Ramal de Matosinhos

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Ramal de Matosinhos
Indicador de destino, na antiga Estação de Senhora da Hora
Indicador de destino, na antiga Estação de Senhora da Hora
Indicador de destino, na antiga Estação de Senhora da Hora
Comprimento:6 km
Bitola:Bitola estreita
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Pedreiras de São Gens
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L.ª GuimarãesFafe
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MetroSete Bicas
Unknown route-map component "exSTRlg" + Waterway turning to right
03,852 Senhora da Hora
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L.ª PóvoaP.Varzim
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L.ª Póvoa→ Porto (T./B.)
Unknown route-map component "uCONTr" Unknown route-map component "xmABZlg"
Metro (linha A)
Urban stop on track
× Estádio do Mar
Unknown route-map component "exHST" + Urban straight track
05,231 Real
Unknown route-map component "uHSTq" Unknown route-map component "xmABZrf"
Metro / P.Hispano
Unknown route-map component "exHST"
06,399 Vilarinha(ant. Biquinha)
Unknown route-map component "exHST"
07,956 Prado
Unknown route-map component "exHST"
08,478 Sura-Padrão
Unknown route-map component "exABZlf" Unknown route-map component "exENDEr"
Porto de Leixões (Molhe Sul)
Unknown route-map component "exBHF"
08,930 Matosinhos
+ Unknown route-map component "CONT2"
Unknown route-map component "exÜWc3"
× L.ª LeixõesContumil
Unknown route-map component "exÜWo+r"
Unknown route-map component "exWBRÜCKE" Abbreviated in this map Unknown route-map component "exSTR"
× R. Leça
Unknown route-map component "exKBHFe" Abbreviated in this map Unknown route-map component "exSTR"
10,544 Leça
Non-passenger end station Unknown route-map component "exKDSTe"
Porto de Leixões (Doca nº1)
 Nota: Este artigo é sobre a extinta ferrovia de bitola métrica. Para Linha de Matosinhos (designação não oficial), veja Linha A (Metro do Porto).

O Ramal de Matosinhos, originalmente conhecido como Ramal de Leixões (não confundir com a Linha de Leixões), e também conhecido como Linha de Leça, foi um troço ferroviário, em bitola métrica (1,000 m), que ligava a Estação Ferroviária de Senhora da Hora, na Linha do Porto à Póvoa e Famalicão, ao Porto de Leixões, em Portugal; sucedia à Linha de São Gens, construída em 1884, que ligava as Pedreiras de São Gens ao Porto de Leixões.[1] Este Ramal foi aberto à exploração em 6 de Maio de 1893.[2]

Caracterização

Traçado

A antiga Linha de São Gens começava nas pedreiras com o mesmo nome, cruzava, em ângulo recto, a Linha do Porto à Póvoa e Famalicão na Estação de Senhora da Hora, e seguia até à zona portuária de Leixões; a ligação entre as linhas era efectuada por uma concordância, na direcção Norte, na Senhora da Hora.[1] O Ramal de Leixões, que sucedeu à linha primitiva, manteve apenas o troço de Matosinhos à Senhora da Hora, e com uma nova concordância a sul desta estação.[1][3]

O Ramal de Matosinhos iniciava-se na Estação Ferroviária de Senhora da Hora, na Linha do Porto à Póvoa e Famalicão, e terminava no Porto de Leixões, numa extensão de cerca de 5700 metros.[1]

Exploração Comercial

Este ramal, pelo menos até à inauguração da Linha de Leixões (em 1938), foi muito importante no transporte de mercadorias, sobretudo para a zona do Minho, através da Linha da Póvoa de Varzim, Ramal de Famalicão e Linha de Guimarães. Ficou conhecido, sobretudo, pelo transporte de peixe fresco (em carruagem própria) para a cidade do Porto e para o Minho.[3]

O serviço de passageiros era explorado, recorrendo também a troços da Linha da Póvoa de Varzim, no percurso Matosinhos / Senhora da Hora / Porto-Trindade. Em 1948, por exemplo, o percurso total era feito em 25 minutos (o trajecto no ramal demorava apenas 11 minutos) e circulavam cerca de 15 comboios por dia, em cada sentido.[3]

Vestígios

Desta via férrea existem hoje escassos vestígios. Depois de encerrada, os terrenos, pela Portaria nº180/70[4] de 8 de Abril de 1970, passaram para a posse da Câmara Municipal de Matosinhos, tendo, na sua maioria, sido urbanizados — o traçado é reconhecível apenas em arruamentos coevos paralelos ou construídos no leito da via, tais como a Rua da Barranha e o seu seguimento pela Av. Domingues dos Santos.[carece de fontes?]

