Francisco Franco: diferenças entre revisões

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{{Ver desambig|o escultor português|Francisco Franco de Sousa}}{{Info/Político
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|imagem = RETRATO DEL GRAL. FRANCISCO FRANCO BAHAMONDE (adjusted levels).jpg
{{Ver desambig|o escultor português|Francisco Franco de Sousa}}
|legenda = {{clear}}
{{Info/Político
| imagem = Francisco Franco en 1964.jpg
|nome = Francisco Franco
|título1 = [[Lista de chefes de Estado da Espanha#Espanha Franquista (1936-1975)|''Caudillo'' da Espanha]]{{ref label|b|b}}
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|mandato1 = [[1º de outubro]] de [[1936]]{{ref label|a|a}}–[[20 de novembro]] de [[1975]]
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|vice1 = {{plainlist|
| nome = Francisco Franco
* {{longitem|Ele mesmo<br /><small>(1938–Jun. 1973)</small>}}
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* {{longitem|[[Luis Carrero Blanco]]<br /><small>(Jun–Dez. 1973)</small>}}
| título = [[Caudilhismo|Caudilho]] da [[Espanha Franquista|Espanha]]
* {{longitem|[[Carlos Arias Navarro]]<br /><small>(Dez. 1973–1975)</small>}}
| mandato = [[1 de outubro]] de [[1936]]<br />até [[20 de novembro]] de [[1975]]
| antecessor = [[Manuel Azaña Díaz]]<br/>{{small|(como Presidente da Espanha)}}
| sucessor = [[Juan Carlos I de Espanha|Juan Carlos I]]<br/>{{small|(como Rei da Espanha)}}
| título2 = [[Presidente do Governo da Espanha]]
| mandato2 = [[30 de janeiro]] de [[1938]]<br />até [[8 de junho]] de [[1973]]
| antes2 = [[Juan Negrín]]
| depois2 = [[Luis Carrero Blanco]]
| nome_comp = Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco Bahamonde Salgado-Araujo y Pardo de Lama
| nascimento_data = {{dni|4|12|1892|si|lang=br}}
| morte_data = {{nowrap|{{morte|20|11|1975|1|12|1892|lang=br}}}}
| nascimento_local = [[Ferrol]], [[Galiza]], [[Espanha]]
| morte_local = [[Madrid]], Espanha
| nome_mãe = María del Pilar Bahamonde Pardo de Andrade
| nome_pai = Nicolás Franco Salgado-Araújo
| alma_mater = [[Academia de Infantaria de Toledo]]
| cônjuge = Carmen Polo de Franco
| filhos = Carmen Franco
| partido = [[Falange Espanhola Tradicionalista e das Juntas de Ofensiva Nacional Sindicalista|FET y de las JONS]]
| religião = [[Igreja Católica|Catolicismo]]
| assinatura = Francisco Franco Signature.svg
| lealdade = [[Ficheiro:Flag of Spain (1785-1873 and 1875-1931).svg|borda|22px|link=Espanha]] [[Restauração Bourbon na Espanha|Reino da Espanha]]<br />[[Ficheiro:Flag of Spain (1945-1977).svg|borda|22px|link=Espanha]] [[Espanha Franquista|Estado Espanhol]]
| ramo = [[Forças Armadas da Espanha]]
| anos_de_serviço = 1907–1975
| graduação = [[Capitão-general]]
| batalhas = [[Guerra do Rife]]<br />[[Revolução de 1934 (Espanha)|Revolução de 1934]]<br />[[Guerra Civil Espanhola]]<br />[[Guerra de Ifni]]
}}
}}
|vice-título1 = [[Presidente do Governo da Espanha|Presidente de Governo]]
'''Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco Bahamonde Salgado-Araujo y Pardo de Lama''' ([[Ferrol]], [[4 de dezembro]] de [[1892]] — [[Madrid]], [[20 de novembro]] de [[1975]]), cognominado "Generalíssimo" e "Franco", foi um [[militar]] e [[ditador]] [[Espanha|espanhol]], integrou o [[golpe de Estado]] na Espanha contra o governo da [[Segunda República Espanhola|Segunda República]], o que deu início à [[Guerra Civil Espanhola]].<ref>{{Citar livro|URL=https://books.google.co.uk/books?redir_esc=y&id=HconAAAAMAAJ&q=generalissimo#v=snippet&q=generalissimo&f=false|título=Encyclopædia Britannica: Or, A Dictionary of Arts, Sciences, and Miscellaneous Literature, Enlarged and Improved|último=|primeiro=|data=1823|publicado=Archibald Constable|ano=|ISBN=|local=|páginas=484|língua=en}}</ref><ref name="Payne">[[#Payne2000|Payne (2000)]], p. 67</ref> Foi nomeado como chefe supremo da tropa sublevada em 10 de outubro de 1936, exercendo como chefe de Estado de Espanha desde o final do conflito até seu falecimento em 1975, e como chefe de Governo entre 1938 e 1973.
|antecessor = [[Miguel Cabanellas]]{{ref label|c|c}}<br>[[Manuel Azaña Díaz|Manuel Azaña]]<ref>{{cite web|url=https://www.britannica.com/biography/Manuel-Azana|title=Manuel Azaña|date=2023-10-31|website=Encyclopaedia Britannica online|quote=As President of the Spanish Republic (1936-1939)}}</ref>
|sucessor = [[Juan Carlos da Espanha|Juan Carlos I]] <small>(como [[Monarquia Espanhola|Rei da Espanha]])</small>
|título2 = [[Presidente do Governo da Espanha|Presidente de Governo da Espanha]]{{ref label|d|d}}
|mandato2 = [[30 de janeiro]] de [[1938]]{{ref label|a|a}}–[[9 de junho]] de [[1973]]
|vice_título2 = [[Caudilho|Caudillo]]
|vice2 = Ele mesmo
|antes2 = [[Francisco Gómez-Jordana Sousa|Francisco Gómez-Jordana]]{{ref label|e|e}}<br>[[Juan Negrín]]<ref>{{cite web|url=https://www.lamoncloa.gob.es/presidente/presidentes-desde-1823/Paginas/index.aspx|title=Relación cronológica de los presidentes del Consejo de Ministros y del Gobierno|website=La Moncloa|editor=Gobierno de España - Presidencia del Gobierno|access-date=2023-01-18|language=es|quote=Prime Minister of the [[Second Spanish Republic]] between 17 May 1937-31 March 1939}}</ref>
|depois2 = [[Luis Carrero Blanco]]
|título3 = Chefe Nacional da [[Falange Espanhola Tradicionalista e das Juntas de Ofensiva Nacional Sindicalista|FET y de las JONS]]
|mandato3 = [[19 de abril]] de [[1937]]–[[20 de novembro]] de [[1975]]
|vice3 = [[Francisco Gómez-Jordana Sousa|Francisco Gómez-Jordana]] <small>(1938–1939)</small><br/>''Nenhum'' <small>(1939–1962)</small><br/>[[Agustín Muñoz Grandes]] <small>(1962–1967)</small><br/>[[Luis Carrero Blanco]] <small>(1967–1973)</small>
|vice_título3 = Vice
|antes3 = ''Cargo estabelecido''
|depois3 = [[Carlos Arias Navarro]]
|nome_de_nascimento = Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco Bahamonde Salgado-Araujo y Pardo de Lama
|data_nascimento = [[4 de dezembro]] de [[1892]]
|data_morte = [[20 de novembro]] de [[1975]] (82 anos)
|local_nascimento = [[Ferrol]], [[Galiza]], [[Restauração Bourbon na Espanha|Espanha]]
|local_morte = [[Madrid]], [[Espanha Franquista|Espanha]]
|prole = [[Carmen Franco, 1ª Duquesa de Franco|Carmen Franco]]
|alma_mater = [[Academia de Infantaria de Toledo]]
|cônjuge = {{casamento|[[Carmen Polo]]|1923}}
|partido = [[Falange Espanhola Tradicionalista e das Juntas de Ofensiva Nacional Sindicalista|FET y de las JONS]]
|assinatura = Francisco Franco Signature.svg
|residência = [[Palácio Real d'O Pardo]], [[Madrid]]
|lealdade = {{flagicon image|Flag of Spain (1785–1873, 1875–1931).svg}} [[Restauração Bourbon na Espanha|Reino da Espanha]]<br><small>(1907–1931)</small><br>{{flagicon image|Flag of Spain (1931–1939).svg}} [[Segunda República Espanhola|República Espanhola]]<br><small>(1931–1936)</small><br>{{flagicon image|Flag of Spain (1945–1977).svg}} [[Espanha Franquista|Estado Espanhol]]<br><small>(1936–1975)</small>
|ramo = [[Ficheiro:Emblem of the Spanish Armed Forces.svg|22px]] [[Forças Armadas da Espanha|Forças Armadas]]
|anos_de_serviço = 1907–1975
|graduação = [[Capitão-general]]<br><small>([[Exército da Espanha|Exército]], [[Exército do Ar e do Espaço (Espanha)|Força Aérea]] e [[Armada Espanhola|Marinha]])</small>
|comandos = Todos <small>(''[[Generalíssimo]]'')</small>
|batalhas = [[Segunda Campanha de Melilla]]{{WIA}}<br>[[Guerra do Rife]]<br>[[Revolução de 1934 (Espanha)|Revolução de 1934]]<br>[[Guerra Civil Espanhola]]<br>[[Guerra de Ifni]]
}}
'''Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco Bahamonde Salgado-Araujo y Pardo de Lama''' ([[Ferrol]], [[4 de dezembro]] de [[1892]] — [[Madrid]], [[20 de novembro]] de [[1975]]) foi um general militar espanhol que liderou as [[Fação nacionalista|forças nacionalistas]] na derrubada da [[Segunda República Espanhola]] durante a [[Guerra Civil Espanhola]] e posteriormente governou a Espanha de 1939 a 1975 como ditador, assumindo o título de ''[[Caudilho|Caudillo]]''. Este período da história espanhola, desde a vitória nacionalista até a morte de Franco, é comumente conhecido como [[Espanha Franquista]] ou como ditadura franquista.


Nascido em [[Ferrol]], na [[Galiza]], numa família militar de classe alta, Franco serviu no [[Exército da Espanha|Exército Espanhol]] como [[cadete]] na [[Academia de Infantaria de Toledo]] de 1907 a 1910. Enquanto servia no [[Protetorado Espanhol em Marrocos|Marrocos]], ele subiu na hierarquia até se tornar [[general de brigada]] em 1926, aos 33 anos. Dois anos depois, Franco tornou-se diretor da [[Academia Militar Geral]] de [[Saragoça]]. Como conservador e [[Monarquismo|monarquista]], Franco lamentou a abolição da [[Restauração Bourbon na Espanha|monarquia]] e o estabelecimento da Segunda República em 1931, e ficou arrasado com o fechamento de sua academia; no entanto, ele continuou a servir no [[Exército Popular da República (Espanha)|Exército Republicano]]. {{Sfn|Preston|1994|p=25}} A sua carreira foi impulsionada após a vitória dos direitistas [[Confederação Espanhola de Direitas Autônomas|CEDA]] e [[Partido Republicano Radical|PRR]] nas [[Eleições gerais na Espanha em 1933|eleições de 1933]], capacitando-o para liderar a repressão da [[Revolução de 1934|revolta de 1934 nas Astúrias]]. Franco foi brevemente elevado a Chefe do Estado-Maior do Exército antes que a [[Eleições gerais na Espanha em 1936|eleição de 1936]] levasse a [[Frente Popular (Espanha)|Frente Popular]] de [[Esquerda (política)|esquerda]] ao poder, relegando-o às [[Canárias|Ilhas Canárias]].
Em 1912 foi colocado em Marrocos onde iniciou uma carreira notável de promoções meteóricas por feitos, valentia e coragem em combate. Franco conquistou rapidamente o respeito das tropas, que o reconheciam como um líder honesto, sensato e equilibrado, que seguia os regulamentos, tendo ficado conhecido como um purista do cumprimento das regras.{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=39}}{{sfn|Tussell|1996|p=15}} Em 1926, com apenas 33 anos, foi promovido a General tendo-se tornado no General mais jovem de toda a Europa. Embora fosse católico e de convicções monárquicas, Franco evitou sempre envolver-se em qualquer tipo de conspirações políticas mantendo sempre uma postura profissional e apolítica até 1936.{{sfn|Payne|Palacios|2014|pp=151-153}}{{sfn|Tussell|1996|p=28}}


Inicialmente relutante, aderiu ao [[Golpe de Estado na Espanha em julho de 1936|golpe militar de julho de 1936]], que, após não conseguir tomar a Espanha, desencadeou a [[Guerra Civil Espanhola]]. Durante a guerra, comandou o [[Exército da África (Espanha)|exército colonial africano espanhol]] e mais tarde, após a morte de grande parte da liderança rebelde, tornou-se o único líder da sua facção, sendo nomeado ''[[generalíssimo]]'' e [[Lista de chefes de Estado da Espanha|chefe de estado]] em 1936. Ele [[Decreto de Unificação (Espanha, 1937)|consolidou todos os partidos nacionalistas]] no [[Falange Espanhola Tradicionalista e das Juntas de Ofensiva Nacional Sindicalista|FET y de las JONS]] (criando um [[Unipartidarismo|estado de partido único]]) e desenvolveu um [[Culto de personalidade|culto à personalidade]] em torno de seu governo ao fundar o ''[[Movimento Nacional]]''. Três anos depois, os nacionalistas declararam vitória, o que estendeu a ditadura de Franco sobre a Espanha através de um período de [[Terror Branco (Espanha)|repressão aos opositores políticos]]. O uso de [[Trabalho escravo contemporâneo|trabalho forçado]], [[Campos de concentração franquistas|campos de concentração]] e execuções em sua ditadura levou a entre 30.000 e 50.000 mortes. {{Refn|{{sfn|Payne|2012|p=110}}{{sfn|Casanova|Espinosa|Mir|Gómez|2004|p=8}}{{sfn|Fontana|2000|p=22}}{{sfn|Preston|2006|p=202}}{{sfn|Beevor|2006|p=94}}{{sfn|Richards|1998|p=11}}}} Combinado com os assassinatos durante a guerra, isto eleva o número de mortos do [[Terror Branco (Espanha)|Terror Branco]] para entre 100.000 e 200.000. {{Refn|{{sfn|Payne|2012|p=110}}{{sfn|Casanova|Espinosa|Mir|Gómez|2004|p=8}}{{sfn|Fontana|2000|p=22}}{{sfn|Thomas|2013|pp=900–901}}{{sfn|Preston|2006|p=202}}{{sfn|Beevor|2006|p=94}}}} Durante a [[Segunda Guerra Mundial]], manteve a [[Espanha durante a Segunda Guerra Mundial|neutralidade espanhola]], mas apoiou o [[Potências do Eixo|Eixo]] —em recompensa à [[Itália Fascista|Itália]] e à [[Alemanha Nazista|Alemanha]] pelo seu apoio durante a Guerra Civil— [[Estado pária|danificando]] a reputação internacional do país de várias maneiras. Durante o início da [[Guerra Fria]], Franco tirou a Espanha da depressão econômica de meados do século XX através de políticas tecnocráticas e [[Liberalização econômica|economicamente liberais]], presidindo a um período de crescimento acelerado conhecido como o "[[Milagre econômico espanhol|milagre espanhol]]". Ao mesmo tempo, o seu regime transitou de um [[Totalitarismo|Estado totalitário]] para um [[Autoritarismo|Estado autoritário]] com [[Pluralismo (política)|pluralismo]] limitado. Tornou-se um líder do movimento anticomunista, conquistando o apoio do [[Bloco ocidental|Ocidente]], particularmente dos Estados Unidos. {{Sfn|Rubottom|Murphy|1984|p=12}} {{Sfn|Payne|2000|p=645}} À medida que a ditadura relaxava as suas políticas de linha dura, [[Luis Carrero Blanco]] tornou-se a ''[[eminência parda]]'' de Franco, cujo papel se expandiu depois que Franco começou a lutar contra a [[doença de Parkinson]] na década de 1960. Em 1973, Franco renunciou ao cargo de [[Presidente do Governo da Espanha|primeiro-ministro]] – afastado do cargo de chefe de Estado [[Lei Orgânica do Estado|desde 1967]] – devido à sua idade avançada e doença. No entanto, ele permaneceu no poder como chefe de estado e como comandante-chefe. Franco morreu em 1975, aos 82 anos, e foi sepultado no [[Vale de Cuelgamuros|Valle de los Caídos]]. Ele [[Lei de Sucessão à Chefia do Estado|restaurou a monarquia]] em seus últimos anos, sendo sucedido por [[Juan Carlos da Espanha|Juan Carlos]], [[Monarquia Espanhola|Rei da Espanha]], que liderou a [[Transição Espanhola|transição espanhola para a democracia]].
A 13 de Julho de 1936, na sequência de um período turbulento, em que foram assassinadas centenas de pessoas, sobretudo religiosos, as forças policiais, que supostamente eram responsáveis por manter a ordem e proteger os civis, assassinaram o líder do Partido Monárquico espanhol, [[José Calvo Sotelo]], o que desencadeou um golpe militar que vinha sendo preparado pelo General [[Emilio Mola]]. O golpe iria ter como figura de proa o General [[José Sanjurjo]], mas este morre num acidente de aviação em Portugal quando se preparava para se juntar aos golpistas. A sublevação falhou, tendo-se dado início a uma sangrenta guerra civil, com atrocidades cometidas pelos dois bandos. Franco que estava colocado nas Canárias e que estava ao corrente da conspiração mas que não tinha feito parte da organização{{sfn|Tussell|1992|p=32}} tomou o partido dos sublevados e viajou para o Norte de África para liderar as tropas de Marrocos. Devido ao seu prestígio conseguiu o apoio de [[Adolf Hitler]] e [[Benito Mussolini|Mussolini]]. Franco acaba por assumir a liderança das tropas sublevadas e leva-las à vitória em 1939, após um processo sangrento, com milhares de mortos, e atrocidades cometidas pelas duas partes da contenda.


O [[Francisco Franco#Legado|legado de Franco na história espanhola]] permanece controverso, pois a natureza da sua ditadura [[Espanha Franquista|mudou ao longo do tempo]]. O seu reinado foi marcado pela repressão brutal, com dezenas de milhares de mortos, e pela prosperidade econômica, que melhorou muito a qualidade de vida em Espanha. O seu estilo ditatorial revelou-se adaptável o suficiente para permitir a reforma social e econômica, mas ainda centrado no [[Centralismo|governo altamente centralizado]], no [[autoritarismo]], no [[Nacionalismo espanhol|nacionalismo]], no [[Catolicismo Nacional|catolicismo nacional]], na [[antimaçonaria]] e no [[anticomunismo]].
Ao contrário de [[Adolf Hitler|Hitler]] e [[Benito Mussolini|Mussolini]], o governo Franco, devido à teórica [[País neutro|neutralidade]] na [[Segunda Guerra Mundial]], resistiu ao conflito. Mas Franco liderava um país industrialmente atrasado, bem mais pobre que outras nações europeias. Contudo, a partir da década de 1960, a Espanha passou por um período de forte crescimento económico, o que elevou a sua popularidade.<ref>{{citar jornal|título=Before China's Transformation, There Was The "Spanish Miracle"|url=https://www.forbes.com/sites/timreuter/2014/05/19/before-chinas-transformation-there-was-the-spanish-miracle/#186c2ed3b3e1|autor =Reuter, Tim|data=19 de maio de 2014|publicado=''[[Forbes]]''|acessodata=30 de dezembro de 2017}}</ref> Este crescimento, contudo, foi acompanhado por um aumento no aparato repressivo do Estado franquista, perseguindo dissidentes e ativistas, ao mesmo tempo que implementou uma política de repressão cultural no seu país. A posição ferrenha contra o comunismo trouxe de volta parte do apoio internacional e na década de 1970 a Espanha já era uma das nações que mais cresciam, economicamente, na Europa. Isso não impediu que, ainda em meados dos anos 70, a oposição interna pedisse com mais veemência sua renúncia, apoiada pela comunidade internacional.


== Biografia ==
Durante o seu mandato à frente do Exército Espanhol e da Chefia do Estado, especialmente durante a Guerra Civil e os primeiros anos do seu regime, tiveram lugar múltiplas violações dos direitos humanos, segundo assinalam numerosas pesquisas históricas e denúncias de pessoas.<ref>El Norte de Castilla «El Norte de Castilla: {{citar web | url=http://www.nortecastilla.es/20080922/mas-actualidad/espana/garzon-130000-represaliados-200809221310.html | título= Garzón recibe 130.000 nombres de desaparecidos | publicado=www.nortecastilla.es }}» Acessado em 6 de fevereiro de 2012</ref> A cifra total de vítimas mortais durante seu governo varia em torno de 200 mil mortes,<ref>Sinova, J. (2006) ''La censura de prensa durante el franquismo'' [The Media Censorship During Franco Regime]. Random House Mondadori. {{ISBN|84-8346-134-X}}.</ref><ref>{{citar periódico| doi = 10.1353/joy.2001.0008|título= James Joyce's Encounters with Spanish Censorship, 1939–1966|periódico= Joyce Studies Annual| volume = 12|página= 38|ano= 2001|último1 = Lázaro |primeiro1 = A. }}</ref><ref>Rodrigo, J. (2005) ''Cautivos: Campos de concentración en la España franquista, 1936–1947'', Editorial Crítica. {{ISBN|8484326322}}</ref><ref>Gastón Aguas, J. M. & Mendiola Gonzalo, F. (eds.) ''Los trabajos forzados en la dictadura franquista: Bortxazko lanak diktadura frankistan.'' {{ISBN|978-84-611-8354-8}}</ref><ref>Duva, J. (9 de novembro de 1998) [https://web.archive.org/web/20011226220919/http://www.guerracivil.org/Diaris/981109pais.htm "Octavio Alberola, jefe de los libertarios ajusticiados en 1963, regresa a España para defender su inocencia"]. ''Diario El País''</ref> na maioria em [[Campos de concentração franquistas|campos de concentração]], execuções extrajudiciais ou em prisões.<ref>Hugh Thomas, ''La guerre d'Espagne'', Robert Laffont, 2009, págs.209 y 711.</ref><ref>Richards, Michael (1998) ''A Time of Silence: Civil War and the Culture of Repression in Franco's Spain, 1936–1945'', Cambridge University Press. {{ISBN|0521594014}}. p. 11.</ref><ref>Jackson, Gabriel (2005) ''La república española y la guerra civil RBA'', Barcelona. {{ISBN|8474230063}}. p. 466.</ref>
[[Ficheiro:Padres-de-Franco.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Seus pais com Francisco nos braços, no dia do seu batismo, em 17 de dezembro de 1892]]
Francisco Franco Bahamonde nasceu em 4 de dezembro de 1892 na rua Frutos Saavedra, em [[Ferrol]], [[Galiza]], {{Sfn|Preston|1995|p=1}} em uma família de marinheiros. {{Sfn|Payne|Palacios|2014|p=4}} Foi [[Batismo|batizado]] treze dias depois na igreja militar de São Francisco, com o nome de batismo Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo. {{Sfn|Preston|1995|p=1}}


Depois de se mudar para a [[Galiza]], a família Franco envolveu-se na [[Armada Espanhola|Marinha espanhola]] e, ao longo de dois séculos, produziu oficiais da Marinha durante seis gerações ininterruptas (incluindo vários almirantes), {{Sfn|Payne|Palacios|2014|p=4}} até ao pai de Franco{{Ill|Nicolás Franco Salgado-Araújo|es|4=Nicolás Franco Salgado-Araújo}} (22 de novembro de 1855 - 22 de fevereiro de 1942). {{Sfn|Moradiellos|2017|p=22}}
Depois de um governo de quase quarenta anos, Franco restaurou a [[Monarquia de Espanha|monarquia]] em 1975 e deixou o Rei [[Juan Carlos da Espanha|Juan Carlos I]] como seu sucessor. Juan Carlos liderou a transição para a democracia, deixando a Espanha com seu atual sistema político.


Sua mãe,{{Ill|María del Pilar Bahamonde y Pardo de Andrade|gl|4=María del Pilar Bahamonde y Pardo de Andrade}} (15 de outubro de 1865 - 28 de fevereiro de 1934), era de uma família [[Igreja Católica|católica romana]] de classe média alta. Seu pai, Ladislao Bahamonde Ortega, era [[Comissário de guerra|comissário]] de equipamento naval do Porto de El Ferrol. Os pais de Franco se casaram em 1890 na Igreja de São Francisco em El Ferrol. {{Sfn|Preston|1995|p=3}} O jovem Franco passou grande parte de sua infância com seus dois irmãos, [[Nicolás Franco|Nicolás]] e [[Ramón Franco|Ramón]], e suas duas irmãs, María del Pilar e María de la Paz. Seu irmão Nicolás era [[Oficial (militar)|oficial]] da [[Armada Espanhola|marinha]] e diplomata que se casou com María Isabel Pascual del Pobil. {{Sfn|Payne|Palacios|2014|p=157}} Ramón foi um aviador internacionalmente conhecido e [[Maçonaria|maçom]], originalmente com tendências políticas esquerdistas. Ele também foi o segundo irmão a morrer, morto em um acidente aéreo em uma missão militar em 1938. {{Sfn|Payne|Palacios|2014|pp=8–9}}
== Infância e formação militar ==


O pai de Franco era um oficial da Marinha que alcançou o posto de vice-almirante (''intendente geral''). Quando Franco tinha quatorze anos, seu pai mudou-se para Madrid após uma transferência e acabou abandonando a família, casando-se com outra mulher. Embora Franco não tenha sofrido nenhum grande abuso por parte de seu pai, ele nunca superaria sua antipatia por seu pai e o ignorou em grande parte pelo resto de sua vida. Anos depois de se tornar ditador, sob o pseudônimo de Jaime de Andrade, Franco escreveu um breve romance chamado ''Raza'', cujo protagonista, segundo [[Stanley G. Payne|Stanley Payne,]] representa o homem idealizado que Franco desejava que seu pai tivesse sido. Por outro lado, Franco identificou-se fortemente com a mãe (que sempre vestiu o preto da viúva ao perceber que o marido a havia abandonado) e aprendeu com ela a moderação, a austeridade, o autocontrole, a solidariedade familiar e o respeito pelo catolicismo, embora também herdasse a dureza do pai., frieza e implacabilidade. {{Sfn|Payne|Palacios|2014|pp=5–8}}
Nasceu a [[4 de Dezembro]] de [[1892]] na cidade [[Galiza|galega]] de [[Ferrol]], local de uma importante base naval, que havia sido a pátria dos Franco desde 1730. Herdou uma forte tradição dos seus antepassados que durante seis gerações tinham sido oficiais de Marinha, tendo alguns deles chegado ao posto de Almirante. O seu pai, Nicolás Franco Salgado-Araujo foi oficial da administração naval e no final da carreira alcançou o posto de Intendente Geral (equivalente a [[Vice-Almirante]]). A sua mãe Maria do Pilar Bahamonde y Pardo de Lama-Andrade, filha de um alto oficial do corpo de intendência naval, descendia de uma longa linhagem de oficiais de Marinha.{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=14}}


== Carreira militar ==
Em 1907 iniciou os seus estudos militares na [[Academia de Infantaria de Toledo]] tendo-se graduado como Alferes com apenas dezessete anos.{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=27}} Quando ingressou na academia, com apenas 14 anos era um dos cadetes mais jovens, a maioria dos cadetes tinha entre 16 e 18 anos. Devido à sua tenra idade, baixa estatura (em adulto apenas alcançou 1,67 m) e extrema magreza, ficou conhecido como "franquito", e foi vitima preferencial de praxes militares por parte dos cadetes mais veteranos. Mais tarde Franco recordaria aquela época da sua vida como um "verdadeiro calvário" e criticou duramente a falta de disciplina da academia, bem como a irresponsabilidade dos directores ao juntarem cadetes de idades tão distintas.{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=24}}
{{Artigo principal|Carreira militar e honras de Francisco Franco}}


== Guerra do Rif, Franco torna-se o general mais jovem da Europa ==
=== Guerra do Rife e avanço na hierarquia ===
Francisco seguiu o pai na Marinha, mas como resultado da [[Guerra Hispano-Americana]] o país perdeu grande parte da sua marinha, bem como a maior parte das suas colónias. Não necessitando de mais oficiais, a Academia Naval não admitiu novos ingressantes de 1906 a 1913. Para desgosto do pai, Francisco decidiu tentar o [[Exército da Espanha|Exército Espanhol]]. Em 1907, ingressou na Academia de Infantaria de [[Toledo]]. Aos quatorze anos, Franco era um dos membros mais jovens de sua turma, com a maioria dos meninos tendo entre dezesseis e dezoito anos. Ele era baixo e sofria bullying por seu tamanho pequeno. Suas notas eram médias; embora sua boa memória significasse que ele raramente tinha dificuldades acadêmicas, sua pequena estatura era um obstáculo nos testes físicos. Ele se formou em julho de 1910 como segundo-tenente, ficando em 251º lugar entre 312 cadetes de sua classe, embora isso possa ter menos a ver com suas notas do que com seu pequeno tamanho e pouca idade. Stanley Payne observa que na época em que a guerra civil começou, Franco já havia se tornado um major-general e logo seria um ''[[generalíssimo]]'', enquanto nenhum de seus colegas cadetes de patente superior havia conseguido passar do posto de tenente-coronel. {{Sfn|Jensen|2005|pp=13–14}} {{Sfn|Payne|Palacios|2014|pp=12–15}} Franco foi promovido ao posto de [[primeiro-tenente]] em junho de 1912, aos {{Sfn|Jensen|2005|p=28}} anos {{Sfn|Hodges|2002|p=34}} Dois anos depois, obteve uma comissão para Marrocos. Os esforços espanhóis para ocupar o novo [[protetorado]] africano provocaram a [[Segunda campanha de Melillan]] em 1909 contra os marroquinos nativos, a primeira de várias rebeliões. Suas táticas resultaram em pesadas perdas entre os oficiais militares espanhóis, e também proporcionaram uma oportunidade de ganhar promoção através do mérito no campo de batalha. Foi dito que os oficiais receberiam ''la caja ou la faja'' (um caixão ou faixa de general). Franco rapidamente ganhou a reputação de oficial eficaz.
[[Ficheiro:Francisco_y_Ramón_Franco_1925.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Francisco e seu irmão Ramón no [[Protetorado Espanhol em Marrocos|Norte da África]], 1925]]
Em 1913, Franco transferiu-se para os recém-formados regulares: tropas coloniais marroquinas com oficiais espanhóis, que atuavam como [[tropas de choque]] de elite. {{Sfn|Payne|2011|p=71}} Em 1916, aos 23 anos com a patente de capitão, Franco foi baleado no abdómen por tiros de guerrilha durante um assalto a posições marroquinas em ''El Biutz'', nas colinas perto de Ceuta; esta foi a única vez que ele foi ferido em dez anos de combates. {{Sfn|Ellwood|2014|p=15}} O ferimento era grave e não se esperava que ele sobrevivesse. A sua recuperação foi vista pelas tropas marroquinas como um acontecimento espiritual – eles acreditavam que Franco era abençoado com ''[[Baraca|baraka]]'' ou protegido por Deus. Foi recomendado para promoção a major e para receber a maior honraria da Espanha por bravura, a cobiçada ''[[Cruz Laureada de São Fernando|Cruz Laureada de San Fernando]]''. Ambas as propostas foram negadas, sendo a pouca idade de Franco, de 23 anos, o motivo da negação. Franco recorreu da decisão ao rei, que a reverteu. {{Sfn|Ellwood|2014|p=15}} Franco também recebeu a ''Cruz de Maria Cristina, Primeira Classe''. {{Sfn|Payne|Palacios|2014|p=30}}


Com isso foi promovido a major no final de fevereiro de 1917, aos 24 anos. Isso fez dele o major mais jovem do exército espanhol. De 1917 a 1920, serviu na Espanha. Em 1920, o tenente-coronel [[José Millán-Astray]], um oficial [[wiktionary:histrionic|histriônico]] mas carismático, fundou a [[Legião Espanhola|Legião Estrangeira Espanhola]], em linhas semelhantes à [[Legião Estrangeira Francesa]]. Franco tornou-se o segundo em comando da Legião e voltou para a África. Na [[Guerra do Rife]], o mal comandado e sobrecarregado Exército Espanhol foi derrotado pela [[República do Rife]] sob a liderança dos irmãos [[Abd el-Krim el-Khattabi|Abd el-Krim]], que [[Batalha de Annual|esmagaram uma ofensiva espanhola]] em 24 de julho de 1921, em Annual. A Legião e unidades de apoio socorreram a cidade espanhola de [[Melilha]] após uma marcha forçada de três dias liderada por Franco. Em 1923, já [[tenente-coronel]], foi nomeado comandante da Legião.
Em 1912 é colocado em Marrocos onde inicia uma carreira notável de promoções meteóricas por feitos, valentia, frieza e coragem em combate; qualidades que aliava a uma personalidade meticulosa nos detalhes logísticos.{{sfn|Preston|1994|p=24}}{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=39}} Franco conquistou rapidamente o respeito das tropas indígenas, que o reconheciam como um líder honesto, sensato e equilibrado, que seguia os regulamentos, tendo ficado conhecido como um purista do cumprimento das regras{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=39}} No início de 1914, com 22 anos, é promovido a Capitão, tendo-se tornado no capitão mais jovem do exército espanhol.{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=40}} As tropas indígenas diziam que Franco tinha «baraka», uma espécie de benção divina que lhe permitia escapar ileso dos combates mais sangrentos.<ref>{{citar jornal |ultimo= Villatoro |primeiro=Manuel P. |data= 18/10/2018 |titulo=«Baraka»: la misteriosa «bendición mora» que salvó a Francisco Franco de una sangrienta muerte en el Rif |titulotrad= |url=https://www.abc.es/historia/abci-baraka-misteriosa-bendicion-mora-salvo-francisco-franco-sangrienta-muerte-201810162323_noticia.html |lingua= Espanhol |jornal=ABC Historia |local= |acessodata= 26-02-2020}}</ref>{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=41}}{{sfn|Preston|1994|p=19}} Dos 42 oficiais regulares colocados em Marrocos em 1912, apenas sete continuavam vivos em 1915, Franco era um deles.{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=41}} Contudo em 1916, na batalha de El Biutz, Franco acaba por ser ferido em combate, trespassado por uma bala que o atinge no ventre e sai pelas costas.{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=42}}. Nessa época, sem antibióticos, em Marrocos, uma ferida desta natureza significava morte certa, mas Franco, que era conhecido por ter uma saúde de ferro, sobrevive miraculosamente{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=43}} e é condecorado com Cruz de Maria Cristina de Primeira Classe.{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=44}}


Em 22 de outubro de 1923, Franco casou-se com [[Carmen Polo|María del Carmen Polo y Martínez-Valdès]] (11 de junho de 1900 – 6 de fevereiro de 1988). {{Sfn|Romero Salvadó|2013|p=259}} Após a sua [[lua de mel]], Franco foi convocado a Madrid para ser apresentado ao [[Afonso XIII de Espanha|rei Alfonso XIII]]. {{Sfn|Preston|1995|pp=42, 62}} Esta e outras ocasiões de atenção real o marcariam durante a [[Segunda República Espanhola|República]] como oficial monárquico.
Após uma estada de três anos em [[Oviedo]], onde conheceu a sua futura mulher, Carmen Polo, Franco é convidado pelo então tenente-coronel [[Millán Astray]] para regressar a Marrocos e criar um corpo de elite de voluntários estrangeiros, para combater nas guerras do Norte de África. A Legião foi criada por Decreto Real de 28 de Janeiro de 1920, com o nome de Tercio de Extranjeros ([[Terço (militar)|Terço de Estrangeiros]]). [[Millán Astray]] era na época um herói militar, ferido por 4 vezes na guerra de Marrocos, onde perdeu o braço esquerdo e o olho direito, muito popular mas sem as qualidades de um organizador, é assim que Franco, com reconhecidas habilidades para preparar e disciplinar tropas, recebe o segundo posto de comando.{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=53}} Em pouco tempo, sob o comando de Millán Astray e de Francisco Franco "La Legion" ganhou a fama de ser a unidade mais bem preparada e mais resistente do exército espanhol.{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=53}}


Decepcionado com os planos do primeiro-ministro espanhol, tenente-general [[Miguel Primo de Rivera]], de uma retirada estratégica do interior para a costa africana, o coronel Franco escreveu na edição de abril de 1924 da ''Revista de Tropas Coloniales'' (''Revista das Tropas Coloniais'') que desobedeceria ordens de retirada dadas por um superior. Como resultado, Franco teve uma reunião tensa com Primo de Rivera em julho.
Em [[1923]], casou-se com Carmen Polo, de uma família da [[burguesia]] das [[Astúrias]], tendo tido o Rei [[Afonso XIII de Espanha|Afonso XIII]] como padrinho.


O tenente-coronel Franco visitou um colega ''africanista'', o general [[Gonzalo Queipo de Llano]], em 21 de setembro de 1924 para propor que Queipo de Llano organizasse um golpe de estado contra Primo. {{Sfn|Casals|2006|p=212}} No final, Franco cumpriu as ordens do general Primo, participando na [[:es:Retirada de Chauen|retirada dos soldados espanhóis de Xaouen]] no final de 1924, ganhando assim uma promoção a coronel. {{Sfn|Casals|2006|pp=211–212}}
Destinado novamente a Marrocos com a patente de [[tenente-coronel]], assumiu o comando da [[Legião Espanhola]] em [[1923]] e participou activamente no [[Desembarque de Alhucemas|desembarque na baía de Alhucemas]] e na reconquista [[Protetorado Espanhol em Marrocos|do Protectorado]] que culminaram com a derrota de Abd o-Krim e a ocupação e pacificação total da zona espanhola do Protetorado. Nenhum outro oficial se havia notabilizado tanto como Franco e como reconhecimento Franco é promovido a General de Brigada, com apenas 33 anos tornando-se assim no general mais jovem de qualquer exército da Europa e convertendo-se no general mais célebre do Exército Espanhol.{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=70}}{{sfn|Preston|1994|p=24}}


Franco liderou a primeira leva de tropas em terra em [[Alucemas|Al Hoceima]] (espanhol: ''Alhucemas'') em 1925. Este desembarque no coração da tribo de Abd el-Krim, combinado com a invasão francesa do sul, significou o início do fim para a efêmera [[República do Rife]]. Franco acabou sendo reconhecido por sua liderança e foi promovido a general de brigada em 3 de fevereiro de 1926, tornando-o o general mais jovem da Europa aos 33 anos, segundo Payne e Palacios. {{Sfn|Payne|Palacios|2014|p=50}} Em 14 de setembro de 1926, Franco e Polo tiveram uma filha, [[Carmen Franco y Polo|María del Carmen]]. Franco teria um relacionamento próximo com sua filha e era um pai orgulhoso, embora suas atitudes tradicionalistas e responsabilidades crescentes significassem que ele deixava grande parte da criação dos filhos para sua esposa. {{Sfn|Payne|Palacios|2014|p=54}} Em 1928, Franco foi nomeado diretor da recém-criada Academia Geral Militar de Saragoça, um novo colégio para todos os [[Cadete|cadetes]] do exército espanhol, substituindo as antigas instituições separadas para jovens que procuravam tornar-se oficiais de infantaria, cavalaria, artilharia e outros ramos do exército. . Franco foi destituído do cargo de Diretor da Academia Militar de Saragoça em 1931; quando a Guerra Civil começou, os coronéis, majores e capitães do Exército espanhol que frequentaram a academia quando ele era seu diretor demonstraram lealdade incondicional a ele como ''[[Caudilho|Caudillo]]''. {{Sfn|Casanova|Andrés|2014|p=238}}
== Director Geral da Academia Geral Militar ==


=== Durante a Segunda República Espanhola ===
Em 1927 o ditador [[Primo de Rivera|Miguel Primo de Rivera]] apercebendo-se que a desunião existente entre os vários corpos de oficiais do exército, com as suas várias academias, era um foco de instabilidade política, resolve promover uma unificação de todas as academias militares criando a Academia Geral Militar em Saragoça elegendo Franco para dirigi-la. Era o reconhecimento de que Franco para além da sua extraordinária bravura no campo de batalha, possuía também qualidades mentais de organização e liderança. Nesta escolha pesou também o facto de Franco nunca ter participado em conspirações ou movimentações políticas. Primo de Rivera considerou que Franco era o homem ideal para imbuir os jovens militares de espírito patriótico, profissionalizar o exército, retirando-lhe a carga política.{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=77}}
As eleições municipais de 12 de abril de 1931 foram em grande parte vistas como um plebiscito sobre a monarquia. {{Sfn|Jackson|2012|p=518}} A aliança Republicano-Socialista não conseguiu conquistar a maioria dos municípios em Espanha, mas obteve uma vitória esmagadora em todas as grandes cidades e em quase todas as capitais de província. {{Sfn|Payne|Palacios|2014|p=66}} Os monarquistas e o exército desertaram Afonso XIII e consequentemente o rei decidiu abandonar o país e exilar-se, dando lugar à [[Segunda República Espanhola]]. Embora Franco acreditasse que a maioria do povo espanhol ainda apoiava a coroa, e embora lamentasse o fim da monarquia, não se opôs, nem desafiou a legitimidade da república. {{Sfn|Payne|Palacios|2014|p=68}} O encerramento da academia em Junho pelo ministro provisório da Guerra [[Manuel Azaña Díaz|, Manuel Azaña,]] no entanto, foi um grande revés para Franco e provocou o seu primeiro confronto com a [[Segunda República Espanhola|República Espanhola]]. Azaña considerou o discurso de despedida de Franco aos cadetes um insulto. {{Sfn|Payne|Palacios|2014|p=74}} No seu discurso, Franco sublinhou a necessidade de disciplina e respeito da República. {{Sfn|Franco Bahamonde|2020|p=42}} Azaña registrou uma reprimenda oficial no arquivo pessoal de Franco e durante seis meses Franco ficou sem cargo e sob vigilância. {{Sfn|Payne|Palacios|2014|p=74}}


Em dezembro de 1931, foi declarada uma nova [[Constituição espanhola de 1931|constituição]] reformista, liberal e democrática. Incluía disposições fortes que impunham uma ampla [[secularização]] do país católico, que incluía a abolição das escolas e instituições de caridade católicas, às quais muitos católicos moderados e comprometidos se opunham. {{Sfn|Preston|2006|p=53}} Neste ponto, uma vez que a assembleia constituinte tivesse cumprido o seu mandato de aprovar uma nova constituição, deveria ter organizado eleições parlamentares regulares e adiado, segundo o historiador [[Carlton Hayes|Carlton J.H. Hayes]]. Temendo a crescente oposição popular, a maioria Radical e Socialista adiou as eleições regulares, prolongando assim a sua permanência no poder por mais dois anos. Desta forma, o governo republicano de [[Manuel Azaña Díaz|Manuel Azaña]] iniciou inúmeras reformas que, na sua opinião, iriam “modernizar” o país. {{Sfn|Hayes|1951|p=91}}
Em 12 de abril de 1931 celebraram-se as eleições municipais, onde os monárquicos obtiveram vantagem nas zonas rurais, mas os republicanos ganharam nas grandes cidades. Embora os republicanos não tivessem ganho as eleições a nível nacional conseguiram no entanto passar a ideia que nas cidades havia mais consciência política e como tal eram os legítimos vencedores. Os monárquicos abandonaram o seu Rei, o General Sanjurjo, chefe da Guarda Civil anunciou que os homens que estavam baixo o seu comando não participariam em qualquer tipo de confrontos para defender o seu Rei. Os republicanos saíram à rua a celebrar a pretensa vitória e o Rei Afonso XIII decidiu abandonar o país, sem renunciar aos seus direitos, com o intuito de evitar uma guerra civil.{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=77}}{{sfn|Andrade|2017|p=195}} Franco ficou horrorizado, pensava que a maioria dos espanhóis seguiam apoiando a coroa, embora nas grandes cidades não fosse assim, e considerou a declaração da república uma usurpação, uma espécie de pronunciamento pacífico.{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=77}}


