Barack Obama: diferenças entre revisões
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Revisão das 13h17min de 5 de junho de 2013
Barack Obama | |
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44.º Presidente dos Estados Unidos | |
Período | 20 de janeiro de 2009 a atualidade |
Vice-presidente | Joe Biden |
Antecessor(a) | George W. Bush |
Senador dos Estados Unidos por Illinois | |
Período | 3 de janeiro de 2005 a 18 de novembro de 2008 |
Antecessor(a) | Peter Fitzgerald |
Sucessor(a) | Roland Burris |
Membro do Senado de Illinois pelo 13º distrito | |
Período | 8 de janeiro de 1997 a 4 de novembro de 2004 |
Antecessor(a) | Alice Palmer |
Sucessor(a) | Kwame Raoul |
Dados pessoais | |
Nome completo | Barack Hussein Obama II |
Nascimento | 4 de agosto de 1961 (62 anos) Honolulu, Havaí, Estados Unidos |
Alma mater | Occidental College Universidade Columbia Harvard Law School |
Cônjuge | Michelle Robinson (1992–presente) |
Filhos(as) | Malia Ann Obama Natasha Obama |
Partido | Democrata |
Religião | Cristianismo |
Profissão | Organizador comunitário Advogado Professor Autor |
Assinatura | |
Website | barackobama.com |
Barack Hussein Obama II (Honolulu, 4 de agosto de 1961) é um advogado e político dos Estados Unidos, o 44o e atual presidente do país, desde 20 de janeiro de 2009, e ganhador do Nobel da Paz de 2009. Nascido em Honolulu, no Havaí, Obama é graduado em Ciências Políticas pela Universidade Columbia em Nova Iorque, cursando posteriormente Direito na Universidade de Harvard, onde foi presidente da Harvard Law Review e graduou-se em 1991. Ele também atuou como líder comunitário e como advogado na defesa de direitos civis em Chicago até que, em 1996, foi eleito ao Senado de Illinois, mandato para o qual foi reeleito em 2000. Entre 1992 e 2004, ensinou direito constitucional na escola de direito da Universidade de Chicago. Tendo tentado, em 2000, eleger-se, sem sucesso, ao Congresso dos Estados Unidos, anunciou, em janeiro de 2003, sua candidatura ao Senado dos Estados Unidos.
Em 2004, após vencer a primária democrata da eleição para o Senado em Illinois, ele foi convidado para fazer um discurso na Convenção Nacional Democrata daquele ano, e com isso recebeu atenção nacional da mídia. Em novembro, foi eleito Senador dos Estados Unidos pelo estado de Illinois com 70% dos votos. Obama começou sua campanha para a presidência em 2007 e em 2008, depois de uma apertada disputa nas primárias do partido com a também senadora Hillary Clinton, ele conseguiu apoio suficiente para ganhar a nomeação do Partido Democrata para a presidência dos Estados Unidos. Ele então derrotou o candidato republicano John McCain na eleição presidencial de 2008 e então foi empossado como presidente em 20 de janeiro de 2009. Em novembro de 2012, ele foi re-eleito presidente, derrotando o republicano Mitt Romney. Obama é o primeiro negro (afro-americano no contexto estadunidense) a ser eleito presidente dos Estados Unidos.[1][2] Foi também o único senador afro-americano na legislatura anterior.
