Caminho de Ferro do Monte
Caminho de Ferro do Monte | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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![]() Subida para o Monte, após a Estação do Pombal | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Bitola: | Bitola estreita | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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O Caminho de Ferro do Monte (vulgarmente conhecido como Comboio do Monte ou Elevador do Monte) foi uma ferrovia de via única em cremalheira que ligava o Pombal, no Funchal, ao Terreiro da Luta, no Monte (Madeira, Portugal), numa extensão 3,911 km.
História
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/1f/Caminho-de-ferro_do_Monte_junto_ao_Hotel_Bello_Monte%2C_c._1910.jpg/220px-Caminho-de-ferro_do_Monte_junto_ao_Hotel_Bello_Monte%2C_c._1910.jpg)
Projecto e construção
Os estudos para o Caminho de Ferro do Monte foram feitos em 1886, pelo engenheiro Raul Mesnier Ponsard. A ideia para a construção de um elevador ou caminho de ferro partiu de António Joaquim Marques, que obteve o consentimento da Câmara Municipal do Funchal em 17 de Fevereiro de 1887.[1][2]
Vencidas algumas dificuldades em reunir o capital para a formação da Companhia do Caminho-de-Ferro do Monte,[2] as obras iniciaram-se a 13 de Agosto de 1891[3] e o primeiro troço, entre o Pombal e a Levada de Santa Luzia, foi inaugurado a 16 de Julho de 1893.[2][1]
No dia 5 de Agosto de 1894 o comboio chega ao lugar de Atalhinho na freguesia do Monte, situado a 577 metros de altitude.[4] É nesta fase que entra em funcionamento a locomotiva a vapor, importada da Alemanha.[1]
A 12 de Julho de 1910, a Companhia do Caminho-de-Ferro do Monte, em assembleia geral, decidiu prolongar o comboio até ao Terreiro da Luta.[4] A pretensão foi aprovada pela Câmara Municipal do Funchal em 4 de Agosto desse ano.[4]
Nos inícios de 1903, foi tornado público que algumas das locomotivas se encontravam em mau estado de funcionamento, pelo foi ordenado à Companhia que seguisse várias precauções, de forma a garantir a segurança pública.[5] Nesta altura, a Companhia possuía 3 locomotivas, uma delas nova, enquanto que as outras já eram antigas e tinham sofrido por um processo de reparação.[5] Na Rua do Pombal situava-se a estação principal e os escritórios da companhia.[4]
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/be/Terreiro_da_Luta_1910.jpg/220px-Terreiro_da_Luta_1910.jpg)
A 24 de Julho de 1912 o comboio chega finalmente ao Terreiro da Luta, a 850 metros de altitude,[4] ficando, no total, com uma extensão de 3.911 metros[4] e as seguintes paragens:[3] Pombal, Levada de Santa Luzia, Livramento, Quinta Sant’Ana (Sant’Ana), Flamengo, Confeitaria, Atalhinho (Monte), Largo da Fonte, e Terreiro da Luta. Na mesma data, inaugura-se na estação do Tereiro da Luta o Chalet Restaurant-Esplanade, um restaurante panorâmico que era explorado pela própria Companhia do Caminho-de-Ferro do Monte, com capacidade para 400 clientes e considerado a par com o melhor nível internacional.[1][4]
Fases da construção
Entre as Estações | Extensão | Inauguração |
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Pombal - Levada de Santa Luzia | 1000 m | 16 de Julho de 1893[1] |
Levada de Santa Luzia - Atalhinho (Monte) | 1500 m | 5 de Agosto de 1894 |
Atalhinho (Monte) - Terreiro da Luta | 1411 m | 24 de Julho de 1912 |
Declínio
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/9/93/Monte%27s_train_wreckage_after_the_1919_explosion.jpg/220px-Monte%27s_train_wreckage_after_the_1919_explosion.jpg)
A 10 de Setembro de 1919 deu-se uma explosão na caldeira de uma locomotiva, quando o comboio subia em direcção ao Monte. Deste acidente resultaram 4 mortos e vários feridos,[6] entre os 56 passageiros a bordo.[1] Devido a este desastre, as viagens foram suspensas até 1 de Fevereiro de 1920. A 11 de Janeiro de 1932, aconteceu novo desastre, desta vez por descarrilamento. A partir de então, turistas e habitantes viraram as costas ao caminho de ferro, considerando-o demasiado perigoso. Aliando este facto à II Guerra Mundial, que se iniciou entretanto, verificou-se uma falta de turistas na Madeira e a companhia do caminho de ferro entrou em crise; a última viagem do comboio realizou-se em Abril de 1943[1] e a linha foi logo desmantelada. Parte do material resultante do desmantelamento, nomeadamente os carris, foi para a sucata e parte foi utilizado na reparação do Elevador do Bom Jesus, em Braga.[2]