Franco era assinante do jornal da Acción Española, uma organização monarquista, e acreditava firmemente em uma suposta conspiração judaico-maçônica-bolchevique, ou ''contubernio'' (conspiração). A conspiração sugeria que judeus, maçons, comunistas e outros esquerdistas procuravam a destruição da Europa cristã, sendo a Espanha o alvo principal. {{Sfn|Preston|2010|pp=42, 45}}
Não obstante os seus sentimentos monárquicos, no dia 15 de Abril de 1931, Franco dirigiu-se aos seus cadetes para lhes anunciar a proclamação da república, destacando a necessidade de manter a disciplina e o respeito pelos poderes recém-instituídos.{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=90}}<ref>{{citar web | url = http://www.generalisimofranco.com/discurso12.htm | título = Discurso de Franco a los cadetes de la academia militar de Zaragoza|data=14 de Junho de 1931 |acessodata=8 de Setembro de 2020 | língua = Espanhol}}</ref> Desde o advento da república Franco manteve sempre a sua linha de profissional obediente disciplinado e apolítico, independente dos seus sentimentos pessoais, e manteria esta sua conduta de fidelidade ao poder instituído por toda a sua vida até ao estalar da guerra civil.{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=95}}{{sfn|Tusell|1992|p=15}}
[[Ficheiro:Francisco_Franco_1930.jpg|miniaturadaimagem|Franco em 1930]]
Em 5 de fevereiro de 1932, Franco recebeu o comando na [[Corunha]]. Franco evitou envolvimento na tentativa de golpe de [[José Sanjurjo]] naquele ano e até escreveu uma carta hostil a Sanjurjo expressando sua raiva pela tentativa. Como resultado da reforma militar de Azaña, em janeiro de 1933 Franco foi rebaixado do primeiro para o 24º lugar na lista dos brigadeiros. No mesmo ano, em 17 de fevereiro, foi-lhe atribuído o comando militar das [[Ilhas Baleares]]. O cargo estava acima de sua posição, mas Franco ainda estava insatisfeito por estar preso em uma posição que não gostava. O primeiro-ministro escreveu no seu diário que provavelmente seria mais prudente afastar Franco de Madrid. {{Sfn|Sangster|2018|p=83}} {{Sfn|Payne|Palacios|2014|pp=80–81}}


Em 1932, os jesuítas, responsáveis por muitas escolas em todo o país, foram banidos e tiveram todos os seus bens confiscados. {{Sfn|Castillo|2019|p=92}} O exército foi ainda mais reduzido e os proprietários de terras foram expropriados. O governo interno foi concedido à Catalunha, com um parlamento local e um presidente próprio. {{Sfn|Ben-Ami|1981|p=220}} Em junho de 1933, o [[Papa Pio XI]] publicou a encíclica [[Dilectissima Nobis]] (Nosso Amado), "Sobre a Opressão da Igreja da Espanha", na qual criticava o anticlericalismo do governo republicano. {{Sfn|Castillo|2019|p=92}}
== Um General votado ao ostracismo ==
[[Ficheiro:Francisco Franco 1930.jpg|miniaturadaimagem|Franco em 1930]]
A 30 de Outubro de 1931, Manuel Azaña, na qualidade de Ministro da Guerra, ordena o encerramento da Academia Geral Militar, deixando Franco desolado. Franco, embora contrariado, acatou as ordens, e em Abril disse aos cadetes:


As eleições realizadas em outubro de 1933 resultaram numa maioria de centro-direita. O partido político mais votado foi a Confederação Espanhola de Derechas Autónomas ("CEDA"), mas o presidente [[Niceto Alcalá-Zamora|Alcalá-Zamora]] recusou-se a convidar o líder da CEDA, Gil Robles, para formar governo. {{Sfn|Raguer|2007|p=32}} Em vez disso, ele convidou [[Alejandro Lerroux|Alejandro Lerroux,]] do [[Partido Republicano Radical|Partido Republicano Radical,]] para fazê-lo. Apesar de receber a maioria dos votos, o CEDA teve seus cargos de gabinete negados por quase um ano. {{Sfn|Payne|Palacios|2014|pp=84–85}} Após um ano de intensa pressão, o CEDA, o maior partido do congresso, finalmente conseguiu forçar a aceitação de três ministérios. A entrada do CEDA no governo, apesar de ser normal numa democracia parlamentar, não foi bem aceite pela esquerda. Os socialistas desencadearam uma insurreição que vinham preparando há nove meses. Os partidos republicanos de esquerda não aderiram diretamente à insurreição, mas a sua liderança emitiu declarações de que estavam "quebrando todas as relações" com o governo republicano. {{Sfn|Payne|Palacios|2014|p=88}} O ''Bloco Catalão Obrer i Camperol'' (BOC) defendeu a necessidade de formar uma ampla frente operária e assumiu a liderança na formação de uma nova e mais abrangente ''Alianza Obrera'', que incluía a UGT catalã e o setor catalão do PSOE, com o objetivo de derrotar o fascismo e avançar a revolução socialista. A ''Alianza Obrera'' declarou uma greve geral "contra o fascismo" na Catalunha em 1934. {{Sfn|Payne|2008|p=$2}} Um [[Estado Catalão (1934)|estado catalão]] foi proclamado pelo líder nacionalista catalão [[Lluís Companys]], mas durou apenas dez horas. Apesar de uma tentativa de paralisação geral em [[Madrid]], outras greves não perduraram. Isto deixou os mineiros [[Astúrias|asturianos]] em greve lutando sozinhos. {{Sfn|Vincent|2007|p=133}}
{{quote|Se neste centro sempre reinou a disciplina e cumprimento rigoroso do dever, tal é ainda mais necessário hoje, quando o exército, sereno e unido, necessita sacrificar todo o pensamento e ideologia a bem da nação e da tranquilidade de pátria.{{sfn|Preston|1995|p=99}}}}


Em várias cidades mineiras das Astúrias, os sindicatos locais reuniram armas ligeiras e estavam determinados a levar a greve até ao fim. Tudo começou na noite de 4 de outubro, com os mineiros ocupando várias cidades, atacando e apreendendo quartéis locais da [[Guardia de Asalto|Guarda]] [[Guarda Civil (Espanha)|Civil]] e de Assalto. {{Sfn|Jackson|2012|pp=154–155}} Trinta e quatro padres, seis jovens seminaristas com idades entre 18 e 21 anos, e vários empresários e guardas civis foram sumariamente executados pelos revolucionários em [[Mieres (Astúrias)|Mieres]] e [[Sama, Astúrias|Sama]], 58 edifícios religiosos incluindo igrejas, conventos e parte da universidade de Oviedo foram queimados e destruídos, {{Sfn|Thomas|2013|p=132}} e mais de 100 padres foram mortos na diocese. {{Sfn|de la Cueva|1998|p=356}} Franco, já General de Divisão e assessor do ministro da Guerra, [[Diego Hidalgo y Durán|Diego Hidalgo]], foi colocado no comando das operações dirigidas para reprimir a violenta insurgência. Isso foi feito pelas tropas do [[Exército da África (Espanha)|Exército Espanhol da África]], com o general [[Eduardo López Ochoa]] como comandante em campo. Após duas semanas de combates intensos (e um número de mortos estimado entre 1.200 e 2.000), a rebelião foi reprimida.
e no discurso de encerramento, em Junho de 1931, voltou a fazer um apelo aos seus cadetes que atuassem sempre com disciplina, sobretudo nas ocasiões em que o pensamento e o coração não estavam em sintonia com as ordens de uma autoridade superior imbuída de erros,


A [[Revolução de 1934|insurgência nas Astúrias]] em Outubro de 1934 desencadeou uma nova era de violentas perseguições anti-cristãs com o massacre de 34 padres, iniciando a prática de atrocidades contra o clero, {{Sfn|de la Cueva|1998|p=365}} e agudizou o antagonismo entre a esquerda e a direita. Franco e López Ochoa (que, antes da campanha nas Astúrias, era visto como um oficial de esquerda) {{Sfn|Preston|1995|p=103}} surgiram como oficiais preparados para usar "tropas contra civis espanhóis como se fossem um inimigo estrangeiro". {{Sfn|Preston|2010|p=61}} Franco descreveu a rebelião a um jornalista em [[Oviedo]] como "uma guerra de fronteira e suas frentes são o socialismo, o comunismo e tudo o que ataca a civilização para substituí-la pela barbárie". Embora as unidades coloniais enviadas para o norte pelo governo por recomendação de Franco {{Sfn|Thomas|2013|p=132}} consistissem na [[Legião Espanhola|Legião Estrangeira Espanhola]] e nos Regulares Indígenas Marroquinos, {{Sfn|Balfour|2002|pp=252–254}} a imprensa de direita retratou os rebeldes asturianos como lacaios de uma conspiração judaico-bolchevique estrangeira. {{Sfn|Sangster|2018|p=87}}
{{quote| Disciplina!..., nunca bem compreendida. Disciplina!...que não encerra mérito quando a condição do mando não é grata e fácil. Disciplina!..., que se reveste do seu verdadeiro valor quando o pensamento aconselha o contrário do que nos ordenam, quando o coração pugna por levantar-se em íntima rebeldia, ou quando a arbitrariedade ou o erro vão associados à acção do mando. Esta é a disciplina que vos inculcamos, esta é a disciplina que praticamos. Este é o exemplo que vos oferecemos.<ref>{{citar web |url=https://fnff.es/historia/257942379/discurso-de-franco-a-los-cadetes-de-la-academia-militar-de-zaragoza.html |título= Discurso de Franco a los Cadetes de la Academia Militar de Zaragoza|apelido=Franco |nome=Francisco |ano=1931 |editor=Fundación Nacional Francisco Franco |lingua=Espanhol}}</ref>}}


Com esta rebelião contra a autoridade política legítima estabelecida, os socialistas também repudiaram o sistema institucional representativo, tal como os anarquistas tinham feito. {{Sfn|Casanova|2010|p=111}} O historiador espanhol [[Salvador de Madariaga]], partidário de Azaña e exilado oponente vocal de Francisco Franco, é autor de uma forte reflexão crítica contra a participação da esquerda na revolta: “O levante de 1934 é imperdoável. Robles tentou destruir a Constituição para estabelecer o fascismo foi, ao mesmo tempo, hipócrita e falsa. Com a rebelião de 1934, a esquerda espanhola perdeu até mesmo a sombra da autoridade moral para condenar a rebelião de 1936.” {{Sfn|Hernández|2015|p=125}}
Franco termina o seu discurso com um "Viva Espanha" em vez de um mais político "Viva a República"{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=98}}


No início da Guerra Civil, López Ochoa foi assassinado; sua cabeça foi decepada e desfilou pelas ruas em um poste, com um cartão dizendo: 'Este é o açougueiro das Astúrias'. {{Sfn|Preston|2012|p=266}} Algum tempo depois destes acontecimentos, Franco foi brevemente comandante-em-chefe do Exército de África (a partir de 15 de Fevereiro), e a partir de 19 de Maio de 1935, Chefe do Estado-Maior General.
Manuel Azaña não gostou do discurso de Franco e repreendeu-o oficialmente, algo que nunca lhe havia ocorrido ao longo da sua carreira. Franco desagradado escreveu a Azana e chegou a encontrar-se pessoalmente com ele, tendo lembrado que jamais se havia envolvido em política e que sempre fora um profissional disciplinado e apolítico. Contudo após o encerramento da Academia Geral Militar, Franco esteve oito meses sem qualquer cargo, tendo passado esse período retirado na sua casa nas Astúrias.{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=99}} Após um longo período de inactividade Franco acaba por ser destacado para os governos militares da [[Corunha]] e mais tarde das [[Baleares]].


==== Eleições gerais de 1936 ====
A 10 de Agosto de 1932 dá-se o pronunciamento fracassado do general Sanjurjo ('Sanjurjada'), o único pronunciamento militar ocorrido até o estalar da guerra civil. O General Sanjurjo é detido em Huelva, quando tentava fugir para Portugal. Julgado e condenado à morte, o Presidente da República comuta-a em cadeia perpétua. Franco evitou qualquer envolvimento na Sanjurjada o que lhe valeu o reforço do reconhecimento como militar apolítico.{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=103}}
{{Artigo principal|Eleições gerais na Espanha em 1936}}
No final de 1935, o presidente Alcalá-Zamora manipulou uma questão de pequena corrupção para um [[Straperlo|grande escândalo no parlamento]] e eliminou [[Alejandro Lerroux]], o chefe do Partido Republicano Radical, do cargo de primeiro-ministro. Posteriormente, Alcalá-Zamora vetou a substituição lógica, uma coligação maioritária de centro-direita, liderada pela CEDA, que refletiria a composição do parlamento. Ele então nomeou arbitrariamente um primeiro-ministro interino e após um curto período anunciou a dissolução do parlamento e novas eleições. {{Sfn|Payne|Palacios|2014|pp=97–98}}


Formaram-se duas amplas coligações: a [[Frente Popular (Espanha)|Frente Popular]] à esquerda, que vai da [[União Republicana (Espanha, 1934)|União Republicana]] aos [[Partido Comunista de Espanha|Comunistas]], e a Frente Nacional à direita, que vai dos [[Radicalismo|radicais]] de centro aos [[Carlismo|carlistas]] conservadores. No dia 16 de fevereiro de 1936, as eleições terminaram em empate virtual, mas à noite turbas de esquerda começaram a interferir na votação e no registo dos votos, distorcendo os resultados. {{Sfn|Payne|Palacios|2014|p=108}} <ref>"Riots Sweep Spain on Left's Victory; Jails Are Stormed", ''The New York Times'', 18 February 1936.</ref> [[Stanley G. Payne]] afirma que o processo foi uma fraude eleitoral flagrante, com violação generalizada das leis e da constituição. {{Sfn|Payne|1993|p=319}} {{Sfn|Siaroff|2013|p=119}} Em linha com o ponto de vista de Payne, em 2017 dois estudiosos espanhóis, Manuel Álvarez Tardío e Roberto Villa García publicaram o resultado de um importante trabalho de pesquisa no qual concluíram que as eleições de 1936 foram fraudadas, {{Sfn|García|Tardío|2017|p=?}} <ref>{{Citar web|ultimo=Redondo|primeiro=Javier|url=https://www.elmundo.es/cronica/2017/03/12/58c3b8bb46163f9f338b457d.html|titulo=El 'pucherazo' del 36|data=12 March 2017|publicado=El Mundo|lingua=es}}</ref> uma visão contestada por Paul Preston, {{Sfn|Preston|2020|p=252}} e outros estudiosos como Iker Itoiz Ciáurriz, que denuncia suas conclusões como "clássicos tropos anti-republicanos franquistas" revisionistas. {{Sfn|Ciáurriz|2020|p=103}}
Em 1933, perante uma forte contestação contra a governação da esquerda o presidente Alcalá Zamora nomeia Alejandro Lerroux com a missão de prepara um governo de base social mais alargada e mais moderado. Lerroux chama imediatamente Franco e convida-o para o cargo de Ministro de Guerra. Franco tinha credenciais militares ímpares e tinha sempre mantido uma postura profissional e apolítica, contudo Franco declinou o convite.{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=109}}


A 19 de Fevereiro, o gabinete presidido por [[Manuel Portela|Portela Valladares]] demitiu-se, tendo sido rapidamente constituído um novo gabinete, composto maioritariamente por membros da [[Esquerda Republicana]] e da [[União Republicana (Espanha, 1934)|União Republicana]] e presidido por [[Manuel Azaña Díaz|Manuel Azaña]]. {{Sfn|Avilés Farré|2006|pp=397–398}}
== Da Revolta das Astúrias a Chefe do Estado Maior ==


[[José Calvo Sotelo]], que fez do anticomunismo o foco dos seus discursos parlamentares, começou a espalhar propaganda violenta - defendendo um golpe de estado militar, formulando um discurso catastrofista de uma escolha dicotómica entre o "comunismo" ou um Estado "Nacional" marcadamente totalitário, e estabelecendo o clima das massas para uma rebelião militar. A difusão do mito sobre um suposto golpe de estado comunista, bem como um pretenso estado de “caos social” tornaram-se pretextos para um golpe. O próprio Franco, juntamente com o general [[Emilio Mola|Emilio Mola,]] desencadearam uma campanha anticomunista em Marrocos. {{Sfn|González Calleja|2016|p=5}}
Em Novembro de 1933 uma coligação liderada pela Confederação Espanhola de Direitas Autônomas ganha as eleições sem contudo alcançar maioria parlamentar necessária para poder formar governo. A esquerda republicana pediu ao presidente Alcalá Zamora que anulasse as eleições, não por considerar que tivessem sido fraudulentas mas sim com o argumento que a República era um projecto da esquerda e como tal não podia ser governada pela direita.{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=110}}


No dia 23 de fevereiro, Franco foi enviado às [[Canárias|Ilhas Canárias]] para servir como comandante militar das ilhas, nomeação por ele considerada um ''destierro'' (banimento). {{Sfn|Preston|1995|p=120}} Enquanto isso, uma conspiração liderada pelo General Mola tomava forma.
Em Outubro de 1934 a esquerdas liderada pelo PSOE e pela UGT, desencadeiam uma greve geral e uma insurreição a nível nacional. O motivo é a não aceitação da entrada para o governo de três ministros do La CEDA, o partido mais votado nas eleições. Os revolucionários tiveram maior êxito nas Asturias onde pilharam e saquearam Oviedo, roubaram bancos e assassinaram entre 50 e 100 civis inocentes.{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=117}} Entre as vítimas encontram-se 34 padres, homens de negócios, agentes policiais e seis estudantes seminaristas, com idades compreendidas entre os 18 e os 21 anos, que mais tarde, em 2019, viriam a ser beatificados na Catedral de Oviedo.{{sfn|Cueva|1998|pp=355-369}}{{sfn|Thomas|1977}}{{sfn|Andrade|2017|p=372}} O Ministro Diego Hidalgo apressou-se a tentar sufocar a revolta e para tal nomeou Franco como seu assessor pessoal. Franco recomendou a mobilização das tropas de Marrocos. O ministro Hidalgo queria enviar Franco para o teatro de operações nas Asturias mas o Presidente Alcalá Zamora insistiu para que as operações fossem lideradas por um militar completamente identificado com os princípios liberais e a escolha acabou por cair sobre o General Lopez de Ochoa um liberal maçom.{{sfn|Hodges|2002}}{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=117}}{{sfn|Andrade|2017|p=360}} Sob as orientações de Franco, a partir Madrid, a revolta foi esmagada tendo a esquerda feito uma campanha na imprensa internacional, com o apoio de Willi Münzenberg, o primeiro chefe da Internacional Comunista, denunciando atrocidades e maus tratos. Contudo a repressão, para os padrões europeus da época, foi relativamente suave.{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=120}} Os líderes da revolta foram tratados com benevoléncia, os Socialistas não foram proscritos, e a maioria dos deputados de esquerda pôde voltar a ocupar os seus assentos no Parlamento.{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=120}} Franco foi condecorado com a Gran Cruz do Mérito Militar e foi nomeado Comandante Chefe das Tropas de Marrocos.{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=120}}


Interessado na imunidade parlamentar concedida por um assento nas Cortes, Franco pretendia apresentar-se como candidato do Bloco de Direita ao lado de [[José António Primo de Rivera|José Antonio Primo de Rivera]] para a eleição suplementar na [[Cuenca (província)|província de Cuenca]] programada para 3 de maio de 1936, após os resultados do As eleições de fevereiro de 1936 foram anuladas no distrito eleitoral. Mas Primo de Rivera recusou-se a concorrer ao lado de um oficial militar (Franco em particular) e o próprio Franco desistiu em 26 de Abril, um dia antes da decisão da autoridade eleitoral. Nessa altura, o político do PSOE, [[Indalecio Prieto|Indalecio Prieto,]] já tinha considerado Franco um "possível caudilho para uma revolta militar". {{Sfn|Villaverde|1999|p=16}}
Quando [[José María Gil-Robles]] ocupou o Ministério da Guerra, foi nomeado Chefe do [[Estado-Maior]] Central (1935).


O desencanto com o governo de Azaña continuou a crescer e foi dramaticamente expresso por [[Miguel de Unamuno]], um republicano e um dos intelectuais mais respeitados da Espanha, que em junho de 1936 disse a um repórter que publicou sua declaração no El Adelanto que o presidente [[Manuel Azaña Díaz|Manuel Azaña]] deveria "...debiera suicidarse como acto patriótico" ("cometer suicídio como ato patriótico"). {{Sfn|Evans|2013|p=125}}
[[Ficheiro:Franco eisenhower 1959 madrid.jpg|miniaturadaimagem|Francisco Franco junto ao presidente [[Dwight D. Eisenhower|Dwight Eisenhower]] dos [[Estados Unidos]].]]


Em junho de 1936, Franco foi contatado e uma reunião secreta foi realizada na [[El Rosario (Espanha)|floresta La Esperanza,]] em [[Tenerife]], para discutir o início de um golpe militar. <ref>{{Citar web|url=http://www.elpais.com/especiales/2006/mirada/fotogaleria_4_3.html|titulo=Las raíces insulares de Franco (The island roots of Franco)|acessodata=15 Abr 2013|website=El País|lingua=es|arquivourl=https://web.archive.org/web/20130523055841/http://www.elpais.com/especiales/2006/mirada/fotogaleria_4_3.html|arquivodata=23 Maio 2013|urlmorta=dead}}</ref> Um obelisco (que foi posteriormente removido) comemorando este encontro histórico foi erguido no local, numa clareira em Las Raíces, em Tenerife. <ref>{{Citar web|url=http://www.laopinion.es/tenerife/2008/11/29/monumento-franco-raices-sera-retirado/184903.html|titulo=El monumento a Franco en Las Raíces será retirado (Monument to Franco's meeting to be removed)|data=29 Set 2008|acessodata=15 Abr 2013|publicado=Laopinion|lingua=es}}</ref>
== A Guerra de 1936 a 1939 ==


Exteriormente, Franco manteve uma atitude ambígua até quase julho. Em 23 de junho de 1936, escreveu ao chefe do governo, [[Santiago Casares Quiroga|Casares Quiroga]], oferecendo-se para reprimir o descontentamento no [[Exército Popular da República (Espanha)|Exército Republicano Espanhol]], mas não obteve resposta. Os outros rebeldes estavam determinados a seguir em frente ''con Paquito o sin Paquito'' (com ''Paquito'' ou sem ''Paquito''; ''Paquito'' sendo um diminutivo de ''Paco'', que por sua vez é abreviação de ''Francisco''), como foi colocado por [[José Sanjurjo]], o líder honorário dos militares revolta. Após vários adiamentos, o dia 18 de julho foi fixado como a data do levante. A situação chegou a um ponto sem volta e tal como foi apresentado a Franco por Mola, o golpe era inevitável e ele teve que escolher um lado. Decidiu juntar-se aos rebeldes e recebeu a tarefa de comandar o [[Exército da África (Espanha)|Exército de África]]. Um [[De Havilland DH-89 Dragon Rapide|DH 89 De Havilland Dragon Rapide]] de propriedade privada, pilotado por dois pilotos britânicos, [[Cecil Bebb]] e [[Hugh Pollard]], <ref>{{Citar jornal|ultimo=Mathieson|primeiro=David|url=https://www.theguardian.com/commentisfree/2006/jul/18/post233|titulo=article in the Guardian about Cecil Bebb|data=18 Jul 2006|acessodata=2 Mar 2010|website=The Guardian|local=UK}}</ref> foi fretado na Inglaterra em 11 de julho para levar Franco à África.
Em 1936 a esquerda republicana forma a [[Frente Popular (Espanha)|Frente Popular]] e em Fevereiro de mesmo ano assume o poder na sequência de um processo eleitoral exercido em ambiente de violência<ref>Álvarez Tardío, Manuel - The Impact of Political Violence During the Spanish General Election of 1936 - Journal of Contemporary History Vol. 48, No. 3 (JULY 2013), pp. 463-485, Publicado por: Sage Publications, Ltd.</ref> e que segundo alguns académicos foi fraudulento e com irregularidades.{{sfn|Andrade|2017|p=402,425}}{{sfn|Payne|Palacios|2014|p=135}}{{sfn|Villa García|Álvarez Tardío|2017|p=}}<ref>[http://www.almeriahoy.com/2018/01/el-gobierno-de-la-republica-investido.html Stanley Payne: «El Gobierno de la República investido en la primavera del 36 fue resultado de un fraude electoral»] | ALMERÍA HOY. 23 de enero de 2018.</ref>


O golpe em curso foi precipitado pelo assassinato do líder da oposição de direita Calvo Sotelo em retaliação ao assassinato do guarda de assalto [[José del Castillo Sáez de Tejada|José Castillo]], que havia sido cometido por um grupo liderado por uma [[Guarda Civil (Espanha)|guarda civil]] e composto por [[Guardia de Asalto|guardas de assalto]] e membros do grupo socialista milícias. <ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=3_06uUe91o4C&pg=PT43|título=Modern Warfare in Spain|ultimo=Cortada|primeiro=James W.|editora=Potomac Books, Inc.|ano=2011|isbn=978-1612341019}}</ref> No dia 17 de Julho, um dia antes do planeado, o Exército de África rebelou-se, detendo os seus comandantes. No dia 18 de julho, Franco publicou um manifesto <ref>{{Citar web|url=http://www.generalisimofranco.com/discurso11.htm|titulo=Manifesto de las palmas|data=18 Jul 1936|acessodata=21 Jul 2006|lingua=es}}</ref> e partiu para África, onde chegou no dia seguinte para assumir o comando.
Franco foi destituído da sua posição de Chefe do Estado-Maior Central e foi enviado para as Ilhas Canárias como comandante geral, um destino quase tão importante quanto uma região militar peninsular, mas Franco entendeu isso como uma despromoção e como um agravo por parte de Azaña.{{sfn|Preston|1995|p=120}}


Uma semana depois os rebeldes, que logo se autodenominaram ''Nacionalistas'', controlavam um terço da Espanha; a maioria das unidades navais permaneceu sob o controle das forças [[Lealismo|legalistas]] [[Facção republicana|republicanas]], o que deixou Franco isolado. O golpe falhou na tentativa de obter uma vitória rápida, mas a [[Guerra Civil Espanhola]] começou.
Após as eleições a ala mais esquerdista do PSOE começou a radicalizar-se. Julio Álvarez del Vayo falou sobre "a Espanha ser convertida em uma república socialista em associação com a União Soviética". [[Francisco Largo Caballero]] declarou que "o proletariado organizado levará tudo à sua frente e destruirá tudo até que alcancemos nosso objetivo".{{sfn|Hayes|1951|p=100}} Espanha caiu num estado de anarquia. O socialista [[Indalecio Prieto]], num comício em Cuenca, em maio de 1936, declarava: "nunca vimos um panorama tão trágico ou um colapso tão grande como na Espanha neste momento. No exterior, a Espanha é classificada como insolvente. Isto não é o caminho para o socialismo ou comunismo, mas para o anarquismo desesperante, sem sem sequer trazer a vantagem da liberdade".{{sfn|Hayes|1951|p=100}} Em junho de 1936, Miguel de Unamuno, um republicano e um dos intelectuais mais respeitados da Espanha, disse a um jornalista que o presidente Manuel Azaña deveria suicidar-se como um acto patriótico.<ref>{{Citar livro|título=Miguel de Unamuno: Biografía|ultimo=Rabaté|primeiro=Rabaté, Jean-Claude;|editora=|ano=2009|local=|página=|páginas=|url=|ultimo2=Rabaté|primeiro2= Colette|edicao=|series=|volume=|local-publicacao=|data-publicacao=|total-páginas=|nopp=|em=|lingua=Espanhol}}</ref>


== Da Guerra Civil Espanhola à Segunda Guerra Mundial ==
Na noite 13 de Julho de 1936, culminando um largo período ilegalidades, violência, centenas de mortes, perseguições religiosas e desordem pública, forças policiais, cuja missão seria a de proteger os cidadão, dirigem-se a casa do líder da oposição, [[José Calvo Sotelo]], e assassinam-no com um tiro na nuca.{{sfn|Andrade|2017|p=425}} Este facto afectou Franco significativamente. Segundo o historiador Stanley Payne é este episódio que leva Franco, até aí sempre um prudente defensor da ordem e obediência às instituições, a aderir à sublevação militar, iniciada poucos dias depois, a 18 de Julho de 1936 e liderado pelo General Emílio Mola.{{sfn|Payne|Palacios|2014|pp=151-153}} O historiador Paul Preston diz que Franco só se decidiu a aderir ao golpe militar cinco dias antes do golpe ter estalado.{{sfn|Preston|1994|p=26}}<ref>{{Citar jornal|titulo=Las dudas del golpista Franco - El general no se decidió a sumarse a la sublevación hasta el asesinato de Calvo Sotelo|jornal=El País|url=https://elpais.com/diario/2006/07/18/espana/1153173623_850215.html|ultimo=Preston|primeiro=Paul|data=2006-06-18|acessodata=|autorlink=|lingua= Espanhol}}</ref> O historiador Espanhol Javier Tussell afirma que não só Franco não fez parte da conspiração mas que para os conspiradores a posição de Franco foi sempre uma incógnita até ao último minuto.{{sfn|Tussell|1996|p=28}}
Franco subiu ao poder durante a Guerra Civil Espanhola, que começou em julho de 1936 e terminou oficialmente com a vitória das suas forças nacionalistas em abril de 1939. Embora seja impossível calcular estatísticas precisas relativas à Guerra Civil Espanhola e às suas consequências, Payne escreve que se as mortes civis acima da norma forem adicionadas ao número total de mortes de vítimas da violência, o número de mortes atribuíveis à guerra civil atingiria aproximadamente 344.000. {{Sfn|Payne|2012|pp=244–245}} Durante a guerra, [[Estupro|estupros]], [[Tortura|torturas]] e [[Execução sumária|execuções sumárias]] cometidas por soldados sob o comando de Franco foram usados como meio de retaliação e para reprimir a dissidência política. {{Sfn|Patterson|2007|p=9}}


A guerra foi marcada pela [[Envolvimento estrangeiro na Guerra Civil Espanhola|intervenção estrangeira]] em nome de ambos os lados. Os nacionalistas de Franco foram apoiados pela [[Itália Fascista|Itália fascista]], que enviou o ''[[Corpo Truppe Volontarie]]'', e pela [[Alemanha Nazista]], que enviou a [[Legião Condor]]. Aviões italianos estacionados em [[Maiorca]] [[Bombardeio de Barcelona|bombardearam Barcelona]] 13 vezes, lançando 44 toneladas de bombas dirigidas a civis. Estes ataques foram solicitados pelo General Franco como vingança contra a população catalã. {{Sfn|Payne|Palacios|2014|p=194}} {{Sfn|Alpert|2019|p=174}} Da mesma forma, aviões italianos e alemães [[Bombardeio de Guernica|bombardearam a cidade basca de Guernica]] a pedido de Franco. A oposição republicana foi apoiada por comunistas, socialistas e anarquistas dentro da Espanha, bem como pela [[União Soviética]] e por voluntários que lutaram nas [[Brigadas Internacionais]]. <ref name="MCCannon1995">{{Citar periódico |url=https://www.jstor.org/stable/24657802 |título=Soviet Intervention in the Spanish Civil War, 1936–39: A Reexamination |data=1995 |periódico=Russian History |número=2 |ultimo=MCCannon |primeiro=John |pagina=161 |doi=10.1163/187633195X00070 |issn=0094-288X |jstor=24657802 |volume=22}}</ref>
A revolta era marcadamente desprovida de ideologia.{{sfn|Hayes|1951|p=100}} O objectivo primordial era por um fim à anarquia e o restabelecimento da ordem.{{sfn|Hayes|1951|p=100}} O próprio Franco embora fosse um feroz anticomunista era sobretudo um militar profissional sem uma linha ideológica claramente definida.{{sfn|Hayes|1951|p=103}}


=== Os primeiros meses ===
Franco que estava colocado nas Canárias toma então o partido dos sublevados e viaja para o Norte de África para liderar as tropas de Marrocos, à data as unidades mais eficazes do Exército Espanhol. Embora Franco tenha sido lento a comprometer-se com o golpe militar, uma vez tendo tomado a decisão de sublevar-se, demonstrou as suas qualidades de líder militar: sangue frio glacial em situações de grande tensão, uma determinação inabalável e um optimismo contagiante.{{sfn|Preston|1994|p=26}} A sua mera presença tinha um efeito contagiante na moral das suas tropas.{{sfn|Preston|1994|p=26}}
[[Ficheiro:Spanish_Civil_War_-_Mass_grave_-_Estépar,_Burgos.jpg|miniaturadaimagem|Vinte e seis republicanos executados pelos franquistas no início da Guerra Civil Espanhola, enterrados numa vala comum em [[Estépar]]]]
Após o ''[[Pronunciamento (terminologia política)|pronunciamento]]'' de 18 de julho de 1936, Franco assumiu a liderança dos 30.000 soldados do [[Exército da África (Espanha)|Exército Espanhol da África]]. <ref name="Keene2007">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=e4qtAwAAQBAJ&pg=PA27|título=Fighting For Franco: International Volunteers in Nationalist Spain During the Spanish Civil War|ultimo=Keene|primeiro=Judith|editora=A&C Black|ano=2007|língua=en|isbn=978-1-85285-593-2}}</ref> Os primeiros dias da insurgência foram marcados por uma necessidade imperiosa de assegurar o controle sobre o [[Protetorado Espanhol em Marrocos|Protetorado Espanhol Marroquino]]. Por um lado, Franco teve de conquistar o apoio da população nativa marroquina e das suas autoridades (nominais) e, por outro, teve de assegurar o seu controlo sobre o exército. Seu método foi a execução sumária de cerca de 200 oficiais superiores leais à República (um deles seu próprio primo). Seu leal guarda-costas foi baleado por Manuel Blanco. O primeiro problema de Franco foi como deslocar as suas tropas para a [[Península Ibérica]], uma vez que a maioria das unidades da Marinha tinham permanecido no controlo da República e estavam a bloquear o [[Estreito de Gibraltar]]. Solicitou ajuda a [[Benito Mussolini]], que respondeu com uma oferta de armas e aviões. <ref name="RadoshHabek2001">{{Citar livro|título=Spain Betrayed: The Soviet Union in the Spanish Civil War|editora=Yale University Press|ano=2001|editor-sobrenome=Radosh|língua=en|capitulo=Historical Background|isbn=978-0-300-08981-3|editor-sobrenome2=Habeck|editor-sobrenome3=Sevostʹi͡anov}}</ref> Na Alemanha, [[Wilhelm Canaris]], chefe do serviço de inteligência militar da ''[[Abwehr]]'', persuadiu [[Adolf Hitler|Hitler]] a apoiar os nacionalistas; <ref name="Bassett2012">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=IwXzYNoZ9FUC&pg=PT92|título=Hitler's Spy Chief: The Wilhelm Canaris Mystery|ultimo=Bassett|primeiro=Richard|editora=Open Road Media|ano=2012|língua=en|isbn=978-1-4532-4929-1}}</ref> Hitler enviou 20 [[Junkers Ju 52|aviões de transporte Ju 52]] e seis caças biplanos [[Heinkel]], com a condição de que não fossem usados em hostilidades, a menos que os republicanos atacassem primeiro. <ref name="Mueller2017">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=BpHRDgAAQBAJ&pg=PR3-IA17|título=Nazi Spymaster: The Life and Death of Admiral Wilhelm Canaris|ultimo=Mueller|primeiro=Michael|editora=Skyhorse|ano=2017|língua=en|isbn=978-1-5107-1777-0}}</ref> Mussolini enviou 12 bombardeiros/transportes [[Savoia-Marchetti SM.81]] e alguns caças. A partir de 20 de Julho Franco conseguiu, com esta pequena esquadra de aeronaves, iniciar uma [[ponte aérea]] que transportou 1.500 soldados do Exército de África para [[Sevilha]], onde estas tropas ajudaram a garantir o controlo rebelde da cidade. <ref name="Candil2021">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=170pEAAAQBAJ&pg=PA2|título=Tank Combat in Spain: Armored Warfare During the Spanish Civil War 1936–1939|ultimo=Candil|primeiro=Anthony J.|editora=Casemate|ano=2021|língua=en|isbn=978-1-61200-971-1}}</ref> Ele negociou com sucesso com a Alemanha e a Itália por mais apoio militar e, acima de tudo, por mais aeronaves. Em 25 de julho, aeronaves começaram a chegar a [[Tetuão]] e em 5 de agosto Franco conseguiu quebrar o bloqueio, mobilizando com sucesso um comboio de barcos de pesca e navios mercantes transportando cerca de 3.000 soldados; entre 29 de julho e 15 de agosto, cerca de mais 15.000 homens foram transferidos. <ref name="Candil2021" />


Em 26 de Julho, apenas oito dias após o início da revolta, os aliados estrangeiros do governo republicano convocaram uma conferência comunista internacional em Praga para elaborar planos para ajudar as forças da Frente Popular em Espanha. Os partidos comunistas em todo o mundo lançaram rapidamente uma campanha de propaganda em grande escala em apoio à Frente Popular. A [[Internacional Comunista]] (Comintern) reforçou imediatamente a sua atividade, enviando para Espanha o seu secretário-geral, o búlgaro [[Georgi Dimitrov]], e [[Palmiro Togliatti]] o chefe do [[Partido Comunista Italiano|Partido Comunista da Itália]]. {{Sfn|Hayes|1951|p=117}} {{Sfn|Richardson|2014|p=12}} A partir de agosto começou a ajuda da União Soviética; em fevereiro de 1937, dois navios por dia chegavam aos portos mediterrâneos da Espanha carregando munições, rifles, metralhadoras, granadas de mão, artilharia e caminhões. Com a carga vieram agentes, técnicos, instrutores e propagandistas soviéticos. {{Sfn|Hayes|1951|p=116}}
Como a Marinha tinha mantido a sua fidelidade à República, Franco deparou-se com o problema de ter que transportar as suas tropas de Marrocos para Espanha. Nesta altura Franco, sem hesitar, actuou como sendo o líder dos revoltados e não como se fosse apenas um líder regional. Enviou emissários a Berlim e a Roma e conseguiu o apoio de Hitler e de Mussolini. O facto de Franco ter conseguido estes apoios internacionais é demonstrativo das suas qualidades de liderança e da superioridade de Franco em relação a Emílio Mola e Queipo de LLano.{{sfn|Preston|1994|p=26}} Franco atravessou o [[Estreito de Gibraltar]] com meios precários (aviões cedidos por [[Benito Mussolini|Mussolini]] e [[Adolf Hitler|Hitler]] e [[navio]]s de pouca tonelagem) e avançou até [[Madrid]] por [[Mérida]], [[Badajoz]] e [[Talavera de la Reina]], com as suas tropas mouras a semearem um clima de terror nos pontos por onde passavam.{{sfn|Preston|1994|p=26}}


A [[Internacional Comunista]] começou imediatamente a organizar as [[Brigadas Internacionais]], unidades militares voluntárias que incluíam a [[Brigada Garibaldi]] da Itália e o [[Batalhão Lincoln]] dos Estados Unidos. As Brigadas Internacionais eram geralmente destacadas como [[tropas de choque]] e, como resultado, sofreram muitas baixas. {{Sfn|Payne|2012|p=154}}
Em 28 de Setembro, Franco opta por atrasar a entrada em Madrid e desvia as forças Nacionalistas para terminarem o cerco Republicano ao [[Alcázar de Toledo]], defendido por [[José Moscardó]] desde 22 de Julho — uma conquista sem muito significado estratégico mas que foi logo revestida de características lendárias (o filho de Moscardó teria sido fuzilado após haver pedido ao pai, ao telefone, que se rendesse) o que se tornou nun dos mitos do regime franquista.<ref>Anthony Beevor, pg.192 - o filho de Moscardó, de fato foi colocado em contacto telefónico com o pai, sob ameaça de morte, mas só veio a ser fuzilado mais tarde</ref> O atraso na entrada em Madrid permitiu às forças republicanas armarem-se e organizarem-se o que terá atrasado o desfecho da guerra e permitiu ao bando republicano levar cabo purgas sangrentas, como foi o caso dos [[Massacres de Paracuellos]] onde foram fuzilados milhares de civis, entre os quais se encontravam muitos religiosos, o dramaturgo [[Pedro Muñoz Seca]], o pensador [[Ramiro de Maeztu]] e o jogador e goleador histórico do Real de Madrid, Monchín Triana. Franco foi criticado por este erro estratégico e pela lentidão com que, a partir de então, as suas tropas avançaram no terreno, mas Franco preferiu sempre manter a sua estratégia de avanços cautelosos, tendo explicado que “numa guerra civil, é preferível uma ocupação sistemática de território, acompanhada por uma limpeza necessária, a uma rápida derrota dos exércitos inimigos que deixe o país infectado de adversários".{{sfn|Preston|1994|p=33}}


No início de agosto, a situação no oeste da [[Andaluzia]] era estável o suficiente para permitir que Franco organizasse uma coluna (cerca de 15 000 homens no seu auge), sob o comando do então tenente-coronel [[Juan Yagüe]], que marcharia pela [[Estremadura (Espanha)|Estremadura]] em direção a Madrid. Em 11 de agosto foi tomada Mérida, e em 15 de agosto [[Batalha de Badajoz (1936)|Badajoz]], juntando-se assim ambas as áreas controladas pelos nacionalistas. Além disso, Mussolini ordenou um exército voluntário, o ''[[Corpo Truppe Volontarie]]'' (CTV) de unidades totalmente motorizadas (cerca de 12.000 italianos), para Sevilha, e Hitler adicionou-lhes um esquadrão profissional da [[Luftwaffe]] (2JG/88) com cerca de 24 aviões. Todos esses aviões tinham a insígnia nacionalista espanhola pintada, mas eram pilotados por cidadãos italianos e alemães. A espinha dorsal da força aérea de Franco naquela época eram os bombardeiros italianos [[Savoia-Marchetti SM.79|SM.79]] e [[Savoia-Marchetti SM.81|SM.81]], o caça biplano Fiat [[Fiat CR.32|CR.32]] e o bombardeiro de carga alemão [[Junkers Ju 52]] e o caça biplano [[Heinkel He 51]]. <ref name="MacDougall2017">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=sYDzDQAAQBAJ&pg=PT133|título=Air Wars 1920–1939: The Development and Evolution of Fighter Tactics|ultimo=MacDougall|primeiro=Philip|editora=Fonthill Media|ano=2017|páginas=133–135|língua=en}}</ref>
Em 1936 Franco conseguiu a direcção militar e política da guerra, e em 1 de Outubro de 1936 converteu-se em Chefe do Estado.


No dia 21 de Setembro, com o chefe da coluna na vila de [[Maqueda]] (cerca de 80km de distância de Madrid), Franco ordenou um desvio para libertar a guarnição sitiada no Alcázar de [[Toledo]], o que foi conseguido em 27 de setembro. <ref name="Tucker2021">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=H94aEAAAQBAJ&pg=PA218|título=Great Sieges in World History: From Ancient Times to the 21st Century|ultimo=Tucker|primeiro=Spencer C.|editora=ABC-CLIO|ano=2021|língua=en|isbn=978-1-4408-6803-0}}</ref> Esta decisão controversa deu à [[Frente Popular (Espanha)|Frente Popular]] tempo para reforçar as suas defesas em Madrid e manter a cidade naquele ano, <ref name="Seidman2002">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=VE4YVw9iBksC&pg=PA50|título=Republic of Egos: A Social History of the Spanish Civil War|ultimo=Seidman|primeiro=Michael|editora=Univ of Wisconsin Press|ano=2002|páginas=50–51|isbn=978-0-299-17863-5}}</ref> mas com o apoio soviético. <ref name="Cazorla-Sanchez2013">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=EdcdAAAAQBAJ&pg=PA61|título=Franco: The Biography of the Myth|ultimo=Cazorla-Sanchez|primeiro=Antonio|editora=Routledge|ano=2013|língua=en|isbn=978-1-134-44949-1}}</ref> Kennan alega que, depois de Estaline ter decidido ajudar os republicanos espanhóis, a operação foi posta em prática com notável velocidade e energia. A primeira carga de armas e tanques chegou já em 26 de setembro e foi descarregada secretamente à noite. Conselheiros acompanharam os armamentos. Os oficiais soviéticos estavam efetivamente encarregados das operações militares na frente de Madrid. Kennan acredita que esta operação foi originalmente conduzida de boa fé, sem outro propósito senão salvar a República. <ref>{{Citar livro|título=Russia and the West under Lenin and Stalin|ultimo=Kennan|primeiro=George|páginas=309}}</ref>
Em Abril de [[1937]] uniu os falangistas da [[Falange Espanhola]] das Juntas de Ofensiva Nacional-Sindicalista, [[Falange Espanhola das Juntas de Ofensiva Nacional Sindicalista|FE de las JONS]], e colocou-se à frente da nova organização como seu Chefe Nacional [[Caudilho]].


A política de Hitler para a Espanha foi astuta e pragmática. <ref name="Whealey2021">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=B0wgEAAAQBAJ&pg=PT135|título=Hitler And Spain: The Nazi Role in the Spanish Civil War, 1936–1939|ultimo=Whealey|primeiro=Robert H.|editora=University Press of Kentucky|ano=2021|língua=en|isbn=978-0-8131-8275-9}}</ref> A ata de uma conferência com o seu ministro das Relações Exteriores e chefes do exército na [[Chancelaria do Reich]] em Berlim, em 10 de novembro de 1937, resumiu seus pontos de vista sobre a política externa em relação à Guerra Civil Espanhola: "Por outro lado, uma vitória de 100 por cento para Franco também não era desejável., do ponto de vista alemão; antes, estávamos interessados na continuação da guerra e na manutenção da tensão no Mediterrâneo." <ref name="USGovPrintingOffice1949">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=09gWAAAAYAAJ&pg=PA37|título=Documents on German Foreign Policy: 1918–1945 {{!}} From the Archives of the German Foreign Ministry|editora=U.S. Government Printing Office|ano=1949|volume=12|língua=en}}</ref> <ref name="Tucker2016">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=wm_YDAAAQBAJ&pg=PA1982|título=World War II: The Definitive Encyclopedia and Document Collection [5 volumes]: The Definitive Encyclopedia and Document Collection|ultimo=Tucker|primeiro=Spencer C.|editora=ABC-CLIO|ano=2016|língua=en|isbn=978-1-85109-969-6}}</ref> Hitler desconfiava de Franco; de acordo com os comentários que fez na conferência, ele queria que a guerra continuasse, mas não queria que Franco alcançasse a vitória total. Ele sentiu que, com Franco no controle indiscutível da Espanha, a possibilidade de a Itália intervir ainda mais ou de continuar a ocupar as Ilhas Baleares seria evitada. {{Sfn|Hayes|1951|pp=127–128}}
Anos mais tarde, disse que apenas prestaria contas da sua atividade "perante [[Deus]] e perante a [[História]]".


