos seres vivos e a grande maioria dos animais enfraquecem e morrem com a idade (as exceções incluem Hydra e a já citada água-viva Turritopsis dohrnii, cuja pesquisa mostra ser biologicamente imortal). A origem evolutiva da senescência continua sendo um dos enigmas fundamentais da biologia. A gerontologia é especializada na ciência dos processos de envelhecimento humano.

Organismos que apresentam apenas reprodução assexuada (por exemplo, bactérias, alguns protistas, como os euglenoides e muitos amebozoários) e organismos unicelulares com reprodução sexual (colonial ou não, como as algas volvocina Pandorina e Chlamydomonas ) são "imortais" em alguma extensão, morrendo apenas devido a perigos externos, como ser comido ou sofrer um acidente fatal. Em organismos multicelulares (e também em ciliados multinucleados),[70] com um desenvolvimento weismannista, isto é, com uma divisão de trabalho entre células somáticas mortais (corpo) e células germinativas (reprodutivas) "imortais", a morte torna-se uma parte essencial de vida, pelo menos para a linha somática.[71]

As algas Volvox estão entre os organismos mais simples de exibir essa divisão de trabalho entre dois tipos de células completamente diferentes e, como consequência, incluem a morte da linha somática como uma parte regular e geneticamente regulada de sua história de vida.[71][72]

Consciência

Ver artigo principal: Consciência

Muito interesse e debate cercam a questão do que acontece com a consciência de uma pessoa quando o corpo morre. A crença na perda permanente de consciência após a morte é frequentemente chamada de esquecimento eterno. A crença de que o fluxo de consciência é preservado após a morte física é descrita pelo termo vida após a morte. Nenhum dos dois é provável que seja confirmado sem que o ponderador tenha realmente de morrer.

Prolongamento de vida

Ver artigo principal: Prolongamento de vida

A extensão da vida se refere a um aumento na expectativa de vida máxima ou média, especialmente em humanos, ao desacelerar ou reverter os processos de envelhecimento. A expectativa de vida média é determinada pela vulnerabilidade a acidentes e doenças relacionadas à idade ou estilo de vida, como câncer ou doenças cardiovasculares. A extensão da expectativa de vida média pode ser alcançada por meio de uma boa dieta, exercícios e evitar perigos como o tabagismo. A expectativa de vida máxima também é determinada pela taxa de envelhecimento de uma espécie que é inerente a seus genes. Atualmente, o único método amplamente reconhecido de estender a vida útil máxima é a restrição de calorias . Teoricamente, a extensão da expectativa de vida máxima pode ser alcançada reduzindo a taxa de danos causados pelo envelhecimento, pela substituição periódica de tecidos danificados ou por reparo molecular ou rejuvenescimento de células e tecidos deteriorados.

Uma pesquisa dos Estados Unidos descobriu que pessoas religiosas e irreligiosas, bem como homens e mulheres e pessoas de diferentes classes econômicas, têm taxas semelhantes de apoio para prolongamento da vida, enquanto africanos e hispânicos têm taxas de apoio mais altas do que pessoas brancas.[73] Cerca de 38% dos entrevistados disseram que gostariam de ter seu processo de envelhecimento curado.

Os pesquisadores da extensão da vida são uma subclasse de biogerontologistas conhecidos como "gerontologistas biomédicos". Procuram compreender a natureza do envelhecimento e desenvolvem tratamentos para reverter os processos de envelhecimento ou pelo menos retardá-los, para a melhoria da saúde e a manutenção do vigor juvenil em todas as fases da vida. Aqueles que tiram vantagem das descobertas de extensão de vida e procuram aplicá-las em si mesmos são chamados de "extensionistas" ou "longevistas". A estratégia primária de extensão de vida atualmente é aplicar os métodos antienvelhecimento disponíveis na esperança de viver o suficiente para se beneficiar de uma cura completa para o envelhecimento, uma vez que ela seja desenvolvida.

