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Ramal de Vila Viçosa

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Ramal de Vila Viçosa
Estação de Estremoz
Estação de Estremoz
Estação de Estremoz
Comprimento:16 km
Bitola:Bitola larga
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R. PortalegrePortalegre
Unknown route-map component "exCONTr" Unknown route-map component "exABZlg"
L.ª ÉvoraCasa Branca
Unknown route-map component "exBHF"
175,5 Estremoz
Unknown route-map component "RP2q" + Unknown route-map component "exBUE"
× R. de São Domingos
Unknown route-map component "exRP2u"
× EN4
Unknown route-map component "exHST"
180,8 Arcos
Unknown route-map component "RP2q" + Unknown route-map component "exBUE"
Unknown route-map component "exRP4u"
× A6
Unknown route-map component "RP2q" + Unknown route-map component "exBUE"
Unknown route-map component "exRP4u"
× EN255
Unknown route-map component "exBHF"
186,8 Borba
Unknown route-map component "RP2q" + Unknown route-map component "exBUE"
× R. da Quinta da Prata
Unknown route-map component "exRP2u"
Unknown route-map component "exRP2u"
× R. Dr. Júlio Estanca
Unknown route-map component "exBHF"
191,6 Vila Viçosa
Unknown route-map component "exLUECKE"
(proj. ab.)
Unknown route-map component "exLUECKE" + Track turning from left
Continuation to right
L.ª LesteAbrantes
Station on track
Elvas
Continuation to left Track turning right
L.ª LesteBadajoz

O Ramal de Vila Viçosa é um antigo ramal ferroviário, que ligava as localidades de Vila Viçosa e Estremoz, em Portugal; foi inaugurado em 1905[1][2], tendo os serviços de passageiros sido desactivados em 1990[3], e os de mercadorias, posteriormente encerrados.

Caracterização

Com cerca de dezasseis quilómetros de extensão, este ramal atravessava os concelhos de Estremoz, Borba e Vila Viçosa.

História

Antecedentes

O caminho de ferro chegou a Évora em 14 de Setembro de 1863, pelas mãos da Companhia dos Caminhos de Ferro do Sueste; em 21 de Abril do ano seguinte, o governo contratou esta empresa para efectuar vários projectos, incluindo uma ligação ferroviária entre Évora e a Linha do Leste, no Crato, passando por Estremoz.[4] Este traçado foi contestado pelos militares, que acreditavam que, ao passar tão perto da fronteira, criaria problemas na defesa do país.[5] No entanto, a companhia passou por vários problemas de ordem financeira, o que a impossibilitou de concluir as obras, pelo que o estado abriu vários concursos para acabar as linhas; como não apareceram concorrentes, o próprio estado assumiu a responsabilidade por estes projectos, tendo o troço até Estremoz sido inaugurado em 22 de Dezembro de 1873.[3][4]

Planeamento, construção e inauguração

Com o Plano da Rede Ferroviária ao Sul do Tejo, documento oficial, publicado em 1902, com os projectos ferroviários da região a Sul do Rio Tejo, o traçado foi modificado, tendo o local de entroncamento na Linha do Leste sido alterado do Crato para Elvas, devendo a linha passar por Vila Viçosa[6]; foi, igualmente, criada uma linha alternativa, entre Évora e Ponte de Sor, na Linha do Leste, que só foi, no entanto, concluída até Mora, em 1908.[1]

Um decreto publicado em 19 de Junho de 1902 ordenou que fossem criadas duas comissões para o planeamento e construção das linhas da Rede Complementar ao Sul do Tejo, tendo uma delas se debruçado sobre, entre outros troços, a ligação entre Estremoz e Vila Viçosa.[7] A construção do troço entre Estremoz e Vila Viçosa foi autorizada em 28 de Novembro desse ano[6], podendo as obras começar após o projecto ser aprovado; este plano apresentava uma linha com cerca de 24 quilómetros de extensão, de construção fácil, que saía da estação de Ameixial, e detinha estações em Estremoz, Borba e Vila Viçosa.[6] A autarquia de Vila Viçosa providenciou, para o projecto, 10 contos de réis, e todas as expropriações que fossem necessárias no concelho, enquanto que a de Borba apenas tratou das expropriações; nesta data, também se esperava auxílio financeiro da parte das Câmaras de Estremoz e Alandroal, através da atribuição de subsídios.[8] O projecto, e o respectivo orçamento, no valor de 299.000 réis, foram aprovados pelo estado a 29 de Novembro.[9]