Durante seu primeiro mandato, Obama assinou várias propostas de estimulo econômico em resposta a recessão que assolou os Estados Unidos entre 2007 e 2009, através dos projetos de lei American Recovery and Reinvestment Act de 2009 e também sancionou leis de corte de impostos para a classe média e de criação de empregos em 2010. Ele também assinou um projeto de lei que universaliza a saúde pública americana, projeto este que passou a ser chamado de Obamacare, também assinou o projeto de lei "Don't Ask, Don't Tell", politica em vigor nas Forças Armadas dos Estados Unidos que impedia homossexuais assumidos de servirem no exército. Na politica externa, Obama ordenou o fim do envolvimento americano na Guerra do Iraque, aumentou a quantidade de tropas americanas no Afeganistão (em 2010 anunciou que iria remover todas as unidades de combate americanas daquele país até o fim de 2014), assinou tratados de controle de armas com a Rússia, autorizou uma intervenção armada na Guerra Civil Líbia e ordenou uma operação militar no Paquistão que resultou na morte de Osama bin Laden. Em maio de 2012, ele se tornou o primeiro presidente americano, ainda no cargo, a apoiar publicamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Início de vida e carreira
Barack Hussein Obama II[3] nasceu em 4 de agosto de 1961 em Honolulu, no estado americano do Havai,[4][5][6] sendo o primeiro presidente a ter nascido no Havaí.[7] Seu pai, Barack Obama, Sr., foi um economista queniano, nascido em Nyang’oma Kogelo, distrito de Siaya, Quénia. Obama só conheceu o seu pai em 1960, quando Barack Obama, Sr. viajou para o Havaí.[8][9] Sua mãe, Ann Dunham, foi antropóloga, branca, nascida em Wichita, no estado do Kansas.[10] O pai de Obama era da etnia luo, um grupo étnico africano encontrado no Quênia,[10] no leste de Uganda e no norte da Tanzânia.[10] A mãe de Obama era uma americana cuja família estava nos Estados Unidos há várias gerações.[10] Ela era descendente principalmente de ingleses, mas também de escoceses, irlandeses, alemães, galeses, suíços e franceses.[11] Segundo o próprio Obama escreveu em sua autobiografia, sua mãe também tinha algum antepassado distante que era um índio da etnia cherokee. A bisavó de Obama tinha muita vergonha dessa suposta ascendência indígena:[10] "Essa linhagem era fonte de considerável vergonha para a mãe de Toot, que empalidecia sempre que alguém mencionava o assunto e alimentava a esperança de levar esse segredo para a sepultura". Por outro lado, a avó de Obama tinha muito orgulho dessa origem.[12] Porém, nos Estados Unidos é muito comum que pessoas afirmem que têm ascendência indígena, principalmente cherokee. Mas, na maioria dos casos, essa ascendência é fictícia, sendo parte apenas de um imaginário popular.[13] Na árvore genealógica da mãe de Obama não existe nenhuma evidência que ela realmente tenha tido algum antepassado que fosse um índio cherokee.[11] Apesar de suas múltiplas ancestralidades, Obama se considera negro ou afro-americano, e foi assim que ele se definiu para o censo americano de 2010.[14][15]
Os pais de Obama conheceram-se enquanto frequentavam a Universidade do Havaí em Manoa, onde seu pai era um estudante estrangeiro.[16] Casaram-se em 2 de fevereiro de 1961,[17][18] no estado do Havaí, onde o matrimônio entre pessoas de cores diferentes não era proibido. O casamento entre negros e brancos era proibido em mais da metade dos estados americanos na época. Sobre a união de seus pais, Obama escreveu: "Em muitas regiões do Sul, meu pai poderia ter sido enforcado em uma árvore só por olhar para a minha mãe". Sobre o porquê de seus avós maternos terem aceitado a união entre seus pais, Obama escreveu: "O fato de meus avós terem respondido sim a essa pergunta, não importa quão relutantemente, permanece um eterno quebra-cabeça para mim". O avô de Obama gostava de lembrar que vários ramos de sua família tiveram abolicionistas fervorosos. Uma vez a avó de Obama lhe disse: "Barack, seu avô e eu apenas sentíamos que deveríamos tratar as pessoas com decência. Isso é tudo".[12]
