Jesus: diferenças entre revisões

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'''Jesus'''<ref group=nota name=Jesus>O nome Jesus é a versão portuguesa da forma [[Língua grega|grega]] Ίησους, [[Transliteração|transliterado]] ''Iēsous'' que por sua vez é a tradução do nome hebraico ''[[Yeshua]]'', que por ser filho de [[Maria, mãe de Jesus|Maria]] e de [[São José|José]], o [[carpinteiro]], em [[Belém (Cisjordânia)|Belém]], é reconhecido oficialmente na [[genealogia]] da Casa Real de [[David]] como '''[[Yeshua]] ben Yoseph''', ou seja, "Jesus, filho de José".</ref><ref group=nota>Jesus também é conhecido como '''Jesus de Nazaré''', '''Jesus Nazareno''' ou '''Jesus da Galiléia''', os cristãos o chamam de '''[[Jesus Cristo]]''' e os muçulmanos o conhecem por '''[[Isa (profeta)|Isa]]'''.</ref> ([[8 a.C.|8]]-[[4 a.C.|4]]? [[Anno Domini|a.C.]] – [[29]]-[[36]]? [[Anno Domini|d.C.]]<ref name=Data>A maioria dos historiadores e eruditos bíblicos definem as datas de nascimento e morte de Jesus nesse período. Entre eles: ''D. A. Carson'', ''Douglas J. Moo'' e ''Leon Morris''. ''An Introduction to the New Testament.'' Grand Rapids, MI: Zondervan Publishing House, 1992, 54, 56</ref><ref> Michael Grant, ''Jesus: An Historian's Review of the Gospels'', Scribner's, 1977, p. 71; John P. Meier, ''A Marginal Jew'', Doubleday, 1991–, vol. 1:214; E. P. Sanders, ''The Historical Figure of Jesus'', Penguin Books, 1993, pp. 10–11, e Ben Witherington III, "Primary Sources," ''Christian History'' 17 (1998) No. 3:12–20.</ref><ref name="Enciclopédia Católica">{{Citar web|url = http://www.newadvent.org/cathen/08377a.htm | titulo =Cronologia da Vida de Jesus Cristo|trabalho = Catholic Encyclopedia|lingua= inglês|acessodata=[[14 de outubro]] de 2008}}</ref>) é a figura central do [[cristianismo]].<ref name=Papa>{{Referência a livro| autor = [[Papa Bento XVI|Ratzinger, Joseph]] | título = Jesus de Nazaré | idioma = português | edição = 1º Edição | editora = Planeta do Brasil | ano = 2007 | páginas = 312 | id = ISBN 978-85-7665-278-6}}</ref> Para a maioria dos [[cristãos]] ele é a [[encarnação]] de [[Deus]], o "[[Filho de Deus]]", que teria sido enviado à [[Terra]] para salvar a [[humanidade]]. Acreditam que foi crucificado, morto e sepultado, desceu à [[mansão dos mortos]] e ressuscitou no terceiro dia (na [[Páscoa]]).<ref name=Papa /> Para os adeptos do [[Islão|islamismo]], Jesus é conhecido no [[Língua árabe|idioma árabe]] como ''[[Isa (profeta)|Isa]]'' (عيسى, [[Transliteração|transl.]] ''Īsā''), ''Ibn Maryam'' ("Jesus, filho de Maria"). Os [[muçulmano]]s tratam-no como um grande profeta e aguardam seu retorno antes do [[Juízo Final]].<ref name=Islao>{{Citar web| url = http://www.sbmrj.org.br/Atualidades-equiv.htm| titulo = A visão Islâmica sobre Jesus| trabalho = Sociedade beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro|lingua= português|acessodata=[[14 de outubro]] de 2008}}</ref><ref name=Pofeta>{{citar web|url = http://www.universia.com.br/html/materia/materia_fjij.html| titulo = Jesus é profeta para muçulmanos| trabalho= Universia Brasil|autor=Carlos Brazil|lingua= português|acessodata=[[14 de outubro]] de 2008}}</ref> Alguns segmentos do [[judaísmo]] o consideram um [[profeta]],<ref name=Judaismo1>{{Citar web|url = http://www.jcrelations.net/pt/?item=2922|titulo= Vistas Modernas Judaicas de Jesus|trabalho = Relacionamentos Judaicos-Cristãos |autor = John T. Pawlikowski|lingua= português|acessodata=[[14 de outubro]] de 2008}}</ref> outros um [[apóstata]].<ref name=Judaismo2>{{Citar web|url = http://www.visaojudaica.com.br/Maio%202004/Artigos%20e%20reportagens/judaismo_e_cristianismo_reflexoes_historicas.htm| titulo = Judaísmo e cristianismo: reflexões históricas |trabalho = Visão Judaica| autor = Sergio Feldman|lingua= português|acessodata=[[14 de outubro]] de 2008}}</ref> A [[Bíblia]] é umas das principais fontes de informação sobre ele.
'''Jesus'''<ref group=nota name=Jesus>O nome Jesus é a versão portuguesa da forma [[Língua grega|grega]] Ίησους, [[Transliteração|transliterado]] ''Iēsous'' que por sua vez é a tradução do nome hebraico ''[[Yeshua]]'', que por ser filho de [[Maria, mãe de Jesus|Maria]] e de [[São José|José]], o [[carpinteiro]], em [[Belém (Cisjordânia)|Belém]], é reconhecido oficialmente na [[genealogia]] da Casa Real de [[David]] como '''[[Yeshua]] ben Yoseph''', ou seja, "Jesus, filho de José".</ref><ref group=nota>Jesus também é conhecido como '''Jesus de Nazaré''', '''Jesus Nazareno''' ou '''Jesus da Galiléia''', os cristãos o chamam de '''[[Jesus Cristo]]''' e os muçulmanos o conhecem por '''[[Isa (profeta)|Isa]]'''.</ref> ([[8 a.C.|8]]-[[4 a.C.|4]]? [[Anno Domini|a.C.]] – [[29]]-[[36]]? [[Anno Domini|d.C.]]<ref name=Data>A maioria dos historiadores e eruditos bíblicos definem as datas de nascimento e morte de Jesus nesse período. Entre eles: ''D. A. Carson'', ''Douglas J. Moo'' e ''Leon Morris''. ''An Introduction to the New Testament.'' Grand Rapids, MI: Zondervan Publishing House, 1992, 54, 56</ref><ref> Michael Grant, ''Jesus: An Historian's Review of the Gospels'', Scribner's, 1977, p. 71; John P. Meier, ''A Marginal Jew'', Doubleday, 1991–, vol. 1:214; E. P. Sanders, ''The Historical Figure of Jesus'', Penguin Books, 1993, pp. 10–11, e Ben Witherington III, "Primary Sources," ''Christian History'' 17 (1998) No. 3:12–20.</ref><ref name="Enciclopédia Católica">{{Citar web|url = http://www.newadvent.org/cathen/08377a.htm | titulo =Cronologia da Vida de Jesus Cristo|trabalho = Catholic Encyclopedia|lingua= inglês|acessodata=[[14 de outubro]] de 2008}}</ref>) é a figura central do [[cristianismo]].<ref name=Papa>{{Referência a livro| autor = [[Papa Bento XVI|Ratzinger, Joseph]] | título = Jesus de Nazaré | idioma = português | edição = 1º Edição | editora = Planeta do Brasil | ano = 2007 | páginas = 312 | id = ISBN 978-85-7665-278-6}}</ref> Para a maioria dos [[cristãos]] ele é a [[encarnação]] de [[Deus]], o "[[Filho de Deus]]", que teria sido enviado à [[Terra]] para salvar a [[humanidade]]. Acreditam que foi [[Crucificação|crucificado]], morto e sepultado, desceu à [[mansão dos mortos]] e ressuscitou no terceiro dia (na [[Páscoa]]).<ref name=Papa /> Para os adeptos do [[Islão|islamismo]], Jesus é conhecido no [[Língua árabe|idioma árabe]] como ''[[Isa (profeta)|Isa]]'' (عيسى, [[Transliteração|transl.]] ''Īsā''), ''Ibn Maryam'' ("Jesus, filho de Maria"). Os [[muçulmano]]s tratam-no como um grande [[profeta]] e aguardam seu retorno antes do [[Juízo Final]]. <ref name=Islao>{{Citar web| url = http://www.sbmrj.org.br/Atualidades-equiv.htm| titulo = A visão Islâmica sobre Jesus| trabalho = Sociedade beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro|lingua= português|acessodata=[[14 de outubro]] de 2008}}</ref><ref name=Pofeta>{{citar web|url = http://www.universia.com.br/html/materia/materia_fjij.html| titulo = Jesus é profeta para muçulmanos| trabalho= Universia Brasil|autor=Carlos Brazil|lingua= português|acessodata=[[14 de outubro]] de 2008}}</ref> Alguns segmentos do [[judaísmo]] o consideram um [[profeta]],<ref name=Judaismo1>{{Citar web|url = http://www.jcrelations.net/pt/?item=2922|titulo= Vistas Modernas Judaicas de Jesus|trabalho = Relacionamentos Judaicos-Cristãos |autor = John T. Pawlikowski|lingua= português|acessodata=[[14 de outubro]] de 2008}}</ref> outros um [[apóstata]].<ref name=Judaismo2>{{Citar web|url = http://www.visaojudaica.com.br/Maio%202004/Artigos%20e%20reportagens/judaismo_e_cristianismo_reflexoes_historicas.htm| titulo = Judaísmo e cristianismo: reflexões históricas |trabalho = Visão Judaica| autor = Sergio Feldman|lingua= português|acessodata=[[14 de outubro]] de 2008}}</ref> A [[Bíblia]] é umas das principais fontes de informação sobre ele.


Embora tenha [[Oratória|pregado]] apenas em regiões próximas de onde nasceu, a [[província romana]] da [[Judeia (província romana)|Judéia]], sua influência difundiu-se enormemente ao longo dos [[século]]s após a sua morte e ressureição. Ele pode ser considerado como uma das figuras centrais da cultura ocidental.
Embora tenha [[Oratória|pregado]] apenas em regiões próximas de onde nasceu, a [[província romana]] da [[Judeia (província romana)|Judéia]], sua influência difundiu-se enormemente ao longo dos [[século]]s após a sua morte e [[ressureição]]. Ele pode ser considerado como uma das figuras centrais da [[cultura ocidental]].


== Fontes textuais ==
== Fontes textuais ==

[[Ficheiro:P52 recto.jpg|right|thumb|130px|<div class=plainlinks style="text-align:left;">O [[papiro P52]], escrito em [[língua grega|grego]] e [[paleografia|paleograficamente]] datados como tendo sido escrito por volta do ano [[125]] [[Anno Domini|d.C.]], é atualmente reconhecido como o mais antigo documento sobre Jesus.<ref group=nota>Há muitas controvérsias sobre a datação do papiro ''7Q5'' encontrado em [[Qumran]], que remontaria a [[50|50 d.C.]]: Segundo alguns estudiosos, ele contém {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=6|verso=52-53}}, mas a necessidade de justificar as muitas incoerências com o texto tradicional extraído dos outros papiros lhe tirou o título que, se confirmado, iria se aproximar da suposta data de composição do [[Evangelho segundo Marcos]].</ref> Contém um fragmento de {{citar bíblia|livro=João|capítulo=18|verso=31-33}} no ''recto'' (frente) e {{citar bíblia|livro=João|capítulo=18|verso=37-38}} no verso.</div>]]
[[Ficheiro:P52 recto.jpg|right|thumb|130px|<div class=plainlinks style="text-align:left;">O [[papiro P52]], escrito em [[língua grega|grego]] e [[paleografia|paleograficamente]] datados como tendo sido escrito por volta do ano [[125]] [[Anno Domini|d.C.]], é atualmente reconhecido como o mais antigo documento sobre Jesus.<ref group=nota>Há muitas controvérsias sobre a datação do papiro ''7Q5'' encontrado em [[Qumran]], que remontaria a [[50|50 d.C.]]: Segundo alguns estudiosos, ele contém {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=6|verso=52-53}}, mas a necessidade de justificar as muitas incoerências com o texto tradicional extraído dos outros papiros lhe tirou o título que, se confirmado, iria se aproximar da suposta data de composição do [[Evangelho segundo Marcos]].</ref> Contém um fragmento de {{citar bíblia|livro=João|capítulo=18|verso=31-33}} no ''recto'' (frente) e {{citar bíblia|livro=João|capítulo=18|verso=37-38}} no verso.</div>]]

As fontes textuais sobre Jesus podem ser agrupadas em quatro categorias:
As fontes textuais sobre Jesus podem ser agrupadas em quatro categorias:


* As '''[[Epístolas paulinas|cartas de Paulo]]''', (posteriormente incluídas no [[Novo Testamento]]): Escritas aproximadamente entre 51 e 63 [[Anno Domini|d.C.]],<ref>''Traduction Oecuménique de la Bible'', pp. 2919-2920.</ref> por [[Paulo de Tarso]], representam os documentos cristãos mais antigos, mas não contém informações biográficas sobre Jesus que poderiam ser úteis para o estudo da [[Jesus histórico|figura histórica]]. No entanto, seu testemunho nos ajuda a entender como Jesus era reconhecido nas mais antigas comunidades cristãs;
* As '''[[Epístolas paulinas|cartas de Paulo]]''', (posteriormente incluídas no [[Novo Testamento]]): Escritas aproximadamente entre 51 e 63 [[Anno Domini|d.C.]],<ref>''Traduction Oecuménique de la Bible'', pp. 2919-2920.</ref> por [[Paulo de Tarso]], representam os documentos cristãos mais antigos, mas não contém informações biográficas sobre Jesus que poderiam ser úteis para o estudo da [[Jesus histórico|figura histórica]]. No entanto, seu testemunho nos ajuda a entender como Jesus era reconhecido nas mais antigas comunidades cristãs;
* Os quatro '''[[evangelhos canônicos]]''' ([[Evangelho segundo Mateus|Mateus]], [[Evangelho segundo Marcos|Marcos]], [[Evangelho segundo Lucas|Lucas]] e [[Evangelho segundo João|João]]): De acordo com alguns historiadores, estes textos chegaram a sua forma definitiva em meados do [[século I]], tendo sido escritos em várias versões, que foi precedida de uma [[década]] de tradição oral,<ref group=nota>A datação do primeiro século é proposta pela maioria dos estudiosos cristãos. Veja, por exemplo, a datação da ''Traduction Oecuménique de la Bible'' (1975-1976): Mateus teria sido escrito por volta de 80-90 d.C. (p. 2175), Marcos por volta de 65-70 (p. 2261), Lucas entre 80-90 (p. 2317) e João dataria do fim do século I (p. 2414).</ref> enquanto outros só chegariam em sua versão definitiva apenas na metade do segundo século.<ref>{{Referência a livro| autor = Alfred Loisy | título = Le origini del Cristianesimo| idioma = italiano | ano = 1964}}. Ambrose Domini também assume uma data entre 70 d.C e meados do segundo século.</ref> Eles recontam em pormenores a vida pública de Jesus, ou seja, o período de no pregações nos últimos anos da sua vida. No entanto, há limitadas informações sobre sua vida privada. Representam os principais documentos em que convergem os trabalhos [[hermenêutica|hermenêuticos]] dos historiadores. Na atualidade, diversas escolas com diferentes pontos de vista sobre a confiabilidade dos [[evangelhos]] e a [[Jesus histórico|historicidade de Jesus]] têm se desenvolvido;
* Os '''[[livros apócrifos]]''': Geralmente, não são aceitos pelos estudiosos como testemunhas confiáveis da história <ref>{{Referência a livro| autor = Luigi Moraldi| título = Apocrifi del Nuovo Testamento| idioma = italiano | editora =Piemme | ano = 1984}}</ref><ref group=nota>{{citação|Luigi Moraldi|''O valor histórico direto [dos apócrifos com relação à Jesus e a origem da Igreja] é, geralmente, muito tênue, e na maioria das vezes nulo.}}</ref> (dada a sua composição tardia, os mais antigos datam de meados do [[século II]], são mais úteis na reconstrução do ambiente religioso dos séculos seguintes<ref>{{Referência a livro| autor = Luigi Moraldi| título = I Vangeli Gnostici| idioma = italiano | editora =Adelphi | ano = 1991}}</ref><ref group=nota>{{citação|Luigi Moraldi|[Os apócrifos nos permitem] um contato direto com os sentimentos, estados de espírito, reações, ansiedades e ideais de muitos cristãos do Oriente e Ocidente. Isto revela tendências, padrões morais e religiosos de muitas igrejas, ou pelo menos de grande parte delas, complementando informações, e, por vezes, adaptando a forma como vemos tais comunidades.}}</ref>), eles fazem uso de [[fábula]]s legendárias em grande partes de suas narrativas..<ref> Geno Pampaloni, ''La fatica della storia''</ref> Seus tipos e estilos são variados:


* Os quatro '''[[evangelhos canônicos]]''' ([[Evangelho segundo Mateus|Mateus]], [[Evangelho segundo Marcos|Marcos]], [[Evangelho segundo Lucas|Lucas]] e [[Evangelho segundo João|João]]): De acordo com alguns [[historiador]]es, estes textos chegaram a sua forma definitiva em meados do [[século I]], tendo sido escritos em várias versões, que foi precedida de uma [[década]] de [[tradição oral]], <ref group=nota> A datação do primeiro século é proposta pela maioria dos estudiosos cristãos. Veja, por exemplo, a datação da ''Traduction Oecuménique de la Bible'' (1975-1976): Mateus teria sido escrito por volta de 80-90 d.C. (p. 2175), Marcos por volta de 65-70 (p. 2261), Lucas entre 80-90 (p. 2317) e João dataria do fim do [[século I]] (p. 2414).</ref> enquanto outros só chegariam em sua versão definitiva apenas na metade do segundo século. <ref>{{Referência a livro| autor = Alfred Loisy | título = Le origini del Cristianesimo| idioma = italiano | ano = 1964}}. Ambrose Domini também assume uma data entre 70 d.C e meados do segundo século.</ref> Eles recontam em pormenores a vida pública de Jesus, ou seja, o período de no pregações nos últimos anos da sua vida. No entanto, há limitadas informações sobre sua vida privada. Representam os principais documentos em que convergem os trabalhos [[hermenêutica|hermenêuticos]] dos historiadores. Na atualidade, diversas escolas com diferentes pontos de vista sobre a confiabilidade dos [[evangelhos]] e a [[Jesus histórico|historicidade de Jesus]] têm se desenvolvido;
:* Os ''[[evangelhos apócrifos]]'' (como o [[Evangelho do Pseudo-Tomé]] e o [[Evangelho do Pseudo-Mateus]]) que contém milagres abundantes e gratuitos que muitas vezes chega a se parecer com a literatura fantástica, em nítido contraste com a sobriedade dos quatro evangelhos canônicos. Jesus aparece como uma criança prodígio, por vezes caprichoso e vingativo;

* Os '''[[livros apócrifos]]''': Geralmente, não são aceitos pelos estudiosos como testemunhas confiáveis da história <ref>{{Referência a livro| autor = Luigi Moraldi| título = Apocrifi del Nuovo Testamento| idioma = italiano | editora =Piemme | ano = 1984}}</ref><ref group=nota>{{citação|Luigi Moraldi|''O valor histórico direto [dos apócrifos com relação à Jesus e a origem da Igreja] é, geralmente, muito tênue, e na maioria das vezes nulo.}}</ref> (dada a sua composição tardia, os mais antigos datam de meados do [[século II]], são mais úteis na reconstrução do ambiente religioso dos séculos seguintes <ref>{{Referência a livro| autor = Luigi Moraldi| título = I Vangeli Gnostici| idioma = italiano | editora =Adelphi | ano = 1991}}</ref> <ref group=nota>{{citação|Luigi Moraldi|[Os apócrifos nos permitem] um contato direto com os sentimentos, estados de espírito, reações, ansiedades e ideais de muitos cristãos do Oriente e Ocidente. Isto revela tendências, padrões morais e religiosos de muitas igrejas, ou pelo menos de grande parte delas, complementando informações, e, por vezes, adaptando a forma como vemos tais comunidades.}}</ref>), eles fazem uso de [[fábula]]s legendárias em grande partes de suas narrativas. <ref> Geno Pampaloni, ''La fatica della storia''</ref> Seus tipos e estilos são variados:

:* Os ''[[evangelhos apócrifos]]'' (como o [[Evangelho do Pseudo-Tomé]] e o [[Evangelho do Pseudo-Mateus]]) que contém [[milagre]]s abundantes e gratuitos que muitas vezes chega a se parecer com a [[literatura fantástica]], em nítido contraste com a sobriedade dos quatro evangelhos canônicos. Jesus aparece como uma [[criança]] prodígio, por vezes caprichoso e vingativo;
:* Os ''[[Gnosticismo|evangelhos gnósticos]]'' (incluindo o [[Evangelho de Felipe]] e [[Evangelho de Tomé]]), que contêm revelações privadas e interpretações inéditas sobre o "''logos''", e transforma Jesus como um ser divino aprisionado em carne e osso, que precisa deixar este mundo, a fim de alcançar salvação;<ref group=nota> Veja também o artigo [[Gnosticismo]].</ref>
:* Os ''[[Gnosticismo|evangelhos gnósticos]]'' (incluindo o [[Evangelho de Felipe]] e [[Evangelho de Tomé]]), que contêm revelações privadas e interpretações inéditas sobre o "''[[logos]]''", e transforma Jesus como um ser divino aprisionado em carne e osso, que precisa deixar este mundo, a fim de alcançar [[salvação]]; <ref group=nota> Veja também o artigo [[Gnosticismo]].</ref>
:* Os ''evangelhos apócrifos da paixão'' (por exemplo, o [[Evangelho de Pedro]] e o [[Evangelho de Nicodemos]]) que não acrescentam muito às descrições de morte de Jesus dos [[Evangelhos canônicos]], mas com a característica distintiva de retirar a culpa de [[Pôncio Pilatos]] e coloca-las sobre os chefes e autoridades religiosas judias.
:* Os ''evangelhos apócrifos da paixão'' (por exemplo, o [[Evangelho de Pedro]] e o [[Evangelho de Nicodemos]]) que não acrescentam muito às descrições de morte de Jesus dos [[Evangelhos canônicos]], mas com a característica distintiva de retirar a culpa de [[Pôncio Pilatos]] e coloca-las sobre os chefes e autoridades religiosas judias.


* '''Fontes históricas não-cristãs sobre Jesus''': Em algumas obras de autores antigos não-cristãos estão algumas referências esparsas sobre Jesus ou seus seguidores. A mais antiga destas obras é o ''[[Testimonium Flavianum]]''. Alguns historiadores <ref> Entre estes Emil Schürer (''The History of the Jewish People in the Age of Jesus Christ (175 B.C.- A.D. 135)'', 4 voll., Edimburgo, T. & T. Clark, 1973-87) e Henry Chadwick (''The Early Church'', Londra, Penguin, 1993²</ref> consideram tais referências como interpolações posteriores de copistas cristãos.
* '''Fontes históricas não-cristãs sobre Jesus''': Em algumas obras de autores antigos não-cristãos estão algumas referências esparsas sobre Jesus ou seus seguidores. A mais antiga destas obras é o ''[[Testimonium Flavianum]]''. Alguns historiadores <ref> Entre estes Emil Schürer (''The History of the Jewish People in the Age of Jesus Christ (175 B.C.- A.D. 135)'', 4 voll., Edimburgo, T. & T. Clark, 1973-87) e Henry Chadwick (''The Early Church'', Londra, Penguin, 1993²</ref> consideram tais referências como interpolações posteriores de [[copista]]s cristãos.


== Etimologia ==
== Etimologia ==

O nome '''Jesus''' vem do [[hebraico]] ישוע (''[[Yeshua]]''<ref group=nota>Nos relatos de [[Toledot Yeshu]], elementos dos [[Evangelhos]] sobre Jesus são conflitados com descrições dos indivíduos chamados pelo nome de "''Yeshu''" no [[Talmud]]. Tais narrativas explicam a designação ''Yeshu'' como um [[acrônimo]] da frase hebraica '''ימח שמו וזכרו''' - ''Yemach Shemô Vezichrô'' - Seja apagado seu nome e sua memória.</ref>), que significa "[[Jeová]] ([[Tetragrama YHVH|YHVH]]) salva.<ref name="Nome de Jesus">{{Citar web|url = http://www.cacp.org.br/movimentos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=1338&menu=12&submenu=6 | titulo =A questão sobre o nome de Jesus |trabalho = CACP|lingua= português |data= [[8 de novembro]] de 2007| autor =Ezequias Soares|acessodata=[[16 de outubro]] de 2008}}</ref> Foi também descrito por seus seguidores como ''[[Messias]]'' (do [[hebraico]] משיח (''mashíach'', que significa ''ungido'' e, por extensão, ''escolhido''<ref name=Messias>{{Citar web|url =http://dicionario.extremehost.psi.br/messias.html| titulo =Definição de Messias|trabalho = ExtremeHost|lingua= português |acessodata=[[16 de outubro]] de 2008}}</ref>), cuja tradução para o [[Língua grega|grego]], Χριστός (''Christós''), é a origem da forma [[Língua portuguesa|portuguesa]] '''[[Cristo]]'''.<ref name=Cristo>{{Citar web|url =http://linguistica.publico.clix.pt/duvida.aspx?id=1843| titulo = Significado e etimologia do termo Cristo | autor = Pedro Mendes |trabalho = Público.pt |lingua= português|acessodata=[[16 de outubro]] de 2008}}</ref>
O [[nome]] '''Jesus''' vem do [[hebraico]] ישוע (''[[Yeshua]]''<ref group=nota> Nos relatos de [[Toledot Yeshu]], elementos dos [[Evangelhos]] sobre Jesus são conflitados com descrições dos indivíduos chamados pelo nome de "''Yeshu''" no [[Talmud]]. Tais narrativas explicam a designação ''Yeshu'' como um [[acrônimo]] da frase hebraica '''ימח שמו וזכרו''' - ''Yemach Shemô Vezichrô'' - Seja apagado seu nome e sua memória.</ref>), que significa "[[Jeová]] ([[Tetragrama YHVH|YHVH]]) salva. <ref name="Nome de Jesus">{{Citar web|url = http://www.cacp.org.br/movimentos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=1338&menu=12&submenu=6 | titulo =A questão sobre o nome de Jesus |trabalho = CACP|lingua= português |data= [[8 de novembro]] de 2007| autor =Ezequias Soares|acessodata=[[16 de outubro]] de 2008}}</ref> Foi também descrito por seus seguidores como ''[[Messias]]'' (do [[hebraico]] משיח (''mashíach'', que significa ''ungido'' e, por extensão, ''escolhido''<ref name=Messias>{{Citar web|url =http://dicionario.extremehost.psi.br/messias.html| titulo =Definição de Messias|trabalho = ExtremeHost|lingua= português |acessodata=[[16 de outubro]] de 2008}}</ref>), cuja tradução para o [[Língua grega|grego]], Χριστός (''Christós''), é a origem da forma [[Língua portuguesa|portuguesa]] '''[[Cristo]]'''. <ref name=Cristo>{{Citar web|url =http://linguistica.publico.clix.pt/duvida.aspx?id=1843| titulo = Significado e etimologia do termo Cristo | autor = Pedro Mendes |trabalho = Público.pt |lingua= português|acessodata=[[16 de outubro]] de 2008}}</ref>


=== Nomes e títulos de Jesus ===
=== Nomes e títulos de Jesus ===

[[Ficheiro:Ichthys.svg|thumb|150px|right|O símbolo do peixe, recorrente no início da [[iconografia]] cristã. O termo "peixe" em grego ἰχθύς (''ichthýs'') é o [[acrônimo]] de Ἰησοῦς Χριστός Θεοῦ Ὑιός Σωτήρ (''Iēsoùs Christòs Theoù Yiòs Sōtèr''), Jesus Cristo Filho de Deus Salvador.<ref>{{citar web|url=http://www.iujc.pt/compr/20/rev20-1.htm|titulo=Análise dos símbolos religiosos|trabalho=Compreender - Revista Cristã de Reflexão|lingua= português|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref>]]
[[Ficheiro:Ichthys.svg|thumb|150px|right|O símbolo do peixe, recorrente no início da [[iconografia]] cristã. O termo "peixe" em grego ἰχθύς (''ichthýs'') é o [[acrônimo]] de Ἰησοῦς Χριστός Θεοῦ Ὑιός Σωτήρ (''Iēsoùs Christòs Theoù Yiòs Sōtèr''), Jesus Cristo Filho de Deus Salvador.<ref>{{citar web|url=http://www.iujc.pt/compr/20/rev20-1.htm|titulo=Análise dos símbolos religiosos|trabalho=Compreender - Revista Cristã de Reflexão|lingua= português|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref>]]

Nos livros de [[Novo Testamento]], Jesus é mostrado não só com o seu próprio nome mas também com vários [[epíteto]]s e [[título]]s (A lista está em ordem decrescente de frequência):
Nos livros de [[Novo Testamento]], Jesus é mostrado não só com o seu próprio nome mas também com vários [[epíteto]]s e [[título]]s (A lista está em ordem decrescente de frequência):


* "'''Jesus'''"<ref group=nota name=Jesus/>
* "'''Jesus'''"<ref group=nota name=Jesus/>

* "[[Cristo]]". Literalmente significa "ungido",<ref name=Messias/> e foi posteriormente associado ao [[Messianismo]]. Na época de Jesus, o Cristo era esperado pelo povo judeu, especialmente para promover um resgate social e político<ref group=nota>À época, a [[Palestina]] estava sob dominação do [[Império Romano]].</ref><ref group=nota>Veja também o artigo [[Jesus Cristo]].</ref>
* "[[Cristo]]". Literalmente significa "ungido", <ref name=Messias/> e foi posteriormente associado ao [[Messianismo]]. Na época de Jesus, o Cristo era esperado pelo povo judeu, especialmente para promover um resgate social e político. <ref group=nota> À época, a [[Palestina]] estava sob dominação do [[Império Romano]]. </ref><ref group=nota>Veja também o artigo [[Jesus Cristo]].</ref>
* "[[Senhor]]". Utilizado principalmente no livro de [[Atos dos Apóstolos]] e nas cartas. O título honorífico, em [[Koiné|grego clássico]] é desprovido de valor religioso, mas é particularmente significativa a aplicação dele a Jesus, pela associação que a [[Septuaginta]] faz deste título com o temo [[Língua hebraica|hebraico]] ''יהוה'' ([[Tetragrama YHVH|YHWH]]), que é um dos nomes de [[Deus]].