Características e exploração
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a8/Caminho_de_Ferro_do_Monte_-_5.jpg/220px-Caminho_de_Ferro_do_Monte_-_5.jpg)
Características técnicas
O Caminho de Ferro do Monte era uma via férrea de cremalheira (sistema Riggenbach).[5] Desenvolvia-se em via única de bitola métrica, excepto nas estações do Livramento e do Monte, onde havia um desvio para permitir o cruzamento de comboios.[4] As composições eram formadas por uma única carruagem, que era empurrada (no sentido ascendente) ou sustida (no descendente) pela locomotiva; o peso da carruagem mantinha-a em contacto com a locomotiva, pelo que não havia necessidade de atrelagem.[3]
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/2/2f/Caminho_de_Ferro_do_Monte_-_1.jpg/220px-Caminho_de_Ferro_do_Monte_-_1.jpg)
Material circulante
A companhia possuía cinco locomotivas (quatro construídas pela Maschinen-Fabrick Esslingen[4] e uma pela SLM Winterthur[4]) e cinco carruagens de passageiros (com capacidade para 60 pessoas[4]). Existiam, ainda, alguns pequenos vagões (baixos) para transporte de grandes quantidades de bagagem.[4]
Actualidade
Em outubro de 2003 a Câmara Municipal do Funchal lançou um concurso público internacional para a reconstrução do Caminho de Ferro do Monte — uma «mais valia patrimonial», de acordo com o presidente da edilidade.[1] O caderno de encargos, que consignava com um direito de exploração de 50 anos, pressupunha um troço em funicular entre o Largo do Monte e o Terreiro da Luta, e uma ligação por «comboio de animação turística daí até ao largo das Babosas (local de chegada do Teleférico do Monte), bem como a recuperação, com materiais da época, de edifícios de apoio.[1]
Está a ser implementado, actualmente, um projecto para a recuperação e reactivação deste serviço, num empreendimento conjunto da Câmara Municipal do Funchal e da empresa Teleféricos da Madeira.[7] O projecto contempla a construção de um caminho de ferro do tipo funicular entre as antigas estações do Terreiro da Luta e do Monte, seguindo o antigo traçado da linha.[7] Não se prevê, no entanto, a reconstrução do serviço até ao centro do Funchal. Este projecto está suspenso por dificuldades de financiamento face à conjectura económica actual, não se prevendo uma data para a sua concretização.[7]
Galeria
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Saída da Estação do Pombal.
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Tomada de passageiros, perto do Funchal.
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Estação perto do Hotel Monte Palace.
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Chegada ao Terreiro da Luta.
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Descida dos carros de cesto, paralela à linha do comboio.
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Descida dos carros de cesto, paralela à linha do comboio.
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Painel de azulejos do antigo Café Ritz, representando o comboio e um carro de cesto.
Ver também
Referências
- ↑ a b c d e f g h i Tolentino da NÓBREGA: “Funchal reabilita antigo caminho-de-ferro: Concuso público a nível europeu” Público (local) (2003.10.03): p.50
- ↑ a b c d Octaviano Correia: (8 de setembro de 2007). «"Do Pombal ao Bom Jesus de Braga"». Jornal da Madeira / Revista Olhar (em prt)
- ↑ a b c Jorge Bonito (2007). «Ranse-Wallis: Um fotógrafo entusiasta dos Caminhos de Ferro (II) - O Caminho de Ferro do Monte» (PDF). Consultado em 6 de Janeiro 2010
- ↑ a b c d e f g h i j k l Silva, J.R. e Ribeiro, M. (2009). Os comboios de Portugal - Volume V. 1ª Edição.Terramar.Lisboa
- ↑ a b c «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (378). 320 páginas. 16 de Setembro de 1903. Consultado em 26 de Julho de 2012
- ↑ Octaviano Correia (13 de Setembro de 2007). «O Comboio do Monte e o elevador do Bom Jesus». Consultado em 06 de Outubro de 2009 Verifique data em:
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(ajuda) - ↑ a b c Miguel Fernandes: (27 de setembro de 2009). «"Comboio do Monte é mais-valia para o turismo"». Jornal da Madeira (em prt)
Ligações externas
- «Fotos do "Comboio do Monte" em Imagens Antigas do Funchal»
- «Câmara Municipal do Funchal - Recuperação do Comboio do Monte»
- «Fotos do "Caminho de Ferro do Monte"». da Lusa - Agência de Notícias de Portugal, S.A