Senescência

Ver artigo principal: Senescência
Árvore Camelthorn morta em Sossusvlei, na Namíbia

A senescência se refere a um cenário em que um ser vivo é capaz de sobreviver a todas as calamidades, mas acaba morrendo por causas relacionadas à velhice. As células animais e vegetais normalmente se reproduzem e funcionam durante todo o período de existência natural, mas o processo de envelhecimento deriva da deterioração da atividade celular e da ruína do funcionamento regular. A aptidão das células para deterioração gradual e mortalidade significa que as células são naturalmente condenadas à perda estável e de longo prazo da capacidade de vida, mesmo apesar das contínuas reações metabólicas e viabilidade. No Reino Unido, por exemplo, nove em cada dez de todas as mortes que ocorrem diariamente estão relacionadas com a senescência, enquanto em todo o mundo é responsável por dois terços das 150 mil mortes que ocorrem diariamente.[74]

Quase todos os animais que sobrevivem a riscos externos ao seu funcionamento biológico acabam morrendo devido ao envelhecimento biológico, conhecido nas ciências da vida como "senescência". Alguns organismos experimentam senescência insignificante, até mesmo exibindo imortalidade biológica. Isso inclui a água-viva Turritopsis dohrnii,[75] a hidra e a planária. As causas não naturais de morte incluem suicídio e predação.

A morte fisiológica agora é vista como um processo, mais do que um evento: as condições antes consideradas indicativas de morte agora são reversíveis.[76] No processo, onde uma linha divisória é traçada entre a vida e a morte depende de fatores além da presença ou ausência de sinais vitais. Em geral, a morte clínica não é necessária nem suficiente para a determinação da morte legal. Um paciente com coração e pulmões em funcionamento determinado com morte cerebral pode ser declarado legalmente morto sem que ocorra a morte clínica. À medida que o conhecimento científico e a medicina avançam, a formulação de uma definição médica precisa para a morte se torna mais difícil.

Criopreservação

Ver artigo principal: Criopreservação
Técnicos preparam corpo para criopreservação em 1985.

Criônica (do grego κρύος 'kryos-' que significa 'frio ou gelado') é a preservação em baixa temperatura de animais e humanos que não podem ser sustentados pela medicina contemporânea, com a esperança de que a cura e a ressuscitação possam ser possíveis no futuro.[77][78]

A criopreservação de pessoas ou animais de grande porte não é reversível com a tecnologia atual. A justificativa declarada para a criônica é que as pessoas que são consideradas mortas pelas atuais definições médicas ou legais podem não estar necessariamente mortas de acordo com a definição de morte mais rigorosa da teoria da informação.[27][79]

Alega-se que alguma literatura científica apoia a viabilidade da criônica.[80] A ciência médica e os criobiologistas geralmente consideram a criônica com ceticismo.[81]

Reperfusão

“Uma das novas fronteiras da medicina: tratar os mortos”, reconhece que as células que ficaram sem oxigênio por mais de cinco minutos morrem,[82] não por falta de oxigênio, mas quando seu suprimento de oxigênio for retomado. Portanto, os praticantes dessa abordagem, por exemplo, no Instituto de Ciências da Ressuscitação da Universidade da Pensilvânia, "visam reduzir a captação de oxigênio, diminuir o metabolismo e ajustar a química do sangue para uma reperfusão gradual e segura".[83]