* "[[Senhor]]". Utilizado principalmente no livro de [[Atos dos Apóstolos]] e nas [[Epístola|cartas]]. O [[título]] honorífico, em [[Koiné|grego clássico]] é desprovido de valor religioso, mas é particularmente significativa a aplicação dele a Jesus, pela associação que a [[Septuaginta]] faz deste título com o termo [[Língua hebraica|hebraico]] ''יהוה'' ([[Tetragrama YHVH|YHWH]]), que é um dos nomes de [[Deus]].

* "[[Filho do Homem]]." Na tradição judaica tardia, a expressão tinha uma forte conotação [[escatologia|escatológica]].
* "[[Filho do Homem]]." Na tradição judaica tardia, a expressão tinha uma forte conotação [[escatologia|escatológica]].

* "[[Filho de Deus]]". No [[Antigo Testamento]], a expressão indica uma relação estreita e indissociável entre Deus e um homem ou uma comunidade humana. No [[Novo Testamento]], o título assume um novo significado, indicando uma filial real.<ref>Veja {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=1|verso=26-38}}.</ref>
* "[[Rei]]". O atributo da realeza foi relacionada com o [[Messias]], que era considerado um descendente e herdeiro do [[David|Rei Davi]]. Jesus, apesar de se identificar com o Messias, rejeitou as prerrogativas políticas do título.<ref>Veja {{citar bíblia|livro=João|capítulo=6|verso=15}} e {{citar bíblia|livro=João|capítulo=18|verso=36}}.</ref>
* "[[Filho de Deus]]". No [[Antigo Testamento]], a expressão indica uma relação estreita e indissociável entre Deus e um homem ou uma comunidade humana. No [[Novo Testamento]], o título assume um novo significado, indicando uma filial real. <ref>Veja {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=1|verso=26-38}}.</ref>

* "[[Rei]]". O atributo da realeza foi relacionada com o [[Messias]], que era considerado um descendente e herdeiro do [[David|Rei Davi]]. Jesus, apesar de se identificar com o Messias, rejeitou as prerrogativas políticas do título. <ref>Veja {{citar bíblia|livro=João|capítulo=6|verso=15}} e {{citar bíblia|livro=João|capítulo=18|verso=36}}.</ref>


Alguns dos seus outros títulos são: [[rabino|Rabi]] (ou Mestre)<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo =19|verso=16-17}}, {{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo =26|verso=18}}, {{citar bíblia|livro=João|capítulo=20|verso=16}} e {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=5|verso=35}}</ref> [[Profeta]]<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=13|verso=57}}, {{citar bíblia|livro=João|capítulo=4|verso=19}} e {{citar bíblia|livro=João|capítulo=7|verso=40}}</ref> [[Sacerdote]],<ref>{{citar bíblia|livro=Hebreus|capítulo=8|verso=4}} e {{citar bíblia|livro=Hebreus|capítulo=10|verso=21}}</ref> [[Nazarenos|Nazareno]],<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=26|verso=71}}, {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=16|verso=6}}, {{citar bíblia|livro=Atos|capítulo=2|verso=22}} e {{citar bíblia|livro=Atos|capítulo=22|verso=8}}</ref> [[Deus]],<ref>Veja {{citar bíblia|livro=João|capítulo=20|verso=28}}</ref> [[Logos|Verbo]],<ref>{{citar bíblia|livro=João|capítulo=1|verso=1-4}}, {{citar bíblia|livro=I João|capítulo=1|verso=1}} e {{citar bíblia|livro=Apocalipse|capítulo=19|verso=13}}.</ref> Filho de [[São José|José]]<ref>Veja {{citar bíblia|livro=João|capítulo=1|verso=45}}</ref> e [[Emanuel]].<ref>Veja {{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=1|verso=23}}</ref>
Alguns dos seus outros títulos são: [[rabino|Rabi]] (ou Mestre)<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo =19|verso=16-17}}, {{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo =26|verso=18}}, {{citar bíblia|livro=João|capítulo=20|verso=16}} e {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=5|verso=35}}</ref> [[Profeta]]<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=13|verso=57}}, {{citar bíblia|livro=João|capítulo=4|verso=19}} e {{citar bíblia|livro=João|capítulo=7|verso=40}}</ref> [[Sacerdote]],<ref>{{citar bíblia|livro=Hebreus|capítulo=8|verso=4}} e {{citar bíblia|livro=Hebreus|capítulo=10|verso=21}}</ref> [[Nazarenos|Nazareno]],<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=26|verso=71}}, {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=16|verso=6}}, {{citar bíblia|livro=Atos|capítulo=2|verso=22}} e {{citar bíblia|livro=Atos|capítulo=22|verso=8}}</ref> [[Deus]],<ref>Veja {{citar bíblia|livro=João|capítulo=20|verso=28}}</ref> [[Logos|Verbo]],<ref>{{citar bíblia|livro=João|capítulo=1|verso=1-4}}, {{citar bíblia|livro=I João|capítulo=1|verso=1}} e {{citar bíblia|livro=Apocalipse|capítulo=19|verso=13}}.</ref> Filho de [[São José|José]]<ref>Veja {{citar bíblia|livro=João|capítulo=1|verso=45}}</ref> e [[Emanuel]].<ref>Veja {{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=1|verso=23}}</ref>


Além disso, especialmente no [[Evangelho segundo João]], são aplicadas a Jesus expressões [[alegoria|alegóricas]] como: [[Cordeiro]], Cordeiro de Deus, [[Luz]] do [[Mundo]], [[pastor]], bom pastor, [[pão]] da vida, pão vivente, pão de Deus, porta, Caminho e [[Verdade]].<ref>Algumas referências são: {{citar bíblia|livro=João|capítulo=1|verso=29}}, {{citar bíblia|livro=João|capítulo=3|verso=19}}, {{citar bíblia|livro=João|capítulo=10|verso=11}}, {{citar bíblia|livro=João|capítulo=6|verso=35}}, {{citar bíblia|livro=João|capítulo=10|verso=7}}, {{citar bíblia|livro=João|capítulo=14|verso=6}} e {{citar bíblia|livro=João|capítulo=18|verso=37}}</ref>
Além disso, especialmente no [[Evangelho segundo João]], são aplicadas a Jesus expressões [[alegoria|alegóricas]] como: [[Cordeiro]], Cordeiro de Deus, [[Luz]] do [[Mundo]], [[pastor]], bom pastor, [[pão]] da vida, pão vivente, pão de Deus, porta, Caminho e [[Verdade]]. <ref>Algumas referências são: {{citar bíblia|livro=João|capítulo=1|verso=29}}, {{citar bíblia|livro=João|capítulo=3|verso=19}}, {{citar bíblia|livro=João|capítulo=10|verso=11}}, {{citar bíblia|livro=João|capítulo=6|verso=35}}, {{citar bíblia|livro=João|capítulo=10|verso=7}}, {{citar bíblia|livro=João|capítulo=14|verso=6}} e {{citar bíblia|livro=João|capítulo=18|verso=37}}</ref>


== Pontos de vista sobre Jesus ==
== Pontos de vista sobre Jesus ==

=== Método histórico ===
=== Método histórico ===
{{Ver artigo principal|[[Jesus histórico]]}}
Estudiosos têm utilizado o [[método histórico]] para desenvolver a provável reconstrução da vida de Jesus. Ao longo dos últimos duzentos anos, a imagem de Jesus entre os estudiosos históricos tem vindo a ser muito diferente da imagem de Jesus baseada nos evangelhos.<ref>Borg, Marcus J. e N. T. Wright, ''The Meaning of Jesus: Two visions''. New York: HarperCollins. 2007.</ref> Alguns estudiosos fazem uma distinção entre Jesus reconstruindo através dos métodos históricos e o Jesus entendido através de um ponto de vista teológico,<ref group=nota>O Jesus teológico pode ser entendido como a figura de Jesus segundo a [[Fé]].</ref> ao passo que outros estudiosos sustentam que o Jesus teológico representa uma figura histórica.<ref name=Papa/> As principais fontes de informação sobre a vida de Jesus e seus ensinamentos são os evangelhos, especialmente os evangelhos sinóticos: [[Evangelho segundo Mateus|Mateus]], [[Evangelho segundo Marcos|Marcos]] e [[Evangelho segundo Lucas|Lucas]]. Algumas partes dos evangelhos são considerados historicamente confiáveis enquanto que outras partes não o são,<ref>The Myth about Jesus, Allvar Ellegard 1992,</ref><ref>Craig Evans, "Life-of-Jesus Research and the Eclipse of Mythology," Theological Studies 54 (1993) p. 5,</ref><ref name="Charles H. Talbert pg 42">Charles H. Talbert, What Is a Gospel? The Genre of Canonical Gospels pg 42 (Philadelphia: Fortress Press, 1977).</ref><ref name="Jesus 1995">“The Historical Figure of Jesus," Sanders, E.P., Penguin Books: London, 1995, p., 3.</ref><ref name="ReferenceC">Fire of Mercy, Heart of the Word (Vol. II): Meditations on the Gospel According to St. Matthew – Dr Erasmo Leiva-Merikakis, Ignatius Press, Introduction</ref><ref name="religion-online.org">Grant, Robert M., "A Historical Introduction to the New Testament" (Harper and Row, 1963) http://www.religion-online.org/showchapter.asp?title=1116&C=1230</ref> e os elementos cuja autenticidade histórica é disputada incluem os dois relatos sobre o nascimento de Jesus e sobre a ressureição e detalhes sobre a crucificação.<ref>Who is Jesus? Answers to your questions about the historical Jesus, by John Dominic Crossan, Richard G. Watts (Westminster John Knox Press 1999), page 108</ref><ref>James G. D. Dunn, ''Jesus Remembered'', (Eerdmans, 2003) page 779-781.</ref><ref>Rev. John Edmunds, 1855 ''The seven sayings of Christ on the cross'' Thomas Hatchford Publishers, London, page 26</ref><ref name="Staggs">Stagg, Evelyn and Frank. ''Woman in the World of Jesus.'' Philadelphia: Westminster Press, 1978 ISBN 0-664-24195-6</ref><ref name="ActJTomb">[[Robert W. Funk|Funk, Robert W.]] and the [[Jesus Seminar]]. ''The acts of Jesus: the search for the authentic deeds of Jesus.'' HarperSanFrancisco. 1998. "Empty Tomb, Appearances & Ascension" p. 449-495.</ref><ref>[[Bruce M. Metzger]]'s ''Textual Commentary on the Greek New Testament'': {{Bibleref2|Luke|24:51}} is missing in some important early witnesses, {{Bibleref2|Acts|1}} varies between the [[Alexandrian text-type|Alexandrian]] and [[Western text-type|Western versions]].</ref>


{{Ver artigos principais|[[Jesus histórico]], [[Jesus nas comparações mitológicas]], [[Mito de Jesus]]}}
A maioria dos acadêmicos bíblicos e historiadores aceitam a existência histórica de Jesus.<ref group=nota>{{citação|Robert E. Van Voorst|A tese da não-historicidade tem sido controversa e até hoje não conseguiu convencer muitos estudiosos das disciplinas e credos religiosos. Os acadêmicos bíblicos e os historiadores clássicos agora a consideram efetivamente refutada.}}</ref><ref group=nota>{{citação|Walter P. Weaver|A negação da historicidade de Jesus nunca chegou a convencer um grande número de pessoas, nem na primeira parte do século.}}</ref><ref>Robert E. Van Voorst, ''Jesus Outside the New Testament: An Introduction to the Ancient Evidence'' Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2000, p. 16.</ref><ref>Walter P. Weaver, ''The Historical Jesus in the Twentieth Century, 1900-1950'', Continuum International, 1999, page 71.</ref> Um dos proponentes da não-historicidade foi [[Bruno Bauer]] no século 19. Acadêmicos que rejeitam totalmente a historicidade de Jesus baseam-se na falta de evidência arqueológica direta, o falta de mensão em documentos antigos sobre Jesus e a similaridade entre o cristianismo primitivo e a mitologia e religião contemporânea.<ref>Durant 1944:553–7</ref>


Estudiosos têm utilizado o [[método histórico]] para desenvolver a provável reconstrução da vida de Jesus. Ao longo dos últimos duzentos anos, a imagem de Jesus entre os estudiosos históricos tem vindo a ser muito diferente da imagem de Jesus baseada nos evangelhos. <ref>Borg, Marcus J. e N. T. Wright, ''The Meaning of Jesus: Two visions''. New York: HarperCollins. 2007.</ref> Alguns estudiosos fazem uma distinção entre Jesus reconstruindo através dos métodos históricos e o Jesus entendido através de um ponto de vista [[Teologia|teológico]], <ref group=nota> O Jesus teológico pode ser entendido como a figura de Jesus segundo a [[Fé]]. </ref> ao passo que outros estudiosos sustentam que o Jesus teológico representa uma figura histórica. <ref name=Papa/>
O livro do [[Alsácia|alsaciano]] [[Albert Schweitzer]] ''A Busca do Jesus histórico''<ref name=Schweitzer>{{referência a livro|autor=Albert Schweitzer|título=A Busca do Jesus histórico| subtítulo= Um estudo crítico de seu progresso|editora=Editora Cristã Novo Século|ano=2005|idioma=português|local=São Paulo|páginas=485|id = ISBN 85-86671-30-4}}</ref> é um esforço pós-iluminista para descrever Jesus usando o método histórico crítico. Desde o final do [[século XVIII]], estudiosos têm analisado os evangelhos e tentado formular a biografia histórica de Jesus. Os esforços contemporâneos tentam melhorar a compreensão do judaísmo do [[século I]], analisando os textos religiosos cristãos e usando os métodos de crítica histórica e [[sociologia|sociológica]], além da análise literária dos ditos de Jesus.<ref>Cross, F. L., ed. ''The Oxford Dictionary of the Christian Church''. New York: Oxford University Press. 2005 - article "Historical Jesus, Quest of the"</ref>

As principais fontes de informação sobre a vida de Jesus e seus ensinamentos são os evangelhos, especialmente os evangelhos sinóticos: [[Evangelho segundo Mateus|Mateus]], [[Evangelho segundo Marcos|Marcos]] e [[Evangelho segundo Lucas|Lucas]]. Algumas partes dos evangelhos são considerados historicamente confiáveis enquanto que outras partes não o são, <ref>The Myth about Jesus, Allvar Ellegard 1992,</ref> <ref>Craig Evans, "Life-of-Jesus Research and the Eclipse of Mythology," Theological Studies 54 (1993) p. 5,</ref><ref name="Charles H. Talbert pg 42">Charles H. Talbert, What Is a Gospel? The Genre of Canonical Gospels pg 42 (Philadelphia: Fortress Press, 1977).</ref><ref name="Jesus 1995">“The Historical Figure of Jesus," Sanders, E.P., Penguin Books: London, 1995, p., 3.</ref><ref name="ReferenceC">Fire of Mercy, Heart of the Word (Vol. II): Meditations on the Gospel According to St. Matthew – Dr Erasmo Leiva-Merikakis, Ignatius Press, Introduction</ref><ref name="religion-online.org">Grant, Robert M., "A Historical Introduction to the New Testament" (Harper and Row, 1963) http://www.religion-online.org/showchapter.asp?title=1116&C=1230</ref> e os elementos cuja autenticidade histórica é disputada incluem os dois relatos sobre o nascimento de Jesus e sobre a [[ressureição]] e detalhes sobre a [[crucificação]]. <ref>Who is Jesus? Answers to your questions about the historical Jesus, by John Dominic Crossan, Richard G. Watts (Westminster John Knox Press 1999), page 108</ref><ref>James G. D. Dunn, ''Jesus Remembered'', (Eerdmans, 2003) page 779-781.</ref><ref>Rev. John Edmunds, 1855 ''The seven sayings of Christ on the cross'' Thomas Hatchford Publishers, London, page 26</ref><ref name="Staggs">Stagg, Evelyn and Frank. ''Woman in the World of Jesus.'' Philadelphia: Westminster Press, 1978 ISBN 0-664-24195-6</ref><ref name="ActJTomb">[[Robert W. Funk|Funk, Robert W.]] and the [[Jesus Seminar]]. ''The acts of Jesus: the search for the authentic deeds of Jesus.'' HarperSanFrancisco. 1998. "Empty Tomb, Appearances & Ascension" p. 449-495.</ref><ref>[[Bruce M. Metzger]]'s ''Textual Commentary on the Greek New Testament'': {{Bibleref2|Luke|24:51}} is missing in some important early witnesses, {{Bibleref2|Acts|1}} varies between the [[Alexandrian text-type|Alexandrian]] and [[Western text-type|Western versions]].</ref>

A maioria dos acadêmicos bíblicos e historiadores aceitam a existência histórica de Jesus. <ref group=nota>{{citação|Robert E. Van Voorst|A tese da não-historicidade tem sido controversa e até hoje não conseguiu convencer muitos estudiosos das disciplinas e credos religiosos. Os acadêmicos bíblicos e os historiadores clássicos agora a consideram efetivamente refutada.}}</ref> <ref group=nota>{{citação|Walter P. Weaver|A negação da historicidade de Jesus nunca chegou a convencer um grande número de pessoas, nem na primeira parte do século.}}</ref><ref>Robert E. Van Voorst, ''Jesus Outside the New Testament: An Introduction to the Ancient Evidence'' Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2000, p. 16.</ref><ref>Walter P. Weaver, ''The Historical Jesus in the Twentieth Century, 1900-1950'', Continuum International, 1999, page 71.</ref> Um dos proponentes da não-historicidade foi [[Bruno Bauer]] no [[século XIX]]. Acadêmicos que rejeitam totalmente a historicidade de Jesus baseam-se na falta de evidência [[Arqueologia|arqueológica]] direta, o falta de mensão em documentos antigos sobre Jesus e a similaridade entre o [[cristianismo primitivo]] e a [[mitologia]] e religião contemporânea. <ref>Durant 1944:553–7</ref>

O livro do [[Alsácia|alsaciano]] [[Albert Schweitzer]] ''A Busca do Jesus histórico'' <ref name=Schweitzer>{{referência a livro|autor=Albert Schweitzer|título=A Busca do Jesus histórico| subtítulo= Um estudo crítico de seu progresso|editora=Editora Cristã Novo Século|ano=2005|idioma=português|local=São Paulo|páginas=485|id = ISBN 85-86671-30-4}}</ref> é um esforço pós-iluminista para descrever Jesus usando o método histórico crítico. Desde o final do [[século XVIII]], estudiosos têm analisado os evangelhos e tentado formular a biografia histórica de Jesus. Os esforços contemporâneos tentam melhorar a compreensão do judaísmo do [[século I]], analisando os textos religiosos cristãos e usando os métodos de crítica histórica e [[sociologia|sociológica]], além da análise literária dos ditos de Jesus. <ref>Cross, F. L., ed. ''The Oxford Dictionary of the Christian Church''. New York: Oxford University Press. 2005 - article "Historical Jesus, Quest of the"</ref>


[[Ficheiro:Turkish-islam isa.jpg|thumb|Ascensão de Jesus numa antiga pintura [[Turquia|turca]].<ref>{{citar web|url= http://members.surfeu.at/veitschegger/texte/andere_rel.htm |titulo=Jesus nas outras religiões|autor=Karl Veitschegger|lingua=alemão|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref>]]
[[Ficheiro:Turkish-islam isa.jpg|thumb|Ascensão de Jesus numa antiga pintura [[Turquia|turca]].<ref>{{citar web|url= http://members.surfeu.at/veitschegger/texte/andere_rel.htm |titulo=Jesus nas outras religiões|autor=Karl Veitschegger|lingua=alemão|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref>]]


=== No islamismo ===
=== No islamismo ===

{{Ver artigo principal|[[Isa (profeta)]]}}
{{Ver artigo principal|[[Isa (profeta)]]}}


Jesus, conhecido em [[língua árabe|árabe]] como ''Isa'' ou ''Isa ibn Maryam'' ("Jesus, filho de Maria"), é um dos principais [[Profetas do islão|Profetas do Islã]]. De acordo com o [[Alcorão]] foi um dos profetas mais amados por Deus e, ao contrário do que se passa no cristianismo, não é um ser divino. Existem notáveis diferenças entre o relato dos Evangelhos e a narração do Alcorão da história de Jesus.
Jesus, conhecido em [[língua árabe|árabe]] como ''Isa'' ou ''Isa ibn Maryam'' ("Jesus, filho de Maria"), é um dos principais [[Profetas do islão|Profetas do Islã]]. De acordo com o [[Alcorão]] foi um dos profetas mais amados por Deus e, ao contrário do que se passa no cristianismo, não é um ser divino. Existem notáveis diferenças entre o relato dos Evangelhos e a narração do [[Alcorão]] da história de Jesus.


A virgindade de [[Maria, mãe de Jesus|Maria]] é plenamente reconhecida pelo islã.<ref>Sura [[Al-i-Imran]], ayat 41, Sura [[Al-Ma'ida]], ayat 19 e Sura [[Maryam (sura)]], ayat 22 e seguintes.</ref> Jesus teria anunciado várias vezes na [[Bíblia]] a chegada de [[Maomé]] como o último profeta.<ref>{{citar web|url= http://www.islam.com.br/Christanismo/jesus%20christo/jcvm25.htm |titulo=Jesus anuncia a vinda de Maomé|acessodata=[[30 de dezembro]] de 2008}}</ref> A morte de Jesus é tratada como complexa, por não reconhecer explicitamente a sua [[morte]] e dizer que antes da morte ele foi substituído por outro, do qual nada é dito, enquanto Jesus ascende ao céu e ludibria os judeus.<ref>Sura [[Al-i-Imran]], ayat 48 e sura [[An-Nisa]], ayat 156.</ref> A morte ignominiosa de Jesus não está coberta, porém, afirma-se o seu regresso no dia do [[Juízo Final]] <ref>Sura [[An-Nisa]], ayat 157 e sura [[Az-Zukhruf]], ayat 61</ref> e a descoberta, nesse dia, de que a obra de Jesus era [[verdade]]ira.<ref group=nota>Ou seja, que ele teria sido realmente enviado por Deus</ref>
A virgindade de [[Maria, mãe de Jesus|Maria]] é plenamente reconhecida pelo islã. <ref>Sura [[Al-i-Imran]], ayat 41, Sura [[Al-Ma'ida]], ayat 19 e Sura [[Maryam (sura)]], ayat 22 e seguintes.</ref> Jesus teria anunciado várias vezes na [[Bíblia]] a chegada de [[Maomé]] como o último profeta.<ref>{{citar web|url= http://www.islam.com.br/Christanismo/jesus%20christo/jcvm25.htm |titulo=Jesus anuncia a vinda de Maomé|acessodata=[[30 de dezembro]] de 2008}}</ref> A morte de Jesus é tratada como complexa, por não reconhecer explicitamente a sua [[morte]] e dizer que antes da morte ele foi substituído por outro, do qual nada é dito, enquanto Jesus [[Ascensão de Jesus|ascende ao céu]] e ludibria os judeus. <ref>Sura [[Al-i-Imran]], ayat 48 e sura [[An-Nisa]], ayat 156.</ref> A morte ignominiosa de Jesus não está coberta, porém, afirma-se o seu regresso no dia do [[Juízo Final]] <ref>Sura [[An-Nisa]], ayat 157 e sura [[Az-Zukhruf]], ayat 61</ref> e a descoberta, nesse dia, de que a obra de Jesus era [[verdade]]ira. <ref group=nota>Ou seja, que ele teria sido realmente enviado por Deus</ref>


O Alcorão rejeita a [[Trindade (cristianismo)|trindade]], considerada falsa, e se refere a Jesus como "Verbo de Deus", mas não o filho dele..<ref group=nota>A Trindade cria um problema para Maomé: o [[politeísmo]] contra o qual ele tanto lutou. Aceitar que um Deus pode ser um e três ao mesmo tempo é um problema desde o início (a única doutrina da trindade que Maomé conheceu foi a dos [[coliridianos]]). No entanto, as suas posições são parecidas com a do próprio [[Quarto Concílio de Latrão|Concílio de Latrão]], que visa corrigir a crença de que Jesus é o Filho de Deus em um sentido humano. Então, há quem veja semelhanças, mas ainda assim há diferenças. ''Eles estão incrédulos, dizem que Deus é o terceiro de uma tríade. Não há mais divindade, apenas um só Deus. … O Messias, filho de Maria, não é nada mais do que um mensageiro''. (Sura [[Al-Ma'ida]], ayat 77 à 79)</ref><ref>Vermet, John. ''O Alcorão'', páginas 48, 49, 135, 146, 147.</ref>
O Alcorão rejeita a [[Trindade (cristianismo)|trindade]], considerada falsa, e se refere a Jesus como "Verbo de Deus", mas não o filho dele. <ref group=nota>A Trindade cria um problema para Maomé: o [[politeísmo]] contra o qual ele tanto lutou. Aceitar que um Deus pode ser um e três ao mesmo tempo é um problema desde o início (a única doutrina da trindade que Maomé conheceu foi a dos [[coliridianos]]). No entanto, as suas posições são parecidas com a do próprio [[Quarto Concílio de Latrão|Concílio de Latrão]], que visa corrigir a crença de que Jesus é o Filho de Deus em um sentido humano. Então, há quem veja semelhanças, mas ainda assim há diferenças. ''Eles estão incrédulos, dizem que Deus é o terceiro de uma tríade. Não há mais divindade, apenas um só Deus. … O Messias, filho de Maria, não é nada mais do que um mensageiro''. (Sura [[Al-Ma'ida]], ayat 77 à 79)</ref><ref>Vermet, John. ''O Alcorão'', páginas 48, 49, 135, 146, 147.</ref>