Os pais de Obama separam-se quando ele tinha cinco anos de idade, divorciando-se em seguida.[19][20] Seu pai retornou ao Quênia, encontrando-se com o filho apenas mais uma vez antes de falecer em um acidente de automóvel em 1982, quando seu filho Obama tinha vinte e um anos.[21][22]
Após o seu divórcio, Ann Duham casou-se com o indonésio Lolo Soetoro. A família mudou-se para o país natal de Soetoro em 1967, tendo Obama frequentado escolas em Jakarta até os dez anos de idade. Ele então retornou para Honolulu para morar com seus avós maternos. Em Honolulu, frequentou a escola Punahou, desde a quinta série do ensino elementar americano, em 1971, até a graduação no ensino secundário, em 1979, com dezoito anos.[23] Ainda criança, Obama admitiu ter usado cocaína, haxixe e álcool durante o ensino primário, tendo classificado, em um evento na campanha eleitoral de 2012, como seu maior erro do ponto de vista moral.[24]
A mãe de Obama retornou ao Havaí em 1972, quando o filho tinha 11 anos, lá permanecendo por muitos anos. Voltou à Indonésia por vários períodos para o desenvolvimento de trabalho de campo. Ela defendeu tese de doutoramento em antropologia pela Universidade do Havaí em 1992. Morreu vitimada por câncer nos ovários em 1995.[25][26]
Líder comunitário em Chicago e formação universitária
Após concluir o ensino secundário, com dezessete anos, Barack Obama mudou-se para Los Angeles, onde estudou no Occidental College por dois anos.[27] Em 1981, com vinte anos, transferiu-se para a Universidade de Columbia, em Nova Iorque, onde graduou-se dois anos depois em ciências políticas, com especialização em relações internacionais.[28] Obama obteve o título de bacharel de artes em 1983, quando foi trabalhar por um ano na empresa Business International Corporation, hoje parte do grupo que publica a revista The Economist[29] e em seguida para a organização sem fins lucrativos New York Public Interest Research Group.[30][31]
Depois de quatro anos na cidade de Nova Iorque, Obama mudou-se para Chicago com 24 anos, para trabalhar entre junho de 1985 a maio de 1988 como diretor da Developing Communities Project (DCP),[30][32] uma associação comunitária religiosa originalmente composta por oito paróquias católicas, na região da grande Roseland (Roseland, West Pullman, e Riverdale) ao sul de Chicago. Ele ajudou a criar um programa de educação para o trabalho, um programa de tutoria para a preparação para o estudo universitário, e um outro para o estabelecimento de uma organização de defesa dos direitos de inquilinos na região de Altgeld Gardens.[33] Obama também trabalhou como um consultor e instrutor para a fundação Gamaliel, um instituto que dá consultoria e treinamento para associações comunitárias.[34] Em meados de 1988, ele viajou pela primeira vez para a Europa, onde permaneceu por três semanas, indo em seguida ao Quênia, onde permaneceu por cinco semanas, lá encontrando-se pela primeira vez com alguns de seus parentes paternos.[35][36][37] Ele retornou do Quênia em 1992 com a sua noiva Michelle e sua irmã Auma.[36][38] Obama visitou novamente o Quênia em agosto de 2006, para uma visita ao local de nascimento de seu pai, um vilarejo perto de Kisumu.[39]