Ver também

Referências

  1. Dicionário Michaelis. «Morte». Consultado em 15 de fevereiro de 2012 
  2. Dicionário Michaelis. «Óbito». Consultado em 15 de fevereiro de 2012 
  3. Dicionário Michaelis. «Falecimento». Consultado em 15 de fevereiro de 2012 
  4. Dicionário Michaelis. «Passamento». Consultado em 15 de fevereiro de 2012 
  5. «carbonQ1». reptools.rutgers.edu. Consultado em 4 de março de 2018. Cópia arquivada em 24 de março de 2018 
  6. Bioethics: A Return to Fundamentals. - Página 260, Bernard Gert, Charles M. Culver - 1997 (em inglês)
  7. Persons, Humanity, and the Definition of Death - Página 23, John P. Lizza - 2006 (em inglês)
  8. a b Aubrey D.N.J, de Grey (2007). «Life Span Extension Research and Public Debate: Societal Considerations» (PDF). Studies in Ethics, Law, and Technology. 1. CiteSeerX 10.1.1.395.745Acessível livremente. doi:10.2202/1941-6008.1011. Consultado em 20 de março de 2009. Cópia arquivada (PDF) em 13 de outubro de 2016. roughly 150,000 deaths that occur each day across the globe 
  9. «World Death Clock». Medindia. Consultado em 30 de março de 2020. Per Day 153,424.70 
  10. Handbook to the Afterlife Página acessada em 12 de abril de 2012 (em inglês)
  11. Zimmerman, Leda (19 de outubro de 2010). «Must all organisms age and die?» (em inglês). Massachusetts Institute of Technology School of Engineering. Consultado em 5 de fevereiro de 2012. Arquivado do original em 1 de novembro de 2010 
  12. Samir Hossain Mohammad; Gilbert Peter (2010). «Concepts of Death: A key to our adjustment». Illness, Crisis and Loss. 18 
  13. Henig, Robin Marantz. «Crossing Over: How Science Is Redefining Life and Death». National Geographic Magazine 
  14. DeGrazia, David (2017), Zalta, Edward N., ed., «The Definition of Death» Spring 2017 ed. , Metaphysics Research Lab, Stanford University, The Stanford Encyclopedia of Philosophy, consultado em 19 de fevereiro de 2019 
  15. a b Bernat, James L. (2018). «Conceptual Issues in DCDD Donor Death Determination». Hastings Center Report. 48: S26–S28. ISSN 1552-146X. PMID 30584853. doi:10.1002/hast.948 
  16. Miller, F.G. (Outubro de 2009). «Death and organ donation: back to the future». Journal of Medical Ethics. 35: 616–620. PMID 19793942. doi:10.1136/jme.2009.030627 
  17. Magnus, David C.; Wilfond, Benjamin S.; Caplan, Arthur L. (6 de março de 2014). «Accepting Brain Death». New England Journal of Medicine. 370: 891–894. ISSN 0028-4793. PMID 24499177. doi:10.1056/NEJMp1400930 
  18. Aladár Paasonen (1974). Marsalkan tiedustelupäällikkönä ja hallituksen asiamiehenä (Marshall's chief of intelligence and Government's official. In Finnish). Weilin, Göös, Helsinki
  19. Kari Hokkanen. «Kallio, Kyösti (1873 - 1940) President of Finland». Biografiakeskus, Suomalaisen Kirjallisuuden Seura. Consultado em 10 de janeiro de 2013 
  20. Lewis, Ariane; Cahn-Fuller, Katherine; Caplan, Arthur (Março de 2017). «Shouldn't Dead Be Dead?: The Search for a Uniform Definition of Death». The Journal of Law, Medicine & Ethics. 45: 112–128. ISSN 1073-1105. PMID 28661278. doi:10.1177/1073110517703105 