Em Fevereiro de 1937, a ajuda militar da União Soviética começou a diminuir, sendo substituída por uma ajuda econômica limitada.
==Pós-guerra e presidência==


=== Chegada ao poder ===
Terminada a guerra, Franco, não só não quer contar com os vencidos para esta tarefa, mas também a repressão e os [[fuzilamento]]s prolongam-se durante, pelo menos, um lustro. Cria um estado [[católico]], [[Autoritarismo|autoritário]] e [[Corporativismo|corporativo]] que recebe o nome de [[franquismo]].
[[Ficheiro:J_mmue_202444_1_00001.jpg|miniaturadaimagem|Franco e outros comandantes rebeldes durante a Guerra Civil, {{Circa|1936–1939}}]]
O líder designado do levante, general [[José Sanjurjo]], morreu em 20 de julho de 1936 em um acidente de avião. Na zona nacionalista, “a vida política cessou”. {{Sfn|Thomas|2013|p=258}} Inicialmente, apenas o comando militar importava: este estava dividido em comandos regionais ([[Emilio Mola]] no Norte, [[Gonzalo Queipo de Llano]] em [[Sevilha]] comandando a [[Andaluzia]], Franco com um comando independente, e [[Miguel Cabanellas]] em [[Saragoça]] comandando [[Aragão]]). O próprio Exército Espanhol de Marrocos foi dividido em duas colunas, uma comandada pelo General [[Juan Yagüe]] e outra comandada pelo Coronel [[José Enrique Varela|José Varela]].


A partir de 24 de Julho foi criada uma ''[[Junta militar|junta]]'' coordenadora, a [[Junta de Defesa Nacional]], com sede em [[Burgos]]. Liderado nominalmente por Cabanellas, como general mais graduado, inicialmente incluía Mola, três outros generais e dois coronéis; Franco foi adicionado posteriormente no início de agosto. {{Sfn|Thomas|2013|p=282}} Em 21 de setembro foi decidido que Franco seria o comandante-em-chefe (este comando unificado foi combatido apenas por Cabanellas), {{Sfn|Thomas|2013|p=421}} e, após alguma discussão, com nada mais do que um acordo morno de Queipo de Llano e de Mola, também chefe de governo. {{Sfn|Thomas|2013|pp=423–424}} Ele foi, sem dúvida, ajudado a atingir esta primazia pelo facto de, no final de Julho, Hitler ter decidido que toda a ajuda da Alemanha aos nacionalistas iria para Franco. {{Sfn|Thomas|2013|p=356}}
{{Rquote|right|''Aqueles que me pressionam para aliar-me à Alemanha estão errados, muito errados. Os ingleses não se renderão; lutarão sempre e, se forem expulsos da ''[[Grã-Bretanha]]'', continuarão a lutar no ''[[Canadá]]''. Farão com que os norte-americanos os sigam. A Alemanha ainda não ganhou a guerra.''|Franco, após a [[Queda da França]] em 1940.<ref>Garza, Hedda. ''Os Grandes Líderes: Franco.'' Pág. 75, Editora [[Nova Cultural]], 1987, Adicionado em 5 de setembro de 2019.</ref>}}


Mola havia sido um tanto desacreditado como o principal planejador da tentativa de golpe que agora degenerara em uma guerra civil, e estava fortemente identificado com os monarquistas [[Carlismo|carlistas]] e de forma alguma com a [[Falange Espanhola das Juntas de Ofensiva Nacional Sindicalista|Falange]], um partido com inclinações e conexões fascistas ("falange", um partido político espanhol de extrema direita fundado por [[José António Primo de Rivera|José Antonio Primo de Rivera]]), nem tinha boas relações com a Alemanha. Queipo de Llano e Cabanellas já haviam se rebelado contra a ditadura do general [[Miguel Primo de Rivera]] e, portanto, foram desacreditados em alguns círculos nacionalistas, e o líder falangista José Antonio Primo de Rivera estava na prisão em [[Alicante]] (seria executado alguns meses depois) . O desejo de manter um lugar aberto para ele impediu que qualquer outro líder falangista emergisse como possível chefe de Estado. O anterior distanciamento de Franco em relação à política significava que ele tinha poucos inimigos activos em qualquer uma das facções que precisavam de ser aplacadas, e também cooperou nos últimos meses com a Alemanha e a Itália. {{Sfn|Thomas|2013|pp=420–422}}
Apesar das suas estreitas relações com a [[Alemanha Nazi|Alemanha]] e a [[Itália Fascista|Itália]],mantém a [[País neutro|neutralidade]] espanhola durante a [[Segunda Guerra Mundial]]. Terminada esta, os [[Aliados da Segunda Guerra Mundial|vencedores]] isolam o regime franquista. Contudo, este foi-se consolidando na base da promulgação das novas Leis Fundamentais: criação das Cortes Espanholas ([[1942]]), o Foro dos Espanhóis ([[1945]]), Lei do Referendo Nacional ([[1945]]), Lei da Sucessão na Chefia do Estado ([[1947]]), etc.


Em 1 de outubro de 1936, em [[Burgos]], Franco foi proclamado publicamente como ''[[Generalíssimo|Generalísimo]]'' do Exército Nacional e ''Jefe del Estado'' ([[Chefe de Estado]]). {{Sfn|Thomas|2013|p=424}} Quando Mola morreu em outro acidente aéreo um ano depois, em 2 de junho de 1937 (que alguns acreditam ter sido um assassinato), não sobrou nenhum líder militar daqueles que organizaram a conspiração contra a República entre 1933 e 1935. {{Sfn|Thomas|2013|pp=689–690}}
Em [[1953]] são restabelecidas as relações diplomáticas com os [[Estados Unidos]] e, em [[1955]], o regime de Franco é reconhecido pela [[Organização das Nações Unidas]].<ref>{{citar livro |ultimo= Lleonart y Amsélem|primeiro=Alberto |data=1985 |titulo= España y ONU. La "Cuestión española". Tomo III (1948-49) |editora= Consejo Superior de Investigaciones Científicas |url= |lingua=Espanhol |local=Madrid |isbn978-84-00-07162-2=}}</ref> Recebeu a [[Banda das Três Ordens]] a 14 de fevereiro de 1962. Em [[1966]] promulga uma nova [[lei fundamental]] às já existentes, a ([[Lei Orgânica]] do Estado) e três anos mais tarde apresenta às Cortes, como sucessor a título de Rei, o [[Príncipe]] [[Juan Carlos de Espanha|Juan Carlos]], neto de [[Afonso XIII de Espanha|Afonso XIII]]. Em Junho de [[1973]] cede a chefia do governo ao seu mais directo colaborador, [[Luis Carrero Blanco]]. A morte deste num atentado, poucos meses depois, é o princípio da decomposição do regime.
[[Ficheiro:Francisco Franco and Carmen Polo.jpg|miniaturadaimagem|left|Franco e sua esposa, Carmen Polo]]
Sob sua liderança, a economia espanhola inicialmente sofreu. No fim da década de 1950, Franco substituiu os ministros ideológicos por [[Tecnocracia|tecnocratas]] apolíticos que implementaram diversas reformas. Assim, a economia do país prosperou pelos próximos anos no que ficou conhecido como "milagre econômico espanhol". Ao mesmo tempo, a repressão política intensificou-se e opositores eram caçados sem misericórdia. Qualquer voz dissidente ou movimento antigovernista era reprimido com brutalidade. Isso gerou um fluxo emigratório, com milhares de pessoas deixando o país para outros cantos da Europa e para a [[América do Sul]]. A economia, contudo, continuou no caminho do crescimento especialmente devido ao capital estrangeiro. Empresas [[multinacionais]] abriram fábricas em Espanha, diminuindo o [[desemprego]]. Essas empresas viam benefícios em fazer [[negócio]]s em solo espanhol devido a mão de obra barata, ausência de [[leis trabalhistas]] (como o direito a [[greve]]) e outras despesas (como seguro de saúde para trabalhadores). Quando Franco morreu, a Espanha era a economia que mais crescia na Europa Ocidental. Ao mesmo tempo, a disparidade entre ricos e pobres, apesar de ter encolhido bastante, continuava alta para os padrões europeus na década de 1970.<ref name="biography">{{citar web | url=http://www.biography.com/people/francisco-franco-9300766 | título= "Francisco Franco - Military Leader, Dictator, General" | publicado=www.biography.com }}. ''Biography.com''. Página acessada em 27 de janeiro de 2017.</ref>


=== Comando militar ===
Apesar do autoritarismo do seu regime, apoio no [[Mundo Ocidental]] para a Espanha cresceu após a segunda grande guerra, principalmente devido ao seu cunho [[anticomunista]], que agradava os [[Estados Unidos]] e sua política de [[contenção]]. Ainda no âmbito externo, tentou inicialmente preservar o [[império colonial espanhol]]. Contudo, após fracassos militares e diplomáticos, foi pressionado pela [[ONU]] e teve que abrir mão dos poucos territórios ultramarinos que o país ainda possuía (como [[Guiné Equatorial]] e [[Ifni]]).<ref name="biography" />
Franco guiou pessoalmente as operações militares desde então até o fim da guerra. O próprio Franco não era um génio estratégico, mas era muito eficaz em organização, administração, logística e diplomacia. {{Sfn|Payne|Palacios|2014|p=193}} Após o [[Batalha de Madrid|ataque fracassado a Madrid]] em Novembro de 1936, Franco optou por uma abordagem fragmentada para vencer a guerra, em vez de manobras ousadas. Tal como acontece com a sua decisão de substituir a guarnição em Toledo, esta abordagem tem sido objecto de algum debate: {{Sfn|Payne|Palacios|2014|p=142}} algumas das suas decisões, como em Junho de 1938, quando preferiu avançar em direção a [[Comunidade Valenciana|Valência]] em vez da [[Catalunha]], {{Sfn|Graham|2002|p=365}} permanecem particularmente controversas. do ponto de vista estratégico militar. <ref name="Meneses200354">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=QZ-CAgAAQBAJ&pg=PA54|título=Franco and the Spanish Civil War|ultimo=Meneses|primeiro=Filipe Ribeiro De|editora=Routledge|ano=2003|língua=en|isbn=978-1-134-55408-9}}</ref> Valência, Castellón e Alicante viram as últimas tropas republicanas serem derrotadas por Franco.


Embora tanto a Alemanha como a Itália tenham fornecido apoio militar a Franco, o grau de influência de ambas as potências na direção da guerra parece ter sido muito limitado. No entanto, as tropas italianas, apesar de [[Batalha de Guadalajara|nem sempre serem eficazes]], estiveram presentes em grande número na maioria das grandes operações. A Alemanha enviou um número insignificante de combatentes para a Espanha, mas ajudou os nacionalistas com instrutores técnicos e material moderno; <ref name="Turnbull2013">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=uYWHCwAAQBAJ&pg=PT80|título=The Spanish Civil War 1936–39|ultimo=Turnbull|primeiro=Patrick|editora=Bloomsbury Publishing|ano=2013|língua=en|isbn=978-1-4728-0446-4}}</ref> incluindo cerca de 200 tanques e 600 aeronaves {{Sfn|Sangster|2018|p=52}} que ajudaram a força aérea nacionalista a dominar os céus durante a maior parte da guerra. <ref name="Cortada2014">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=3_06uUe91o4C&pg=PA144|título=Modern Warfare in Spain: American Military Observations on the Spanish Civil War, 1936–1939|ultimo=Cortada|primeiro=James W.|editora=Potomac Books, Inc.|ano=2014|língua=en|isbn=978-1-61234-101-9}}</ref>
Internamente ainda teve que lidar com movimentos que buscavam autonomia para diversas regiões na Espanha além de mais tarde ser responsabilizado pela morte de 23 mil pessoas.<ref>{{citar web | url=http://www.lainformacion.com/policia-y-justicia/magistratura/DECLARACIONES-FUNDACION-FRANCISCO-ENALTECIMIENTO-FRANQUISMO_0_1013898951.html | título=El Gobierno responde que decir "el franquismo solo fusiló a 23.000, y no por capricho" no es delito | publicado=www.lainformacion.com }}</ref> Opositores e [[separatista]]s foram reprimidos na [[Catalunha]] e no [[País Basco]]. Outras regiões, como a [[Galiza]], também viram sua autonomia diminuir. Repressão cultural e linguística também ocorreu.
[[Ficheiro:In Madrid is herdacht dat Franco 30 jaar geleden de burgeroorlog ( 1936 1939 ) w, Bestanddeelnr 922-4913 (cropped).jpg|miniaturadaimagem|Franco com o príncipe Juan Carlos em 1969]]
Vislumbrando o fim de sua vida, e com aumento das tensões internas e da pressão externa pedindo por abertura política, Franco não buscou a manutenção do seu regime após sua morte. Em 1969, ele nomeou o príncipe [[Juan Carlos da Espanha|Juan Carlos de Borbón]] como seu sucessor. Em 1973, renunciou ao cargo de primeiro-ministro, mantendo-se apenas como chefe de estado e comandante das forças armadas. A briga política, contudo, não diminuía, entre aqueles que defendiam, de uma maneira ou de outra, a manutenção de um regime ditatorial sob comando dos militares e aqueles que defendiam uma república liberal, sob controle civil. A morte de [[Luis Carrero Blanco]] (um franquista e linha-dura), em dezembro de 1973, num atentado feito pelo [[Euskadi Ta Askatasuna|ETA]], acabou levando o país para o caminho da liberazação.<ref>{{citar periódico|último =Bernecker |primeiro =Walther |título=Monarchy and Democracy: The Political Role of King Juan Carlos in the Spanish ''Transición'' |periódico=Journal of Contemporary History |data=Janeiro de 1998 |volume=33 |número=1 |páginas=65–84|doi=10.1177/003200949803300104 }}</ref>


A direção das forças alemãs e italianas por Franco era limitada, particularmente na direção da [[Legião Condor]], mas ele era por defeito o seu comandante supremo, e eles recusaram-se a interferir na política da zona nacionalista. <ref name="Coverdale2015">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=71x9BgAAQBAJ&pg=PA117|título=Italian Intervention in the Spanish Civil War|ultimo=Coverdale|primeiro=John F.|editora=Princeton University Press|ano=2015|páginas=117–120|língua=en|isbn=978-1-4008-6790-5}}</ref> Por razões de prestígio decidiu-se continuar a ajudar Franco até ao fim da guerra, e as tropas italianas e alemãs desfilaram no dia da vitória final em Madrid. {{Sfn|Jackson|2012|p=539}}
Franco morreu em 20 de novembro de 1975, após longa doença num hospital de Madrid.<ref>{{Citar web| url=http://operamundi.uol.com.br/conteudo/historia/25516/hoje+na+historia+1975+-+morre+o+ditador+espanhol+francisco+franco.shtml |título=Hoje na História: 1975 - Morre o ditador espanhol Francisco Franco |obra=Opera Mundi |data= |acessodata=27 de abril de 2016}}</ref> Foi sepultado no [[Valle de los Caídos|Vale dos Caídos]]. Em 24 de outubro de 2019, o corpo de Franco foi exumado e seus restos mortais foram transladados para o cemitério de Mingorrubio.


A vitória nacionalista pode ser explicada por vários fatores: {{Sfn|Payne|Palacios|2014|pp=193–195}} o governo da Frente Popular teve políticas imprudentes nas semanas anteriores à guerra, onde ignorou perigos potenciais e alienou a oposição, encorajando mais pessoas a juntarem-se à rebelião, enquanto os rebeldes tinha uma coesão militar superior, com Franco fornecendo a liderança necessária para consolidar o poder e unificar as várias facções direitistas. {{Sfn|Payne|Palacios|2014|pp=147–148}} A sua diplomacia estrangeira garantiu a ajuda militar da Itália e da Alemanha e, segundo alguns relatos, ajudou a manter a Grã-Bretanha e a França fora da guerra. {{Sfn|Payne|Palacios|2014|p=193}}
== Franco e Portugal ==
Quando em Julho de 1936 deflagrou a Guerra Civil Espanhola, Salazar não hesitou em apoiar Franco desde a primeira hora, o que permitiu a Portugal ganhar um enorme prestígio junto das hostes Franquistas. Salazar começou por nomear em 1937 [[Pedro Teotónio Pereira]] de “Agente Especial” do Governo Português junto de Franco. A 28 de Abril de 1938 Salazar anunciou na Assembleia da República o reconhecimento ''de jure'' do Governo de Franco e em 20 de maio de 1938 Teotónio Pereira foi formalmente nomeado embaixador e entregou credenciais a Franco em 20 de junho do mesmo ano. Este reconhecimento diplomático do governo de Franco foi muito bem acolhido em Burgos e Franco respondeu nomeando como embaixador em Lisboa o seu irmão, Nicolás Franco.<ref> [http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/4982.pdf] Manuel Braga da Cruz(2004). «Pedro Teotónio Pereira, Embaixador Português em Espanha durante as Guerras» ''in Estudos de Homenagem a Luís António de Oliveira Ramos. Porto: Faculdade de Letras, p. 429-440.''</ref>


Os rebeldes fizeram uso eficaz de uma marinha menor, adquirindo os navios mais poderosos da frota espanhola e mantendo um corpo de oficiais funcional, enquanto os marinheiros republicanos assassinaram um grande número de seus oficiais navais que se aliaram aos rebeldes em 1936, como em Cartagena, {{Sfn|Alpert|2013|p=296}} e El Ferrol. {{Sfn|Thomas|2013|p=242}} Os nacionalistas usaram os seus navios de forma agressiva para perseguir a oposição, em contraste com a estratégia naval amplamente passiva dos republicanos.
Quando Teotonio Pereira chegou a Salamanca a 19 de Janeiro de 1938 encontrou uma atmosfera de grande simpatia para com os diplomatas alemães e italianos e de hostilidade para com os diplomatas dos restantes países. Teotónio Pereira cedo começou a contrariar este ambiente e Portugal veio a ter um papel fundamental na dissuasão do alinhamento da Espanha com as Potencias do Eixo, na criação do um bloco Ibérico neutro e na aproximação da Espanha aos Aliados. A 17 de março de 1939, após longas negociações foi assinado o [[Tratado de Amizade e Não Agressão Luso-Espanhol]], também conhecido com Pacto Ibérico, seguido de um Protocolo Adicional assinado a 29 de Julho de 1940, reiterando a neutralidade peninsular. Este tratado e a diplomacia Portuguesa viriam a ter um papel importante na criação do um bloco Ibérico neutro e na aproximação da Espanha aos Aliados. Este papel de Salazar e de Teotónio Pereira foi objecto de vários elogios por parte do historiador Carlton Hayes, Embaixador Americano em Madrid durante a guerra no seu livro Wartime mission in Spain,1942-1945.{{sfn|Hayes|1945|p=36 e 119}}


Os nacionalistas não só receberam mais ajuda externa para sustentar o seu esforço de guerra, como também há provas de que fizeram uma utilização mais eficiente dessa ajuda. {{Sfn|Radcliff|2017|p=203}} Eles aumentaram as suas forças com armas capturadas aos republicanos, {{Sfn|Payne|2008|pp=33–35, 40}} e integraram com sucesso mais de metade dos prisioneiros de guerra republicanos no exército nacionalista. {{Sfn|Matthews|2010|p=354}} Os rebeldes conseguiram construir uma força aérea maior e fazer uso mais eficaz da sua força aérea, particularmente no apoio a operações terrestres e bombardeamentos; e geralmente desfrutou de superioridade aérea a partir de meados de 1937; este poder aéreo contribuiu grandemente para a vitória nacionalista. {{Sfn|Hooton|2019|p=136}}
A 30 de Junho de 1939 Franco recebeu o Grande-Colar da [[Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito]] a mais elevada ordem honorífica de Portugal, no mais alto grau.<ref>{{citar web |url=http://www.ordens.presidencia.pt/?idc=154 |título=Cidadãos Estrangeiros Agraciados com Ordens Portuguesas|data=|publicado=Presidência da República Portuguesa|acessodata=2014-11-27 |notas=Resultado da busca de "Francisco Franco Bahamonde".}}</ref>


Os republicanos foram sujeitos à desunião e a lutas internas, {{Sfn|Graham|1988|pp=106–107}} e foram prejudicados pelas consequências destrutivas da revolução na zona republicana: a mobilização foi impedida, a imagem republicana foi prejudicada no estrangeiro nas democracias, e a campanha contra a religião despertou uma força católica esmagadora e inabalável. apoio aos nacionalistas. {{Sfn|Payne|2012|pp=115–116}}
Em 1945 reconhecendo o papel de Teotónio Pereira no apoio ao bando nacionalista e na criação de um bloco ibérico neutro, o Governo de Espanha concede-lhe a ''Gran Cruz'' da [[Ordem de Carlos III]], a mais alta condecoração civil Espanhola.<ref>{{citar web|url=http://hemeroteca.abc.es/nav/Navigate.exe/hemeroteca/madrid/abc/1945/07/20/007.html/ |título= El Embajador de Portugal |publicado= [[ABC (jornal)]]|último = |primeiro = |data=20 de Julho de 1945 |acessodata=8 de Janeiro de 2015 |língua= Espanhol |títulotrad=The Portuguese Ambassador}} </ref>


=== Comando político ===
A 13 de Janeiro de 1958, em entrevista ao jornal Francês “Le Figaro”, Franco afirmaria que: “O homem de Estado mais completo, mais respeitável de entre todos os que conheci, eu dir-lhe-ei: Salazar. Tenho aqui um personagem extraordinário, pela sua inteligência, o sentido político, a humanidade. O seu único defeito é, talvez, a modéstia”.<ref>Verá usted: si yo me pregunto cuál es el hombre de Estado más completo, más respetable entre todos los que he conocido, yo le diré: Salazar. He aquí a un personaje extraordinario, por la inteligencia, el sentido político, la humanidad. Su único defecto es tal vez la modestia.</ref>
[[Ficheiro:Francoist_demonstration_in_Salamanca.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Manifestação franquista em Salamanca (1937) com os desfilantes carregando faixas com o retrato de Franco e a população fazendo a [[saudação romana]].]]
Em 19 de abril de 1937, Franco e Serrano Súñer, com a aquiescência dos generais Mola e Quiepo de Llano, [[Decreto de Unificação (Espanha, 1937)|fundiram à força]] a [[Falange Espanhola das Juntas de Ofensiva Nacional Sindicalista|Falange]] nacional-sindicalista ideologicamente distinta e os partidos monarquistas [[Carlismo|carlistas]] em [[Unipartidarismo|u partido]] sob seu governo, denominado ''[[Falange Espanhola Tradicionalista e das Juntas de Ofensiva Nacional Sindicalista|Falange Española Tradicionalista y de las Juntas de Ofensiva Nacional-Sindicalista]]'' (FET y de las JONS), {{Sfn|Raguer|2007|p=206}} que se tornou o único partido legal em 1939. {{Sfn|Clifford|2020|p=53}}


Ao contrário de alguns outros movimentos fascistas, os Falangistas desenvolveram um programa oficial em 1934, os “Vinte e Sete Pontos”. {{Sfn|Payne|1961|pp=68–69}} Em 1937, Franco assumiu como doutrina provisória do seu regime 26 dos 27 pontos originais. {{Sfn|Payne1999|p=269}} Franco tornou-se ''jefe nacional'' (Chefe Nacional) da nova FET (''Falange Española Tradicionalista''; Falange Espanhola Tradicionalista) com um secretário, Junta Política e Conselho Nacional a serem nomeados posteriormente por ele mesmo. Cinco dias depois, em 24 de Abril, a [[Saudação romana|saudação de braço erguido]] da Falange tornou-se a saudação oficial do regime nacionalista. {{Sfn|Payne|1987|p=172}} Também em 1937 a ''Marcha Real'' ("Marcha Real") foi restaurada por decreto como hino nacional na zona Nacionalista. Foi contestado pelos falangistas, que o associaram à monarquia e o boicotaram quando foi tocado, cantando muitas vezes o seu próprio hino, ''[[Cara al Sol]]'' (Enfrentando o Sol). {{Sfn|Moreno-Luzón|Seixas|2017|pp=47–48}} Em 1939, o estilo fascista prevalecia, com apelos rituais de "Franco, Franco, Franco". {{Sfn|Payne|1987|p=234}}
==Legado==
Ele governou a Espanha com punho de ferro por quase quarenta anos, se tornando um dos ditadores mais notórios da Europa ocidental.{{carece de fontes|data=fevereiro de 2021}}


O conselheiro de Franco para assuntos partidários falangistas, [[Ramón Serrano Suñer|Ramón Serrano Súñer]], cunhado de sua esposa Carmen Polo, e um grupo de seguidores de Serrano Súñer dominaram o FET JONS e se esforçaram para aumentar o poder do partido. Serrano Súñer tentou levar o partido numa direção mais fascista, nomeando os seus acólitos para cargos importantes, e o partido tornou-se a principal organização política na Espanha franquista. Contudo, o FET JONS não conseguiu estabelecer um regime partidário fascista e foi relegado a um estatuto subordinado. Franco colocou o carlista [[Manuel Fal Condé]] em prisão domiciliária e prendeu centenas de velhos falangistas, os chamados "camisas velhas" (''camisas viejas''), incluindo o líder do partido [[Manuel Hedilla]], {{Sfn|Riley|2019|p=114}} para ajudar a garantir o seu futuro político. Franco também apaziguou os carlistas explorando o [[anticlericalismo]] dos republicanos na sua propaganda, em particular no que diz respeito aos "[[Mártires da Guerra Civil Espanhola|mártires da guerra]]". Enquanto as forças republicanas apresentavam a guerra como uma luta para defender a República contra o fascismo, Franco se apresentava como o defensor da "Espanha Católica" contra o "comunismo ateu". {{Sfn|Casla|2021|p=138}} {{Sfn|Morcillo|2010|p=39}}
O legado de Franco, na Espanha e pelo mundo, permanece controverso. Seu regime foi caracterizado por violações constantes de direitos humanos e seu autoritarismo fascista era reconhecido e desdenhado.<ref>{{citar web|url=http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/fascism|título=Franco in Spain were also Fascist}}</ref> Franco serviu de modelo para vários [[ditador]]es anticomunistas na [[América do Sul]]. [[Augusto Pinochet]], por exemplo, era um grande admirador de Franco.<ref>{{citar jornal|último =Cedéo Alvarado |primeiro =Ernesto |data=4 de fevereiro de 2008 |título=Rey Juan Carlos abochornó a Pinochet |url=http://www.panamaamerica.com.pa/content/rey-juan-carlos-abochorn%C3%B3-pinochet |jornal=Panamá América |acessodata=4 de abril de 2016 }}</ref> Para muitos espanhóis, ele era um [[Despotismo|déspota]] sanguinário, mas para outros ele salvou a Espanha do caos e a colocou no caminho da prosperidade.<ref name=Cosecha>Luis Gomez and Mabel Galaz, {{citar web | url=http://www.elpais.com/articulo/reportajes/cosecha/dictador/elpepusocdmg/20070909elpdmgrep_1/Tes | título= ''La cosecha del dictador | publicado=www.elpais.com }}'', ''[[El País]]'', 9 de setembro de 2007 {{es icon}}</ref><ref>Churchill, Winston. "The gathering storm", Houghton Mifflin, 1948, p. 221</ref>


=== O fim da Guerra Civil ===
== Literatura ==
No início de 1939, apenas Madrid (ver [[História de Madrid]]) e algumas outras áreas permaneciam sob controlo das forças governamentais. Em 27 de Fevereiro, a [[Neville Chamberlain|Grã-Bretanha de Chamberlain]] e a [[Édouard Daladier|França de Daladier]] reconheceram oficialmente o regime de Franco. Em 28 de março de 1939, com a ajuda das forças franquistas dentro da cidade (a "[[quinta-coluna]]" que o general Mola mencionara nas transmissões de propaganda de 1936), Madrid caiu nas mãos dos nacionalistas. No dia seguinte, [[Valência]], que resistiu sob as armas dos nacionalistas durante quase dois anos, também se rendeu. A vitória foi proclamada em 1º de abril de 1939, quando a última força republicana se rendeu. No mesmo dia, Franco colocou a sua espada sobre o altar de uma igreja e jurou nunca mais a pegar, a menos que a própria Espanha fosse ameaçada de invasão.


Embora a Alemanha tivesse reconhecido o governo de Franco, a política de Franco em relação à Alemanha foi extremamente cautelosa até às espetaculares vitórias alemãs no início da Segunda Guerra Mundial. Uma indicação inicial de que Franco iria manter distância da Alemanha logo se revelou verdadeira. Uma suposta visita de Estado de Franco à Alemanha não se concretizou e outro boato de uma visita de [[Hermann Göring|Göring]] à Espanha, depois de ter desfrutado de um cruzeiro no Mediterrâneo Ocidental, novamente não se concretizou. Em vez disso, Göring teve de regressar a Berlim. <ref>{{Citar livro|título=Survey of International Affairs, 1939 (On the Eve of War)|volume=1}}</ref>
[[Ficheiro:Francoayto.jpg|miniaturadaimagem|Uma estátua de Franco removida em 2008 pelo [[Governo espanhol]]]]


Durante a Guerra Civil e posteriormente, ocorreu um período conhecido como [[Terror Branco (Espanha)|Terror Branco]]. Isto viu execuções em massa de inimigos republicanos e outros nacionalistas, contrastando com o [[Terror Vermelho (Espanha)|Terror Vermelho]] durante a guerra. A análise histórica e as investigações estimam que o número de execuções do regime de Franco durante este período esteja entre 100.000 e 200.000 mortos.
Com seu próprio nome, em [[1922]] editou o livro (despretensiosamente verídico) o «Diario de una bandera». Com o pseudónimo de Jaime de Andrade, escreveu a [[novela]] «Raza», que em [[1942]] inspirou o [[filme]] com o mesmo título. Também com [[pseudónimo]], só que de Jakim Boor, publicou uma série de artigos [[Antimaçonaria|antimaçónicos]] e [[anti-semíticos]] no boletim então já da [[Falange Espanhola]] Tradicionalista ([[Falange]]), o diário «¡Arriba!», publicados todos eles mais tarde no livro «''Masonería''».


[[Stanley G. Payne]] diz que o número total de todos os tipos de [[Execução sumária|execuções]] na zona republicana somou cerca de 56.000, e que as na zona nacionalista provavelmente ascenderam a pelo menos 70.000, com mais 28.000 execuções após o fim da guerra. {{Sfn|Payne|2012|p=110}} {{Sfn|Tremlett|2003|p=}} Pesquisas recentes realizadas com escavações paralelas de valas comuns em Espanha pela [[Associação para a Recuperação da Memória Histórica]] (Asociación para la Recuperación de la Memoria Histórica), ARMH) estimam que mais de 35.000 pessoas mortas pelo lado nacionalista ainda estão desaparecidas em valas comuns. <ref name="ARMH">[http://www.elmundo.es/cronica/2002/351/1026114970.html Fosas Comunes – Los desaparecidos de Franco. La Guerra Civil no ha terminado], ''[[El Mundo (Espanha)|El Mundo]]'', 7 July 2002 {{In lang|es}}</ref>
Mais tarde, já no governo, em 1940 decretaria que todos os [[Maçonaria|maçons]] de seu país estavam condenados a 10 anos de prisão.<ref>{{citar web | url=http://www.construtoresdavirtude.com.br/pag_as_raizes.htm | título=As Raízes do Anti-Maçonismo, por Marco Mendes, Construtores da Virtude n.º 5 | publicado=www.construtoresdavirtude.com.br }}</ref>


[[Julián Casanova|Julián Casanova Ruiz]], que foi nomeado em 2008 para integrar o painel de peritos na primeira investigação judicial, conduzida pelo juiz [[Baltasar Garzón]], dos crimes franquistas, <ref>[http://www.elpais.com/articulo/espana/Aportaremos/trozos/verdad/puzzle/resolvera/Garzon/elpepiesp/20081023elpepinac_11/Tes "Aportaremos trozos de verdad a un 'puzzle' que resolverá Garzón"], ''[[El País]]'', 23 de octubre de 2008.</ref> assim como os historiadores [[Josep Fontana]] e [[Hugh Thomas]], estimam mortes no Terror Branco cerca de 150.000 no total. {{Sfn|Casanova|Espinosa|Mir|Gómez|2004|p=8}} {{Sfn|Juliá|Casanova|1999|pp=411–412}} {{Sfn|Fontana|2000|p=22}} De acordo com [[Paul Preston]], 150 mil execuções de civis durante a guerra ocorreram na área franquista, bem como 50 mil na área republicana, além de aproximadamente 20 mil civis executados pelo regime de Franco após o fim da guerra. {{Sfn|Preston|2012|p=9}} <ref group="Nota">As mais de 150.000 execuções por razões políticas foram dez vezes o número da Alemanha Nazista e 1.000 vezes o número da Itália fascista. Reig Tapia aponta que Franco assinou mais decretos de execução do que qualquer outro chefe de estado anterior na Espanha.{{sfn|Romero Salvadó|2005|p=277}}</ref> De acordo com [[Helen Graham]], as classes trabalhadoras espanholas tornaram-se para o projeto franquista o que os judeus foram para a [[Volksgemeinschaft]] alemã. {{Sfn|Graham|2002|p=123}}
No [[livro]] [[Origem (livro de Dan Brown)|Origem]],<ref>{{Citar web|url=https://observador.pt/especiais/a-origem-e-a-volta-a-espanha-de-dan-brown/|titulo=A “Origem” é a Volta a Espanha de Dan Brown|acessodata=2018-10-14|obra=Observador|ultimo=Fernandes|primeiro=José Carlos}}</ref> o escritor [[Dan Brown]] cita, em várias passagens, características do Governo Franquista na [[Espanha]], citando, inclusive, o [[Valle de los Caídos]], local onde esteve o corpo do [[Ditador]] Espanhol.


Segundo [[Gabriel Jackson]] e [[Antony Beevor]], o número de vítimas do "Terror Branco" (execuções e fome ou doença nas prisões) entre 1939 e 1943 foi de 200.000. {{Sfn|Jackson|2012|p=539}} Beevor "avalia que o 'terror branco' que se seguiu a Franco ceifou 200.000 vidas. O [[Terror Vermelho (Espanha)|terror vermelho]]' já havia matado 38.000." <ref>[http://www.economist.com/books/displaystory.cfm?story_id=7081116 "Men of La Mancha"].</ref> [[Julius Ruiz]] conclui que "embora os números permaneçam controversos, um mínimo de 37.843 execuções foram realizadas na zona republicana com um máximo de 150.000 execuções (incluindo 50.000 após a guerra) na [[Espanha Franquista|Espanha Nacionalista]]." {{Sfn|Ruiz|2007|p=97}}
== Cronologia sumária ==
[[Ficheiro:Francisco_Franco_escoltado_por_la_Guardia_Mora_visita_San_Sebastián_una_vez_finalizada_la_guerra_(8_de_8)_-_Fondo_Marín-Kutxa_Fototeka.jpg|miniaturadaimagem|Franco chegando a San Sebastián em 1939, escoltado pela [[Guardia Mora|Guarda Mourisca]]]]
[[Ficheiro:Tombe Franco.jpg|miniaturadaimagem|Antigo [[Túmulo]] de Francisco Franco no [[Vale dos Caídos]].]]
Apesar do fim da guerra, [[Guerrilha|os guerrilheiros]] espanhóis exilados em França, e conhecidos como "''[[Guerrilha antifranquista|Maquis]]''", continuaram a resistir a Franco nos [[Pirenéus]], realizando sabotagens e roubos contra o regime franquista. Vários republicanos exilados também lutaram na [[Resistência Francesa|resistência francesa]] contra a [[Ocupação alemã da França|ocupação alemã]] na [[França de Vichy]] durante a [[Segunda Guerra Mundial]]. Em 1944, um grupo de veteranos republicanos da resistência francesa [[Invasão de Val d'Aran|invadiu Val d'Aran,]] no noroeste da [[Catalunha]], mas foi rapidamente derrotado. As atividades do Maquis continuaram até a década de 1950.

O fim da guerra levou a centenas de milhares de exílios, principalmente para a França, mas também para o México, Chile, Cuba e Estados Unidos. <ref>{{Citar jornal|ultimo=Caistor|primeiro=Nick|url=http://news.bbc.co.uk/2/hi/programmes/from_our_own_correspondent/2809025.stm|titulo=Spanish Civil War fighters look back|data=28 Fev 2003|acessodata=2 Mar 2010|website=BBC News}}</ref> Do outro lado dos [[Pirenéus]], os [[Refugiado|refugiados]] foram confinados em [[Campos de concentração na França|campos de internamento]] em [[Terceira República Francesa|França]], como o [[Campo de concentração de Gurs]] ou o [[Campo de concentração de Vernet]], onde 12.000 republicanos foram alojados em condições miseráveis (na sua maioria soldados da [[Coluna Durruti|Divisão Durruti]]).<ref name="ariege.fr">{{Citar web|url=http://cheminsdememoire.gouv.fr/page/afficheLieu.php?idLang=fr&idLieu=2311|titulo='Camp Vernet' Website|acessodata=2 Mar 2010|website=Cheminsdememoire.gouv.fr|lingua=fr|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090416211417/http://www.cheminsdememoire.gouv.fr/page/affichelieu.php?idLang=fr&idLieu=2311|arquivodata=16 Abr 2009|urlmorta=dead}}</ref> Os 17.000 refugiados alojados em Gurs foram divididos em quatro categorias: [[Brigadas Internacionais|Brigadistas]], pilotos, ''[[Euzko Gudarostea|Gudaris]]'' e "espanhóis" comuns. Os ''Gudaris'' (bascos) e os pilotos encontraram facilmente financiadores e empregos locais, e foram autorizados a abandonar o campo, mas os agricultores e as pessoas comuns, que não conseguiram encontrar relações em França, foram encorajados pelo governo francês, em acordo com o franquista governo, para regressar a Espanha. A grande maioria assim o fez e foi entregue às autoridades franquistas em [[Irun|Irún]]. De lá foram transferidos para o campo de [[Miranda de Ebro]] para “purificação” de acordo com a [[Lei das Responsabilidades Políticas|Lei de Responsabilidades Políticas]].

Após a proclamação do regime da [[França de Vichy]] pelo [[Marechal de França|marechal]] [[Philippe Pétain]], os refugiados tornaram-se prisioneiros políticos e a polícia francesa tentou prender aqueles que tinham sido libertados do campo. Junto com outros "indesejáveis", eles foram enviados para o [[Campo de deportação de Drancy|campo de internamento de Drancy]] antes de serem deportados para a Alemanha nazista. Assim, 5.000 espanhóis morreram no [[Mauthausen|campo de concentração de Mauthausen]]. <ref name="Cite">[http://www.histoire-immigration.fr/index.php?lg=fr&nav=20&flash=0 Film documentary] on the website of the ''[[Cité nationale de l'histoire de l'immigration]]'' {{In lang|fr}}</ref> O poeta chileno [[Pablo Neruda]], nomeado pelo presidente chileno [[Pedro Aguirre Cerda]] cônsul especial para a imigração em Paris, foi encarregado do que chamou de "a missão mais nobre que já empreendi": enviar mais de 2.000 refugiados espanhóis, que tinham foi alojado pelos franceses em campos miseráveis, para o Chile num velho navio cargueiro, o ''Winnipeg''. <ref>{{Citar web|url=http://www.redpoppy.net/pablo_neruda.php|titulo=Pablo Neruda: The Poet's Calling|acessodata=2 Mar 2010|website=Redpoppy.net}}</ref>

=== Segunda Guerra Mundial ===
{{Mais informações|Espanha durante a Segunda Guerra Mundial}}
[[Ficheiro:Bundesarchiv_Bild_183-L15327,_Spanien,_Heinrich_Himmler_bei_Franco.jpg|miniaturadaimagem|Primeira fila, da esquerda para a direita: [[Karl Wolff]], [[Heinrich Himmler]], Franco e o ministro das Relações Exteriores da Espanha, [[Ramón Serrano Suñer|Serrano Súñer,]] em Madrid, outubro de 1940]]
Em setembro de 1939, começou a Segunda Guerra Mundial. Franco recebeu importante apoio de [[Adolf Hitler]] e [[Benito Mussolini]] durante a Guerra Civil Espanhola, e assinou o [[Pacto Anticomintern]]. Ele fez discursos pró-Eixo, {{Sfn|Bowen|2017|pp=59–60}} ao mesmo tempo que ofereceu vários tipos de apoio à Itália e à Alemanha. O seu porta-voz, Antonio Tovar, comentou numa conferência em Paris intitulada 'Bolchevismo versus Europa' que "a Espanha alinhou-se definitivamente ao lado da... Alemanha Nacional Socialista e da Itália Fascista". {{Sfn|Pike|2008|p=74}} No entanto, Franco estava relutante em entrar na guerra devido à recuperação da Espanha da sua recente guerra civil e, em vez disso, seguiu uma política de "não beligerância".

Em 23 de outubro de 1940, Hitler e Franco [[Encontro em Hendaie|reuniram-se em Hendaye]], França, para discutir a possibilidade da entrada da Espanha ao lado do [[Potências do Eixo|Eixo]]. As exigências de Franco, incluindo grandes fornecimentos de alimentos e combustível, bem como o controlo espanhol de [[Gibraltar]] e do Norte de África francês, revelaram-se demasiado para Hitler. Na altura, Hitler não queria correr o risco de prejudicar as suas relações com o novo governo [[França de Vichy|francês de Vichy]]. {{Sfn|Goda|1993|pp=305–308}} (Uma observação frequentemente citada atribuída a Hitler é que o líder alemão disse que preferia que lhe arrancassem alguns dos seus próprios dentes do que ter de lidar pessoalmente com Franco). {{Sfn|Payne|1999|p=334}}

Alguns historiadores argumentam que Franco fez exigências que sabia que Hitler não iria cumprir, a fim de ficar fora da guerra. Outros historiadores argumentam que Franco, como líder de um país destruído e falido, mergulhado no caos após uma brutal guerra civil de três anos, simplesmente tinha pouco a oferecer ao Eixo e que as forças armadas espanholas não estavam preparadas para uma grande guerra. Também foi sugerido que Franco decidiu não entrar na guerra depois que os recursos que solicitou a Hitler em outubro de 1940 não foram disponibilizados. <ref name="rockoff">{{Citar web|ultimo=Rockoff|primeiro=Hugh|ultimo2=Caruana|primeiro2=Leonard|url=https://www.econstor.eu/bitstream/10419/94297/1/2000-08.pdf|titulo=A Wolfram in Sheep's Clothing: Economic Warfare in Spain and Portugal, 1940–1944|publicado=Econstor|ano=2000|id=Working Paper, No. 2000-08|arquivourl=https://web.archive.org/web/20191214213842/https://www.econstor.eu/bitstream/10419/94297/1/2000-08.pdf|arquivodata=14 Dez 2019|urlmorta=live}}</ref>

Franco permitiu que soldados espanhóis se voluntariassem para lutar no Exército Alemão contra a [[União Soviética]] (a [[Divisão Azul]]), mas proibiu os espanhóis de lutar no Ocidente contra as democracias. Os pontos comuns de Franco com Hitler foram particularmente enfraquecidos pelas tentativas de Hitler de [[Cristianismo positivo|manipular o Cristianismo]], o que ia contra o fervoroso compromisso de Franco em defender o Catolicismo. Contribuindo para o desacordo estava uma disputa em curso sobre os direitos mineiros alemães em Espanha.

