Linha de Lamego
Linha de Lamego | |
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Estação de Régua, em 2010 | |
Informações principais | |
Área de operação | Entre Peso da Régua e Lamego, em Portugal |
Interconexão Ferroviária | Linha do Douro, na Régua |
Especificações da ferrovia | |
Extensão | 20 km aprox. |
Bitola | Bitola métrica |
Linha de Lamego | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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A Linha de Lamego foi um projecto, não concluído, de um caminho de ferro em via estreita (1000 mm), com cerca de 20 quilómetros de extensão, que ligaria a Régua a Lamego, em Portugal. Foi o único troço em construção da Linha da Régua a Vila Franca das Naves.[1]
História
Planeamento e construção
Em Outubro de 1905, estavam a ser realizados estudos para a construção de um caminho de ferro entre a Estação de Régua e a localidade de Lamego, que seria o primeiro troço da Linha da Régua a Vila Franca das Naves; nesta altura, já se tinha verificado que o traçado escolhido seria bastante complicado, devido à forma como saía da Régua, a passagem pelos Rios Douro e Varosa, e a diferença de nível a vencer até chegar a Lamego.[1] Apesar das dificuldades encontradas, esta ligação detinha uma elevada importância, pois a linha completa iria unir as regiões da Beira Alta e Beira Baixa à zona do Douro.[1]
No final da Década de 1920, um grupo de empresários avançou com um projecto ferroviário ligando a Régua a Lamego.
Em 1931, este troço, então denominado de Linha da Régua a Lamego, estava classificado como parte da rede complementar dos Caminhos de Ferro do Estado e a ser construído, embora de forma pouco activa[2], pela Companhia Nacional de Caminhos de Ferro; as obras, dirigidas pelo engenheiro Muginstein[3], empregaram um grande número de trabalhadores daquela região, aliviando o acentuado desemprego que se fazia sentir.[4]
Nos finais de 1931, esta linha estava em construção, encontrando-se bastante adiantadas as obras no troço entre a Régua e Lamego; nesta altura, pensava-se em continuar a linha até Vila da Ponte.[5] Porém, no princípio do ano seguinte, o Fundo Especial de Caminhos de Ferro, que estava a financiar os projectos da rede dos Caminhos de Ferro do Estado, encontrou vários problemas de ordem financeira, devido principalmente aos efeitos da Grande Depressão; assim, para não ficar descapitalizado, foi necessário reduzir os pagamentos aos empreiteiros, e suspender várias obras em curso, incluindo as da ponte sobre o Rio Douro, na Linha de Lamego.[6] Ainda assim, continuou-se a planear a extensão até Vila da Ponte[7], e, entre 1931 e 1932, fizeram-se trabalhos de campo, para estudar a continuação da linha até Mondim da Beira, passando por Granja Nova[8] (Tarouca).
As obras foram retomadas no mesmo ano, e estavam a avançar a um bom ritmo[9], tendo a Ponte do Varosa sido inaugurada em 20 de Outubro, numa cerimónia que teve a presença do Ministro das Obras Públicas e Comunicações[4]; previa-se, naquela altura, que a linha até Lamego poderia ser totalmente inaugurada em 1934.[4]
Em 1933, foi concluída a ponte sobre o Rio Douro.[10] No mesmo ano, a Comissão Administrativa do Fundo Especial de Caminhos de Ferro aprovou a realização de várias obras, na empreitada desta linha.[11]
Em 21 de Agosto de 1934, o Ministério das Obras Públicas e Comunicações aprovou o auto de recepção definitiva da empreitada n.º 10, no troço entre Régua a Lamego da Linha da Régua a Vila Franca das Naves, que tinha sido entregue à Companhia Nacional de Caminhos de Ferro.[12] Nesse ano, continuaram as obras nesta linha[13], tendo sido concluída definitivamente a construção da ponte sobre o Rio Douro, com a instalação dos gradeamentos, e de uma passarela em betão armado na trincheira da margem esquerda.[14]
Fim do projecto
Este projecto foi abandonado no final do anos trinta, devido à Segunda Guerra Mundial, e também ao impasse colocado por um proprietário agrícola local que se opunha à passagem da linha; aquando deste abandono, o leito da via estava preparado, faltando apenas colocar os carris.[15]
Atualidade
O leito da linha pode, ainda hoje, ser perfeitamente seguido, mantendo-se quase intacto todo o seu traçado.[15]
Tanto a ponte da Régua, transformada para rodovia e que se mantém em serviço, como a ponte sobre o rio Varosa, são duas obras-de-arte, construídas para a Linha de Lamego, que continuam a existir.