=== No judaísmo ===
=== No judaísmo ===

{{Artigo principal|Yeshua}}
{{Artigo principal|Yeshua}}
{{Mais informações|[[Yeshu ben Pantera]] e [[Judaísmo messiânico]]}}
{{Mais informações|[[Yeshu ben Pantera]] e [[Judaísmo messiânico]]}}
O [[judaísmo]] acredita que a idéia de Jesus ser Deus, ou parte de uma trindade, ou um mediador de Deus, é heresia.<ref>{{referência a livro|autor=Sa'adiah ben Yosef Gaon |título=Book of the Articles of Faith and Doctrines of Dogma|ano=933}}</ref> O judaísmo também sustenta que Jesus não é o [[messias]]<ref>{{citar web|url=http://www.askmoses.com/en/article/120,350/Why-don-t-Jews-believe-that-Jesus-was-the-messiah.html|titulo= Why do not Jews believe that Jesus was the messiah?|trabalho=AskMoses.com|lingua=inglês|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref> argumentando que ele não cumpriu as [[Profecias bíblicas|profecias messiânicas]] da [[Tanakh]] nem encarna as qualificações pessoais do Messias. O judaísmo afirma que Jesus não cumpriu as exigências estabelecidas pela [[Torá]] para provar que ele era um profeta. E mesmo que Jesus tivesse produzido um sinal que fosse reconhecido pelo judaísmo, afirma-se que nenhum profeta poderia contradizer as leis já mencionadas na Torá, o que os [[rabino]]s afirmam que Jesus fez.<ref>{{citar web|url=http://www.chabad.org.br/interativo/FAQ/n_cre.html|titulo=Por que os judeus não acreditam em Jesus?|trabalho=Beit Chabad do Brasil|autor=Rabino Shraga Simmons|lingua= português|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref>


A ''Mishneh Torá'', escrita por Maimônides (ou Rambam), considerada uma das obras da [[halakha|lei judaica]], diz que "''Jesus é um "obstáculo" que faz "a maioria do mundo errar para servir a uma divindade além de Deus''". De acordo com o judaísmo conservador, os judeus que acreditam que Jesus é o Messias "cruzaram a linha" para fora da comunidade judaica.<ref>{{citar web|url=http://www.judaismo-iberico.org/an01.htm|titulo=Quem são os "judeus"-messiânicos?|trabalho=União Sefardita Hispano-Portuguesa de Beneficência |lingua=português|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.uscj.org/Messianic_Jews_Not_J5480.html|titulo=Messianic Jews Are Not Jews|autor=Jonathan Waxman|trabalho=United Synagogue of Conservative Judaism|lingua=inglês|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref> E quanto ao [[Judaísmo reformista]], o movimento progressista moderno, afirmam: "Para nós, da comunidade judaica alguém que afirma que Jesus é seu salvador já não é um judeu e sim um [[apóstata]]".<ref>{{citar web|url=http://www.faqs.org/faqs/judaism/FAQ/10-Reform/section-15.html|titulo=Reform's Position On…What is unacceptable practice?||lingua=inglês|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref><ref group=nota>Um personagem chamado ''Yeishu'' (''Jeshu'' ou em [[língua hebraica|hebraico]]: ''יש"ו'') é mencionado nos antigos textos rabínicos, incluindo o [[Talmud|Talmud babilônico]], elaborado no início do [[século VII]], e da literatura [[Midrash]], elaborada entre os [[século III|séculos III]] e [[Século VIII|VIII]]. O nome é semelhante mas não idêntico à [[Yeshua]], que é considerado por muitos autores com o nome original de Jesus em [[aramaico]]. Além disso, em vários manuscritos do Talmud babilônico aparece com o apelido "ha-Notztri", que pode significar "o Nazareno." Por este motivo, e por certas semelhanças entre a história de Jesus contada pelos cristãos e os Evangelhos de Yeishu citado no Talmud, alguns autores têm identificado os dois personagens. No entanto, existem divergências sobre este ponto. Nos textos rabínicos, Yeishu é caracterizado por um ponto de vista negativo: ele aparece como um malandro que incentiva os judeus a apostatar de sua religião.</ref>
O [[judaísmo]] acredita que a idéia de Jesus ser Deus, ou parte de uma trindade, ou um mediador de Deus, é [[heresia]]. <ref>{{referência a livro|autor=Sa'adiah ben Yosef Gaon |título=Book of the Articles of Faith and Doctrines of Dogma|ano=933}}</ref> O judaísmo também sustenta que Jesus não é o [[messias]] <ref>{{citar web|url=http://www.askmoses.com/en/article/120,350/Why-don-t-Jews-believe-that-Jesus-was-the-messiah.html|titulo= Why do not Jews believe that Jesus was the messiah?|trabalho=AskMoses.com|lingua=inglês|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref> argumentando que ele não cumpriu as [[Profecias bíblicas|profecias messiânicas]] da [[Tanakh]] nem encarna as qualificações pessoais do Messias. O judaísmo afirma que Jesus não cumpriu as exigências estabelecidas pela [[Torá]] para provar que ele era um profeta. E mesmo que Jesus tivesse produzido um sinal que fosse reconhecido pelo judaísmo, afirma-se que nenhum profeta poderia contradizer as leis já mencionadas na Torá, o que os [[rabino]]s afirmam que Jesus fez. <ref>{{citar web|url=http://www.chabad.org.br/interativo/FAQ/n_cre.html|titulo=Por que os judeus não acreditam em Jesus?|trabalho=Beit Chabad do Brasil|autor=Rabino Shraga Simmons|lingua= português|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref>
A ''Mishneh Torá'', escrita por [[Maimônides]] (ou Rambam), considerada uma das obras da [[halakha|lei judaica]], diz que "''Jesus é um "obstáculo" que faz "a maioria do mundo errar para servir a uma divindade além de Deus''". De acordo com o [[judaísmo conservador]], os judeus que acreditam que Jesus é o Messias "cruzaram a linha" para fora da comunidade judaica. <ref>{{citar web|url=http://www.judaismo-iberico.org/an01.htm|titulo=Quem são os "judeus"-messiânicos?|trabalho=União Sefardita Hispano-Portuguesa de Beneficência |lingua=português|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref> <ref>{{citar web|url=http://www.uscj.org/Messianic_Jews_Not_J5480.html|titulo=Messianic Jews Are Not Jews|autor=Jonathan Waxman|trabalho=United Synagogue of Conservative Judaism|lingua=inglês|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref> E quanto ao [[Judaísmo reformista]], o movimento progressista moderno, afirmam: "''Para nós, da comunidade judaica alguém que afirma que Jesus é seu salvador já não é um judeu e sim um [[apóstata]]''". <ref>{{citar web|url=http://www.faqs.org/faqs/judaism/FAQ/10-Reform/section-15.html|titulo=Reform's Position On…What is unacceptable practice?||lingua=inglês|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref> <ref group=nota>Um personagem chamado ''Yeishu'' (''Jeshu'' ou em [[língua hebraica|hebraico]]: ''יש"ו'') é mencionado nos antigos textos rabínicos, incluindo o [[Talmud|Talmud babilônico]], elaborado no início do [[século VII]], e da literatura [[Midrash]], elaborada entre os séculos [[século III|III]] e [[Século VIII|VIII]]. O nome é semelhante mas não idêntico à [[Yeshua]], que é considerado por muitos autores com o nome original de Jesus em [[aramaico]]. Além disso, em vários [[manuscrito]]s do Talmud babilônico aparece com o apelido "ha-Notztri", que pode significar "o Nazareno." Por este motivo, e por certas semelhanças entre a história de Jesus contada pelos cristãos e os Evangelhos de Yeishu citado no Talmud, alguns autores têm identificado os dois personagens. No entanto, existem divergências sobre este ponto. Nos textos rabínicos, Yeishu é caracterizado por um ponto de vista negativo: ele aparece como um malandro que incentiva os judeus a apostatar de sua religião.</ref>


=== No cristianismo ===
=== No cristianismo ===

{{ver artigos principais|[[Cristologia]] e [[Jesus Cristo]]}}
{{ver artigos principais|[[Cristologia]] e [[Jesus Cristo]]}}
A figura de Jesus de Nazaré é o centro da [[religião]] conhecida como [[cristão|cristã]], embora existam diversas interpretações sobre a sua pessoa.<ref group=nota>Levando em conta que o cristianismo está muito longe de ter uma unidade de crenças e dogmas, para falar de Jesus no Cristianismo, teríamos de descrever os vários entendimentos da pessoa de Jesus pelos diferentes ramos do cristianismo, também chamados de [[denominações cristãs]]. Embora todas estas idéias sejam perfeitamente aceitáveis como pressupostos de fé, expor a todas elas em pé de igualdade levaria a um certo relativismo que não levaria em conta que algumas crenças são majoritárias e outras particulares, que algumas foram abandonadas depois de muito estudo e reflexão e outras foram consideradas [[heresia]]s desde o início.</ref>


A figura de Jesus de Nazaré é o centro da [[religião]] conhecida como [[cristão|cristã]], embora existam diversas interpretações sobre a sua pessoa. <ref group=nota>Levando em conta que o [[cristianismo]] está muito longe de ter uma unidade de crenças e dogmas, para falar de Jesus no Cristianismo, teríamos de descrever os vários entendimentos da pessoa de Jesus pelos diferentes ramos do cristianismo, também chamados de [[denominações cristãs]]. Embora todas estas idéias sejam perfeitamente aceitáveis como pressupostos de fé, expor a todas elas em pé de igualdade levaria a um certo relativismo que não levaria em conta que algumas crenças são majoritárias e outras particulares, que algumas foram abandonadas depois de muito estudo e reflexão e outras foram consideradas [[heresia]]s desde o início.</ref>
De um modo geral, para os cristãos, Jesus de Nazaré é o protagonista de um único ato<ref group=nota>A ressurreição de Jesus Cristo de Nazaré é um dos únicos fatos que distingue o cristianismo das outras [[religião|religiões]] gregas. Se, para essas últimas, o tempo é uma inteligência circular e repetitiva, que se sucede por meio do eterno retorno, o cristianismo assume desde o início um conceito linear de tempo em que a ressurreição é um marco histórico único sobre a história passada e futura. Veja também o livro de Henry Puech, ''El tiempo en el cristianismo''</ref> e intransferível, pelo qual o homem adquire a capacidade de deixar a sua natureza decaída e atingir a [[salvação]].<ref group=nota>Em contraste com os conceitos científicos que consideram o homem como o pináculo da [[evolução]] natural, a teologia cristã acredita que o homem é espiritualmente ''caído''.</ref> Tal ato é consumado com a ressurreição de Jesus Cristo.


De um modo geral, para os cristãos, Jesus de Nazaré é o [[protagonista]] de um único ato <ref group=nota>A ressurreição de Jesus Cristo de Nazaré é um dos únicos fatos que distingue o cristianismo das outras [[religião|religiões]] gregas. Se, para essas últimas, o tempo é uma inteligência circular e repetitiva, que se sucede por meio do eterno retorno, o cristianismo assume desde o início um conceito linear de tempo em que a ressurreição é um marco histórico único sobre a história passada e futura. Veja também o livro de Henry Puech, ''El tiempo en el cristianismo''</ref> e intransferível, pelo qual o homem adquire a capacidade de deixar a sua natureza decaída e atingir a [[salvação]]. <ref group=nota>Em contraste com os conceitos científicos que consideram o homem como o pináculo da [[evolução]] natural, a teologia cristã acredita que o homem é espiritualmente ''caído''.</ref> Tal ato é consumado com a ressurreição de Jesus Cristo.
A [[ressurreição]] é, portanto, o fato central do cristianismo e constitui sua esperança [[soteriologia|soteriológica]]. Como ato, é exclusivo da [[deidade|divindade]] e indisponível ao homem. De forma mais precisa, a ''encarnação'', a ''[[morte]]'' e a ''ressurreição'' compensam os três obstáculos que separam, segundo a doutrina cristã, Deus do homem: a natureza,<ref group=nota> A natureza de Deus ([[Eternidade|incriada]]) e da natureza do homem (criatura) estão separadas pelo abismo [[ontologia|ontológico]] da criação ''ex nihilo''</ref> o pecado,<ref group=nota>A necessidade do pecado é natural à natureza decaída do ser humano</ref> e a [[morte]].<ref group=nota> Entendida sobretudo no sentido ontológico (deixar de ser).</ref> Pela ''[[Encarnação (religião)|Encarnação do Verbo]]'', a natureza divina se faz humana.<ref>Ver {{citar bíblia|livro=João|capítulo=1|verso=14}}</ref> Pela morte de Cristo, se vence o pecado e por sua ressurreição, a morte.<ref>{{referência a livro|autor=Vladimir Lossky|título= Teología mística de la iglesia de oriente|lingua=espanhol}}</ref>

A [[ressurreição]] é, portanto, o fato central do cristianismo e constitui sua esperança [[soteriologia|soteriológica]]. Como ato, é exclusivo da [[deidade|divindade]] e indisponível ao homem. De forma mais precisa, a ''encarnação'', a ''[[morte]]'' e a ''ressurreição'' compensam os três obstáculos que separam, segundo a doutrina cristã, Deus do homem: a natureza, <ref group=nota> A natureza de Deus ([[Eternidade|incriada]]) e da natureza do homem (criatura) estão separadas pelo abismo [[ontologia|ontológico]] da criação ''ex nihilo''</ref> o [[pecado]],<ref group=nota>A necessidade do pecado é natural à natureza decaída do ser humano</ref> e a [[morte]]. <ref group=nota> Entendida sobretudo no sentido ontológico (deixar de ser).</ref> Pela ''[[Encarnação (religião)|Encarnação do Verbo]]'', a natureza divina se faz humana.<ref>Ver {{citar bíblia|livro=João|capítulo=1|verso=14}}</ref> Pela morte de Cristo, se vence o pecado e por sua ressurreição, a morte. <ref>{{referência a livro|autor=Vladimir Lossky|título= Teología mística de la iglesia de oriente|lingua=espanhol}}</ref>

Historicamente, o núcleo da doutrina cristã foi fixado no [[Primeiro Concílio de Niceia]], em 325, com a formulação do [[Credo niceno]]. Este [[concílio]] é reconhecido pelas principais denominações cristãs: [[Igreja Católica Apostólica Romana|católica]], [[Ortodoxia|ortodoxa]] e de várias [[Protestantismo|igrejas protestantes]].


Historicamente, o núcleo da doutrina cristã foi fixado no [[Primeiro Concílio de Niceia]], em 325, com a formulação do [[Credo niceno]]. Este concílio é reconhecido pelas principais denominações cristãs: [[Igreja Católica Apostólica Romana|católica]], [[Ortodoxia|ortodoxa]] e de várias [[Protestantismo|igrejas protestantes]].
O texto do Credo Niceno que se refere a Jesus é o seguinte:
O texto do Credo Niceno que se refere a Jesus é o seguinte:


{{Quote1|Cremos em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, gerado do Pai desde toda a eternidade, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai; por Ele todas as coisas foram feitas. Por nós e para nossa salvação, desceu dos céus; encarnou por obra do Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e fez-se verdadeiro homem. Por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; sofreu a morte e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras; subiu aos céus, e está sentado à direita do Pai. De novo há de vir em glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim.<ref>{{citar web|url=http://www.monergismo.com/textos/credos/credoniceno.htm|título=O Credo Niceno|trabalho=Monergismo|lingua=português|acessodata=[[28 de Janeiro]] de 2009}}</ref>}}
{{Quote1|Cremos em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, gerado do Pai desde toda a eternidade, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai; por Ele todas as coisas foram feitas. Por nós e para nossa salvação, desceu dos céus; encarnou por obra do Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e fez-se verdadeiro homem. Por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; sofreu a morte e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras; subiu aos céus, e está sentado à direita do Pai. De novo há de vir em glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim.<ref>{{citar web|url=http://www.monergismo.com/textos/credos/credoniceno.htm|título=O Credo Niceno|trabalho=Monergismo|lingua=português|acessodata=[[28 de Janeiro]] de 2009}}</ref>}}


Existem, no entanto, igrejas não trinitárias, ou [[Unicismo|unicistas]] que não reconhecem a existência de uma trindade de pessoas em Deus.<ref group=nota>Veja os artigos [[Deus no cristianismo]] e [[Unitarianismo]].</ref>
Existem, no entanto, igrejas não trinitárias, ou [[Unicismo|unicistas]] que não reconhecem a existência de uma trindade de pessoas em Deus. <ref group=nota>Veja os artigos [[Deus no cristianismo]] e [[Unitarianismo]].</ref>


Jesus Cristo de Nazaré é também considerado a encarnação e Filho de Deus, segunda pessoa da Santíssima Trindade cristã. É Filho por Natureza, e não por [[adoção]], o que significa que sua Divindade absoluta e sua humanidade absoluta são inseparáveis.<ref group=nota>Veja o artigo [[União hipostática]].</ref> A relação entre a natureza divina e humana foi fixada no [[Concílio de Calcedónia]], nestes termos:
Jesus Cristo de Nazaré é também considerado a encarnação e [[Filho de Deus]], segunda pessoa da [[Santíssima Trindade]] cristã. É Filho por Natureza, e não por [[adoção]], o que significa que sua Divindade absoluta e sua [[humanidade]] absoluta são inseparáveis. <ref group=nota>Veja o artigo [[União hipostática]].</ref> A relação entre a natureza divina e humana foi fixada no [[Concílio de Calcedónia]], nestes termos:


{{Quote1|Fiéis aos santos Pais, todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, e perfeito quanto à humanidade; verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, constando de alma racional e de corpo, consubstancial com o Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade; em tudo semelhante a nós, excetuando o pecado; gerado segundo a divindade pelo Pai antes de todos os séculos, e nestes últimos dias, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação, nascido da Virgem Maria, mãe de Deus; um e só mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis, imutáveis, indivisíveis, inseparáveis; a distinção de naturezas de modo algum é anulada pela união, antes é preservada a propriedade de cada natureza, concorrendo para formar uma só pessoa e em uma subsistência; não separado nem dividido em duas pessoas, mas um só e o mesmo Filho, o Unigênito, Verbo de Deus, o Senhor Jesus Cristo, conforme os profetas desde o princípio acerca dele testemunharam, e o mesmo Senhor Jesus nos ensinou, e o Credo dos santos Pais nos transmitiu.<ref>{{citar web|url=http://www.cprf.co.uk/languages/chalcedon_portuguese.htm|titulo=Credo da Calcedônia|trabalho=Covenant Protestant Reformed Church|lingua=português|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref>}}
{{Quote1|Fiéis aos santos Pais, todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, e perfeito quanto à humanidade; verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, constando de alma racional e de corpo, consubstancial com o Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade; em tudo semelhante a nós, excetuando o pecado; gerado segundo a divindade pelo Pai antes de todos os séculos, e nestes últimos dias, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação, nascido da Virgem Maria, mãe de Deus; um e só mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis, imutáveis, indivisíveis, inseparáveis; a distinção de naturezas de modo algum é anulada pela união, antes é preservada a propriedade de cada natureza, concorrendo para formar uma só pessoa e em uma subsistência; não separado nem dividido em duas pessoas, mas um só e o mesmo Filho, o Unigênito, Verbo de Deus, o Senhor Jesus Cristo, conforme os profetas desde o princípio acerca dele testemunharam, e o mesmo Senhor Jesus nos ensinou, e o Credo dos santos Pais nos transmitiu.<ref>{{citar web|url=http://www.cprf.co.uk/languages/chalcedon_portuguese.htm|titulo=Credo da Calcedônia|trabalho=Covenant Protestant Reformed Church|lingua=português|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref>}}


==== Denominações cristãs com discrepâncias doutrinárias ====
==== Denominações cristãs com discrepâncias doutrinárias ====

{{Ver artigo principal|[[Disputas cristológicas]]}}
{{Ver artigos principais|[[Disputas cristológicas]], [[Heresia]]}}

Existem algumas minorias cristãs que não partilham das definições do Concílio de Nicea, do [[Concílio de Éfeso]] e do [[Concílio de Calcedónia]].
Existem algumas minorias cristãs que não partilham das definições do Concílio de Nicea, do [[Concílio de Éfeso]] e do [[Concílio de Calcedónia]].


* [[Nestorianismo]] variante doutrinal inspirada pelo pensamento de [[Nestório]], que possui uma denominação ativa hoje (a [[Igreja Assíria do Oriente]]) e é endossada por algumas escolas ligadas ao [[Cristianismo Esotérico]], como a [[Fraternidade Rosacruz (Max Heindel)|Fraternidade Rosacruz de Max Heindel]]. O centro de sua doutrina é a recusa em acreditar que o Filho de Deus tenha algum dia sido uma criança. Consequentemente, a separação entre as pessoas humana e divina de Jesus. Foi rejeitado pelo [[Concílio de Éfeso]].
* ''[[Nestorianismo]]''' variante doutrinal inspirada pelo pensamento de [[Nestório]], que possui uma denominação ativa hoje (a [[Igreja Assíria do Oriente]]) e é endossada por algumas escolas ligadas ao [[Cristianismo Esotérico]], como a [[Fraternidade Rosacruz (Max Heindel)|Fraternidade Rosacruz de Max Heindel]]. O centro de sua doutrina é a recusa em acreditar que o Filho de Deus tenha algum dia sido uma criança. Consequentemente, a separação entre as pessoas humana e divina de Jesus. Foi rejeitado pelo [[Concílio de Éfeso]].

* [[Monofisismo]] é a variante de uma unificação das duas doutrinas sobre a natureza de Jesus de Nazaré. Afirma que em Cristo existe uma só natureza: a divina. Ele foi promovido pelo [[Eutiques]] e rejeitado no [[Concílio de Calcedónia]].
* [[Monofisismo]] é a variante de uma unificação das duas doutrinas sobre a natureza de Jesus de Nazaré. Afirma que em Cristo existe uma só natureza: a divina. Ele foi promovido pelo [[Eutiques]] e rejeitado no [[Concílio de Calcedónia]].


==== Novos movimentos religiosos de origem cristã ou supostamente cristã ====
==== Novos movimentos religiosos de origem cristã ou supostamente cristã ====
Vários movimentos religiosos dito cristãos, geralmente protestantes, surgidos a partir da segunda metade do século XIX, se afastaram das crenças da maioria das denominações cristãs no que concerne à trindade divina, a natureza de Cristo e a sua missão. Discute-se se esses movimentos podem ser considerados como cristãos.


Vários movimentos religiosos dito cristãos, geralmente protestantes, surgidos a partir da segunda metade do [[século XIX]], se afastaram das crenças da maioria das denominações cristãs no que concerne à trindade divina, a natureza de Cristo e a sua missão. Discute-se se esses movimentos podem ser considerados como cristãos.
* A '''[[Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias]]''' (conhecido como ''Mórmons'') crêem que Jesus oferece duas salvações diferentes: a da morte física e a da morte espiritual.<ref>"Guía Para el Estudio de las Escrituras: Salvación | El Libro de Mormón". La Iglesia de Jesucristo de los Santos de los Últimos Días. Salt Lake City 1992; pág. 184</ref> Os mórmons também mantém a crença de que depois da ressurreição Jesus visitou a [[América]] e continuou ali seus ensinamentos<ref> Terceiro livro de Nefi, capítulos 11 à 28 do ''Livro de Mormón''. La Iglesia de Jesucristo de los Santos de los Últimos Días. Salt Lake City 1992; págs 518-559.</ref>

* As '''[[Testemunhas de Jeová]]''' consideram Jesus como "filho unigênito", o único a ser criado diretamente por Deus, bem como "o [[Primogenitura|primogênito]] de toda a criação", e também como "o primogênito dentre os mortos", ou seja, o primeiro a ser criado e o primeiro a ser ressuscitado dentre os mortos para a imortalidade. Ele não é um homem nem o Deus onipotente, mas "uma poderosa criatura espiritual" e um "rei entronizado, cujo sangue derramado abre o caminho para a humanidade obter a vida eterna".<ref>{{Citar web|url=http://www.watchtower.org/t/20050422/article_01.htm|titulo=Quem é Jesus Cristo?|trabalho=Torre de Vigia|lingua=português|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref> Além disto, Jesus não faz parte de uma trindade pois não é Deus, mas sim deus, ou seja, um deus submisso a um outro Deus, o qual é Jeová; Negam a Divindade absoluta de Cristo e Sua igualdade com o Pai.<ref>{{citar web|url=http://www.watchtower.org/t/20050915/article_01.htm|titulo=Jesus Cristo: Deus ou homem?|trabalho=Torre de Vigia|lingua=português|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref>
* A '''[[Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias]]''' (conhecido como ''Mórmons'') crêem que Jesus oferece duas salvações diferentes: a da morte física e a da morte espiritual. <ref>"Guía Para el Estudio de las Escrituras: Salvación | El Libro de Mormón". La Iglesia de Jesucristo de los Santos de los Últimos Días. Salt Lake City 1992; pág. 184</ref> Os mórmons também mantém a crença de que depois da ressurreição Jesus visitou a [[América]] e continuou ali seus ensinamentos<ref> Terceiro livro de Nefi, capítulos 11 à 28 do ''Livro de Mormón''. La Iglesia de Jesucristo de los Santos de los Últimos Días. Salt Lake City 1992; págs 518-559.</ref>

* As '''[[Testemunhas de Jeová]]''' consideram Jesus como "filho unigênito", o único a ser criado diretamente por Deus, bem como "o [[Primogenitura|primogênito]] de toda a criação", e também como "o primogênito dentre os mortos", ou seja, o primeiro a ser criado e o primeiro a ser ressuscitado dentre os mortos para a [[imortalidade]]. Ele não é um homem nem o Deus onipotente, mas "uma poderosa criatura espiritual" e um "rei entronizado, cujo sangue derramado abre o caminho para a humanidade obter a vida eterna". <ref>{{Citar web|url=http://www.watchtower.org/t/20050422/article_01.htm|titulo=Quem é Jesus Cristo?|trabalho=Torre de Vigia|lingua=português|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref> Além disto, Jesus não faz parte de uma trindade pois não é Deus, mas sim deus, ou seja, um deus submisso a um outro Deus, o qual é Jeová; Negam a Divindade absoluta de Cristo e Sua igualdade com o Pai.<ref>{{citar web|url=http://www.watchtower.org/t/20050915/article_01.htm|titulo=Jesus Cristo: Deus ou homem?|trabalho=Torre de Vigia|lingua=português|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref>


As Testemunhas de Jeová afirmam que Jesus não morreu numa [[cruz]] com uma reta vertical e uma horizontal,<ref>{{citar web|url=http://www.watchtower.org/t/19980315/article_01.htm|titulo=Recordação dos dias finais de Jesus na Terra|trabalho=Torre de Vigia|lingua=português|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref> mas numa [[estaca de tortura]], com apenas uma reta vertical. Outra característica importante é que Jesus não ressuscitou no mesmo corpo que morreu e se tornou rei do céu em [[1914]] e que desde então vivemos no período da [[Segunda vinda de Cristo]]. O [[Miguel (arcanjo)|arcanjo Miguel]] é considerado o próprio Jesus Cristo na sua posição celestial.
As Testemunhas de Jeová afirmam que Jesus não morreu numa [[cruz]] com uma reta vertical e uma horizontal,<ref>{{citar web|url=http://www.watchtower.org/t/19980315/article_01.htm|titulo=Recordação dos dias finais de Jesus na Terra|trabalho=Torre de Vigia|lingua=português|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref> mas numa [[estaca de tortura]], com apenas uma reta vertical. Outra característica importante é que Jesus não ressuscitou no mesmo corpo que morreu e se tornou rei do céu em [[1914]] e que desde então vivemos no período da [[Segunda vinda de Cristo]]. O [[Miguel (arcanjo)|arcanjo Miguel]] é considerado o próprio Jesus Cristo na sua posição celestial.


* A '''[[Igreja Adventista do Sétimo Dia]]''' enfatiza, como a maioria dos grupos adventistas, uma [[escatologia]] milenarista e acredita que a segunda vinda de Jesus é iminente e que será visível e palpável. Além disso, consideram a guarda do Sábado como necessário para a salvação e não só o sábado mas ainda dividem a Lei Mosaica em [[Lei Moral]] e [[Lei Cerimônial]], dizem que o cristão deve viver pela Lei Moral, que supostamente é o [[decálogo]].
* A '''[[Igreja Adventista do Sétimo Dia]]''' enfatiza, como a maioria dos grupos [[Adventismo|adventistas]], uma [[Escatologia cristã|escatologia]] [[Milenarismo|milenarista]] e acredita que a segunda vinda de Jesus é iminente e que será visível e palpável. Além disso, consideram a guarda do Sábado como necessário para a salvação e não só o sábado mas ainda dividem a Lei Mosaica em [[Lei Moral]] e [[Lei Cerimonial]], dizem que o cristão deve viver pela Lei Moral, que supostamente é o [[decálogo]].


