Internato Nossa Senhora Auxiliadora

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Internato Nossa Senhora Auxiliadora
Internato Nossa Senhora Auxiliadora
Tipo Patrimônio Tombado
Estilo dominante Neoclássico
Arquiteto Dr. Francisco de Paula Ramos de Azevedo
Início da construção 1896
Inauguração 22 de novembro de 1896
Geografia
País  Brasil
Cidade São Paulo

O Internato Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga é uma edificação localizada na Rua Dom Luiz Lasagna, nº 300, e na Avenida Nazaré, nº 810, no bairro Ipiranga, na zona sul da cidade de São Paulo.[1] Inaugurado em 22 de novembro de 1896, a construção do internato foi uma iniciativa filantrópica do Conde José Vicente de Azevedo (18591944), instituidor, fundador e viabilizador de algumas das obras assistenciais e educacionais no bairro do Ipiranga. A estrutura do projeto arquitetônico do internato foi elaborada pelo escritório Ramos de Azevedo. Atualmente, o prédio histórico é sede da Fundação Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga (FUNSAI), do Centro de Apoio à Juventude (CAJ) e do Museu Vicente de Azevedo.

Arquitetura[editar | editar código-fonte]

O edifício foi arquitetado em estilo neoclássico, projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo.[2] Um portão de ferro ornamentado, datado do final do século XIX, introduz um jardim de rosas, com canteiros geométricos versalheses, que antecedem o prédio histórico.[3]

Contexto histórico[editar | editar código-fonte]

No final do século XIX, o bairro Ipiranga era considerado um antro fabril e, consequentemente, um cenário para agitações e reivindicações sociais, onde anarquistas editavam pequenos jornais, a maioria em italiano, convocando a classe operária para a revolução. Contudo, os bairros operários não contavam com a infraestrutura necessária e suficiente para amparar as crianças de trabalhadores.[3]

Como o número de crianças desamparadas aumentou consideravelmente, a Igreja recorreu à elite católica para tentar amenizar a situação de pobreza e auxiliar aqueles que não tivessem recursos para amparar as crianças. Nesse contexto, o Conde José Vicente de Azevedo[4] com o respaldo da Igreja Católica deu início a obras filantrópica na cidade de São Paulo.

O Internato Nossa Senhora Auxiliadora foi inaugurado em 1926 pelas freiras do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora. Até o ano de 1986, a escola foi um internato apenas para meninas, a partir deste ano, foi aberto o ensino misto.[5]

Detalhe do lado esquerdo do jardim do Internato Nossa Senhora Auxiliadora, do ponto de vista do portão de ferro.

A intervenção do Conde José Vicente de Azevedo[editar | editar código-fonte]

O Internato Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga foi primeira obra iniciada pelo Conde José Vicente de Azevedo. O projeto do edifício foi elaborado pelo Dr. Francisco de Paula Ramos de Azevedo. Em 1890, teve início a construção do “Asylo de Meninas Órphãs”, que depois seria transformado no Internato Nossa Senhora Auxiliadora, e posteriormente, em 1939, na Fundação Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga (FUNSAI).[6]

Inspirado no Seminário das Educandas de Nossa Senhora da Glória, fundado em 1825, único estabelecimento gratuito existente na Paulicéia de caráter oficial, o Internato Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga foi indiretamente responsável pelo surgimento de outras instituições de ensino: o Educandário Sagrada Família, o Grupo Escolar São José e o Noviciado Nossa Senhora das Graças.[7]

Detalhe da parte superior da fachada do edifício.

A finalidade do projeto era ministrar instrução primária, educação, prendas domésticas e profissionais sem nenhuma cobrança financeira para as órfãs da região, principalmente as filhas de famílias brasileiras que já haviam sido abastadas.[7]

A administração interna do asilo contava com a assistência das irmãs salesianas. A manutenção das dependências do internato era responsabilidade da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Sé, da qual o Conde José Vicente de Azevedo era irmão provedor. Em 1911, a Irmandade do Santíssimo Sacramento deixou de assistir o internato e a administração coube ao próprio Conde José Vicente de Azevedo, que desde 1892 recebia doações do Sr. Joaquim Floriano Wanderley para o asilo.[8]

Detalhe da parte central da fachada do Internato Nossa Senhora Auxiliadora.

Em 1924, as irmãs salesianas deixaram a direção do asilo e Dona Leonor de Campos Salles, filha do presidente Campos Salles, começou a dirigir o estabelecimento. Em 1° de outubro de 1924, o Conde José Vicente de Azevedo deu início ao Grupo Escolar São José, numa dependência do “Asylo de Meninas Órphãs”, hoje o internato, vendo que o bairro Ipiranga crescia cada vez mais. O conde contou com o apoio da educadora Carolina Ribeiro.[8]

Em 1933, as irmãs salesianas voltaram a administrar o internato e permaneceram até 1952, quando a direção passou a ser de Dona Maria José Meira de Vasconcelos. No ano seguinte, 1953, a direção passou às mãos das irmãs da Congregação das Filhas de Nossa Senhora do Sagrado Coração, que lá permanecem até a presente data. A entidade é dirigida por descendentes do Conde José Vicente de Azevedo, responsáveis por outras obras filantrópicas no bairro.[8]

Estado atual[editar | editar código-fonte]

O Centro de Apoio à Juventude (CAJ)[9] é um serviço sócio-assistencial de proteção social básica voltado para crianças e adolescentes entre os seis anos de idade, aos catorze anos e onze meses. O espaço visa garantir "espaço de convivência, formação para a cidadania, desenvolvimento do protagonismo e da autonomia de crianças e adolescentes, bem como contribuir para a permanência na escola e a participação em projetos que ampliem o seu universo informacional, cultural, artístico e o desenvolvimento de potencialidades, habilidades e talentos".