  21. Sarbey, Ben (1 de dezembro de 2016). «Definitions of death: brain death and what matters in a person». Journal of Law and the Biosciences. 3: 743–752. PMC 5570697Acessível livremente. PMID 28852554. doi:10.1093/jlb/lsw054 
  22. Bernat, James L. (Março de 2013). «Controversies in defining and determining death in critical care». Nature Reviews Neurology. 9: 164–173. ISSN 1759-4766. PMID 23419370. doi:10.1038/nrneurol.2013.12 
  23. Bondeson 2001, p. 77
  24. Bondeson 2001, pp. 56, 71.
  25. Bondeson 2001, p. 239
  26. Limmer, Dan; O'Keefe, Michael F.; Bergeron, J. David; Grant, Harvey; Murray, Bob; Dickinson, Ed (21 de dezembro de 2006). Brady Emergency Care AHA 10th Updated ed. [S.l.]: Prentice Hall. ISBN 978-0-13-159390-9 
  27. a b Merkle, Ralph. «Information-Theoretic Death». www.merkle.com 
  28. «Blood Swapping Reanimates Dead Dogs». Fox News. 28 de junho de 2005. Consultado em 18 de janeiro de 2014. Cópia arquivada em 14 de outubro de 2016 
  29. a b «WHO Report on the Global Tobacco Epidemic, 2008» (PDF). Organização Mundial da Saúde. 2008. Consultado em 26 de dezembro de 2013. Resumo divulgativo (8 de fevereiro de 2008) 
  30. «Tuberculosis Fact sheet N°104 – Global and regional incidence». Organização Mundial da Saúde. Março de 2006. Consultado em 6 de outubro de 2006 
  31. Chris Thomas, Global Health/Health Infectious Diseases and Nutrition (2 de junho de 2009). «USAID's Malaria Programs». Usaid.gov. Consultado em 19 de setembro de 2016. Cópia arquivada em 26 de janeiro de 2004 
  32. «Aids could kill 90 million Africans, says UN». The Guardian. London. 4 de março de 2005. Consultado em 23 de maio de 2010 
  33. Terry Leonard (4 de junho de 2006). «AIDS Toll May Reach 100 Million in Africa». The Washington Post. Consultado em 26 de dezembro de 2013 
  34. Olshansky, S. Jay; Perry, Daniel; Miller, Richard A.; Butler, Robert N. (2006). «Longevity dividend: What should we be doing to prepare for the unprecedented aging of humanity?». The Scientist. 20: 28–36 
  35. Selye, H. (1938). Experimental evidence supporting the conception of "adaptation energy", Am. J. Physiol. 123 (1938), 758–765.
  36. Goldstone B (1952). «The general practitioner and the general adaptation syndrome». South African Medical Journal. 26: 106–109. PMID 14913266 
  37. Gorban A.N.; Tyukina T.A.; Smirnova E.V.; Pokidysheva L.I. (2016). «Evolution of adaptation mechanisms: adaptation energy, stress, and oscillating death». J. Theor. Biol. 405: 127–139. PMID 26801872. arXiv:1512.03949Acessível livremente. doi:10.1016/j.jtbi.2015.12.017 
  38. Steven Reinberg (20 de setembro de 2012). «Suicide now kills more Americans than car crashes: study». Medical Express. Consultado em 15 de outubro de 2012 
  39. «The top 10 causes of death». Organização Mundial da Saúde. 2012. Consultado em 12 de dezembro de 2012. Cópia arquivada em 4 de novembro de 2012 
  40. «Shot at Dawn, campaign for pardons for British and Commonwealth soldiers executed in World War I». Shot at Dawn Pardons Campaign. Consultado em 20 de julho de 2006. Cópia arquivada em 4 de outubro de 2006 
  41. Nations, Marilyn K.; Amaral, Mara Lucia (Setembro de 1999). «Flesh, Blood, Souls, and Households: Cultural Validity in Mortality Inquiry». Medical Anthropology Quarterly. 5: 204–220. doi:10.1525/maq.1991.5.3.02a00020 