De acordo com alguns estudiosos, após a [[Batalha de França|queda da França]] em junho de 1940, a Espanha adotou uma postura pró-Eixo (por exemplo, navios e submarinos alemães e italianos foram autorizados a usar instalações navais espanholas) antes de retornar a uma posição mais neutra em final de 1943, quando a maré da guerra virou decisivamente contra as Potências do Eixo e a Itália mudou de lado. Franco inicialmente desejou entrar na guerra antes que o Reino Unido pudesse ser derrotado. <ref>{{Citar periódico |url=http://eprints.lse.ac.uk/26101/1/Franco%20and%20Hitler%28lsero%29.pdf |título=Franco and Hitler: The Myth of Hendaye 1940 |periódico=Contemporary European History |número=1 |ultimo=Preston, Paul |ano=1992 |paginas=1–16 (5) |doi=10.1017/s0960777300005038 |jstor=20081423 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20130517083611/http://eprints.lse.ac.uk/26101/1/Franco%20and%20Hitler%28lsero%29.pdf |arquivodata=17 Maio 2013 |volume=1}}</ref>
[[Ficheiro:FrancoenReus.jpg|miniaturadaimagem|Franco em [[Reus]], 1940]]
No inverno de 1940 e 1941, Franco brincou com a ideia de um “Bloco Latino” formado por Espanha, Portugal, França de Vichy, Vaticano e Itália, sem grandes consequências. <ref>Lukacs, John (2001).</ref> Franco havia decidido cautelosamente entrar na guerra do lado do Eixo em junho de 1940, e para preparar seu povo para a guerra, uma campanha antibritânica e antifrancesa foi lançada na mídia espanhola que exigia [[Protetorado Francês em Marrocos|Marrocos]], [[Camarões]] e [[Gibraltar]]. {{Sfn|Weinberg|2005|p=133}} Em 19 de junho de 1940, Franco enviou uma mensagem a Hitler dizendo que queria entrar na guerra, mas Hitler ficou irritado com a exigência de Franco da colônia francesa de Camarões, que era alemã antes da Primeira Guerra Mundial, e que Hitler planejava tomar de volta para o [[Plano Z|Plano Z.]] {{Sfn|Weinberg|2005|p=177}} Franco considerou seriamente bloquear o acesso dos aliados ao Mar Mediterrâneo invadindo [[Gibraltar|Gibraltar,]] controlado pelos britânicos, mas abandonou a ideia depois de saber que o plano provavelmente teria falhado devido ao fato de Gibraltar estar muito fortemente defendido. Além disso, declarar guerra ao Reino Unido e aos seus aliados daria-lhes sem dúvida uma oportunidade de capturar tanto as [[Canárias|Ilhas Canárias]] como o [[Protetorado Espanhol em Marrocos|Marrocos espanhol]], bem como possivelmente lançar uma invasão da própria Espanha continental. {{Sfn|Lochner|1948|p=253|loc=25 October 1940}} <ref>{{Citar web|ultimo=Sager|primeiro=Murray|url=http://findarticles.com/p/articles/mi_6972/is_6_16/ai_n32334981/|titulo=Franco, Hitler & the play for Gibraltar: how the Spanish held firm on the Rock|data=Jul 2009|publicado=Esprit de Corps|arquivourl=https://archive.today/20120708124911/http://findarticles.com/p/articles/mi_6972/is_6_16/ai_n32334981/|arquivodata=8 Jul 2012|urlmorta=dead}}</ref> Franco estava ciente de que sua força aérea seria rapidamente derrotada se entrasse em ação contra a [[Força Aérea Real]], e a [[Marinha Real Britânica|Marinha Real]] seria facilmente capaz de destruir a pequena marinha espanhola e [[Bloqueio (militar)|bloquear]] toda a costa espanhola para evitar importações de materiais cruciais como o petróleo. A Espanha dependia das importações de petróleo dos Estados Unidos, que quase certamente seriam interrompidas se a Espanha aderisse formalmente ao Eixo. Franco e Serrano Suñer reuniram-se com Mussolini e Ciano em [[Bordighera]], Itália, em 12 de fevereiro de 1941. {{Sfn|Pike|2008|p=48}} No entanto, um Mussolini afectado não parecia estar interessado na ajuda de Franco devido às derrotas que as suas forças sofreram no Norte de África e nos Balcãs, e até disse a Franco que desejava encontrar uma forma de sair da guerra. Quando a [[Operação Barbarossa|invasão da União Soviética]] começou em 22 de junho de 1941, o ministro das Relações Exteriores de Franco, [[Ramón Serrano Suñer|Ramón Serrano Suñer,]] sugeriu imediatamente a formação de uma unidade de voluntários militares para se juntar à invasão. <ref name="Moreno-Juliá2018">{{Citar livro|título=Joining Hitler's Crusade|ultimo=Moreno Juliá|primeiro=Xavier|editora=Cambridge University Press|ano=2018|editor-sobrenome=Stahel|páginas=197–198|capitulo=Part II - The Volunteers|isbn=978-1-316-51034-6}}</ref> Tropas voluntárias espanholas (a ''[[Divisão Azul|División Azul]]'', ou "Divisão Azul") lutaram na [[Frente Oriental (Segunda Guerra Mundial)|Frente Oriental]] sob o comando alemão de 1941 a 1944. Alguns historiadores argumentaram que nem todos os membros da Divisão Azul eram verdadeiros voluntários e que Franco gastou recursos relativamente pequenos, mas significativos, para ajudar na batalha das potências do Eixo contra a União Soviética.

Franco inicialmente não foi apreciado pelo presidente cubano [[Fulgencio Batista]], que, durante a Segunda Guerra Mundial, sugeriu uma declaração conjunta de guerra entre EUA e América Latina à Espanha para derrubar o regime de Franco. <ref>{{Citar revista|data=18 Jan 1943|título=Batista's Boost|url=http://www.time.com/time/magazine/article/0,9171,802544,00.html|urlmorta=dead|revista=Time|arquivourl=https://web.archive.org/web/20080825011807/http://www.time.com/time/magazine/article/0,9171,802544,00.html|arquivodata=25 Ago 2008|acessodata=2 Mar 2010}}</ref> Hitler pode não ter realmente desejado que a Espanha se juntasse à guerra, pois precisava de portos neutros para importar materiais de países da América Latina e de outros lugares. Ele sentiu que a Espanha seria um fardo, pois dependeria da ajuda da Alemanha. Em 1941, as forças francesas de Vichy provavam a sua eficácia no Norte de África, reduzindo a necessidade de ajuda espanhola, e Hitler mostrava-se cauteloso quanto à abertura de uma nova frente na costa ocidental da Europa enquanto lutava para reforçar os italianos na Grécia e na Jugoslávia. Franco assinou um [[Pacto Anticomintern]] revisado em 25 de novembro de 1941. A Espanha continuou a obter bens alemães valiosos, incluindo equipamento militar, como parte do pagamento pelas matérias-primas espanholas, <ref name="Golson2011">{{Citar tese|sobrenome=Golson|nome=Eric|titulo=The Economics of Neutrality: Spain, Sweden and Switzerland in the Second World War|url=http://etheses.lse.ac.uk/178/|pagina=145|tipo=phd}}</ref> e comercializou [[Tungstênio|volfrâmio]] com a Alemanha até agosto de 1944, quando os alemães se retiraram da fronteira espanhola. <ref name="rockoff2">{{Citar web|ultimo=Rockoff|primeiro=Hugh|ultimo2=Caruana|primeiro2=Leonard|url=https://www.econstor.eu/bitstream/10419/94297/1/2000-08.pdf|titulo=A Wolfram in Sheep's Clothing: Economic Warfare in Spain and Portugal, 1940–1944|publicado=Econstor|ano=2000|id=Working Paper, No. 2000-08|arquivourl=https://web.archive.org/web/20191214213842/https://www.econstor.eu/bitstream/10419/94297/1/2000-08.pdf|arquivodata=14 Dez 2019|urlmorta=live}}</ref>

A neutralidade espanhola durante a Segunda Guerra Mundial foi publicamente reconhecida pelos principais estadistas aliados. {{Sfn|Hayes|1951|p=151}} Em novembro de 1942, o presidente dos EUA, Roosevelt, escreveu ao general Franco: "...a sua nação e a minha são amigas no melhor sentido da palavra." <ref name="DOS">{{Citar livro|título=Foreign Relations of the United States Diplomatic Papers · Volume 3|editora=United States. Department of State · 1961|páginas=306}}</ref> Em maio de 1944, [[Winston Churchill]] declarou na [[Câmara dos Comuns do Reino Unido|Câmara dos Comuns]]: "Nos dias sombrios da guerra, a atitude do governo espanhol em não permitir a passagem dos nossos inimigos através de Espanha foi extremamente útil para nós... Devo dizer que sempre considerarei que um serviço foi prestado... pela Espanha, não apenas ao Reino Unido e ao Império Britânico e à Commonwealth, mas à causa das Nações Unidas." {{Sfn|Hayes|1951|pp=152–153}} De acordo com as recordações pessoais do Embaixador dos EUA em Espanha, Carlton Hayes, uma gratidão semelhante também foi expressa pelo [[Argélia francesa|Governo Provisório Francês em Argel]] em 1943. Franco não colocou obstáculos à construção pela Grã-Bretanha de uma grande base aérea que se estendesse de Gibraltar até às águas territoriais espanholas e saudou os desembarques anglo-americanos no Norte de África. A Espanha não internou nenhum dos 1.200 aviadores americanos que foram forçados a pousar no país, mas “deu-lhes refúgio e permitiu-lhes partir”. {{Sfn|Hayes|1951|pp=150–151}}

Após a guerra, o governo espanhol tentou destruir todas as provas da sua cooperação com o Eixo. Em 2010, foram descobertos documentos que mostram que, em 13 de maio de 1941, Franco ordenou aos seus governadores provinciais que compilassem uma lista de judeus enquanto ele negociava uma aliança com as potências do Eixo. <ref name="ReferenceA">{{Citar web|url=http://www.haaretz.com/print-edition/news/wwii-document-reveals-general-franco-handed-nazis-list-of-spanish-jews-1.297546|titulo=WWII document reveals: General Franco handed Nazis list of Spanish Jews|data=22 Jun 2010|website=Haaretz}}</ref> Franco forneceu ao [[Reichsführer-SS]] [[Heinrich Himmler]], arquiteto da [[Solução final|Solução Final]] dos nazistas, uma lista de 6.000 judeus na Espanha. <ref name="ReferenceA" />

Em 14 de junho de 1940, as forças espanholas em Marrocos ocuparam [[Tânger]] (uma cidade sob [[Zona Internacional de Tânger|controlo internacional]]) e não partiram até ao final da guerra em 1945.

Após a guerra, Franco permitiu que muitos ex-nazistas, como [[Otto Skorzeny]] e [[Léon Degrelle]], e outros fascistas, buscassem asilo político na Espanha. <ref name="Messenger2020">{{Citar livro|título=Spain, the Second World War, and the Holocaust: History and Representation|ultimo=Messenger|primeiro=David A.|editora=University of Toronto Press|ano=2020|editor-sobrenome=Brenneis|capitulo=Nazis, Real and Imagined, in Post-Second-World-War Spain|isbn=978-1-4875-3251-2|editor-sobrenome2=Herrmann}}</ref>

=== Tratamento de Judeus ===
{{Mais informações|Espanha Franquista e o Holocausto}}Franco teve uma associação controversa com judeus antes e durante a Segunda Guerra Mundial. Ele fez comentários [[Antissemitismo|antissemitas]] num discurso em maio de 1939, e fez comentários semelhantes em pelo menos seis ocasiões durante a Segunda Guerra Mundial. <ref>{{Citar web|ultimo=Robert Philpot|url=https://www.thejc.com/comment/comment/was-franco-the-good-fascist-1.62863|titulo=Was Franco the 'good' fascist?|data=23 Nov 2015|website=The Jewish Chronicle}}</ref> Franco acreditava na existência de uma "conspiração judaico-maçônica-bolchevique" <ref>{{Citar web|ultimo=Robert Philpot|url=https://www.thejc.com/lets-talk/all/far-from-helping-jews-franco%27s-regime-was-implacably-hostile-3Cbfl1pUc6mV7OzYeYMMVg|titulo=Far from helping Jews, Franco's regime was implacably hostile|website=The Jewish Chronicle}}</ref> e enquadrou deliberadamente a Guerra Civil Espanhola como um conflito contra judeus e bolcheviques. <ref>[https://www.timesofisrael.com/how-dictator-franco-built-his-regime-vilifying-the-jews-then-tried-to-hide-it/ How dictator Franco built his regime vilifying the Jews, then tried to hide it] Times of Israel.</ref> Em 2010, foram descobertos documentos que mostram que, em 13 de maio de 1941, Franco ordenou aos seus governadores provinciais que compilassem uma lista de judeus enquanto ele negociava uma aliança com as potências do Eixo. <ref name="ReferenceA2">{{Citar web|url=http://www.haaretz.com/print-edition/news/wwii-document-reveals-general-franco-handed-nazis-list-of-spanish-jews-1.297546|titulo=WWII document reveals: General Franco handed Nazis list of Spanish Jews|data=22 Jun 2010|website=Haaretz}}</ref> Franco forneceu ao [[Reichsführer-SS]] Heinrich Himmler, arquiteto da [[Solução final|Solução Final]] dos nazistas, uma lista de 6.000 judeus na Espanha. <ref name="ReferenceA2" />

Ao contrário, de acordo com ''Anti-Semitism: A Historical Encyclopedia of Prejudice and Persecution'' (2005):<blockquote>Durante a guerra, Franco resgatou muitos judeus.... Quantos judeus foram salvos pelo governo de Franco durante a Segunda Guerra Mundial é uma questão de controvérsia histórica. Franco foi creditado por salvar cerca de 30.000 a 60.000 judeus; estimativas mais confiáveis ​​sugerem que 45.000 é um número provável.{{sfn|Levy|2005|p=675}}</blockquote>Preston escreve que, nos anos do pós-guerra, "um mito foi cuidadosamente construído para afirmar que o regime de Franco salvou muitos judeus do extermínio" como um meio de desviar as críticas estrangeiras das alegações de colaboração ativa com o regime nazista. {{Sfn|Preston|2020|p=342}} Já em 1943, o Ministério das Relações Exteriores concluiu que os Aliados provavelmente venceriam a guerra. [[José Félix de Lequerica|José Félix de Lequerica y Erquiza]] tornou-se Ministro das Relações Exteriores em 1944 e logo desenvolveu uma "obsessão" com a importância da "carta judaica" nas relações com as antigas potências aliadas. {{Sfn|Payne|2008|p=232}}

A Espanha forneceu vistos para milhares de judeus franceses transitarem pela Espanha a caminho de Portugal para escapar dos nazistas. Diplomatas espanhóis protegeram cerca de 4.000 judeus que viviam na Hungria, Romênia, Bulgária, Tchecoslováquia e Áustria. Pelo menos cerca de 20.000 a 30.000 judeus foram autorizados a passar pela Espanha na primeira metade da guerra. Os judeus que não foram autorizados a entrar em Espanha, porém, foram enviados para o campo de concentração de Miranda de Ebro ou deportados para [[França de Vichy|França]]. Em Janeiro de 1943, depois de a embaixada alemã em Espanha ter dito ao governo espanhol que tinha dois meses para retirar os seus cidadãos judeus da Europa Ocidental, a Espanha limitou severamente os vistos e apenas 800 judeus foram autorizados a entrar no país. Depois da guerra, Franco exagerou nas suas contribuições para salvar os judeus, a fim de melhorar a imagem da Espanha no mundo e acabar com o seu isolamento internacional. {{Sfn|Levy|2005|p=675}} {{Sfn|Avni|1982}} {{Sfn|Alpert|2009}} <ref>{{Citar web|url=https://www.yadvashem.org/odot_pdf/Microsoft%20Word%20-%206034.pdf|titulo=Spain|website=yadvashem.org|arquivourl=https://web.archive.org/web/20210308174931/https://www.yadvashem.org/odot_pdf/Microsoft%20Word%20-%206034.pdf|arquivodata=8 Mar 2021|urlmorta=live}}</ref>

Após a guerra, Franco não reconheceu o [[Israel|Estado israelense]] e manteve fortes relações com o mundo árabe. Israel manifestou desinteresse em estabelecer relações, embora houvesse alguns laços económicos informais entre os dois países nos últimos anos da governação de Franco. <ref>{{Citar periódico |título=Spanish–Israeli Relations and Systemic Pressures, 1956–1986: The Cases of GATT, NATO and the EEC |periódico=Historia y Politica |ultimo=Setton |primeiro=Guy |paginas=334–5 |volume=37}}</ref> No rescaldo da [[Guerra dos Seis Dias]] em 1967, a Espanha de Franco foi capaz de utilizar a sua relação positiva com o presidente egípcio [[Gamal Abdel Nasser]] e o mundo árabe (devido a não ter reconhecido o Estado israelita) para permitir que 800 judeus egípcios, muitos deles sefarditas, ascendência, passagem segura para fora do [[Egito]] com passaportes espanhóis. <ref name="forward">{{Citar web|ultimo=Boxer|primeiro=Jeffrey|url=https://forward.com/culture/374948/how-spain-saved-egypts-jewish-population-after-the-six-day-war/|titulo=The Angel Of Cairo: How A Spaniard Saved Egypt's Jews|data=19 Jun 2017|acessodata=15 Maio 2019|website=The Forward}}</ref> Isto foi realizado através do embaixador da Espanha franquista no Egito, [[Ángel Sagaz Zubelzu]], no entendimento de que os judeus emigrantes não emigrariam imediatamente para [[Israel]] e que não usariam publicamente o caso como propaganda política contra o Egito de Nasser. <ref name="forward" /> Em 16 de dezembro de 1968, o governo espanhol revogou formalmente o [[Decreto de Alhambra|Édito de Expulsão]] de 1492 contra a população judaica da Espanha. <ref>{{Citar web|ultimo=Ederspecial|primeiro=Richard|url=https://www.nytimes.com/1968/12/17/archives/1492-ban-on-jews-is-voided-by-spain-1492-ban-on-jews-is-voided-in.html|titulo=1492 Ban on Jews Is Voided by Spain|data=17 Dez 1968|acessodata=15 Maio 2019|website=[[The New York Times]]}}</ref> <ref>{{Citar web|ultimo=Green|primeiro=David|url=https://www.haaretz.com/jewish/.premium-this-day-spain-lifts-the-expulsion-1.5377424|titulo=This Day in Jewish History 1968: Spain Revokes the Expulsion of the Jews|data=6 Dez 2015|website=Haaretz}}</ref>

Franco pessoalmente e muitos no governo declararam abertamente que acreditavam que havia uma conspiração internacional de maçons e comunistas contra a Espanha, às vezes incluindo judeus ou "judaico-maçonaria" como parte disso. {{Sfn|Bautista Delgado|2009|pp=303, 321–322}} Enquanto estava sob a liderança de Francisco Franco, o governo espanhol endossou explicitamente a [[Igreja Católica]] como a religião do Estado-nação e não endossou ideias liberais como o [[pluralismo religioso]] ou a [[Separação Igreja-Estado|separação entre Igreja e Estado]] encontradas na [[Constituição espanhola de 1931|Constituição Republicana de 1931]]. Após a Segunda Guerra Mundial, o governo promulgou a "Declaração de Direitos Espanhola" (''Fuero de los Españoles''), que ampliou o direito ao culto privado de religiões não católicas, incluindo o Judaísmo, embora não permitisse a construção de edifícios religiosos para esta prática e não permitia cerimônias públicas não católicas. {{Sfn|Rein|2013|pp=17–18}} Com o pivô da política externa da Espanha em relação aos [[Estados Unidos]] durante a [[Guerra Fria]], a situação mudou com a Lei de Liberdade Religiosa de 1967, que concedeu plenos direitos religiosos públicos aos não-católicos. {{Sfn|Rodgers|2002|p=337}} A derrubada do catolicismo como religião estatal explícita da Espanha e o estabelecimento do pluralismo religioso patrocinado pelo Estado seriam realizados na Espanha em 1978, com a nova [[Constituição espanhola de 1978|Constituição da Espanha]], três anos após a morte de Franco.

== Espanha sob Franco ==
{{Artigo principal|Espanha Franquista}}
[[Ficheiro:Visita_de_Francisco_Franco_a_la_localidad_de_Tolosa_(15_de_21)_-_Fondo_Car-Kutxa_Fototeka.jpg|miniaturadaimagem|Franco visita [[Tolosa (Espanha)|Tolosa]], 1948.]]
Franco foi reconhecido como chefe de estado espanhol pelo Reino Unido, França e Argentina em fevereiro de 1939. <ref>{{Citar jornal|ultimo=Juliá|primeiro=Santos|url=https://elpais.com/elpais/2015/11/02/opinion/1446471037_651866.html|titulo=El último Azaña|data=3 Nov 2015|acessodata=3 Jun 2019|website=[[El País]]|publicado=[[Prisa]]|lingua=es}}</ref> <ref>{{Citar periódico |url=https://www.valencia.es/ayuntamiento/publicaciones.nsf/0/F44ECD297CC3E998C125806600414E5C/$FILE/0001%20cronolog%C3%ADa%20general%20de%20la%20guerra%20civil.pdf?OpenElement&lang=2 |título=Cronología general de la Guerra Civil Española (1936–1939) |data=Out 2016 |acessodata=3 Jun 2019 |periódico=Oficina de Publicacinoes |publicado=Ajuntament de València |ultimo=Pérez Puche |primeiro=Francisco |pagina=53 |lingua=es}}</ref> Já proclamado ''[[Generalíssimo|Generalísimo]]'' dos Nacionalistas e ''Jefe del Estado'' ([[Chefe de Estado]]) em outubro de 1936, {{Sfn|Thomas|2013|p=424}} assumiu a partir de então o título oficial de "''Su Excelencia el Jefe de Estado''" ("Sua Excelência o Chefe de Estado"). Ele também foi referido em documentos oficiais e estaduais como "''[[Caudilho|Caudillo]] de España'' " ("o Líder da Espanha"), e às vezes chamado de "''el Caudillo de la Última Cruzada y de la Hispanidad'' " ("o Líder da Última [[Cruzada]] e de a herança hispânica") e "''el Caudillo de la Guerra de Liberación contra el Comunismo y sus Cómplices'' " ("o líder da guerra de libertação contra o comunismo e seus cúmplices").

No papel, Franco tinha mais poder do que qualquer líder espanhol antes ou depois. Durante os primeiros quatro anos após tomar Madrid, governou quase exclusivamente por decreto. A "Lei do Chefe de Estado", aprovada em agosto de 1939, "confiou permanentemente" todo o poder de governo a Franco; ele não era obrigado nem mesmo a consultar o gabinete para a maioria das legislações ou decretos. {{Sfn|Payne|1987|pp=231–234}} De acordo com Payne, Franco possuía muito mais poder diário do que Hitler ou Stalin possuíam nos respectivos auges de seu poder. Ele observou que, embora Hitler e Estaline mantivessem parlamentos carimbados, este não foi o caso em Espanha nos primeiros anos após a guerra - uma situação que nominalmente tornou o regime de Franco "o mais puramente arbitrário do mundo". {{Sfn|Payne|1987|p=323}}

Isto mudou em 1942, quando Franco convocou um parlamento conhecido como [[Cortes Españolas]]. Foi eleito de acordo com princípios corporativistas e tinha pouco poder real. Notavelmente, não tinha controlo sobre os gastos do governo e o governo não era responsável perante eles; os ministros foram nomeados e demitidos apenas por Franco.

Em 26 de julho de 1947, Franco proclamou a Espanha como monarquia, mas não designou um monarca. Este gesto foi feito em grande parte para apaziguar os monarquistas do ''[[Movimento Nacional|Movimiento Nacional]]'' ([[Carlismo|carlistas]] e [[Legitimismo|alfonsoístas]]). Franco deixou o trono vago, proclamando-se [[Regência (governo)|regente]] ''de facto'' vitalício. Ao mesmo tempo, Franco apropriou-se de muitos dos privilégios de um rei. Usava o uniforme de [[capitão-general]] (posto tradicionalmente reservado ao rei) e residia no [[Palácio Real d'O Pardo|Palácio El Pardo]]. Além disso, ele começou a andar sob um [[Baldaquino|dossel]] e seu retrato apareceu na maioria das moedas e selos postais espanhóis. Ele também acrescentou "[[pela graça de Deus]]", frase que geralmente faz parte dos estilos dos monarcas, ao seu estilo.

Franco inicialmente buscou apoio de vários grupos. A sua administração marginalizou os ideólogos fascistas em favor dos [[Tecnocracia|tecnocratas]], muitos dos quais estavam ligados ao [[Opus Dei]], que promoviam a modernização econômica. <ref>{{Citar web|url=http://lcweb2.loc.gov/frd/cs/estoc.html#es0034|titulo=The Franco Years: Policies, Programs, and Growing Popular Unrest|website=A Country Study: Spain|publicado=Library of Congress Country Studies}}</ref>

Franco adotou armadilhas fascistas, <ref name="b1">Laqueur, Walter (1996) [[iarchive:fascismpastprese00laqu|''Fascism: Past, Present, Future'']].</ref> <ref name="meneses">[[Filipe Ribeiro de Meneses|De Meneses, Filipe Ribeiro]] (2001) [https://books.google.com/books?id=InPG_1wKfCIC&dq ''Franco and the Spanish Civil War''].</ref> <ref name="gilmour">Gilmour, David (1985) [[iarchive:transformationof00gilm|''The Transformation of Spain: From Franco to the Constitutional Monarchy'']].</ref> {{Sfn|Payne|1999|pp=347, 476}} embora [[Stanley G. Payne|Stanley Payne]] argumentasse que muito poucos estudiosos o consideram um "fascista central". {{Sfn|Payne|1999|p=[https://archive.org/details/fascisminspain1900payn/page/476 476]}} Em relação ao regime, o ''Oxford Living Dictionary'' usa o regime de Franco como um exemplo de [[fascismo]], <ref>{{Citar web|url=http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/fascism|titulo=fascism, Oxford dictionaries|publicado=Oxford University Press|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120927025331/http://oxforddictionaries.com/definition/english/fascism|arquivodata=27 Set 2012|urlmorta=dead}}</ref> e também tem sido apresentado de várias maneiras como uma "ditadura fascistizada", {{Sfn|Saz Campos|2004|p=90}} ou um "regime semifascista". <ref name="Kornetis2019">{{Citar livro|título=Rethinking Democratisation in Spain, Greece and Portugal|ultimo=Kornetis|primeiro=Kostis|data=2019|editora=Springer|editor-sobrenome=Cavallaro|capitulo=Comparing the Transitions|isbn=978-3-030-11108-3|editor-sobrenome2=Kornetis}}</ref> Francisco Cobo Romero escreve que, além de neutralizar os avanços da esquerda usando um tipo essencialmente antiliberal de ultranacionalismo, "na sua tentativa de emular o fascismo, o franquismo recorreu à sacralização e à mistificação da pátria, elevando-a a um objecto de culto, e revestindo-a com uma divinização litúrgica do seu líder”. <ref>{{Citar periódico |url=https://www.revistaayer.com/sites/default/files/articulos/71-4-ayer71_ExtremaDerechaEspanaContemporanea_Cobo_Ortega.pdf |título=El franquismo y los imaginarios míticos del fascismo europeo de entreguerras |periódico=Ayer |número=3 |ultimo=Cobo Romero |primeiro=Francisco |ano=2008 |pagina=123 |issn=1134-2277 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20201021100630/http://revistaayer.com/sites/default/files/articulos/71-4-ayer71_ExtremaDerechaEspanaContemporanea_Cobo_Ortega.pdf |arquivodata=21 Out 2020 |volume=71}}</ref>

Em suma, alguns autores apontaram para uma suposta artificialidade e fracasso do FET JONS, a fim de diminuir a ênfase do peso fascista dentro do regime, enquanto outros incorporaram essas características percebidas de “partido fraco” dentro da estrutura de um modelo particular de “partido fraco”. fascismo espanhol". <ref name="sanzhoya">{{Citar livro|url=https://ifc.dpz.es/recursos/publicaciones/32/79/_ebook.pdf|título=Falange. Las culturas políticas del fascismo en la España de Franco (1936–1975)|ultimo=Sanz Hoya|primeiro=Julián|editora=Institución Fernando el Católico|ano=2013|editor-sobrenome=Ruiz Carnicer|editor-nome=Miguel Ángel|páginas=58|capitulo=Falangismo y dictadura. Una revisión de la historiografía sobre el fascismo español|isbn=978-84-9911-216-9|arquivourl=https://web.archive.org/web/20171201042205/https://ifc.dpz.es/recursos/publicaciones/32/79/_ebook.pdf|arquivodata=1 Dez 2017}}</ref> No entanto, tem sido argumentado que novo material de investigação sustenta o "sujeito fascista", tanto com base na existência de uma cultura política falangista fascista difundida e totalmente diferenciada, como na importância da Guerra Civil para o falangismo, que serviu como uma área de experiência, de violência, de memória, bem como para a geração de uma cultura de vitória. <ref name="sanzhoya" /> Na perspectiva de um comparativo dos fascismos europeus, Javier Rodrigo considera o regime franquista paradigmático por três razões: por ser o único regime europeu autoritário com aspirações totalitárias, por ser o regime que mais violência política exerceu em tempos de paz retórica, e por ser o regime que utiliza o aparato “memoricida” mais eficaz. <ref>{{Citar livro|título=Universo de micromundos. VI Congreso de Historia Local de Aragón|ultimo=Rodrigo|primeiro=Javier|editora=Institución Fernando el Católico|ano=2009|localização=Zaragoza|capitulo=La naturaleza del franquismo: un acercamiento desde la perspectiva comparada de los fascismos europeos|isbn=978-84-9911-005-9|arquivourl=|arquivodata=19 Dez 2009}}</ref>

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a Espanha sofreu as consequências do seu isolamento da economia internacional. A Espanha foi excluída do [[Plano Marshall]], <ref>{{Citar periódico |título=The Marshall Plan and the Spanish postwar economy: a welfare loss analysis |periódico=The Economic History Review |número=1 |ultimo=Carrasco-Gallego |primeiro=José A |ano=2012 |paginas=91–119 |doi=10.1111/j.1468-0289.2010.00576.x |jstor=41475546 |volume=65}}</ref> ao contrário de outros países neutros da Europa. Esta situação terminou em parte quando, à luz das tensões da [[Guerra Fria]] e da localização estratégica de Espanha, os Estados Unidos da América firmaram uma aliança comercial e militar com Franco. Esta aliança histórica começou com a visita do Presidente dos EUA, [[Dwight D. Eisenhower]], a Espanha em 1953, que resultou no [[Pacto de Madrid]]. A Espanha foi então admitida nas Nações Unidas em 1955. <ref>{{Citar periódico |título=Neither a Carrot nor a Stick: American Foreign Aid and Economic Policymaking in Spain during the 1950s |periódico=Diplomatic History |número=3 |ultimo=Calvo-Gonzalez |primeiro=O. |ano=2006 |pagina=409 |doi=10.1111/j.1467-7709.2006.00561.x |volume=30}}</ref> As instalações militares americanas construídas em Espanha desde então incluem a Estação Naval Rota, a Base Aérea de Morón e a [[Base Aérea de Torrejón de Ardoz|Base Aérea de Torrejón]]. {{Sfn|Rubottom|Murphy|1984|p=87}}

=== Repressão política ===
De acordo com as estimativas de Preston, as forças de Franco mataram cerca de 420.000 espanhóis no teatro de guerra, através de execuções extrajudiciais durante a Guerra Civil e em execuções estatais imediatamente após o seu fim em 1939. <ref name="Brenneis2018">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=cxBaDwAAQBAJ&pg=PA19|título=Spaniards in Mauthausen: Representations of a Nazi Concentration Camp, 1940–2015|ultimo=Brenneis|primeiro=Sara J.|data=2018|editora=University of Toronto Press|língua=en|isbn=978-1-4875-2131-8}}</ref> A primeira década do governo de Franco após o seu fim assistiu à repressão contínua e ao assassinato de um número indeterminado de opositores políticos. Em 1941, a população carcerária da Espanha era de 233.000, a maioria presos políticos. <ref name="Wiilsford1995">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=B8iJNlWcdIUC&pg=PA152|título=Political Leaders of Contemporary Western Europe: A Biographical Dictionary|ultimo=Wilsford|primeiro=David|editora=Greenwood Publishing Group|ano=1995|páginas=152–153|língua=en|isbn=978-0-313-28623-0}}</ref> De acordo com Antony Beevor, pesquisas recentes em mais de metade das províncias espanholas indicam pelo menos 35 mil execuções oficiais no país após a guerra, sugerindo que o número geralmente aceite de 35 mil execuções oficiais é baixo. Contabilizando os assassinatos não oficiais e aleatórios, e aqueles que morreram durante a guerra devido a execuções, suicídio, fome e doenças na prisão, o número total está provavelmente próximo de 200.000. {{Sfn|Beevor|2006|p=405}}
[[Ficheiro:Luis_Companys,_gobernador_civil_de_Barcelona,_en_Mundo_Gráfico_1931-04-29.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|[[Lluís Companys]], presidente da [[Catalunha]] sob a República, que foi executado por Franco em 1940]]
No início da década de 1950, o estado de Franco tornou-se menos violento, mas durante todo o seu governo, os sindicatos não governamentais e todos os oponentes políticos em todo o [[espectro político]], desde organizações [[Comunismo|comunistas]] e [[Anarquismo|anarquistas]] a [[Democracia liberal|democratas liberais]] e separatistas [[Nacionalismo catalão|catalães]] ou [[Nacionalismo basco|bascos]], foram suprimidos. ou rigidamente controladas por todos os meios, incluindo a repressão policial violenta. <ref name="GüellAmpuero2006">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=qC-RtdPIvzIC&pg=PA51|título=The Failure of Catalanist Opposition to Franco (1939–1950)|ultimo=Güell|primeiro=Casilda|ultimo2=Ampuero|primeiro2=Casilda Güell|editora=Editorial CSIC – CSIC Press|ano=2006|páginas=51–53|língua=en|isbn=978-84-00-08473-8}}</ref> Os sindicatos ''[[Confederação Nacional do Trabalho|Confederación Nacional del Trabajo]]'' (CNT) e ''[[Unión General de Trabajadores]]'' (UGT) foram proibidos e substituídos em 1940 pelo corporativista ''[[Sindicato Vertical]]'' . O [[Partido Socialista Operário Espanhol|Partido Socialista dos Trabalhadores Espanhóis]] e a ''[[Esquerda Republicana da Catalunha|Esquerra Republicana de Catalunya]]'' (ERC) foram banidos em 1939, enquanto o [[Partido Comunista de Espanha]] (PCE) passou à clandestinidade. O [[Partido Nacionalista Basco]] (PNV) exilou-se e, em 1959, o grupo armado [[Euskadi Ta Askatasuna]] (ETA) foi criado para travar uma [[Conflito de baixa intensidade|guerra de baixa intensidade]] contra Franco.

O nacionalismo espanhol de Franco promoveu uma identidade nacional unitária ao reprimir a diversidade cultural de Espanha. As [[Tauromaquia|touradas]] e o [[flamenco]] <ref>Roman, Mar (27 October 2007).</ref> foram promovidos como tradições nacionais, enquanto as tradições não consideradas "espanholas" foram suprimidas. A visão de Franco sobre a tradição espanhola era um tanto artificial e arbitrária: embora algumas tradições regionais fossem suprimidas, o flamenco, uma tradição andaluza, era considerado parte de uma identidade nacional mais ampla. Todas as atividades culturais estavam sujeitas à censura, e muitas, como a [[Sardana]], a dança nacional da [[Catalunha]], foram claramente proibidas (muitas vezes de forma errática). Esta política cultural foi relaxada ao longo do tempo, principalmente durante o final da década de 1960 e início da década de 1970.

Franco também usou a política linguística na tentativa de estabelecer a homogeneidade nacional. Promoveu o uso do [[Dialeto castelhano setentrional|espanhol castelhano]] e suprimiu outras línguas como o [[Língua catalã|catalão]], o [[Língua galega|galego]] e o [[Língua basca|basco]]. O uso legal de outras línguas além do castelhano foi proibido. Todos os documentos governamentais, notariais, legais e comerciais deveriam ser redigidos exclusivamente em castelhano e quaisquer documentos escritos em outras línguas seriam considerados nulos e sem efeito. O uso de qualquer outra língua era proibido nas escolas, na publicidade e nas placas de estradas e lojas. Para uso não oficial, os cidadãos continuaram a falar estas línguas. Esta foi a situação ao longo da década de 1940 e, em menor medida, durante a década de 1950, mas depois de 1960 as línguas espanholas não castelhanas foram faladas e escritas livremente e chegaram às livrarias e aos palcos, embora nunca tenham recebido estatuto oficial.

A maioria das cidades do interior e áreas rurais eram patrulhadas por duplas da ''[[Guarda Civil (Espanha)|Guardia Civil]]'', uma força policial militar para civis, que funcionava como principal meio de controle social de Franco. As grandes cidades e capitais estavam em sua maioria sob a jurisdição da [[Corpo de Polícia Armada e de Tráfego|Polícia Armada]], ou dos ''[[Corpo de Polícia Armada e de Tráfego|grises]]'' ("cinzas", devido à cor de seus uniformes), como eram chamados.

As revoltas estudantis nas universidades no final dos anos 1960 e início dos anos 1970 foram violentamente reprimidas pela fortemente armada ''Policía Armada'' (Polícia Armada), e policiais à paisana estiveram presentes em palestras em universidades espanholas. <ref name="Diéguez1973">{{Citar periódico |url=https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1080/03064227308532204 |título=Spain's golden silence |data=Mar 1973 |periódico=Index on Censorship |número=1 |ultimo=Diéguez |primeiro=Diego |pagina=91 |doi=10.1080/03064227308532204 |volume=2}}</ref> A aplicação pelas autoridades públicas dos [[Doutrina Social da Igreja|valores católicos]] tradicionais foi uma intenção declarada do regime, principalmente através da utilização de uma lei (a ''Ley de Vagos y Maleantes'', Lei da Vagabundagem) promulgada por [[Manuel Azaña Díaz|Azaña]]. <ref>{{Citar web|url=http://search.boe.es/g/es/bases_datos/tifs.php?coleccion=gazeta&anyo=1933&nbo=217&lim=A&pub=BOE&pco=874&pfi=877|titulo=Gazeta histórica: Referencia: Páginas TIFF|publicado=Boletín Oficial del Estado|arquivourl=https://web.archive.org/web/20071012090326/http://search.boe.es/g/es/bases_datos/tifs.php?coleccion=gazeta&anyo=1933&nbo=217&lim=A&pub=BOE&pco=874&pfi=877|arquivodata=12 Out 2007|urlmorta=dead}}</ref> Os restantes nómadas de Espanha (Gitanos e Mercheros como El Lute) foram especialmente afectados. Através desta lei, a homossexualidade e a prostituição foram consideradas crimes em 1954. <ref>{{Citar web|url=http://search.boe.es/datos/imagenes/BOE/1954/198/A04862.tif|titulo=4862 – 17 julio 1954 – B.O. del E. – Núm. 198|publicado=Boletín Oficial del Estado|arquivourl=https://web.archive.org/web/20080626065607/http://search.boe.es/datos/imagenes/BOE/1954/198/A04862.tif|arquivodata=26 Jun 2008|urlmorta=dead}}</ref>

=== As colônias espanholas e a descolonização ===
{{Mais informações|Império Espanhol}}A Espanha tentou manter o controle de suas colônias durante o governo de Franco. Durante a [[Guerra de Independência Argelina|Guerra da Argélia]] (1954-62), Madrid tornou-se a base da ''[[Organisation Armée Secrète]]'' (OEA), um grupo de direita do exército francês que procurava preservar a [[Argélia francesa|Argélia Francesa]]. Apesar disso, Franco foi forçado a fazer algumas concessões. Quando Marrocos se tornou independente da França em 1956, entregou os territórios do [[Protetorado Espanhol em Marrocos|protetorado espanhol]] ao estado recém-nascido, retendo apenas algumas cidades (as ''[[Plazas de soberanía]]''). No ano seguinte, [[Maomé V de Marrocos|Maomé V]] invadiu o [[Saara Espanhol]] durante a [[Guerra de Ifni]] (conhecida como a "Guerra Esquecida" na Espanha). Somente em 1975, com a [[Marcha Verde]], Marrocos assumiu o controle de todos os antigos territórios espanhóis no Saara.

Em 1968, sob pressão das Nações Unidas, <ref>{{Citar periódico |título=The Decolonization of Equatorial Guinea: The Relevance of the International Factor |periódico=The Journal of African History |número=1 |ultimo=Campos |primeiro=Alicia |ano=2003 |paginas=95–116 |doi=10.1017/s0021853702008319 |volume=44 |hdl-access=}}</ref> a Espanha concedeu a independência à [[Guiné Equatorial]] e, no ano seguinte, cedeu [[Ifni]] a Marrocos. Sob Franco, a Espanha também prosseguiu uma campanha para forçar uma negociação no [[Territórios Ultramarinos Britânicos|território ultramarino britânico]] de [[Gibraltar]], e fechou a sua fronteira com esse território em 1969. A fronteira não seria totalmente reaberta até 1985.

=== Política econômica ===
{{Artigo principal|vt=s|Milagre econômico espanhol}}
A Guerra Civil devastou a economia espanhola. <ref>{{Citar periódico |título=On the economic consequences of civil war |periódico=Oxford Economic Papers |ultimo=Collier |primeiro=Paul |ano=1999 |paginas=168–183 |doi=10.1093/oep/51.1.168 |volume=51}}</ref> As infraestruturas foram danificadas, os trabalhadores morreram e a atividade quotidiana foi gravemente prejudicada. Durante mais de uma década após a vitória de Franco, a economia devastada recuperou muito lentamente. Franco inicialmente seguiu uma política de [[autarquia]], cortando quase todo o comércio internacional. A política teve efeitos devastadores e a economia estagnou. Somente os comerciantes do mercado negro poderiam desfrutar de uma riqueza evidente.
[[File:Spanish_peseta_coin_with_Franco_1963.gif|esquerda|miniaturadaimagem|Moeda de [[Peseta|peseta espanhola]] de 1963 com uma imagem de Franco e letras dizendo: "Francisco Franco, Líder da Espanha, pela graça de Deus"]]
À beira da falência, uma combinação de pressões dos Estados Unidos e do [[Fundo Monetário Internacional|FMI]] conseguiu convencer o regime a adoptar uma economia de mercado livre. Muitos dos membros da velha guarda encarregados da economia foram substituídos por tecnocratas (''technocrata''), apesar de alguma oposição inicial de Franco. O regime deu os primeiros passos vacilantes no sentido de abandonar as suas pretensões de autossuficiência e no sentido de uma transformação do sistema económico espanhol. Os níveis de produção industrial anteriores à Guerra Civil foram recuperados no início da década de 1950, embora a produção agrícola tenha permanecido abaixo dos níveis anteriores à guerra até 1958. Os anos de 1951 a 1956 foram marcados por um progresso económico substancial, mas as reformas do período foram implementadas apenas esporadicamente e não foram bem coordenadas. A partir de meados da década de 1950, registou-se uma aceleração lenta mas constante da actividade económica, mas a relativa falta de crescimento (em comparação com o resto da Europa Ocidental) acabou por forçar o regime de Franco a permitir a introdução de políticas económicas liberais no final da década de 1950. Durante os anos de pré-estabilização de 1957-1959, os planeadores económicos espanhóis implementaram medidas parciais, tais como ajustamentos anti-inflacionários moderados e medidas incrementais para integrar a Espanha na economia global, mas os desenvolvimentos externos e o agravamento da crise económica interna forçaram-nos a adoptar medidas mais abrangentes. mudanças. Uma reorganização do Conselho de Ministros no início de 1957 trouxe um grupo de homens mais jovens, a maioria dos quais com formação em economia e experiência, para os principais ministérios. O processo de integração do país na economia mundial foi ainda facilitado pelas reformas do Plano de Estabilização e Liberalização de 1959. {{Sfn|Prados de la Escosura|2017|pp=6, 7, 20}} {{Sfn|Martin|1990|pp=140–141}}

Quando Franco substituiu os seus ministros ideológicos pelos tecnocratas apolíticos, o regime implementou várias políticas de desenvolvimento que incluíram reformas económicas profundas. Após uma recessão, o crescimento decolou a partir de 1959, criando um boom económico que durou até 1974, e ficou conhecido como o “[[Milagre econômico espanhol|milagre espanhol]]”. <ref>{{Citar livro|url=https://link.springer.com/book/10.1057/9781137329905|título=Industrial Policy in Europe after 1945: Wealth, Power and Economic Development in the Cold War|primeiro1=Joseba|primeiro2=Mario|publicado=Palgrave Macmillan|ano=2014|editor-last=Grabas|editor-first=Christian|páginas=162–183|doi=10.1057/9781137329905|isbn=978-1-137-32990-5|editor-last2=Nützenadel|editor-first2=Alexander|último1=De la Torre|último2=García-Zúñiga|capítulo=Was it a Spanish Miracle? Development Plans and Regional Industrialization, 1950–1975}}</ref>

Simultaneamente à ausência de reformas sociais e à mudança de poder económico, iniciou-se uma onda de emigração em massa para outros países europeus e, em menor grau, para a América do Sul. A emigração ajudou o regime de duas maneiras. O país livrou-se de populações que não teria sido capaz de manter no emprego e os emigrantes forneceram ao país as tão necessárias remessas monetárias. <ref>{{Citar livro|url=https://link.springer.com/book/10.1057/9781137329905|título=Industrial Policy in Europe after 1945: Wealth, Power and Economic Development in the Cold War|primeiro1=Joseba|primeiro2=Mario|publicado=Palgrave Macmillan|ano=2014|editor-last=Grabas|editor-first=Christian|páginas=162–183|doi=10.1057/9781137329905|isbn=978-1-137-32990-5|editor-last2=Nützenadel|editor-first2=Alexander|último1=De la Torre|último2=García-Zúñiga|capítulo=Was it a Spanish Miracle? Development Plans and Regional Industrialization, 1950–1975}}</ref>

Durante a década de 1960, as classes ricas da Espanha franquista experimentaram novos aumentos de riqueza, especialmente aqueles que permaneceram politicamente fiéis, enquanto uma classe média florescente tornou-se visível à medida que o "milagre econômico" progredia. As empresas internacionais estabeleceram fábricas em Espanha onde os salários eram baixos, os impostos sobre as empresas muito baixos, as greves proibidas e a saúde dos trabalhadores ou as proteções estatais quase desconhecidas. Empresas estatais como o fabricante de automóveis [[SEAT]], o construtor de caminhões [[Pegaso]] e a refinaria de petróleo INH expandiram enormemente a produção. Além disso, a Espanha era praticamente um novo mercado de massa. A Espanha tornou-se a segunda economia com crescimento mais rápido no mundo entre 1959 e 1973, atrás apenas do [[Japão]]. Na altura da morte de Franco, em 1975, a Espanha ainda estava atrás da maior parte da Europa Ocidental, mas a diferença entre o seu PIB per capita e o dos principais países da Europa Ocidental tinha diminuído bastante, e o país tinha desenvolvido uma grande economia industrializada. <ref>{{Citar livro|url=https://link.springer.com/book/10.1057/9781137329905|título=Industrial Policy in Europe after 1945: Wealth, Power and Economic Development in the Cold War|primeiro1=Joseba|primeiro2=Mario|publicado=Palgrave Macmillan|ano=2014|editor-last=Grabas|editor-first=Christian|páginas=162–183|doi=10.1057/9781137329905|isbn=978-1-137-32990-5|editor-last2=Nützenadel|editor-first2=Alexander|último1=De la Torre|último2=García-Zúñiga|capítulo=Was it a Spanish Miracle? Development Plans and Regional Industrialization, 1950–1975}}</ref>

== Sucessão ==
[[Ficheiro:In_Madrid_is_herdacht_dat_Franco_30_jaar_geleden_de_burgeroorlog_(_1936_1939_)_w,_Bestanddeelnr_922-4913_(cropped).jpg|miniaturadaimagem|Franco com o príncipe [[Juan Carlos da Espanha|Juan Carlos]] em 1969]]
No final da década de 1960, o idoso Franco decidiu nomear um monarca para suceder à sua regência, mas as tensões latentes entre os [[Carlismo|carlistas]] e os [[Legitimismo|alfonsoístas]] continuaram. Em 1969, Franco nomeou formalmente como seu herdeiro aparente o príncipe [[Juan Carlos da Espanha|Juan Carlos de Borbón]], que havia sido educado por ele na Espanha, <ref name="Prseton2014">{{Citar revista|sobrenome=Preston|primeiro=Paul|data=Jul 2014|título=Four Decades of Triumph and Trials|url=https://www.lse.ac.uk/International-History/Images/People/Emeritus-Distinguished-Staff/preston/PrestonFourDecadesofTriumphandTrial.pdf|revista=Extraordinary and Plenipotentiary Diplomatist|acessodata=18 Nov 2023}}</ref> com o novo título de [[Príncipe de Espanha|Príncipe da Espanha]], sugerido por [[Laureano López Rodó]] para evitar um confronto com o pai do príncipe de Juan Carlos, [[João, Conde de Barcelona|Juan de Borbón, o Conde de Barcelona]]. <ref name="Tusell">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=LRbcEAAAQBAJ&pg=PA218|título=Spain: From Dictatorship to Democracy|ultimo=Tusell|primeiro=Javier|data=2011|editora=John Wiley & Sons|isbn=978-1-4443-3974-1}}</ref> Esta designação foi uma surpresa para o pretendente carlista ao trono, o [[Xavier, Duque de Parma|príncipe Xavier de Bourbon-Parma]], bem como para Don Juan. <ref name="Powell201636">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=1hK_DAAAQBAJ&pg=PA215|título=Juan Carlos of Spain: Self-Made Monarch|ultimo=Powell|primeiro=Charles|data=2016|editora=Springer|páginas=36–37, 215–216|isbn=978-1-349-24423-2}}</ref>

À medida que os seus últimos anos avançavam, as tensões dentro das várias facções do ''Movimento'' consumiriam a vida política espanhola, à medida que vários grupos disputavam posições num esforço para ganhar o controlo do futuro do país.