No final de 1988, Obama entrou para a Harvard Law School. Ao final do seu primeiro ano na escola, foi escolhido como editor da revista Harvard Law Review, em função das suas notas e de uma competição de redação.[40] Em seu segundo ano na escola, foi escolhido presidente da revista, uma posição voluntária de tempo-integral, assumindo as responsabilidades de editor-chefe e supervisionando a equipe de 80 editores.[33][41] Durante os verões, ele voltou para Chicago, onde trabalhou em escritórios de advocacia, como o Sidley Austin em 1989 e Hopkins & Sutter em 1990.[42] Voltou para Chicago em 1991 após graduar-se com um Juris Doctor.[43][40] A publicidade associada à sua eleição como primeiro afro-americano presidente da Harvard Law Review resultou em um contrato e adiantamento para que ele escrevesse um livro sobre questões relacionadas à raça.[44] Em um esforço para contratar Obama para o seu corpo docente, a escola de direito da Universidade de Chicago ofereceu a ele uma posição em pesquisa e um escritório onde poderia trabalhar no seu livro.[44] Ele planejara terminar o livro em um ano, no entanto a tarefa consumiu muito mais tempo à medida que evoluiu para um livro de memórias. A fim de trabalhar sem interrupções, Obama e sua esposa viajaram para Bali, onde passou meses escrevendo. O manuscrito foi finalmente publicado como Dreams from My Father em meados de 1995.[44]
Universidade de direito de Chicago e advogado dos direitos civis
Após concluir o livro Dreams from My Father, Obama ensinou direito constitucional na escola de direito da Universidade de Chicago por doze anos, como docente entre 1992-1996, e como Professor Sênior entre 1996-2004.[45]
Obama dirigiu a iniciativa Project Vote em Illinois entre abril e outubro de 1992. O projeto, voltado para o registro de eleitores, contava com dez funcionários e 700 voluntários. Ele atingiu seu objetivo de registrar 150 mil dos 400 mil afro-americanos não registrados do Estado, motivando a revista Crain's Chicago Business a incluir, em 1993, Obama na sua lista de líderes promissores com menos de 40 anos.[46][47]
Em 1992, Obama foi membro fundador da mesa diretora da organização sem fins lucrativos Public Allies, renunciando ao cargo antes de sua esposa tornar-se a primeira diretora executiva da Public Allies, no início de 1993.[30][48] Entre 1993 e 2002, foi membro da mesa diretora da fundação filantrópica Woods Fund of Chicago, que, em 1985, foi a primeira fundação a financiar o trabalho de Obama no DCP. Participou da mesa diretora da fundação Joyce entre 1994 e 2002.[30] Entre 1995 e 2002 atuou na mesa diretora do Chicago Annenberg Challenge, tendo sido fundador e presidente.[30] Participou também da mesa diretora das seguintes organizações: Chicago Lawyers' Committee for Civil Rights Under Law, Center for Neighborhood Technology, e Lugenia Burns Hope Center.[30]
Em 1993, Obama juntou-se à firma Davis, Miner, Barnhill & Galland, um escritório de direito composto por 12 advogados especializado em casos de direitos individuais e desenvolvimento econômico de vizinhanças, atuando como advogado associado por três anos, entre 1993 e 1996. Entre 1996 a 2004 possuiu o título de counsel, posição de maior independência, não tendo porém atuado entre 2002 e 2004.[30][49]
Carreira legislativa: 1997-2008
Senador estadual: 1997–2004
Obama foi eleito para o Senado de Illinois em 1996, representando o 13º distrito que, na época, abrangia os bairros de Hyde Park, Kenwood e Chicago Lawn.[50] Obama sucedeu a senadora estadual Alice Palmer, que decidiu concorrer ao Congresso dos Estados Unidos e, com isso, deixou vago o 13º distrito. Uma vez eleito, Obama ganhou apoio bipartidário para a legislação da saúde.[51] Ele patrocinou uma lei que aumentou os créditos fiscais para os trabalhadores de baixa renda, negociou uma reforma na previdência, e promoveu o aumento de subsídios destinados à assistência de crianças.[52]