  42. Strawson, Galen (2018). Things that Bother Me: Death, Freedom, the Self, Etc (em inglês). [S.l.]: New York Review of Books. pp. 72–73. ISBN 9781681372204 
  43. Strawson, Galen (2017). The Subject of Experience (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press. pp. 108–110. ISBN 9780198777885 
  44. Ariès, Philippe (1974). Western attitudes toward death: from the Middle Ages to the present. Baltimore: Johns Hopkins University Press. pp. 87–89. ISBN 978-0-8018-1762-5 
  45. Nuland, Sherwin B. (1994). How we die: Reflections on life's final chapter. Nova York: A.A. Knopf. pp. 254–255. ISBN 978-0-679-41461-2 
  46. Ahmad, S.; O'Mahony, M.S. (Dezembro de 2005). «Where older people die: a retrospective population-based study». QJM. 98: 865–870. PMID 16299059. doi:10.1093/qjmed/hci138 
  47. Cassel CK, Demel B (Setembro de 2001). «Remembering death: public policy in the USA». J R Soc Med. 94: 433–436. PMC 1282180Acessível livremente. PMID 11535743. doi:10.1177/014107680109400905 
  48. Ariès, P (1981). «Invisible Death». The Wilson Quarterly. 5: 105–115. JSTOR 40256048. PMID 11624731 
  49. Heath, Pamela Rae; Klimo, Jon (2010). Handbook to the Afterlife. [S.l.]: North Atlantic Books. ISBN 978-1-55643-869-1. Consultado em 12 April 2012  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  50. a b Blum, Mark L. (2004). «Death» (PDF). In: Buswell. Encyclopedia of Buddhism. 1. Nova York: Macmillan Reference, Thomson Gale. p. 203. ISBN 978-0-02-865720-2 
  51. «Bhagavad-gītā As It Is 2.13». Bhaktivedanta Vedabase. Consultado em 29 de março de 2020 
  52. «Bhagavad-gītā As It Is 2.20». Bhaktivedanta Vedabase. Consultado em 29 de março de 2020 
  53. «Bhagavad-gītā As It Is 8.3». Bhaktivedanta Vedabase. Consultado em 29 de março de 2020 
  54. «Bhagavad-gītā As It Is 8.6». Bhaktivedanta Vedabase. Consultado em 29 de março de 2020 
  55. «Śrīmad-Bhāgavatam (Bhāgavata Purāṇa) 5.8.27». Bhaktivedanta Vedabase. Consultado em 29 de março de 2020 
  56. «Śrīmad-Bhāgavatam (Bhāgavata Purāṇa) 11.22.39». Bhaktivedanta Vedabase. Consultado em 29 de março de 2020 
  57. «Śrīmad-Bhāgavatam (Bhāgavata Purāṇa) 5.14.25». Bhaktivedanta Vedabase. Consultado em 29 de março de 2020 
  58. «Śrīmad-Bhāgavatam (Bhāgavata Purāṇa) 5.14.27». Bhaktivedanta Vedabase. Consultado em 29 de março de 2020 
  59. «Bhagavad-gītā As It Is 3.39». Bhaktivedanta Vedabase. Consultado em 29 de março de 2020. Thus the wise living entity's pure consciousness becomes covered by his eternal enemy in the form of lust, which is never satisfied and which burns like fire. 
  60. «Bhagavad-gītā As It Is 3.41». Bhaktivedanta Vedabase. Consultado em 29 de março de 2020. Therefore, O Arjuna, best of the Bhāratas, in the very beginning curb this great symbol of sin [lust] by regulating the senses, and slay this destroyer of knowledge and self-realization. 
  61. «Śrīmad-Bhāgavatam (Bhāgavata Purāṇa) 1.2.10». Bhaktivedanta Vedabase. Consultado em 29 de março de 2020 
  62. «Śrīmad-Bhāgavatam (Bhāgavata Purāṇa) 6.6.42». Bhaktivedanta Vedabase. Consultado em 29 de março de 2020 
  63. «Śrīmad-Bhāgavatam (Bhāgavata Purāṇa) 11.20.12». Bhaktivedanta Vedabase. Consultado em 29 de março de 2020 
