Voo Korean Air Lines 007

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Voo Korean Airlines 007
Acidente aéreo
Voo Korean Air Lines 007
HL7442, o Boeing 747-200B da Korean Airlines envolvido em 1980
Sumário
Data 01 de setembro de 1983 (40 anos)
Causa Derrubado por caças soviéticos
Local Sacalina, RSFS da Rússia, União Soviética
Coordenadas 43° 34′ N, 141° 17′ L
Origem Aeroporto Internacional John F. Kennedy, Nova Iorque, Estados Unidos
Escala Aeroporto Internacional Ted Stevens, Alasca, Estados Unidos
Destino Aeroporto Internacional de Gimpo, Seul, Coreia do Sul
Passageiros 246[1]
Tripulantes 23
Mortos 269
Feridos 0
Sobreviventes 0
Aeronave
Modelo Boeing 747-230B
Operador Coreia do Sul Korean Airlines
Prefixo HL7442
Primeiro voo 17 de março de 1972

O voo Korean Airlines 007, conhecido também como KAL 007 ou KE007, era um avião civil sul-coreano que foi derrubado por jatos interceptadores soviéticos em 1 de setembro de 1983, sobre o mar de Okhotsk, a oeste da ilha de Sacalina.

Os 269 passageiros e tripulantes, incluindo um congressista norte-americano, Lawrence McDonald, estavam a bordo do voo KAL 007; ninguém sobreviveu. A União Soviética afirmou que não sabia que o avião era civil e como tinha entrado no espaço aéreo soviético, pensaram que era uma provocação deliberada dos Estados Unidos, e foi decidido que eles iriam testar suas capacidades militares, repetindo o incidente do voo KAL 902, que foi derrubado por dois caças soviéticos sobre a península de Kola em 20 de abril de 1978. O incidente atraiu uma onda de protestos através do mundo, particularmente nos Estados Unidos.

O Incidente[editar | editar código-fonte]

O Voo KAL 007 era um Boeing 747 comercial (registro: HL7442) que voou de Nova Iorque para o Aeroporto Internacional de Gimpo. Partiu do aeroporto internacional John F. Kennedy (JFK) em Nova Iorque em 31 de agosto com 240 passageiros e 29 tripulantes.

Depois de uma escala no Aeroporto Internacional Ted Stevens em Anchorage, Alasca, o avião decolou às 13h00 GMT (5h00 hora local) em 1 de setembro, foi para oeste e então eles fizeram um arco para o sul em uma rota para o Aeroporto Internacional de Gimpo. Isto levaria muito além do oeste do normal (245º magnético), passando pela península de Kamchatka e então no mar de Okhotsk para Sacalina.

Cinco anos antes, um outro avião da Korean Air tinha violado o espaço aéreo soviético. Em 20 de abril de 1978, um avião de combate soviético Su-15, atirou no voo KAL 902 depois que eles tinham voado na península de Kola, matando dois passageiros e forçando o avião a fazer um pouso de emergência em um lago congelado. Uma investigação do caso era difícil, devido a diversas negativas dos soviéticos em dar as informações sobre o incidente. Já existia um histórico de grandes erros de rotas envolvendo a aviação civil, mas nenhum tão grande envolvendo a União Soviética.

Enquanto o avião, KAL 007 ainda em um endereço e velocidade em constantes características de qualquer intrusão prévia, sobrevoou uma pequena parte do território soviético, no mesmo momento foram alertados caças Su-15 e MiG-23. Um segundo sinal também se apareceu nos radares soviéticos, e ele estava muito perto da posição do KAL 007.

Dois Su-15 da base aérea de Dolinsk-Sokol interceptaram o avião chegando cada vez mais perto e comunicaram pedindo instruções. Eles foram ordenados a destruir o avião.[2]

Modelo de um Su-15

O Major Gennadiy Nikolayevich Osipovich, a bordo modelo Sukhoi Su-15, derrubou o avião com um ataque simples com projétil às 18h26 GMT. [3]

O avião foi atingido por um míssil, aproximadamente no mar a 55 km da ilha Moneron, matando imediatamente todos a bordo. Inicialmente, foi informado que o avião tinha sido forçado a pousar em Sakalina, depois foi provado que isto era falso.

