Osvaldo Aranha

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Osvaldo Aranha
Osvaldo Aranha
Osvaldo Aranha
Governador do Rio Grande do Sul Rio Grande do Sul
Período de 9 de outubro de 1930
a 26 de outubro de 1930
Antecessor(a) Getúlio Vargas
Sucessor(a) Sinval Saldanha
Dados pessoais
Nascimento 15 de fevereiro de 1894
Alegrete, Rio Grande do Sul
Morte 27 de janeiro de 1960 (65 anos)
Rio de Janeiro, Distrito Federal
Partido PRR
Profissão advogado

Osvaldo Euclides de Sousa Aranha[1] (Alegrete, 15 de fevereiro de 1894Rio de Janeiro, 27 de janeiro de 1960) foi um advogado, político e diplomata brasileiro.

Biografia

Primeiros anos

Filho de Luísa de Freitas Vale Aranha, por quem foi alfabetizado, e do coronel da Guarda Nacional e fazendeiro Euclides Egídio de Sousa Aranha (1864-1929), dono da estância Alto Uruguai, em Itaqui (interior do Rio Grande do Sul). Passou a infância em Alegrete, cidade que seu avô teria fundado.

Cursou, no Rio de Janeiro, o Colégio Militar e a Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais, atual Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Também estudou em Paris antes de advogar em seu estado natal e de ingressar na política.

Em 1923, quando explodiu a luta fratricida entre "chimangos" (aliados de Borges de Medeiros — presidente da província) e "maragatos" (opositores à sua quinta reeleição), chegou a pegar em armas e lutou a favor do sistema republicano de Borges de Medeiros.

Em 1925 foi intendente de Alegrete. Então, introduziu muitas modernizações, como por exemplo a excelente rede de esgotos da cidade. Com sua peculiar diplomacia, conseguiu a paz entre as famílias separadas pelos conflitos políticos de 1923.

Dois anos mais tarde foi eleito deputado federal. Em 1928 tornou-se secretário do Interior, onde dedicou grande esforço para obras educacionais.

Projeção nacional

Amigo e aliado de Getúlio Vargas, foi o grande articulador da campanha da Aliança Liberal nas eleições, agindo nos bastidores para organizar o levante armado que depôs Washington Luís e tornou realidade a Revolução de 1930.

Em vista da vitória do movimento, Osvaldo Aranha negocia com a Junta Governativa Provisória de 1930, no Rio de Janeiro, a entrega do governo a Vargas. Posteriormente, foi nomeado ministro da Justiça e, em 1931, ministro da Fazenda. Neste cargo, promoveu o levantamento de empréstimos que os estados e municípios haviam contraído no estrangeiro, no período anterior a 1930, tendo em vista a consolidação global da dívida externa brasileira.

Alijado do processo político para a escolha do interventor em Minas Gerais, Osvaldo Aranha pediu demissão do cargo em 1934. No mesmo ano, aceitou o cargo de embaixador em Washington.

Nesse período como embaixador, se impressionou com a democracia estadunidense. Atuou sempre em defesa das relações brasileiras com os Estados Unidos e se tornou amigo pessoal do presidente Franklin Delano Roosevelt. Prestigiado no cargo, foi convidado para palestras em todo o país.

Demitiu-se do cargo de embaixador por não aceitar os caminhos que o Brasil traçara com a declaração do Estado Novo, em 1937. Em março de 1938 foi convencido por seu amigo Vargas a assumir o ministério das Relações Exteriores e, no cargo, lutou contra elementos germanófilos dentro do Estado Novo, em busca de maior aproximação com os Estados Unidos, no conturbado período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial. Sob sua direção, o Itamaraty passou por grandes reformas administrativas.

Projeção internacional

Placa em memória de Osvaldo Aranha em Jerusalém.

No processo do envolvimento brasileiro na Segunda Guerra Mundial, Aranha teve papel fundamental, representando no governo a ala pan-americanista, defendendo uma aliança com os Estados Unidos sempre em oposição aos chefes militares, capitaneados principalmente pelo ministro da Guerra Eurico Gaspar Dutra, que eram partidários de uma aproximação com a Alemanha.

Na Conferência do Rio, em janeiro do 1942, presidida por Osvaldo Aranha, o Brasil e todos os países americanos decidiram romper as relações com os países do Eixo, menos Argentina e Chile, que o fariam posteriormente. A decisão foi uma vitória das convicções pan-americanas de Aranha.

Em 1944, Aranha se demite do cargo de chanceler, após ser enfraquecido dentro do governo e pelo fechamento da Sociedade dos Amigos da América, da qual era vice-presidente. Para muitos observadores da época, Aranha era o candidato natural nas eleições de 1945, mas a parca base política e a fidelidade a Vargas o impediram de disputar as eleições.

Voltou à cena política em 1947, como chefe da delegação brasileira na recém-criada Organização das Nações Unidas (ONU). Presidiu a II Assembléia Geral da ONU que votou o Plano da ONU para a partição da Palestina de 1947, que culminou na criação do Estado de Israel, fato que rendeu a Aranha eternas gratidões dos judeus e sionistas por sua atuação.

Em 1953, no segundo governo Vargas, voltou a ocupar a pasta da Fazenda e introduziu reformas com o objetivo de estabilizar a situação econômica caótica que o país enfrentava. Com a morte trágica do amigo Vargas, Osvaldo Aranha se retira do governo e passa a dar atenção aos seus negócios pessoais e à advocacia. No governo Juscelino Kubitschek, retorna à ONU, à frente da delegação brasileira, para fechar com êxito sua carreira política.

