Linha de Évora
Linha de Évora | |||||
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Informações principais | |||||
Área de operação | Portugal | ||||
Tempo de operação | 1863–Atualidade | ||||
Interconexão Ferroviária | Linha do Alentejo, em Casa Branca | ||||
Sede | Évora | ||||
Ferrovia(s) antecessora(s) Ferrovia(s) sucessora(s)
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Especificações da ferrovia | |||||
Extensão | 139,5 km | ||||
Bitola | Bitola Ibérica (1668 mm) | ||||
A Linha de Évora é uma Linha férrea que liga a Linha do Alentejo, em Casa Branca, à cidade de Évora, em Portugal. O troço entre esta estação e Estremoz encontra-se suspenso.
Caracterização
A linha atravessa os concelhos de Montemor-o-Novo, Évora, Arraiolos e Estremoz.
História
Ligação até Évora
Em 19 de Abril de 1854, foi apresentada uma consulta do Conselho Nacional de Obras Públicas, sobre um projecto do Marquês de Ficalho e de José Maria Eugénio de Almeida, como representantes da Companhia Nacional dos Caminhos de Ferro ao Sul do Tejo, para construir uma ligação ferroviária entre Aldeia Galega (actual (Montijo) e Vendas Novas; em 24 de Julho do mesmo ano, foi assinado um contrato com o governo para construir e gerir este caminho de ferro, que previa a continuação desta linha até Beja, com ramais para Évora e Setúbal. O primeiro troço, entre o Barreiro e Bombel, foi inaugurado no dia 15 de Junho de 1857[1], com uma bitola de 1,44 metros.[2]
Em Junho de 1859, no entanto, o governo apresentou ao parlamento uma nova proposta de lei, para a construção das ligações ferroviárias até Beja e Évora, a partir de Vendas Novas, mas com bitola ibérica, por ser essa a utilizada em Espanha; este projecto foi corporizado na lei de 8 de Julho de 1859, ao abrigo da qual se abriu o concurso para estas linhas.[2] No entanto, este processo não teve quaisquer concorrentes, pelo que o Estado consignou estas obras a um grupo de empresários ingleses, que formaram, para este objectivo, a Companhia dos Caminhos de Ferro do Sueste.[2] Este contrato estipulou que o troço deveria ser construído em via única, mas deveria estar desde logo pronto para receber via dupla, que seria adoptada quando a receita bruta fosse superior a 4.800 réis por quilómetro; a concessão para este troço duraria 99 anos, podendo o governo resgatá-la ao fim de 15 anos.[3] O governo concedeu, ainda, a isenção de impostos alfandegários sobre os materiais de construção durante a duração das obras, e sobre o material circulante até dois anos após as obras; segundo o contrato, a linha entre Vendas Novas e Beja e Évora tinha de estar concluída em 3 anos após o início do contrato, senão o estado tomaria conta da companhia e colocaria os bens em hasta pública.[3] Em 29 de Maio de 1860, foi publicada uma carta de lei, com o contrato para a construção da ligação ferroviária entre Vendas Novas, Beja e Évora, devendo o entroncamento das vias ser efectuado em Santiago do Escoural; o local de entroncamento foi posteriormente alterado para Casa Branca, porque permitia uma ligação mais rápida entre Beja e Vendas Novas.[3] Em 23 de Janeiro de 1861, a Companhia ao Sul do Tejo ligou Bombel a Vendas Novas, aonde a sua congénere já tinha iniciado as obras na direcção de Beja e Évora com bitola ibérica, fazendo com que esta estação ficasse com vias de bitolas diferentes, impedindo o trânsito ferroviário e obrigando os passageiros e carga a transbordos.[2]
A linha até Évora foi aberta em 14 de Setembro de 1863, enquanto que a ligação até Beja entrou ao serviço em 15 de Fevereiro do ano seguinte.[2]
