Ramal da Lousã
Ramal da Lousã | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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![]() Fachada da Estação de Coimbra | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
![]() Mapa do “Metro Mondego”, incl. Ramal da Lousã | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Comprimento: | 35 km | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Bitola: | Bitola larga | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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O Ramal da Lousã foi um troço ferroviário de bitola ibérica, que apresentava uma extensão de 36,9 quilómetros e liga Coimbra a Serpins, passando por Ceira, Miranda do Corvo, e Lousã, em Portugal.
Caracterização
Material circulante
Um dos principais elementos de material circulante que asseguraram os serviços nesta ligação foram as automotoras da Série 0300.[1]
História
Planeamento e construção do Ramal de Coimbra
Uma lei publicada em 26 de Janeiro de 1876, ordenou que a Linha da Beira Alta deveria começar na Estação de Coimbra na Linha do Norte e terminar na fronteira com Espanha, passando por Santa Comba Dão; no entanto, surgiram vários problemas com este projecto, tendo uma nova lei, de 23 de Março de 1878, alterado o local de entroncamento para a Pampilhosa.[2] Em troca, a companhia construtora deveria instalar uma nova ligação ferroviária até ao interior da cidade de Coimbra, que também deveria ser um entreposto fluvial, para as mercadorias da Beira poderem seguir o Rio Mondego até ao Porto da Figueira da Foz; no entanto, em 1882, esta obra ainda não se tinha sequer iniciado, devido a conflitos entre a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses da Beira Alta e o estado português, por este ter autorizado, por uma lei de 2 de Maio desse ano, a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses a construir a Linha do Leste, cuja operação iria prejudicar os interesses da Companhia da Beira Alta.[2] Os direitos para a construção e gestão do ramal foram, assim, passados para a Companhia Real em 1883, que o inaugurou em 18 de Outubro de 1885[2], com o nome de Ramal de Coimbra.[3]
Formação da Companhia do Caminho de Ferro do Mondego
Os direitos de construção e gestão de uma ligação ferroviária entre Coimbra e Arganil foram atribuídos à Companhia do Caminho de Ferro do Mondego, pelos alvarás régios de 10 de Setembro de 1887 e 8 de Novembro de 1888; o primeiro firmou uma bitola de 1 metro para este caminho de ferro, tendo o segundo alterado a bitola para 1,67 metros.[4] Ficou, igualmente, estabelecido que a linha deveria estar totalmente construída dois anos após a aprovação do projecto.[5] A Companhia foi formada oficialmente em 12 de Novembro de 1888, enquanto que o projecto definitivo para esta linha foi aprovado por por uma portaria de 11 de Janeiro do ano seguinte.[4] A alteração de bitola foi criticada, pois previa-se que a utilização de via larga iria tornar a construção mais difícil e dispendiosa, especialmente no troço da Lousã a Arganil.[6]
Falência da Companhia do Caminho de Ferro do Mondego
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/e1/Apeadeiro_Coimbra-Parque_Ramal_da_Lousa.jpg/220px-Apeadeiro_Coimbra-Parque_Ramal_da_Lousa.jpg)
No entanto, vários conflitos com o empreiteiro e problemas de ordem financeira interromperam as obras, que nessa altura já se encontravam bastante avançadas[4], especialmente na primeira secção, tendo sido despendidos, nessa altura, mais de um milhão de réis na construção.[5] Em 24 de Outubro de 1895, o Tribunal do Comércio de Lisboa concedeu à Companhia a cessação de pagamentos.[5]
A Companhia do Mondego requereu ao governo, por diversas vezes, o adiamento do prazo para a conclusão deste caminho de ferro, o que lhe foi concedido, após um parecer positivo da Junta Consultiva de Obras Públicas e Minas; o último prazo foi fixado em 31 de Outubro de 1896, mas com a condição da Companhia realizar algumas reparações no troço já construído, e modificações nas vias públicas.[5] A Companhia entrou, no entanto, em falência no dia 18 de Fevereiro de 1897[4], por sentença do Tribunal do Comércio[5]; ao abrigo da lei de 9 de Novembro de 1893, esta empresa passou, então, a ser dirigida por um conselho fiscal, formado por representantes dos credores, do Governo e da própria Companhia.[5]
Em 1902, o conselho fiscal solicitou o apoio do chefe do Partido Progressista, José Luciano de Castro, para obter uma rápida deliberação do governo sobre os projectos que estavam a ser discutidos para a conclusão desta ligação ferroviária[7]; nesse ano, as obras ainda se encontravam suspensas, e as infra-estruturas estavam a começar a degradar-se.[8]