Outros movimentos se afastam muito das crenças cristãs, como alguns que negam terminantemente a divindade de Jesus e a sua missão de salvação.<ref group=nota>São bastante singulares, como por exemplo, as crenças sobre Jesus Cristo da [[Igreja da Unificação]], que afirma que Jesus não é Deus, mas simplesmente um homem "Refletindo Deus", nascido de uma relação adúltera entre Maria e Zacarias, e que falhou em sua missão de salvação: para eles, a crucificação de Jesus testemunha o fracasso do cristianismo.</ref>
Outros movimentos se afastam muito das crenças cristãs, como alguns que negam terminantemente a divindade de Jesus e a sua missão de salvação. <ref group=nota>São bastante singulares, como por exemplo, as crenças sobre Jesus Cristo da [[Igreja da Unificação]], que afirma que Jesus não é Deus, mas simplesmente um homem "Refletindo Deus", nascido de uma relação adúltera entre Maria e Zacarias, e que falhou em sua missão de salvação: para eles, a crucificação de Jesus testemunha o fracasso do cristianismo.</ref>


== Biografia de Jesus pelo Novo Testamento ==
== Biografia de Jesus pelo Novo Testamento ==

Grande parte do que é conhecido sobre a vida e os ensinamentos de Jesus é contado pelos [[Evangelhos canônicos]]: [[Evangelho]]s de [[Evangelho segundo Mateus|Mateus]], [[Evangelho segundo Marcos|Marcos]], [[Evangelho segundo Lucas|Lucas]] e [[Evangelho segundo João|João]], pertencentes ao [[Novo Testamento]] da [[Bíblia]]. Os [[Evangelhos Apócrifos]] apresentam também alguns relatos relacionados a Jesus.
Grande parte do que é conhecido sobre a vida e os ensinamentos de Jesus é contado pelos [[Evangelhos canônicos]]: [[Evangelho]]s de [[Evangelho segundo Mateus|Mateus]], [[Evangelho segundo Marcos|Marcos]], [[Evangelho segundo Lucas|Lucas]] e [[Evangelho segundo João|João]], pertencentes ao [[Novo Testamento]] da [[Bíblia]]. Os [[Evangelhos Apócrifos]] apresentam também alguns relatos relacionados a Jesus.


Esses Evangelhos narram os fatos mais importantes da vida de Jesus. Os [[Atos dos Apóstolos]] contam um pouco do que sucedeu nos 30 anos seguintes. As Epístolas (ou cartas) de [[Paulo de Tarso|Paulo]] também citam fatos sobre Jesus. Notícias não-cristãs de Jesus e do tempo em que ele viveu encontram-se nos escritos de [[Flávio Josefo|Josefo]],<ref group=nota>Seus relatos estão no livro ''[[Testimonium Flavianum]]'', que é considerado pelos cristãos como uma fonte que comprova a existência histórica de Jesus</ref> que nasceu no ano [[37]] d.C.; nos de [[Plínio, o Moço]], que escreveu por volta do ano [[112]]; nos de [[Públio Cornélio Tácito|Tácito]], que escreveu por volta de [[117]]; e nos de [[Suetônio]], que escreveu por volta do ano [[120]].
Esses Evangelhos narram os fatos mais importantes da vida de Jesus. Os [[Atos dos Apóstolos]] contam um pouco do que sucedeu nos 30 anos seguintes. As [[Epístola]]s (ou cartas) de [[Paulo de Tarso|Paulo]] também citam fatos sobre Jesus. Notícias não-cristãs de Jesus e do tempo em que ele viveu encontram-se nos escritos de [[Flávio Josefo|Josefo]], <ref group=nota>Seus relatos estão no livro ''[[Testimonium Flavianum]]'', que é considerado pelos cristãos como uma fonte que comprova a existência histórica de Jesus</ref> que nasceu no ano [[37]] d.C.; nos de [[Plínio, o Moço]], que escreveu por volta do ano [[112]]; nos de [[Públio Cornélio Tácito|Tácito]], que escreveu por volta de [[117]]; e nos de [[Suetônio]], que escreveu por volta do ano [[120]].


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=== Genealogia ===
=== Genealogia ===

[[Ficheiro:Leonardo da Vinci 052.jpg|thumb|direita|A anunciação do Anjo Gabriel a Maria, por [[Leonardo da Vinci]], [[1475]], Galleria degli Uffizi, [[Florença]].]]
[[Ficheiro:Leonardo da Vinci 052.jpg|thumb|direita|A anunciação do Anjo Gabriel a Maria, por [[Leonardo da Vinci]], [[1475]], Galleria degli Uffizi, [[Florença]].]]

Dos quatro evangelhos, apenas Mateus e Lucas dão relato da genealogia de Jesus.<ref>{{Citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=1|verso=1–17}}</ref><ref>{{Citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=3|verso=23–38}}</ref> Estes relatos são substancialmente diferentes.<ref>Joseph A. Fitzmyer, The Gospel According to Luke I–IX. Anchor Bible. Garden City: Doubleday, 1981, pp. 499–500; I. Howard Marshall, The Gospel of Luke (The New International Greek Testament Commentary). Grand Rapids: Eerdmans, 1978, p. 158;</ref> Várias explicações têm sido sugeridas e tornou-se tradicional desde, pelo menos, 1490 pressupor que a genealogia dadaa por Lucas foi traçada através de Maria e que a Mateus o faz através de José.<ref>[[Ben Witherington]], "Birth of Jesus" in ''Dictionary of Jesus and the Gospels.'' Ed. Joel B. Green, Scot McKnight, I. Howard Marshall, page 65</ref> Acadêmicos modernos geralmente vêem as genealogias como construções teológicas.<ref>{{Cite book|last=Bienert|first=Wolfgang E.|title=New Testament Apocrypha: Gospels and Related Writings|editor=Wilhelm Schneemelcher, Robert McLachlan Wilson|publisher=Westminster John Knox Press|year=2003|page=487|chapter=The Relatives of Jesus|url=9780664227210}}</ref> Mais especificamente, sugere-se que as genealogias foram criadas com o objetivo de justificar o nascimento de uma criança com linhagem real.
Dos quatro evangelhos, apenas Mateus e Lucas dão relato da [[genealogia]] de Jesus. <ref>{{Citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=1|verso=1–17}}</ref><ref>{{Citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=3|verso=23–38}}</ref> Estes relatos são substancialmente diferentes.<ref>Joseph A. Fitzmyer, The Gospel According to Luke I–IX. Anchor Bible. Garden City: Doubleday, 1981, pp. 499–500; I. Howard Marshall, The Gospel of Luke (The New International Greek Testament Commentary). Grand Rapids: Eerdmans, 1978, p. 158;</ref> Várias explicações têm sido sugeridas e tornou-se tradicional desde, pelo menos, 1490 pressupor que a genealogia dada por Lucas foi traçada através de Maria e que a Mateus o faz através de José. <ref>[[Ben Witherington]], "Birth of Jesus" in ''Dictionary of Jesus and the Gospels.'' Ed. Joel B. Green, Scot McKnight, I. Howard Marshall, page 65</ref> Acadêmicos modernos geralmente vêem as genealogias como construções teológicas.<ref>{{Cite book|last=Bienert|first=Wolfgang E.|title=New Testament Apocrypha: Gospels and Related Writings|editor=Wilhelm Schneemelcher, Robert McLachlan Wilson|publisher=Westminster John Knox Press|year=2003|page=487|chapter=The Relatives of Jesus|url=9780664227210}}</ref> Mais especificamente, sugere-se que as genealogias foram criadas com o objetivo de justificar o nascimento de uma criança com linhagem real.


Mateus menciona sinteticamente um total de 46 antepassados que teriam vivido até uns dois mil anos antes de Jesus, começando por [[Abraão]]. Em seu relato, o apóstolo cita não somente heróis da fé, mas também menciona os nomes das mulheres estrangeiras que fizeram parte da genealogia tanto de Jesus quanto de Davi, que no caso foram [[Livro de Rute|Rute]], [[Raabe]] e [[Tamar]]. Também não omite os nomes dos perversos [[Manassés]] e [[Abias]], ou de pessoas que não alcançaram destaque nas Escrituras judaicas. Divide então a genealogia de Jesus em três grupos de catorze gerações: de Abraão até Davi, de Davi até o [[cativeiro babilônico]], ocorrido em [[586 a.C.]], e do exílio judaico até Jesus.
Mateus menciona sinteticamente um total de 46 antepassados que teriam vivido até uns dois mil anos antes de Jesus, começando por [[Abraão]]. Em seu relato, o apóstolo cita não somente heróis da fé, mas também menciona os nomes das mulheres estrangeiras que fizeram parte da genealogia tanto de Jesus quanto de Davi, que no caso foram [[Livro de Rute|Rute]], [[Raabe]] e [[Tamar]]. Também não omite os nomes dos perversos [[Manassés]] e [[Abias]], ou de pessoas que não alcançaram destaque nas Escrituras judaicas. Divide então a genealogia de Jesus em três grupos de catorze gerações: de Abraão até Davi, de Davi até o [[cativeiro babilônico]], ocorrido em [[586 a.C.]], e do exílio judaico até Jesus.


Lucas, por sua vez, aborda a genealogia de Jesus, retrocedendo continuamente até [[Adão e Eva|Adão]], talvez com o objetivo de mostrar o lado humano de Jesus. E, superando Mateus, Lucas fornece um número maior de antepassados de Jesus.<ref>Para analisar as diferenças entre as genealogias de Marcos e Mateus, veja Darrell L. Bock, ''Lucas''. Grand Rapids: Baker, 1994. páginas 918-923.</ref>
Lucas, por sua vez, aborda a genealogia de Jesus, retrocedendo continuamente até [[Adão e Eva|Adão]], talvez com o objetivo de mostrar o lado humano de Jesus. E, superando Mateus, Lucas fornece um número maior de antepassados de Jesus. <ref>Para analisar as diferenças entre as genealogias de Marcos e Mateus, veja Darrell L. Bock, ''Lucas''. Grand Rapids: Baker, 1994. páginas 918-923.</ref>


=== Nascimento ===
=== Nascimento ===

[[Ficheiro:Fra Angelico Adoration.jpg|175px|thumb|A adoração de Cristo, [[Fra Angélico]] e [[Filippo Lippi]], [[National Gallery of Art]], [[Washington]]]]
[[Ficheiro:Fra Angelico Adoration.jpg|175px|thumb|A adoração de Cristo, [[Fra Angélico]] e [[Filippo Lippi]], [[National Gallery of Art]], [[Washington]]]]

[[Ficheiro:Rubens kindermord.png|thumb|175px|direita|[[O Massacre dos Inocentes]] [[quadro]] de [[Peter Paul Rubens]] ([[1577]]-[[1640]]).]]

{{ver artigo principal|[[Nascimento de Jesus]]}}
{{ver artigo principal|[[Nascimento de Jesus]]}}
{{Mais informações|[[Três Reis Magos]]}}
{{Mais informações|[[Três Reis Magos]]}}

Estudiosos geralmente estimam que Jesus nasceu entre 7-2 AC/ACE e morreu entre 26-36 DC/DCE.<ref name=Data/><ref>Michael Grant, ''Jesus: An Historian's Review of the Gospels'', Scribner's, 1977, p. 71; John P. Meier, ''A Marginal Jew'', Doubleday, 1991–, vol. 1:214; Sanders (1993), pp. 10–11; and [[Ben Witherington III]], "Primary Sources," ''Christian History'' 17 (1998) No. 3:12–20.</ref>
Estudiosos geralmente estimam que Jesus nasceu entre 7-2 AC/ACE e morreu entre 26-36 DC/DCE.<ref name=Data/><ref>Michael Grant, ''Jesus: An Historian's Review of the Gospels'', Scribner's, 1977, p. 71; John P. Meier, ''A Marginal Jew'', Doubleday, 1991–, vol. 1:214; Sanders (1993), pp. 10–11; and [[Ben Witherington III]], "Primary Sources," ''Christian History'' 17 (1998) No. 3:12–20.</ref>


Não há evidência histórica contemporânea demonstrando a data de [[Nascimento de Jesus]]. O [[calendário gregoriano]] é baseado em uma tentativa medieval de contar os anos desde o nascimento de Jesus, que foi estimado por [[Dionysius Exiguus]] entre 2 AC/ACE and 1 DC/DEC.<ref>Blackburn, Bonnie; Holford-Strevens, Leofranc. ''The Oxford companion to the Year: An exploration of calendar customs and time-reckoning''. Oxford: Oxford University Press, 1999.</ref> O evangelho de Mateus afirma que o nascimento aconteceu durante o reinado de [[Herodes, o Grande|Herodes]], que morreu em 4 BCE,<ref>Edwin D. Freed, ''Stories of Jesus' Birth'', (Continuum International, 2004), page 119.</ref> sugerindo que Jesus pudesse ter até dois anos de idade quando ele teria ordenado o [[Massacre dos inocentes]]. O autor do evangelho de Lucas similarmente coloca o nascimento de Jesus como tendo ocorrido durante o reinado de Herodes, mas afirma que o nascimento aconteceu durante o [[Censo de Quirino]] das província romanas da Síria e Judéia, o que geralmente se crê ter acontecido em 6 DCE, ou seja, uma década depois da morte de Herodes.<ref>Géza Vermes, ''The Nativity: History and Legend'', London, Penguin, 2006, page 22.</ref> A maioria dos acadêmicos dão preferêncai à faixa entre 6 e 4 ACE.<ref>James D. G. Dunn, Jesus Remembered, Eerdmans Publishing (2003), page 324.</ref>
Não há evidência histórica contemporânea demonstrando a data de [[Nascimento de Jesus]]. O [[calendário gregoriano]] é baseado em uma tentativa medieval de contar os anos desde o nascimento de Jesus, que foi estimado por [[Dionysius Exiguus]] entre 2 AC/ACE and 1 DC/DEC. <ref>Blackburn, Bonnie; Holford-Strevens, Leofranc. ''The Oxford companion to the Year: An exploration of calendar customs and time-reckoning''. Oxford: Oxford University Press, 1999.</ref> O evangelho de Mateus afirma que o nascimento aconteceu durante o reinado de [[Herodes, o Grande|Herodes]], que morreu em 4 BCE, <ref>Edwin D. Freed, ''Stories of Jesus' Birth'', (Continuum International, 2004), page 119.</ref> sugerindo que Jesus pudesse ter até dois anos de idade quando ele teria ordenado o [[Massacre dos inocentes]]. O autor do evangelho de Lucas similarmente coloca o nascimento de Jesus como tendo ocorrido durante o reinado de Herodes, mas afirma que o nascimento aconteceu durante o [[Censo de Quirino]] das província romanas da [[Síria]] e Judéia, o que geralmente se crê ter acontecido em 6 DCE, ou seja, uma década depois da morte de Herodes. <ref>Géza Vermes, ''The Nativity: History and Legend'', London, Penguin, 2006, page 22.</ref> A maioria dos acadêmicos dão preferênca à faixa entre 6 e 4 ACE.<ref>James D. G. Dunn, Jesus Remembered, Eerdmans Publishing (2003), page 324.</ref>


De acordo com o relato do evangelho de Lucas, na época do rei Herodes o sacerdote [[Zacarias (Pai de João)|Zacarias]], esposo de [[Isabel (Mãe de João)|Isabel]] — ambos já de idade avançada —, recebeu a promessa do nascimento de [[João Baptista]] através do [[anjo]] [[Gabriel (arcanjo)|Gabriel]]. <ref name="InfoEscola_Nascimento">{{citar web|url=http://www.infoescola.com/cristianismo/nascimento-de-jesus/ |titulo=Nascimento de Jesus |autor=InfoEscola |acessodata=14 de julho de 2010}}</ref>
De acordo com o relato do evangelho de Lucas, na época do rei Herodes o [[sacerdote]] [[Zacarias (Pai de João)|Zacarias]], esposo de [[Isabel (Mãe de João)|Isabel]] — ambos já de idade avançada —, recebeu a promessa do nascimento de [[João Baptista]] através do [[anjo]] [[Gabriel (arcanjo)|Gabriel]]. <ref name="InfoEscola_Nascimento">{{citar web|url=http://www.infoescola.com/cristianismo/nascimento-de-jesus/ |titulo=Nascimento de Jesus |autor=InfoEscola |acessodata=14 de julho de 2010}}</ref>


No sexto mês da gestação de Isabel, o mesmo anjo Gabriel aparece a [[Virgem Maria|Maria]] na cidade de [[Nazaré (Israel)|Nazaré]], a qual era virgem e noiva de [[São José|José]], e anuncia que ela viria a conceber do [[Espírito Santo]] e que daria ao seu filho o nome de Jesus. Mateus traz a informação de que José, ao saber que sua noiva estava grávida, não teria compreendido inicialmente que Maria recebera a missão de conceber o [[Messias]] e se afastou dela. Mas em sonho, um anjo lhe revelou a vontade de [[Deus, o Pai|Deus]], e ele aceitando-a, recebeu Maria como esposa. <ref name="InfoEscola_Nascimento"/>
No sexto mês da [[gestação]] de Isabel, o mesmo anjo Gabriel aparece a [[Virgem Maria|Maria]] na cidade de [[Nazaré (Israel)|Nazaré]], a qual era virgem e noiva de [[São José|José]], e anuncia que ela viria a conceber do [[Espírito Santo]] e que daria ao seu filho o nome de Jesus. Mateus traz a informação de que José, ao saber que sua noiva estava grávida, não teria compreendido inicialmente que Maria recebera a missão de conceber o [[Messias]] e se afastou dela. Mas em sonho, um anjo lhe revelou a vontade de [[Deus, o Pai|Deus]], e ele aceitando-a, recebeu Maria como esposa. <ref name="InfoEscola_Nascimento"/>


Segundo Mateus, o imperador [[Augusto|Otávio Augusto]] teria promovido um recenseamento de todos os habitantes do Império, tendo estes que se alistar em suas respectivas cidades. José, por ser da cidade de [[Belém (Cisjordânia)|Belém]], teria levado Maria até esta cidade. Chegando ao local de destino, por não terem encontrado hospedagem, Jesus nasce em uma manjedoura. Segundo Lucas, os pastores da região, avisados por um anjo, vieram até o local do nascimento de Jesus. <ref name="InfoEscola_Nascimento"/>
Segundo Mateus, o imperador [[Augusto|Otávio Augusto]] teria promovido um [[recenseamento]] de todos os habitantes do Império, tendo estes que se alistar em suas respectivas cidades. José, por ser da cidade de [[Belém (Cisjordânia)|Belém]], teria levado Maria até esta cidade. Chegando ao local de destino, por não terem encontrado hospedagem, Jesus nasce em uma manjedoura. Segundo Lucas, os pastores da região, avisados por um anjo, vieram até o local do nascimento de Jesus. <ref name="InfoEscola_Nascimento"/>


Completados os oito dias que determinava a tradição judaica, Jesus foi apresentado no templo por sua família para ser [[Circuncisão|circuncidado]], quando foi abençoado por [[Simeão (Novo Testamento)|Simeão]] e [[Ana (filha de Fanuel)|Ana]]. <ref name="InfoEscola_Nascimento"/>
Completados os oito dias que determinava a tradição judaica, Jesus foi apresentado no templo por sua família para ser [[Circuncisão|circuncidado]], quando foi abençoado por [[Simeão (Novo Testamento)|Simeão]] e [[Ana (filha de Fanuel)|Ana]]. <ref name="InfoEscola_Nascimento"/>
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=== Infância e juventude ===
=== Infância e juventude ===

{{AP|[[Irmãos de Jesus]], [[Sagrada Família de Jesus de Nazaré]]}}

[[Ficheiro:Sir John Everett Millais 002.jpg|150px||thumb|[[John Everett Millais]], ''Gesù nella casa dei suoi genitori'', [[1850]].]]
[[Ficheiro:Sir John Everett Millais 002.jpg|150px||thumb|[[John Everett Millais]], ''Gesù nella casa dei suoi genitori'', [[1850]].]]

Pouco sabem os historiadores sobre a infância de Jesus. Conforme o Evangelho de [[Evangelho segundo Mateus|Mateus]], Jesus teria passado o começo de sua infância no [[Egito]] até a morte do rei [[Herodes, o Grande|Herodes]], que queria matá-lo.
Pouco sabem os historiadores sobre a infância de Jesus. Conforme o Evangelho de [[Evangelho segundo Mateus|Mateus]], Jesus teria passado o começo de sua infância no [[Egito]] até a morte do rei [[Herodes, o Grande|Herodes]], que queria matá-lo.


Em virtude da lacuna deixada pelos [[Evangelho canônico|Evangelhos Canônicos]], o pouco que se sabe da infância de Jesus provém de um relato sobre sua vida dos cinco aos doze anos, feita por Tomé, filósofo israelita do [[século I]], conhecido como "''A Infância do Senhor Jesus''", também denominado como o [[Evangelho Pseudo-Tomé|Evangelho do Pseudo-Tomé]], um antigo manuscrito [[Livros apócrifos|apócrifo]] escrito em [[Siríaco]]. Porém é conveniente salientar que tais fontes têm sua autenticidade contestada, e em alguns casos é notória a influência do pensamento de grupos religiosos diversos (do [[século II]] ao [[Século IV|IV]]) das raízes tradicionais cristãs.
Em virtude da lacuna deixada pelos [[Evangelho canônico|Evangelhos Canônicos]], o pouco que se sabe da infância de Jesus provém de um relato sobre sua vida dos cinco aos doze anos, feita por Tomé, [[filósofo]] israelita do [[século I]], conhecido como "''A Infância do Senhor Jesus''", também denominado como o [[Evangelho Pseudo-Tomé|Evangelho do Pseudo-Tomé]], um antigo [[manuscrito]] [[Livros apócrifos|apócrifo]] escrito em [[Siríaco]]. Porém é conveniente salientar que tais fontes têm sua autenticidade contestada, e em alguns casos é notória a influência do pensamento de grupos religiosos diversos (do [[século II]] ao [[Século IV|IV]]) das raízes tradicionais cristãs.


Em umas das poucas referências canônicas à juventude de Jesus, [[São Lucas|Lucas]] diz que, aos 12 anos, ele foi com os pais de Nazaré a [[Jerusalém]], para a festa de ''[[Pessach]]'', a [[Páscoa]] judaica, e lá surpreendeu os doutores do [[Segundo Templo|Templo]] pela facilidade com que aprendia os ensinos, e por suas perguntas intrigantes.<ref>{{Citar bíblia|livro = Lucas|capítulo = 2|verso = 46-47}}</ref>
Em umas das poucas referências canônicas à juventude de Jesus, [[São Lucas|Lucas]] diz que, aos 12 anos, ele foi com os pais de Nazaré a [[Jerusalém]], para a festa de ''[[Pessach]]'', a [[Páscoa]] judaica, e lá surpreendeu os doutores do [[Segundo Templo|Templo]] pela facilidade com que aprendia os ensinos, e por suas perguntas intrigantes.<ref>{{Citar bíblia|livro = Lucas|capítulo = 2|verso = 46-47}}</ref>


=== Batismo e tentação ===
=== Batismo e tentação ===

{{AP|[[Batismo de Jesus]]}}

[[Ficheiro:Ary Scheffer - The Temptation of Christ (1854).jpg|thumb|right|125px|''Tentação de Cristo'' por [[Ary Scheffer]], pintura do século XIX.]]
[[Ficheiro:Ary Scheffer - The Temptation of Christ (1854).jpg|thumb|right|125px|''Tentação de Cristo'' por [[Ary Scheffer]], pintura do século XIX.]]

Todos os três [[Evangelhos sinóticos]] descrevem o batismo de Jesus por [[João Batista]],<ref> Em Mateus: {{Citar bíblia|livro=Mateus |capítulo= 3| verso=13-17}}, em Marcos: {{Citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=1|verso=9-13}} e em Lucas {{citar bíblia|livro =Lucas|capítulo= 3|verso=20-23}}</ref> e este evento é descrito pelos eruditos bíblicos como o início do ministério público de Jesus. De acordo com as fontes canônicas, Jesus foi para o [[rio Jordão]] onde João Batista estava pregando e batizando as pessoas.
Todos os três [[Evangelhos sinóticos]] descrevem o [[batismo]] de Jesus por [[João Batista]],<ref> Em Mateus: {{Citar bíblia|livro=Mateus |capítulo= 3| verso=13-17}}, em Marcos: {{Citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=1|verso=9-13}} e em Lucas {{citar bíblia|livro =Lucas|capítulo= 3|verso=20-23}}</ref> e este evento é descrito pelos eruditos bíblicos como o início do ministério público de Jesus. De acordo com as fontes canônicas, Jesus foi para o [[rio Jordão]] onde João Batista estava pregando e batizando as pessoas.


Mateus descreve que João estava hesitante em atender o pedido de Jesus para ser batizado, alegando que ele é quem deveria ser batizado por Jesus. Mas Jesus insistiu, "''Consente agora; porque assim nos convém cumprir toda a justiça.''" ({{Citar bíblia|livro= Mateus|capítulo =3|verso=15}}). Depois que Jesus foi batizado e saiu da água, Marcos afirma que Jesus "''viu os céus se abrirem, e o Espírito, qual pomba, a descer sobre ele. e ouviu-se dos céus esta voz: Tu és meu Filho amado; em ti me comprazo.''" ({{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=1|verso=10–11}}). O [[Evangelho segundo João|Evangelho de João]] não descreve o batismo e nem se refere a João como "o Batista" mas ele atesta que Jesus é aquele sobre quem João tinha pregado — o Filho de Deus.
Mateus descreve que João estava hesitante em atender o pedido de Jesus para ser batizado, alegando que ele é quem deveria ser batizado por Jesus. Mas Jesus insistiu, "''Consente agora; porque assim nos convém cumprir toda a justiça.''" ({{Citar bíblia|livro= Mateus|capítulo =3|verso=15}}). Depois que Jesus foi batizado e saiu da água, Marcos afirma que Jesus "''viu os céus se abrirem, e o Espírito, qual pomba, a descer sobre ele. e ouviu-se dos céus esta voz: Tu és meu Filho amado; em ti me comprazo.''" ({{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=1|verso=10–11}}). O [[Evangelho segundo João|Evangelho de João]] não descreve o batismo e nem se refere a João como "o Batista" mas ele atesta que Jesus é aquele sobre quem João tinha pregado — o Filho de Deus.


Após o seu batismo, Jesus foi levado para o deserto por Deus, onde [[jejum|jejuou]] durante quarenta dias e quarenta noites.<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=4|verso=1–2}}, {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=1|verso=12}} e {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=1|verso=12}}</ref> Durante esse tempo, o [[diabo]] lhe apareceu e o tentou por três vezes. Em cada uma das vezes, Jesus rejeitou as tentações respondendo com uma citação das [[bíblia|escrituras]].<ref>As citações são: {{citar bíblia|livro= Deuteronômio |capítulo=6|verso=13}}, {{citar bíblia|livro= Deuteronômio |capítulo=6|verso=16}} e {{citar bíblia|livro= Deuteronômio |capítulo=8|verso=3}}</ref> Em seguida o diabo se foi e os anjos vieram para cuidar de Jesus.<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=4|verso=1–11}}, {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=1|verso=12–13}} e {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=4|verso=1–113}}</ref>
Após o seu batismo, Jesus foi levado para o deserto por Deus, onde [[jejum|jejuou]] durante quarenta dias e quarenta noites. <ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=4|verso=1–2}}, {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=1|verso=12}} e {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=1|verso=12}}</ref> Durante esse tempo, o [[diabo]] lhe apareceu e o tentou por três vezes. Em cada uma das vezes, Jesus rejeitou as tentações respondendo com uma citação das [[bíblia|escrituras]].<ref>As citações são: {{citar bíblia|livro= Deuteronômio |capítulo=6|verso=13}}, {{citar bíblia|livro= Deuteronômio |capítulo=6|verso=16}} e {{citar bíblia|livro= Deuteronômio |capítulo=8|verso=3}}</ref> Em seguida o diabo se foi e os anjos vieram para cuidar de Jesus.<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=4|verso=1–11}}, {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=1|verso=12–13}} e {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=4|verso=1–113}}</ref>


=== Ministério ===
=== Ministério ===

[[Ficheiro:Bloch-SermonOnTheMount.jpg|150px|thumb|O [[Sermão da Montanha]], [[Carl Heinrich Bloch]], [[Copenhague]], séc. XIX.]]
[[Ficheiro:Bloch-SermonOnTheMount.jpg|150px|thumb|O [[Sermão da Montanha]], [[Carl Heinrich Bloch]], [[Copenhague]], séc. XIX.]]

