Miguel Calmon du Pin e Almeida

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Miguel Calmon du Pin e Almeida
Marquês de Abrantes
Miguel Calmon du Pin e Almeida
Nascimento 23 de outubro de 1796
  Santo Amaro, Bahia, Brasil
Morte 13 de setembro de 1865 (68 anos)
  Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Império do Brasil Império do Brasil
Cônjuge Maria Carolina da Piedade Pereira Baía
Pai José Gabriel Calmon de Almeida
Mãe Maria Germana de Sousa Magalhães
Assinatura Assinatura de Miguel Calmon du Pin e Almeida
Brasão

Miguel Calmon du Pin e Almeida, visconde com grandeza e marquês de Abrantes, (Santo Amaro, 23 de outubro de 1796Rio de Janeiro, 13 de setembro de 1865) foi um nobre, político e diplomata brasileiro.

Presidiu o conselho interino de governo da Bahia em 1823. Publicou obras notáveis sobre história, diplomacia, agricultura e outras.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Filho de José Gabriel Calmon de Almeida e de Maria Germana de Sousa Magalhães.[1] Casou com Maria Carolina da Piedade Pereira Baía, filha do barão de Meriti e que, enviuvando-se, casou novamente com o barão do Catete. Não deixou herdeiros,[1] porém um sobrinho foi-lhe homônimo, e outros tantos "Miguel Calmon du Pin e Almeida" existiram.

Formado pela Faculdade de Direito de Coimbra em 1821, de 1822 a 1823, no contexto da luta pela Independência da Bahia, presidiu o conselho interino que governou a província a partir da Vila de Cachoeira, coordenando a resistência brasileira contra o Governador das Armas, Inácio Luís Madeira de Melo.

Além dos diversos cargos públicos e condições nobiliárquicas, foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, presidente da Imperial Academia de Música e provedor da Santa Casa de Misericórdia, do Rio de Janeiro.

Vida pública[editar | editar código-fonte]

Marquês de Abrantes.

Elegeu-se deputado constituinte em 1827, Assembléia da qual foi o Secretário – quando foi convidado pelo Imperador D. Pedro I para ocupar a pasta da Fazenda, ocasião em que organizou a Caixa de Amortização da Dívida Pública e, depois, foi Ministro dos Estrangeiros.

Uma das figuras mais expressivas do Império, foi indicado pelo Imperador para governar a Bahia, recusando a indicação.

Com a abdicação de D. Pedro I, retraiu-se da política, voltando à sua terra natal. Fundou em Santo Amaro a Sociedade de Agricultura da Bahia e a Sociedade Philomática de Química. Ligado à produção de açúcar, em 1834 escreveu o Ensaio sobre o fabrico do açucar, buscando estimular e modernizar a produção, ameaçada pela concorrência estrangeira.

Retornou à política em 1837, para fazer oposição à regência do padre Diogo Antônio Feijó, sendo nomeado no mesmo ano, novamente, Ministro da Fazenda. Em 1840 foi eleito senador pelo Ceará, e novamente Ministro da Fazenda, quando assume o novo Imperador, D. Pedro II, após a extinção do Ministério da Maioridade.

Em 1843 torna-se conselheiro de Estado e nos dois anos seguintes cumpre missões diplomáticas em Paris, Londres e Berlim.

Incentivador da indústria, foi presidente da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional (1848-1865), e primeiro presidente do Imperial Instituto Fluminense de Agricultura (1860-1866).

Foi o principal organizador da Exposição Nacional, organizada sob a égide da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, em 1861. No ano seguinte volta a ocupar o Ministério dos Estrangeiros (ver Gabinete Olinda de 1862), onde protagoniza um dos mais sérios embates diplomáticos do Brasil face à Inglaterra.

No contexto da Questão Christie, a condução desse contencioso pelo Ministro Miguel Calmon foi pautada pela mais hábil prudência, conduzindo-a a um resultado satisfatório ao Brasil.

Como deputado geral, pela província da Bahia, ocupou mandatos sucessivos na 1ª, 2ª e 4ª legislaturas, de 1826 a 1841.