No entanto, na zona de Matosinhos Sul, parte do canal da antiga linha ferroviária ainda se encontra desocupado, entre a Rua Carlos de Carvalho, atravessando as ruas de Roberto Ivens, Brito Capelo, Brito e Cunha, D. João I e Dr. Afonso Cordeiro. O canal torna a ser visível na zona entre a Travessa Dom Nuno e o cruzamento da Vilarinha, terminando o canal reconhecível na rua fechada entre a Circunvalação e a Rua Vitório Falcão.[carece de fontes?]

Parte do leito da linha foi, mais tarde, aproveitado pelo Metro do Porto para a construção da Linha Azul[3]; parte apenas, pois apesar de partilharem os términos (e apenas nominalmente em Matosinhos), estas duas ferrovias apresentam traçados bastante diferentes.[carece de fontes?]

História

Antiga Linha de São Gens

Com as obras do Porto de Leixões, houve a necessidade de erguer grandes molhes de atracagem.[3] Tal obrigou a que tivessem de ser colocadas grandes quantidades de pedra, que, depois do esgotamento das pedreiras de Aguiar, passaram a ser retiradas das pedreiras de São Gens.[1] Desta forma, os empreiteiros Dauderni & Duparchy, que tinham sido contratados para as obras dos molhes, construíram, em 1884[1], para a Companhia das Docas do Porto[3], uma linha ferroviária desde as pedreiras até à zona do porto[3][1], com bitola de 900 milímetros.[1]

Transição para a Companhia dos Caminhos de Ferro do Norte de Portugal e alteração de bitola

O Porto de Leixões entrou ao serviço em Outubro de 1892.[5] Após a construção dos dois grande molhes (Norte e Sul) a linha de transporte das pedreiras passou a ter um movimento cada vez mais reduzido, o que levou ao seu fim; no entanto, a população de Matosinhos mobilizou-se na exigência do aproveitamento da linha para serviço público de transporte de passageiros e mercadorias até à estação da Senhora da Hora que pertencia à Linha da Póvoa de Varzim.[3]

Em 16 de Novembro de 1891, uma portaria tinha estabelecido as condições para o arrendamento desta ligação à Companhia do Caminho de Ferro do Porto à Póvoa e Famalicão[1], tendo uma licença para este fim sido instituída na mesma data.[6] Como a empreitada das obras em Leixões ainda não tinha sido concluída, a linha ainda pertencia ao empreiteiro Duparchy & Bartissol, pelo que foi com esta empresa que o contrato foi assinado, em 6 de Agosto do ano seguinte.[1] Esta transmissão foi, igualmente, regulada pelas portarias de 2 de Junho de 1893, 31 de Janeiro de 1894, e 17 de Maio de 1895, e por um termo de responsabilidade de 4 de Fevereiro de 1898.[1]

Em 10 de Outubro de 1892, um despacho ministerial ordenou a criação de uma comissão para examinar este caminho de ferro, de modo a saber se reunia as condições necessárias para o estabelecimento de um serviço de passageiros para Matosinhos e Leça, de acordo com a licença de 1891.[6] Como previsto no acordo, a circulação neste caminho de ferro, agora denominado de Ramal de Leixões, iniciou-se em 6 de Maio de 1893, apenas para serviços de passageiros, tendo o transporte de mercadorias sido autorizado por uma portaria de 2 de Junho do mesmo ano.[1][2][3]