Em Março do ano seguinte, já tinha sido acordado, entre a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses e a Companhia do Caminho de Ferro do Mondego, que a exploração da linha seria entregue à Companhia Real, depois de ter sido construída; previa-se, assim, que as obras seriam brevemente retomadas.[9]
Desde a tomada de posse que o conselho fiscal tentou chegar a um acordo com o empreiteiro, a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses e os credores, tendo chegado, após várias tentativas, a uma solução: a Companhia do Mondego iria emitir 350 mil réis nominais de obrigações de 5%, amortizáveis num prazo de 25 anos, e aplicar o produto desta emissão nas obras de conclusão da primeira secção da linha, no pagamento de várias despesas urgentes, e na aquisição de materiais para o empreiteiro.[5] Por seu lado, a Companhia Real iria explorar a linha por 25 anos, recebendo, pelo serviço de exploração, 500$000 réis por ano e quilómetro, e o empreiteiro iria entregar os materiais existentes.[5] Para garantir a colocação das obrigações, o conselho fiscal solicitou uma garantia inferior a 3%, pelo que levou um projecto de lei à Câmara dos Deputados.[5]
Este projecto de lei foi apresentado pelo Ministro das Obras Públicas, e votado, com uma ligeira alteração, na sessão nocturna da Câmara dos Deputados de 11 de Maio de 1903.[5] Este diploma tinha como propósito autorizar o governo a adiantar, anualmente, 10:500$000 réis à Companhia do Mondego, pelo Fundo Especial de Caminhos de Ferro; este montante era necessário para, junto com o rendimento líquido da exploração do Caminho de Ferro de Coimbra a Arganil, alcançar a quantia de 24:883$375, correspondente à anuidade necessária para o juro de 5% e a amortização, em 25 anos, de um empréstimo de 250:000$000 réis em obrigações, a serem emitidas pela Companhia.[5] Este processo era indispensável para concluir a construção da linha, e tornar definitivo o contrato anterior, realizado com a Companhia Real.[5]
Em 22 de Novembro de 1904, foi assinado um novo contrato com a Companhia Real, passando esta empresa a construir e explorar a linha.[4]
Inauguração da linha até à Lousã
Em Março do ano seguinte, as obras já tinham sido retomadas, estando em construção os troços junto a Portela, Carroulo e Treniva, e estava-se a trabalhar na ligação entre a ponte da Portela e o viaduto de passagem para as Torres.[10] Em Agosto, já se tinha iniciado a extracção de areia do Rio Mondego, para ser utilizada nos trabalhos de balastragem, e já tinham começado as obras na estrada da Beira.[11]
A abertura à exploração até à Lousã foi realizada no dia 16 de Dezembro de 1906, pela Companhia Real.[4]
Troço entre Lousã e Serpins
O Decreto 8:910, publicado pelo Ministério do Comércio e Comunicações em 8 de Junho de 1923, concedeu à Companhia do Caminho de Ferro do Mondego uma garantia de juro de 7%, para a emissão de um empréstimo, e respectiva amortização, para construir o então denominado Caminho de Ferro de Lousã a Arganil.[12] Este documento também estabeleceu que, após a abertura, a exploração deveria ser feita pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, e a construção deveria ser feita em duas secções, sendo a primeira entre a Estação da Lousã e a margem esquerda do Rio Ceira, junto à Estrada Distrital n.º 106, e a segunda secção, desde este ponto, até Arganil.[12]
A construção iniciou-se na Lousã, em Agosto de 1924[4], estando, em Julho de 1926, ainda em construção o troço entre Lousã e Góis.[13] Em Setembro, esperava-se que a linha chegasse à margem esquerda do Rio Ceira em meados do ano seguinte[14], e, em Novembro, foi aprovado o projecto de construção da Ponte de Serpins, sobre o Rio Ceira.[15]
No dia 19 de Novembro de 1927, foi publicado o decreto 14:775, que autorizou a Companhia do Caminho de Ferro do Mondego a alterar a bitola de via, nas linhas que já existiam, para 1 metro, sem interromper a circulação, e a utilizar esta bitola nas linhas que iriam ser construídas; o mesmo documento autorizou a Companhia a continuar a linha, de Arganil até Santa Comba Dão.[16] No entanto, a abertura à exploração até Serpins, efectuada em 10 de Agosto de 1930, foi feita em via larga (bitola ibérica).[4]
Século XXI
Já se iniciou o projecto de conversão deste ramal num metropolitano de superfície, denominado Metro [do] Mondego, tendo já sido implementadas as infra-estruturas de apoio ao transporte rodoviário, que irá substituir o transporte ferroviário durante a conversão[17].
