Língua galibi

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Galibi, karibe, Carinha, Kali'na, Kalihna, Kalinya, Caribe Galibi, Maraworno, Marworno
Falado(a) em: Venezuela, Trindade e Tobago, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Granada, Brasil
Total de falantes: 7.430 (2009)
Família: línguas caribes
 Caribe guianense
  Galibi, karibe, Carinha, Kali'na, Kalihna, Kalinya, Caribe Galibi, Maraworno, Marworno
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---
ISO 639-3: car

O Galibi (também conhecido como karibe, Carinha, Kali'na, Kalihna, Kalinya, Caribe Galibi, Maraworno ou Marworno) é um idioma caribe, aparentado com o idioma pemão, falado pelos karinhas, uma etnia de 4 450 pessoas na Venezuela e Brasil. Também é falado pelos galibis do Oiapoque.

A linguagem é atualmente classificada como altamente ameaçada.[1]

Nomes[editar | editar código-fonte]

O idioma Galibi é conhecido por vários nomes, tanto pelos falantes quanto por outros. Tradicionalmente, é conhecido como "Carib" ou "Carib propriamente dito" em inglês. É conhecido como "Caribe" em espanhol, "Galina" em francês e "Karaïeb" em holandês. No entanto, os falantes se autodenominam Kalina ou Karìna (de várias formas) e chamam sua língua de 'Karìna auran'(kaɽiɁnʲauɽaŋ) .[2] Outras variantes incluem Kali'na, Kari'nja, Cariña, Kariña, Kalihna, Kalinya ; outros nomes nativos incluem Maraworno e Marworno.

Classificação[editar | editar código-fonte]

Galibi é classificado como parte do idioma dos caribenhos, mas também como idioma guianense[3]

Influências[editar | editar código-fonte]

Devido ao contato com os invasores Galibis, algumas outras línguas têm palavras incorporadas, apesar de serem línguas aruaques.[4] Uma “lengua generale” baseada no Galibi foi usada nas antigas missões nas áreas do rio OPiapoque e regiões vizinhas, aparentemente sobrevivendo pelo menos ao longo do afluente Uaçá até o século XX.[5]

No Suriname, existe uma área chamada Konomerume, localizada perto do rio Wajambo. Com cerca de 349 pessoas vivendo ali, a maioria identifica-se como etnicamente galibi e, para quem conhece o idioma, é relatado que os adultos têm pelo menos um conhecimento mínimo da língua. Pessoas com mais de 65 anos usam o idioma como idioma principal entre os membros da comunidade. Falantes entre 45 e 65 anos tendem a usar o idioma apenas quando falam com os mais velhos ou membros mais velhos de suas famílias, enquanto na maioria das vezes usam os idiomas oficiais: Neerlandês e Sranan Os adultos mais jovens, com idades entre 20 e 40 anos, entendem o idioma, mas não o falam, e as crianças aprendem um pouco sobre Galibi na escola..[6]

Há uma tentativa de reviver as tradições galibis, incluindo a língua, por alguns dos 500 pessoas descendentes galibis em Trinidade e Tobago .[7]

Dialetos[editar | editar código-fonte]

Dialetos do Galibi (com o número de falantes indicado entre parênteses):

  • Galibi venezuelano (1000)
  • Galibi guianense (2000)
  • Galibi ocidental do Suriname (500)
  • Galibi Oriental do Suriname e Guiana Francesa (3000)
    • O Suriname possui dois dialetos de Galibi: Aretyry , falado nas partes oeste e central do país, e Tyrewuju , que é o que a maioria dos falantes de Galibi no Suriname usa..[8]

Alfabeto[editar | editar código-fonte]

O alfabeto latino usado para a língua Galibi consiste em somente 15 letras: a, e, i, j, k, `, m, n, o, p, r, s, t, u, w, y.

Fonologia[editar | editar código-fonte]

Na linguagem Galibi, existem quatro padrões de sílabas: V, CV, VC, CVC; C sendo uma consoante e V significa uma vogal. Em relação aos fonemas, as consoantes são divididas em dois grupos: obstruentes (oclusivas surdas - p, t, k) e ressonantes (oclusivas sonoras - b, d, g,s).[9] Galibi tem um sistema de 6 vogais depois de * ô fundido com * o, sendo "a e i u u". Em comparação com o Galibi antigo, hoje em dia Galibi substituiu o "e" em muitas palavras por "o".