As transcrições recuperadas da caixa-preta do avião indicam que a tripulação não estava atenta que eles estavam completamente fora da rota planejada e que estavam violando o espaço aéreo soviético (ao fim eles estavam mais de 312,5 milhas náuticas [500 km] para o oeste da rota original). Depois do ataque ao avião, a aeronave desceu em espiral de emergência devido à descompressão rápida às 18h26 GMT, até o fim da gravação às 18h27min46 GMT.[4] Porém, as autoridades soviéticas negaram algum conhecimento que eles tinham recuperado as inscrições de informação. A informações sobre o incidente foram divulgadas 8 anos mais tarde, quando a União Soviética foi dissolvida;

Investigações[editar | editar código-fonte]

Foram feitas duas investigações a cargo da ICAO. A primeira foi realizada logo após o acidente e a segunda, oito anos mais tarde. Ambas concluíram que a direção foi alterada após um erro da própria tripulação; o piloto automático teria sido programado para deixar o curso em modo de endereço ou o INS foi acionado sem querer. Isto deixou o sistema da aeronave perdido, após a sua decolagem em Anchorage. Nem mesmo a tripulação e as autoridades russas perceberam que a aeronave estava fora de sua rota original.

A testemunha mais próxima do incidente, o piloto soviético que atirou os mísseis, confirmou depois que não foram seguidos os padrões internacionais de interceptação, e que tinha sido instruído pelas autoridades militares para mentir na televisão, dizendo que tinha dado tiros de advertência. A parte soviética manteve oficialmente que eles foram chamados através da rádio, mas que o KAL 007 não respondeu. Não obstante, qualquer outro aparato ou monitores terrestres que cobriram essas frequências de emergências naquele momento, nunca ouviram nenhuma chamada de rádio soviética.

Mapa mostrando a distância entre a trajetória de voo realizada e a planejada

Revisões posteriores indicaram que a verdadeira natureza do ataque, foi que no dia anterior, um avião espião RC-135 USAF americano tinha realmente invadido a área, fazendo a mesma rota que o KAL, sendo descoberto pelos radares soviéticos, deixando o espaço restringido antes de que pudesse ser interceptado pelos SU-15 soviéticos.

Quando os restos da aeronave coreana, apareceram, na manhã do dia seguinte, os soviéticos acreditaram que era o mesmo avião, o RC-135, porque ele realmente parecia um caça americano, mas eles estiveram realmente estiveram próximos do KAL; pensando que era o avião espião americano, por ser muito parecido visualmente, mas os controladores de voo soviéticos não entraram em contato com a aeronave e agiram de forma sumária, atirando mísseis para derruba-lo.

Repercussões Políticas[editar | editar código-fonte]

O presidente americano Ronald Reagan condenou o incidente de 1 de setembro, chamando isto de "o massacre da Korean Air", "um crime contra a humanidade que nunca deveria ser esquecido" e um "ato de barbarismo de brutalidade desumana". No dia seguinte, a União Soviética admitiu derrubar o KAL 007, declarando que os pilotos não souberam que era um avião de passageiros quando violou o espaço aéreo soviético.[5] O ataque pressionou as relações entre os Estados Unidos e a União Soviética a um baixo nível. Em 15 de setembro, o presidente Reagan ordenou que a FAA revogasse a permissão da Aeroflot para operar em aeroportos americanos. Como resultado, a Aeroflot só poderia operar na América do Norte, em voos para o México e para o Canadá. O serviço da Aeroflot para os Estados Unidos ficaria suspenso até o dia 29 de abril de 1986. Ainda em 1983, o dissidente e desertor soviético Yuri Bezmenov, afirmou que "não ficaria surpreso" se aquele fosse um ato deliberado da União Soviética, visando eliminar o passageiro Larry McDonald, membro da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos.

A então embaixadora americana na ONU, Jeane Kirkpatrick, fez uma apresentação audiovisual no Conselho de Segurança, usando áudios da caixa-preta do avião, áudios de programas de rádio soviéticos e um mapa da rota de voo do avião para descreverem a queda como selvagem e injustificada.

Devido a este incidente, Ronald Reagan anunciou que o sistema GPS se tornaria livre para o uso civil. uma vez que se concluiu que este incidente poderia ser evitado se tal sistema estivesse disponível para uso civil.

Referências

  1. Aviation Safety Database
  2. «The Shootdown». www.rescue007.org. Consultado em 12 de setembro de 2022 
  3. Swopes, Bryan. «Gennadiy Nikolayevich Osipovich Archives». This Day in Aviation (em inglês). Consultado em 3 de dezembro de 2022 
  4. «The Rescue». www.rescue007.org. Consultado em 12 de setembro de 2022 
  5. Sputnik, The Truth and Lies about the South Korean Airliner

Ligações externas[editar | editar código-fonte]