Obama foi reeleito para o Senado de Illinois em 1998, vencendo o republicano Yesse Yehudah na eleição geral, e reelegendo-se novamente em 2002.[53] Em 2000, ele perdeu a eleição primária democrata para o 1º distrito congressional do Illinois, sendo derrotado pelo então representante Bobby Rush por 59-29%.[54]
Em janeiro de 2003, após uma década da maioria dos republicanos, os democratas recuperaram a maioria e Obama foi escolhido como o presidente do Comitê de Saúde e do Comitê de Serviços Humanos.[55] Ele patrocinou e liderou a aprovação de uma legislação bipartidária para monitorar a discriminação racial, exigindo que a polícia registre a etnia dos motoristas detidos, tornando o Illinois o primeiro estado a obrigar a filmagem dos interrogatórios em casos de homicídio.[52][56] Durante a campanha para o senado em 2004, representantes da polícia creditaram à Obama o engajamento ativo com as organizações policiais na promoção de reformas na legislação sobre a pena de morte.[57] Obama renunciou ao Senado de Illinois em novembro de 2004, após ser eleito para o Senado dos Estados Unidos.[58]
Campanha para o senado
Em maio de 2002, Obama encomendou uma pesquisa para avaliar as suas chances para concorrer na eleição para o senado em 2004. Ele criou um comitê de campanha, começou a levantar fundos, e alinhou-se ao consultor político David Axelrod em agosto de 2002. Obama anunciou formalmente sua candidatura em janeiro de 2003.[59]
Obama foi desde o começo contrário à Invasão do Iraque em 2003, autorizada pelo presidente George W. Bush.[60] Em 2 de outubro de 2002, quando o presidente Bush e o Congresso concordaram com a resolução conjunta autorizando a Guerra do Iraque,[61] Obama proferiu o primeiro grande discurso sobre a guerra,[62] e posicionou-se contra ela.[63] Ele fez outro comício anti-guerra em março de 2003, quando disse à multidão que "não é tarde demais" para parar a guerra.[64]
As escolhas de não concorrer na eleição feitas pelo senador republicano Peter Fitzgerald e por sua antecessora, a democrata Carol Moseley Braun, fizeram com que as primárias de ambos os partidos tivessem quinze candidatos.[65] Nas eleições primárias para a candidatura democrata, os seus principais opositores foram Blair Hull, um homem de negócios, e Dan Hynes, procurador do estado de Illinois. Obama começou abaixo de Hull nas sondagens de opinião, mas isso mudaria depois de um escândalo de violência doméstica que implicava Hull.[66] Na eleição primária realizada em março de 2004, a vitória inesperada de Obama fez com que ele se tornasse uma figura em ascensão dentro do Partido Democrata, começando a partir deste momento as especulações sobre uma futura candidatura presidencial, e levou à reedição de seu livro de memórias, Dreams from My Father.[67]
Em julho de 2004, Obama fez o principal discurso da Convenção Nacional Democrata daquele ano,[68] sendo visto por 9,1 milhões de telespectadores. O seu discurso foi bem recebido e elevou o seu status dentro do seu partido.[69]
O oponente esperado de Obama na eleição geral, o vencedor da primária republicana Jack Ryan, desistiu da eleição em junho de 2004 devido a um escândalo conjugal.[70][71] Seis semanas depois, Alan Keyes aceitou o pedido do Comitê Republicano de substituir Ryan.[72] Na eleição geral de novembro, Obama venceu com 69,97% dos votos.[73][74]
Campanhas presidenciais
Eleição presidencial de 2008
