Ramal da Alfândega
Ramal da Alfândega | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Comprimento: | 3,896 km | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Bitola: | Bitola larga | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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O Ramal da Alfândega é uma curta via ferroviária, em bitola ibérica, que liga, no sudeste da cidade do Porto, em Portugal, a estação de Porto Campanhã ao Terminal de Porto-Alfândega; encontra-se, actualmente, totalmente encerrado ao tráfego.[1]
Caracterização
Este ramal tem uma extensão de 3,896 km[1], tendo sido utilizado, unicamente, por serviços de mercadorias.
As obras de arte presentes neste ramal são duas pontes, uma sobre a Rua do Freixo e outra sobre a Rua da China, e três túneis: Alfândega I (80 m), Alfândega II (23 m) e Alfândega III (1320 m).
História
Antecedentes
O primeiro troço da Linha do Minho, construído em bitola ibérica, foi inaugurado em 20 de Maio de 1875, ligando as cidades do Porto e Braga.
Construção e inauguração
A Alfândega do Porto era, no século XIX, um local de grande movimento comercial marítimo, pelo que era de grande interesse a sua ligação à rede ferroviária nacional.[1]
Um decreto-lei, publicado em 23 de Junho de 1880, estabeleceu a construção de um ramal ferroviário entre a estação do Pinheiro, em Campanhã, e a Alfândega do Porto, e da respectiva estação terminal.[1][2]
O estudo do projecto foi da responsabilidade de Justino Teixeira, que se baseou num trabalho inicial de Mendes Guerreiro.[1] O projecto foi aprovado em 9 de Outubro de 1880[1] e os trabalhos de construção iniciaram-se a 17 de Julho de 1881[2], sendo o ramal inaugurado a 20 de Novembro de 1888.[1][2]
Prolongamento do Ramal até Leixões
Uma Carta de Lei de 29 de Agosto do 1889 estabeleceu que a companhia que obtivesse a futura exploração do Porto de Leixões devia construir uma ligação ferroviária entre este porto e o Ramal da Alfândega; no entanto, uma representação de comerciantes e industriais do Porto publicou uma declaração no jornal O Primeiro de Janeiro em 28 de Setembro de 1904, pedindo ao governo para construir a ligação por Leixões através de Contumil em vez da Alfândega.[3] O argumento utilizado foi que esta solução seria mais vantajosa para as regiões do Minho e Douro, e que o Ramal da Alfândega não detinha capacidade para mais tráfego.[3]
Em 15 de Abril de 1903, o governo ordenou que a Direcção do Minho e Douro iniciasse a elaboração dos estudos e orçamentos necessários ao prolongamento do Ramal até Leixões, uma vez que a Companhia das Docas do Porto e dos Caminhos de Ferro Peninsulares tornou-se proprietária da exploração do Porto de Leixões, e, assim, incumbida da construção deste projecto.[4] O projecto, elaborado pelos engenheiros Eleutério da Fonseca e Alves de Sousa, incluía a construção de uma estação em Leixões, que servisse, igualmente, a Linha de Circunvalação do Porto, que ligava a área portuária à estação de Contumil, na Linha do Minho.[1][5] A 1 de Julho desse ano, foi publicado um decreto das Cortes Gerais, que previa que a ligação entre a Alfândega e Leixões devia ser construída pela Associação Commercial do Porto, caso a Companhia das Docas do Porto e dos Caminhos de Ferro Peninsulares não realizasse este projecto nos prazos estipulados.[6]
O prolongamento do Ramal até Leixões voltou a ser discutido com a construção do Porto de Leixões, em 1892, tendo sido defendido pela Associação Comercial de Porto.[1]
Declínio e Encerramento