Títulos nobiliárquicos[editar | editar código-fonte]

Medalhão da Imperial Ordem da Rosa

Foi o primeiro e único visconde (com grandeza) e marquês de Abrantes.

Títulos e comendas:

Além destas, era membro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa (de Portugal), da Ordem dos Santos Maurício e Lázaro (Itália), da Ordem de Leopoldo I (Bélgica) e da Real Ordem Constantina das Duas Sicílias.

Governo Interino da Bahia[editar | editar código-fonte]

Retrato de Miguel Calmon du Pin e Almeida, Marquês de Abrantes, 1866, por Victor Meirelles.

Era partidário do movimento que resistiu ao domínio do general Madeira de Melo, português, que dominara a cidade de Salvador à revelia do então Príncipe Regente D. Pedro I. Proclamada a Independência, na Vila de Cachoeira é formado um governo interino que resiste aos ataques portugueses. Em sua mensagem ao Imperador, de 1823, consigna importantes registros:

"A arte de governar foi sempre difícil. A mesma história fabulosa dos tempos heróicos, em que deuses e semi-deuses regiam os homens, e a crônica dos grandes gênios, que escorados pela justiça, prudência e sabedoria têm governado povos em diferentes idades e merecido decantadas apoteoses, não deixaram de provar esta verdade terrível.
Colaborador e consócio dos ajuntamentos patrióticos que concertavam o plano de reação que devíamos opor ao dominante infame partido português, podemos afirmar que a revolução do Recôncavo foi prematurada. (...) Neste precário e calamitoso estado de coisas, resolveram os patriotas, em 20 de agosto constituir e instalar um Governo Geral, que aliasse mais e mais todas as Vilas, e chamasse as forças, atenções e interesses para o grande fim da Salvação da Pátria."

Vitoriosos, os baianos retomaram a capital, aguardando a nomeação, pelo Imperador, do presidente da província. Enfrentou, entretanto, o próprio General Labatut, a quem acusou de "ditatorial", forçando-lhe a retirada do comando das forças baianas.

Neste breve interregno, Miguel Calmon cuidou de desarmar os portugueses, que "a despeito do amor da esposa e filhos, decente fortuna, cômoda habitação, e costume de longo tempo, (tramavam) contra a causa do Brasil, haviam atraído sobre todos os naturais de Portugal o furor do povo brasileiro" - como deixou registrado, na mesma mensagem.

Atividades maçônicas[editar | editar código-fonte]

Em 9 de setembro de 1850, em substituição a Antônio Francisco de Paula de Holanda Cavalcanti de Albuquerque, é eleito Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, cargo que ocupou até 1863, quando então o passou a Bento da Silva Lisboa.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Commons
Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Miguel Calmon du Pin e Almeida

Referências

  1. a b Baumann, Eneida Santana (2011). «O arquivo da família Calmon à luz da arquivologia contemporânea» (PDF). Salvador, BA: Universidade Federal da Bahia, Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação 

Fontes[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


Precedido por
Presidente da Província da Bahia
1822 — 1823
Sucedido por
Francisco Vicente Viana
Precedido por
João Severiano Maciel da Costa
Ministro da Fazenda do Brasil
1827 — 1828
Sucedido por
José Clemente Pereira
Precedido por
José Bernardino Batista Pereira de Almeida
Ministro da Fazenda do Brasil
1828 — 1829
Sucedido por
Felisberto Caldeira Brant Pontes de Oliveira e Horta
Precedido por
João Carlos Augusto von Oyenhausen-Gravenburg
Ministro das Relações Exteriores do Brasil
1829 — 1830
Sucedido por
Francisco Carneiro de Campos
Precedido por
Manuel Alves Branco
Ministro da Fazenda do Brasil
1837 — 1839
Sucedido por
Cândido Batista de Oliveira
Precedido por
Martim Francisco Ribeiro de Andrada
Ministro da Fazenda do Brasil
1841 — 1843
Sucedido por
Joaquim Francisco Viana
Precedido por
Carlos Carneiro de Campos
Ministro das Relações Exteriores do Brasil
1862 — 1864
Sucedido por
Francisco Xavier Pais Barreto