Em 10 de fevereiro de 2007, Obama anunciou sua candidatura à presidência dos Estados Unidos em frente ao edifício Old State Capitol, em Springfield, Illinois.[75][76][77] A escolha do local do anúncio da candidatura foi visto como simbólica, porque foi ali que Abraham Lincoln proferiu o "Discurso da Casa Dividida", em 1858 quando aceitou ser o candidato do Partido Republicano ao senado pelo Illinois.[75][78] Obama enfatizou que iria acabar rapidamente com a Guerra do Iraque, aumentaria a independência energética, faria com que os serviços de saúde fossem universais,[79] e os seus temas de campanha foram "esperança" e "mudança".[80]
Obama ganhou a primeira eleição primária pelo Partido Democrata, em Iowa, no dia 3 de janeiro de 2008, saindo na frente de Hillary Clinton e John Edwards.[81] Já na segunda, Hillary Clinton venceu Obama por três pontos percentuais nas primárias de Nova Hampshire.[82] Obama venceu em 26 de janeiro de 2008 com uma larga vantagem as primárias do partido democrata na Carolina do Sul, onde recebeu o dobro dos votos da senadora Hillary Clinton, devido ao grande apoio recebido dos negros que representaram metade dos cidadãos que foram votar.[83]
Um grande número de candidatos entraram nas primárias presidenciais do Partido Democrata. A primária foi reduzida para um acirrado duelo entre Obama e a senadora Hillary Rodham Clinton após as primeiras primárias.[84] A primária ficou decidida em fins de maio, quando o senador ultrapassou os 2118 delegados necessários para lhe garantir a nomeação (2156 de Obama contra 1923 de Hillary Clinton). Em 4 de junho, depois de vencer as primárias do partido no estado de Montana, Barack Obama assumiu-se como o candidato dos democratas para a eleição geral de 4 de novembro, embora tenha ainda de aguardar pela convenção do Partido Democrata, a ter lugar em agosto, em que seria formalmente nomeado. No dia 7 de junho, Hillary Clinton desistiu da candidatura e declarou apoio à Obama.[84]
Em 23 de agosto, Obama anunciou a escolha do senador pelo Delaware Joe Biden como o candidato à vice-presidência.[85] Além de Biden, o ex-governador e senador pela Indiana Evan Bayh e o governador da Virgínia Tim Kaine foram cotados como possível candidatos à vice-presidência.[86] Na Convenção Nacional Democrata em Denver, Colorado, Hillary Clinton pediu aos seus partidários que apoiassem Obama, e ela e o ex-presidente Bill Clinton fizeram discursos na convenção apoiando Obama.[87] Obama fez o discurso de aceitação como o candidato dos democratas no estádio Sports Authority Field at Mile High para uma multidão de mais de 75.000 pessoas, sendo que o discurso foi visto por mais de 38 milhões de pessoas em todo o mundo.[88][89]
Tanto nas primárias como na eleição geral, a campanha de Obama estabeleceu vários recordes de captação de recursos, principalmente na quantidade de pequenas doações.[90] Em 19 de junho de 2008, Obama se tornou o primeiro candidato presidencial de um partido principal a recusar o financiamento público de campanha desde que o sistema foi criado em 1976.[91]
Devido à sua história pessoal (pai negro, mãe branca e padrasto asiático) é visto por muitos como um unificador, alguém que consegue transpor a barreira racial. O próprio Obama, já brincou com isso no programa da popular apresentadora estadunidense Oprah Winfrey, quando disse que jantares de sua família "são sempre uma mini-ONU, com parentes de todas as etnias". Ainda assim, chegou a ser acusado de racismo contra indivíduos de etnia branca, por ter participado da igreja do pastor Jeremiah Wright, considerado racista negro. Obama negou a associação. Associações racistas e nazistas consideraram-no um extremista racial negro, de origem islâmica.[92] O jornalista Daniel Pipes o considerou muçulmano, por ser filho de pai muçulmano, ainda que não praticante.[93] Apesar disso, alguns grupos supremacistas brancos chegaram a declarar-lhe apoio.[94]
