Ramal de Vila Viçosa
Ramal de Vila Viçosa | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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![]() Estação de Estremoz | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Comprimento: | 16 km | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Bitola: | Bitola larga | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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O Ramal de Vila Viçosa é um antigo ramal ferroviário, que ligava as localidades de Vila Viçosa e Estremoz, em Portugal; foi inaugurado em 1905[1][2], tendo os serviços de passageiros sido desactivados em 1990[3], e os de mercadorias, posteriormente encerrados.
Caracterização
Com cerca de dezasseis quilómetros de extensão, este ramal atravessava os concelhos de Estremoz, Borba e Vila Viçosa.
História
Antecedentes
O caminho de ferro chegou a Évora em 14 de Setembro de 1863, pelas mãos da Companhia dos Caminhos de Ferro do Sueste; em 21 de Abril do ano seguinte, o governo contratou esta empresa para efectuar vários projectos, incluindo uma ligação ferroviária entre Évora e a Linha do Leste, no Crato, passando por Estremoz.[4] Este traçado foi contestado pelos militares, que acreditavam que, ao passar tão perto da fronteira, criaria problemas na defesa do país.[5] No entanto, a companhia passou por vários problemas de ordem financeira, o que a impossibilitou de concluir as obras, pelo que o estado abriu vários concursos para acabar as linhas; como não apareceram concorrentes, o próprio estado assumiu a responsabilidade por estes projectos, tendo o troço até Estremoz sido inaugurado em 22 de Dezembro de 1873.[3][4]
Planeamento, construção e inauguração
Com o Plano da Rede Ferroviária ao Sul do Tejo, documento oficial, publicado em 1902, com os projectos ferroviários da região a Sul do Rio Tejo, o traçado foi modificado, tendo o local de entroncamento na Linha do Leste sido alterado do Crato para Elvas, devendo a linha passar por Vila Viçosa[6]; foi, igualmente, criada uma linha alternativa, entre Évora e Ponte de Sor, na Linha do Leste, que só foi, no entanto, concluída até Mora, em 1908.[1]
Um decreto publicado em 19 de Junho de 1902 ordenou que fossem criadas duas comissões para o planeamento e construção das linhas da Rede Complementar ao Sul do Tejo, tendo uma delas se debruçado sobre, entre outros troços, a ligação entre Estremoz e Vila Viçosa.[7] A construção do troço entre Estremoz e Vila Viçosa foi autorizada em 28 de Novembro desse ano[6], podendo as obras começar após o projecto ser aprovado; este plano apresentava uma linha com cerca de 24 quilómetros de extensão, de construção fácil, que saía da estação de Ameixial, e detinha estações em Estremoz, Borba e Vila Viçosa.[6] A autarquia de Vila Viçosa providenciou, para o projecto, 10 contos de réis, e todas as expropriações que fossem necessárias no concelho, enquanto que a de Borba apenas tratou das expropriações; nesta data, também se esperava auxílio financeiro da parte das Câmaras de Estremoz e Alandroal, através da atribuição de subsídios.[8] O projecto, e o respectivo orçamento, no valor de 299.000 réis, foram aprovados pelo estado a 29 de Novembro.[9]
O estado decretou, a 1 de Julho de 1903, que a a construção deste troço tivesse o apoio financeiro do Fundo Especial dos Caminhos de Ferro do Estado[10], tendo as obras sido autorizadas por uma lei de 11 de Julho; em 10 de Setembro, o governo ordenou que as obras se iniciassem imediatamente.[11] Em 17 de Novembro do mesmo ano e a 15 de Janeiro de 1904, tiveram lugar vários concursos para a execução de terraplanagens, e construção de obras de arte neste troço.[12][13]
A 2 de Abril de 1905, o estado aprovou o projecto e o respectivo orçamento para a construção do Apeadeiro de Arcos.[14] Nesse mês, o ramal já se encontrava construído[15], e, em Julho, uma comissão técnica examinou o ramal, desde a antiga estação de Estremoz em Ameixial até Vila Viçosa, tendo-o considerado em condições. A construção do ramal foi, geralmente, bastante fácil, sem quaisquer obras de arte de grandes dimensões, tendo apenas surgido algumas dificuldades no corte de uma trincheira, devido à dureza de uma pedra que a constituía; os materiais de via para o troço entre Estremoz e Vila Viçosa vieram por estrada, tendo sido utilizada uma zorra para o assentamento.[16] Após a entrega do parecer da comissão técnica, o estado ordenou, em 29 de Julho, que o ramal fosse, provisoriamente, aberto à exploração[17]; a abertura oficial à exploração deu-se no dia 1 de Agosto.[4]
Declínio e encerramento
O serviço de passageiros foi encerrado a 1 de Janeiro de 1990, tendo permanecido o tráfego de mercadorias.[3] O Ramal foi, posteriormente, encerrado na sua totalidade.
Ver também
Referências
- ↑ a b Martins et al, 1996:12
- ↑ História de Portugal em Datas, 1994:252
- ↑ a b c BLÁZQUEZ, José Luís Torres (1992). «El Museo de Ferrocarril de Estremoz». Madrid: Resistor, S. A. Maquetren (em espanhol). 2 (8). 13 páginas
- ↑ a b c TORRES, Carlos Manitto (1 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário». Lisboa: Gazeta dos Caminhos de Ferro. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1683): 76, 78
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (341). 1 de Março de 1902. 14 páginas
- ↑ a b c SOUSA, José (1 de Dezembro de 1902). «A rêde ferro-viaria ao Sul do Tejo» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (359). 355 páginas. Consultado em 12 de Junho de 2011
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (349). 1 de Julho de 1902. 14 páginas
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (357). 1 de Novembro de 1902. 14 páginas
- ↑ «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (360). 16 de Dezembro de 1902. 12 páginas
- ↑ «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (374). 16 de Julho de 1903. pp. 5, 6
- ↑ «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (378). 16 de Setembro de 1903. pp. 4, 5
- ↑ «Arrematações» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (381). 1 de Novembro de 1903. pp. 14, 15
- ↑ «Arrematações» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (384). 16 de Dezembro de 1903. 14 páginas
- ↑ «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 18 (416). 16 de Abril de 1905. 6 páginas
- ↑ SOUZA, José Fernando de (16 de Abril de 1905). «Ligações com a rêde espanhola» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 18 (416). 4 páginas
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 18 (423). 1 de Agosto de 1905. 13 páginas
- ↑ «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 18 (424). 16 de Agosto de 1905. 6 páginas
- História de Portugal em Datas. [S.l.]: Círculo de Leitores, Lda. e Autores. 1994. 480 páginas. ISBN 972-42-1004-9
- MARTINS, João Paulo, BRION, Madalena, SOUSA, Miguel de, LEVY, Maurício, AMORIM, Óscar (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. [S.l.]: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas
- VIEGAS, Francisco José (1988). Comboios Portugueses. Um Guia Sentimental. Lisboa: Círculo de Editores. 185 páginas