A adaptação da via para sistema de metropolitano de superfície iniciou-se em 2 de Dezembro entre Serpins e Alto de São João.
O projecto do Metro do Mondego é oposto pelo Movimento de Defesa do Ramal da Lousã, um grupo que defende a modernização do material circulante e infra-estruturas no ramal[18]. Este grupo exige, ainda, o calendário das obras de requalificação, e garantias de qualidade nos transportes alternativos[19].
No dia 4 de Janeiro de 2010 foi encerrado o tráfego ferroviário neste ramal, passando o serviço a ser assegurado por autocarros[20].
Ver também
Ferrovias e similares em Coimbra | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Referências
- ↑ BRAZÃO, Carlos (1992). «CP Automotor». Madrid: Resistor, S. A. Maquetren (em espanhol). 2 (8). 29 páginas
- ↑ a b c TORRES, Carlos Manitto (1 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1681). 12 páginas
- ↑ Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006, 2006:12
- ↑ a b c d e f g h TORRES, Carlos Manitto (16 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1682). 64 páginas
- ↑ a b c d e f g h i j k l CARDOSO, Soares (16 de Maio de 1903). «A linha de Arganil». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (370): 159, 160
- ↑ «A Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses em 1925» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 39 (925). 197 páginas. 1 de Julho de 1926. Consultado em 7 de Março de 2012
- ↑ «Linhas Portuguezas». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (361). 11 páginas. 1 de Janeiro de 1903
- ↑ «Balanço Ferro-viario». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (361). 2 páginas. 1 de Janeiro de 1903
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (365). 75 páginas. 1 de Março de 1903. Consultado em 6 de Março de 2012
- ↑ «Linhas Portuguezas». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 18 (412). 91 páginas. 16 de Março de 1905
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 18 (424). 16 de Agosto de 1905. 250 páginas. Consultado em 7 de Março de 2012
- ↑ a b PORTUGAL. Decreto n.º 8:910, de 8 de Junho de 1923. Ministério do Comércio e Comunicações. Publicado no Diário da República n.º 124, Série I, de 12 de Junho de 1923
- ↑ «Linhas Portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 39 (925). 208 páginas. 1 de Julho de 1926. Consultado em 7 de Março de 2012
- ↑ «Linhas Portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 39 (930). 16 de Setembro de 1926. 287 páginas. Consultado em 7 de Março de 2012
- ↑ «Linhas Portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 39 (934). 335 páginas. 16 de Novembro de 1926. Consultado em 7 de Março de 2012
- ↑ PORTUGAL. Decreto n.º 14:775, de 19 de Novembro de 1927. Ministério do Comércio e Comunicações. Publicado no Diário da República n.º 283, Série I, de 22 de Dezembro de 1927
- ↑ «INFRA-ESTRUTURAS DAS PARAGENS DOS SERVIÇOS ALTERNATIVOS». Metro do Mondego. 28 de Setembro de 2009. Consultado em 22 de Outubro de 2009
- ↑ «Viajar como sardinha enlatada no Ramal da Lousã». Diário de Coimbra. 6 de Outubro de 2009. Consultado em 22 de Outubro de 2009
- ↑ «Manifestação marcada em defesa do Ramal da Lousã». ESQUERDA. 6 de Novembro de 2009. Consultado em 7 de Novembro de 2009
- ↑ «"Ramal da Lousã - Interrupção da circulação"». Avisos da CP. Consultado em 19 de Fevereiro de 2012 Parâmetro desconhecido
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Bibliografia
- Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. [S.l.]: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 2006. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X
Ligações externas
- [1] Artigo sobre o Ramal da Lousã e o serviço das UDD 0450
- Página oficial do Metro do Mondego
- Blog oficial do Movimento de Defesa do Ramal da Lousã