Consoantes
Bilabial Dental Alveolar Palatal Velar Glotal
Plosiva surda p t k ʔ~h
sonora b d ɡ
Fricativa s
Nasal m n
Vibrante ɾ
Aproximante w j
Vogais
Anterior Central Posterior
Fechada i ɨ u
Medial e o
Aberta a

Alofones para / r w t / incluem sons como [ɽ β, v tʃ]. / s / antes / i / pode ser pronunciado como [ʃ]. / n / antes de um consoante pode ser pronunciado como [ŋ] e também [ɲ] em outros lugares. Outro som, variando [h ~ x], geralmente ocorre antes de um consoante sonora ou surda; sucedendo uma vogal, também pode ser um alofone de / ʔ /.[9]

Gramática[editar | editar código-fonte]

Existem 17 partículas para as palavras Galibi, tais como o prefixo ky- e o sufixo -ng .[10]

Vocabulário[editar | editar código-fonte]

Todos os quatro dialetos de Galibi têm palavras de empréstimo do idioma principal da região (Brasil, Suriname, Guiana, Guiana Francesa). Por exemplo, o Galibi falado no Suriname empresta palavras do holandês e do Sranantongo.[8]

Exemplos[editar | editar código-fonte]

Galibi moderno
"dois" / oko /
"pedra" / topu /
"pulga" / siko /
"montanha" / wipi /
"machado" / wïwï /
"pessoa" / itoto /
'um que foi cavado' Ø-atoka-apo
'que queimou' i-tjoroty-ypo

Algumas das palavras mostram instâncias em que o e foi substituído por o ' na atual Galibi. As duas declarações abaixo das palavras singulares mostram exemplos de duas sufixos.[11]

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. Carlin, Eithne B.; Léglise, Isabelle; Migge, Bettina; Fat, Paul B. Tjon Sie (28 de novembro de 2014). In and Out of Suriname: Language, Mobility and Identity (em inglês). [S.l.]: BRILL. ISBN 9789004280120 
  2. Courtz, Henk (2008). A Carib Grammar and Dictionary (PDF). [S.l.]: Magoria Books. p. 1. ISBN 978-0978170769. Consultado em 22 de maio de 2014 
  3. «Did you know Kari'nja is threatened?». Endangered Languages. Consultado em 2 de maio de 2016 
  4. Gildea, Spike (2010). «The Story of *ô in the Cariban Family» (PDF). In: Berez, Andrea L.; Mulder, Jean; Rosenblum, Daisy. Fieldwork and Linguistic Analysis in Indigenous Languages of the Americas. Honolulu: University of Hawai'i Press. pp. 91–123 
  5. Nimuendajú, Curt (1926). Die Palikur-Indianer und ihre Nachbarn (PDF). Göteborg: Elanders Boktryckeri Aktiebolag 
  6. Yamada, Racquel-María (2014). «Training in the Community-Collaborative Context: A Case Study» (PDF). Language Documentation & Conservation. 8: 326-344 
  7. «Archived copy». Consultado em 1 de dezembro de 2001. Arquivado do original em 1 de dezembro de 2001 
  8. a b Carlin, Eithne B.; Léglise, Isabelle; Migge, Bettina; Tjon Sie Fat, Paul B. (2014). In and Out of Suriname: Language, Mobility and Identity (em inglês). [S.l.]: BRILL. ISBN 9789004280120 
  9. a b Grimes, Joseph E., ed. (1972). Languages of the Guianas (PDF). [S.l.]: Summer Institute of Linguistics of the University of Oklahoma 
  10. Yamada, Racquel-María (2011). «A New Approach to ky- and -ng in Galibi: Evidentiality or Something Else?». International Journal of American Linguistics. 77 (1): 59–89. doi:10.1086/657328 
  11. «Patient Nominalization > Passive in Panare and Ye'kwana (Cariban)» (PDF). voice-systems-workshop.wdfiles.com. Consultado em 4 de maio de 2016 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]