O estado decretou, a 1 de Julho de 1903, que a a construção deste troço tivesse o apoio financeiro do Fundo Especial dos Caminhos de Ferro do Estado[10], tendo as obras sido autorizadas por uma lei de 11 de Julho; em 10 de Setembro, o governo ordenou que as obras se iniciassem imediatamente.[11] Em 17 de Novembro do mesmo ano e a 15 de Janeiro de 1904, tiveram lugar vários concursos para a execução de terraplanagens, e construção de obras de arte neste troço.[12][13]

A 2 de Abril de 1905, o estado aprovou o projecto e o respectivo orçamento para a construção do Apeadeiro de Arcos.[14] Nesse mês, o ramal já se encontrava construído[15], e, em Julho, uma comissão técnica examinou o ramal, desde a antiga estação de Estremoz em Ameixial até Vila Viçosa, tendo-o considerado em condições. A construção do ramal foi, geralmente, bastante fácil, sem quaisquer obras de arte de grandes dimensões, tendo apenas surgido algumas dificuldades no corte de uma trincheira, devido à dureza de uma pedra que a constituía; os materiais de via para o troço entre Estremoz e Vila Viçosa vieram por estrada, tendo sido utilizada uma zorra para o assentamento.[16] Após a entrega do parecer da comissão técnica, o estado ordenou, em 29 de Julho, que o ramal fosse, provisoriamente, aberto à exploração[17]; a abertura oficial à exploração deu-se no dia 1 de Agosto.[4]

Declínio e encerramento

O serviço de passageiros foi encerrado a 1 de Janeiro de 1990, tendo permanecido o tráfego de mercadorias.[3] O Ramal foi, posteriormente, encerrado na sua totalidade.

Ver também

Referências

  1. a b Martins et al, 1996:12
  2. História de Portugal em Datas, 1994:252
  3. a b c BLÁZQUEZ, José Luís Torres (1992). «El Museo de Ferrocarril de Estremoz». Madrid: Resistor, S. A. Maquetren (em espanhol). 2 (8). 13 páginas 
  4. a b c TORRES, Carlos Manitto (1 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário». Lisboa: Gazeta dos Caminhos de Ferro. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1683): 76, 78 
  5. «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (341). 1 de Março de 1902. 14 páginas 
  6. a b c SOUSA, José (1 de Dezembro de 1902). «A rêde ferro-viaria ao Sul do Tejo» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (359). 355 páginas. Consultado em 12 de Junho de 2011 
  7. «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (349). 1 de Julho de 1902. 14 páginas 
  8. «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (357). 1 de Novembro de 1902. 14 páginas 
  9. «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (360). 16 de Dezembro de 1902. 12 páginas 
  10. «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (374). 16 de Julho de 1903. pp. 5, 6 
  11. «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (378). 16 de Setembro de 1903. pp. 4, 5 
  12. «Arrematações» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (381). 1 de Novembro de 1903. pp. 14, 15 
  13. «Arrematações» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (384). 16 de Dezembro de 1903. 14 páginas 
  14. «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 18 (416). 16 de Abril de 1905. 6 páginas 
  15. SOUZA, José Fernando de (16 de Abril de 1905). «Ligações com a rêde espanhola» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 18 (416). 4 páginas 
  16. «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 18 (423). 1 de Agosto de 1905. 13 páginas 
  17. «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 18 (424). 16 de Agosto de 1905. 6 páginas 
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  • História de Portugal em Datas. [S.l.]: Círculo de Leitores, Lda. e Autores. 1994. 480 páginas. ISBN 972-42-1004-9 
  • MARTINS, João Paulo, BRION, Madalena, SOUSA, Miguel de, LEVY, Maurício, AMORIM, Óscar (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. [S.l.]: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas 
  • VIEGAS, Francisco José (1988). Comboios Portugueses. Um Guia Sentimental. Lisboa: Círculo de Editores. 185 páginas 

Ligações externas