== Honras ==
{{Artigo principal|Carreira militar e honras de Francisco Franco#Honras}}

== Morte e funeral ==
[[Ficheiro:Carlos_Arias_Navarro_and_Franco_1975.jpg|direita|miniaturadaimagem|[[Carlos Arias Navarro]] e Franco em sua residência em outubro de 1975, cerca de uma semana antes de entrar em coma irreversível]]
Em 19 de julho de 1974, o idoso Franco adoeceu devido a vários problemas de saúde e Juan Carlos assumiu o cargo de chefe de estado interino. Franco recuperou-se e a 2 de setembro retomou as suas funções como chefe de Estado. Um ano depois, ele adoeceu novamente, sofrendo de outros problemas de saúde, incluindo uma longa batalha contra a [[doença de Parkinson]]. A última aparição pública de Franco foi em 1º de outubro de 1975, quando, apesar de sua aparência magra e frágil, fez um discurso para multidões na varanda do [[Palácio Real de Madrid]], alertando o povo de que havia uma "conspiração maçônica, esquerdista e comunista contra a Espanha". ." Em 30 de outubro de 1975, ele entrou em coma e foi colocado em [[Suporte à vida|aparelhos de suporte vital]]. A família de Franco concordou em desligar as máquinas de suporte vital. Oficialmente, faleceu poucos minutos depois da meia-noite do dia 20 de novembro de 1975, de insuficiência cardíaca, aos 82 anos - na mesma data da morte de [[José António Primo de Rivera|José Antonio Primo de Rivera]], o fundador da [[Falange Espanhola|Falange]], em 1936. O historiador Ricardo de la Cierva afirmou, no entanto, que lhe foi dito por volta de 6h da tarde do dia 19 de novembro que Franco já havia morrido. <ref>{{Citar livro|título=Agonia y Muerte de Franco|ultimo=de la Cierva|primeiro=Ricardo|data=1996|editora=Eudema Universidad|língua=es|isbn=978-8477542179|autorlink=Ricardo de la Cierva}}</ref>

Assim que a notícia da morte de Franco foi tornada pública, o governo declarou trinta dias de luto nacional oficial. Em 22 de novembro, Juan Carlos foi oficialmente proclamado [[Monarquia Espanhola|Rei da Espanha]]. Houve uma exibição pública do corpo de Franco na capela do Palácio Real; uma missa de réquiem e um desfile militar foram realizados no dia de seu enterro. {{Sfnp|Ellwood|2014}}

O corpo de Franco foi enterrado no [[Vale de Cuelgamuros|Vale dos Caídos]] ([[Língua castelhana|espanhol]] : ''Valle de los Caídos''), um memorial colossal construído pelo trabalho forçado de [[Preso político|prisioneiros políticos]], ostensivamente para homenagear as vítimas de ambos os lados da Guerra Civil Espanhola. Localizava-se a apenas 10 quilômetros do palácio, mosteiro e panteão real de [[Mosteiro do Escorial|El Escorial]] construído para o [[Filipe II de Espanha|rei Felipe II]]. Em 1 de abril de 1959, Franco inaugurou a sua enorme basílica subterrânea como seu monumento e [[mausoléu]], dizendo nas suas próprias palavras que foi construída "em memória da minha vitória sobre o comunismo, que tentava dominar a Espanha". O arquiteto do projeto, Diego Méndez, construiu um túmulo forrado de chumbo para Franco sob o piso do [[transepto]], atrás do altar-mor da igreja, em 1956, fato desconhecido do povo espanhol até quase trinta anos depois. {{Sfnp|Ellwood|2014}} Franco foi a única pessoa enterrada no Vale que não morreu durante a guerra civil. <ref name="Seixas2021">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=UxMtEAAAQBAJ&pg=PT107|título=Sites of the Dictators: Memories of Authoritarian Europe, 1945–2020|ultimo=Seixas|primeiro=Xosé M. Núñez|editora=Routledge|ano=2021|isbn=978-1-000-39702-4}}</ref> Foi sepultado a poucos metros do túmulo do fundador da Falange, José Antonio. <ref name="Cazorla-Sanchez2013b">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=EdcdAAAAQBAJ&pg=PA223|título=Franco: The Biography of the Myth|ultimo=Cazorla-Sanchez|primeiro=Antonio|editora=Routledge|ano=2013|isbn=978-1-134-44949-1}}</ref>

Uma missa de réquiem e um desfile militar ocorreram no dia de seu enterro, 23 de novembro de 1975. Quando o [[cortejo]] com o corpo de Franco chegou ao Vale dos Caídos, cerca de 75.000 direitistas vestindo as [[Camisas Azuis (Falange)|camisas azuis]] dos [[Falange Espanhola Tradicionalista e das Juntas de Ofensiva Nacional Sindicalista|falangistas]] o saudaram com canções rebeldes da guerra civil e [[Saudação romana|saudações fascistas]]. <ref name="Keefe1976">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=6uSWE3EYvBkC&pg=PR6|título=Area Handbook for Spain|ultimo=Keefe|primeiro=Eugene K.|editora=U.S. Government Printing Office|ano=1976|isbn=978-0-16-001567-0}}</ref>

Os principais governos europeus, que condenaram o regime de Franco, recusaram-se a enviar representantes de alto nível ao seu funeral. <ref name="Whitehead 2001">{{Citar livro|url=https://charlespowell.eu/wp-content/uploads/2016/02/1996-International-aspects-of-democratization.-The-case-of-Spain.pdf|título=The International Dimensions of Democratization: Europe and the Americas|ultimo=Powell|primeiro=Charles|data=2001|editor-sobrenome=Whitehead|capitulo=International Aspects of Democratization: The Case of Spain|arquivourl=https://web.archive.org/web/20190518212302/http://charlespowell.eu/wp-content/uploads/2016/02/1996-International-aspects-of-democratization.-The-case-of-Spain.pdf|arquivodata=18 Maio 2019}}</ref> Alguns dos poucos dignitários estrangeiros e representantes do governo que compareceram foram: [[Nelson Rockefeller]], [[vice-presidente dos Estados Unidos]], <ref name="Munoz2008">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=e_qN1cY-MEwC&pg=PA98|título=The Dictator's Shadow: Life Under Augusto Pinochet|ultimo=Munoz|primeiro=Heraldo|editora=Basic Books|ano=2008|isbn=978-0-7867-2604-2}}</ref> [[Malcolm Shepherd, 2º Barão Shepherd|Lord Shepherd]], líder da [[Câmara dos Lordes]] do Reino Unido <ref name="SalmonHamilton2006">{{Citar livro|título=Documents on British Policy Overseas|editora=Psychology Press|ano=2006|editor-sobrenome=Salmon|series=III|volume=V|capitulo=Political Change in Portugal and Spain, 1975-1976: The Southern Flank in Crisis|isbn=978-0-7146-5114-9|editor-sobrenome2=Hamilton}}</ref> ([[Harold Wilson]] causou polêmica dentro do [[Partido Trabalhista (Reino Unido)|Partido Trabalhista]] enviando-o para representar o Governo do Reino Unido), <ref name="TheTimes1975">{{Citar jornal|ultimo=Political Staff|url=|titulo=MPs censure 'courtesy' to Franco|data=5 Dez 1975|website=The Times|local=London}}</ref> [[Rainier III de Mônaco|Príncipe Rainier III de Mônaco]], [[Hussein da Jordânia|Rei Hussein da Jordânia]], [[Imelda Marcos]], Primeira Dama das [[Filipinas]] e esposa de [[Ferdinando Marcos|Ferdinand Marcos]], ditador das Filipinas, <ref name="Wheeler2020">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=mmgCEAAAQBAJ&pg=PT68|título=Following Franco: Spanish culture and politics in transition|ultimo=Wheeler|primeiro=Duncan|editora=Manchester University Press|ano=2020|isbn=978-1-5261-0520-2}}</ref> [[Hugo Banzer]], ditador militar da Bolívia, <ref name="Cazorla-Sanchez2013b2">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=EdcdAAAAQBAJ&pg=PA223|título=Franco: The Biography of the Myth|ultimo=Cazorla-Sanchez|primeiro=Antonio|editora=Routledge|ano=2013|isbn=978-1-134-44949-1}}</ref> e o [[general]] [[Augusto Pinochet]], ditador do [[Chile]], <ref name="Munoz2008" /> para quem o ''Caudillo'' espanhol foi um modelo. Ficou claro ao General Pinochet que ele não seria bem-vindo na coroação de Juan Carlos. <ref name="Powell2016">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=1hK_DAAAQBAJ&pg=PA84|título=Juan Carlos of Spain: Self-Made Monarch|ultimo=Powell|primeiro=Charles|data=2016|editora=Springer|isbn=978-1-349-24423-2}}</ref>

Após o funeral de Franco, sua viúva, Carmen Polo, supervisionou a movimentação de caixas de joias, antiguidades, obras de arte e papéis de Franco para as diversas propriedades da família na Espanha ou para refúgios seguros em países estrangeiros. A família permaneceu extremamente rica após sua morte. Polo tinha um quarto em seu apartamento cujas paredes eram forradas do chão ao teto com quarenta colunas de vinte gavetas, algumas contendo tiaras, colares, brincos, guirlandas, broches e camafeus. Outros continham ouro, prata, diamantes, esmeraldas, rubis, topázios e pérolas, mas as joias mais valiosas eram guardadas em cofres de bancos. {{Sfn|Preston|2020|p=406}}

== Exumação ==
[[Ficheiro:SPA-2014-San_Lorenzo_de_El_Escorial-Valley_of_the_Fallen_(Valle_de_los_Caídos).jpg|miniaturadaimagem|Em 2019, o corpo de Franco foi retirado do monumento de Santa Cruz del [[Vale de Cuelgamuros|Valle de los Caídos]], onde estava desde o seu funeral em 1975.]]
Em 11 de maio de 2017, o [[Congresso dos Deputados (Espanha)|Congresso dos Deputados]] aprovou, por 198-1 com 140 abstenções, uma moção impulsionada pelo [[Partido Socialista Operário Espanhol|Partido Socialista dos Trabalhadores]] ordenando ao [[Governo da Espanha|Governo]] a [[Sepultamento|exumação]] dos restos mortais de Franco. <ref>{{Citar web|url=https://www.elmundo.es/espana/2017/05/11/5914457c22601dbc1d8b45df.html|titulo=El Congreso aprueba pedir al Gobierno la exhumación de los restos de Franco del Valle de los Caídos|data=11 Maio 2017|acessodata=15 Mar 2019|website=ELMUNDO|lingua=es}}</ref>

Em 24 de agosto de 2018, o Governo do Primeiro-Ministro [[Pedro Sánchez]] aprovou alterações legais à [[Lei da Memória Histórica]] estabelecendo que apenas aqueles que morreram durante a [[Guerra Civil Espanhola|Guerra Civil]] seriam enterrados no Valle de los Caídos, resultando em planos para exumar os restos mortais de Franco para serem enterrados noutro local. A vice-primeira-ministra Carmen Calvo Poyato afirmou que o enterro de Franco no monumento “mostra uma falta de respeito ... pelas vítimas ali enterradas”. O governo deu à família de Franco um prazo de 15 dias para decidir o local de descanso final de Franco, ou então um "local digno" seria escolhido pelo governo. <ref>{{Citar jornal|url=https://www.independent.co.uk/news/world/europe/general-franco-valley-fallen-spain-body-exhumed-fascist-dictator-a8506541.html|titulo=Spain to dig up Franco's body after government passes decree|data=24 Ago 2018|acessodata=26 Ago 2018|website=[[The Independent]]}}</ref>

Em 13 de setembro de 2018, o [[Congresso dos Deputados (Espanha)|Congresso dos Deputados]] votou 176-2, com 165 abstenções, para aprovar o plano do governo para remover o corpo de Franco do monumento. <ref>{{Citar jornal|url=https://www.reuters.com/article/us-spain-politics-franco/spanish-parliament-votes-to-exhume-remains-of-dictator-franco-idUSKCN1LT2C9|titulo=Spanish parliament votes to exhume remains of dictator Franco|data=13 Set 2018|acessodata=13 Set 2018|website=[[Reuters]]}}</ref>

A família de Franco opôs-se à exumação e tentou evitá-la apelando à Provedoria de Justiça. A família manifestou o desejo de que os restos mortais de Franco fossem reenterrados com todas as honras militares na [[Catedral de Santa Maria a Real de Almudena|Catedral da Almudena]], no centro de [[Madrid]], local de sepultamento que ele havia solicitado antes de sua morte. <ref>{{Citar jornal|ultimo=Junquera|primeiro=Natalia|url=https://elpais.com/elpais/2018/10/02/inenglish/1538471266_523006.html|titulo=Franco's family demands dictator be buried with military honors|data=3 Out 2018|acessodata=15 Mar 2019|website=El País|issn=1134-6582}}</ref> A exigência foi rejeitada pelo Governo espanhol, que deu mais 15 dias para escolha de outro local. <ref>{{Citar web|ultimo=Rob Picheta|url=https://edition.cnn.com/2019/02/17/europe/spain-government-franco-exhumation-deadline-intl/index.html|titulo=Spanish government gives Franco family ultimatum in effort to exhume dictator's remains|data=17 Fev 2019|acessodata=15 Mar 2019|website=CNN}}</ref> Como a família se recusou a escolher outro local, o governo espanhol acabou optando por enterrar novamente Franco no Cemitério Mingorrubio em [[El Pardo]], onde sua esposa Carmen Polo e vários funcionários franquistas, principalmente os primeiros-ministros [[Luis Carrero Blanco]] e [[Carlos Arias Navarro]], estão enterrado. <ref>{{Citar periódico |url=https://www.eldiario.es/politica/Mingorrubio-franquista-Franco-Valle-Caidos_0_878062911.html |título=Mingorrubio, la antigua colonia franquista donde se enterraría a Franco: "No queremos ser el Valle de los Caídos" |data=15 Mar 2019 |periódico=[[eldiario.es]] |ultimo=Plaza |primeiro=Analía}}</ref> O seu corpo deveria ser exumado do Valle de los Caídos em 10 de junho de 2019, mas o Supremo Tribunal de Espanha decidiu que a exumação seria adiada até que a família tivesse esgotado todos os recursos possíveis. <ref>{{Citar web|url=https://elpais.com/elpais/2019/06/10/inenglish/1560170915_878153.html|titulo=Spain's Supreme Court suspends the planned exhumation of Franco|data=4 Jun 2019|acessodata=30 Jun 2019|website=El Pais}}</ref>

Em 24 de setembro de 2019, o Supremo Tribunal decidiu que a exumação poderia prosseguir e o governo Sánchez anunciou que transferiria os restos mortais de Franco para o cemitério de Mingorrubio o mais rapidamente possível. <ref>{{Citar web|url=https://www.theguardian.com/world/2019/sep/24/franco-body-moved-burial-site-spain-court|titulo=Spain to move Franco's remains after court gives go-ahead|data=24 Set 2019|acessodata=25 Set 2019|website=The Guardian}}</ref> Em 24 de outubro de 2019, seus restos mortais foram transferidos para o mausoléu de sua esposa, localizado no Cemitério Mingorrubio, e sepultados em cerimônia privada. <ref>{{Citar jornal|ultimo=Jone|primeiro=Sam|url=https://www.theguardian.com/world/2019/oct/23/francos-remains-to-finally-leave-spains-valley-of-the-fallen|titulo=Franco's remains to finally leave Spain's Valley of the Fallen|data=23 Out 2019|acessodata=24 Nov 2019|website=The Guardian|local=UK}}</ref> Embora tenha sido impedido pelo governo espanhol de ser envolto na bandeira espanhola, o neto de Francisco Franco, também chamado Francisco Franco, envolveu o seu caixão na bandeira nacionalista. <ref>{{Citar jornal|url=https://www.reuters.com/article/us-spain-politics-franco-idUSKBN1X22QW|titulo=Confronting its troubled past, Spain exhumes Franco|data=24 Out 2019|acessodata=26 Nov 2019|website=Reuters}}</ref> Segundo uma sondagem do jornal espanhol ''[[El Mundo (Espanha)|El Mundo]]'', 43% dos espanhóis aprovaram a exumação enquanto 32,5% se opuseram. As opiniões sobre a exumação foram divididas por linha partidária, com o Partido Socialista fortemente a favor da exumação, bem como da remoção da sua estátua ali. Parece não haver consenso sobre se a estátua deve ser simplesmente movida ou completamente destruída. <ref>{{Citar jornal|url=https://www.reuters.com/article/us-spain-politics-franco-reactions-factb-idUSKBN1X31EO|titulo=Factbox: Reactions to Spain's exhumation of former dictator Franco|data=24 Out 2019|acessodata=26 Nov 2019|website=Reuters}}</ref>

== Legado ==
{{Mais informações|Transição Espanhola}}Em Espanha e no estrangeiro, o legado de Franco continua controverso. A longevidade do governo de Franco, a supressão da oposição política e a propaganda eficaz do seu governo sustentada ao longo dos anos tornaram difícil uma avaliação imparcial. Durante quase 40 anos, os espanhóis, e especialmente as crianças na escola, foram informados de que a [[Divina Providência]] tinha enviado Franco para salvar a Espanha do caos, do ateísmo e da pobreza. <ref>{{Citar periódico |título=Emotional indoctrination through sentimental narrative in Spanish primary education textbooks during the Franco dictatorship (1939–1959) |data=Mar 2016 |periódico=[[History of Education Quarterly]] |número=5 |ultimo=Mahamud |primeiro=Kira |paginas=653–678 |doi=10.1080/0046760X.2015.1101168 |volume=45}}</ref> O historiador Stanley Payne descreveu Franco como sendo a figura mais significativa a dominar a Espanha desde o [[Filipe II de Espanha|rei Felipe II]], {{Sfn|Payne|Palacios|2014|p=501}} enquanto Michael Seidman argumentou que Franco foi o líder contra-revolucionário de maior sucesso do século XX. {{Sfn|Seidman|2011|p=254}}

Uma figura altamente controversa em Espanha, Franco é visto como um líder divisionista. Os apoiantes atribuem-lhe o crédito por manter a Espanha neutra e não invadida durante a [[Segunda Guerra Mundial]]. Eles enfatizam as suas fortes opiniões anticomunistas e nacionalistas, políticas económicas e oposição ao socialismo como factores importantes no sucesso económico da Espanha no pós-guerra e na posterior integração internacional. <ref>{{Citar livro|título=The Franco Regime, 1936–1975|ultimo=Stanley G. Payne|editora=Univ of Wisconsin Press|ano=1987|páginas=339–41|isbn=978-0-299-11070-3}}</ref> Pela neutralidade da Espanha durante a guerra, ele foi elogiado por [[Winston Churchill]], [[Charles de Gaulle]] e [[Franklin D. Roosevelt]]. {{Sfn|Hayes|1951|p=151}} <ref name="DOS2">{{Citar livro|título=Foreign Relations of the United States Diplomatic Papers · Volume 3|editora=United States. Department of State · 1961|páginas=306}}</ref> Ele também foi apoiado por [[Konrad Adenauer]] e muitos católicos americanos, mas mais tarde foi fortemente combatido pela administração [[Harry S. Truman|Truman]]. <ref>{{Citar livro|título=Truman, Franco's Spain, and the Cold War|ultimo=Wayne H. Bowen|editora=University of Missouri Press|ano=2017|páginas=60, 70|isbn=978-0-8262-7384-0}}</ref>
[[Ficheiro:NasserFranco.png|alt=NasserFranco|miniaturadaimagem|Franco cumprimentando [[Gamal Abdel Nasser]] no aeroporto de Madrid, 24 de setembro de 1960]]
O comentarista conservador americano [[William F. Buckley Jr.|William F. Buckley, Jr]], era um admirador de Franco, e elogiou-o efusivamente em sua revista, ''National Review'', onde a equipe também era fervorosa admiradora do ditador. Em 1957, Buckley chamou-o de "um autêntico herói nacional", <ref name="Buckley1963">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=EOghAAAAMAAJ&q=%22General%20Franco%22|título=Rumbles Left and Right: A Book about Troublesome People and Ideas|ultimo=Buckley|primeiro=William F. Jr|editora=Putnam|ano=1963|língua=en}}</ref> que "acima de outros" tinha as qualidades necessárias para arrancar a Espanha "das mãos dos visionários, ideólogos, marxistas e niilistas", ou seja, dos democraticamente eleitos governo do país. <ref name="Krugman2009">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=AHgZib2fngIC&pg=PA103|título=The Conscience of a Liberal|ultimo=Krugman|primeiro=Paul|editora=W. W. Norton & Company|ano=2009|páginas=103, 108|língua=en|isbn=978-0-393-06711-8}}</ref>

Por outro lado, os críticos da [[Esquerda (política)|esquerda]] denunciaram-no como um tirano responsável por milhares de mortes em anos de repressão política e chamaram-no cúmplice das atrocidades cometidas pelas forças do Eixo durante a Segunda Guerra Mundial devido ao seu apoio aos governos do Eixo.

Quando morreu, em Novembro de 1975, os principais partidos da esquerda e da direita em Espanha concordaram em seguir o [[Pacto do esquecimento|Pacto do Esquecimento]]. Para garantir a transição para a democracia, concordaram em não ter investigações ou processos judiciais relacionados com a guerra civil ou com Franco. O acordo expirou efetivamente após 2000, ano em que a [[Associação para a Recuperação da Memória Histórica]] (ARMH) foi fundada e o debate público iniciado. <ref>{{Citar revista|sobrenome=Palmer|primeiro=Alex W.|data=Jul 2006|título=The Battle Over the Memory of the Spanish Civil War|url=http://articles.chicagotribune.com/2006-08-03/news/0608030227_1_spanish-civil-war-generalissimo-francisco-franco-international-brigades|revista=[[Smithsonian Magazine]]|volume=49|número=4|acessodata=20 Ago 2018}}</ref> Em 2006, uma sondagem indicou que quase dois terços dos espanhóis eram a favor de uma "nova investigação da guerra". <ref name="fresh">{{Citar jornal|ultimo=Hundley|primeiro=Tom|url=http://articles.chicagotribune.com/2006-08-03/news/0608030227_1_spanish-civil-war-generalissimo-francisco-franco-international-brigades|titulo=Spain handles with care memories of its civil war|data=3 Ago 2006|acessodata=20 Ago 2018|website=[[Chicago Tribune]]}}</ref>

Franco serviu de modelo para vários ditadores [[Anticomunismo|anticomunistas]] na América do Sul. Sabe-se que [[Augusto Pinochet]] admirava Franco. <ref>{{Citar jornal|ultimo=Cedéo Alvarado|primeiro=Ernesto|url=http://www.panamaamerica.com.pa/content/rey-juan-carlos-abochorn%C3%B3-pinochet|titulo=Rey Juan Carlos abochornó a Pinochet|data=4 Fev 2008|acessodata=4 Abr 2016|website=Panamá América}}</ref> Da mesma forma, ainda em 2006, os apoiantes de Franco em Espanha homenagearam Pinochet. <ref>{{Citar jornal|ultimo=<!--Not stated-->|url=http://www.lacuarta.com/diario/2007/01/12/12.14.4a.VUE.VIUDOS.html|titulo=Viudos de Franco homenajearon a Pinochet en España|data=18 Out 2013|acessodata=20 Ago 2018|website=[[La Cuarta]]|local=Chile|lingua=es|titulotrad=Widows of Franco Honour Pinochet in Spain|arquivourl=https://web.archive.org/web/20150205083046/http://www.lacuarta.com/diario/2007/01/12/12.14.4a.VUE.VIUDOS.html|arquivodata=5 Fev 2015|urlmorta=dead}}</ref>

Em 2006, a [[BBC]] informou que [[Maciej Giertych]], [[eurodeputado]] da Liga clerical-nacionalista das Famílias Polacas, manifestou admiração por Franco, afirmando que o líder espanhol "garantiu a manutenção dos valores tradicionais na Europa". <ref>[http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/5151504.stm Europe diary: Franco and Finland], [[BBC News]], 6 July 2006</ref>
[[Ficheiro:Monument_a_Franco_a_Madrid012.JPG|direita|miniaturadaimagem|Grupo de simpatizantes de extrema direita fazendo a [[Saudação romana|saudação fascista]] diante do pedestal vazio do qual a estátua equestre de Franco em Madrid foi recentemente removida em março de 2005]]
Os espanhóis que sofreram sob o governo de Franco tentaram remover memoriais do seu regime. A maioria dos edifícios governamentais e ruas que receberam o nome de Franco durante o seu governo foram revertidos para os seus nomes originais. Devido ao histórico de Franco em matéria de direitos humanos, o governo espanhol proibiu em 2007 todas as referências públicas oficiais ao regime de Franco e começou a remover todas as estátuas, nomes de ruas e memoriais associados ao regime, tendo a última estátua sido supostamente removida em 2008 no cidade de Santander. <ref name="Statue">[http://www.elpais.com/articulo/espana/Santander/retira/estatua/Franco/elpepuesp/20081218elpepunac_2/Tes ''Santander retira la estatua de Franco''], [[El País]], 18 December 2008</ref> As igrejas que conservarem placas em homenagem a Franco e às [[Terror Vermelho (Espanha)|vítimas]] dos seus opositores republicanos podem perder ajuda estatal. <ref name="Guardian">{{Citar jornal|ultimo=Hamilos|primeiro=Paul|url=https://www.theguardian.com/world/2007/oct/18/spain.paulhamilos|titulo=Rallies banned at Franco's mausoleum|data=19 Out 2007|acessodata=3 Jan 2010|website=The Guardian|local=UK}}</ref> Desde 1978, o hino nacional da Espanha, a ''[[Marcha Real]]'', não inclui letras introduzidas por Franco. As tentativas de dar novas letras ao hino nacional falharam devido à falta de consenso.

Em 11 de Fevereiro de 2004, Luis Yáñez-Barnuevo e outros apresentaram uma moção para a "Necessidade de condenação internacional do regime de Franco" à Assembleia Parlamentar do [[Conselho da Europa]]. <ref name="Councilof Europe2005">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=IWbEgwGpP2EC&pg=PA135|título=Documents: Working Papers, 2004 Ordinary Session (Second Part), 26–30 April 2004, Vol. 3|ultimo=Council of Europe: Parliamentary Assembly|editora=Council of Europe|ano=2005|língua=en|isbn=978-92-871-5508-5}}</ref> Em Março de 2006, a Comissão Permanente da Assembleia Parlamentar adoptou por unanimidade uma resolução condenando "firmemente" as "múltiplas e graves violações" dos direitos humanos cometidas em Espanha durante o regime franquista de 1939 a 1975. <ref name="EP">[http://www.elmundo.es/elmundo/2006/03/17/espana/1142617936.html ''Primera condena al régimen de Franco en un recinto internacional''], [[EFE]], ''[[El Mundo (Espanha)|El Mundo]]'', 17 March 2006 {{In lang|es}}</ref> A resolução foi uma iniciativa de Leo Brincat e do historiador Luis María de Puig e foi a primeira condenação oficial internacional da repressão decretada pelo regime de Franco. A resolução também pedia que os historiadores (profissionais e amadores) tivessem acesso aos vários arquivos do regime franquista, incluindo os da Fundação Nacional Francisco Franco (FNFF) privada que, juntamente com outros arquivos franquistas, permanecem inacessíveis ao público a partir de 2006. A FNFF recebeu vários arquivos do [[Palácio Real d'O Pardo|Palácio El Pardo]] e teria vendido alguns deles a particulares. {{Sfn|Galaz|Gómez|2007}} Além disso, a resolução instava as autoridades espanholas a montarem uma [[Exposição artística|exposição]] subterrânea no monumento do [[Vale de Cuelgamuros|Vale de los Caidos]] para explicar as condições “terríveis” em que foi construído. Por último, propôs a construção de monumentos em homenagem às vítimas de Franco em Madrid e outras cidades importantes. <ref name="EP" />

Na Espanha, uma comissão para "reparar a dignidade" e "restaurar a memória" das "vítimas do franquismo" (''Comisión para reparar la dignidad y restituir la memoria de las vítimas del franquismo'') foi aprovada em 2004 e é dirigida pelo [[Partido Socialista Operário Espanhol|órgão social]] A vice-primeira-ministra democrata [[María Teresa Fernández de la Vega]]. <ref name="EP2">[http://www.elmundo.es/elmundo/2006/03/17/espana/1142617936.html ''Primera condena al régimen de Franco en un recinto internacional''], [[EFE]], ''[[El Mundo (Espanha)|El Mundo]]'', 17 March 2006 {{In lang|es}}</ref>
[[Ficheiro:Plaque_franco.jpg|miniaturadaimagem|Placa em [[Santa Cruz de Tenerife]] de uma rua com o nome de Franco, que foi renomeada em 2008 como Rambla de Santa Cruz.]]
Recentemente, a [[Associação para a Recuperação da Memória Histórica]] (ARHM) iniciou uma busca sistemática de valas comuns de pessoas executadas durante o regime de Franco, que tem sido apoiada desde a vitória do [[Partido Socialista Operário Espanhol]] (PSOE) durante as [[Eleições gerais na Espanha em 2004|eleições de 2004]] por [[José Luis Rodríguez Zapatero]]. A ''Ley de la memoria histórica de España'' ([[Lei da Memória Histórica|Lei sobre a Memória Histórica da Espanha]]) foi aprovada em 28 de julho de 2006, pelo Conselho de Ministros, <ref>"Spain OKs Reparations to Civil War Victims", Associated Press, 28 July 2006</ref> mas demorou até 31 de outubro de 2007 para que o [[Congresso dos Deputados (Espanha)|Congresso dos Deputados]] aprovasse uma versão alterada como: “O Projeto de Lei para reconhecer e ampliar direitos e estabelecer medidas em favor daqueles que sofreram perseguições ou violências durante a Guerra Civil e a Ditadura” (na linguagem comum ainda conhecida como Lei da Memória Histórica). <ref>[http://www.eumed.net/entelequia/pdf/2008/e07a19.pdf Politics As Usual? ]</ref> O [[Senado (Espanha)|Senado]] aprovou o projeto em 10 de dezembro de 2007. <ref>[http://www.senado.es/legis8/expedientes/621/index_621000133.html ''Proyecto de Ley por la que se reconocen y amplían derechos y se establecen medidas en favor de quienes padecieron persecución o violencia durante la Guerra Civil y la Dictadura''] {{In lang|es}} {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20120429001245/http://www.senado.es/legis8/expedientes/621/index_621000133.html|date=29 April 2012}}</ref>

Os esforços oficiais para preservar a memória histórica da vida espanhola sob o regime de Franco incluem exposições como a realizada no Museu d'Història de Catalunya (Museu de História Catalã) em 2003-2004, intitulada "Les presons de Franco". Esta exposição retratou as experiências dos presos no sistema prisional de Franco e descreveu outros aspectos do sistema penal, como as prisões femininas, os julgamentos, os carcereiros e as famílias dos presos. <ref>[http://www.en.mhcat.cat/content/view/full/1768 Franco's Prisons] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20150411193743/http://www.en.mhcat.cat/exposicions/exposicions_en_linia/les_presons_de_franco_2003_2004|date=2003–2004}}</ref> O Museu já não mantém a versão online da exposição.

A riqueza acumulada da família de Franco (incluindo muitos imóveis herdados de Franco, como o ''Pazo de Meirás'', o ''[[Palacio del Canto del Pico|Canto del Pico]]'' em [[Torrelodones]] e a''{{Ill|Casa Cornide|es|4=Casa Cornide}}'' na [[Corunha]]) e sua proveniência também se tornaram assuntos de discussão pública. As estimativas da riqueza da família variaram entre 350 milhões para 600 milhões de euros. {{Sfn|Galaz|Gómez|2007}} Enquanto Franco morria, as Cortes franquistas votaram uma grande pensão pública para a sua esposa Carmen Polo, que os governos democráticos posteriores continuaram a pagar. No momento da sua morte, em 1988, Carmen Polo recebia uma pensão superior a 12,5 milhões de [[Peseta|pesetas]] (quatro milhões a mais que o salário de [[Felipe González]], então chefe do governo). {{Sfn|Galaz|Gómez|2007}}

== Na mídia ==

=== Cinema e televisão ===

* ''Raza'' ou ''Espíritu de una Raza'' (1941), baseado em um roteiro de "Jaime de Andrade" (O próprio Franco), é a história semiautobiográfica de um oficial militar interpretado por [[Alfredo Mayo]]. <ref>{{Citation|title=Filmoteca: Raza (1941) {{!}} RTVE Play|url=https://www.rtve.es/play/videos/filmoteca/raza-1941/3336985/|date=2017-10-17|accessdate=2024-02-17|language=es}}</ref>
* ''Franco, ese hombre'' (1964) é um documentário pró-Franco dirigido por José Luis Sáenz de Heredia. <ref>{{Citation|title=Franco: ese hombre|url=https://www.imdb.com/title/tt0137584/|publisher=Chapalo Films S.A.|date=1964-11-11|accessdate=2024-02-17|first=José Luis Sáenz de|last=Heredia|first2=Francisco|last2=Franco|last3=Abd-El-Krim}}</ref>
* O filme ''Dragón rapide'' (1986) trata dos acontecimentos anteriores à Guerra Civil Espanhola, com o ator Juan Diego no papel de Franco. <ref>{{Citation|title=Historia de nuestro cine - Dragón rapide (Presentación)|url=https://www.rtve.es/play/videos/historia-de-nuestro-cine/historia-nuestro-cine-2016-2/3756014/|date=2016-10-14|accessdate=2024-02-17|language=es}}</ref>
* O ator argentino José "Pepe" Soriano interpretou Franco e seu sósia em ''Espérame en el cielo'' (1988). <ref>{{Citar periódico |url=https://www.nytimes.com/reviews/movies |título=Movie Reviews |data=2024-02-15 |acessodata=2024-02-17 |periódico=The New York Times |lingua=en-US |issn=0362-4331}}</ref>
* Ramon Fontserè o interpretou em ''¡Buen Viaje, Excelencia!'' (2003). <ref>{{Citar web|url=https://www.elperiodicodearagon.com/cultura/2003/09/18/buen-viaje-excelencia-estrena-10-48296102.html|titulo=´Buen Viaje Excelencia´ se estrena el 10 de octubre|data=2003-09-18|acessodata=2024-02-17|website=El Periódico de Aragón|lingua=es}}</ref>
* [[Manuel Alexandre]] played Franco in the TV movie ''[[20-N: Los ultimos dias de Franco]]'' (''20-N: The Last Days of Franco'') (2008)
* Juan Viadas interpretou Franco no filme de [[Álex de la Iglesia]] ''[[Balada triste de trompeta]]'' (2010). <ref>{{Citar web|url=https://www.metacritic.com/movie/the-last-circus/|titulo=The Last Circus|acessodata=2024-02-17|website=www.metacritic.com|lingua=en}}</ref>
* O episódio da primeira temporada "Cómo se reescribe el tiempo" da série de televisão espanhola ''[[El Ministerio del Tiempo]]'' (2015) define os eventos em torno do encontro de Franco em outubro de 1940 com Adolf Hitler em Hendaye. Franco é interpretado pelo ator Pep Mirás. <ref>{{Citar web|url=https://www.rtve.es/play/videos/el-ministerio-del-tiempo/|titulo=El Ministerio del Tiempo: Tus programas favoritos de TVE, en RTVE Play|acessodata=2024-02-17|website=RTVE.es|lingua=es}}</ref>
* No final do filme ''La reina de España'', Franco, interpretado por [[Carlos Areces]], leva um cuspe na cara da fictícia Macarena Granada ([[Penélope Cruz]]), uma estrela espanhola de Hollywood que voltou à Espanha para filmar um filme durante o reinado de Franco. <ref>{{Citar web|url=https://www.abc.es/play/cine/noticias/abci-reina-espana-trueba-cada-mas-hundida-201612121217_noticia.html|titulo=La Reina de España de Trueba, cada vez más hundida|data=2016-12-12|acessodata=2024-02-17|website=Diario ABC|lingua=es}}</ref>

=== Música ===

* O cantor, compositor e anarquista francês [[Léo Ferré]] escreveu "Franco la muerte", uma canção que gravou para seu álbum ''Ferré 64'' de 1964. Nesta canção altamente conflituosa, ele grita diretamente com o ditador e o despreza. Ferré recusou-se a cantar na Espanha até que Franco morresse. <ref>{{Citation|title=Ferré 64|url=https://open.spotify.com/intl-pt/album/1oClD3QGSA3l39afUJZO6W|date=2013-01-01|accessdate=2024-02-17|language=pt-BR}}</ref>

=== Literatura ===

* Franco é um personagem do livro ''Winter in Madrid'' de C.J Sansom. <ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books/about/Winter_in_Madrid.html?id=DZzeAjyWY8QC&redir_esc=y|título=Winter in Madrid|ultimo=Sansom|primeiro=C. J.|data=2006|editora=Pan|lingua=en}}</ref>
* ''...Y al tercer año resucitó'' (1980) descreve o que aconteceria se Franco ressuscitasse dos mortos. <ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books/about/Y_al_tercer_a%C3%B1o_resucit%C3%B3.html?id=opbDswEACAAJ&redir_esc=y|título=... Y al tercer año, resucitó: novela de historia-ficción|ultimo=Casas|primeiro=Fernando Vizcaíno|data=1984|editora=Editorial Planeta|lingua=es}}</ref>
* Franco é destaque no romance ''Triage'' (1998) de [[Scott Anderson]]. <ref>{{Citar livro|url=https://books.google.st/books?id=hv81mFszoeQC&printsec=copyright&hl=pt-PT|título=Triage|ultimo=Anderson|primeiro=Scott|data=1999-11-23|editora=Simon and Schuster|lingua=en}}</ref>
* Franco é a peça central da obra satírica ''El general Franquisimo o La muerte civil de un militar moribundo'' do cartunista político e jornalista andaluz Andrés Vázquez de Sola. <ref>[http://www.duntempsdunpais.cat/vida-y-muertes-del-general-franquissimo/ El general franquisimo de Vazquez de Sola].</ref>
* Franco aparece em vários romances de Caroline Angus Baker, incluindo ''Vengeance in the Valencian Water,'' visitando as consequências das enchentes de Valência em 1957, <ref>{{Citar livro|url=https://www.amazon.com.br/Vengeance-Valencian-Water-Desperation-uncovered-ebook/dp/B00HZFSSFC|título=Vengeance in the Valencian Water: Desperation and distrust uncovered in Spain's harsh climate of change|ultimo=Baker|primeiro=Caroline Angus|data=2014-01-24|editora=Bella Figura Publishing|edicao=3ª edição}}</ref> e ''Death in the Valencian Dust,'' sobre as execuções finais proferidas antes de sua morte em 1975. <ref>{{Citar livro|url=https://www.amazon.com.br/Death-Valencian-Dust-Heartache-Trapped/dp/1492958107|título=Death in the Valencian Dust: Hope and heartache trapped beneath Spain's fiery surface of calm and chaos: 3|ultimo=Baker|primeiro=Caroline Angus|data=2015|editora=Createspace Independent Publishing Platform}}</ref>

== Cronologia ==
<timeline>
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at:1907 text:Ingressa na Academia de Infantaria de Toledo
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at:1912 text:Solicita ser enviado para Marrocos
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at:1914 text:Começa a [[Primeira Guerra Mundial]]
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at:1928 text:Director da Academia Militar de Saragoça
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at:1940 text:Encontro com [[Hitler]]
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at:1945 text:Fim da Segunda Guerra Mundial
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at:1950 text:A filha casa com o Marquês de Villaverde
at:1950 text:A filha casa com o Marquês de Villaverde
at:1953 text:Acordo com os EUA
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at:1961 text:É ferido num acidente de [[caça]]
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at:1969 text:Designa Juan Carlos de Bourbon como seu sucessor
at:1969 text:Designa Juan Carlos de Bourbon como seu sucessor
at:1975 text:Morre a 20 de Novembro
at:1975 text:Morre a 20 de Novembro
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== Ver também ==
== Ver também ==
* [[Espanha Franquista]]
* [[Campos de concentração franquistas]]
* [[Campos de concentração franquistas]]
* [[Encontro em Hendaie]]
* [[Encontro em Hendaie]]
Linha 222: Linha 424:
* [[Guerra Civil Espanhola]]
* [[Guerra Civil Espanhola]]
* [[Lista de presidentes do Governo da Espanha]]
* [[Lista de presidentes do Governo da Espanha]]
{{Referências|título=Notas|grupo=Nota}}

{{Note|a}} Na [[Guerra Civil Espanhola|guerra civil]] até 1º de abril de 1939.