Os evangelhos narram que Jesus veio ao mundo para anunciar a [[salvação]] e as [[Bem-aventuranças]] à [[humanidade]].<ref>''[[Compêndio do Catecismo da Igreja Católica]]'' (CCIC), n. 85</ref><ref>{{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=10|verso=45}}, {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=4|verso=43}} e {{citar bíblia|livro=João|capítulo=20|verso=31}}.</ref> Durante o seu ministério, é dito que Jesus fez vários milagres, como andar sobre a água, transformar água em vinho, várias curas, exorcismos e ressuscitação de mortos (como [[Lázaro]]).<ref>{{citar bíblia|livro=João|capítulo=11|verso=1–44}}, {{citar bíblia|livro =Mateus|capítulo=9|verso=25}} e {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=7|verso=15}}</ref>
Os evangelhos narram que Jesus veio ao mundo para anunciar a [[salvação]] e as [[Bem-aventuranças]] à [[humanidade]].<ref>''[[Compêndio do Catecismo da Igreja Católica]]'' (CCIC), n. 85</ref><ref>{{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=10|verso=45}}, {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=4|verso=43}} e {{citar bíblia|livro=João|capítulo=20|verso=31}}.</ref> Durante o seu ministério, é dito que Jesus fez vários milagres, como andar sobre a água, transformar água em vinho, várias curas, exorcismos e ressuscitação de mortos (como [[Lázaro]]).<ref>{{citar bíblia|livro=João|capítulo=11|verso=1–44}}, {{citar bíblia|livro =Mateus|capítulo=9|verso=25}} e {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=7|verso=15}}</ref>


O evangelho de João descreve três ''[[Pessach]]s'' durante o ministério de Jesus, e isso implica dizer que Jesus pregou por pelo menos dois anos e um mês,<ref>{{referência a livro|autor= John P. Meier|título=Um Judeu Marginal|subtítulo= Repensando Jesus Histórico|editora=Imago|ano= 1992|páginas=483|edição=3º|idioma=português|id= ISBN 85-312-0283-3}}</ref> apesar de algumas interpretações dos evangelhos sinóticos sugerirem um período de apenas um ano.<ref>"The Thompson Chain-Reference Study Bible NIV," 1999, B.B. Kirkbride Bible Co.</ref><ref>William Adler & Paul Tuffin, "The Chronography of George Synkellos: A Byzantine Chronicle of Universal History from the Creation," Oxford University Press (2002), p. 466</ref> Jesus desenvolveu seu ministério principalmente na Galiléia, tendo feito de [[Cafarnaum (Israel)|Cafarnaum]] uma de suas bases evangelísticas e se deslocando várias vezes a [[Tiberíades]] pelo [[Mar da Galiléia]]. Esteve também em cidades como [[Samaria]], na [[Judéia]] e sobretudo em [[Jerusalém]] logo antes de sua crucificação. Esteve em outros lugares de Israel, chegando a passar brevemente por [[Tiro]] e por [[Sidom]], cidades da [[Fenícia]].<ref>{{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=7|verso=24}}, {{citar bíblia|livro =Mateus|capítulo=15|verso=21}} e {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=4|verso=26}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.4c.com.br/cristianismo/jc_cananeia.htm |titulo=A Mulher Cananéia |publicado=www.4c.com.br |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref>
O evangelho de João descreve três ''[[Pessach]]s'' durante o ministério de Jesus, e isso implica dizer que Jesus pregou por pelo menos dois anos e um mês, <ref>{{referência a livro|autor= John P. Meier|título=Um Judeu Marginal|subtítulo= Repensando Jesus Histórico|editora=Imago|ano= 1992|páginas=483|edição=3º|idioma=português|id= ISBN 85-312-0283-3}}</ref> apesar de algumas interpretações dos evangelhos sinóticos sugerirem um período de apenas um ano.<ref>"The Thompson Chain-Reference Study Bible NIV," 1999, B.B. Kirkbride Bible Co.</ref><ref>William Adler & Paul Tuffin, "The Chronography of George Synkellos: A Byzantine Chronicle of Universal History from the Creation," Oxford University Press (2002), p. 466</ref> Jesus desenvolveu seu ministério principalmente na [[Galiléia]], tendo feito de [[Cafarnaum (Israel)|Cafarnaum]] uma de suas bases evangelísticas e se deslocando várias vezes a [[Tiberíades]] pelo [[Mar da Galiléia]]. Esteve também em cidades como [[Samaria]], na [[Judéia]] e sobretudo em [[Jerusalém]] logo antes de sua [[crucificação]]. Esteve em outros lugares de Israel, chegando a passar brevemente por [[Tiro]] e por [[Sidom]], cidades da [[Fenícia]].<ref>{{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=7|verso=24}}, {{citar bíblia|livro =Mateus|capítulo=15|verso=21}} e {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=4|verso=26}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.4c.com.br/cristianismo/jc_cananeia.htm |titulo=A Mulher Cananéia |publicado=www.4c.com.br |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref>


==== Mandamentos ====
==== Mandamentos ====

Os principais temas da pregação de Jesus foram, de acordo com os Evangelhos, o anúncio do [[Reino de Deus]], o [[perdão]] divino dos [[pecado]]s e o [[amor de Deus]].<ref>''[[Catecismo da Igreja Católica]]'', n. 1427 e n. 545</ref> Expostos, entre outros, nas inúmeras [[parábola]]s e acções de Jesus, no [[Pai-Nosso]],<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=6|verso=9-13}}</ref> nas [[Bem-aventuranças]]<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=5|verso=3-12}}</ref> e na chamada [[regra de ouro]].<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=7|verso=12}}</ref> Jesus resumiu também "''toda a Lei e os [[Profeta]]s''" do [[Antigo Testamento]] em apenas dois mandamentos fundamentais,<ref name="Mandamor1">{{citar web|url=http://www.paroquias.org/catecismo/index.php?vs=16&vss=2|título=O único mandamento|publicado=paroquias.org|acessodata=16 de Maio de 2009}}</ref> a saber: "''Amar a [[Deus]] de todo [[coração]], de toda [[alma]] e de todo [[espírito]] e ao próximo como a ti mesmo''"({{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=22|verso=37-39}}).<ref name="Mandamor1" />
Os principais temas da pregação de Jesus foram, de acordo com os Evangelhos, o anúncio do [[Reino de Deus]], o [[perdão]] divino dos [[pecado]]s e o [[amor de Deus]].<ref>''[[Catecismo da Igreja Católica]]'', n. 1427 e n. 545</ref> Expostos, entre outros, nas inúmeras [[parábola]]s e acções de Jesus, no [[Pai-Nosso]],<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=6|verso=9-13}}</ref> nas [[Bem-aventuranças]]<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=5|verso=3-12}}</ref> e na chamada [[regra de ouro]].<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=7|verso=12}}</ref> Jesus resumiu também "''toda a Lei e os [[Profeta]]s''" do [[Antigo Testamento]] em apenas dois mandamentos fundamentais,<ref name="Mandamor1">{{citar web|url=http://www.paroquias.org/catecismo/index.php?vs=16&vss=2|título=O único mandamento|publicado=paroquias.org|acessodata=16 de Maio de 2009}}</ref> a saber: "''Amar a [[Deus]] de todo [[coração]], de toda [[alma]] e de todo [[espírito]] e ao próximo como a ti mesmo''"({{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=22|verso=37-39}}).<ref name="Mandamor1" />


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==== A transfiguração ====
==== A transfiguração ====

{{principal|Transfiguração (cristianismo)}}
{{principal|Transfiguração (cristianismo)}}

[[Ficheiro:Basílica em Iguape SP Transfiguração de Jesus.jpg|thumb|180px|''Transfiguração de Jesus'', de Ernesto Thomazini, na Basílica do [[Bom Jesus de Iguape]] e [[Nossa Senhora das Neves]] em [[Iguape]] (SP).]]
[[Ficheiro:Basílica em Iguape SP Transfiguração de Jesus.jpg|thumb|180px|''Transfiguração de Jesus'', de Ernesto Thomazini, na Basílica do [[Bom Jesus de Iguape]] e [[Nossa Senhora das Neves]] em [[Iguape]] (SP).]]

De acordo com os evangelhos sinóticos, Jesus levou três dos seus apóstolos — [[São Pedro|Pedro]], [[São João Evangelista|João]] e [[Santiago Maior|Tiago]] — a um monte para orar. Enquanto lá estavam, Jesus foi transfigurado diante deles. Segundo o relato do evangelista [[Evangelho segundo Lucas|Lucas]], seu rosto brilhava como o [[sol]] e as suas roupas resplandeciam, então [[Elias (profeta)|Elias]] e [[Moisés]] apareceram e conversavam com ele. Uma nuvem brilhante os cercou, e uma voz vinda do céu disse: "''Este é o meu Filho amado, de quem me comprazo, a ele ouvi''". Os evangelhos também afirmam que até o final de seu ministério, Jesus começou a alertar seus discípulos de sua morte e ressurreição futura.<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=17|verso=1-9}}</ref><ref>[http://www.paginaoriente.com/anoeclesiastico/transfigura0608.htm Transfiguração de Jesus no Monte Tabor - por Página Oriente]</ref>
De acordo com os evangelhos sinóticos, Jesus levou três dos seus apóstolos — [[São Pedro|Pedro]], [[São João Evangelista|João]] e [[Santiago Maior|Tiago]] — a um monte para orar. Enquanto lá estavam, Jesus foi transfigurado diante deles. Segundo o relato do evangelista [[Evangelho segundo Lucas|Lucas]], seu rosto brilhava como o [[sol]] e as suas roupas resplandeciam, então [[Elias (profeta)|Elias]] e [[Moisés]] apareceram e conversavam com ele. Uma nuvem brilhante os cercou, e uma voz vinda do céu disse: "''Este é o meu Filho amado, de quem me comprazo, a ele ouvi''". Os evangelhos também afirmam que até o final de seu ministério, Jesus começou a alertar seus discípulos de sua morte e ressurreição futura.<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=17|verso=1-9}}</ref><ref>[http://www.paginaoriente.com/anoeclesiastico/transfigura0608.htm Transfiguração de Jesus no Monte Tabor - por Página Oriente]</ref>


=== A paixão ===
=== A paixão ===

{{AP|[[Mistério Pascal]]}}
{{AP|[[Mistério Pascal]]}}


==== A entrada triunfal em Jerusalém ====
==== A entrada triunfal em Jerusalém ====

Segundo os quatro evangelhos, Jesus foi com seus seguidores a [[Jerusalém]] para celebrar ali a festa da Páscoa. Ele entrou na cidade no lombo de um [[jumento]].<ref group=nota>Cumprindo assim a profecia de Zacarias que diz: "''Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta.''" {{citar bíblia|livro=Zacarias|capítulo=9|verso=9}}</ref> Foi recebido por uma multidão, que o aclamou como "filho de Davi".<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=21|verso=1-11}}, {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=11|verso=1-11}}, {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=19|verso=28-40}} e {{citar bíblia|livro=João|capítulo=12|verso=12-19}}.</ref> Nos evangelhos de Lucas e João, também é chamado de rei.
Segundo os quatro evangelhos, Jesus foi com seus seguidores a [[Jerusalém]] para celebrar ali a festa da Páscoa. Ele entrou na cidade no lombo de um [[jumento]].<ref group=nota>Cumprindo assim a profecia de Zacarias que diz: "''Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta.''" {{citar bíblia|livro=Zacarias|capítulo=9|verso=9}}</ref> Foi recebido por uma multidão, que o aclamou como "filho de Davi".<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=21|verso=1-11}}, {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=11|verso=1-11}}, {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=19|verso=28-40}} e {{citar bíblia|livro=João|capítulo=12|verso=12-19}}.</ref> Nos evangelhos de Lucas e João, também é chamado de rei.


Segundo [[São Lucas|Lucas]], alguns dos fariseus, ouvindo o clamor da multidão dos discípulos, chegaram a pedir a Jesus que os repreendesse. Jesus então responde aos fariseus dizendo: "''Se eles se calarem, as próprias pedras clamarão''" ({{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=19|verso=40}}).
Segundo [[São Lucas|Lucas]], alguns dos [[fariseu]]s, ouvindo o clamor da multidão dos discípulos, chegaram a pedir a Jesus que os repreendesse. Jesus então responde aos fariseus dizendo: "''Se eles se calarem, as próprias pedras clamarão''" ({{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=19|verso=40}}).


==== Ceia anterior à crucificação ====
==== Ceia anterior à crucificação ====

{{AP|[[A Última Ceia (Bíblia)|Última Ceia]]}}

[[Ficheiro:Leonardo da Vinci (1452-1519) - The Last Supper (1495-1498).jpg|thumb|180px|''A Última Ceia'', de [[Leonardo da Vinci]], 1495-1497]]
[[Ficheiro:Leonardo da Vinci (1452-1519) - The Last Supper (1495-1498).jpg|thumb|180px|''A Última Ceia'', de [[Leonardo da Vinci]], 1495-1497]]

Segundo os sinóticos, Jesus celebrou a páscoa com seus apóstolos — evento chamado pela tradição cristã de "''A Última Ceia''". Durante a comemoração, Jesus predisse que seria traído por um dos seus apóstolos, [[Judas Iscariotes]]. Ao servir o pão, ele disse: "''Tomai e comei, este é o meu corpo''", logo após, pegou um cálice e disse: "''bebei todos, este é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que será derramado para a remissão dos pecados''".<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=26|verso=26-29}}, {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=14|verso=22-25}} e {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=22|verso=19-20}}. Para os cristãos, tal gesto deu origem à tradição da eucaristia</ref>
Segundo os sinóticos, Jesus celebrou a páscoa com seus apóstolos — evento chamado pela [[tradição cristã]] de "''A Última Ceia''". Durante a comemoração, Jesus predisse que seria traído por um dos seus apóstolos, [[Judas Iscariotes]]. Ao servir o pão, ele disse: "''Tomai e comei, este é o meu corpo''", logo após, pegou um cálice e disse: "''bebei todos, este é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que será derramado para a remissão dos pecados''".<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=26|verso=26-29}}, {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=14|verso=22-25}} e {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=22|verso=19-20}}. Para os cristãos, tal gesto deu origem à tradição da eucaristia</ref>


O [[Evangelho segundo João]] oferece maiores detalhes sobre os momentos da última ceia entre os capítulos 13 e 17, relatando o momento em que Jesus lavou os pés dos discípulos com água, os diálogos com os apóstolos, os últimos ensinamentos que transmitiu antes de morrer e a [[Oração Sumo Sacerdotal de Cristo|oração sacerdotal]].
O [[Evangelho segundo João]] oferece maiores detalhes sobre os momentos da última ceia entre os capítulos 13 e 17, relatando o momento em que Jesus lavou os pés dos discípulos com água, os diálogos com os apóstolos, os últimos ensinamentos que transmitiu antes de morrer e a [[Oração Sumo Sacerdotal de Cristo|oração sacerdotal]].


==== A prisão ====
==== A prisão ====

Mais tarde, na mesma noite, segundo os sinóticos, Jesus teria ido para o jardim de [[Getsêmani]], na encosta do monte das [[Oliveira]]s, em frente ao Templo, para orar. Três discípulos — Pedro, Tiago e João — faziam-lhe companhia.
Mais tarde, na mesma noite, segundo os sinóticos, Jesus teria ido para o jardim de [[Getsêmani]], na encosta do monte das [[Oliveira]]s, em frente ao Templo, para orar. Três discípulos — Pedro, Tiago e João — faziam-lhe companhia.


Judas havia realmente traído Jesus, e o entregou aos sacerdotes e aos anciãos de Jerusalém, que pretendiam prendê-lo, por trinta moedas de prata.<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=26|verso=14-16}}, {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=11|verso=10-11}} e {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=22|verso=3-6}}</ref> Acompanhado por um grupo de homens armados, Judas chegou ao jardim enquanto Jesus orava, para prendê-lo. Ao beijá-lo na face, revelou a identidade de Jesus e este foi preso. Por parte de seus seguidores houve um princípio de resistência, mas depois todos se dipersaram e fugiram.<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=26|verso=47-56}}, {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=14|verso=43-52}}, {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=22|verso=47-53}} e {{citar bíblia|livro=João|capítulo=18|verso=2-12}}.</ref><ref group=nota>O relato de João traz variantes significativas: Não se cita o Getsêmani como o lugar da prisão, e sim um horto do outro lado do ribeiro de Cedrom. A detenção de Jesus é feita por uma corte romana e Jesus não é denunciado por Judas, ele mesmo se entrega</ref>
Judas havia realmente traído Jesus, e o entregou aos sacerdotes e aos [[Ancião|anciãos]] de Jerusalém, que pretendiam prendê-lo, por trinta moedas de prata.<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=26|verso=14-16}}, {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=11|verso=10-11}} e {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=22|verso=3-6}}</ref> Acompanhado por um grupo de homens armados, Judas chegou ao jardim enquanto Jesus orava, para prendê-lo. Ao beijá-lo na face, revelou a identidade de Jesus e este foi preso. Por parte de seus seguidores houve um princípio de resistência, mas depois todos se dipersaram e fugiram.<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=26|verso=47-56}}, {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=14|verso=43-52}}, {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=22|verso=47-53}} e {{citar bíblia|livro=João|capítulo=18|verso=2-12}}.</ref><ref group=nota>O relato de João traz variantes significativas: Não se cita o Getsêmani como o lugar da prisão, e sim um horto do outro lado do ribeiro de Cedrom. A detenção de Jesus é feita por uma corte romana e Jesus não é denunciado por Judas, ele mesmo se entrega</ref>


==== O julgamento ====
==== O julgamento ====

[[Ficheiro:Eccehomo1.jpg|thumb|right|150px|''[[Ecce Homo]] ("Eis o homem"!)'', [[Pôncio Pilatos]] ao apresentar [[Jesus Cristo]] aos [[judeus]]. Obra do pintor italiano [[Antonio Ciseri]] (1821-1891)]]
[[Ficheiro:Eccehomo1.jpg|thumb|right|150px|''[[Ecce Homo]] ("Eis o homem"!)'', [[Pôncio Pilatos]] ao apresentar [[Jesus Cristo]] aos [[judeus]]. Obra do pintor italiano [[Antonio Ciseri]] (1821-1891)]]
Os soldados levaram Jesus para a casa do [[Sumo Sacerdote de Israel|Sumo Sacerdote]].<ref>{{citar web |url=http://www.ourladyoffatimachurch.net/ENCICLOPEDIA%28C%29CAIFAS.PDF |titulo=Caifás |publicado= Paróquia Nossa Senhora de Fátima |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> A lei judaica não permitia que o [[Sinédrio]], a suprema corte judaica, se reunisse durante o ''Pessach''<ref name="Veja">{{citar web |url=http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/251202/religiao_1995.html |titulo=Quem matou Jesus? |publicado=VEJA on-line |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> e a lei romana proibia que se condenasse um homem à morte.<ref name="Veja"/> Jesus foi acusado primeiramente de ameaçar destruir o templo, mas as testemunhas entraram em desacordo.<ref>{{citar web |url=http://www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/evangelho/o-julgamento-de-jesus.html |titulo=O Julgamento de Jesus |publicado=www.espirito.org.br |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> Depois, perguntaram a Jesus se ele era o Messias, o Filho de Deus e rei dos judeus. Jesus respondeu que era,<ref>{{citar web |url=http://www.gotquestions.org/Portugues/Jesus-e-Deus.html |titulo=Jesus é Deus? Alguma vez Jesus afirmou ser Deus? |publicado=www.gotquestions.org |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> e foi então acusado de blasfemar ao dizer-se Deus.


Após isso, os líderes judeus levaram Jesus à presença de [[Pôncio Pilatos]],<ref>{{citar web |url=http://jesusocristo.org/23/quem-foi-poncio-pilatos |titulo=Quem foi Pôncio Pilatos? |publicado= Jesus O Cristo |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> que então governava a província romana da Judéia.<ref>{{citar web |url=http://www.estudos-biblicos.com/pilatos.html |titulo=PÔNCIO PILATOS |publicado=Estudos Biblicos |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> Acusavam-no de estar traindo Roma ao dizer-se rei dos judeus. Como Jesus era [[Galileia|galileu]], Pilatos enviou-o a [[Herodes Antipas]]<ref name="herodes e mulher">{{citar web |url=http://www.estudosdabiblia.net/a10_5.htm |titulo=Pilatos e Sua Mulher |publicado=Estudos da Bíblia |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> filho de [[Herodes, o Grande]]<ref>{{citar web |url=http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/Herodes4.html |titulo=Herodes Antipas |publicado=www.dec.ufcg.edu.br |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> que governava a Galiléia.<ref>{{citar web |url=http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_2226.html |titulo=Biografia de Herodes Antipas |publicado=www.netsaber.com.br |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> Lucas conta que Herodes zombou de Jesus,<ref>{{citar web |url=http://apostoladosagradoscoracoes.angelfire.com/julga.html |titulo=JULGAMENTO |publicado=apostoladosagradoscoracoes.angelfire.com |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> vestindo-o com um manto real, e devolveu-o a Pilatos<ref>{{citar web |url=http://www.derradeirasgracas.com/2.%20Segunda%20P%C3%A1gina/Anna%20Catharina%20Emmerich/JESUS%20PERANTE%20PILATOS%20E%20HERODES.htm |titulo=Jesus perante Pilatos e Herodes. |publicado=Derradeiras Gracas |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref>.<ref name="herodes e mulher"/>
Os soldados levaram Jesus para a casa do [[Sumo Sacerdote de Israel|Sumo Sacerdote]].<ref>{{citar web |url=http://www.ourladyoffatimachurch.net/ENCICLOPEDIA%28C%29CAIFAS.PDF |titulo=Caifás |publicado= Paróquia Nossa Senhora de Fátima |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> A lei judaica não permitia que o [[Sinédrio]], a suprema corte judaica, se reunisse durante o ''Pessach''<ref name="Veja">{{citar web |url=http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/251202/religiao_1995.html |titulo=Quem matou Jesus? |publicado=VEJA on-line |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> e a lei romana proibia que se condenasse um homem à morte.<ref name="Veja"/> Jesus foi acusado primeiramente de ameaçar destruir o templo, mas as testemunhas entraram em desacordo.<ref>{{citar web |url=http://www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/evangelho/o-julgamento-de-jesus.html |titulo=O Julgamento de Jesus |publicado=www.espirito.org.br |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> Depois, perguntaram a Jesus se ele era o Messias, o Filho de Deus e rei dos judeus. Jesus respondeu que era,<ref>{{citar web |url=http://www.gotquestions.org/Portugues/Jesus-e-Deus.html |titulo=Jesus é Deus? Alguma vez Jesus afirmou ser Deus? |publicado=www.gotquestions.org |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> e foi então acusado de [[Blasfêmia|blasfemar]] ao dizer-se Deus.


Era de praxe os governantes romanos libertarem um prisioneiro judeu por ocasião do ''Pessach''. Pilatos expôs Jesus e um assassino condenado, de nome [[Barrabás]],<ref>{{citar web |url=http://www.estudosdabiblia.net/a10_7.htm |titulo=Barrabás |publicado=estudosdabiblia.net |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> na escadaria do palácio, e pediu à multidão que escolhesse qual dos dois deveria ser posto em liberdade.<ref>{{citar web |url=http://www.correiodeuberlandia.com.br/texto/2009/12/22/42484/jesus_ou_barrabas.html |titulo=Jesus ou Barrabás? |publicado=Correio de Uberlandia |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> A multidão voltou-se contra Jesus e escolheu Barrabás.<ref>{{citar web |url=http://estorias.cultodavida.com/view/jesus-ou-barrabas.html |titulo=Estórias - Jesus ou Barrabás? |publicado=estorias.cultodavida.com |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> Pilatos entregou então Jesus para morrer na cruz.<ref>{{citar web |url=http://www.ceismael.com.br/tema/quem-matou-jesus.htm |titulo=Quem Matou Jesus? | O que a história nos conta? |publicado=www.ceismael.com.br |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> A crucificação era uma forma comum de execução romana, aplicada, em geral, aos criminosos de classes inferiores.<ref>{{citar web |url=http://www.allaboutjesuschrist.org/portuguese/crucificacao.htm |titulo=Crucificação |publicado=All About Jesus Christ |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref>
Após isso, os líderes judeus levaram Jesus à presença de [[Pôncio Pilatos]],<ref>{{citar web |url=http://jesusocristo.org/23/quem-foi-poncio-pilatos |titulo=Quem foi Pôncio Pilatos? |publicado= Jesus O Cristo |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> que então governava a província romana da Judéia.<ref>{{citar web |url=http://www.estudos-biblicos.com/pilatos.html |titulo=PÔNCIO PILATOS |publicado=Estudos Biblicos |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> Acusavam-no de estar traindo Roma ao dizer-se rei dos judeus. Como Jesus era [[Galileia|galileu]], Pilatos enviou-o a [[Herodes Antipas]]<ref name="herodes e mulher">{{citar web |url=http://www.estudosdabiblia.net/a10_5.htm |titulo=Pilatos e Sua Mulher |publicado=Estudos da Bíblia |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> filho de [[Herodes, o Grande]]<ref>{{citar web |url=http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/Herodes4.html |titulo=Herodes Antipas |publicado=www.dec.ufcg.edu.br |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> que governava a Galiléia.<ref>{{citar web |url=http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_2226.html |titulo=Biografia de Herodes Antipas |publicado=www.netsaber.com.br |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> Lucas conta que Herodes zombou de Jesus, <ref>{{citar web |url=http://apostoladosagradoscoracoes.angelfire.com/julga.html |titulo=JULGAMENTO |publicado=apostoladosagradoscoracoes.angelfire.com |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> vestindo-o com um manto real, e devolveu-o a Pilatos <ref>{{citar web |url=http://www.derradeirasgracas.com/2.%20Segunda%20P%C3%A1gina/Anna%20Catharina%20Emmerich/JESUS%20PERANTE%20PILATOS%20E%20HERODES.htm |titulo=Jesus perante Pilatos e Herodes. |publicado=Derradeiras Gracas |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref>.<ref name="herodes e mulher"/>

Era de praxe os governantes romanos libertarem um prisioneiro judeu por ocasião do ''Pessach''. Pilatos expôs Jesus e um assassino condenado, de nome [[Barrabás]], <ref>{{citar web |url=http://www.estudosdabiblia.net/a10_7.htm |titulo=Barrabás |publicado=estudosdabiblia.net |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> na escadaria do palácio, e pediu à multidão que escolhesse qual dos dois deveria ser posto em liberdade. <ref>{{citar web |url=http://www.correiodeuberlandia.com.br/texto/2009/12/22/42484/jesus_ou_barrabas.html |titulo=Jesus ou Barrabás? |publicado=Correio de Uberlandia |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> A multidão voltou-se contra Jesus e escolheu Barrabás. <ref>{{citar web |url=http://estorias.cultodavida.com/view/jesus-ou-barrabas.html |titulo=Estórias - Jesus ou Barrabás? |publicado=estorias.cultodavida.com |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> Pilatos entregou então Jesus para morrer na [[cruz]]. <ref>{{citar web |url=http://www.ceismael.com.br/tema/quem-matou-jesus.htm |titulo=Quem Matou Jesus? | O que a história nos conta? |publicado=www.ceismael.com.br |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> A crucificação era uma forma comum de execução romana, aplicada, em geral, aos criminosos de classes inferiores. <ref>{{citar web |url=http://www.allaboutjesuschrist.org/portuguese/crucificacao.htm |titulo=Crucificação |publicado=All About Jesus Christ |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref>


==== A crucificação ====
==== A crucificação ====

{{AP|[[Crucificação de Jesus]], [[Cruz cristã]]}}

[[Ficheiro:Cristo crucificado.jpg|thumb|150px|[[Diego Velázquez]], ''Cristo crucificado'', [[1631]].]]
[[Ficheiro:Cristo crucificado.jpg|thumb|150px|[[Diego Velázquez]], ''Cristo crucificado'', [[1631]].]]
Jesus foi vestido com um manto vermelho, puseram-lhe na cabeça uma coroa de espinhos e na mão uma vara de bambu. Os soldados romanos zombavam dele dizendo: "''Salve o Rei dos Judeus''".<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=27|verso=26-31}} e {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=15|verso=15-20}}</ref> A seguir, espancaram-no e cuspiram nele. Forçaram-no a carregar a própria cruz, até um lugar chamado Gólgota.<ref group=nota>Em [[língua aramaica|aramaico]] Gólgota significa "''Lugar das caveiras''".</ref> Ao vê-lo perder as forças, ordenaram a um homem, de nome [[Simão Cireneu]], que tomasse da cruz e a carregasse durante parte do caminho.