Portão de ferro ornamentado do Internato Nossa Senhora Auxiliadora.

Tombamento do patrimônio histórico[editar | editar código-fonte]

No ano de 2007, no dia 08 de maio,[2] o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental (Conpresp)[10][11] e, entre as construções, o Internato Nossa Senhora Auxiliadora. Os bens tombados são parte da herança do Conde José Vicente de Azevedo, que detinha em bens 45 alqueires das imediações do Ipiranga. O plano de tombamento estava em análise desde 1993.

Fundação Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga (FUNSAI)[editar | editar código-fonte]

A Fundação surge em 1896, fica situada na Rua Arcipreste Andrade, nº 503 - Ipiranga, São Paulo e foi fundada pelo Conde José Vicente de Azevedo, com o intuito de amparar crianças órfãs. Sendo uma organização que visa a assistência social, atualmente acaba exercendo no fornecimento de auxílio a comunidade. Ela é composta por 6 unidades exclusivas e 5 projetos, incluindo: Centro Educacional Infantil, Berçário Anjo da Guarda, Casa Maria Thereza, Centro de Convivência Vivavida e Quixote - Espaço Comunitário. Cada projeto tem seu público específico, dirigido a partir de sua idade ou necessidade buscada.[12]

Galeria de Fotos[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. [ http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/upload/9b5fc_11_RAE_Parque_da_Independencia_mapa.pdf]DPH: Bens Tombados no Eixo Histórico-Urbanístico do Ipiranga
  2. a b «"Tombados 12 prédios centenários no Ipiranga" - Portal da Prefeitura da Cidade de São Paulo». www.prefeitura.sp.gov.br. Consultado em 26 de abril de 2017 
  3. a b [1], GODOY, M. G. G.; JÚNIOR, L. E. O Museu Paulista e a formação de um espaço de modernidade no bairro Ipiranga. In: PESQUISA E DEBATE, ano III, nº 4, Universidade São Marcos Jan/Jun 2006
  4. [2] M. CECÍLIA C. C.DE SOUZA, M. C. C. C., HILSDORF, M.L. ENTRE OLIGARQUIAS REPUBLICANAS E IGREJA ULTRAMONTANA, UM OLHAR PARA OS ESQUECIDOS: José Vicente de Azevedo e a educação das meninas negras.
  5. «Escola que completa 90 anos foi internato apenas para meninas no passado». Campo Grande News 
  6. [3] JÚNIOR, L. E.; MAZZALI, L.; VIEGAS, R. F. Educação e filantropia na cidade de São Paulo, no final do século XIX e primeiras décadas do século XX: um estudo da obra do Conde José Vicente de Azevedo no bairro do Ipiranga. In: História da Educação, ASPHE/FaE/UFPel, Pelotas, n. 22, p. 155-181, Maio/Ago 2007
  7. a b [4] JÚNIOR, L. E.; MAZZALI, L.; VIEGAS, R. F. Educação e filantropia na cidade de São Paulo, no final do século XIX e primeiras décadas do século XX: um estudo da obra do Conde José Vicente de Azevedo no bairro do Ipiranga. In: História da Educação, ASPHE/FaE/UFPel, Pelotas, n. 22, p. 155-181, Maio/Ago 2007
  8. a b c Júnior, Lincoln Etchebèhére; Leonel (30 de maio de 2012). «Educação e filantropia na cidade de São Paulo, no final do século XIX e primeiras décadas do século XX: um estudo da obra do conde José Vicente de Azevedo no bairro do Ipiranga - Education and philanthropy in the city of São Paulo, in the end of the ninet». History of Education Journal. 11 (22): 155–181. ISSN 2236-3459 
  9. [5] FUNSAI: Centro de Apoio à Juventude
  10. [6] Prefeitura de São Paulo: Tombados 12 prédios centenários no Ipiranga
  11. [7] G1: 12 prédios centenários são tombados em SP
  12. Andrade, Suellen (2013). «FUNSAI» (PDF). Suellen Schmidt de Andrade. Consultado em 26 de abril de 2017 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • FRANCESCHINI, Maria Angelina V. de A. et alii. Conde José Vicente de Azevedo, sua vida e sua obra. 1ª e 2ª ed. São Paulo: Fundação N. S. Auxiliadora do Ipiranga, 1996,.
  • GODOY, M. G. G.; JÚNIOR, L. E. O Museu Paulista e a formação de um espaço de modernidade no bairro Ipiranga. In: PESQUISA E DEBATE, ano III, nº 4, Universidade São Marcos Jan/Jun 2006

Disponível em: http://pesquisaemdebate.net/docs/pesquisaEmDebate_4/PesquisaEmDebate_4.pdf#page=98

  • JÚNIOR, L. E.; MAZZALI, L.; VIEGAS, R. F. Educação e filantropia na cidade de São Paulo, no final do século XIX e primeiras décadas do século XX: um estudo da obra do Conde José Vicente de Azevedo no bairro do Ipiranga. In: História da Educação, ASPHE/FaE/UFPel, Pelotas, n. 22, p. 155-181, Maio/Ago 2007

Disponível em: http://www.seer.ufrgs.br/index.php/asphe/article/view/29292/pdf

  • SOUZA, M. C. C. C., HILSDORF, M.L. ENTRE OLIGARQUIAS REPUBLICANAS E IGREJA ULTRAMONTANA, UM OLHAR PARA OS ESQUECIDOS: José Vicente de Azevedo e a educação das meninas negras.

Disponível em: http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe1/anais/098_maria_cecilia_c.pdf

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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