{{Note|b}} Os rebeldes nomearam-no ''[[Generalíssimo]]'' dos Exércitos e Chefe do Governo do Estado espanhol no final de setembro de 1936. Chefe de Estado foi um dos títulos mais utilizados pelo regime após a nomeação oficial de Franco em 1 de outubro de 1936, e foi o título utilizado na [[Lei Orgânica do Estado]] de 1967.<ref>{{cite journal |url=https://www.boe.es/datos/pdfs/BOE//1936/032/J00125-00126.pdf |title=Decreto núm. 138. Nombrando Jefe del Gobierno del Estado Español al Excelentísimo Sr. General de División don Francisco Franco Bahamonde, quien asumirá todos los poderes del nuevo Estado |date=30 September 1936 |journal=Boletín Oficial de la Junta de Defensa Nacional de España |publisher=Agencia Estatal Boletín Oficial del Estado |issue=32 |pages=125–126 |language=es |issn=0212-033X}}</ref><ref>{{cite journal |url=https://www.boe.es/datos/pdfs/BOE//1938/467/A05514-05515.pdf |title=Ley organizando la Administración Central del Estado |date=31 January 1938 |journal=Boletín Oficial del Estado |publisher=Agencia Estatal Boletín Oficial del Estado |issue=467 |pages=5514–5515 |language=es |issn=0212-033X}}</ref><ref>{{cite journal |url=https://www.boe.es/boe/dias/1967/01/11/pdfs/A00466-00477.pdf |title=Ley Orgánica del Estado, número 1/1967, de 10 de enero |date=11 January 1967 |journal=Boletín Oficial del Estado |publisher=Agencia Estatal Boletín Oficial del Estado |issue=9 |pages=466–477 |language=es |issn=0212-033X}}</ref>

{{Note|c}} Presidente da [[Junta de Defesa Nacional]] do lado [[Fação nacionalista|Nacionalista]]

{{Note|d}} O cargo de Primeiro-ministro foi anexado ao de Chefe de Estado até a [[Lei Orgânica do Estado]] de 1967, com a separação entrando em vigor com a renúncia de Franco ao cargo de Primeiro-ministro em 9 de junho de 1973.<ref>{{cite journal |url=https://www.boe.es/boe/dias/1973/06/09/pdfs/A11686-11686.pdf |title=Ley 14/1973, de 8 de junio, por la que se suspende la vinculación de la Presidencia del Gobierno a la Jefatura del Estado |date=9 June 1973 |journal=Boletín Oficial del Estado |publisher=Agencia Estatal Boletín Oficial del Estado |issue=138 |page=11686 |language=es |issn=0212-033X}}</ref>

{{Note|e}} Presidente da [[Junta Técnica del Estado|Junta Técnica]] do lado [[Fação nacionalista|Nacionalista]].


{{Referências}}
{{Referências}}


== Bibliografia==
=== Bibliografia ===
{{refbegin}}
* {{citar livro|último =Andrade |primeiro =José Luís|autorlink=
<!-- A -->
|ano=2017
* {{cite journal |title=Spain and the Jews in the Second World War |date=2009 |journal=Jewish Historical Studies |pages=201–210 |issn=0962-9696 |jstor=29780130 |volume=42 |last1=Alpert |first1=Michael}}
|título= Ditadura ou Revolução? A verdadeira história do dilema ibérico nos anos decisivos de 1926-1936
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=ACvghWhzB0MC|title=The Republican Army in the Spanish Civil War, 1936–1939|last1=Alpert|first1=Michael|publisher=Cambridge University Press|isbn=978-1-107-02873-9|year=2013|page=296}}
|publicado=Casa das Letras
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=VvuiDwAAQBAJ|title=Franco and the Condor Legion: The Spanish Civil War in the Air|last1=Alpert|first1=Michael|publisher=Bloomsbury Publishing|isbn=978-1-78673-563-8|year=2019|page=174}}
|local-publicação= [[Lisboa]]
* {{cite book|title=A Fascist Decade of War: 1935–1945 in International Perspective|last1=Aterrano|first1=Marco Maria|last2=Varley|first2=Karine|publisher=Routledge|chapter=A Fascist Decade of War? The impact of the Italian wars on the international stage, 1935–1945|isbn=978-1-351-32998-9|editor1-last=Aterrano|editor1-first=Marco Maria|editor2-last=Varley|editor2-first=Karine|year=2020|pages=22–23|chapter-url=https://books.google.com/books?id=gCjhDwAAQBAJ}}
|página= }}
* {{cite book|url=http://www.madrid.org/bvirtual/BVCM001646.pdf|title=La izquierda burguesa y la tragedia de la II República|last1=Avilés Farré|first1=Juan|publisher=Consejería de Educación, Comunidad de Madrid|isbn=84-451-2881-7|archive-url=https://web.archive.org/web/20160204083714/http://www.madrid.org/bvirtual/BVCM001646.pdf|archive-date=4 February 2016|year=2006|location=Madrid|pages=397–398|url-status=live}}
*{{Citation |último =Cruz |primeiro =Manuel Braga da|autorlink=Manuel Braga da Cruz
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=uzu8AAAAIAAJ|title=Spain, the Jews, and Franco|last1=Avni|first1=Haim|date=1982|publisher=Jewish Publication Society of America|isbn=978-0-8276-0188-8|language=en}}
|ano=2004
<!-- B -->
|título=Pedro Teotónio Pereira, Embaixador Português em Espanha durante as Guerras
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=QxZREAAAQBAJ|title=Deadly Embrace: Morocco and the Road to the Spanish Civil War|last1=Balfour|first1=Sebastian|date=2002|publisher=OUP Oxford|isbn=978-0-19-155487-2|pages=52–54|language=en}}
|publicado=Estudos de Homenagem a Luís António de Oliveira Ramos
* {{cite book|title=Palestine and International Law: Essays on Politics and Economics|last=Bautista Delgado|first=Juan|publisher=McFarland|editor=Sanford R. Silverburg|chapter=From Ostracism to a Leading Role – Spain's Foreign Policy Towards the Middle East Since 1939|isbn=978-0-7864-4248-5|year=2009|chapter-url=https://books.google.com/books?id=9WlpL98TaAIC}}
|local-publicação= [[Porto]]
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=VsGtxYCcE2MC|title=The Battle for Spain: The Spanish Civil War 1936–1939|last1=Beevor|first1=Antony|publisher=Penguin|isbn=978-0-14-303765-1|year=2006}}
|página=429-440
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=5nF_BAAAQBAJ|title=The Origins of the Second World War in Europe|last1=Bell|first1=P. M. H.|publisher=Routledge|isbn=978-1-317-86525-4|year=2014}}
| url =http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/4982.pdf
* {{cite book|title=Models of Autonomy|last1=Ben-Ami|first1=Shlomo|publisher=Transaction Publishers|chapter=Ben-Ami: Catalan and Basque|isbn=978-1-4128-2884-0|editor1-last=Dinstein|editor1-first=Yoram|year=1981|chapter-url=https://books.google.com/books?id=OJ4muVESa64C}}
|língua=
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=PQWUDgAAQBAJ|title=Truman, Franco's Spain, and the Cold War|last1=Bowen|first1=Wayne H.|date=2017|publisher=University of Missouri Press|isbn=978-0-8262-7384-0|pages=59–60}}
|acessodata=18 de março de 2014
<!-- C -->
}}
* {{cite book|title=Fascismo y franquismo|last=Saz Campos|first=Ismael|publisher=University of Valencia|isbn=84-370-5910-0|author-link=Ismael Saz|language=es|year=2004}}
* {{citar periódico |último= Cueva|primeiro=Julio de la|autorlink= |data=1998 |título= Religious Persecution, Anticlerical Tradition and Revolution: On Atrocities against the Clergy during the Spanish Civil War |títulotrad= |url= |língua= Inglês |periódico= Journal of Contemporary History|volume= 33 |número=3 |páginas=355–369 |acessodata=|ref = harv }}
* {{Cite journal |title=Franco 'El Africano' |journal=Journal of Spanish Cultural Studies |issue=3 |last=Casals |first=Xavier |year=2006 |pages=207–224 |doi=10.1080/14636200601083990 |volume=7 |author-link=Xavier Casals |s2cid=216092331}}
* Fernandez, Luis Suarez. ''Franco'', Editorial Ariel;
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=_m9LFVpT4MwC|title=Morir, matar, sobrevivir: la violencia en la dictadura de Franco|last1=Casanova|first1=Julián|last2=Espinosa|first2=Francisco|last3=Mir|first3=Conxita|last4=Gómez|first4=Francisco Moreno|publisher=Grupo Planeta (GBS)|isbn=978-84-8432-506-2|year=2004|language=es}}
* {{citar livro|último = Hayes|primeiro =Carlton|autorlink=Carlton Hayes |data=1945 |título=Wartime mission in Spain, 1942-1945 |língua=Inglês| |publicado= Macmillan Company 1st Edition |páginas=313 |isbn= 9781121497245|acessodata= }}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=KsRNmT9GzY0C|title=The Spanish Republic and Civil War|last1=Casanova|first1=Julián|publisher=Cambridge University|isbn=978-0-521-73780-7|year=2010}}
* {{Citar livro|último= Hayes |primeiro=Carlton |autorlink=Carlton Hayes| data=1951|titulo=The United States and Spain. An Interpretation |editor=Sheed & Ward; 1ST edition |asin=B0014JCVS0 |ref = harv}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=n-HGAwAAQBAJ&pg=PA238|title=Twentieth-Century Spain: A History|last1=Casanova|first1=Julián|last2=Andrés|first2=Carlos Gil|publisher=Cambridge University Press|isbn=978-1-139-99200-8|year=2014|page=238}}
* {{citar livro|último = Hoare|primeiro =Samuel|autorlink=Samuel Hoare |data=1946 |título=Ambassador on Special Mission|língua=Inglês|local= UK|publicado= Collins; First Edition edition |páginas=320 |acessodata= }}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=0ZFNEAAAQBAJ|title=Spain and Its Achilles' Heels: The Strong Foundations of a Country's Weaknesses|last1=Casla|first1=Koldo|publisher=Rowman & Littlefield|isbn=978-1-5381-6459-4|year=2021}}
* {{citar livro|último = Hodges|primeiro =Gabrielle Ashfod|data=2002 |título=Franco : a concise biography|língua=Inglês|local= UK|publicado= St. Martin's Press |isbn=978-0312282851 |edição=1st U.S.|ref = harv}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=MNm0DwAAQBAJ|title=Papal Diplomacy from 1914 to 1989: The Seventy-Five Years War|last1=Castillo|first1=Dennis|publisher=Rowman & Littlefield|isbn=978-1-4985-4649-2|year=2019|page=92}}
* Montalbán, Manuel Vázquez. ''Autobiografia do General Franco'', Editora Scritta.
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=imXXDwAAQBAJ|title=Far-Right Revisionism and the End of History: Alt/Histories|last1=Ciáurriz|first1=Iker Itoiz|publisher=Routledge|isbn=978-1-000-05407-1|editor1-last=Valencia-García|editor1-first=Louie Dean|year=2020}}
* {{Citar livro|url=|último1 =Payne |primeiro1 = Stanley G.|autorlink1= Stanley G. Payne|último2 = Palacios |primeiro2 = Jesus |título= Franco: Una Biografía Personal y Política ||lingua=Espanhol| local= Barcelona |editora= Espasa Libros |ano= 2014|isbn= 9788467009927|ref = harv}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=PwLoDwAAQBAJ&pg=PA53|title=The People's Army in the Spanish Civil War: A Military History of the Republic and International Brigades 1936–1939|last1=Clifford|first1=Alexander|publisher=Pen and Sword Military|isbn=978-1-5267-6095-1|year=2020|page=53}}
* {{citar periódico |último= Preston|primeiro=Paul|autorlink= |data=1994 |título= General Franco as a military leader |títulotrad= |url= https://www.cambridge.org/core/journals/transactions-of-the-royal-historical-society/article/general-franco-as-military-leader/B4FA6E49B960D1D3021F63AB3C8ACC32|língua= Inglês |periódico= The transactions of the Royal Historical Society |volume= sixth series, 4 |número= |páginas=21-41|doi=10.2307/3679213 |acessodata=7 de Janeiro de 2020|ref = harv }}
* {{cite journal |url=https://www.jstor.org/stable/261121 |title=Religious Persecution, Anticlerical Tradition and Revolution: On Atrocities against the Clergy during the Spanish Civil War |date=1998 |journal=Journal of Contemporary History |issue=3 |pages=355–369 |issn=0022-0094 |jstor=261121 |volume=33 |last1=de la Cueva |first1=Julio}}
* {{citar livro|último = Preston|primeiro =Paul |data=1995 |título=Franco|língua=Inglês|local= UK|publicado= |páginas= |acessodata=|isbn=978-0-00-686210-9 |ref = harv}}
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* {{Citar livro|url=|último= Thomas | primeiro= Hugh|autorlink=Hugh Thomas |título= The Spanish Civil War (revised, enlarged edition) |lingua=Inglês| local= |editora= Harper and Row; |ano= 1977|isbn= |ref = harv}}
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* {{Citar livro|url=|último1 = Tusell |primeiro1 = Javier|autorlink=Javier Tusell |título= Franco en la guerra civil - Una biografia política |lingua=Espanhol| local= |editora= Editorial Tusquets |ano= 1992|isbn= 9788472236486|ref = harv}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=fGjXAwAAQBAJ|title=Franco|last1=Ellwood|first1=Sheelagh M.|publisher=Routledge|isbn=978-1-317-87467-6|year=2014}}
* {{Citar livro|url=|último1 = Tusell |primeiro1 = Javier|autorlink=Javier Tusell |título= La Dictadura de Franco |lingua=Espanhol| local= |editora= Editorial Tusquets |ano= 1996|isbn= 9788448706371|ref = harv}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=XG9NAwAAQBAJ|title=Miguel de Unamuno's Quest for Faith: A Kierkegaardian Understanding of Unamuno's Struggle to Believe|last1=Evans|first1=Jan E.|publisher=Wipf and Stock Publishers|isbn=978-1-62032-106-5|year=2013}}
* {{Citar livro|url=|último1 = Villa García |primeiro1 = Roberto|último2 = Álvarez Tardío |primeiro2 = Manuel |título= Fraude y violencia en las elecciones del Frente Popular ||lingua=Espanhol| local= Barcelona |editora= Espasa Libros |ano= 2017|isbn= 978-8467049466|ref = harv}}
<!-- F -->
* {{cite book|title=España bajo el franquismo|last1=Fontana|first1=Josep|publisher=Grupo Planeta (GBS)|chapter=Reflexiones sobre la naturaleza y las consecuencias del franquismo|isbn=978-84-8432-057-9|orig-year=1986|editor1-last=Fontana|editor1-first=Josep|year=2000|page=22|chapter-url=https://books.google.com/books?id=NvktdpY5pVcC&pg=PA22|language=es}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=1P_LDwAAQBAJ|title=Guerra de liberación: Franco inédito|last1=Franco Bahamonde|first1=Francisco|date=2020|publisher=Editorial Almuzara|isbn=978-84-18089-51-0|language=es}}
<!-- G -->
* {{cite news|last2=Gómez|first2=Luis|url=http://elpais.com/diario/2007/09/09/domingo/1189309953_850215.html|title=La cosecha del dictador|date=8 September 2007|work=El País|archive-url=https://web.archive.org/web/20120218203256/http://elpais.com/diario/2007/09/09/domingo/1189309953_850215.html|archive-date=18 February 2012|last1=Galaz|first1=Mábel}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=OXD7DQAAQBAJ|title=1936. Fraude y violencia en las elecciones del Frente Popular|last1=García|first1=Roberto Villa|last2=Tardío|first2=Manuel Álvarez|date=2017|publisher=Espasa|isbn=978-84-670-4967-1|language=es}}
* {{cite journal |url=https://www.jstor.org/stable/260712 |title=The Riddle of the Rock: A Reassessment of German Motives for the Capture of Gibraltar in the Second World War |journal=Journal of Contemporary History |issue=2 |year=1993 |pages=305–308 |doi=10.1177/002200949302800205 |issn=0022-0094 |jstor=260712 |volume=28 |last1=Goda |first1=Norman J. W. |s2cid=159914810}}
* {{cite journal |title=Los discursos catastrofistas de los líderes de la derecha y la difusión del mito del " golpe de Estado comunista " |date=30 January 2016 |journal=El Argonauta español |issue=13 |doi=10.4000/argonauta.2412 |doi-access=free |last1=González Calleja |first1=Eduardo}}
* {{cite book|title=The Popular Front in Europe|last1=Graham|first1=Helen|publisher=Springer|chapter=The Spanish Popular Front and the Civil War|isbn=978-1-349-10618-9|editor1-last=Graham|editor1-first=Helen|editor2-last=Preston|editor2-first=Paul|year=1988|pages=106–107|chapter-url=https://books.google.com/books?id=3ZqvCwAAQBAJ&pg=PA106}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=fie9l5rhJ7IC&pg=PA365|title=The Spanish Republic at War 1936–1939|last1=Graham|first1=Helen|publisher=Cambridge University Press|isbn=978-0-521-45932-7|year=2002|page=365}}
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* {{cite book|title=Origins of the Second World War Reconsidered|last1=Habeck|first1=Mary|publisher=Routledge|editor-last=Martel|editor-first=Gordon|chapter=The Spanish Civil War and the origins of the Second World War|isbn=978-1-134-71417-9|year=2002|page=204|chapter-url=https://books.google.com/books?id=J3GGAgAAQBAJ&pg=PA204}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=Cj12AAAAMAAJ|title=The United States and Spain. An Interpretation|last=Hayes|first=Carlton J.H.|publisher=Sheed & Ward|isbn=978-0837128054|author-link=Carlton J. H. Hayes|year=1951|edition=1st}}
* {{cite book|title=Poland and Spain in the Interwar and Postwar Period|last1=Hernández|first1=Carlos Gregorio Hernández|publisher=Schedas|chapter=Spain in the Interwar Period|isbn=978-84-944180-7-5|editor1-last=Martínez|editor1-first=José Luis Orella|editor2-last=Mizerska-Wrotkowska|editor2-first=Małgorzata|year=2015|chapter-url=https://books.google.com/books?id=IxXSCgAAQBAJ}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=YVpEAQAAQBAJ|title=Franco: A Concise Biography|last1=Hodges|first1=Gabrielle Ashford|date=2002|publisher=Macmillan|isbn=978-0-312-28285-1}}
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* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=vpOwwZWGtBcC|title=Spanish Republic and the Civil War, 1931–1939|last1=Jackson|first1=Gabriel|publisher=Princeton University Press|isbn=978-1-4008-2018-4|year=2012}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=N0qMG3mDi4QC|title=Franco. Soldier, Commander, Dictator|last=Jensen|first=Geoffrey|publisher=Potomac Books, Inc.|isbn=978-1-57488-644-3|year=2005|location=Dulles, VA}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=w4ZpAAAAMAAJ|title=Víctimas de la Guerra Civil|last1=Juliá|first1=Santos|last2=Casanova|first2=Julián|date=1999|publisher=Temas de Hoy|isbn=978-84-7880-983-7|language=es}}
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* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=Tdn6FFZklkcC|title=Antisemitism: A Historical Encyclopedia of Prejudice and Persecution|date=2005|publisher=ABC-CLIO|editor-last=Levy|editor-first=Richard S.|isbn=978-1-85109-439-4|language=en}}
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* {{cite journal |url=https://www.jstor.org/stable/20753590 |title='Our Red Soldiers': The Nationalist Army's Management of its Left-Wing Conscripts in the Spanish Civil War 1936–9 |date=2010 |journal=Journal of Contemporary History |issue=2 |page=354 |doi=10.1177/0022009409356912 |issn=0022-0094 |jstor=20753590 |volume=45 |last1=Matthews |first1=James |s2cid=153816165}}
* {{cite book|title=Spain: A Country Study|last1=Martin|first1=Benjamin|publisher=Federal Research Division, Library of Congress|chapter=3. The Economy|isbn=978-0-16-028550-9|archive-url=https://web.archive.org/web/20201119212904/https://tile.loc.gov/storage-services/master/frd/frdcstdy/sp/spaincountrystud00sols_0/spaincountrystud00sols_0.pdf|archive-date=19 November 2020|editor1-last=Solsten|editor1-first=Eric|editor2-last=Meditz|editor2-first=Sandra W.|editor3-last=Keefe|editor3-first=Eugene K.|year=1990|chapter-url=https://tile.loc.gov/storage-services/master/frd/frdcstdy/sp/spaincountrystud00sols_0/spaincountrystud00sols_0.pdf|url-status=live}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=nhOMDwAAQBAJ|title=Franco: Anatomy of a Dictator|last1=Moradiellos|first1=Enrique|publisher=Bloomsbury Publishing|isbn=978-1-78673-300-9|year=2017}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=OllkigpBDsIC|title=The Seduction of Modern Spain: The Female Body and the Francoist Body Politic|last1=Morcillo|first1=Aurora G.|date=2010|publisher=Bucknell University Press|isbn=978-0-8387-5753-6|page=39}}
* {{cite book|title=Metaphors of Spain: Representations of Spanish National Identity in the Twentieth Century|last1=Moreno-Luzón|first1=Javier|last2=Seixas|first2=Xosé M. Núñez|publisher=Berghahn Books|chapter=The Flag and the Anthem|isbn=978-1-78533-467-2|editor1-last=Moreno-Luzón|editor1-first=Javier|editor2-last=Seixas|editor2-first=Xosé M. Núñez|year=2017|pages=47–48|chapter-url=https://books.google.com/books?id=cl0EDQAAQBAJ&pg=PA47}}
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* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=1XA7fwLoMkIC|title=Guernica and Total War|last1=Patterson|first1=Ian|date=2007|publisher=Harvard University Press|isbn=978-0-674-02484-7}}
* {{Cite book|url=https://archive.org/details/falangehistoryof00payn|title=Falange: A History of Spanish Fascism|last=Payne|first=Stanley G.|publisher=Stanford University Press|isbn=978-0804700580|year=1961|url-access=registration|pages=[https://archive.org/details/falangehistoryof00payn/page/68 68–69]}}
* {{cite book|title=The Franco Regime|last=Payne|first=Stanley G.|publisher=University of Wisconsin Press|isbn=978-0299110703|author-link=Stanley G. Payne|year=1987|location=Madison}}
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* {{cite book|url=https://archive.org/details/fascisminspain1900payn|title=Fascism in Spain, 1923–1977|last1=Payne|first1=Stanley G.|publisher=Madison: [[University of Wisconsin Press]]|isbn=978-0-299-16560-4|year=1999}}
* {{cite book|url=https://archive.org/details/francoregime193600payn|title=The Franco regime, 1936–1975|last1=Payne|first1=Stanley G.|publisher=Phoenix Press|isbn=978-1-84212-046-0|year=2000}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=qNF0BQO7qKAC|title=Franco and Hitler : Spain, Germany, and World War II|last1=Payne|first1=Stanley G.|publisher=Yale University Press|isbn=978-0300122824|year=2008|location=New Haven|pages=33–35, 40}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=S6Ie_HYgjUwC&pg=PA70|title=The Franco Regime, 1936–1975|last1=Payne|first1=Stanley G.|publisher=University of Wisconsin Pres|isbn=978-0-299-11073-4|year=2011|page=71|language=en}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=4oIre16mWNsC&pg=PA110|title=The Spanish Civil War|last1=Payne|first1=Stanley|publisher=Cambridge University Press|isbn=978-0521174701|year=2012|location=New York|page=110}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=rn6aBAAAQBAJ&pg=PA4|title=Franco: A Personal and Political Biography|last1=Payne|first1=Stanley G.|last2=Palacios|first2=Jesús|publisher=[[University of Wisconsin Press]]|isbn=978-0299302146|author1-link=Stanley G. Payne|author2-link=Jesús Palacios Tapias|year=2014|edition=4th}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=6heJDAAAQBAJ|title=Franco and the Axis Stigma|last1=Pike|first1=David Wingeate|publisher=Springer|isbn=978-0-230-20544-4|year=2008|page=74}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=Jho0DwAAQBAJ|title=Spanish Economic Growth, 1850–2015|last1=Prados de la Escosura|first1=Leandro|publisher=Springer|isbn=978-3-319-58042-5|year=2017}}
* {{cite journal |title=General Franco as Military Leader |journal=Transactions of the Royal Historical Society |publisher=Cambridge University Press |last=Preston |first=Paul |year=1994 |pages=21–41 |doi=10.2307/3679213 |issn=1474-0648 |jstor=3679213 |volume=4 |doi-access=free |author-link=Paul Preston |s2cid=153836234}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=vyQ-PgAACAAJ|title=Franco: A Biography|last1=Preston|first1=Paul|publisher=Basic Books|isbn=978-0-465-02515-2|author-link=Paul Preston|year=1995}}
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* {{cite book|title=Unearthing Franco's Legacy: Mass Graves and the Recovery of Historical Memory in Spain|last1=Preston|first1=Paul|publisher=University of Notre Dame Press|chapter=The Theorists of Extermination|isbn=978-0-268-03268-5|editor1-last=Farrán|editor1-first=Carlos Jerez|editor2-last=Amago|editor2-first=Samuel|year=2010|chapter-url=https://books.google.com/books?id=4kpkQgAACAAJ}}
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* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=uN_VDwAAQBAJ|title=A People Betrayed: A History of Corruption, Political Incompetence and Social Division in Modern Spain|last1=Preston|first1=Paul|publisher=Liveright Publishing|isbn=978-0-87140-870-9|year=2020}}
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* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=tLnLDgAAQBAJ|title=Modern Spain: 1808 to the Present|last1=Radcliff|first1=Pamela Beth|publisher=John Wiley & Sons|isbn=978-1-4051-8680-3|year=2017}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=hBvxAl22YjUC&pg=PA32|title=Gunpowder and Incense: The Catholic Church and the Spanish Civil War|last1=Raguer|first1=Hilari|publisher=Routledge|isbn=978-1-134-36593-7|year=2007|page=32}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=jc-2AQAAQBAJ|title=In the Shadow of the Holocaust and the Inquisition: Israel's Relations with Francoist Spain|last1=Rein|first1=Raanan|publisher=Routledge|isbn=978-1-135-22190-4|year=2013|pages=17–18}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=FCw07ZeLAM0C|title=A Time of Silence: Civil War and the Culture of Repression in Franco's Spain, 1936–1945|last1=Richards|first1=Michael|publisher=Cambridge University Press|isbn=978-0-521-59401-1|year=1998}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=H-ceBgAAQBAJ|title=Comintern Army: The International Brigades and the Spanish Civil War|last1=Richardson|first1=R. Dan|publisher=University Press of Kentucky|isbn=978-0-8131-6437-3|year=2014|page=12}}
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* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=EUuEAgAAQBAJ|title=Encyclopedia of Contemporary Spanish Culture|last1=Rodgers|first1=Eamonn|publisher=Routledge|isbn=978-1-134-78859-0|year=2002}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=fAUoBQAAQBAJ&pg=PT277|title=The Spanish Civil War: Origins, Course and Outcomes|last=Romero Salvadó|first=Francisco J.|publisher=[[Palgrave Macmillan]]|isbn=978-1137258922|year=2005}}{{Dead link|date=May 2023|bot=InternetArchiveBot|fix-attempted=yes}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=i5e7wRi-HGcC|title=Historical Dictionary of the Spanish Civil War|last1=Romero Salvadó|first1=Francisco J.|publisher=Scarecrow Press|isbn=978-0-8108-8009-2|year=2013}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=HBCJPwAACAAJ|title=Spain and the United States: Since World War II|last1=Rubottom|first1=R. Richard|last2=Murphy|first2=J. Carter|publisher=Praeger|isbn=978-0-275-91259-8|year=1984}}
* {{cite journal |title=Defending the Republic: The García Atadell Brigade in Madrid, 1936 |date=January 2007 |journal=Journal of Contemporary History |issue=1 |page=97 |doi=10.1177/0022009407071625 |volume=42 |last1=Ruiz |first1=Julius |s2cid=159559553}}
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* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=DPR0DwAAQBAJ|title=Probing the Enigma of Franco|last1=Sangster|first1=Andrew|publisher=Cambridge Scholars Publishing|isbn=978-1-5275-2014-1|year=2018}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=jSO-dC5ac_EC|title=The Victorious Counterrevolution: The Nationalist Effort in the Spanish Civil War|last1=Seidman|first1=Michael|publisher=Univ of Wisconsin Press|isbn=978-0-299-24963-2|year=2011|language=en}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=VeRICgAAQBAJ|title=Comparing Political Regimes: A Thematic Introduction to Comparative Politics, Third Edition|last1=Siaroff|first1=Alan|date=2013|publisher=University of Toronto Press|isbn=978-1-4426-0702-6}}
<!-- T -->
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=nxCw5map13AC|title=Origin Of The Second World War|last1=Taylor|first1=A. J. P.|publisher=Simon and Schuster|isbn=978-0-684-82947-0|year=1996|page=124}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=4a5RAQAAQBAJ|title=The Spanish Civil War|last=Thomas|first=Hugh|publisher=Random House Publishing|isbn=978-0060142780|author-link=Hugh Thomas, Baron Thomas of Swynnerton|year=2013|edition=Revised}}
* {{cite news|last=Tremlett|first=Giles|url=https://www.theguardian.com/spain/article/0,2763,1096841,00.html|title=Spain torn on tribute to victims of Franco|date=1 December 2003|access-date=2 March 2010|location=UK|newspaper=The Guardian}}
<!-- U -->
<!-- V -->
* {{cite journal |url=https://ruidera.uclm.es/xmlui/bitstream/handle/10578/23819/A%c3%91IL19_LopezIndalecio.pdf%20%282%29.pdf?sequence=1&isAllowed=y |title=Indalecio Prieto en Cuenca: comentarios al discurso pronunciado el 1º de mayo de 1936 |date=1999 |access-date=23 May 2022 |journal=Añil |issue=19 |page=16 |language=es |issn=1133-2263 |archive-url=https://web.archive.org/web/20220501183416/https://ruidera.uclm.es/xmlui/bitstream/handle/10578/23819/A%C3%91IL19_LopezIndalecio.pdf%20(2).pdf?sequence=1&isAllowed=y |archive-date=1 May 2022 |last1=Villaverde |first1=Angel Luis López |url-status=dead}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=WogSDAAAQBAJ&pg=PA133|title=Spain, 1833–2002: People and State|last1=Vincent|first1=Mary|publisher=Oxford University Press|isbn=978-0-19-873159-7|year=2007|page=133}}
<!-- W -->
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=a-Wb45gW3P4C|title=A World at Arms: A Global History of World War II|last1=Weinberg|first1=Gerhard L.|publisher=Cambridge University Press|isbn=978-0-521-61826-7|year=2005|language=en}}
<!-- X -->
<!-- Y -->
<!-- Z -->
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=== Leitura adicional ===
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== Ligações externas ==
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{{Wikiquote|Francisco Franco}}
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* {{link|es|https://fnff.es/paginas/321187224/biografia-de-francisco-franco-bahamonde.html| Fundación Nacional Francisco Franco }}
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* {{link|pt|http://www.janusonline.pt/portugal_mundo/port_1999_2000_1_35_a.html| Franco e Salazar}}
* {{link|en|http://www.spartacus.schoolnet.co.uk/2WWfranco.htm |Biografia de Franco }}
* {{link|ca|http://wiki.vilaweb.cat/index.php/Estudis_racials_de_Vallejo-N%C3%A1jera_apunten_l%27her%C3%A8ncia_parasit%C3%A0ria_judeo-ar%C3%A0biga_a_la_ra%C3%A7a_hisp%C3%A0nica |Franco i a doutrina racista de Vallejo-Nájera}}


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 Nota: Para o escultor português, veja Francisco Franco de Sousa.
Francisco Franco
Francisco Franco
Caudillo da Espanha[b]
Período 1º de outubro de 1936[a]20 de novembro de 1975
Presidente de Governo
Antecessor(a) Miguel Cabanellas[c]
Manuel Azaña[1]
Sucessor(a) Juan Carlos I (como Rei da Espanha)
Presidente de Governo da Espanha[d]
Período 30 de janeiro de 1938[a]9 de junho de 1973
Caudillo Ele mesmo
Antecessor(a) Francisco Gómez-Jordana[e]
Juan Negrín[2]
Sucessor(a) Luis Carrero Blanco
Chefe Nacional da FET y de las JONS
Período 19 de abril de 193720 de novembro de 1975
Vice Francisco Gómez-Jordana (1938–1939)
Nenhum (1939–1962)
Agustín Muñoz Grandes (1962–1967)
Luis Carrero Blanco (1967–1973)
Antecessor(a) Cargo estabelecido
Sucessor(a) Carlos Arias Navarro
Dados pessoais
Nome completo Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco Bahamonde Salgado-Araujo y Pardo de Lama
Nascimento 4 de dezembro de 1892
Ferrol, Galiza, Espanha
Morte 20 de novembro de 1975 (82 anos)
Madrid, Espanha
Alma mater Academia de Infantaria de Toledo
Cônjuge Carmen Polo (c. 1923)
Filhos(as) Carmen Franco
Partido FET y de las JONS
Residência Palácio Real d'O Pardo, Madrid
Assinatura Assinatura de Francisco Franco
Serviço militar
Lealdade Reino da Espanha
(1907–1931)
República Espanhola
(1931–1936)
Estado Espanhol
(1936–1975)
Serviço/ramo Forças Armadas
Anos de serviço 1907–1975
Graduação Capitão-general
(Exército, Força Aérea e Marinha)
Comandos Todos (Generalíssimo)
Conflitos Segunda Campanha de Melilla (WIA)
Guerra do Rife
Revolução de 1934
Guerra Civil Espanhola
Guerra de Ifni

Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco Bahamonde Salgado-Araujo y Pardo de Lama (Ferrol, 4 de dezembro de 1892Madrid, 20 de novembro de 1975) foi um general militar espanhol que liderou as forças nacionalistas na derrubada da Segunda República Espanhola durante a Guerra Civil Espanhola e posteriormente governou a Espanha de 1939 a 1975 como ditador, assumindo o título de Caudillo. Este período da história espanhola, desde a vitória nacionalista até a morte de Franco, é comumente conhecido como Espanha Franquista ou como ditadura franquista.

Nascido em Ferrol, na Galiza, numa família militar de classe alta, Franco serviu no Exército Espanhol como cadete na Academia de Infantaria de Toledo de 1907 a 1910. Enquanto servia no Marrocos, ele subiu na hierarquia até se tornar general de brigada em 1926, aos 33 anos. Dois anos depois, Franco tornou-se diretor da Academia Militar Geral de Saragoça. Como conservador e monarquista, Franco lamentou a abolição da monarquia e o estabelecimento da Segunda República em 1931, e ficou arrasado com o fechamento de sua academia; no entanto, ele continuou a servir no Exército Republicano. [3] A sua carreira foi impulsionada após a vitória dos direitistas CEDA e PRR nas eleições de 1933, capacitando-o para liderar a repressão da revolta de 1934 nas Astúrias. Franco foi brevemente elevado a Chefe do Estado-Maior do Exército antes que a eleição de 1936 levasse a Frente Popular de esquerda ao poder, relegando-o às Ilhas Canárias.

Inicialmente relutante, aderiu ao golpe militar de julho de 1936, que, após não conseguir tomar a Espanha, desencadeou a Guerra Civil Espanhola. Durante a guerra, comandou o exército colonial africano espanhol e mais tarde, após a morte de grande parte da liderança rebelde, tornou-se o único líder da sua facção, sendo nomeado generalíssimo e chefe de estado em 1936. Ele consolidou todos os partidos nacionalistas no FET y de las JONS (criando um estado de partido único) e desenvolveu um culto à personalidade em torno de seu governo ao fundar o Movimento Nacional. Três anos depois, os nacionalistas declararam vitória, o que estendeu a ditadura de Franco sobre a Espanha através de um período de repressão aos opositores políticos. O uso de trabalho forçado, campos de concentração e execuções em sua ditadura levou a entre 30.000 e 50.000 mortes. [10] Combinado com os assassinatos durante a guerra, isto eleva o número de mortos do Terror Branco para entre 100.000 e 200.000. [12] Durante a Segunda Guerra Mundial, manteve a neutralidade espanhola, mas apoiou o Eixo —em recompensa à Itália e à Alemanha pelo seu apoio durante a Guerra Civil— danificando a reputação internacional do país de várias maneiras. Durante o início da Guerra Fria, Franco tirou a Espanha da depressão econômica de meados do século XX através de políticas tecnocráticas e economicamente liberais, presidindo a um período de crescimento acelerado conhecido como o "milagre espanhol". Ao mesmo tempo, o seu regime transitou de um Estado totalitário para um Estado autoritário com pluralismo limitado. Tornou-se um líder do movimento anticomunista, conquistando o apoio do Ocidente, particularmente dos Estados Unidos. [13] [14] À medida que a ditadura relaxava as suas políticas de linha dura, Luis Carrero Blanco tornou-se a eminência parda de Franco, cujo papel se expandiu depois que Franco começou a lutar contra a doença de Parkinson na década de 1960. Em 1973, Franco renunciou ao cargo de primeiro-ministro – afastado do cargo de chefe de Estado desde 1967 – devido à sua idade avançada e doença. No entanto, ele permaneceu no poder como chefe de estado e como comandante-chefe. Franco morreu em 1975, aos 82 anos, e foi sepultado no Valle de los Caídos. Ele restaurou a monarquia em seus últimos anos, sendo sucedido por Juan Carlos, Rei da Espanha, que liderou a transição espanhola para a democracia.

O legado de Franco na história espanhola permanece controverso, pois a natureza da sua ditadura mudou ao longo do tempo. O seu reinado foi marcado pela repressão brutal, com dezenas de milhares de mortos, e pela prosperidade econômica, que melhorou muito a qualidade de vida em Espanha. O seu estilo ditatorial revelou-se adaptável o suficiente para permitir a reforma social e econômica, mas ainda centrado no governo altamente centralizado, no autoritarismo, no nacionalismo, no catolicismo nacional, na antimaçonaria e no anticomunismo.

Biografia

Seus pais com Francisco nos braços, no dia do seu batismo, em 17 de dezembro de 1892

Francisco Franco Bahamonde nasceu em 4 de dezembro de 1892 na rua Frutos Saavedra, em Ferrol, Galiza, [15] em uma família de marinheiros. [16] Foi batizado treze dias depois na igreja militar de São Francisco, com o nome de batismo Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo. [15]

Depois de se mudar para a Galiza, a família Franco envolveu-se na Marinha espanhola e, ao longo de dois séculos, produziu oficiais da Marinha durante seis gerações ininterruptas (incluindo vários almirantes), [16] até ao pai de Franco Nicolás Franco Salgado-Araújo (22 de novembro de 1855 - 22 de fevereiro de 1942). [17]

Sua mãe, María del Pilar Bahamonde y Pardo de Andrade (15 de outubro de 1865 - 28 de fevereiro de 1934), era de uma família católica romana de classe média alta. Seu pai, Ladislao Bahamonde Ortega, era comissário de equipamento naval do Porto de El Ferrol. Os pais de Franco se casaram em 1890 na Igreja de São Francisco em El Ferrol. [18] O jovem Franco passou grande parte de sua infância com seus dois irmãos, Nicolás e Ramón, e suas duas irmãs, María del Pilar e María de la Paz. Seu irmão Nicolás era oficial da marinha e diplomata que se casou com María Isabel Pascual del Pobil. [19] Ramón foi um aviador internacionalmente conhecido e maçom, originalmente com tendências políticas esquerdistas. Ele também foi o segundo irmão a morrer, morto em um acidente aéreo em uma missão militar em 1938. [20]

O pai de Franco era um oficial da Marinha que alcançou o posto de vice-almirante (intendente geral). Quando Franco tinha quatorze anos, seu pai mudou-se para Madrid após uma transferência e acabou abandonando a família, casando-se com outra mulher. Embora Franco não tenha sofrido nenhum grande abuso por parte de seu pai, ele nunca superaria sua antipatia por seu pai e o ignorou em grande parte pelo resto de sua vida. Anos depois de se tornar ditador, sob o pseudônimo de Jaime de Andrade, Franco escreveu um breve romance chamado Raza, cujo protagonista, segundo Stanley Payne, representa o homem idealizado que Franco desejava que seu pai tivesse sido. Por outro lado, Franco identificou-se fortemente com a mãe (que sempre vestiu o preto da viúva ao perceber que o marido a havia abandonado) e aprendeu com ela a moderação, a austeridade, o autocontrole, a solidariedade familiar e o respeito pelo catolicismo, embora também herdasse a dureza do pai., frieza e implacabilidade. [21]

Carreira militar

Guerra do Rife e avanço na hierarquia

Francisco seguiu o pai na Marinha, mas como resultado da Guerra Hispano-Americana o país perdeu grande parte da sua marinha, bem como a maior parte das suas colónias. Não necessitando de mais oficiais, a Academia Naval não admitiu novos ingressantes de 1906 a 1913. Para desgosto do pai, Francisco decidiu tentar o Exército Espanhol. Em 1907, ingressou na Academia de Infantaria de Toledo. Aos quatorze anos, Franco era um dos membros mais jovens de sua turma, com a maioria dos meninos tendo entre dezesseis e dezoito anos. Ele era baixo e sofria bullying por seu tamanho pequeno. Suas notas eram médias; embora sua boa memória significasse que ele raramente tinha dificuldades acadêmicas, sua pequena estatura era um obstáculo nos testes físicos. Ele se formou em julho de 1910 como segundo-tenente, ficando em 251º lugar entre 312 cadetes de sua classe, embora isso possa ter menos a ver com suas notas do que com seu pequeno tamanho e pouca idade. Stanley Payne observa que na época em que a guerra civil começou, Franco já havia se tornado um major-general e logo seria um generalíssimo, enquanto nenhum de seus colegas cadetes de patente superior havia conseguido passar do posto de tenente-coronel. [22] [23] Franco foi promovido ao posto de primeiro-tenente em junho de 1912, aos [24] anos [25] Dois anos depois, obteve uma comissão para Marrocos. Os esforços espanhóis para ocupar o novo protetorado africano provocaram a Segunda campanha de Melillan em 1909 contra os marroquinos nativos, a primeira de várias rebeliões. Suas táticas resultaram em pesadas perdas entre os oficiais militares espanhóis, e também proporcionaram uma oportunidade de ganhar promoção através do mérito no campo de batalha. Foi dito que os oficiais receberiam la caja ou la faja (um caixão ou faixa de general). Franco rapidamente ganhou a reputação de oficial eficaz.

Francisco e seu irmão Ramón no Norte da África, 1925

Em 1913, Franco transferiu-se para os recém-formados regulares: tropas coloniais marroquinas com oficiais espanhóis, que atuavam como tropas de choque de elite. [26] Em 1916, aos 23 anos com a patente de capitão, Franco foi baleado no abdómen por tiros de guerrilha durante um assalto a posições marroquinas em El Biutz, nas colinas perto de Ceuta; esta foi a única vez que ele foi ferido em dez anos de combates. [27] O ferimento era grave e não se esperava que ele sobrevivesse. A sua recuperação foi vista pelas tropas marroquinas como um acontecimento espiritual – eles acreditavam que Franco era abençoado com baraka ou protegido por Deus. Foi recomendado para promoção a major e para receber a maior honraria da Espanha por bravura, a cobiçada Cruz Laureada de San Fernando. Ambas as propostas foram negadas, sendo a pouca idade de Franco, de 23 anos, o motivo da negação. Franco recorreu da decisão ao rei, que a reverteu. [27] Franco também recebeu a Cruz de Maria Cristina, Primeira Classe. [28]

Com isso foi promovido a major no final de fevereiro de 1917, aos 24 anos. Isso fez dele o major mais jovem do exército espanhol. De 1917 a 1920, serviu na Espanha. Em 1920, o tenente-coronel José Millán-Astray, um oficial histriônico mas carismático, fundou a Legião Estrangeira Espanhola, em linhas semelhantes à Legião Estrangeira Francesa. Franco tornou-se o segundo em comando da Legião e voltou para a África. Na Guerra do Rife, o mal comandado e sobrecarregado Exército Espanhol foi derrotado pela República do Rife sob a liderança dos irmãos Abd el-Krim, que esmagaram uma ofensiva espanhola em 24 de julho de 1921, em Annual. A Legião e unidades de apoio socorreram a cidade espanhola de Melilha após uma marcha forçada de três dias liderada por Franco. Em 1923, já tenente-coronel, foi nomeado comandante da Legião.

Em 22 de outubro de 1923, Franco casou-se com María del Carmen Polo y Martínez-Valdès (11 de junho de 1900 – 6 de fevereiro de 1988). [29] Após a sua lua de mel, Franco foi convocado a Madrid para ser apresentado ao rei Alfonso XIII. [30] Esta e outras ocasiões de atenção real o marcariam durante a República como oficial monárquico.

Decepcionado com os planos do primeiro-ministro espanhol, tenente-general Miguel Primo de Rivera, de uma retirada estratégica do interior para a costa africana, o coronel Franco escreveu na edição de abril de 1924 da Revista de Tropas Coloniales (Revista das Tropas Coloniais) que desobedeceria ordens de retirada dadas por um superior. Como resultado, Franco teve uma reunião tensa com Primo de Rivera em julho.