Troço entre Évora e Estremoz
De forma a uniformizar as vias em todo o percurso, o governo nacionalizou a Companhia ao Sul do Tejo, e concessionou as antigas linhas desta empresa à Companhia do Sueste, segundo um contrato provisório de 21 de Abril de 1864; este documento também previa, entre outros projectos, a continuação da Linha de Évora até ao Crato, na Linha do Leste[2], passando por Estremoz, devido ao elevado número de minas nesta região, à falta de vias rodoviárias de boa qualidade, e ao facto desta ligação possibilitar um contacto directo com Espanha e França.[4] O contrato definitivo foi lavrado em 11 de Junho do mesmo ano, tendo-se iniciado as obras no troço entre Évora e Estremoz, para o futuro prolongamento ao Crato.[2]
No entanto, os problemas financeiros da Companhia impediram que esta realizasse os pagamentos devidos ao Estado, pelo que, em 1869, este tomou conta das linhas, embora a exploração das mesmas tenha continuado a ser feito pela Companhia; foi neste regime que foi aberto o troço até Estremoz, em 22 de Dezembro de 1873.[2][5]
Inauguração e expansão até Vila Viçosa
Em 6 de Outubro de 1898, foi projectada a continuação da Linha de Évora até à Linha do Leste, tendo o local de entroncamento sido alterado do Crato para Elvas, através de Vila Viçosa[6]; no entanto, apenas se construiu o troço até esta localidade, que foi aberto ao serviço em 2 de Agosto de 1905.[7]
Em 1903, além de um elevado número de composições de mercadorias, circulavam, nesta linha, 4 serviços mistos, a velocidades de 28 e 29 km/h.[8]
Suspensão da circulação no troço Évora-Estremoz
A circulação de comboios de passageiros entre as estações de Évora e Estremoz foi suspensa no início de 1988, tendo-se mantido o tráfego de mercadorias, nomeadamente cimento. Este tráfego deixou entretanto de existir e a REFER deu o troço como encerrado em 2011.
Suspensão da circulação do troço Casa Branca-Évora
A circulação ferroviária foi, a 14 de Junho de 2010, encerrada na Linha de Évora, de forma a se proceder a obras de renovação, tendo sido prevista a disponibilização de transportes alternativos[9]. Estas obras de renovação contemplaram a electrificação e renovação das vias, construção de passagens desniveladas e beneficiação de estações, tendo sido levadas a cabo nos troços entre Bombel, Vidigal, Casa Branca e Évora, totalizando aproximadamente 60 quilómetros; o valor deste investimento supera os 48 milhões de euros.[9] Este troço foi reaberto a 24 de Julho de 2011.
Referências
- ↑ Santos, 1995:109
- ↑ a b c d e f g h TORRES, Carlos Manitto (1 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1683): 75, 77. Consultado em 7 de Maio de 2012
- ↑ a b c Santos, 1995:110-111
- ↑ Santos, 1995:119-120
- ↑ BLÁZQUEZ, José Luís Torres (1992). «El Museo de Ferrocarril de Estremoz». Madrid: Resistor, S. A. Maquetren (em espanhol). 2 (8). 13 páginas
- ↑ «A rêde ferro-viaria ao Sul do Tejo». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (359). 1 de Dezembro de 1902. pp. 355, 370
- ↑ «Cronologia: 1900/1925 - 1º Quartel Séc. XX com a I Guerra Mundial pelo meio». Comboios de Portugal. Consultado em 10 de Novembro de 2010
- ↑ SOUSA, José Fernando de (1 de Abril de 1903). «As Novas Locomotivas das Linhas do Sul e Sueste». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (367): 99, 102
- ↑ a b «Linha do Alentejo/Linha de Évora». Rede Ferroviária Nacional. Consultado em 29 de Agosto de 2010
- SANTOS, Luís Filipe Rosa (1995). Os Acessos a Faro e aos Concelhos Limítrofes na Segunda Metade do Séc. XIX. Faro: Câmara Municipal. 213 páginas