Jesus foi vestido com um manto vermelho, puseram-lhe na cabeça uma [[coroa de espinhos]] e na mão uma vara de [[bambu]]. Os soldados romanos zombavam dele dizendo: "''Salve o Rei dos Judeus''".<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=27|verso=26-31}} e {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=15|verso=15-20}}</ref> A seguir, espancaram-no e cuspiram nele. Forçaram-no a carregar a própria cruz, até um lugar chamado Gólgota. <ref group=nota>Em [[língua aramaica|aramaico]] Gólgota significa "''Lugar das caveiras''".</ref> Ao vê-lo perder as forças, ordenaram a um homem, de nome [[Simão Cireneu]], que tomasse da cruz e a carregasse durante parte do caminho.
Conduzido para fora da cidade, Jesus foi pregado na cruz pelos soldados romanos. João conta que escreveram no alto da cruz a frase latina "''[[INRI|Iesus Nazarenus Rex Iudeorum]]''".<ref group=nota name=INRI/> Puseram a cruz de Jesus entre as de dois ladrões.<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=27|verso=32-44}}, {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=15|verso=21-32}}, {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=23|verso=26-43}}, {{citar bíblia|livro=João|capítulo=19|verso=16-24}}.</ref><ref group=nota> João não menciona Simão Cireneu e afirma que Jesus foi crucificado entre duas pessoas mas não diz se são ladrões.</ref> Antes de morrer, Jesus exclamou: "''Elí, Elí, lamá sabactani''" que traduzido seria "''Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?''" ({{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo= 27|verso=46}}). Depois de três horas, Jesus morreu. [[José de Arimatéia]] e [[Nicodemos]] puseram o seu corpo num túmulo recém-aberto, e o fecharam com uma pedra.

Conduzido para fora da cidade, Jesus foi pregado na cruz pelos soldados romanos. João conta que escreveram no alto da cruz a frase latina "''[[INRI|Iesus Nazarenus Rex Iudeorum]]''".<ref group=nota name=INRI/> Puseram a cruz de Jesus entre as de dois ladrões. <ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=27|verso=32-44}}, {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=15|verso=21-32}}, {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=23|verso=26-43}}, {{citar bíblia|livro=João|capítulo=19|verso=16-24}}.</ref><ref group=nota> João não menciona Simão Cireneu e afirma que Jesus foi crucificado entre duas pessoas mas não diz se são ladrões.</ref> Antes de morrer, Jesus exclamou: "''Elí, Elí, lamá sabactani''" que traduzido seria "''Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?''" ({{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo= 27|verso=46}}). Depois de três horas, Jesus morreu. [[José de Arimatéia]] e [[Nicodemos]] puseram o seu corpo num túmulo recém-aberto, e o fecharam com uma pedra.


=== A ressurreição ===
=== A ressurreição ===

{{AP|[[Ressurreição]] e [[Mistério Pascal]]}}
{{AP|[[Mistério Pascal]] e [[Ressurreição de Jesus]]}}

[[Ficheiro:Rafael - ressureicaocristo01.jpg|thumb|150px|A ressurreição de Cristo, por [[Rafael Sanzio|Raffaello Sanzio]], [[1500]]. [[Museu de Arte de São Paulo|MASP]]]]
[[Ficheiro:Rafael - ressureicaocristo01.jpg|thumb|150px|A ressurreição de Cristo, por [[Rafael Sanzio|Raffaello Sanzio]], [[1500]]. [[Museu de Arte de São Paulo|MASP]]]]

Os Evangelhos contam que, no domingo de manhã, [[Maria Madalena]] foi bem cedo ao túmulo de Jesus, onde encontrou a pedra fora do lugar e o sepulcro vazio. Depois disso, Jesus apareceu a ela e a Simão Pedro. Dois discípulos viram-no na estrada de [[Emaús]].
Os Evangelhos contam que, no domingo de manhã, [[Maria Madalena]] foi bem cedo ao túmulo de Jesus, onde encontrou a pedra fora do lugar e o sepulcro vazio. Depois disso, Jesus apareceu a ela e a Simão Pedro. Dois discípulos viram-no na estrada de [[Emaús]].


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Os Evangelhos dizem que os onze apóstolos fiéis encontraram-se com ele, primeiro em Jerusalém e depois na Galiléia onde chegou a ser visto por algumas centenas de pessoas. Porém, é o relato de Mateus que mais oferece detalhes sobre os acontecimentos que envolveram o momento da ressurreição.
Os Evangelhos dizem que os onze apóstolos fiéis encontraram-se com ele, primeiro em Jerusalém e depois na Galiléia onde chegou a ser visto por algumas centenas de pessoas. Porém, é o relato de Mateus que mais oferece detalhes sobre os acontecimentos que envolveram o momento da ressurreição.


Segundo o [[Evangelho segundo Mateus|Evangelho de Mateus]], a ressurreição de Jesus teria sido precedida de um grande terremoto em razão da remoção da pedra que estava na entrada do sepulcro:
Segundo o [[Evangelho segundo Mateus|Evangelho de Mateus]], a ressurreição de Jesus teria sido precedida de um grande [[terremoto]] em razão da remoção da pedra que estava na entrada do sepulcro:


{{quote2|''E eis que houve um grande terremoto; porque um anjo do Senhor desceu do céu, chegou-se, removeu a pedra e assentou-se sobre ela. O seu aspecto era como um relâmpago, e a sua veste, alva como a neve. E os guardas tremeram espavoridos e ficaram como se estivessem mortos.''|([[Evangelho segundo Mateus|Mateus]], 28:2-4}}
{{quote2|''E eis que houve um grande terremoto; porque um anjo do Senhor desceu do céu, chegou-se, removeu a pedra e assentou-se sobre ela. O seu aspecto era como um relâmpago, e a sua veste, alva como a neve. E os guardas tremeram espavoridos e ficaram como se estivessem mortos.''|([[Evangelho segundo Mateus|Mateus]], 28:2-4}}


No mesmo Evangelho é informado também que os líderes judeus da época teriam subornado os guardas para que contassem uma versão diferente, ou seja, que os discípulos teriam levado o corpo de Jesus enquanto os vigias dormiam.<ref>({{citar bíblia|livro=Mateus |capítulo=28|verso=12-15}}</ref>
No mesmo Evangelho é informado também que os líderes judeus da época teriam subornado os guardas para que contassem uma versão diferente, ou seja, que os discípulos teriam levado o corpo de Jesus enquanto os vigias dormiam. <ref>({{citar bíblia|livro=Mateus |capítulo=28|verso=12-15}}</ref>


Além dos quatro Evangelhos e do livro de [[Atos|Atos dos Apóstolos]], há outras fontes que falam da ressurreição de Jesus. Uma delas, também encontrada no Novo Testamento, seria um breve relato de Paulo nos versos de 3 a 8 do capítulo 15 em sua [[I Coríntios|primeira epístola aos coríntios]], escrita por volta do ano [[55]] da era cristã, onde o apóstolo menciona duas outras aparições de Jesus após a sua ressurreição, não registadas nos Evangelhos. Numa delas, Jesus teria sido visto por mais de quinhentas pessoas. Na outra ocasião, teria aparecido ao seu parente [[Tiago, o Justo|Tiago]],<ref>({{citar bíblia|livro=I Coríntios |capítulo=15|verso=7}}</ref><ref name="Tiago">{{citar web |url=http://www.mphp.org/jesus-historico/tiago-o-irmao-de-jesus---parte-2.html |titulo= Tiago, o irmão de Jesus - Parte 2 |publicado=MPHP - Site Racionalista Humanista Secular |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> o qual, após esta experiência, teria se tornado um seguidor e líder da Igreja de Jerusalém, escrevendo ainda um dos livros do Novo Testamento.<ref name="Tiago"/>
Além dos quatro Evangelhos e do livro de [[Atos|Atos dos Apóstolos]], há outras fontes que falam da ressurreição de Jesus. Uma delas, também encontrada no Novo Testamento, seria um breve relato de Paulo nos versos de 3 a 8 do capítulo 15 em sua [[I Coríntios|primeira epístola aos coríntios]], escrita por volta do ano [[55]] da era cristã, onde o apóstolo menciona duas outras aparições de Jesus após a sua ressurreição, não registadas nos Evangelhos. Numa delas, Jesus teria sido visto por mais de quinhentas pessoas. Na outra ocasião, teria aparecido ao seu parente [[Tiago, o Justo|Tiago]], <ref>({{citar bíblia|livro=I Coríntios |capítulo=15|verso=7}}</ref><ref name="Tiago">{{citar web |url=http://www.mphp.org/jesus-historico/tiago-o-irmao-de-jesus---parte-2.html |titulo= Tiago, o irmão de Jesus - Parte 2 |publicado=MPHP - Site Racionalista Humanista Secular |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> o qual, após esta experiência, teria se tornado um seguidor e líder da Igreja de Jerusalém, escrevendo ainda um dos livros do Novo Testamento.<ref name="Tiago"/>


=== A ascensão ===
=== A ascensão ===

{{AP|[[Ascensão de Jesus]]}}

[[Ficheiro:Wga Garofalo Ascension of Christ.jpg|thumb|150px|[[Garofalo]]: ''Ascensão de Cristo'', 1510-20.]]
[[Ficheiro:Wga Garofalo Ascension of Christ.jpg|thumb|150px|[[Garofalo]]: ''Ascensão de Cristo'', 1510-20.]]

{{principal|Ascensão de Jesus}}
A [[ascensão]] de Jesus é relatada nos Evangelhos de Marcos e de Lucas, além de constar no começo do livro de Atos dos Apóstolos, o qual também foi escrito por Lucas.
A [[ascensão]] de Jesus é relatada nos Evangelhos de Marcos e de Lucas, além de constar no começo do livro de Atos dos Apóstolos, o qual também foi escrito por Lucas.


Linha 257: Linha 327:
Já nos Evangelhos escritos pelos apóstolos Mateus e João, não há nenhuma descrição sobre a ascensão de Jesus. Em Mateus, por exemplo, o texto termina na segunda parte do seu último verso com a frase de que Jesus permanecerá todos os dias com os seus discípulos até o fim do mundo (Mateus 28:20).
Já nos Evangelhos escritos pelos apóstolos Mateus e João, não há nenhuma descrição sobre a ascensão de Jesus. Em Mateus, por exemplo, o texto termina na segunda parte do seu último verso com a frase de que Jesus permanecerá todos os dias com os seus discípulos até o fim do mundo (Mateus 28:20).


Mesmo depois da ascensão, as obras que compõem o Novo Testamento trazem outros relatos de aparições de Jesus, como ocorre na conversão de Saulo e também na visão de João quando o apóstolo é arrebatado aos céus durante sua prisão em [[Patmos]]<ref>{{citar web |url=http://www.asd-mr.org.br/sabatina/2001/trimestre01/lica03.htm |titulo=O Livro do Apocalipse - 03 - João, o Revelador |publicado=Escola Sabatina |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> e recebe a missão de escrever o [[Apocalipse de São João|Apocalipse]].<ref>{{citar web |url=http://www.fatheralexander.org/booklets/portuguese/biblia9_p.htm |titulo=Entendendo A Bíblia, parte 9. O Livro do Apocalipse |publicado=www.fatheralexander.org |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref>
Mesmo depois da ascensão, as obras que compõem o Novo Testamento trazem outros relatos de aparições de Jesus, como ocorre na conversão de Saulo e também na visão de João quando o apóstolo é [[Arrebatamento|arrebatado]] aos céus durante sua prisão em [[Patmos]] <ref>{{citar web |url=http://www.asd-mr.org.br/sabatina/2001/trimestre01/lica03.htm |titulo=O Livro do Apocalipse - 03 - João, o Revelador |publicado=Escola Sabatina |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref> e recebe a missão de escrever o [[Apocalipse de São João|Apocalipse]].<ref>{{citar web |url=http://www.fatheralexander.org/booklets/portuguese/biblia9_p.htm |titulo=Entendendo A Bíblia, parte 9. O Livro do Apocalipse |publicado=www.fatheralexander.org |acessodata=[[22 de Dezembro]] de [[2009]] }}</ref>


== Relíquias de Jesus ==
== Relíquias de Jesus ==

[[Ficheiro:Shroud positive negative compare.jpg|125px|thumb|Detalhes do [[Santo Sudário|Sudário]]: A esquerda o retrato real, a direita um negativo em preto e branco.]]
{{ver artigos principais|[[Prepúcio Sagrado]], [[Santo Graal]] e [[Santo Sudário]]}}
{{ver artigos principais|[[Prepúcio Sagrado]], [[Santo Graal]] e [[Santo Sudário]]}}
Segundo a tradição católica e ortodoxa, que não foi aceita pelos [[protestante]]s, existem muitas [[relíquia]]s atribuídas a Jesus. É discutido que algumas dessas relíquias sejam falsificações medievais.<ref>{{citar web|url= http://www.espirito.org.br/portal/artigos/paulosns/falsificacoes.html|titulo=Falsificações| trabalho=Portal do Espírito |autor= Paulo da Silva Neto Sobrinho|lingua=português|acessodata=[[24 de Outubro]] de 2008}}</ref><ref>{{citar web|url= http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/o_milagre_da_multiplicacao_de_reliquias_5.html|titulo=O milagre da multiplicação de relíquias| trabalho=História Viva|autor=Paul-Eric Blanrue|lingua=português|acessodata=[[24 de Outubro]] de 2008}}</ref><ref>{{citar web|url=http://ceticismoeciencia.com/religiao/a-falsificacao-do-sudario-de-turim/ |titulo=A falsificação do Sudário de Turim | trabalho=Ceticismo, Ciência e Tecnologia|lingua=português|acessodata=[[24 de Outubro]] de 2008}}</ref>


[[Ficheiro:Shroud positive negative compare.jpg|125px|thumb|Detalhes do [[Santo Sudário|Sudário]]: A esquerda o retrato real, a direita um negativo em preto e branco.]]
Na contemporaneidade, a mais conhecida, estudada e discutida<ref> De acordo com muitos, o Sudário é provavelmente o mais estudado do mundo. Ver, por exemplo, [http://www.cicap.org/new/articolo.php?id=100420 "Sudário de Turim'], da ''Enciclopédia da CICAP''.</ref> relíquia de Jesus é o [[Sudário de Turim|Sudário]] (σινδών, ''sindón'', que significa "pano" em [[língua grega|grego]]), atualmente armazenados em [[Turim]] e de posse pessoal do [[Papa]]. Segundo a tradição, é o pano em que estava envolto o corpo de Jesus no túmulo. O tecido é de [[linho]] e mede 442 x 113&nbsp;cm. Apresenta uma dupla imagem (frente e verso) de um homem com barba, bigode e cabelos compridos, ostentando as marcas no corpo correspondente à descrição da paixão: marcas de flagelação, a coroa de espinhos, mãos e pés perfurados por pregos e a ferida por lança ao lado. O quadro não é uma pintura, mas o resultado de um gradual amarelecimento da fibra têxtil - como se fosse um negativo de um [[filme fotográfico]].<ref group=nota>Alguns têm falado do Sudário como uma foto [[Polaroid]] da ressurreição.</ref> Na parte mais profunda das feridas há vestígios de sangue tipo [[Sistema ABO|AB]].


Segundo a tradição católica e [[ortodoxa]], que não foi aceita pelos [[protestante]]s, existem muitas [[relíquia]]s atribuídas a Jesus. É discutido que algumas dessas relíquias sejam falsificações medievais. <ref>{{citar web|url= http://www.espirito.org.br/portal/artigos/paulosns/falsificacoes.html|titulo=Falsificações| trabalho=Portal do Espírito |autor= Paulo da Silva Neto Sobrinho|lingua=português|acessodata=[[24 de Outubro]] de 2008}}</ref><ref>{{citar web|url= http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/o_milagre_da_multiplicacao_de_reliquias_5.html|titulo=O milagre da multiplicação de relíquias| trabalho=História Viva|autor=Paul-Eric Blanrue|lingua=português|acessodata=[[24 de Outubro]] de 2008}}</ref><ref>{{citar web|url=http://ceticismoeciencia.com/religiao/a-falsificacao-do-sudario-de-turim/ |titulo=A falsificação do Sudário de Turim | trabalho=Ceticismo, Ciência e Tecnologia|lingua=português|acessodata=[[24 de Outubro]] de 2008}}</ref>
As outras relíquias atribuídas a Jesus são os supostos restos do corpo de Jesus (incluindo vários traços de [[sangue]], uma [[costela]] e os restos da circuncisão de Jesus - o [[Prepúcio Sagrado|Santo prepúcio]]) e os objetos com os quais ele entrou em contato, como as [[Cruz (símbolo)|lascas da cruz]] (uma das quais, provavelmente original encontra-se no [[Obelisco do Vaticano]]), a coroa com espinhos, a lança que o perfurou, o título que foi pregado à cruz<ref group=nota name=INRI>Esta seria a inscrição que [[Pilatos]] teria mandando pregar à cruz de cristo. Ela foi escrita em três línguas: em grego (''ιησους ο ναζωραιος ο βασιλευς των ιουδαιων''), em latim (''IESVS·NAZARENVS·REX·IVDÆORVM'') e em hebraico: (''ישוע הנצרי ומלך היהודים'') e a sua tradução seria: ''Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus''.</ref> e taça que ele teria usado na última ceia (o [[Santo Graal]]).

Na contemporaneidade, a mais conhecida, estudada e discutida<ref> De acordo com muitos, o Sudário é provavelmente o mais estudado do mundo. Ver, por exemplo, [http://www.cicap.org/new/articolo.php?id=100420 "Sudário de Turim'], da ''Enciclopédia da CICAP''.</ref> relíquia de Jesus é o [[Sudário de Turim|Sudário]] (σινδών, ''sindón'', que significa "pano" em [[língua grega|grego]]), atualmente armazenados em [[Turim]] e de posse pessoal do [[Papa]]. Segundo a tradição, é o pano em que estava envolto o corpo de Jesus no túmulo. O tecido é de [[linho]] e mede 442 x 113&nbsp;cm. Apresenta uma dupla imagem (frente e verso) de um homem com barba, bigode e cabelos compridos, ostentando as marcas no corpo correspondente à descrição da paixão: marcas de [[flagelação]], a coroa de espinhos, mãos e pés perfurados por pregos e a ferida por lança ao lado. O quadro não é uma pintura, mas o resultado de um gradual amarelecimento da fibra têxtil - como se fosse um negativo de um [[filme fotográfico]].<ref group=nota>Alguns têm falado do Sudário como uma foto [[Polaroid]] da ressurreição.</ref> Na parte mais profunda das feridas há vestígios de sangue tipo [[Sistema ABO|AB]].

As outras relíquias atribuídas a Jesus são os supostos restos do corpo de Jesus (incluindo vários traços de [[sangue]], uma [[costela]] e os restos da circuncisão de Jesus - o [[Prepúcio Sagrado|Santo prepúcio]]) e os objetos com os quais ele entrou em contato, como as [[Cruz (símbolo)|lascas da cruz]] (uma das quais, provavelmente original encontra-se no [[Obelisco do Vaticano]]), a coroa com espinhos, a lança que o perfurou, o título que foi pregado à cruz<ref group=nota name=INRI>Esta seria a inscrição que [[Pilatos]] teria mandando pregar à cruz de cristo. Ela foi escrita em três línguas: em grego (''ιησους ο ναζωραιος ο βασιλευς των ιουδαιων''), em latim (''IESVS•NAZARENVS•REX•IVDÆORVM'') e em hebraico: (''ישוע הנצרי ומלך היהודים'') e a sua tradução seria: ''Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus''.</ref> e taça que ele teria usado na última ceia (o [[Santo Graal]]).


== Jesus na ficção e na arte ==
== Jesus na ficção e na arte ==

=== Na arte ===
=== Na arte ===

[[Ficheiro:Cefalu Christus Pantokrator cropped.jpg|thumb|200px|Cristo Pantocrator, mosaico. [[Catedral de Cefalù]].]]
[[Ficheiro:Cefalu Christus Pantokrator cropped.jpg|thumb|200px|Cristo Pantocrator, mosaico. [[Catedral de Cefalù]].]]
Num primeiro momento, a [[arte sacra|arte do cristianismo]] evitou representar Jesus em forma humana, preferindo invocar sua figura através de símbolos, tais como o [[monograma]] formado pelas letras gregas [[Χ]] y [[Ρ]], iniciais do nome grego Χριστός ([[Cristo]]), a união as vezes de [[Α]] y [[Ω]], primeira e última letras, respectivamente, do alfabeto grego, para indicar que Cristo é o princípio e o fim; o símbolo do peixe em grego (ΙΧΘΥΣ, «ikhtus», [[acróstico]] de ''Ἰησοῦς Χριστός, Θεοῦ Υἱός, Σωτήρ'' (''Iesous Khristos Theos uios Soter''; "Jesus Cristo Filho de Deus Salvador"). Ele também já foi representado como um [[cordeiro]] ([[Agnus Dei|o Cordeiro de Deus]]); e também em símbolos antropomórficos, como o [[pastor|Bom Pastor]].


Num primeiro momento, a [[arte sacra|arte do cristianismo]] evitou representar Jesus em forma humana, preferindo invocar sua figura através de símbolos, tais como o [[monograma]] formado pelas [[letra]]s gregas [[Χ]] y [[Ρ]], iniciais do nome grego Χριστός ([[Cristo]]), a união as vezes de [[Α]] y [[Ω]], primeira e última letras, respectivamente, do [[alfabeto grego]], para indicar que Cristo é o princípio e o fim; o símbolo do peixe em grego (ΙΧΘΥΣ, «ikhtus», [[acróstico]] de ''Ἰησοῦς Χριστός, Θεοῦ Υἱός, Σωτήρ'' (''Iesous Khristos Theos uios Soter''; "Jesus Cristo Filho de Deus Salvador"). Ele também já foi representado como um [[cordeiro]] ([[Agnus Dei|o Cordeiro de Deus]]); e também em símbolos [[Antropomorfismo|antropomórficos]], como o [[pastor|Bom Pastor]].
Mais tarde apareceram representações de Cristo, primeiro representado como um jovem, muitas vezes com o rosto de [[Alexandre Magno]], sem barba e sem cabelos longos<ref>História em Recvsta (Time/Life) - "Impérios em Ascensão" 400aC - 200dC; pg.9; Editora Cidade Cultural - RJ 1990</ref>.A partir do [[século IV]] foi representado quase exclusivamente com barba. Na [[arte bizantina]] se tornou habitual uma série de representações de Jesus. Algumas das quais com a imagem do Pantocrator, que tiveram um grande sucesso na [[Europa]] [[Idade Média|medieval]].

Mais tarde apareceram representações de Cristo, primeiro representado como um jovem, muitas vezes com o rosto de [[Alexandre Magno]], sem barba e sem cabelos longos <ref>História em Recvsta (Time/Life) - "Impérios em Ascensão" 400aC - 200dC; pg.9; Editora Cidade Cultural - RJ 1990</ref>. A partir do [[século IV]] foi representado quase exclusivamente com barba. Na [[arte bizantina]] se tornou habitual uma série de representações de Jesus. Algumas das quais com a imagem do [[Pantocrator]], que tiveram um grande sucesso na [[Europa]] [[Idade Média|medieval]].


=== Na literatura ===
=== Na literatura ===

Desde finais do século XIX, inúmeros autores de obras literários têm dado sua interpretação pessoal da vida de Jesus. Entre as obras mais destacadas que trataram do tema podemos citar:
Desde finais do século XIX, inúmeros autores de obras literários têm dado sua interpretação pessoal da vida de Jesus. Entre as obras mais destacadas que trataram do tema podemos citar:

* [[Mikhail Bulgakov]]: ''[[O Mestre e Margarida]]'' (escrito entre 1928 e 1940, publicado em 1967).
* [[Mikhail Bulgakov]]: ''[[O Mestre e Margarida]]'' (escrito entre 1928 e 1940, publicado em 1967).

* [[Robert Graves]]: ''Rei Jesus'' (1947).
* [[Robert Graves]]: ''Rei Jesus'' (1947).

* [[Níkos Kazantzákis]]: ''Cristo Crucificado'' (1948) e ''[[A Última Tentação de Cristo]]'' (1951), no qual se basearia [[Martin Scorsese]] para filmar o filme homônimo.
* [[Níkos Kazantzákis]]: ''Cristo Crucificado'' (1948) e ''[[A Última Tentação de Cristo]]'' (1951), no qual se basearia [[Martin Scorsese]] para filmar o filme homônimo.

* [[Fulton Oursler]]: ''A Maior História Jamais Contada'' (1949). No qual se baseou o filme de [[George Stevens]].
* [[Fulton Oursler]]: ''A Maior História Jamais Contada'' (1949). No qual se baseou o filme de [[George Stevens]].

* [[José Saramago]]: ''[[O Evangelho segundo Jesus Cristo]]'' (1991).
* [[José Saramago]]: ''[[O Evangelho segundo Jesus Cristo]]'' (1991).

* [[Norman Mailer]]: ''O Evangelho segundo o Filho'' (1997).
* [[Norman Mailer]]: ''O Evangelho segundo o Filho'' (1997).

* [[Fernando Sánchez Dragó]]: ''Carta de Jesus ao Papa'' (2001).
* [[Fernando Sánchez Dragó]]: ''Carta de Jesus ao Papa'' (2001).


O mistério da vida de Jesus também é tema de algumas obras da literatura comercial, às vezes em gêneros como a ficção ou o romance de mistério.
O mistério da vida de Jesus também é tema de algumas obras da [[literatura]] comercial, às vezes em gêneros como a ficção ou o romance de mistério.


* [[Mirza Ghulam Ahmad]]: ''Jesus na Índia'' 1899
* [[Mirza Ghulam Ahmad]]: ''Jesus na Índia'' 1899

* [[Juan José Benítez]]: ''[[Operação Cavalo de Tróia]]'' (1984-2006; saga de vários volumes).
* [[Juan José Benítez]]: ''[[Operação Cavalo de Tróia]]'' (1984-2006; saga de vários volumes).

* [[Dan Brown]]: ''[[O Código da Vinci]]'' (2003)
* [[Dan Brown]]: ''[[O Código da Vinci]]'' (2003)


=== No cinema ===
=== No cinema ===
A vida de Jesus de acordo com os relatos do Novo Testamento e normalmente sob um ponto de vista cristão, tem sido frequente. De fato, Jesus de Nazaré é um dos personagens mais interpretados no [[cinema]]. O primeiro filme sobre a vida de Jesus foi ''La vie et la passion de Jésus-Christ'' de Georges Hatot y Louis Lumière.<ref>{{imdb|0222481|La vie et la passion de Jésus-Christ}}</ref> No cinema mudo, o filme que mais se destacou foi ''[[The King of Kings (1927)|O Rei dos Reis]]'' ([[1927]]) de [[Cecil B. DeMille]].


A vida de Jesus de acordo com os relatos do Novo Testamento e normalmente sob um ponto de vista cristão, tem sido frequente. De fato, Jesus de Nazaré é um dos personagens mais interpretados no [[cinema]]. O primeiro filme sobre a vida de Jesus foi ''La vie et la passion de Jésus-Christ'' de Georges Hatot y Louis Lumière. <ref>{{imdb|0222481|La vie et la passion de Jésus-Christ}}</ref> No [[cinema mudo]], o [[filme]] que mais se destacou foi ''[[The King of Kings (1927)|O Rei dos Reis]]'' ([[1927]]) de [[Cecil B. DeMille]].
O tema foi abordado em diversas ocasiões, e de diversos pontos de vista: Desde a grandiosa produção de Hollywood ''[[King of Kings (1961)|O Rei dos Reis]]'' ([[Nicholas Ray]], [[1961]]) até as visões mais austeras de cineastas como [[Pier Paolo Pasolini]] (''[[Il vangelo secondo Matteo]]'', [[1964]]). Também deram sua interpretação pessoal à figura de Jesus autores como [[Luis Buñuel|Buñuel]] (''Nazarín'', 1958), y [[Carl Theodor Dreyer|Dreyer]] (''Ordet'', 1954).