A inauguração do Porto de Leixões levou à perda de importância, como terminal de embarque e desembarque de mercadorias, da Alfândega do Porto[1], começando a pôr em causa a viabilidade do Ramal da Alfândega.[1]
Ainda assim, a ligação entre a Alfândega e Leixões era um dos projectos abrangidos numa lei de financiamento para construção de novas linhas, publicada em 14 de Julho de 1899[7]; e, em 1902, decorreram obras de duplicação da via neste ramal, como forma de reduzir os problemas de tráfego na estação de Campanhã.[8] O relatório de 1931-1932 da Direcção-Geral de Caminhos de Ferro incluiu, no seu programa de melhoramentos a realizar nas linhas do estado, a renovação de via entre Campanhã e Ermesinde e no Ramal da Alfândega.[9]
A cada vez mais reduzida actividade do ramal, aliada à dificuldade do traçado, bem como a pouca importância no sistema ferroviário nacional[1], levou ao seu encerramento em Junho de 1989.[10]
Século XXI
O ramal está totalmente encerrado ao tráfego[2], mas o seu traçado, apesar de abandonado, está quase intacto.[11]
Um grupo de entusiastas, associados no GARRA - Grupo de Acção para a Reabilitação do Ramal da Alfândega,[12] defende a reabilitação do ramal, sugerindo, entre outros, o prolongamento do serviço de passageiros da Linha de Leixões até Porto-Alfândega, criando-se uma exploração comercial, pela CP Porto do itinerário Porto-Alfândega - Porto Campanhã - Contumil - São Gemil - Leixões.[13]
Encontra-se, também, em estudo, a construção da “Ciclovia das Fontaínhas” (com ligação à “Ciclovia da Marginal”) que transformaria parte do percurso do ramal em ciclovia.[14]
Ver também
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l Silva, J.R. e Ribeiro, M. (2009). Os comboios de Portugal - Volume II. 2ª Edição.Terramar.Lisboa
- ↑ a b c d «Ramal da Alfândega - Datas». Garra. Consultado em 1 de Janeiro de 2010
- ↑ a b «Linha de Circumvallação do Porto» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 18 (424). 243 páginas. 16 de Agosto de 1905. Consultado em 22 de Abril de 2010
- ↑ «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 18 (369). 146 páginas. 1 de Maio de 1903. Consultado em 22 de Abril de 2010
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (373). 228 páginas. 1 de Julho de 1903. Consultado em 22 de Abril de 2010
- ↑ «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (374): 237, 238. Consultado em 23 de Abril de 2010 Texto "16 de Julho de 1903" ignorado (ajuda)
- ↑ «A Proposta de Lei sobre Construcção de Caminhos de Ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (368): 3,4. 1903. Consultado em 22 de Abril de 2010
- ↑ «Balanço Ferro-viário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (361): 5,6. 1903. Consultado em 22 de Abril de 2010
- ↑ «Direcção-Geral de Caminhos de Ferro Relatório de 1931-1932» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1109). 127 páginas. 1 de Março de 1934. Consultado em 14 de Maio de 2012
- ↑ MAYER, Jorge (21 de Fevereiro de 2005). «Ramal da Alfândega-Campanhã (existente desde 1888)». Consultado em 1 de Janeiro de 2010
- ↑ «Ramal da Alfândega - Fotos». GARRA - Grupo de Acção para a Reabilitação do Ramal da Alfândega. Consultado em 1 de Janeiro de 2010
- ↑ «GARRA - Grupo de Acção para a Reabilitação». Consultado em 1 de Janeiro de 2010
- ↑ «Ramal da Alfândega - Propostas». GARRA - Grupo de Acção para a Reabilitação do Ramal da Alfândega. Consultado em 1 de Janeiro de 2010
- ↑ OLIVEIRA, Carlos Manta (1 de Setembro de 2009). «Ramal da Alfândega». Consultado em 1 de Janeiro de 2010
Ligações externas
- «Fotos do Ramal da Alfândega», pelo Garra
- «Foto da linha», por José Paulo Andrade
- «Garra - Grupo de Acção para a Reabilitação do Ramal da Alfândega»