  64. «Bhagavad-gītā As It Is 4.35». Bhaktivedanta Vedabase. Consultado em 29 de março de 2020 
  65. «Śrīmad-Bhāgavatam (Bhāgavata Purāṇa) 6.5.20». Bhaktivedanta Vedabase. Consultado em 29 de março de 2020 
  66. «Śrīmad-Bhāgavatam (Bhāgavata Purāṇa) 7.7.30-31». Bhaktivedanta Vedabase. Consultado em 29 de março de 2020 
  67. «Śrīmad-Bhāgavatam (Bhāgavata Purāṇa) 11.20.17». Bhaktivedanta Vedabase. Consultado em 29 de março de 2020 
  68. Soloveitchik, Joseph B. Halakhic Man. Qtd. in Israel
  69. Diamond, Jared M. (1999). «Up to the Starting Line». Guns, Germs, and Steel: The Fates of Human Societies illustrated, reprint ed. [S.l.]: W.W. Norton. pp. 43–44. ISBN 978-0-393-31755-8 
  70. Beukeboom, L. & Perrin, N. (2014). The Evolution of Sex Determination. Online Chapter 2: The diversity of sexual cycles, p. 12. Oxford University Press.
  71. a b Gilbert, S.F. (2003). Developmental biology 7th ed. [S.l.]: Sinauer Associates. pp. 34–35. ISBN 978-0-87893-258-0 
  72. Hallmann, A. (Junho de 2011). «Evolution of reproductive development in the volvocine algae». Sexual Plant Reproduction. 24: 97–112. PMC 3098969Acessível livremente. PMID 21174128. doi:10.1007/s00497-010-0158-4 
  73. «Living to 120 and Beyond: Americans' Views on Aging, Medical Advances and Radical Life Extension». Pew Research Center. Pew Research Center's Religion & Public Life Project. 6 de agosto de 2013. Consultado em 19 de setembro de 2016. Cópia arquivada em 16 de agosto de 2013 
  74. Hayflick & Moody, 2003
  75. «Turritopsis nutricula (Immortal jellyfish)». Jellyfishfacts.net. Consultado em 18 de janeiro de 2014. Cópia arquivada em 13 de outubro de 2016 
  76. Crippen, David. «Brain Failure and Brain Death». Scientific American Surgery, Critical Care, April 2005. Consultado em 9 de janeiro de 2007. Cópia arquivada em 24 de junho de 2006 
  77. McKie, Robin (13 de julho de 2002). «Cold facts about cryonics». The Guardian. Consultado em 1 de dezembro de 2013 
  78. «What is Cryonics?». Alcor Foundation. Consultado em 2 de dezembro de 2013 
  79. Whetstine L, Streat S, Darwin M, Crippen D (2005). «Pro/con ethics debate: When is dead really dead?». Critical Care. 9: 538–42. PMC 1414041Acessível livremente. PMID 16356234. doi:10.1186/cc3894 
  80. Ben Best (2008). «Scientific justification of cryonics practice». Rejuvenation Research. 11: 493–503. PMC 4733321Acessível livremente. PMID 18321197. doi:10.1089/rej.2008.0661 
  81. Lovgren, Stefan (18 de março de 2005). «Corpses Frozen for Future Rebirth by Arizona Company». National Geographic Magazine. Consultado em 15 de março de 2014 
  82. Nuland, Sherwin B. (1993). How We Die: Reflections on Life's Final Chapter. [S.l.]: Turtleback Books. ISBN 978-1-4176-4352-3 
  83. Adler, Jerry (7 de maio de 2007). «To Treat the Dead (The new science of resuscitation is changing the way doctors think about heart attacks – and death itself)». Newsweek. Consultado em 3 de maio de 2007. Cópia arquivada em 3 de maio de 2007 

Bibliografia

Ligações externas

Outros projetos Wikimedia também contêm material sobre este tema:
Wikcionário Definições no Wikcionário
Wikiquote Citações no Wikiquote
Commons Categoria no Commons