O tema foi abordado em diversas ocasiões, e de diversos pontos de vista: Desde a grandiosa produção de [[Hollywood]] ''[[King of Kings (1961)|O Rei dos Reis]]'' ([[Nicholas Ray]], [[1961]]) até as visões mais austeras de [[cineasta]]s como [[Pier Paolo Pasolini]] (''[[Il vangelo secondo Matteo]]'', [[1964]]). Também deram sua interpretação pessoal à figura de Jesus autores como [[Luis Buñuel|Buñuel]] (''Nazarín'', 1958), y [[Carl Theodor Dreyer|Dreyer]] (''Ordet'', 1954).
Alguns dos filmes mais recentes sobre a vida de Jesus não estão isentos de polêmicas. É o caso de ''[[A Última Tentação de Cristo]]'' (1988), de [[Martin Scorsese]], baseado no romance homônimo de [[Nikos Kazantzakis]], muito criticado por sua interpretação pouco ortodoxa de Jesus. O filme de [[Mel Gibson]], ''[[The Passion of the Christ|A Paixão de Cristo]]'' (2004) recebeu a aprovação de vários setores do Cristianismo, mas foi considerado anti-semita por alguns membros da comunidade judaica.<ref>{{citar web|url= http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u41733.shtml|titulo=Versão de Mel Gibson para "Paixão de Cristo" revolta religiosos| trabalho=Folha online|autor=Paoula Abou-Jaquode|lingua=português|acessodata=[[24 de Outubro]] de 2008}}</ref><ref>{{citar web|url= http://www.bbc.co.uk/portuguese/cultura/story/2004/02/040224_cristorg.shtml|titulo=Polêmico filme de Mel Gibson sobre Cristo estréia nos EUA| trabalho=BBC Brasil|autor=Angela Pimenta|lingua=português|acessodata=[[24 de Outubro]] de 2008}}</ref>


Alguns dos filmes mais recentes sobre a vida de Jesus não estão isentos de [[polêmica]]s. É o caso de ''[[A Última Tentação de Cristo]]'' (1988), de [[Martin Scorsese]], baseado no [[romance]] homônimo de [[Nikos Kazantzakis]], muito criticado por sua interpretação pouco ortodoxa de Jesus. O filme de [[Mel Gibson]], ''[[The Passion of the Christ|A Paixão de Cristo]]'' (2004) recebeu a aprovação de vários setores do Cristianismo, mas foi considerado [[anti-semita]] por alguns membros da comunidade judaica. <ref>{{citar web|url= http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u41733.shtml|titulo=Versão de Mel Gibson para "Paixão de Cristo" revolta religiosos| trabalho=Folha online|autor=Paoula Abou-Jaquode|lingua=português|acessodata=[[24 de Outubro]] de 2008}}</ref><ref>{{citar web|url= http://www.bbc.co.uk/portuguese/cultura/story/2004/02/040224_cristorg.shtml|titulo=Polêmico filme de Mel Gibson sobre Cristo estréia nos EUA| trabalho=BBC Brasil|autor=Angela Pimenta|lingua=português|acessodata=[[24 de Outubro]] de 2008}}</ref>
A personagem Jesus tem sido tratado no cinema de vários ângulos.<ref group=nota>Veja também o anexo [[Anexo:Lista de atores que interpretaram Jesus Cristo no cinema e na televisão|Lista de atores que interpretaram Jesus Cristo no cinema e na televisão]]</ref> Não faltam, por exemplo, interpretações satíricas da figura do criador do [[cristianismo]], como ''[[Life of Brian|A Vida de Brian]]'' ([[Terry Jones]], 1979). Musicais, como o célebre ''[[Jesus Christ Superstar|Jesus Cristo Superstar]]'' (Norman Jewison, 1973), e também filmes de animação, como ''The Miracle Maker'' (Derek W. Hayes y Stanislav Sokolov, 2000).

A [[personagem]] Jesus tem sido tratado no cinema de vários ângulos. <ref group=nota>Veja também o anexo [[Anexo:Lista de atores que interpretaram Jesus Cristo no cinema e na televisão|Lista de atores que interpretaram Jesus Cristo no cinema e na televisão]]</ref> Não faltam, por exemplo, interpretações [[Sátira|satíricas]] da figura do criador do [[cristianismo]], como ''[[Life of Brian|A Vida de Brian]]'' ([[Terry Jones]], 1979). [[Musical|Musicais]], como o célebre ''[[Jesus Christ Superstar|Jesus Cristo Superstar]]'' (Norman Jewison, 1973), e também filmes de [[animação]], como ''The Miracle Maker'' (Derek W. Hayes y Stanislav Sokolov, 2000).


=== No teatro ===
=== No teatro ===

A vida de Jesus também tem sido levada aos palcos da [[Broadway]] e a outras partes do mundo através dos musicais. Entre as representações líricas da vida e da obra de Jesus pode-se destacar o popular musical ''[[Jesus Christ Superstar|Jesus Cristo Superstar]]'', uma ópera de rock com músicas de [[Andrew Lloyd Webber]] e arranjos de [[Tim Rice]], representada pela primeira vez em [[1970]], e que posteriormente viria a se espalhar pelo resto do planeta.<ref>{{citar web|url=http://www.jesuscristosuperstar.pt/sinopse.htm|titulo= Jesus Cristo Superstar - Sinopse|lingua=português|acessodata=[[19 de Outubro]] de 2008}}</ref> Também se destaca a peça ''[[Godspell]]'', com música de ''Stephen Schartz'' e arranjos de John-Michael Tebelak, que foi encenada pela primeira vez também em [[1970]].<ref>{{citar web|url=http://www2.uol.com.br/shoppingmusic/julho99/foradeserie.htm|titulo=Godspell|lingua=português|acessodata=[[19 de Outubro]] de 2008}}</ref> No teatro do Brasil, destaca-se ''[[Auto da Compadecida]]'', peça de [[Ariano Suassuna]] escrita em 1955 e publicada em 1957, que retrata um jesus negro.
A vida de Jesus também tem sido levada aos [[palco]]s da [[Broadway]] e a outras partes do mundo através dos musicais. Entre as representações líricas da vida e da obra de Jesus pode-se destacar o popular musical ''[[Jesus Christ Superstar|Jesus Cristo Superstar]]'', uma [[ópera rock]] com músicas de [[Andrew Lloyd Webber]] e [[Arranjo (música)|arranjos]] de [[Tim Rice]], representada pela primeira vez em [[1970]], e que posteriormente viria a se espalhar pelo resto do planeta.<ref>{{citar web|url=http://www.jesuscristosuperstar.pt/sinopse.htm|titulo= Jesus Cristo Superstar - Sinopse|lingua=português|acessodata=[[19 de Outubro]] de 2008}}</ref> Também se destaca a [[peça de teatro]] ''[[Godspell]]'', com música de ''Stephen Schartz'' e arranjos de John-Michael Tebelak, que foi encenada pela primeira vez também em [[1970]]. <ref>{{citar web|url=http://www2.uol.com.br/shoppingmusic/julho99/foradeserie.htm|titulo=Godspell|lingua=português|acessodata=[[19 de Outubro]] de 2008}}</ref> No [[teatro] do [[Brasil]], destaca-se ''[[Auto da Compadecida]]'', peça de [[Ariano Suassuna]] escrita em 1955 e publicada em 1957, que retrata um jesus negro.


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* [[Judaísmo Messiânico]]
* [[Anticristianismo]]
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* [[Apologética]]
* [[Códice Sinaiticus]]
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* [[Filosofia cristã]]
* [[Lista de pessoas proclamadas messias]]
* [[Doutrina católica#Deus Filho: Jesus Cristo.2C o Salvador|Jesus na doutrina católica]]
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* [[Mitologia cristã]]


== {{Ligações externas}} ==
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Revisão das 12h46min de 8 de janeiro de 2011

 Nota: Para outros significados, veja Jesus (desambiguação).
Jesus
Jesus
Pintura Jesús con la cruz a cuestas por El Greco.
Ainda que não se conheçam retratos de Jesus feitos na época em que viveu e tampouco indicação de sua aparência, é freqüente a sua representação na arte do Cristianismo.
Nome completo Jesus de Nazaré
Nascimento 8-4? a.C.[1]
Belém, Judéia [nota 1]
Morte 29-36? d.C.[1]
Jerusalém, Judéia[nota 2]
Causa da morte Crucificação
Etnia Judeu
Ocupação Carpinteiro, profeta itinerante e rabino
Ouça o artigo (info)

noicon
Este áudio foi criado a partir da revisão datada de 16 de Dezembro de 2009 e pode não refletir mudanças posteriores ao artigo (ajuda).

Jesus[nota 3][nota 4] (8-4? a.C.29-36? d.C.[1][2][3]) é a figura central do cristianismo.[4] Para a maioria dos cristãos ele é a encarnação de Deus, o "Filho de Deus", que teria sido enviado à Terra para salvar a humanidade. Acreditam que foi crucificado, morto e sepultado, desceu à mansão dos mortos e ressuscitou no terceiro dia (na Páscoa).[4] Para os adeptos do islamismo, Jesus é conhecido no idioma árabe como Isa (عيسى, transl. Īsā), Ibn Maryam ("Jesus, filho de Maria"). Os muçulmanos tratam-no como um grande profeta e aguardam seu retorno antes do Juízo Final. [5][6] Alguns segmentos do judaísmo o consideram um profeta,[7] outros um apóstata.[8] A Bíblia é umas das principais fontes de informação sobre ele.

Embora tenha pregado apenas em regiões próximas de onde nasceu, a província romana da Judéia, sua influência difundiu-se enormemente ao longo dos séculos após a sua morte e ressureição. Ele pode ser considerado como uma das figuras centrais da cultura ocidental.

Fontes textuais

As fontes textuais sobre Jesus podem ser agrupadas em quatro categorias:

  • As cartas de Paulo, (posteriormente incluídas no Novo Testamento): Escritas aproximadamente entre 51 e 63 d.C.,[9] por Paulo de Tarso, representam os documentos cristãos mais antigos, mas não contém informações biográficas sobre Jesus que poderiam ser úteis para o estudo da figura histórica. No entanto, seu testemunho nos ajuda a entender como Jesus era reconhecido nas mais antigas comunidades cristãs;
  • Os quatro evangelhos canônicos (Mateus, Marcos, Lucas e João): De acordo com alguns historiadores, estes textos chegaram a sua forma definitiva em meados do século I, tendo sido escritos em várias versões, que foi precedida de uma década de tradição oral, [nota 6] enquanto outros só chegariam em sua versão definitiva apenas na metade do segundo século. [10] Eles recontam em pormenores a vida pública de Jesus, ou seja, o período de no pregações nos últimos anos da sua vida. No entanto, há limitadas informações sobre sua vida privada. Representam os principais documentos em que convergem os trabalhos hermenêuticos dos historiadores. Na atualidade, diversas escolas com diferentes pontos de vista sobre a confiabilidade dos evangelhos e a historicidade de Jesus têm se desenvolvido;
  • Os livros apócrifos: Geralmente, não são aceitos pelos estudiosos como testemunhas confiáveis da história [11][nota 7] (dada a sua composição tardia, os mais antigos datam de meados do século II, são mais úteis na reconstrução do ambiente religioso dos séculos seguintes [12] [nota 8]), eles fazem uso de fábulas legendárias em grande partes de suas narrativas. [13] Seus tipos e estilos são variados:
  • Fontes históricas não-cristãs sobre Jesus: Em algumas obras de autores antigos não-cristãos estão algumas referências esparsas sobre Jesus ou seus seguidores. A mais antiga destas obras é o Testimonium Flavianum. Alguns historiadores [14] consideram tais referências como interpolações posteriores de copistas cristãos.

Etimologia

O nome Jesus vem do hebraico ישוע (Yeshua[nota 10]), que significa "Jeová (YHVH) salva. [15] Foi também descrito por seus seguidores como Messias (do hebraico משיח (mashíach, que significa ungido e, por extensão, escolhido[16]), cuja tradução para o grego, Χριστός (Christós), é a origem da forma portuguesa Cristo. [17]

Nomes e títulos de Jesus

O símbolo do peixe, recorrente no início da iconografia cristã. O termo "peixe" em grego ἰχθύς (ichthýs) é o acrônimo de Ἰησοῦς Χριστός Θεοῦ Ὑιός Σωτήρ (Iēsoùs Christòs Theoù Yiòs Sōtèr), Jesus Cristo Filho de Deus Salvador.[18]

Nos livros de Novo Testamento, Jesus é mostrado não só com o seu próprio nome mas também com vários epítetos e títulos (A lista está em ordem decrescente de frequência):

  • "Cristo". Literalmente significa "ungido", [16] e foi posteriormente associado ao Messianismo. Na época de Jesus, o Cristo era esperado pelo povo judeu, especialmente para promover um resgate social e político. [nota 11][nota 12]
  • "Rei". O atributo da realeza foi relacionada com o Messias, que era considerado um descendente e herdeiro do Rei Davi. Jesus, apesar de se identificar com o Messias, rejeitou as prerrogativas políticas do título. [20]

Alguns dos seus outros títulos são: Rabi (ou Mestre)[21] Profeta[22] Sacerdote,[23] Nazareno,[24] Deus,[25] Verbo,[26] Filho de José[27] e Emanuel.[28]

Além disso, especialmente no Evangelho segundo João, são aplicadas a Jesus expressões alegóricas como: Cordeiro, Cordeiro de Deus, Luz do Mundo, pastor, bom pastor, pão da vida, pão vivente, pão de Deus, porta, Caminho e Verdade. [29]

Pontos de vista sobre Jesus

Método histórico

Estudiosos têm utilizado o método histórico para desenvolver a provável reconstrução da vida de Jesus. Ao longo dos últimos duzentos anos, a imagem de Jesus entre os estudiosos históricos tem vindo a ser muito diferente da imagem de Jesus baseada nos evangelhos. [30] Alguns estudiosos fazem uma distinção entre Jesus reconstruindo através dos métodos históricos e o Jesus entendido através de um ponto de vista teológico, [nota 13] ao passo que outros estudiosos sustentam que o Jesus teológico representa uma figura histórica. [4]

As principais fontes de informação sobre a vida de Jesus e seus ensinamentos são os evangelhos, especialmente os evangelhos sinóticos: Mateus, Marcos e Lucas. Algumas partes dos evangelhos são considerados historicamente confiáveis enquanto que outras partes não o são, [31] [32][33][34][35][36] e os elementos cuja autenticidade histórica é disputada incluem os dois relatos sobre o nascimento de Jesus e sobre a ressureição e detalhes sobre a crucificação. [37][38][39][40][41][42]

A maioria dos acadêmicos bíblicos e historiadores aceitam a existência histórica de Jesus. [nota 14] [nota 15][43][44] Um dos proponentes da não-historicidade foi Bruno Bauer no século XIX. Acadêmicos que rejeitam totalmente a historicidade de Jesus baseam-se na falta de evidência arqueológica direta, o falta de mensão em documentos antigos sobre Jesus e a similaridade entre o cristianismo primitivo e a mitologia e religião contemporânea. [45]

O livro do alsaciano Albert Schweitzer A Busca do Jesus histórico [46] é um esforço pós-iluminista para descrever Jesus usando o método histórico crítico. Desde o final do século XVIII, estudiosos têm analisado os evangelhos e tentado formular a biografia histórica de Jesus. Os esforços contemporâneos tentam melhorar a compreensão do judaísmo do século I, analisando os textos religiosos cristãos e usando os métodos de crítica histórica e sociológica, além da análise literária dos ditos de Jesus. [47]

Ascensão de Jesus numa antiga pintura turca.[48]

No islamismo

Ver artigo principal: Isa (profeta)

Jesus, conhecido em árabe como Isa ou Isa ibn Maryam ("Jesus, filho de Maria"), é um dos principais Profetas do Islã. De acordo com o Alcorão foi um dos profetas mais amados por Deus e, ao contrário do que se passa no cristianismo, não é um ser divino. Existem notáveis diferenças entre o relato dos Evangelhos e a narração do Alcorão da história de Jesus.

A virgindade de Maria é plenamente reconhecida pelo islã. [49] Jesus teria anunciado várias vezes na Bíblia a chegada de Maomé como o último profeta.[50] A morte de Jesus é tratada como complexa, por não reconhecer explicitamente a sua morte e dizer que antes da morte ele foi substituído por outro, do qual nada é dito, enquanto Jesus ascende ao céu e ludibria os judeus. [51] A morte ignominiosa de Jesus não está coberta, porém, afirma-se o seu regresso no dia do Juízo Final [52] e a descoberta, nesse dia, de que a obra de Jesus era verdadeira. [nota 16]

O Alcorão rejeita a trindade, considerada falsa, e se refere a Jesus como "Verbo de Deus", mas não o filho dele. [nota 17][53]

No judaísmo

Ver artigo principal: Yeshua

O judaísmo acredita que a idéia de Jesus ser Deus, ou parte de uma trindade, ou um mediador de Deus, é heresia. [54] O judaísmo também sustenta que Jesus não é o messias [55] argumentando que ele não cumpriu as profecias messiânicas da Tanakh nem encarna as qualificações pessoais do Messias. O judaísmo afirma que Jesus não cumpriu as exigências estabelecidas pela Torá para provar que ele era um profeta. E mesmo que Jesus tivesse produzido um sinal que fosse reconhecido pelo judaísmo, afirma-se que nenhum profeta poderia contradizer as leis já mencionadas na Torá, o que os rabinos afirmam que Jesus fez. [56]

A Mishneh Torá, escrita por Maimônides (ou Rambam), considerada uma das obras da lei judaica, diz que "Jesus é um "obstáculo" que faz "a maioria do mundo errar para servir a uma divindade além de Deus". De acordo com o judaísmo conservador, os judeus que acreditam que Jesus é o Messias "cruzaram a linha" para fora da comunidade judaica. [57] [58] E quanto ao Judaísmo reformista, o movimento progressista moderno, afirmam: "Para nós, da comunidade judaica alguém que afirma que Jesus é seu salvador já não é um judeu e sim um apóstata". [59] [nota 18]

No cristianismo

Ver artigo principal: Cristologia e Jesus Cristo

A figura de Jesus de Nazaré é o centro da religião conhecida como cristã, embora existam diversas interpretações sobre a sua pessoa. [nota 19]

De um modo geral, para os cristãos, Jesus de Nazaré é o protagonista de um único ato [nota 20] e intransferível, pelo qual o homem adquire a capacidade de deixar a sua natureza decaída e atingir a salvação. [nota 21] Tal ato é consumado com a ressurreição de Jesus Cristo.

A ressurreição é, portanto, o fato central do cristianismo e constitui sua esperança soteriológica. Como ato, é exclusivo da divindade e indisponível ao homem. De forma mais precisa, a encarnação, a morte e a ressurreição compensam os três obstáculos que separam, segundo a doutrina cristã, Deus do homem: a natureza, [nota 22] o pecado,[nota 23] e a morte. [nota 24] Pela Encarnação do Verbo, a natureza divina se faz humana.[60] Pela morte de Cristo, se vence o pecado e por sua ressurreição, a morte. [61]

Historicamente, o núcleo da doutrina cristã foi fixado no Primeiro Concílio de Niceia, em 325, com a formulação do Credo niceno. Este concílio é reconhecido pelas principais denominações cristãs: católica, ortodoxa e de várias igrejas protestantes.

O texto do Credo Niceno que se refere a Jesus é o seguinte:

Existem, no entanto, igrejas não trinitárias, ou unicistas que não reconhecem a existência de uma trindade de pessoas em Deus. [nota 25]

Jesus Cristo de Nazaré é também considerado a encarnação e Filho de Deus, segunda pessoa da Santíssima Trindade cristã. É Filho por Natureza, e não por adoção, o que significa que sua Divindade absoluta e sua humanidade absoluta são inseparáveis. [nota 26] A relação entre a natureza divina e humana foi fixada no Concílio de Calcedónia, nestes termos:

Denominações cristãs com discrepâncias doutrinárias

Ver artigo principal: Disputas cristológicas, Heresia

Existem algumas minorias cristãs que não partilham das definições do Concílio de Nicea, do Concílio de Éfeso e do Concílio de Calcedónia.

  • Monofisismo é a variante de uma unificação das duas doutrinas sobre a natureza de Jesus de Nazaré. Afirma que em Cristo existe uma só natureza: a divina. Ele foi promovido pelo Eutiques e rejeitado no Concílio de Calcedónia.

Novos movimentos religiosos de origem cristã ou supostamente cristã

Vários movimentos religiosos dito cristãos, geralmente protestantes, surgidos a partir da segunda metade do século XIX, se afastaram das crenças da maioria das denominações cristãs no que concerne à trindade divina, a natureza de Cristo e a sua missão. Discute-se se esses movimentos podem ser considerados como cristãos.

  • As Testemunhas de Jeová consideram Jesus como "filho unigênito", o único a ser criado diretamente por Deus, bem como "o primogênito de toda a criação", e também como "o primogênito dentre os mortos", ou seja, o primeiro a ser criado e o primeiro a ser ressuscitado dentre os mortos para a imortalidade. Ele não é um homem nem o Deus onipotente, mas "uma poderosa criatura espiritual" e um "rei entronizado, cujo sangue derramado abre o caminho para a humanidade obter a vida eterna". [66] Além disto, Jesus não faz parte de uma trindade pois não é Deus, mas sim deus, ou seja, um deus submisso a um outro Deus, o qual é Jeová; Negam a Divindade absoluta de Cristo e Sua igualdade com o Pai.[67]

As Testemunhas de Jeová afirmam que Jesus não morreu numa cruz com uma reta vertical e uma horizontal,[68] mas numa estaca de tortura, com apenas uma reta vertical. Outra característica importante é que Jesus não ressuscitou no mesmo corpo que morreu e se tornou rei do céu em 1914 e que desde então vivemos no período da Segunda vinda de Cristo. O arcanjo Miguel é considerado o próprio Jesus Cristo na sua posição celestial.

Outros movimentos se afastam muito das crenças cristãs, como alguns que negam terminantemente a divindade de Jesus e a sua missão de salvação. [nota 27]

Biografia de Jesus pelo Novo Testamento

Grande parte do que é conhecido sobre a vida e os ensinamentos de Jesus é contado pelos Evangelhos canônicos: Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, pertencentes ao Novo Testamento da Bíblia. Os Evangelhos Apócrifos apresentam também alguns relatos relacionados a Jesus.

Esses Evangelhos narram os fatos mais importantes da vida de Jesus. Os Atos dos Apóstolos contam um pouco do que sucedeu nos 30 anos seguintes. As Epístolas (ou cartas) de Paulo também citam fatos sobre Jesus. Notícias não-cristãs de Jesus e do tempo em que ele viveu encontram-se nos escritos de Josefo, [nota 28] que nasceu no ano 37 d.C.; nos de Plínio, o Moço, que escreveu por volta do ano 112; nos de Tácito, que escreveu por volta de 117; e nos de Suetônio, que escreveu por volta do ano 120.

Genealogia

A anunciação do Anjo Gabriel a Maria, por Leonardo da Vinci, 1475, Galleria degli Uffizi, Florença.

Dos quatro evangelhos, apenas Mateus e Lucas dão relato da genealogia de Jesus. [70][71] Estes relatos são substancialmente diferentes.[72] Várias explicações têm sido sugeridas e tornou-se tradicional desde, pelo menos, 1490 pressupor que a genealogia dada por Lucas foi traçada através de Maria e que a Mateus o faz através de José. [73] Acadêmicos modernos geralmente vêem as genealogias como construções teológicas.[74] Mais especificamente, sugere-se que as genealogias foram criadas com o objetivo de justificar o nascimento de uma criança com linhagem real.

Mateus menciona sinteticamente um total de 46 antepassados que teriam vivido até uns dois mil anos antes de Jesus, começando por Abraão. Em seu relato, o apóstolo cita não somente heróis da fé, mas também menciona os nomes das mulheres estrangeiras que fizeram parte da genealogia tanto de Jesus quanto de Davi, que no caso foram Rute, Raabe e Tamar. Também não omite os nomes dos perversos Manassés e Abias, ou de pessoas que não alcançaram destaque nas Escrituras judaicas. Divide então a genealogia de Jesus em três grupos de catorze gerações: de Abraão até Davi, de Davi até o cativeiro babilônico, ocorrido em 586 a.C., e do exílio judaico até Jesus.

Lucas, por sua vez, aborda a genealogia de Jesus, retrocedendo continuamente até Adão, talvez com o objetivo de mostrar o lado humano de Jesus. E, superando Mateus, Lucas fornece um número maior de antepassados de Jesus. [75]

Nascimento

A adoração de Cristo, Fra Angélico e Filippo Lippi, National Gallery of Art, Washington
O Massacre dos Inocentes quadro de Peter Paul Rubens (1577-1640).
Ver artigo principal: Nascimento de Jesus

Estudiosos geralmente estimam que Jesus nasceu entre 7-2 AC/ACE e morreu entre 26-36 DC/DCE.[1][76]

Não há evidência histórica contemporânea demonstrando a data de Nascimento de Jesus. O calendário gregoriano é baseado em uma tentativa medieval de contar os anos desde o nascimento de Jesus, que foi estimado por Dionysius Exiguus entre 2 AC/ACE and 1 DC/DEC. [77] O evangelho de Mateus afirma que o nascimento aconteceu durante o reinado de Herodes, que morreu em 4 BCE, [78] sugerindo que Jesus pudesse ter até dois anos de idade quando ele teria ordenado o Massacre dos inocentes. O autor do evangelho de Lucas similarmente coloca o nascimento de Jesus como tendo ocorrido durante o reinado de Herodes, mas afirma que o nascimento aconteceu durante o Censo de Quirino das província romanas da Síria e Judéia, o que geralmente se crê ter acontecido em 6 DCE, ou seja, uma década depois da morte de Herodes. [79] A maioria dos acadêmicos dão preferênca à faixa entre 6 e 4 ACE.[80]

De acordo com o relato do evangelho de Lucas, na época do rei Herodes o sacerdote Zacarias, esposo de Isabel — ambos já de idade avançada —, recebeu a promessa do nascimento de João Baptista através do anjo Gabriel. [81]

No sexto mês da gestação de Isabel, o mesmo anjo Gabriel aparece a Maria na cidade de Nazaré, a qual era virgem e noiva de José, e anuncia que ela viria a conceber do Espírito Santo e que daria ao seu filho o nome de Jesus. Mateus traz a informação de que José, ao saber que sua noiva estava grávida, não teria compreendido inicialmente que Maria recebera a missão de conceber o Messias e se afastou dela. Mas em sonho, um anjo lhe revelou a vontade de Deus, e ele aceitando-a, recebeu Maria como esposa. [81]

Segundo Mateus, o imperador Otávio Augusto teria promovido um recenseamento de todos os habitantes do Império, tendo estes que se alistar em suas respectivas cidades. José, por ser da cidade de Belém, teria levado Maria até esta cidade. Chegando ao local de destino, por não terem encontrado hospedagem, Jesus nasce em uma manjedoura. Segundo Lucas, os pastores da região, avisados por um anjo, vieram até o local do nascimento de Jesus. [81]

Completados os oito dias que determinava a tradição judaica, Jesus foi apresentado no templo por sua família para ser circuncidado, quando foi abençoado por Simeão e Ana. [81]

Segundo o relato do evangelista Mateus, Jesus teria recebido a visita dos magos do oriente, os quais, segundo a tradição natalina, seriam três reis da Pérsia. Os magos teriam chegado a Jerusalém seguindo a trajetória de uma estrela que anunciaria a vinda do Messias ao mundo. E, ao encontrarem Jesus numa casa com Maria, adoraram-lhe e ofertaram ouro, incenso e mirra representando, respectivamente, a sua realeza, a sua divindade e a sua imortalidade. Por causa desta visita Herodes teria se decidido a matar aquele que lhe iria tomar o trono. Tal notícia teria chegado a José, que então foge com Maria e o menino para o Egito. Jesus e sua família teriam permanecido no Egito até a morte de Herodes, quando então José, após ser avisado por um anjo em seus sonhos, retorna para a cidade de Nazaré. [82]

Infância e juventude

John Everett Millais, Gesù nella casa dei suoi genitori, 1850.

Pouco sabem os historiadores sobre a infância de Jesus. Conforme o Evangelho de Mateus, Jesus teria passado o começo de sua infância no Egito até a morte do rei Herodes, que queria matá-lo.

Em virtude da lacuna deixada pelos Evangelhos Canônicos, o pouco que se sabe da infância de Jesus provém de um relato sobre sua vida dos cinco aos doze anos, feita por Tomé, filósofo israelita do século I, conhecido como "A Infância do Senhor Jesus", também denominado como o Evangelho do Pseudo-Tomé, um antigo manuscrito apócrifo escrito em Siríaco. Porém é conveniente salientar que tais fontes têm sua autenticidade contestada, e em alguns casos é notória a influência do pensamento de grupos religiosos diversos (do século II ao IV) das raízes tradicionais cristãs.