Uma outra portaria, datada de 31 de Janeiro de 1894, deferiu a construção, por parte da Companhia do Porto à Póvoa e Famalicão, de uma estação ferroviária e um cais de mercadorias marítimo nos terrenos do Porto de Leixões, cujos projectos foram aprovados por portarias de 28 de Junho e 30 de Agosto do mesmo ano.[1] Além disso, a companhia também estabeleceu outras duas estações, em edifícios particulares no interior da zona portuária; a abertura à exploração destas três interfaces foi autorizada por uma portaria de 30 de Julho de 1895.[1] Em 28 de Março do mesmo ano, as instalações do Porto, incluindo as pedreiras e o Ramal de Leixões, passaram para a administração do Estado, tendo sido mantidos os compromissos anteriores com a Companhia do Porto à Póvoa e Famalicão, que foram revalidados por uma portaria de 20 de Janeiro de 1898.[1]

Em 1897, o engenheiro Justino Teixeira elaborou um projecto para a ligação ferroviária entre a Linha do Minho e o Porto de Leixões, que aproveitaria completamente este ramal; já um outro plano para este caminho de ferro, feito pela comissão técnica do Plano da Rede Complementar ao Norte do Mondego, também incluía a passagem pela Senhora da Hora.[7]

Inicialmente, apenas existia uma concordância a Norte da estação de Senhora da Hora, mas foi construída uma segunda concordância a Sul, autorizada por uma portaria de 30 de Maio de 1898, de forma a se poderem efectuar serviços directos entre a Estação Ferroviária de Porto-Boavista e Matosinhos.[1] Esta foi a primeira ligação ferroviária ao Porto de Leixões, mas, devido às suas características, não permitia um uso pleno das capacidades desta área portuária, situação que só se pôde verificar após a abertura completa da Linha de Leixões[8], em 18 de Setembro de 1938.[1]

Em 1902, a Companhia do Porto à Póvoa introduziu, neste ramal, a utilização de bilhetes de ida e volta.[9]

Em 14 de Janeiro de 1927, a Companhia do Porto à Póvoa e Famalicão foi fundida com a Companhia do Caminho de Ferro de Guimarães, formando a Companhia dos Caminhos de Ferro do Norte de Portugal; assim, foi necessário elaborar um novo contrato com o Estado, que foi assinado em 8 de Agosto de 1927.[1] Este documento garantiu a continuidade da exploração deste Ramal por parte da Companhia dos Caminhos de Ferro do Norte de Portugal, em acordo com o que tinha sido, anteriormente, estabelecido com a Junta Autónoma do Porto de Leixões.[1] Uma das condições essenciais para a criação da Companhia dos Caminhos de Ferro do Norte de Portugal foi a alteração de bitola da Linha do Porto à Póvoa e Famalicão, de 900 para 1000 milímetros, tendo esta modificação sido realizada, igualmente, no Ramal de Leixões.[1]

Declínio e encerramento

No dia 30 de Junho de 1965[10], o ramal foi encerrado com o argumento que, por causa do seu traçado urbano, causava muitos acidentes na sua passagem pelas principais ruas de Matosinhos.[3]

Ver também

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t TORRES, Carlos Manitto (16 de Março de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 71 (1686): 136, 139 
  2. a b «Troços de linhas férreas portuguesas abertas à exploração desde 1856, e a sua extensão». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 69 (1652). 529 páginas. 16 de Outubro de 1956 
  3. a b c d e f g h i j Silva, J.R. e Ribeiro, M. (2009). Os comboios de Portugal - Volume II. 2ª Edição. Terramar. Lisboa
  4. «Portaria nº180/70». 8 de Abril de 1970 pdf
  5. Martins et al, 1996:37
  6. a b «Há Quarenta Anos» (PDF). Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 45 (1076). 504 páginas. 16 de Outubro de 1932. Consultado em 10 de Maio de 2012 
  7. Martins et al, 1996:39
  8. Martins et al, 1996:41
  9. «Linhas Portuguezas». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (339). 42 páginas. 1 de Fevereiro de 1902 
  10. «Vai ser encerrada, a partir do dia 1 de Julho próximo, a exploração ferroviária do Ramal de Matosinhos» (1859). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 1 de Junho de 1965 

Bibliografia

  • MARTINS, João Paulo, BRION, Madalena, SOUSA, Miguel de, LEVY, Maurício, e AMORIM, Óscar (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. [S.l.]: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas 

Ligações externas

Fotos do Ramal de Matosinhos