Recebeu o importante apoio da Família Kennedy, sendo comparado muitas vezes ao ex-presidente John Kennedy na sua capacidade de animar os eleitores e oferecer uma nova liderança.[95] Ainda recebeu o apoio de artistas como o cantor Will.I.Am e a líder das Pussycat Dolls, Nicole Scherzinger, que chegaram a gravar um vídeo denominado Yes We Can para a campanha do senador.[96]
John McCain foi nomeado como o candidato republicano e os dois participaram de três debates presidenciais em setembro e outubro de 2008.[97] Em 4 de novembro, Obama ganhou a presidência com 365 votos no colégio eleitoral, contra os 173 recebidos por McCain.[98] Obama ganhou 52,9% dos votos populares, contra os 45,7% de McCain.[99] Obama obteve 69,4 milhões de votos, sendo o presidente mais votado da história dos Estados Unidos e o segundo presidente mais votado do mundo.[100][101] Ele se tornou o primeiro afro-americano a ser eleito presidente.[102] Obama fez o seu discurso de vitória diante de centenas de milhares de partidários em Grant Park, Chicago.[103]
Eleição presidencial de 2012
Em 4 de abril de 2011, Obama anunciou formalmente sua campanha à reeleição em 2012 com um vídeo intitulado "It Begins with Us", que ele postou em seu site e apresentou documentos eleitorais para Comissão Eleitoral Federal.[105][106][107] Como sendo o presidente em exercício, ele concorreu praticamente sem oposição nas primárias presidenciais do partido Democrata,[108] e em 3 de abril de 2012, Obama havia ganho os 2778 delegados necessários para vencer a nomeação democrata.[104]
Na Convenção Nacional Democrata em Charlotte, Carolina do Norte, o ex-presidente Bill Clinton nomeou formalmente Obama e Joe Biden como os candidatos do Partido Democrata para presidente e vice-presidente na eleição geral, em que os seus principais adversários eram os republicanos Mitt Romney, ex-governador de Massachusetts, e o representante Paul Ryan do Wisconsin.[109]
A campanha tinha como sua sede Chicago, e membros da campanha de 2008 foram convidados a participar da campanha de 2012.[110][111] No primeiro semestre de 2011, a campanha de Obama arrecadou US$ 86 milhões e no final ela arrecadou cerca de US$ 440 mihões.[112][113][114][115]
Em 6 de novembro de 2012, Obama ganhou 332 votos no colégio eleitoral, superando os 270 votos necessários para que ele fosse reeleito como presidente.[116][117][118] Com 51% de votos populares, Obama tornou-se o primeiro presidente democrata desde Franklin D. Roosevelt a ganhar duas vezes a maioria dos votos populares.[119][120] O presidente Obama dirigiu-se aos apoiantes e voluntários no McCormick Place, em Chicago, após o anúncio da sua reeleição.[121]
Presidência
Entre a eleição e a tomada de posse, Obama formará a equipe da nova administração. Para ela têm sido apontados vários nomes, como o de Rahm Emanuel para Chefe de Gabinete da Casa Branca.[122][123][124]
Durante seu mandato, em 2009 foi acusado de ser anti-semita por entidades extremistas judeus ao manifestar seu apoio para a criação de um Estado para os refugiados palestinos.[125]
Obama visitou o Brasil entre os dias 19 a 20 de março de 2011 a fins de buscar novos tratados comerciais ente Brasil e Estados Unidos. Logo após a visita ao Brasil, Obama visitou o Chile e o Equador.
Em maio de 2011, Obama fez um dos mais importantes pronunciamentos em rede nacional, afirmando que Osama Bin Laden, líder da Al-Qaeda e mentor dos atentados do 11 de Setembro, foi morto por soldados americanos, com a ajuda de informações da inteligência americana(CIA). A morte do terrorista ocorreu em Abbottabad, no Paquistão. Segundo o presidente americano Barack Obama: “A Justiça foi feita”.
