Futanari
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Futanari (ふたなり? raramente: 二形, 双形, literalmente: forma dupla; 二成, 双成, literalmente: "[ser de] dois tipos") é uma palavra composta traduzida literalmente para "duas formas" e com o significado de hermafrodita em japonês, utilizada para designar pessoas intersexo e, num sentido mais abrangente, andróginas ou altersexo. Além do Japão, o termo é usado para descrever um gênero pornográfico comum de eroge, mangá e anime, que inclui personagens que mostram as duas principais características sexuais.[1] Na linguagem de hoje, refere-se quase exclusivamente a personagens que têm um corpo feminino geral, mas que têm genitália hermafrodita, ou seja, tanto a genitalia feminina e masculina (embora nem sempre haja testículos). Nesse caso, o termo também é frequentemente abreviado como futa(s), que ocasionalmente também é usado como um termo generalizado para os trabalhos em si.[2]
O uso da palavra varia de acordo com os tempos, sendo usada para designar pessoas intersexuais ou travestis, também está ligada a conceitos budistas, bem como ao conceito de androginia. Durante o século 20, o uso da palavra futanari diminuiu na linguagem cotidiana para ser substituído pelas palavras e para pessoas intersexuais e para androginia.
A palavra é retomada pela pornografia japonesa a partir dos anos 1990: neste contexto, ela descreve especificamente mulheres com pênis em proporções muitas vezes exageradas, especialmente no mercado hentai japonês.
Origens históricas[editar | editar código-fonte]
A religião popular japonesa criou diversas fantasias relacionadas a características sexuais. As peças vocais tradicionais que datam de centenas de anos fornecem evidências grosseiras de que uma mudança de gênero não foi descartada[2] e de que a representação do gênero foi usada para adorar divindades como dōsojin, que às vezes tinham gênero ambíguo, sendo nem homem nem mulher. Leupp acrescenta que as origens podem até voltar às origens do budismo, uma vez que as divindades não teriam necessariamente um gênero fixo ou determinável.[1] Da mesma forma, espalhou-se a crença de que algumas pessoas poderiam mudar de gênero, dependendo da fase lunar. O termo meia-lua (半月 hangetsu?) foi cunhado para descrever esses seres.[2] Supõe-se que a roupa tradicional, que dificultava a distinção entre homens e mulheres como em outras culturas, poderia ter influenciado.[2] Para restringir as mulheres de acessar áreas proibidas e evitar o contrabando escondendo itens na bolsa do cinto, postos de guarda foram designados para realizar verificações corporais. Nos registros históricos, pode-se ver que os guardas gostavam de brincar com esse assunto com bastante frequência, resultando em várias histórias e até poemas.[2] Se anomalias anatômicas, como clitoromegalia ou desenvolvimento físico incomum, levaram a essas suposições permanecem em aberto.[2]
Até 1644, quando os atores onnagata eram obrigados a adotar penteados masculinos, independentemente do sexo que representavam, atores que interpretavam personagens como guerreiras capitalizavam o interesse pela qualidade do futanari, o que era comum tanto no samurai quanto na sociedade comum.[1]
Em animes e mangás[editar | editar código-fonte]

Originalmente a língua japonesa se referia a qualquer personagem ou pessoa real que possuísse traços masculinos e femininos como futanari. Isso mudou na década de 1990 com as personagens futanari desenhadas terem se tornado mais populares nos animes e mangás. Hoje, o termo geralmente se refere a personagens intersexo fictícias de desenho, de características sexuais secundárias femininas e como genitais um pénis, vagina e vulva (podendo, ou não, testículos aparecer). Porém o uso de intersexo para descrever futanari pode ser considerado intersexista, vindo a surgir o termo altersexo para sexo alternativo.[3][4] Futanari também é usado como o termo para um gênero específico dentro da mídia relacionada a hentai (anime pornográfico ou mangá) que retrata tais personagens.[5][6]
Origens[editar | editar código-fonte]
Para diferenciar entre personagens fictícias e mulheres trans que possuem características sexuais secundárias femininas, um pênis e testículos, a língua japonesa adotou o termo wasei-eigo newhalf (ニューハーフ nyūhāfu?) para mulheres trans. O mangá futanari tornou-se popular nos anos 90 e rapidamente se tornou uma parte difundida da indústria, polinizando-o com vários gêneros. Hot Tails de Toshiki Yui foi descrito como o exemplo mais conhecido do gênero no Ocidente.[7]
Em anime destinado a um público amplo, as histórias de genderbending ou crossdressing sempre foram populares. Exemplos populares incluem anime como Ranma ½, Kämpfer e Futaba-Kun Change! (em que o personagem principal muda de masculino para feminino),[8] e My Me! Strawberry Eggs (que tem um tema mais cross-dressing). A série de light novels e anime Wagaya no Oinari-sama ("Deidade da Raposa do Nosso Lar") apresenta uma divindade de raposa feminina que frequentemente aparece como um homem humano.
Parte de uma série sobre |
Sexo e sexualidade na ficção especulativa |
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Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ a b c Leupp, Gary P. (1995). Male colors : the construction of homosexuality in Tokugawa Japan. Berkeley: University of California Press. OCLC 43475917
- ↑ a b c d e f (em alemão) Krauss, Friedrich Salomo et al. Japanisches Geschlechtsleben: Abhandlungen und Erhebungen über das Geschlechtsleben des japanischen Volkes ; folkloristische Studien, Schustek, 1965
- ↑ V. Fort, Alexander. «Sex and the Impossible». scripties.uba.uva.nl. Stigma and Sexualities of Online Fantasy Fetish Content Creators. University of Amsterdam. Consultado em 30 de março de 2021
- ↑ «ALTERSEX: Sex/Gender Slurs And The Alternatives -- farorenightclaw's Journal». www.furaffinity.net (em inglês). Consultado em 30 de março de 2021
- ↑ Jacobs, Katrien (2007). Netporn: DIY Web Culture and Sexual Politics. Lanham: Rowman & Littlefield. pp. 103–104. ISBN 9780742554320
- ↑ Leite Jr, Jorge (junho de 2012). "Labirintos conceituais científicos, nativos e mercadológicos: pornografia com pessoas que transitam entre os gêneros". Cadernos Pagu (38): 99–128. doi:10.1590/S0104-83332012000100004. ISSN 0104-8333
- ↑ Thompson, Jason (2007). Manga: The Complete Guide. New York: Del Rey Books. p. 452. ISBN 9780345485908.
- ↑ Timothy Perper; Martha Cornog. "Sex, Love, and Women in Japanese Comics". International Encyclopedia of Sexuality.