O tenente-coronel Franco visitou um colega africanista, o general Gonzalo Queipo de Llano, em 21 de setembro de 1924 para propor que Queipo de Llano organizasse um golpe de estado contra Primo. [31] No final, Franco cumpriu as ordens do general Primo, participando na retirada dos soldados espanhóis de Xaouen no final de 1924, ganhando assim uma promoção a coronel. [32]

Franco liderou a primeira leva de tropas em terra em Al Hoceima (espanhol: Alhucemas) em 1925. Este desembarque no coração da tribo de Abd el-Krim, combinado com a invasão francesa do sul, significou o início do fim para a efêmera República do Rife. Franco acabou sendo reconhecido por sua liderança e foi promovido a general de brigada em 3 de fevereiro de 1926, tornando-o o general mais jovem da Europa aos 33 anos, segundo Payne e Palacios. [33] Em 14 de setembro de 1926, Franco e Polo tiveram uma filha, María del Carmen. Franco teria um relacionamento próximo com sua filha e era um pai orgulhoso, embora suas atitudes tradicionalistas e responsabilidades crescentes significassem que ele deixava grande parte da criação dos filhos para sua esposa. [34] Em 1928, Franco foi nomeado diretor da recém-criada Academia Geral Militar de Saragoça, um novo colégio para todos os cadetes do exército espanhol, substituindo as antigas instituições separadas para jovens que procuravam tornar-se oficiais de infantaria, cavalaria, artilharia e outros ramos do exército. . Franco foi destituído do cargo de Diretor da Academia Militar de Saragoça em 1931; quando a Guerra Civil começou, os coronéis, majores e capitães do Exército espanhol que frequentaram a academia quando ele era seu diretor demonstraram lealdade incondicional a ele como Caudillo. [35]

Durante a Segunda República Espanhola

As eleições municipais de 12 de abril de 1931 foram em grande parte vistas como um plebiscito sobre a monarquia. [36] A aliança Republicano-Socialista não conseguiu conquistar a maioria dos municípios em Espanha, mas obteve uma vitória esmagadora em todas as grandes cidades e em quase todas as capitais de província. [37] Os monarquistas e o exército desertaram Afonso XIII e consequentemente o rei decidiu abandonar o país e exilar-se, dando lugar à Segunda República Espanhola. Embora Franco acreditasse que a maioria do povo espanhol ainda apoiava a coroa, e embora lamentasse o fim da monarquia, não se opôs, nem desafiou a legitimidade da república. [38] O encerramento da academia em Junho pelo ministro provisório da Guerra , Manuel Azaña, no entanto, foi um grande revés para Franco e provocou o seu primeiro confronto com a República Espanhola. Azaña considerou o discurso de despedida de Franco aos cadetes um insulto. [39] No seu discurso, Franco sublinhou a necessidade de disciplina e respeito da República. [40] Azaña registrou uma reprimenda oficial no arquivo pessoal de Franco e durante seis meses Franco ficou sem cargo e sob vigilância. [39]

Em dezembro de 1931, foi declarada uma nova constituição reformista, liberal e democrática. Incluía disposições fortes que impunham uma ampla secularização do país católico, que incluía a abolição das escolas e instituições de caridade católicas, às quais muitos católicos moderados e comprometidos se opunham. [41] Neste ponto, uma vez que a assembleia constituinte tivesse cumprido o seu mandato de aprovar uma nova constituição, deveria ter organizado eleições parlamentares regulares e adiado, segundo o historiador Carlton J.H. Hayes. Temendo a crescente oposição popular, a maioria Radical e Socialista adiou as eleições regulares, prolongando assim a sua permanência no poder por mais dois anos. Desta forma, o governo republicano de Manuel Azaña iniciou inúmeras reformas que, na sua opinião, iriam “modernizar” o país. [42]

Franco era assinante do jornal da Acción Española, uma organização monarquista, e acreditava firmemente em uma suposta conspiração judaico-maçônica-bolchevique, ou contubernio (conspiração). A conspiração sugeria que judeus, maçons, comunistas e outros esquerdistas procuravam a destruição da Europa cristã, sendo a Espanha o alvo principal. [43]

Franco em 1930

Em 5 de fevereiro de 1932, Franco recebeu o comando na Corunha. Franco evitou envolvimento na tentativa de golpe de José Sanjurjo naquele ano e até escreveu uma carta hostil a Sanjurjo expressando sua raiva pela tentativa. Como resultado da reforma militar de Azaña, em janeiro de 1933 Franco foi rebaixado do primeiro para o 24º lugar na lista dos brigadeiros. No mesmo ano, em 17 de fevereiro, foi-lhe atribuído o comando militar das Ilhas Baleares. O cargo estava acima de sua posição, mas Franco ainda estava insatisfeito por estar preso em uma posição que não gostava. O primeiro-ministro escreveu no seu diário que provavelmente seria mais prudente afastar Franco de Madrid. [44] [45]

Em 1932, os jesuítas, responsáveis por muitas escolas em todo o país, foram banidos e tiveram todos os seus bens confiscados. [46] O exército foi ainda mais reduzido e os proprietários de terras foram expropriados. O governo interno foi concedido à Catalunha, com um parlamento local e um presidente próprio. [47] Em junho de 1933, o Papa Pio XI publicou a encíclica Dilectissima Nobis (Nosso Amado), "Sobre a Opressão da Igreja da Espanha", na qual criticava o anticlericalismo do governo republicano. [46]

As eleições realizadas em outubro de 1933 resultaram numa maioria de centro-direita. O partido político mais votado foi a Confederação Espanhola de Derechas Autónomas ("CEDA"), mas o presidente Alcalá-Zamora recusou-se a convidar o líder da CEDA, Gil Robles, para formar governo. [48] Em vez disso, ele convidou Alejandro Lerroux, do Partido Republicano Radical, para fazê-lo. Apesar de receber a maioria dos votos, o CEDA teve seus cargos de gabinete negados por quase um ano. [49] Após um ano de intensa pressão, o CEDA, o maior partido do congresso, finalmente conseguiu forçar a aceitação de três ministérios. A entrada do CEDA no governo, apesar de ser normal numa democracia parlamentar, não foi bem aceite pela esquerda. Os socialistas desencadearam uma insurreição que vinham preparando há nove meses. Os partidos republicanos de esquerda não aderiram diretamente à insurreição, mas a sua liderança emitiu declarações de que estavam "quebrando todas as relações" com o governo republicano. [50] O Bloco Catalão Obrer i Camperol (BOC) defendeu a necessidade de formar uma ampla frente operária e assumiu a liderança na formação de uma nova e mais abrangente Alianza Obrera, que incluía a UGT catalã e o setor catalão do PSOE, com o objetivo de derrotar o fascismo e avançar a revolução socialista. A Alianza Obrera declarou uma greve geral "contra o fascismo" na Catalunha em 1934. [51] Um estado catalão foi proclamado pelo líder nacionalista catalão Lluís Companys, mas durou apenas dez horas. Apesar de uma tentativa de paralisação geral em Madrid, outras greves não perduraram. Isto deixou os mineiros asturianos em greve lutando sozinhos. [52]

Em várias cidades mineiras das Astúrias, os sindicatos locais reuniram armas ligeiras e estavam determinados a levar a greve até ao fim. Tudo começou na noite de 4 de outubro, com os mineiros ocupando várias cidades, atacando e apreendendo quartéis locais da Guarda Civil e de Assalto. [53] Trinta e quatro padres, seis jovens seminaristas com idades entre 18 e 21 anos, e vários empresários e guardas civis foram sumariamente executados pelos revolucionários em Mieres e Sama, 58 edifícios religiosos incluindo igrejas, conventos e parte da universidade de Oviedo foram queimados e destruídos, [54] e mais de 100 padres foram mortos na diocese. [55] Franco, já General de Divisão e assessor do ministro da Guerra, Diego Hidalgo, foi colocado no comando das operações dirigidas para reprimir a violenta insurgência. Isso foi feito pelas tropas do Exército Espanhol da África, com o general Eduardo López Ochoa como comandante em campo. Após duas semanas de combates intensos (e um número de mortos estimado entre 1.200 e 2.000), a rebelião foi reprimida.

A insurgência nas Astúrias em Outubro de 1934 desencadeou uma nova era de violentas perseguições anti-cristãs com o massacre de 34 padres, iniciando a prática de atrocidades contra o clero, [56] e agudizou o antagonismo entre a esquerda e a direita. Franco e López Ochoa (que, antes da campanha nas Astúrias, era visto como um oficial de esquerda) [57] surgiram como oficiais preparados para usar "tropas contra civis espanhóis como se fossem um inimigo estrangeiro". [58] Franco descreveu a rebelião a um jornalista em Oviedo como "uma guerra de fronteira e suas frentes são o socialismo, o comunismo e tudo o que ataca a civilização para substituí-la pela barbárie". Embora as unidades coloniais enviadas para o norte pelo governo por recomendação de Franco [54] consistissem na Legião Estrangeira Espanhola e nos Regulares Indígenas Marroquinos, [59] a imprensa de direita retratou os rebeldes asturianos como lacaios de uma conspiração judaico-bolchevique estrangeira. [60]

Com esta rebelião contra a autoridade política legítima estabelecida, os socialistas também repudiaram o sistema institucional representativo, tal como os anarquistas tinham feito. [61] O historiador espanhol Salvador de Madariaga, partidário de Azaña e exilado oponente vocal de Francisco Franco, é autor de uma forte reflexão crítica contra a participação da esquerda na revolta: “O levante de 1934 é imperdoável. Robles tentou destruir a Constituição para estabelecer o fascismo foi, ao mesmo tempo, hipócrita e falsa. Com a rebelião de 1934, a esquerda espanhola perdeu até mesmo a sombra da autoridade moral para condenar a rebelião de 1936.” [62]

No início da Guerra Civil, López Ochoa foi assassinado; sua cabeça foi decepada e desfilou pelas ruas em um poste, com um cartão dizendo: 'Este é o açougueiro das Astúrias'. [63] Algum tempo depois destes acontecimentos, Franco foi brevemente comandante-em-chefe do Exército de África (a partir de 15 de Fevereiro), e a partir de 19 de Maio de 1935, Chefe do Estado-Maior General.

Eleições gerais de 1936

No final de 1935, o presidente Alcalá-Zamora manipulou uma questão de pequena corrupção para um grande escândalo no parlamento e eliminou Alejandro Lerroux, o chefe do Partido Republicano Radical, do cargo de primeiro-ministro. Posteriormente, Alcalá-Zamora vetou a substituição lógica, uma coligação maioritária de centro-direita, liderada pela CEDA, que refletiria a composição do parlamento. Ele então nomeou arbitrariamente um primeiro-ministro interino e após um curto período anunciou a dissolução do parlamento e novas eleições. [64]

Formaram-se duas amplas coligações: a Frente Popular à esquerda, que vai da União Republicana aos Comunistas, e a Frente Nacional à direita, que vai dos radicais de centro aos carlistas conservadores. No dia 16 de fevereiro de 1936, as eleições terminaram em empate virtual, mas à noite turbas de esquerda começaram a interferir na votação e no registo dos votos, distorcendo os resultados. [65] [66] Stanley G. Payne afirma que o processo foi uma fraude eleitoral flagrante, com violação generalizada das leis e da constituição. [67] [68] Em linha com o ponto de vista de Payne, em 2017 dois estudiosos espanhóis, Manuel Álvarez Tardío e Roberto Villa García publicaram o resultado de um importante trabalho de pesquisa no qual concluíram que as eleições de 1936 foram fraudadas, [69] [70] uma visão contestada por Paul Preston, [71] e outros estudiosos como Iker Itoiz Ciáurriz, que denuncia suas conclusões como "clássicos tropos anti-republicanos franquistas" revisionistas. [72]

A 19 de Fevereiro, o gabinete presidido por Portela Valladares demitiu-se, tendo sido rapidamente constituído um novo gabinete, composto maioritariamente por membros da Esquerda Republicana e da União Republicana e presidido por Manuel Azaña. [73]

José Calvo Sotelo, que fez do anticomunismo o foco dos seus discursos parlamentares, começou a espalhar propaganda violenta - defendendo um golpe de estado militar, formulando um discurso catastrofista de uma escolha dicotómica entre o "comunismo" ou um Estado "Nacional" marcadamente totalitário, e estabelecendo o clima das massas para uma rebelião militar. A difusão do mito sobre um suposto golpe de estado comunista, bem como um pretenso estado de “caos social” tornaram-se pretextos para um golpe. O próprio Franco, juntamente com o general Emilio Mola, desencadearam uma campanha anticomunista em Marrocos. [74]

No dia 23 de fevereiro, Franco foi enviado às Ilhas Canárias para servir como comandante militar das ilhas, nomeação por ele considerada um destierro (banimento). [75] Enquanto isso, uma conspiração liderada pelo General Mola tomava forma.

Interessado na imunidade parlamentar concedida por um assento nas Cortes, Franco pretendia apresentar-se como candidato do Bloco de Direita ao lado de José Antonio Primo de Rivera para a eleição suplementar na província de Cuenca programada para 3 de maio de 1936, após os resultados do As eleições de fevereiro de 1936 foram anuladas no distrito eleitoral. Mas Primo de Rivera recusou-se a concorrer ao lado de um oficial militar (Franco em particular) e o próprio Franco desistiu em 26 de Abril, um dia antes da decisão da autoridade eleitoral. Nessa altura, o político do PSOE, Indalecio Prieto, já tinha considerado Franco um "possível caudilho para uma revolta militar". [76]

O desencanto com o governo de Azaña continuou a crescer e foi dramaticamente expresso por Miguel de Unamuno, um republicano e um dos intelectuais mais respeitados da Espanha, que em junho de 1936 disse a um repórter que publicou sua declaração no El Adelanto que o presidente Manuel Azaña deveria "...debiera suicidarse como acto patriótico" ("cometer suicídio como ato patriótico"). [77]

Em junho de 1936, Franco foi contatado e uma reunião secreta foi realizada na floresta La Esperanza, em Tenerife, para discutir o início de um golpe militar. [78] Um obelisco (que foi posteriormente removido) comemorando este encontro histórico foi erguido no local, numa clareira em Las Raíces, em Tenerife. [79]

Exteriormente, Franco manteve uma atitude ambígua até quase julho. Em 23 de junho de 1936, escreveu ao chefe do governo, Casares Quiroga, oferecendo-se para reprimir o descontentamento no Exército Republicano Espanhol, mas não obteve resposta. Os outros rebeldes estavam determinados a seguir em frente con Paquito o sin Paquito (com Paquito ou sem Paquito; Paquito sendo um diminutivo de Paco, que por sua vez é abreviação de Francisco), como foi colocado por José Sanjurjo, o líder honorário dos militares revolta. Após vários adiamentos, o dia 18 de julho foi fixado como a data do levante. A situação chegou a um ponto sem volta e tal como foi apresentado a Franco por Mola, o golpe era inevitável e ele teve que escolher um lado. Decidiu juntar-se aos rebeldes e recebeu a tarefa de comandar o Exército de África. Um DH 89 De Havilland Dragon Rapide de propriedade privada, pilotado por dois pilotos britânicos, Cecil Bebb e Hugh Pollard, [80] foi fretado na Inglaterra em 11 de julho para levar Franco à África.

O golpe em curso foi precipitado pelo assassinato do líder da oposição de direita Calvo Sotelo em retaliação ao assassinato do guarda de assalto José Castillo, que havia sido cometido por um grupo liderado por uma guarda civil e composto por guardas de assalto e membros do grupo socialista milícias. [81] No dia 17 de Julho, um dia antes do planeado, o Exército de África rebelou-se, detendo os seus comandantes. No dia 18 de julho, Franco publicou um manifesto [82] e partiu para África, onde chegou no dia seguinte para assumir o comando.

Uma semana depois os rebeldes, que logo se autodenominaram Nacionalistas, controlavam um terço da Espanha; a maioria das unidades navais permaneceu sob o controle das forças legalistas republicanas, o que deixou Franco isolado. O golpe falhou na tentativa de obter uma vitória rápida, mas a Guerra Civil Espanhola começou.

Da Guerra Civil Espanhola à Segunda Guerra Mundial

Franco subiu ao poder durante a Guerra Civil Espanhola, que começou em julho de 1936 e terminou oficialmente com a vitória das suas forças nacionalistas em abril de 1939. Embora seja impossível calcular estatísticas precisas relativas à Guerra Civil Espanhola e às suas consequências, Payne escreve que se as mortes civis acima da norma forem adicionadas ao número total de mortes de vítimas da violência, o número de mortes atribuíveis à guerra civil atingiria aproximadamente 344.000. [83] Durante a guerra, estupros, torturas e execuções sumárias cometidas por soldados sob o comando de Franco foram usados como meio de retaliação e para reprimir a dissidência política. [84]

A guerra foi marcada pela intervenção estrangeira em nome de ambos os lados. Os nacionalistas de Franco foram apoiados pela Itália fascista, que enviou o Corpo Truppe Volontarie, e pela Alemanha Nazista, que enviou a Legião Condor. Aviões italianos estacionados em Maiorca bombardearam Barcelona 13 vezes, lançando 44 toneladas de bombas dirigidas a civis. Estes ataques foram solicitados pelo General Franco como vingança contra a população catalã. [85] [86] Da mesma forma, aviões italianos e alemães bombardearam a cidade basca de Guernica a pedido de Franco. A oposição republicana foi apoiada por comunistas, socialistas e anarquistas dentro da Espanha, bem como pela União Soviética e por voluntários que lutaram nas Brigadas Internacionais. [87]

Os primeiros meses

Vinte e seis republicanos executados pelos franquistas no início da Guerra Civil Espanhola, enterrados numa vala comum em Estépar

Após o pronunciamento de 18 de julho de 1936, Franco assumiu a liderança dos 30.000 soldados do Exército Espanhol da África. [88] Os primeiros dias da insurgência foram marcados por uma necessidade imperiosa de assegurar o controle sobre o Protetorado Espanhol Marroquino. Por um lado, Franco teve de conquistar o apoio da população nativa marroquina e das suas autoridades (nominais) e, por outro, teve de assegurar o seu controlo sobre o exército. Seu método foi a execução sumária de cerca de 200 oficiais superiores leais à República (um deles seu próprio primo). Seu leal guarda-costas foi baleado por Manuel Blanco. O primeiro problema de Franco foi como deslocar as suas tropas para a Península Ibérica, uma vez que a maioria das unidades da Marinha tinham permanecido no controlo da República e estavam a bloquear o Estreito de Gibraltar. Solicitou ajuda a Benito Mussolini, que respondeu com uma oferta de armas e aviões. [89] Na Alemanha, Wilhelm Canaris, chefe do serviço de inteligência militar da Abwehr, persuadiu Hitler a apoiar os nacionalistas; [90] Hitler enviou 20 aviões de transporte Ju 52 e seis caças biplanos Heinkel, com a condição de que não fossem usados em hostilidades, a menos que os republicanos atacassem primeiro. [91] Mussolini enviou 12 bombardeiros/transportes Savoia-Marchetti SM.81 e alguns caças. A partir de 20 de Julho Franco conseguiu, com esta pequena esquadra de aeronaves, iniciar uma ponte aérea que transportou 1.500 soldados do Exército de África para Sevilha, onde estas tropas ajudaram a garantir o controlo rebelde da cidade. [92] Ele negociou com sucesso com a Alemanha e a Itália por mais apoio militar e, acima de tudo, por mais aeronaves. Em 25 de julho, aeronaves começaram a chegar a Tetuão e em 5 de agosto Franco conseguiu quebrar o bloqueio, mobilizando com sucesso um comboio de barcos de pesca e navios mercantes transportando cerca de 3.000 soldados; entre 29 de julho e 15 de agosto, cerca de mais 15.000 homens foram transferidos. [92]

Em 26 de Julho, apenas oito dias após o início da revolta, os aliados estrangeiros do governo republicano convocaram uma conferência comunista internacional em Praga para elaborar planos para ajudar as forças da Frente Popular em Espanha. Os partidos comunistas em todo o mundo lançaram rapidamente uma campanha de propaganda em grande escala em apoio à Frente Popular. A Internacional Comunista (Comintern) reforçou imediatamente a sua atividade, enviando para Espanha o seu secretário-geral, o búlgaro Georgi Dimitrov, e Palmiro Togliatti o chefe do Partido Comunista da Itália. [93] [94] A partir de agosto começou a ajuda da União Soviética; em fevereiro de 1937, dois navios por dia chegavam aos portos mediterrâneos da Espanha carregando munições, rifles, metralhadoras, granadas de mão, artilharia e caminhões. Com a carga vieram agentes, técnicos, instrutores e propagandistas soviéticos. [95]

A Internacional Comunista começou imediatamente a organizar as Brigadas Internacionais, unidades militares voluntárias que incluíam a Brigada Garibaldi da Itália e o Batalhão Lincoln dos Estados Unidos. As Brigadas Internacionais eram geralmente destacadas como tropas de choque e, como resultado, sofreram muitas baixas. [96]

No início de agosto, a situação no oeste da Andaluzia era estável o suficiente para permitir que Franco organizasse uma coluna (cerca de 15 000 homens no seu auge), sob o comando do então tenente-coronel Juan Yagüe, que marcharia pela Estremadura em direção a Madrid. Em 11 de agosto foi tomada Mérida, e em 15 de agosto Badajoz, juntando-se assim ambas as áreas controladas pelos nacionalistas. Além disso, Mussolini ordenou um exército voluntário, o Corpo Truppe Volontarie (CTV) de unidades totalmente motorizadas (cerca de 12.000 italianos), para Sevilha, e Hitler adicionou-lhes um esquadrão profissional da Luftwaffe (2JG/88) com cerca de 24 aviões. Todos esses aviões tinham a insígnia nacionalista espanhola pintada, mas eram pilotados por cidadãos italianos e alemães. A espinha dorsal da força aérea de Franco naquela época eram os bombardeiros italianos SM.79 e SM.81, o caça biplano Fiat CR.32 e o bombardeiro de carga alemão Junkers Ju 52 e o caça biplano Heinkel He 51. [97]

No dia 21 de Setembro, com o chefe da coluna na vila de Maqueda (cerca de 80km de distância de Madrid), Franco ordenou um desvio para libertar a guarnição sitiada no Alcázar de Toledo, o que foi conseguido em 27 de setembro. [98] Esta decisão controversa deu à Frente Popular tempo para reforçar as suas defesas em Madrid e manter a cidade naquele ano, [99] mas com o apoio soviético. [100] Kennan alega que, depois de Estaline ter decidido ajudar os republicanos espanhóis, a operação foi posta em prática com notável velocidade e energia. A primeira carga de armas e tanques chegou já em 26 de setembro e foi descarregada secretamente à noite. Conselheiros acompanharam os armamentos. Os oficiais soviéticos estavam efetivamente encarregados das operações militares na frente de Madrid. Kennan acredita que esta operação foi originalmente conduzida de boa fé, sem outro propósito senão salvar a República. [101]

A política de Hitler para a Espanha foi astuta e pragmática. [102] A ata de uma conferência com o seu ministro das Relações Exteriores e chefes do exército na Chancelaria do Reich em Berlim, em 10 de novembro de 1937, resumiu seus pontos de vista sobre a política externa em relação à Guerra Civil Espanhola: "Por outro lado, uma vitória de 100 por cento para Franco também não era desejável., do ponto de vista alemão; antes, estávamos interessados na continuação da guerra e na manutenção da tensão no Mediterrâneo." [103] [104] Hitler desconfiava de Franco; de acordo com os comentários que fez na conferência, ele queria que a guerra continuasse, mas não queria que Franco alcançasse a vitória total. Ele sentiu que, com Franco no controle indiscutível da Espanha, a possibilidade de a Itália intervir ainda mais ou de continuar a ocupar as Ilhas Baleares seria evitada. [105]

Em Fevereiro de 1937, a ajuda militar da União Soviética começou a diminuir, sendo substituída por uma ajuda econômica limitada.

Chegada ao poder

Franco e outros comandantes rebeldes durante a Guerra Civil, c. 1936–1939

O líder designado do levante, general José Sanjurjo, morreu em 20 de julho de 1936 em um acidente de avião. Na zona nacionalista, “a vida política cessou”. [106] Inicialmente, apenas o comando militar importava: este estava dividido em comandos regionais (Emilio Mola no Norte, Gonzalo Queipo de Llano em Sevilha comandando a Andaluzia, Franco com um comando independente, e Miguel Cabanellas em Saragoça comandando Aragão). O próprio Exército Espanhol de Marrocos foi dividido em duas colunas, uma comandada pelo General Juan Yagüe e outra comandada pelo Coronel José Varela.

A partir de 24 de Julho foi criada uma junta coordenadora, a Junta de Defesa Nacional, com sede em Burgos. Liderado nominalmente por Cabanellas, como general mais graduado, inicialmente incluía Mola, três outros generais e dois coronéis; Franco foi adicionado posteriormente no início de agosto. [107] Em 21 de setembro foi decidido que Franco seria o comandante-em-chefe (este comando unificado foi combatido apenas por Cabanellas), [108] e, após alguma discussão, com nada mais do que um acordo morno de Queipo de Llano e de Mola, também chefe de governo. [109] Ele foi, sem dúvida, ajudado a atingir esta primazia pelo facto de, no final de Julho, Hitler ter decidido que toda a ajuda da Alemanha aos nacionalistas iria para Franco. [110]

Mola havia sido um tanto desacreditado como o principal planejador da tentativa de golpe que agora degenerara em uma guerra civil, e estava fortemente identificado com os monarquistas carlistas e de forma alguma com a Falange, um partido com inclinações e conexões fascistas ("falange", um partido político espanhol de extrema direita fundado por José Antonio Primo de Rivera), nem tinha boas relações com a Alemanha. Queipo de Llano e Cabanellas já haviam se rebelado contra a ditadura do general Miguel Primo de Rivera e, portanto, foram desacreditados em alguns círculos nacionalistas, e o líder falangista José Antonio Primo de Rivera estava na prisão em Alicante (seria executado alguns meses depois) . O desejo de manter um lugar aberto para ele impediu que qualquer outro líder falangista emergisse como possível chefe de Estado. O anterior distanciamento de Franco em relação à política significava que ele tinha poucos inimigos activos em qualquer uma das facções que precisavam de ser aplacadas, e também cooperou nos últimos meses com a Alemanha e a Itália. [111]

Em 1 de outubro de 1936, em Burgos, Franco foi proclamado publicamente como Generalísimo do Exército Nacional e Jefe del Estado (Chefe de Estado). [112] Quando Mola morreu em outro acidente aéreo um ano depois, em 2 de junho de 1937 (que alguns acreditam ter sido um assassinato), não sobrou nenhum líder militar daqueles que organizaram a conspiração contra a República entre 1933 e 1935. [113]

Comando militar

Franco guiou pessoalmente as operações militares desde então até o fim da guerra. O próprio Franco não era um génio estratégico, mas era muito eficaz em organização, administração, logística e diplomacia. [114] Após o ataque fracassado a Madrid em Novembro de 1936, Franco optou por uma abordagem fragmentada para vencer a guerra, em vez de manobras ousadas. Tal como acontece com a sua decisão de substituir a guarnição em Toledo, esta abordagem tem sido objecto de algum debate: [115] algumas das suas decisões, como em Junho de 1938, quando preferiu avançar em direção a Valência em vez da Catalunha, [116] permanecem particularmente controversas. do ponto de vista estratégico militar. [117] Valência, Castellón e Alicante viram as últimas tropas republicanas serem derrotadas por Franco.

Embora tanto a Alemanha como a Itália tenham fornecido apoio militar a Franco, o grau de influência de ambas as potências na direção da guerra parece ter sido muito limitado. No entanto, as tropas italianas, apesar de nem sempre serem eficazes, estiveram presentes em grande número na maioria das grandes operações. A Alemanha enviou um número insignificante de combatentes para a Espanha, mas ajudou os nacionalistas com instrutores técnicos e material moderno; [118] incluindo cerca de 200 tanques e 600 aeronaves [119] que ajudaram a força aérea nacionalista a dominar os céus durante a maior parte da guerra. [120]

A direção das forças alemãs e italianas por Franco era limitada, particularmente na direção da Legião Condor, mas ele era por defeito o seu comandante supremo, e eles recusaram-se a interferir na política da zona nacionalista. [121] Por razões de prestígio decidiu-se continuar a ajudar Franco até ao fim da guerra, e as tropas italianas e alemãs desfilaram no dia da vitória final em Madrid. [122]

A vitória nacionalista pode ser explicada por vários fatores: [123] o governo da Frente Popular teve políticas imprudentes nas semanas anteriores à guerra, onde ignorou perigos potenciais e alienou a oposição, encorajando mais pessoas a juntarem-se à rebelião, enquanto os rebeldes tinha uma coesão militar superior, com Franco fornecendo a liderança necessária para consolidar o poder e unificar as várias facções direitistas. [124] A sua diplomacia estrangeira garantiu a ajuda militar da Itália e da Alemanha e, segundo alguns relatos, ajudou a manter a Grã-Bretanha e a França fora da guerra. [114]

Os rebeldes fizeram uso eficaz de uma marinha menor, adquirindo os navios mais poderosos da frota espanhola e mantendo um corpo de oficiais funcional, enquanto os marinheiros republicanos assassinaram um grande número de seus oficiais navais que se aliaram aos rebeldes em 1936, como em Cartagena, [125] e El Ferrol. [126] Os nacionalistas usaram os seus navios de forma agressiva para perseguir a oposição, em contraste com a estratégia naval amplamente passiva dos republicanos.

Os nacionalistas não só receberam mais ajuda externa para sustentar o seu esforço de guerra, como também há provas de que fizeram uma utilização mais eficiente dessa ajuda. [127] Eles aumentaram as suas forças com armas capturadas aos republicanos, [128] e integraram com sucesso mais de metade dos prisioneiros de guerra republicanos no exército nacionalista. [129] Os rebeldes conseguiram construir uma força aérea maior e fazer uso mais eficaz da sua força aérea, particularmente no apoio a operações terrestres e bombardeamentos; e geralmente desfrutou de superioridade aérea a partir de meados de 1937; este poder aéreo contribuiu grandemente para a vitória nacionalista. [130]

Os republicanos foram sujeitos à desunião e a lutas internas, [131] e foram prejudicados pelas consequências destrutivas da revolução na zona republicana: a mobilização foi impedida, a imagem republicana foi prejudicada no estrangeiro nas democracias, e a campanha contra a religião despertou uma força católica esmagadora e inabalável. apoio aos nacionalistas. [132]

Comando político

Manifestação franquista em Salamanca (1937) com os desfilantes carregando faixas com o retrato de Franco e a população fazendo a saudação romana.

Em 19 de abril de 1937, Franco e Serrano Súñer, com a aquiescência dos generais Mola e Quiepo de Llano, fundiram à força a Falange nacional-sindicalista ideologicamente distinta e os partidos monarquistas carlistas em u partido sob seu governo, denominado Falange Española Tradicionalista y de las Juntas de Ofensiva Nacional-Sindicalista (FET y de las JONS), [133] que se tornou o único partido legal em 1939. [134]

Ao contrário de alguns outros movimentos fascistas, os Falangistas desenvolveram um programa oficial em 1934, os “Vinte e Sete Pontos”. [135] Em 1937, Franco assumiu como doutrina provisória do seu regime 26 dos 27 pontos originais. [136] Franco tornou-se jefe nacional (Chefe Nacional) da nova FET (Falange Española Tradicionalista; Falange Espanhola Tradicionalista) com um secretário, Junta Política e Conselho Nacional a serem nomeados posteriormente por ele mesmo. Cinco dias depois, em 24 de Abril, a saudação de braço erguido da Falange tornou-se a saudação oficial do regime nacionalista. [137] Também em 1937 a Marcha Real ("Marcha Real") foi restaurada por decreto como hino nacional na zona Nacionalista. Foi contestado pelos falangistas, que o associaram à monarquia e o boicotaram quando foi tocado, cantando muitas vezes o seu próprio hino, Cara al Sol (Enfrentando o Sol). [138] Em 1939, o estilo fascista prevalecia, com apelos rituais de "Franco, Franco, Franco". [139]

O conselheiro de Franco para assuntos partidários falangistas, Ramón Serrano Súñer, cunhado de sua esposa Carmen Polo, e um grupo de seguidores de Serrano Súñer dominaram o FET JONS e se esforçaram para aumentar o poder do partido. Serrano Súñer tentou levar o partido numa direção mais fascista, nomeando os seus acólitos para cargos importantes, e o partido tornou-se a principal organização política na Espanha franquista. Contudo, o FET JONS não conseguiu estabelecer um regime partidário fascista e foi relegado a um estatuto subordinado. Franco colocou o carlista Manuel Fal Condé em prisão domiciliária e prendeu centenas de velhos falangistas, os chamados "camisas velhas" (camisas viejas), incluindo o líder do partido Manuel Hedilla, [140] para ajudar a garantir o seu futuro político. Franco também apaziguou os carlistas explorando o anticlericalismo dos republicanos na sua propaganda, em particular no que diz respeito aos "mártires da guerra". Enquanto as forças republicanas apresentavam a guerra como uma luta para defender a República contra o fascismo, Franco se apresentava como o defensor da "Espanha Católica" contra o "comunismo ateu". [141] [142]

O fim da Guerra Civil

No início de 1939, apenas Madrid (ver História de Madrid) e algumas outras áreas permaneciam sob controlo das forças governamentais. Em 27 de Fevereiro, a Grã-Bretanha de Chamberlain e a França de Daladier reconheceram oficialmente o regime de Franco. Em 28 de março de 1939, com a ajuda das forças franquistas dentro da cidade (a "quinta-coluna" que o general Mola mencionara nas transmissões de propaganda de 1936), Madrid caiu nas mãos dos nacionalistas. No dia seguinte, Valência, que resistiu sob as armas dos nacionalistas durante quase dois anos, também se rendeu. A vitória foi proclamada em 1º de abril de 1939, quando a última força republicana se rendeu. No mesmo dia, Franco colocou a sua espada sobre o altar de uma igreja e jurou nunca mais a pegar, a menos que a própria Espanha fosse ameaçada de invasão.

Embora a Alemanha tivesse reconhecido o governo de Franco, a política de Franco em relação à Alemanha foi extremamente cautelosa até às espetaculares vitórias alemãs no início da Segunda Guerra Mundial. Uma indicação inicial de que Franco iria manter distância da Alemanha logo se revelou verdadeira. Uma suposta visita de Estado de Franco à Alemanha não se concretizou e outro boato de uma visita de Göring à Espanha, depois de ter desfrutado de um cruzeiro no Mediterrâneo Ocidental, novamente não se concretizou. Em vez disso, Göring teve de regressar a Berlim. [143]

Durante a Guerra Civil e posteriormente, ocorreu um período conhecido como Terror Branco. Isto viu execuções em massa de inimigos republicanos e outros nacionalistas, contrastando com o Terror Vermelho durante a guerra. A análise histórica e as investigações estimam que o número de execuções do regime de Franco durante este período esteja entre 100.000 e 200.000 mortos.

Stanley G. Payne diz que o número total de todos os tipos de execuções na zona republicana somou cerca de 56.000, e que as na zona nacionalista provavelmente ascenderam a pelo menos 70.000, com mais 28.000 execuções após o fim da guerra. [4] [144] Pesquisas recentes realizadas com escavações paralelas de valas comuns em Espanha pela Associação para a Recuperação da Memória Histórica (Asociación para la Recuperación de la Memoria Histórica), ARMH) estimam que mais de 35.000 pessoas mortas pelo lado nacionalista ainda estão desaparecidas em valas comuns. [145]

Julián Casanova Ruiz, que foi nomeado em 2008 para integrar o painel de peritos na primeira investigação judicial, conduzida pelo juiz Baltasar Garzón, dos crimes franquistas, [146] assim como os historiadores Josep Fontana e Hugh Thomas, estimam mortes no Terror Branco cerca de 150.000 no total. [5] [147] [6] De acordo com Paul Preston, 150 mil execuções de civis durante a guerra ocorreram na área franquista, bem como 50 mil na área republicana, além de aproximadamente 20 mil civis executados pelo regime de Franco após o fim da guerra. [148] [Nota 1] De acordo com Helen Graham, as classes trabalhadoras espanholas tornaram-se para o projeto franquista o que os judeus foram para a Volksgemeinschaft alemã. [149]

Segundo Gabriel Jackson e Antony Beevor, o número de vítimas do "Terror Branco" (execuções e fome ou doença nas prisões) entre 1939 e 1943 foi de 200.000. [122] Beevor "avalia que o 'terror branco' que se seguiu a Franco ceifou 200.000 vidas. O terror vermelho' já havia matado 38.000." [150] Julius Ruiz conclui que "embora os números permaneçam controversos, um mínimo de 37.843 execuções foram realizadas na zona republicana com um máximo de 150.000 execuções (incluindo 50.000 após a guerra) na Espanha Nacionalista." [151]

Franco chegando a San Sebastián em 1939, escoltado pela Guarda Mourisca

Apesar do fim da guerra, os guerrilheiros espanhóis exilados em França, e conhecidos como "Maquis", continuaram a resistir a Franco nos Pirenéus, realizando sabotagens e roubos contra o regime franquista. Vários republicanos exilados também lutaram na resistência francesa contra a ocupação alemã na França de Vichy durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1944, um grupo de veteranos republicanos da resistência francesa invadiu Val d'Aran, no noroeste da Catalunha, mas foi rapidamente derrotado. As atividades do Maquis continuaram até a década de 1950.

O fim da guerra levou a centenas de milhares de exílios, principalmente para a França, mas também para o México, Chile, Cuba e Estados Unidos. [152] Do outro lado dos Pirenéus, os refugiados foram confinados em campos de internamento em França, como o Campo de concentração de Gurs ou o Campo de concentração de Vernet, onde 12.000 republicanos foram alojados em condições miseráveis (na sua maioria soldados da Divisão Durruti).[153] Os 17.000 refugiados alojados em Gurs foram divididos em quatro categorias: Brigadistas, pilotos, Gudaris e "espanhóis" comuns. Os Gudaris (bascos) e os pilotos encontraram facilmente financiadores e empregos locais, e foram autorizados a abandonar o campo, mas os agricultores e as pessoas comuns, que não conseguiram encontrar relações em França, foram encorajados pelo governo francês, em acordo com o franquista governo, para regressar a Espanha. A grande maioria assim o fez e foi entregue às autoridades franquistas em Irún. De lá foram transferidos para o campo de Miranda de Ebro para “purificação” de acordo com a Lei de Responsabilidades Políticas.

Após a proclamação do regime da França de Vichy pelo marechal Philippe Pétain, os refugiados tornaram-se prisioneiros políticos e a polícia francesa tentou prender aqueles que tinham sido libertados do campo. Junto com outros "indesejáveis", eles foram enviados para o campo de internamento de Drancy antes de serem deportados para a Alemanha nazista. Assim, 5.000 espanhóis morreram no campo de concentração de Mauthausen. [154] O poeta chileno Pablo Neruda, nomeado pelo presidente chileno Pedro Aguirre Cerda cônsul especial para a imigração em Paris, foi encarregado do que chamou de "a missão mais nobre que já empreendi": enviar mais de 2.000 refugiados espanhóis, que tinham foi alojado pelos franceses em campos miseráveis, para o Chile num velho navio cargueiro, o Winnipeg. [155]

Segunda Guerra Mundial

Primeira fila, da esquerda para a direita: Karl Wolff, Heinrich Himmler, Franco e o ministro das Relações Exteriores da Espanha, Serrano Súñer, em Madrid, outubro de 1940

Em setembro de 1939, começou a Segunda Guerra Mundial. Franco recebeu importante apoio de Adolf Hitler e Benito Mussolini durante a Guerra Civil Espanhola, e assinou o Pacto Anticomintern. Ele fez discursos pró-Eixo, [156] ao mesmo tempo que ofereceu vários tipos de apoio à Itália e à Alemanha. O seu porta-voz, Antonio Tovar, comentou numa conferência em Paris intitulada 'Bolchevismo versus Europa' que "a Espanha alinhou-se definitivamente ao lado da... Alemanha Nacional Socialista e da Itália Fascista". [157] No entanto, Franco estava relutante em entrar na guerra devido à recuperação da Espanha da sua recente guerra civil e, em vez disso, seguiu uma política de "não beligerância".

Em 23 de outubro de 1940, Hitler e Franco reuniram-se em Hendaye, França, para discutir a possibilidade da entrada da Espanha ao lado do Eixo. As exigências de Franco, incluindo grandes fornecimentos de alimentos e combustível, bem como o controlo espanhol de Gibraltar e do Norte de África francês, revelaram-se demasiado para Hitler. Na altura, Hitler não queria correr o risco de prejudicar as suas relações com o novo governo francês de Vichy. [158] (Uma observação frequentemente citada atribuída a Hitler é que o líder alemão disse que preferia que lhe arrancassem alguns dos seus próprios dentes do que ter de lidar pessoalmente com Franco). [159]

Alguns historiadores argumentam que Franco fez exigências que sabia que Hitler não iria cumprir, a fim de ficar fora da guerra. Outros historiadores argumentam que Franco, como líder de um país destruído e falido, mergulhado no caos após uma brutal guerra civil de três anos, simplesmente tinha pouco a oferecer ao Eixo e que as forças armadas espanholas não estavam preparadas para uma grande guerra. Também foi sugerido que Franco decidiu não entrar na guerra depois que os recursos que solicitou a Hitler em outubro de 1940 não foram disponibilizados. [160]

Franco permitiu que soldados espanhóis se voluntariassem para lutar no Exército Alemão contra a União Soviética (a Divisão Azul), mas proibiu os espanhóis de lutar no Ocidente contra as democracias. Os pontos comuns de Franco com Hitler foram particularmente enfraquecidos pelas tentativas de Hitler de manipular o Cristianismo, o que ia contra o fervoroso compromisso de Franco em defender o Catolicismo. Contribuindo para o desacordo estava uma disputa em curso sobre os direitos mineiros alemães em Espanha.

De acordo com alguns estudiosos, após a queda da França em junho de 1940, a Espanha adotou uma postura pró-Eixo (por exemplo, navios e submarinos alemães e italianos foram autorizados a usar instalações navais espanholas) antes de retornar a uma posição mais neutra em final de 1943, quando a maré da guerra virou decisivamente contra as Potências do Eixo e a Itália mudou de lado. Franco inicialmente desejou entrar na guerra antes que o Reino Unido pudesse ser derrotado. [161]

Franco em Reus, 1940

No inverno de 1940 e 1941, Franco brincou com a ideia de um “Bloco Latino” formado por Espanha, Portugal, França de Vichy, Vaticano e Itália, sem grandes consequências. [162] Franco havia decidido cautelosamente entrar na guerra do lado do Eixo em junho de 1940, e para preparar seu povo para a guerra, uma campanha antibritânica e antifrancesa foi lançada na mídia espanhola que exigia Marrocos, Camarões e Gibraltar. [163] Em 19 de junho de 1940, Franco enviou uma mensagem a Hitler dizendo que queria entrar na guerra, mas Hitler ficou irritado com a exigência de Franco da colônia francesa de Camarões, que era alemã antes da Primeira Guerra Mundial, e que Hitler planejava tomar de volta para o Plano Z. [164] Franco considerou seriamente bloquear o acesso dos aliados ao Mar Mediterrâneo invadindo Gibraltar, controlado pelos britânicos, mas abandonou a ideia depois de saber que o plano provavelmente teria falhado devido ao fato de Gibraltar estar muito fortemente defendido. Além disso, declarar guerra ao Reino Unido e aos seus aliados daria-lhes sem dúvida uma oportunidade de capturar tanto as Ilhas Canárias como o Marrocos espanhol, bem como possivelmente lançar uma invasão da própria Espanha continental. [165] [166] Franco estava ciente de que sua força aérea seria rapidamente derrotada se entrasse em ação contra a Força Aérea Real, e a Marinha Real seria facilmente capaz de destruir a pequena marinha espanhola e bloquear toda a costa espanhola para evitar importações de materiais cruciais como o petróleo. A Espanha dependia das importações de petróleo dos Estados Unidos, que quase certamente seriam interrompidas se a Espanha aderisse formalmente ao Eixo. Franco e Serrano Suñer reuniram-se com Mussolini e Ciano em Bordighera, Itália, em 12 de fevereiro de 1941. [167] No entanto, um Mussolini afectado não parecia estar interessado na ajuda de Franco devido às derrotas que as suas forças sofreram no Norte de África e nos Balcãs, e até disse a Franco que desejava encontrar uma forma de sair da guerra. Quando a invasão da União Soviética começou em 22 de junho de 1941, o ministro das Relações Exteriores de Franco, Ramón Serrano Suñer, sugeriu imediatamente a formação de uma unidade de voluntários militares para se juntar à invasão. [168] Tropas voluntárias espanholas (a División Azul, ou "Divisão Azul") lutaram na Frente Oriental sob o comando alemão de 1941 a 1944. Alguns historiadores argumentaram que nem todos os membros da Divisão Azul eram verdadeiros voluntários e que Franco gastou recursos relativamente pequenos, mas significativos, para ajudar na batalha das potências do Eixo contra a União Soviética.