Caracterização
Itinerário
Com cerca de 20 quilómetros de extensão[9], a Linha de Lamego sairia da Estação de Peso da Régua e atravessava a Ponte Ferroviária da Régua, sobre o rio Douro, construída propositadamente para esta linha em 1927 e adaptada para rodovia em 1947.[16]
Depois cruzava-se com a estrada de Armamar e seguia pela margem direita do rio Varosa até à Central Hidroeléctrica. Teria uma paragem em Quintião e depois a via passaria para a outra margem do rio Varosa através de uma ponte de pedra. Já na margem esquerda do rio Varosa teria as seguntes paragens: Cambres, Portelo, Souto Covo e Sande.[16]
Passando por trás da Quinta das Brolhas, a linha atingia o seu término em Lamego[16] cuja estação se situaria no que é hoje o edifício do Palácio da Justiça daquela cidade.[15]
Obras de arte
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/7/7e/Peso_da_Regua.jpg/220px-Peso_da_Regua.jpg)
Ponte Ferroviária da Régua
Esta ponte foi terminada em 1933.[4]
Ponte do Varosa
Esta estrutura, construída desde 12 de Julho de 1931 e inaugurada em 20 de Outubro de 1932, media, aquando da sua inauguração, 148,60 metros de comprimento, tendo o arco um vão de 55 metros, e uma altura de 40 metros.[4]
Ver também
Referências
- ↑ a b c «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 18 (427). 298 páginas. 1 de Outubro de 1905. Consultado em 19 de Maio de 2012
- ↑ SOUSA, José Fernando de (1 de Janeiro de 1933). «Os Caminhos de Ferro em 1932» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1081). 8 páginas. Consultado em 19 de Maio de 2012
- ↑ «O ano de 1931 e a Comp.ª Nacional de Caminhos de Ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 45 (1059). 67 páginas. 1 de Fevereiro de 1932. Consultado em 19 de Maio de 2012
- ↑ a b c d e «Linha da Régua a Lamego» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 45 (1077): 522, 523. 1 de Novembro de 1932. Consultado em 19 de Maio de 2012
- ↑ SOUSA, J. Fernando de (1 de Janeiro de 1932). «Um Decreto Importante» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 45 (1057): 10, 11. Consultado em 22 de Setembro de 2012
- ↑ «Vão paralisar as obras nos Caminhos de Ferro do Estado?» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 45 (1061). 107 páginas. 1 de Março de 1932. Consultado em 19 de Maio de 2012
- ↑ «Linha da Régua a Lamego» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 45 (1077): 522, 523. 1 de Janeiro de 1932. Consultado em 19 de Maio de 2012
- ↑ SOUSA, José Fernando de (1 de Março de 1934). «Direcção-Geral de Caminhos de Ferro Relatório de 1931-1932» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1109). 130 páginas. Consultado em 19 de Maio de 2012
- ↑ a b «A Direcção Geral dos Caminhos de Ferro e o ano findo» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1081). 15 páginas. 1 de Janeiro de 1933. Consultado em 19 de Maio de 2012
- ↑ SOUSA, José Fernando de (1 de Janeiro de 1934). «Os Caminhos de Ferro em 1933» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1105): 5, 6. Consultado em 19 de Maio de 2012
- ↑ «Direcção Geral de Caminhos de Ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1087). 201 páginas. 1 de Abril de 1933. Consultado em 19 de Maio de 2012
- ↑ «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1124). 532 páginas. 16 de Outubro de 1934. Consultado em 22 de Setembro de 2012
- ↑ SOUSA, José Fernando de (1 de Janeiro de 1935). «Os Nossos Caminhos de Ferro em 1934» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1129). 5 páginas. Consultado em 22 de Setembro de 2012
- ↑ «O que se fez nos Caminhos de Ferro de Portugal, em 1934» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1129). 29 páginas. 1 de Janeiro de 1935. Consultado em 22 de Setembro de 2012
- ↑ a b c Pedro Afonso (10 de Abril de 2009). «Linha de Lamego - O C.F. que não chegou a ser». Consultado em 31 de Outubro de 2009 [ligação inativa]
- ↑ a b c Silva, J.R. e Ribeiro, M. (2008). Os comboios de Portugal - Volume I. 3ª Edição.Terramar.Lisboa
Ligações externas