Nobel da Paz
Barack Obama foi premiado com o Nobel da Paz de 2009, "pelos extraordinários esforços para reforçar o papel da diplomacia internacional e a cooperação entre os povos". Houve críticas a esta atribuição. Um dos motivos é o reforço de tropas norte americanas no Afeganistão, por parte de Barack Obama.[126]
Segundo o Comitê do Nobel, em Oslo, o presidente dos Estados Unidos criou um "ambiente novo para a política internacional. Graças a seus esforços, a diplomacia multilateral recuperou sua posição central e devolveu às Nações Unidas e outras instituições internacionais seu papel protagonista". Ainda de acordo com o Comitê, "a visão de um mundo sem armas nucleares estimulou o desarmamento e as negociações para o controle de armamento. Graças à iniciativa de Obama, os Estados Unidos estão desempenhando um papel mais construtivo para fazer frente aos desafios da mudança climática que enfrenta o mundo".[127] De acordo com fontes ligadas ao Comitê, a escolha do laureado visa sempre transmitir uma mensagem política ao mundo. Assim, Obama foi escolhido pelo que representa - e não propriamente por realizações efetivas, ainda nos primeiros nove meses do seu mandato.[128]
Polêmicas
Uma série de polêmicas, tidas como teorias da conspiração, envolvem a vida e a atuação política de Barack Obama:
Real local de nascimento
De acordo com a Constituição dos Estados Unidos o direito de cidadania vem de uma combinação de jus soli ("direito de solo", para os nascidos em solo dos EUA) e jus sanguinis ("direito de sangue" para os filhos de pais estadunidenses). A lei estabelece que a pessoa nascida em território dos EUA (incluindo Porto Rico, Guam, Ilhas Virgens Americanas e Marianas Setentrionais) torna-se automaticamente cidadã do país. Também (não automaticamente, com exceções) crianças filhas de pais americanos nascidas em território estrangeiro.[131] [132]
Para servir como Presidente dos Estados Unidos, o parágrafo 1º do artigo II da Constituição estabelece que:
Nenhuma pessoa exceto um cidadão nato, ou um cidadão dos Estados Unidos, no momento da adoção desta Constituição, será elegível para a presidência, nem será elegível para este cargo pessoa com idade inferior a trinta e cinco anos, e com menos quatorze anos de residência no país.
A constituição determina que as mesmas regras de elegibilidade devem ser exigidas do vice-presidente dos Estados Unidos.[133]
Esta teoria da conspiração nega a legitimidade da eleição de Obama. Os círculos de direita originalmente seus adversários, lançaram esta acusação antes da eleição e, de tempos em tempos, esta torna-se matéria de discussões. De acordo com esta teoria, Obama nasceu no Quênia e não no Havaí, e a certidão de nascimento apresentada seria uma falsificação. Esta teoria baseia-se na forma como a certidão havaiana foi apresentada: O Departamento de Saúde havaiano emitiu um Certification of Live Birth ("certificação de nascido vivo") de forma resumida e não numa versão integral. Segundo as leis do Estado do Havaí, uma certidão deste tipo é obtida sem muito formalismo. Em 1962, uma grande parte de um arquivo oficial havaiano foi destruído.[134]
Janice Okubo, porta-voz do Departamento de Saúde, declarou que no Havaí não existe nenhuma certidão de nascimento "resumida" ou "integral".[135]
Uma versão "integral", foi apresentada no site oficial da Casa Branca, em 27 de Abril de 2011 como resposta aos teóricos da conspiração.[136] O cientista israelense Israel Hanukoglu[137] examinou este documento e afirmou que o mesmo é falso.[130]
O grupo conhecido como "Birthers" [138] afirma que Obama não tem cidadania americana e que, portanto, é inelegível. A controvérsia acerca do real local de nascimento de Obama é tamanha, que o empresário e apresentador Donald Trump questionou publicamente a cidadania do presidente.[139] Trump ofereceu 5 milhões de dólares (a qualquer instituição de caridade indicada por Obama) caso o presidente levasse a público sua documentação original.[140] [141]
Segundo outras teorias, Obama teria cidadania múltipla (britânica, pelo pai biológico já que o Quênia pertencia à Commonwealth), indonésia, pelo pai adotivo e, possivelmente, estadunidense) o que não cumpriria a exigência constitucional de jus soli para sua elegibilidade.
Todas estas acusações foram rejeitadas pela Suprema Corte dos Estados Unidos. [142] [143] Nenhum desses casos foram arquivados nos tribunais de instâncias menores.[144] Assim, em 8 de janeiro de 2009 Obama foi confirmado como presidente pelo Congresso dos Estados Unidos.[145]
Referências
- ↑ «Obama saiu do anonimato para ser primeiro presidente negro dos EUA». Consultado em 20 de janeiro de 2009
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Ligações externas
- Página da campanha oficial à presidência
- The Spirit of Barack Obama
- «Perfil no sítio oficial do Nobel da Paz 2009» (em inglês)
- Certidão de nascimento de Obama
- Materiais da White house para livre uso sob uma licença Creative Commons
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