Franco inicialmente não foi apreciado pelo presidente cubano Fulgencio Batista, que, durante a Segunda Guerra Mundial, sugeriu uma declaração conjunta de guerra entre EUA e América Latina à Espanha para derrubar o regime de Franco. [169] Hitler pode não ter realmente desejado que a Espanha se juntasse à guerra, pois precisava de portos neutros para importar materiais de países da América Latina e de outros lugares. Ele sentiu que a Espanha seria um fardo, pois dependeria da ajuda da Alemanha. Em 1941, as forças francesas de Vichy provavam a sua eficácia no Norte de África, reduzindo a necessidade de ajuda espanhola, e Hitler mostrava-se cauteloso quanto à abertura de uma nova frente na costa ocidental da Europa enquanto lutava para reforçar os italianos na Grécia e na Jugoslávia. Franco assinou um Pacto Anticomintern revisado em 25 de novembro de 1941. A Espanha continuou a obter bens alemães valiosos, incluindo equipamento militar, como parte do pagamento pelas matérias-primas espanholas, [170] e comercializou volfrâmio com a Alemanha até agosto de 1944, quando os alemães se retiraram da fronteira espanhola. [171]

A neutralidade espanhola durante a Segunda Guerra Mundial foi publicamente reconhecida pelos principais estadistas aliados. [172] Em novembro de 1942, o presidente dos EUA, Roosevelt, escreveu ao general Franco: "...a sua nação e a minha são amigas no melhor sentido da palavra." [173] Em maio de 1944, Winston Churchill declarou na Câmara dos Comuns: "Nos dias sombrios da guerra, a atitude do governo espanhol em não permitir a passagem dos nossos inimigos através de Espanha foi extremamente útil para nós... Devo dizer que sempre considerarei que um serviço foi prestado... pela Espanha, não apenas ao Reino Unido e ao Império Britânico e à Commonwealth, mas à causa das Nações Unidas." [174] De acordo com as recordações pessoais do Embaixador dos EUA em Espanha, Carlton Hayes, uma gratidão semelhante também foi expressa pelo Governo Provisório Francês em Argel em 1943. Franco não colocou obstáculos à construção pela Grã-Bretanha de uma grande base aérea que se estendesse de Gibraltar até às águas territoriais espanholas e saudou os desembarques anglo-americanos no Norte de África. A Espanha não internou nenhum dos 1.200 aviadores americanos que foram forçados a pousar no país, mas “deu-lhes refúgio e permitiu-lhes partir”. [175]

Após a guerra, o governo espanhol tentou destruir todas as provas da sua cooperação com o Eixo. Em 2010, foram descobertos documentos que mostram que, em 13 de maio de 1941, Franco ordenou aos seus governadores provinciais que compilassem uma lista de judeus enquanto ele negociava uma aliança com as potências do Eixo. [176] Franco forneceu ao Reichsführer-SS Heinrich Himmler, arquiteto da Solução Final dos nazistas, uma lista de 6.000 judeus na Espanha. [176]

Em 14 de junho de 1940, as forças espanholas em Marrocos ocuparam Tânger (uma cidade sob controlo internacional) e não partiram até ao final da guerra em 1945.

Após a guerra, Franco permitiu que muitos ex-nazistas, como Otto Skorzeny e Léon Degrelle, e outros fascistas, buscassem asilo político na Espanha. [177]

Tratamento de Judeus

Franco teve uma associação controversa com judeus antes e durante a Segunda Guerra Mundial. Ele fez comentários antissemitas num discurso em maio de 1939, e fez comentários semelhantes em pelo menos seis ocasiões durante a Segunda Guerra Mundial. [178] Franco acreditava na existência de uma "conspiração judaico-maçônica-bolchevique" [179] e enquadrou deliberadamente a Guerra Civil Espanhola como um conflito contra judeus e bolcheviques. [180] Em 2010, foram descobertos documentos que mostram que, em 13 de maio de 1941, Franco ordenou aos seus governadores provinciais que compilassem uma lista de judeus enquanto ele negociava uma aliança com as potências do Eixo. [181] Franco forneceu ao Reichsführer-SS Heinrich Himmler, arquiteto da Solução Final dos nazistas, uma lista de 6.000 judeus na Espanha. [181] Ao contrário, de acordo com Anti-Semitism: A Historical Encyclopedia of Prejudice and Persecution (2005):

Durante a guerra, Franco resgatou muitos judeus.... Quantos judeus foram salvos pelo governo de Franco durante a Segunda Guerra Mundial é uma questão de controvérsia histórica. Franco foi creditado por salvar cerca de 30.000 a 60.000 judeus; estimativas mais confiáveis ​​sugerem que 45.000 é um número provável.[182]

Preston escreve que, nos anos do pós-guerra, "um mito foi cuidadosamente construído para afirmar que o regime de Franco salvou muitos judeus do extermínio" como um meio de desviar as críticas estrangeiras das alegações de colaboração ativa com o regime nazista. [183] Já em 1943, o Ministério das Relações Exteriores concluiu que os Aliados provavelmente venceriam a guerra. José Félix de Lequerica y Erquiza tornou-se Ministro das Relações Exteriores em 1944 e logo desenvolveu uma "obsessão" com a importância da "carta judaica" nas relações com as antigas potências aliadas. [184]

A Espanha forneceu vistos para milhares de judeus franceses transitarem pela Espanha a caminho de Portugal para escapar dos nazistas. Diplomatas espanhóis protegeram cerca de 4.000 judeus que viviam na Hungria, Romênia, Bulgária, Tchecoslováquia e Áustria. Pelo menos cerca de 20.000 a 30.000 judeus foram autorizados a passar pela Espanha na primeira metade da guerra. Os judeus que não foram autorizados a entrar em Espanha, porém, foram enviados para o campo de concentração de Miranda de Ebro ou deportados para França. Em Janeiro de 1943, depois de a embaixada alemã em Espanha ter dito ao governo espanhol que tinha dois meses para retirar os seus cidadãos judeus da Europa Ocidental, a Espanha limitou severamente os vistos e apenas 800 judeus foram autorizados a entrar no país. Depois da guerra, Franco exagerou nas suas contribuições para salvar os judeus, a fim de melhorar a imagem da Espanha no mundo e acabar com o seu isolamento internacional. [182] [185] [186] [187]

Após a guerra, Franco não reconheceu o Estado israelense e manteve fortes relações com o mundo árabe. Israel manifestou desinteresse em estabelecer relações, embora houvesse alguns laços económicos informais entre os dois países nos últimos anos da governação de Franco. [188] No rescaldo da Guerra dos Seis Dias em 1967, a Espanha de Franco foi capaz de utilizar a sua relação positiva com o presidente egípcio Gamal Abdel Nasser e o mundo árabe (devido a não ter reconhecido o Estado israelita) para permitir que 800 judeus egípcios, muitos deles sefarditas, ascendência, passagem segura para fora do Egito com passaportes espanhóis. [189] Isto foi realizado através do embaixador da Espanha franquista no Egito, Ángel Sagaz Zubelzu, no entendimento de que os judeus emigrantes não emigrariam imediatamente para Israel e que não usariam publicamente o caso como propaganda política contra o Egito de Nasser. [189] Em 16 de dezembro de 1968, o governo espanhol revogou formalmente o Édito de Expulsão de 1492 contra a população judaica da Espanha. [190] [191]

Franco pessoalmente e muitos no governo declararam abertamente que acreditavam que havia uma conspiração internacional de maçons e comunistas contra a Espanha, às vezes incluindo judeus ou "judaico-maçonaria" como parte disso. [192] Enquanto estava sob a liderança de Francisco Franco, o governo espanhol endossou explicitamente a Igreja Católica como a religião do Estado-nação e não endossou ideias liberais como o pluralismo religioso ou a separação entre Igreja e Estado encontradas na Constituição Republicana de 1931. Após a Segunda Guerra Mundial, o governo promulgou a "Declaração de Direitos Espanhola" (Fuero de los Españoles), que ampliou o direito ao culto privado de religiões não católicas, incluindo o Judaísmo, embora não permitisse a construção de edifícios religiosos para esta prática e não permitia cerimônias públicas não católicas. [193] Com o pivô da política externa da Espanha em relação aos Estados Unidos durante a Guerra Fria, a situação mudou com a Lei de Liberdade Religiosa de 1967, que concedeu plenos direitos religiosos públicos aos não-católicos. [194] A derrubada do catolicismo como religião estatal explícita da Espanha e o estabelecimento do pluralismo religioso patrocinado pelo Estado seriam realizados na Espanha em 1978, com a nova Constituição da Espanha, três anos após a morte de Franco.

Espanha sob Franco

Ver artigo principal: Espanha Franquista
Franco visita Tolosa, 1948.

Franco foi reconhecido como chefe de estado espanhol pelo Reino Unido, França e Argentina em fevereiro de 1939. [195] [196] Já proclamado Generalísimo dos Nacionalistas e Jefe del Estado (Chefe de Estado) em outubro de 1936, [112] assumiu a partir de então o título oficial de "Su Excelencia el Jefe de Estado" ("Sua Excelência o Chefe de Estado"). Ele também foi referido em documentos oficiais e estaduais como "Caudillo de España " ("o Líder da Espanha"), e às vezes chamado de "el Caudillo de la Última Cruzada y de la Hispanidad " ("o Líder da Última Cruzada e de a herança hispânica") e "el Caudillo de la Guerra de Liberación contra el Comunismo y sus Cómplices " ("o líder da guerra de libertação contra o comunismo e seus cúmplices").

No papel, Franco tinha mais poder do que qualquer líder espanhol antes ou depois. Durante os primeiros quatro anos após tomar Madrid, governou quase exclusivamente por decreto. A "Lei do Chefe de Estado", aprovada em agosto de 1939, "confiou permanentemente" todo o poder de governo a Franco; ele não era obrigado nem mesmo a consultar o gabinete para a maioria das legislações ou decretos. [197] De acordo com Payne, Franco possuía muito mais poder diário do que Hitler ou Stalin possuíam nos respectivos auges de seu poder. Ele observou que, embora Hitler e Estaline mantivessem parlamentos carimbados, este não foi o caso em Espanha nos primeiros anos após a guerra - uma situação que nominalmente tornou o regime de Franco "o mais puramente arbitrário do mundo". [198]

Isto mudou em 1942, quando Franco convocou um parlamento conhecido como Cortes Españolas. Foi eleito de acordo com princípios corporativistas e tinha pouco poder real. Notavelmente, não tinha controlo sobre os gastos do governo e o governo não era responsável perante eles; os ministros foram nomeados e demitidos apenas por Franco.

Em 26 de julho de 1947, Franco proclamou a Espanha como monarquia, mas não designou um monarca. Este gesto foi feito em grande parte para apaziguar os monarquistas do Movimiento Nacional (carlistas e alfonsoístas). Franco deixou o trono vago, proclamando-se regente de facto vitalício. Ao mesmo tempo, Franco apropriou-se de muitos dos privilégios de um rei. Usava o uniforme de capitão-general (posto tradicionalmente reservado ao rei) e residia no Palácio El Pardo. Além disso, ele começou a andar sob um dossel e seu retrato apareceu na maioria das moedas e selos postais espanhóis. Ele também acrescentou "pela graça de Deus", frase que geralmente faz parte dos estilos dos monarcas, ao seu estilo.

Franco inicialmente buscou apoio de vários grupos. A sua administração marginalizou os ideólogos fascistas em favor dos tecnocratas, muitos dos quais estavam ligados ao Opus Dei, que promoviam a modernização econômica. [199]

Franco adotou armadilhas fascistas, [200] [201] [202] [203] embora Stanley Payne argumentasse que muito poucos estudiosos o consideram um "fascista central". [204] Em relação ao regime, o Oxford Living Dictionary usa o regime de Franco como um exemplo de fascismo, [205] e também tem sido apresentado de várias maneiras como uma "ditadura fascistizada", [206] ou um "regime semifascista". [207] Francisco Cobo Romero escreve que, além de neutralizar os avanços da esquerda usando um tipo essencialmente antiliberal de ultranacionalismo, "na sua tentativa de emular o fascismo, o franquismo recorreu à sacralização e à mistificação da pátria, elevando-a a um objecto de culto, e revestindo-a com uma divinização litúrgica do seu líder”. [208]

Em suma, alguns autores apontaram para uma suposta artificialidade e fracasso do FET JONS, a fim de diminuir a ênfase do peso fascista dentro do regime, enquanto outros incorporaram essas características percebidas de “partido fraco” dentro da estrutura de um modelo particular de “partido fraco”. fascismo espanhol". [209] No entanto, tem sido argumentado que novo material de investigação sustenta o "sujeito fascista", tanto com base na existência de uma cultura política falangista fascista difundida e totalmente diferenciada, como na importância da Guerra Civil para o falangismo, que serviu como uma área de experiência, de violência, de memória, bem como para a geração de uma cultura de vitória. [209] Na perspectiva de um comparativo dos fascismos europeus, Javier Rodrigo considera o regime franquista paradigmático por três razões: por ser o único regime europeu autoritário com aspirações totalitárias, por ser o regime que mais violência política exerceu em tempos de paz retórica, e por ser o regime que utiliza o aparato “memoricida” mais eficaz. [210]

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a Espanha sofreu as consequências do seu isolamento da economia internacional. A Espanha foi excluída do Plano Marshall, [211] ao contrário de outros países neutros da Europa. Esta situação terminou em parte quando, à luz das tensões da Guerra Fria e da localização estratégica de Espanha, os Estados Unidos da América firmaram uma aliança comercial e militar com Franco. Esta aliança histórica começou com a visita do Presidente dos EUA, Dwight D. Eisenhower, a Espanha em 1953, que resultou no Pacto de Madrid. A Espanha foi então admitida nas Nações Unidas em 1955. [212] As instalações militares americanas construídas em Espanha desde então incluem a Estação Naval Rota, a Base Aérea de Morón e a Base Aérea de Torrejón. [213]

Repressão política

De acordo com as estimativas de Preston, as forças de Franco mataram cerca de 420.000 espanhóis no teatro de guerra, através de execuções extrajudiciais durante a Guerra Civil e em execuções estatais imediatamente após o seu fim em 1939. [214] A primeira década do governo de Franco após o seu fim assistiu à repressão contínua e ao assassinato de um número indeterminado de opositores políticos. Em 1941, a população carcerária da Espanha era de 233.000, a maioria presos políticos. [215] De acordo com Antony Beevor, pesquisas recentes em mais de metade das províncias espanholas indicam pelo menos 35 mil execuções oficiais no país após a guerra, sugerindo que o número geralmente aceite de 35 mil execuções oficiais é baixo. Contabilizando os assassinatos não oficiais e aleatórios, e aqueles que morreram durante a guerra devido a execuções, suicídio, fome e doenças na prisão, o número total está provavelmente próximo de 200.000. [216]

Lluís Companys, presidente da Catalunha sob a República, que foi executado por Franco em 1940

No início da década de 1950, o estado de Franco tornou-se menos violento, mas durante todo o seu governo, os sindicatos não governamentais e todos os oponentes políticos em todo o espectro político, desde organizações comunistas e anarquistas a democratas liberais e separatistas catalães ou bascos, foram suprimidos. ou rigidamente controladas por todos os meios, incluindo a repressão policial violenta. [217] Os sindicatos Confederación Nacional del Trabajo (CNT) e Unión General de Trabajadores (UGT) foram proibidos e substituídos em 1940 pelo corporativista Sindicato Vertical . O Partido Socialista dos Trabalhadores Espanhóis e a Esquerra Republicana de Catalunya (ERC) foram banidos em 1939, enquanto o Partido Comunista de Espanha (PCE) passou à clandestinidade. O Partido Nacionalista Basco (PNV) exilou-se e, em 1959, o grupo armado Euskadi Ta Askatasuna (ETA) foi criado para travar uma guerra de baixa intensidade contra Franco.

O nacionalismo espanhol de Franco promoveu uma identidade nacional unitária ao reprimir a diversidade cultural de Espanha. As touradas e o flamenco [218] foram promovidos como tradições nacionais, enquanto as tradições não consideradas "espanholas" foram suprimidas. A visão de Franco sobre a tradição espanhola era um tanto artificial e arbitrária: embora algumas tradições regionais fossem suprimidas, o flamenco, uma tradição andaluza, era considerado parte de uma identidade nacional mais ampla. Todas as atividades culturais estavam sujeitas à censura, e muitas, como a Sardana, a dança nacional da Catalunha, foram claramente proibidas (muitas vezes de forma errática). Esta política cultural foi relaxada ao longo do tempo, principalmente durante o final da década de 1960 e início da década de 1970.

Franco também usou a política linguística na tentativa de estabelecer a homogeneidade nacional. Promoveu o uso do espanhol castelhano e suprimiu outras línguas como o catalão, o galego e o basco. O uso legal de outras línguas além do castelhano foi proibido. Todos os documentos governamentais, notariais, legais e comerciais deveriam ser redigidos exclusivamente em castelhano e quaisquer documentos escritos em outras línguas seriam considerados nulos e sem efeito. O uso de qualquer outra língua era proibido nas escolas, na publicidade e nas placas de estradas e lojas. Para uso não oficial, os cidadãos continuaram a falar estas línguas. Esta foi a situação ao longo da década de 1940 e, em menor medida, durante a década de 1950, mas depois de 1960 as línguas espanholas não castelhanas foram faladas e escritas livremente e chegaram às livrarias e aos palcos, embora nunca tenham recebido estatuto oficial.

A maioria das cidades do interior e áreas rurais eram patrulhadas por duplas da Guardia Civil, uma força policial militar para civis, que funcionava como principal meio de controle social de Franco. As grandes cidades e capitais estavam em sua maioria sob a jurisdição da Polícia Armada, ou dos grises ("cinzas", devido à cor de seus uniformes), como eram chamados.

As revoltas estudantis nas universidades no final dos anos 1960 e início dos anos 1970 foram violentamente reprimidas pela fortemente armada Policía Armada (Polícia Armada), e policiais à paisana estiveram presentes em palestras em universidades espanholas. [219] A aplicação pelas autoridades públicas dos valores católicos tradicionais foi uma intenção declarada do regime, principalmente através da utilização de uma lei (a Ley de Vagos y Maleantes, Lei da Vagabundagem) promulgada por Azaña. [220] Os restantes nómadas de Espanha (Gitanos e Mercheros como El Lute) foram especialmente afectados. Através desta lei, a homossexualidade e a prostituição foram consideradas crimes em 1954. [221]

As colônias espanholas e a descolonização

A Espanha tentou manter o controle de suas colônias durante o governo de Franco. Durante a Guerra da Argélia (1954-62), Madrid tornou-se a base da Organisation Armée Secrète (OEA), um grupo de direita do exército francês que procurava preservar a Argélia Francesa. Apesar disso, Franco foi forçado a fazer algumas concessões. Quando Marrocos se tornou independente da França em 1956, entregou os territórios do protetorado espanhol ao estado recém-nascido, retendo apenas algumas cidades (as Plazas de soberanía). No ano seguinte, Maomé V invadiu o Saara Espanhol durante a Guerra de Ifni (conhecida como a "Guerra Esquecida" na Espanha). Somente em 1975, com a Marcha Verde, Marrocos assumiu o controle de todos os antigos territórios espanhóis no Saara.

Em 1968, sob pressão das Nações Unidas, [222] a Espanha concedeu a independência à Guiné Equatorial e, no ano seguinte, cedeu Ifni a Marrocos. Sob Franco, a Espanha também prosseguiu uma campanha para forçar uma negociação no território ultramarino britânico de Gibraltar, e fechou a sua fronteira com esse território em 1969. A fronteira não seria totalmente reaberta até 1985.

Política econômica

A Guerra Civil devastou a economia espanhola. [223] As infraestruturas foram danificadas, os trabalhadores morreram e a atividade quotidiana foi gravemente prejudicada. Durante mais de uma década após a vitória de Franco, a economia devastada recuperou muito lentamente. Franco inicialmente seguiu uma política de autarquia, cortando quase todo o comércio internacional. A política teve efeitos devastadores e a economia estagnou. Somente os comerciantes do mercado negro poderiam desfrutar de uma riqueza evidente.

Ficheiro:Spanish peseta coin with Franco 1963.gif
Moeda de peseta espanhola de 1963 com uma imagem de Franco e letras dizendo: "Francisco Franco, Líder da Espanha, pela graça de Deus"

À beira da falência, uma combinação de pressões dos Estados Unidos e do FMI conseguiu convencer o regime a adoptar uma economia de mercado livre. Muitos dos membros da velha guarda encarregados da economia foram substituídos por tecnocratas (technocrata), apesar de alguma oposição inicial de Franco. O regime deu os primeiros passos vacilantes no sentido de abandonar as suas pretensões de autossuficiência e no sentido de uma transformação do sistema económico espanhol. Os níveis de produção industrial anteriores à Guerra Civil foram recuperados no início da década de 1950, embora a produção agrícola tenha permanecido abaixo dos níveis anteriores à guerra até 1958. Os anos de 1951 a 1956 foram marcados por um progresso económico substancial, mas as reformas do período foram implementadas apenas esporadicamente e não foram bem coordenadas. A partir de meados da década de 1950, registou-se uma aceleração lenta mas constante da actividade económica, mas a relativa falta de crescimento (em comparação com o resto da Europa Ocidental) acabou por forçar o regime de Franco a permitir a introdução de políticas económicas liberais no final da década de 1950. Durante os anos de pré-estabilização de 1957-1959, os planeadores económicos espanhóis implementaram medidas parciais, tais como ajustamentos anti-inflacionários moderados e medidas incrementais para integrar a Espanha na economia global, mas os desenvolvimentos externos e o agravamento da crise económica interna forçaram-nos a adoptar medidas mais abrangentes. mudanças. Uma reorganização do Conselho de Ministros no início de 1957 trouxe um grupo de homens mais jovens, a maioria dos quais com formação em economia e experiência, para os principais ministérios. O processo de integração do país na economia mundial foi ainda facilitado pelas reformas do Plano de Estabilização e Liberalização de 1959. [224] [225]

Quando Franco substituiu os seus ministros ideológicos pelos tecnocratas apolíticos, o regime implementou várias políticas de desenvolvimento que incluíram reformas económicas profundas. Após uma recessão, o crescimento decolou a partir de 1959, criando um boom económico que durou até 1974, e ficou conhecido como o “milagre espanhol”. [226]

Simultaneamente à ausência de reformas sociais e à mudança de poder económico, iniciou-se uma onda de emigração em massa para outros países europeus e, em menor grau, para a América do Sul. A emigração ajudou o regime de duas maneiras. O país livrou-se de populações que não teria sido capaz de manter no emprego e os emigrantes forneceram ao país as tão necessárias remessas monetárias. [227]

Durante a década de 1960, as classes ricas da Espanha franquista experimentaram novos aumentos de riqueza, especialmente aqueles que permaneceram politicamente fiéis, enquanto uma classe média florescente tornou-se visível à medida que o "milagre econômico" progredia. As empresas internacionais estabeleceram fábricas em Espanha onde os salários eram baixos, os impostos sobre as empresas muito baixos, as greves proibidas e a saúde dos trabalhadores ou as proteções estatais quase desconhecidas. Empresas estatais como o fabricante de automóveis SEAT, o construtor de caminhões Pegaso e a refinaria de petróleo INH expandiram enormemente a produção. Além disso, a Espanha era praticamente um novo mercado de massa. A Espanha tornou-se a segunda economia com crescimento mais rápido no mundo entre 1959 e 1973, atrás apenas do Japão. Na altura da morte de Franco, em 1975, a Espanha ainda estava atrás da maior parte da Europa Ocidental, mas a diferença entre o seu PIB per capita e o dos principais países da Europa Ocidental tinha diminuído bastante, e o país tinha desenvolvido uma grande economia industrializada. [228]

Sucessão

Franco com o príncipe Juan Carlos em 1969

No final da década de 1960, o idoso Franco decidiu nomear um monarca para suceder à sua regência, mas as tensões latentes entre os carlistas e os alfonsoístas continuaram. Em 1969, Franco nomeou formalmente como seu herdeiro aparente o príncipe Juan Carlos de Borbón, que havia sido educado por ele na Espanha, [229] com o novo título de Príncipe da Espanha, sugerido por Laureano López Rodó para evitar um confronto com o pai do príncipe de Juan Carlos, Juan de Borbón, o Conde de Barcelona. [230] Esta designação foi uma surpresa para o pretendente carlista ao trono, o príncipe Xavier de Bourbon-Parma, bem como para Don Juan. [231]

À medida que os seus últimos anos avançavam, as tensões dentro das várias facções do Movimento consumiriam a vida política espanhola, à medida que vários grupos disputavam posições num esforço para ganhar o controlo do futuro do país.

Honras

Morte e funeral

Carlos Arias Navarro e Franco em sua residência em outubro de 1975, cerca de uma semana antes de entrar em coma irreversível

Em 19 de julho de 1974, o idoso Franco adoeceu devido a vários problemas de saúde e Juan Carlos assumiu o cargo de chefe de estado interino. Franco recuperou-se e a 2 de setembro retomou as suas funções como chefe de Estado. Um ano depois, ele adoeceu novamente, sofrendo de outros problemas de saúde, incluindo uma longa batalha contra a doença de Parkinson. A última aparição pública de Franco foi em 1º de outubro de 1975, quando, apesar de sua aparência magra e frágil, fez um discurso para multidões na varanda do Palácio Real de Madrid, alertando o povo de que havia uma "conspiração maçônica, esquerdista e comunista contra a Espanha". ." Em 30 de outubro de 1975, ele entrou em coma e foi colocado em aparelhos de suporte vital. A família de Franco concordou em desligar as máquinas de suporte vital. Oficialmente, faleceu poucos minutos depois da meia-noite do dia 20 de novembro de 1975, de insuficiência cardíaca, aos 82 anos - na mesma data da morte de José Antonio Primo de Rivera, o fundador da Falange, em 1936. O historiador Ricardo de la Cierva afirmou, no entanto, que lhe foi dito por volta de 6h da tarde do dia 19 de novembro que Franco já havia morrido. [232]

Assim que a notícia da morte de Franco foi tornada pública, o governo declarou trinta dias de luto nacional oficial. Em 22 de novembro, Juan Carlos foi oficialmente proclamado Rei da Espanha. Houve uma exibição pública do corpo de Franco na capela do Palácio Real; uma missa de réquiem e um desfile militar foram realizados no dia de seu enterro. [233]

O corpo de Franco foi enterrado no Vale dos Caídos (espanhol : Valle de los Caídos), um memorial colossal construído pelo trabalho forçado de prisioneiros políticos, ostensivamente para homenagear as vítimas de ambos os lados da Guerra Civil Espanhola. Localizava-se a apenas 10 quilômetros do palácio, mosteiro e panteão real de El Escorial construído para o rei Felipe II. Em 1 de abril de 1959, Franco inaugurou a sua enorme basílica subterrânea como seu monumento e mausoléu, dizendo nas suas próprias palavras que foi construída "em memória da minha vitória sobre o comunismo, que tentava dominar a Espanha". O arquiteto do projeto, Diego Méndez, construiu um túmulo forrado de chumbo para Franco sob o piso do transepto, atrás do altar-mor da igreja, em 1956, fato desconhecido do povo espanhol até quase trinta anos depois. [233] Franco foi a única pessoa enterrada no Vale que não morreu durante a guerra civil. [234] Foi sepultado a poucos metros do túmulo do fundador da Falange, José Antonio. [235]

Uma missa de réquiem e um desfile militar ocorreram no dia de seu enterro, 23 de novembro de 1975. Quando o cortejo com o corpo de Franco chegou ao Vale dos Caídos, cerca de 75.000 direitistas vestindo as camisas azuis dos falangistas o saudaram com canções rebeldes da guerra civil e saudações fascistas. [236]

Os principais governos europeus, que condenaram o regime de Franco, recusaram-se a enviar representantes de alto nível ao seu funeral. [237] Alguns dos poucos dignitários estrangeiros e representantes do governo que compareceram foram: Nelson Rockefeller, vice-presidente dos Estados Unidos, [238] Lord Shepherd, líder da Câmara dos Lordes do Reino Unido [239] (Harold Wilson causou polêmica dentro do Partido Trabalhista enviando-o para representar o Governo do Reino Unido), [240] Príncipe Rainier III de Mônaco, Rei Hussein da Jordânia, Imelda Marcos, Primeira Dama das Filipinas e esposa de Ferdinand Marcos, ditador das Filipinas, [241] Hugo Banzer, ditador militar da Bolívia, [242] e o general Augusto Pinochet, ditador do Chile, [238] para quem o Caudillo espanhol foi um modelo. Ficou claro ao General Pinochet que ele não seria bem-vindo na coroação de Juan Carlos. [243]

Após o funeral de Franco, sua viúva, Carmen Polo, supervisionou a movimentação de caixas de joias, antiguidades, obras de arte e papéis de Franco para as diversas propriedades da família na Espanha ou para refúgios seguros em países estrangeiros. A família permaneceu extremamente rica após sua morte. Polo tinha um quarto em seu apartamento cujas paredes eram forradas do chão ao teto com quarenta colunas de vinte gavetas, algumas contendo tiaras, colares, brincos, guirlandas, broches e camafeus. Outros continham ouro, prata, diamantes, esmeraldas, rubis, topázios e pérolas, mas as joias mais valiosas eram guardadas em cofres de bancos. [244]

Exumação

Em 2019, o corpo de Franco foi retirado do monumento de Santa Cruz del Valle de los Caídos, onde estava desde o seu funeral em 1975.

Em 11 de maio de 2017, o Congresso dos Deputados aprovou, por 198-1 com 140 abstenções, uma moção impulsionada pelo Partido Socialista dos Trabalhadores ordenando ao Governo a exumação dos restos mortais de Franco. [245]

Em 24 de agosto de 2018, o Governo do Primeiro-Ministro Pedro Sánchez aprovou alterações legais à Lei da Memória Histórica estabelecendo que apenas aqueles que morreram durante a Guerra Civil seriam enterrados no Valle de los Caídos, resultando em planos para exumar os restos mortais de Franco para serem enterrados noutro local. A vice-primeira-ministra Carmen Calvo Poyato afirmou que o enterro de Franco no monumento “mostra uma falta de respeito ... pelas vítimas ali enterradas”. O governo deu à família de Franco um prazo de 15 dias para decidir o local de descanso final de Franco, ou então um "local digno" seria escolhido pelo governo. [246]

Em 13 de setembro de 2018, o Congresso dos Deputados votou 176-2, com 165 abstenções, para aprovar o plano do governo para remover o corpo de Franco do monumento. [247]

A família de Franco opôs-se à exumação e tentou evitá-la apelando à Provedoria de Justiça. A família manifestou o desejo de que os restos mortais de Franco fossem reenterrados com todas as honras militares na Catedral da Almudena, no centro de Madrid, local de sepultamento que ele havia solicitado antes de sua morte. [248] A exigência foi rejeitada pelo Governo espanhol, que deu mais 15 dias para escolha de outro local. [249] Como a família se recusou a escolher outro local, o governo espanhol acabou optando por enterrar novamente Franco no Cemitério Mingorrubio em El Pardo, onde sua esposa Carmen Polo e vários funcionários franquistas, principalmente os primeiros-ministros Luis Carrero Blanco e Carlos Arias Navarro, estão enterrado. [250] O seu corpo deveria ser exumado do Valle de los Caídos em 10 de junho de 2019, mas o Supremo Tribunal de Espanha decidiu que a exumação seria adiada até que a família tivesse esgotado todos os recursos possíveis. [251]

Em 24 de setembro de 2019, o Supremo Tribunal decidiu que a exumação poderia prosseguir e o governo Sánchez anunciou que transferiria os restos mortais de Franco para o cemitério de Mingorrubio o mais rapidamente possível. [252] Em 24 de outubro de 2019, seus restos mortais foram transferidos para o mausoléu de sua esposa, localizado no Cemitério Mingorrubio, e sepultados em cerimônia privada. [253] Embora tenha sido impedido pelo governo espanhol de ser envolto na bandeira espanhola, o neto de Francisco Franco, também chamado Francisco Franco, envolveu o seu caixão na bandeira nacionalista. [254] Segundo uma sondagem do jornal espanhol El Mundo, 43% dos espanhóis aprovaram a exumação enquanto 32,5% se opuseram. As opiniões sobre a exumação foram divididas por linha partidária, com o Partido Socialista fortemente a favor da exumação, bem como da remoção da sua estátua ali. Parece não haver consenso sobre se a estátua deve ser simplesmente movida ou completamente destruída. [255]

Legado

Em Espanha e no estrangeiro, o legado de Franco continua controverso. A longevidade do governo de Franco, a supressão da oposição política e a propaganda eficaz do seu governo sustentada ao longo dos anos tornaram difícil uma avaliação imparcial. Durante quase 40 anos, os espanhóis, e especialmente as crianças na escola, foram informados de que a Divina Providência tinha enviado Franco para salvar a Espanha do caos, do ateísmo e da pobreza. [256] O historiador Stanley Payne descreveu Franco como sendo a figura mais significativa a dominar a Espanha desde o rei Felipe II, [257] enquanto Michael Seidman argumentou que Franco foi o líder contra-revolucionário de maior sucesso do século XX. [258]

Uma figura altamente controversa em Espanha, Franco é visto como um líder divisionista. Os apoiantes atribuem-lhe o crédito por manter a Espanha neutra e não invadida durante a Segunda Guerra Mundial. Eles enfatizam as suas fortes opiniões anticomunistas e nacionalistas, políticas económicas e oposição ao socialismo como factores importantes no sucesso económico da Espanha no pós-guerra e na posterior integração internacional. [259] Pela neutralidade da Espanha durante a guerra, ele foi elogiado por Winston Churchill, Charles de Gaulle e Franklin D. Roosevelt. [172] [260] Ele também foi apoiado por Konrad Adenauer e muitos católicos americanos, mas mais tarde foi fortemente combatido pela administração Truman. [261]

NasserFranco
Franco cumprimentando Gamal Abdel Nasser no aeroporto de Madrid, 24 de setembro de 1960

O comentarista conservador americano William F. Buckley, Jr, era um admirador de Franco, e elogiou-o efusivamente em sua revista, National Review, onde a equipe também era fervorosa admiradora do ditador. Em 1957, Buckley chamou-o de "um autêntico herói nacional", [262] que "acima de outros" tinha as qualidades necessárias para arrancar a Espanha "das mãos dos visionários, ideólogos, marxistas e niilistas", ou seja, dos democraticamente eleitos governo do país. [263]

Por outro lado, os críticos da esquerda denunciaram-no como um tirano responsável por milhares de mortes em anos de repressão política e chamaram-no cúmplice das atrocidades cometidas pelas forças do Eixo durante a Segunda Guerra Mundial devido ao seu apoio aos governos do Eixo.

Quando morreu, em Novembro de 1975, os principais partidos da esquerda e da direita em Espanha concordaram em seguir o Pacto do Esquecimento. Para garantir a transição para a democracia, concordaram em não ter investigações ou processos judiciais relacionados com a guerra civil ou com Franco. O acordo expirou efetivamente após 2000, ano em que a Associação para a Recuperação da Memória Histórica (ARMH) foi fundada e o debate público iniciado. [264] Em 2006, uma sondagem indicou que quase dois terços dos espanhóis eram a favor de uma "nova investigação da guerra". [265]

Franco serviu de modelo para vários ditadores anticomunistas na América do Sul. Sabe-se que Augusto Pinochet admirava Franco. [266] Da mesma forma, ainda em 2006, os apoiantes de Franco em Espanha homenagearam Pinochet. [267]

Em 2006, a BBC informou que Maciej Giertych, eurodeputado da Liga clerical-nacionalista das Famílias Polacas, manifestou admiração por Franco, afirmando que o líder espanhol "garantiu a manutenção dos valores tradicionais na Europa". [268]

Grupo de simpatizantes de extrema direita fazendo a saudação fascista diante do pedestal vazio do qual a estátua equestre de Franco em Madrid foi recentemente removida em março de 2005

Os espanhóis que sofreram sob o governo de Franco tentaram remover memoriais do seu regime. A maioria dos edifícios governamentais e ruas que receberam o nome de Franco durante o seu governo foram revertidos para os seus nomes originais. Devido ao histórico de Franco em matéria de direitos humanos, o governo espanhol proibiu em 2007 todas as referências públicas oficiais ao regime de Franco e começou a remover todas as estátuas, nomes de ruas e memoriais associados ao regime, tendo a última estátua sido supostamente removida em 2008 no cidade de Santander. [269] As igrejas que conservarem placas em homenagem a Franco e às vítimas dos seus opositores republicanos podem perder ajuda estatal. [270] Desde 1978, o hino nacional da Espanha, a Marcha Real, não inclui letras introduzidas por Franco. As tentativas de dar novas letras ao hino nacional falharam devido à falta de consenso.

Em 11 de Fevereiro de 2004, Luis Yáñez-Barnuevo e outros apresentaram uma moção para a "Necessidade de condenação internacional do regime de Franco" à Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa. [271] Em Março de 2006, a Comissão Permanente da Assembleia Parlamentar adoptou por unanimidade uma resolução condenando "firmemente" as "múltiplas e graves violações" dos direitos humanos cometidas em Espanha durante o regime franquista de 1939 a 1975. [272] A resolução foi uma iniciativa de Leo Brincat e do historiador Luis María de Puig e foi a primeira condenação oficial internacional da repressão decretada pelo regime de Franco. A resolução também pedia que os historiadores (profissionais e amadores) tivessem acesso aos vários arquivos do regime franquista, incluindo os da Fundação Nacional Francisco Franco (FNFF) privada que, juntamente com outros arquivos franquistas, permanecem inacessíveis ao público a partir de 2006. A FNFF recebeu vários arquivos do Palácio El Pardo e teria vendido alguns deles a particulares. [273] Além disso, a resolução instava as autoridades espanholas a montarem uma exposição subterrânea no monumento do Vale de los Caidos para explicar as condições “terríveis” em que foi construído. Por último, propôs a construção de monumentos em homenagem às vítimas de Franco em Madrid e outras cidades importantes. [272]

Na Espanha, uma comissão para "reparar a dignidade" e "restaurar a memória" das "vítimas do franquismo" (Comisión para reparar la dignidad y restituir la memoria de las vítimas del franquismo) foi aprovada em 2004 e é dirigida pelo órgão social A vice-primeira-ministra democrata María Teresa Fernández de la Vega. [274]

Placa em Santa Cruz de Tenerife de uma rua com o nome de Franco, que foi renomeada em 2008 como Rambla de Santa Cruz.

Recentemente, a Associação para a Recuperação da Memória Histórica (ARHM) iniciou uma busca sistemática de valas comuns de pessoas executadas durante o regime de Franco, que tem sido apoiada desde a vitória do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) durante as eleições de 2004 por José Luis Rodríguez Zapatero. A Ley de la memoria histórica de España (Lei sobre a Memória Histórica da Espanha) foi aprovada em 28 de julho de 2006, pelo Conselho de Ministros, [275] mas demorou até 31 de outubro de 2007 para que o Congresso dos Deputados aprovasse uma versão alterada como: “O Projeto de Lei para reconhecer e ampliar direitos e estabelecer medidas em favor daqueles que sofreram perseguições ou violências durante a Guerra Civil e a Ditadura” (na linguagem comum ainda conhecida como Lei da Memória Histórica). [276] O Senado aprovou o projeto em 10 de dezembro de 2007. [277]

Os esforços oficiais para preservar a memória histórica da vida espanhola sob o regime de Franco incluem exposições como a realizada no Museu d'Història de Catalunya (Museu de História Catalã) em 2003-2004, intitulada "Les presons de Franco". Esta exposição retratou as experiências dos presos no sistema prisional de Franco e descreveu outros aspectos do sistema penal, como as prisões femininas, os julgamentos, os carcereiros e as famílias dos presos. [278] O Museu já não mantém a versão online da exposição.

A riqueza acumulada da família de Franco (incluindo muitos imóveis herdados de Franco, como o Pazo de Meirás, o Canto del Pico em Torrelodones e a Casa Cornide na Corunha) e sua proveniência também se tornaram assuntos de discussão pública. As estimativas da riqueza da família variaram entre 350 milhões para 600 milhões de euros. [273] Enquanto Franco morria, as Cortes franquistas votaram uma grande pensão pública para a sua esposa Carmen Polo, que os governos democráticos posteriores continuaram a pagar. No momento da sua morte, em 1988, Carmen Polo recebia uma pensão superior a 12,5 milhões de pesetas (quatro milhões a mais que o salário de Felipe González, então chefe do governo). [273]

Na mídia

Cinema e televisão

  • Raza ou Espíritu de una Raza (1941), baseado em um roteiro de "Jaime de Andrade" (O próprio Franco), é a história semiautobiográfica de um oficial militar interpretado por Alfredo Mayo. [279]
  • Franco, ese hombre (1964) é um documentário pró-Franco dirigido por José Luis Sáenz de Heredia. [280]
  • O filme Dragón rapide (1986) trata dos acontecimentos anteriores à Guerra Civil Espanhola, com o ator Juan Diego no papel de Franco. [281]
  • O ator argentino José "Pepe" Soriano interpretou Franco e seu sósia em Espérame en el cielo (1988). [282]
  • Ramon Fontserè o interpretou em ¡Buen Viaje, Excelencia! (2003). [283]
  • Manuel Alexandre played Franco in the TV movie 20-N: Los ultimos dias de Franco (20-N: The Last Days of Franco) (2008)
  • Juan Viadas interpretou Franco no filme de Álex de la Iglesia Balada triste de trompeta (2010). [284]
  • O episódio da primeira temporada "Cómo se reescribe el tiempo" da série de televisão espanhola El Ministerio del Tiempo (2015) define os eventos em torno do encontro de Franco em outubro de 1940 com Adolf Hitler em Hendaye. Franco é interpretado pelo ator Pep Mirás. [285]
  • No final do filme La reina de España, Franco, interpretado por Carlos Areces, leva um cuspe na cara da fictícia Macarena Granada (Penélope Cruz), uma estrela espanhola de Hollywood que voltou à Espanha para filmar um filme durante o reinado de Franco. [286]

Música

  • O cantor, compositor e anarquista francês Léo Ferré escreveu "Franco la muerte", uma canção que gravou para seu álbum Ferré 64 de 1964. Nesta canção altamente conflituosa, ele grita diretamente com o ditador e o despreza. Ferré recusou-se a cantar na Espanha até que Franco morresse. [287]

Literatura

  • Franco é um personagem do livro Winter in Madrid de C.J Sansom. [288]
  • ...Y al tercer año resucitó (1980) descreve o que aconteceria se Franco ressuscitasse dos mortos. [289]
  • Franco é destaque no romance Triage (1998) de Scott Anderson. [290]
  • Franco é a peça central da obra satírica El general Franquisimo o La muerte civil de un militar moribundo do cartunista político e jornalista andaluz Andrés Vázquez de Sola. [291]
  • Franco aparece em vários romances de Caroline Angus Baker, incluindo Vengeance in the Valencian Water, visitando as consequências das enchentes de Valência em 1957, [292] e Death in the Valencian Dust, sobre as execuções finais proferidas antes de sua morte em 1975. [293]

Cronologia

A barra verde simboliza o intervalo de tempo em que foi Chefe do Estado.

Ver também

Notas

  1. As mais de 150.000 execuções por razões políticas foram dez vezes o número da Alemanha Nazista e 1.000 vezes o número da Itália fascista. Reig Tapia aponta que Franco assinou mais decretos de execução do que qualquer outro chefe de estado anterior na Espanha.
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Na guerra civil até 1º de abril de 1939.

Os rebeldes nomearam-no Generalíssimo dos Exércitos e Chefe do Governo do Estado espanhol no final de setembro de 1936. Chefe de Estado foi um dos títulos mais utilizados pelo regime após a nomeação oficial de Franco em 1 de outubro de 1936, e foi o título utilizado na Lei Orgânica do Estado de 1967.[294][295][296]

Presidente da Junta de Defesa Nacional do lado Nacionalista

O cargo de Primeiro-ministro foi anexado ao de Chefe de Estado até a Lei Orgânica do Estado de 1967, com a separação entrando em vigor com a renúncia de Franco ao cargo de Primeiro-ministro em 9 de junho de 1973.[297]

Presidente da Junta Técnica do lado Nacionalista.

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  294. «Decreto núm. 138. Nombrando Jefe del Gobierno del Estado Español al Excelentísimo Sr. General de División don Francisco Franco Bahamonde, quien asumirá todos los poderes del nuevo Estado» (PDF). Agencia Estatal Boletín Oficial del Estado. Boletín Oficial de la Junta de Defensa Nacional de España (em espanhol) (32): 125–126. 30 September 1936. ISSN 0212-033X  Verifique data em: |data= (ajuda)
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  297. «Ley 14/1973, de 8 de junio, por la que se suspende la vinculación de la Presidencia del Gobierno a la Jefatura del Estado» (PDF). Agencia Estatal Boletín Oficial del Estado. Boletín Oficial del Estado (em espanhol) (138): 11686. 9 June 1973. ISSN 0212-033X  Verifique data em: |data= (ajuda)

Bibliografia

Leitura adicional

  • Franco, Pilar. (1980). Nosotros, Los Franco. La Familia Franco y toda la España contemporánea por un testigo de excepción: la hermana del Caudillo. Espejo de España, Editorial Planeta. 268 Páginas.ISBN 84-320-6431-9

Fontes primárias

Ligações externas

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Precedido por
Manuel Azaña Díaz
Chefe do Estado de Espanha
1936 - 1975
Sucedido por
Juan Carlos I
(como Rei de Espanha)
Precedido por
Manuel Azaña Díaz
Presidente Titular da República Espanhola
1939 - 1947
Sucedido por
República abolida
Precedido por
Juan Negrín López
Presidente do Governo da Espanha
1939 - 1973
Sucedido por
Luis Carrero Blanco