Em umas das poucas referências canônicas à juventude de Jesus, Lucas diz que, aos 12 anos, ele foi com os pais de Nazaré a Jerusalém, para a festa de Pessach, a Páscoa judaica, e lá surpreendeu os doutores do Templo pela facilidade com que aprendia os ensinos, e por suas perguntas intrigantes.[83]

Batismo e tentação

Ver artigo principal: Batismo de Jesus
Tentação de Cristo por Ary Scheffer, pintura do século XIX.

Todos os três Evangelhos sinóticos descrevem o batismo de Jesus por João Batista,[84] e este evento é descrito pelos eruditos bíblicos como o início do ministério público de Jesus. De acordo com as fontes canônicas, Jesus foi para o rio Jordão onde João Batista estava pregando e batizando as pessoas.

Mateus descreve que João estava hesitante em atender o pedido de Jesus para ser batizado, alegando que ele é quem deveria ser batizado por Jesus. Mas Jesus insistiu, "Consente agora; porque assim nos convém cumprir toda a justiça." (Mateus 3:15). Depois que Jesus foi batizado e saiu da água, Marcos afirma que Jesus "viu os céus se abrirem, e o Espírito, qual pomba, a descer sobre ele. e ouviu-se dos céus esta voz: Tu és meu Filho amado; em ti me comprazo." (Marcos 1:10–11). O Evangelho de João não descreve o batismo e nem se refere a João como "o Batista" mas ele atesta que Jesus é aquele sobre quem João tinha pregado — o Filho de Deus.

Após o seu batismo, Jesus foi levado para o deserto por Deus, onde jejuou durante quarenta dias e quarenta noites. [85] Durante esse tempo, o diabo lhe apareceu e o tentou por três vezes. Em cada uma das vezes, Jesus rejeitou as tentações respondendo com uma citação das escrituras.[86] Em seguida o diabo se foi e os anjos vieram para cuidar de Jesus.[87]

Ministério

O Sermão da Montanha, Carl Heinrich Bloch, Copenhague, séc. XIX.

Os evangelhos narram que Jesus veio ao mundo para anunciar a salvação e as Bem-aventuranças à humanidade.[88][89] Durante o seu ministério, é dito que Jesus fez vários milagres, como andar sobre a água, transformar água em vinho, várias curas, exorcismos e ressuscitação de mortos (como Lázaro).[90]

O evangelho de João descreve três Pessachs durante o ministério de Jesus, e isso implica dizer que Jesus pregou por pelo menos dois anos e um mês, [91] apesar de algumas interpretações dos evangelhos sinóticos sugerirem um período de apenas um ano.[92][93] Jesus desenvolveu seu ministério principalmente na Galiléia, tendo feito de Cafarnaum uma de suas bases evangelísticas e se deslocando várias vezes a Tiberíades pelo Mar da Galiléia. Esteve também em cidades como Samaria, na Judéia e sobretudo em Jerusalém logo antes de sua crucificação. Esteve em outros lugares de Israel, chegando a passar brevemente por Tiro e por Sidom, cidades da Fenícia.[94][95]

Mandamentos

Os principais temas da pregação de Jesus foram, de acordo com os Evangelhos, o anúncio do Reino de Deus, o perdão divino dos pecados e o amor de Deus.[96] Expostos, entre outros, nas inúmeras parábolas e acções de Jesus, no Pai-Nosso,[97] nas Bem-aventuranças[98] e na chamada regra de ouro.[99] Jesus resumiu também "toda a Lei e os Profetas" do Antigo Testamento em apenas dois mandamentos fundamentais,[100] a saber: "Amar a Deus de todo coração, de toda alma e de todo espírito e ao próximo como a ti mesmo"(Mateus 22:37-39).[100]

Além destes ensinamentos, alguns dos quais eram recorrentes nos pregadores da época, Jesus ensinou um novo, considerado por alguns radical, mandamento: "amai-vos uns aos outros, como Eu vos amo" (João 15:10).[101] Este mandamento é considerado o fundamento de todos os outros mandamentos e ensinamentos dos cristãos e, para alguns, também de toda a Revelação divina.[102]

A transfiguração

Ver artigo principal: Transfiguração (cristianismo)
Transfiguração de Jesus, de Ernesto Thomazini, na Basílica do Bom Jesus de Iguape e Nossa Senhora das Neves em Iguape (SP).

De acordo com os evangelhos sinóticos, Jesus levou três dos seus apóstolos — Pedro, João e Tiago — a um monte para orar. Enquanto lá estavam, Jesus foi transfigurado diante deles. Segundo o relato do evangelista Lucas, seu rosto brilhava como o sol e as suas roupas resplandeciam, então Elias e Moisés apareceram e conversavam com ele. Uma nuvem brilhante os cercou, e uma voz vinda do céu disse: "Este é o meu Filho amado, de quem me comprazo, a ele ouvi". Os evangelhos também afirmam que até o final de seu ministério, Jesus começou a alertar seus discípulos de sua morte e ressurreição futura.[103][104]

A paixão

Ver artigo principal: Mistério Pascal

A entrada triunfal em Jerusalém

Segundo os quatro evangelhos, Jesus foi com seus seguidores a Jerusalém para celebrar ali a festa da Páscoa. Ele entrou na cidade no lombo de um jumento.[nota 29] Foi recebido por uma multidão, que o aclamou como "filho de Davi".[105] Nos evangelhos de Lucas e João, também é chamado de rei.

Segundo Lucas, alguns dos fariseus, ouvindo o clamor da multidão dos discípulos, chegaram a pedir a Jesus que os repreendesse. Jesus então responde aos fariseus dizendo: "Se eles se calarem, as próprias pedras clamarão" (Lucas 19:40).

Ceia anterior à crucificação

Ver artigo principal: Última Ceia
A Última Ceia, de Leonardo da Vinci, 1495-1497

Segundo os sinóticos, Jesus celebrou a páscoa com seus apóstolos — evento chamado pela tradição cristã de "A Última Ceia". Durante a comemoração, Jesus predisse que seria traído por um dos seus apóstolos, Judas Iscariotes. Ao servir o pão, ele disse: "Tomai e comei, este é o meu corpo", logo após, pegou um cálice e disse: "bebei todos, este é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que será derramado para a remissão dos pecados".[106]

O Evangelho segundo João oferece maiores detalhes sobre os momentos da última ceia entre os capítulos 13 e 17, relatando o momento em que Jesus lavou os pés dos discípulos com água, os diálogos com os apóstolos, os últimos ensinamentos que transmitiu antes de morrer e a oração sacerdotal.

A prisão

Mais tarde, na mesma noite, segundo os sinóticos, Jesus teria ido para o jardim de Getsêmani, na encosta do monte das Oliveiras, em frente ao Templo, para orar. Três discípulos — Pedro, Tiago e João — faziam-lhe companhia.

Judas havia realmente traído Jesus, e o entregou aos sacerdotes e aos anciãos de Jerusalém, que pretendiam prendê-lo, por trinta moedas de prata.[107] Acompanhado por um grupo de homens armados, Judas chegou ao jardim enquanto Jesus orava, para prendê-lo. Ao beijá-lo na face, revelou a identidade de Jesus e este foi preso. Por parte de seus seguidores houve um princípio de resistência, mas depois todos se dipersaram e fugiram.[108][nota 30]

O julgamento

Ecce Homo ("Eis o homem"!), Pôncio Pilatos ao apresentar Jesus Cristo aos judeus. Obra do pintor italiano Antonio Ciseri (1821-1891)

Os soldados levaram Jesus para a casa do Sumo Sacerdote.[109] A lei judaica não permitia que o Sinédrio, a suprema corte judaica, se reunisse durante o Pessach[110] e a lei romana proibia que se condenasse um homem à morte.[110] Jesus foi acusado primeiramente de ameaçar destruir o templo, mas as testemunhas entraram em desacordo.[111] Depois, perguntaram a Jesus se ele era o Messias, o Filho de Deus e rei dos judeus. Jesus respondeu que era,[112] e foi então acusado de blasfemar ao dizer-se Deus.

Após isso, os líderes judeus levaram Jesus à presença de Pôncio Pilatos,[113] que então governava a província romana da Judéia.[114] Acusavam-no de estar traindo Roma ao dizer-se rei dos judeus. Como Jesus era galileu, Pilatos enviou-o a Herodes Antipas[115] — filho de Herodes, o Grande[116] — que governava a Galiléia.[117] Lucas conta que Herodes zombou de Jesus, [118] vestindo-o com um manto real, e devolveu-o a Pilatos [119].[115]

Era de praxe os governantes romanos libertarem um prisioneiro judeu por ocasião do Pessach. Pilatos expôs Jesus e um assassino condenado, de nome Barrabás, [120] na escadaria do palácio, e pediu à multidão que escolhesse qual dos dois deveria ser posto em liberdade. [121] A multidão voltou-se contra Jesus e escolheu Barrabás. [122] Pilatos entregou então Jesus para morrer na cruz. [123] A crucificação era uma forma comum de execução romana, aplicada, em geral, aos criminosos de classes inferiores. [124]

A crucificação

Ver artigo principal: Crucificação de Jesus, Cruz cristã
Diego Velázquez, Cristo crucificado, 1631.

Jesus foi vestido com um manto vermelho, puseram-lhe na cabeça uma coroa de espinhos e na mão uma vara de bambu. Os soldados romanos zombavam dele dizendo: "Salve o Rei dos Judeus".[125] A seguir, espancaram-no e cuspiram nele. Forçaram-no a carregar a própria cruz, até um lugar chamado Gólgota. [nota 31] Ao vê-lo perder as forças, ordenaram a um homem, de nome Simão Cireneu, que tomasse da cruz e a carregasse durante parte do caminho.

Conduzido para fora da cidade, Jesus foi pregado na cruz pelos soldados romanos. João conta que escreveram no alto da cruz a frase latina "Iesus Nazarenus Rex Iudeorum".[nota 32] Puseram a cruz de Jesus entre as de dois ladrões. [126][nota 33] Antes de morrer, Jesus exclamou: "Elí, Elí, lamá sabactani" que traduzido seria "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" (Mateus 27:46). Depois de três horas, Jesus morreu. José de Arimatéia e Nicodemos puseram o seu corpo num túmulo recém-aberto, e o fecharam com uma pedra.

A ressurreição

A ressurreição de Cristo, por Raffaello Sanzio, 1500. MASP

Os Evangelhos contam que, no domingo de manhã, Maria Madalena foi bem cedo ao túmulo de Jesus, onde encontrou a pedra fora do lugar e o sepulcro vazio. Depois disso, Jesus apareceu a ela e a Simão Pedro. Dois discípulos viram-no na estrada de Emaús.

Entretanto, os evangelhos discordam em relação a quantidade de pessoas que foram com Maria Madalena naquela manhã. João 20:1 faz referência apenas a uma pessoa, Mateus 28:1 cita Maria Madalena e a outra Maria. Marcos 16:1 faz referências a Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e Salomé, já Lucas 24:1, 2, 3 e 10 não deixa tão evidente a quantidade de pessoas.

Os Evangelhos dizem que os onze apóstolos fiéis encontraram-se com ele, primeiro em Jerusalém e depois na Galiléia onde chegou a ser visto por algumas centenas de pessoas. Porém, é o relato de Mateus que mais oferece detalhes sobre os acontecimentos que envolveram o momento da ressurreição.

Segundo o Evangelho de Mateus, a ressurreição de Jesus teria sido precedida de um grande terremoto em razão da remoção da pedra que estava na entrada do sepulcro:

No mesmo Evangelho é informado também que os líderes judeus da época teriam subornado os guardas para que contassem uma versão diferente, ou seja, que os discípulos teriam levado o corpo de Jesus enquanto os vigias dormiam. [127]

Além dos quatro Evangelhos e do livro de Atos dos Apóstolos, há outras fontes que falam da ressurreição de Jesus. Uma delas, também encontrada no Novo Testamento, seria um breve relato de Paulo nos versos de 3 a 8 do capítulo 15 em sua primeira epístola aos coríntios, escrita por volta do ano 55 da era cristã, onde o apóstolo menciona duas outras aparições de Jesus após a sua ressurreição, não registadas nos Evangelhos. Numa delas, Jesus teria sido visto por mais de quinhentas pessoas. Na outra ocasião, teria aparecido ao seu parente Tiago, [128][129] o qual, após esta experiência, teria se tornado um seguidor e líder da Igreja de Jerusalém, escrevendo ainda um dos livros do Novo Testamento.[129]

A ascensão

Ver artigo principal: Ascensão de Jesus
Garofalo: Ascensão de Cristo, 1510-20.

A ascensão de Jesus é relatada nos Evangelhos de Marcos e de Lucas, além de constar no começo do livro de Atos dos Apóstolos, o qual também foi escrito por Lucas.

Em Atos, Lucas narra que Jesus, após ressuscitar, apareceu durante quarenta dias aos apóstolos, passando-lhes ensinamentos e confirmando que receberiam o Espírito Santo. Prossegue o evangelista informando que, após esses dias, Jesus foi elevado às alturas até ser encoberto por uma nuvem.

Marcos, em seu resumido Evangelho, apenas comenta que Jesus, depois de ter falado aos seus discípulos, foi recebido nos céus e se assentou à direita de Deus. É Lucas quem dá mais detalhes sobre esse momento, informando ter sido em Betânia que Jesus se despediu de seus discípulos, abençoando-os enquanto era elevado ao céu (Lucas 24:50-52).

Por sua vez, em Atos, o seu segundo livro, Lucas relata que, durante a ascensão de Jesus, os discípulos permaneceram olhando para o céu até que tiveram a visão de dois anjos que lhe indagaram sobre aquela atitude, os quais teriam proferido as seguintes palavras:

Diferente da ocasião da dramática morte de Jesus na cruz, Lucas diz que os discípulos não ficaram entristecidos com a aparente separação ocorrida na ascensão, mas retornaram felizes para Jerusalém.

Já nos Evangelhos escritos pelos apóstolos Mateus e João, não há nenhuma descrição sobre a ascensão de Jesus. Em Mateus, por exemplo, o texto termina na segunda parte do seu último verso com a frase de que Jesus permanecerá todos os dias com os seus discípulos até o fim do mundo (Mateus 28:20).

Mesmo depois da ascensão, as obras que compõem o Novo Testamento trazem outros relatos de aparições de Jesus, como ocorre na conversão de Saulo e também na visão de João quando o apóstolo é arrebatado aos céus durante sua prisão em Patmos [130] e recebe a missão de escrever o Apocalipse.[131]

Relíquias de Jesus

Detalhes do Sudário: A esquerda o retrato real, a direita um negativo em preto e branco.

Segundo a tradição católica e ortodoxa, que não foi aceita pelos protestantes, existem muitas relíquias atribuídas a Jesus. É discutido que algumas dessas relíquias sejam falsificações medievais. [132][133][134]

Na contemporaneidade, a mais conhecida, estudada e discutida[135] relíquia de Jesus é o Sudário (σινδών, sindón, que significa "pano" em grego), atualmente armazenados em Turim e de posse pessoal do Papa. Segundo a tradição, é o pano em que estava envolto o corpo de Jesus no túmulo. O tecido é de linho e mede 442 x 113 cm. Apresenta uma dupla imagem (frente e verso) de um homem com barba, bigode e cabelos compridos, ostentando as marcas no corpo correspondente à descrição da paixão: marcas de flagelação, a coroa de espinhos, mãos e pés perfurados por pregos e a ferida por lança ao lado. O quadro não é uma pintura, mas o resultado de um gradual amarelecimento da fibra têxtil - como se fosse um negativo de um filme fotográfico.[nota 34] Na parte mais profunda das feridas há vestígios de sangue tipo AB.

As outras relíquias atribuídas a Jesus são os supostos restos do corpo de Jesus (incluindo vários traços de sangue, uma costela e os restos da circuncisão de Jesus - o Santo prepúcio) e os objetos com os quais ele entrou em contato, como as lascas da cruz (uma das quais, provavelmente original encontra-se no Obelisco do Vaticano), a coroa com espinhos, a lança que o perfurou, o título que foi pregado à cruz[nota 32] e taça que ele teria usado na última ceia (o Santo Graal).

Jesus na ficção e na arte

Na arte

Cristo Pantocrator, mosaico. Catedral de Cefalù.

Num primeiro momento, a arte do cristianismo evitou representar Jesus em forma humana, preferindo invocar sua figura através de símbolos, tais como o monograma formado pelas letras gregas Χ y Ρ, iniciais do nome grego Χριστός (Cristo), a união as vezes de Α y Ω, primeira e última letras, respectivamente, do alfabeto grego, para indicar que Cristo é o princípio e o fim; o símbolo do peixe em grego (ΙΧΘΥΣ, «ikhtus», acróstico de Ἰησοῦς Χριστός, Θεοῦ Υἱός, Σωτήρ (Iesous Khristos Theos uios Soter; "Jesus Cristo Filho de Deus Salvador"). Ele também já foi representado como um cordeiro (o Cordeiro de Deus); e também em símbolos antropomórficos, como o Bom Pastor.

Mais tarde apareceram representações de Cristo, primeiro representado como um jovem, muitas vezes com o rosto de Alexandre Magno, sem barba e sem cabelos longos [136]. A partir do século IV foi representado quase exclusivamente com barba. Na arte bizantina se tornou habitual uma série de representações de Jesus. Algumas das quais com a imagem do Pantocrator, que tiveram um grande sucesso na Europa medieval.

Na literatura

Desde finais do século XIX, inúmeros autores de obras literários têm dado sua interpretação pessoal da vida de Jesus. Entre as obras mais destacadas que trataram do tema podemos citar:

O mistério da vida de Jesus também é tema de algumas obras da literatura comercial, às vezes em gêneros como a ficção ou o romance de mistério.

No cinema

A vida de Jesus de acordo com os relatos do Novo Testamento e normalmente sob um ponto de vista cristão, tem sido frequente. De fato, Jesus de Nazaré é um dos personagens mais interpretados no cinema. O primeiro filme sobre a vida de Jesus foi La vie et la passion de Jésus-Christ de Georges Hatot y Louis Lumière. [137] No cinema mudo, o filme que mais se destacou foi O Rei dos Reis (1927) de Cecil B. DeMille.

O tema foi abordado em diversas ocasiões, e de diversos pontos de vista: Desde a grandiosa produção de Hollywood O Rei dos Reis (Nicholas Ray, 1961) até as visões mais austeras de cineastas como Pier Paolo Pasolini (Il vangelo secondo Matteo, 1964). Também deram sua interpretação pessoal à figura de Jesus autores como Buñuel (Nazarín, 1958), y Dreyer (Ordet, 1954).

Alguns dos filmes mais recentes sobre a vida de Jesus não estão isentos de polêmicas. É o caso de A Última Tentação de Cristo (1988), de Martin Scorsese, baseado no romance homônimo de Nikos Kazantzakis, muito criticado por sua interpretação pouco ortodoxa de Jesus. O filme de Mel Gibson, A Paixão de Cristo (2004) recebeu a aprovação de vários setores do Cristianismo, mas foi considerado anti-semita por alguns membros da comunidade judaica. [138][139]

A personagem Jesus tem sido tratado no cinema de vários ângulos. [nota 35] Não faltam, por exemplo, interpretações satíricas da figura do criador do cristianismo, como A Vida de Brian (Terry Jones, 1979). Musicais, como o célebre Jesus Cristo Superstar (Norman Jewison, 1973), e também filmes de animação, como The Miracle Maker (Derek W. Hayes y Stanislav Sokolov, 2000).

No teatro

A vida de Jesus também tem sido levada aos palcos da Broadway e a outras partes do mundo através dos musicais. Entre as representações líricas da vida e da obra de Jesus pode-se destacar o popular musical Jesus Cristo Superstar, uma ópera rock com músicas de Andrew Lloyd Webber e arranjos de Tim Rice, representada pela primeira vez em 1970, e que posteriormente viria a se espalhar pelo resto do planeta.[140] Também se destaca a peça de teatro Godspell, com música de Stephen Schartz e arranjos de John-Michael Tebelak, que foi encenada pela primeira vez também em 1970. [141] No [[teatro] do Brasil, destaca-se Auto da Compadecida, peça de Ariano Suassuna escrita em 1955 e publicada em 1957, que retrata um jesus negro.

Notas

  1. Segundo os evangelhos de Lucas e Mateus. Contudo alguns estudiosos afirmam que ele possa ter nascido em Nazaré.
  2. De acordo com o Novo Testamento, ele ressuscitou no terceiro dia após sua morte.
  3. a b O nome Jesus é a versão portuguesa da forma grega Ίησους, transliterado Iēsous que por sua vez é a tradução do nome hebraico Yeshua, que por ser filho de Maria e de José, o carpinteiro, em Belém, é reconhecido oficialmente na genealogia da Casa Real de David como Yeshua ben Yoseph, ou seja, "Jesus, filho de José".
  4. Jesus também é conhecido como Jesus de Nazaré, Jesus Nazareno ou Jesus da Galiléia, os cristãos o chamam de Jesus Cristo e os muçulmanos o conhecem por Isa.
  5. Há muitas controvérsias sobre a datação do papiro 7Q5 encontrado em Qumran, que remontaria a 50 d.C.: Segundo alguns estudiosos, ele contém Marcos 6:52-53, mas a necessidade de justificar as muitas incoerências com o texto tradicional extraído dos outros papiros lhe tirou o título que, se confirmado, iria se aproximar da suposta data de composição do Evangelho segundo Marcos.
  6. A datação do primeiro século é proposta pela maioria dos estudiosos cristãos. Veja, por exemplo, a datação da Traduction Oecuménique de la Bible (1975-1976): Mateus teria sido escrito por volta de 80-90 d.C. (p. 2175), Marcos por volta de 65-70 (p. 2261), Lucas entre 80-90 (p. 2317) e João dataria do fim do século I (p. 2414).
  7. Citação: Luigi Moraldi escreveu: «O valor histórico direto [dos apócrifos com relação à Jesus e a origem da Igreja] é, geralmente, muito tênue, e na maioria das vezes nulo.»
  8. Citação: Luigi Moraldi escreveu: «[Os apócrifos nos permitem] um contato direto com os sentimentos, estados de espírito, reações, ansiedades e ideais de muitos cristãos do Oriente e Ocidente. Isto revela tendências, padrões morais e religiosos de muitas igrejas, ou pelo menos de grande parte delas, complementando informações, e, por vezes, adaptando a forma como vemos tais comunidades.»
  9. Veja também o artigo Gnosticismo.
  10. Nos relatos de Toledot Yeshu, elementos dos Evangelhos sobre Jesus são conflitados com descrições dos indivíduos chamados pelo nome de "Yeshu" no Talmud. Tais narrativas explicam a designação Yeshu como um acrônimo da frase hebraica ימח שמו וזכרו - Yemach Shemô Vezichrô - Seja apagado seu nome e sua memória.
  11. À época, a Palestina estava sob dominação do Império Romano.
  12. Veja também o artigo Jesus Cristo.
  13. O Jesus teológico pode ser entendido como a figura de Jesus segundo a .
  14. Citação: Robert E. Van Voorst escreveu: «A tese da não-historicidade tem sido controversa e até hoje não conseguiu convencer muitos estudiosos das disciplinas e credos religiosos. Os acadêmicos bíblicos e os historiadores clássicos agora a consideram efetivamente refutada.»
  15. Citação: Walter P. Weaver escreveu: «A negação da historicidade de Jesus nunca chegou a convencer um grande número de pessoas, nem na primeira parte do século.»
  16. Ou seja, que ele teria sido realmente enviado por Deus
  17. A Trindade cria um problema para Maomé: o politeísmo contra o qual ele tanto lutou. Aceitar que um Deus pode ser um e três ao mesmo tempo é um problema desde o início (a única doutrina da trindade que Maomé conheceu foi a dos coliridianos). No entanto, as suas posições são parecidas com a do próprio Concílio de Latrão, que visa corrigir a crença de que Jesus é o Filho de Deus em um sentido humano. Então, há quem veja semelhanças, mas ainda assim há diferenças. Eles estão incrédulos, dizem que Deus é o terceiro de uma tríade. Não há mais divindade, apenas um só Deus. … O Messias, filho de Maria, não é nada mais do que um mensageiro. (Sura Al-Ma'ida, ayat 77 à 79)
  18. Um personagem chamado Yeishu (Jeshu ou em hebraico: יש"ו) é mencionado nos antigos textos rabínicos, incluindo o Talmud babilônico, elaborado no início do século VII, e da literatura Midrash, elaborada entre os séculos III e VIII. O nome é semelhante mas não idêntico à Yeshua, que é considerado por muitos autores com o nome original de Jesus em aramaico. Além disso, em vários manuscritos do Talmud babilônico aparece com o apelido "ha-Notztri", que pode significar "o Nazareno." Por este motivo, e por certas semelhanças entre a história de Jesus contada pelos cristãos e os Evangelhos de Yeishu citado no Talmud, alguns autores têm identificado os dois personagens. No entanto, existem divergências sobre este ponto. Nos textos rabínicos, Yeishu é caracterizado por um ponto de vista negativo: ele aparece como um malandro que incentiva os judeus a apostatar de sua religião.
  19. Levando em conta que o cristianismo está muito longe de ter uma unidade de crenças e dogmas, para falar de Jesus no Cristianismo, teríamos de descrever os vários entendimentos da pessoa de Jesus pelos diferentes ramos do cristianismo, também chamados de denominações cristãs. Embora todas estas idéias sejam perfeitamente aceitáveis como pressupostos de fé, expor a todas elas em pé de igualdade levaria a um certo relativismo que não levaria em conta que algumas crenças são majoritárias e outras particulares, que algumas foram abandonadas depois de muito estudo e reflexão e outras foram consideradas heresias desde o início.
  20. A ressurreição de Jesus Cristo de Nazaré é um dos únicos fatos que distingue o cristianismo das outras religiões gregas. Se, para essas últimas, o tempo é uma inteligência circular e repetitiva, que se sucede por meio do eterno retorno, o cristianismo assume desde o início um conceito linear de tempo em que a ressurreição é um marco histórico único sobre a história passada e futura. Veja também o livro de Henry Puech, El tiempo en el cristianismo
  21. Em contraste com os conceitos científicos que consideram o homem como o pináculo da evolução natural, a teologia cristã acredita que o homem é espiritualmente caído.
  22. A natureza de Deus (incriada) e da natureza do homem (criatura) estão separadas pelo abismo ontológico da criação ex nihilo
  23. A necessidade do pecado é natural à natureza decaída do ser humano
  24. Entendida sobretudo no sentido ontológico (deixar de ser).
  25. Veja os artigos Deus no cristianismo e Unitarianismo.
  26. Veja o artigo União hipostática.
  27. São bastante singulares, como por exemplo, as crenças sobre Jesus Cristo da Igreja da Unificação, que afirma que Jesus não é Deus, mas simplesmente um homem "Refletindo Deus", nascido de uma relação adúltera entre Maria e Zacarias, e que falhou em sua missão de salvação: para eles, a crucificação de Jesus testemunha o fracasso do cristianismo.
  28. Seus relatos estão no livro Testimonium Flavianum, que é considerado pelos cristãos como uma fonte que comprova a existência histórica de Jesus
  29. Cumprindo assim a profecia de Zacarias que diz: "Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta." Zacarias 9:9
  30. O relato de João traz variantes significativas: Não se cita o Getsêmani como o lugar da prisão, e sim um horto do outro lado do ribeiro de Cedrom. A detenção de Jesus é feita por uma corte romana e Jesus não é denunciado por Judas, ele mesmo se entrega
  31. Em aramaico Gólgota significa "Lugar das caveiras".
  32. a b Esta seria a inscrição que Pilatos teria mandando pregar à cruz de cristo. Ela foi escrita em três línguas: em grego (ιησους ο ναζωραιος ο βασιλευς των ιουδαιων), em latim (IESVS•NAZARENVS•REX•IVDÆORVM) e em hebraico: (ישוע הנצרי ומלך היהודים) e a sua tradução seria: Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus.
  33. João não menciona Simão Cireneu e afirma que Jesus foi crucificado entre duas pessoas mas não diz se são ladrões.
  34. Alguns têm falado do Sudário como uma foto Polaroid da ressurreição.
  35. Veja também o anexo Lista de atores que interpretaram Jesus Cristo no cinema e na televisão

Referências

  1. a b c d A maioria dos historiadores e eruditos bíblicos definem as datas de nascimento e morte de Jesus nesse período. Entre eles: D. A. Carson, Douglas J. Moo e Leon Morris. An Introduction to the New Testament. Grand Rapids, MI: Zondervan Publishing House, 1992, 54, 56
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Bibliografia

Ver também

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