Morte

Na noite do dia 27 de janeiro de 1960, Osvaldo Aranha faleceu em sua residência, na Rua Cosme Velho nº 415, de ataque cardíaco.[2] Seu enterro, acompanhado por milhares de pessoas, reuniu os maiores nomes da política brasileira, entre eles o presidente Juscelino Kubitschek (que foi um dos que carregaram o caixão de Aranha), Tancredo Neves e Horácio Lafer.

Homenagens

Por ter sido um dos articuladores da criação do estado de Israel foi homenageado emprestando seu nome a uma rua em Tel Aviv, Israel.[3]. Pelo mesmo motivo, há também uma rua com o seu nome em Bersebá, Israel, localizada no Campus da Universidade Ben-Gurion do Negev. Há também uma praça em Jerusalém com seu nome e uma rua em Ramat Gan. Homenagem também concedida em Porto Alegre em 1930, no Bairro Bom Fim, onde vivem centenas de famílias de imigrantes judeus.

O filé à Osvaldo Aranha é um típico prato carioca, batizado em homenagem ao político[4].

Família e acervo

Membro de uma família tradicional do sudeste do Brasil, a cidade de Campinas, no Estado de São Paulo: os Sousas Aranhas, era bisneto da Viscondessa de Campinas, Maria Luzia de Sousa Aranha. Neto de Martim Egídio de Sousa Aranha (1839-1884) e de Talvina do Amaral Nogueira. Era também membro de uma outra tradicional família do sudeste brasileiro e do Rio Grande do Sul, os Freitas Vale, sendo descendente do barão de Ibirocaí, primo do ministro das Relações Exteriores Ciro de Freitas Vale, sobrinho do senador Eurico de Freitas Vale e primo do senador José de Freitas Vale). Casou-se com Delminda Benvinda Gudolle, tendo sido seus filhos: Luísa Zilda Aranha, que se casou com Sérgio Correia Afonso da Costa, Euclides Aranha, Osvaldo Aranha e Delminda Gudolle Aranha, que se casou com o embaixador Antônio Correia do Lago, pais do livreiro e colecionador Pedro Correia do Lago.[5]

Herdou de seus pais uma extensa propriedade rural e o gosto pelos livros. Leitor compulsivo, adorava escrever cartas e teve discursos e conferências publicados. Entre seus autores prediletos estavam Victor Hugo, Eça de Queirós, Joaquim Nabuco, Machado de Assis e, embora não fosse positivista, gostava de ler as obras do filósofo Augusto Comte.[carece de fontes?]

Um trabalho minucioso de análise de seu acervo de livros é realizado pelos professores da Universidade da Região da Campanha de Alegrete, no Rio Grande do Sul. Ao todo são contabilizados 11.485 volumes em sua biblioteca pessoal. Os professores pretendem delinear um novo perfil da personalidade histórica de Osvaldo Aranha: "Com este vasto acervo é possível contar e recontar a história deste político e diplomata", afirma um dos responsáveis pelo projeto de preservação da biblioteca particular de Osvaldo Aranha, localizada no prédio do Instituto Estadual de Educação Oswaldo Aranha, na cidade de Alegrete.[carece de fontes?]

As obras do jurista Rui Barbosa, estadista e ministro da fazenda da República, aparecem com destaque em seu acervo. Inicialmente com 4.585 livros, o acervo foi doado pelo próprio Osvaldo em 1942, para mais tarde, 1962, mais de 7 mil exemplares de obras variadas virem a ser doados pela família do ex-ministro. Além disso, também compõe o acervo mais de mil recortes de jornais, feitos a pedido do diplomata, sobre o que saia na imprensa a seu respeito: estes recortes integram o acervo do Museu Oswaldo Aranha, também em Alegrete. Entre as preciosidades do acervo está a coleção do jornal A Federação (1884-1937), órgão oficial do partido Republicano Rio-grandense, autografada pelo líder federalista Joaquim Francisco de Assis Brasil, inimigo de Borges de Medeiros, de quem Aranha era defensor.[carece de fontes?]

Encontra-se em produção um documentário de longa-metragem sobre a vida e a obra de Osvaldo Aranha. O filme Oswaldo Aranha – O Voto e a Revolução é escrito e dirigido por Júlio Wohlgemuth e produzido pela "Animatógrafo Cinema e Vídeo", de Brasília, que foi lançado no segundo semestre de 2008.[carece de fontes?]

Notas

Referências

Ligações externas

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Precedido por
Getúlio Vargas
Governador do Estado do Rio Grande do Sul
1930
Sucedido por
Sinval Saldanha
Precedido por
Afrânio de Melo Franco
Ministro da Justiça
e
Negócios Interiores do Brasil

1930 — 1931
Sucedido por
Maurício Cardoso
Precedido por
José Maria Whitaker
Ministro da Fazenda do Brasil
1931 — 1934
Sucedido por
Artur de Sousa Costa
Precedido por
Paul-Henri Spaak
Presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas
1947
Sucedido por
José Arce
Precedido por
Horácio Lafer
Ministro da Fazenda do Brasil
1953 — 1954
Sucedido por
Eugênio Gudin
Precedido por
Horácio Lafer
Ministro da Fazenda do Brasil
1953 — 1954
Sucedido por
Eugênio Gudin
Precedido por
João Cleofas de Oliveira
Ministro da Agricultura do Brasil
1954
Sucedido por
Apolônio Jorge de Faria Sales