João Cabral de Melo Neto: diferenças entre revisões
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Primeiro book de poemas de Melo Neto, ''Pedra do Sono'' é uma seleta de poema com forte teor surrealista. Dentre os temas principais estão a descrição de estados oníricos, "lunares", revelando o interesse do jovem Cabral pelos estados fronteiriços entre o sono e a vigília. ''Pedra do Sono'' foi mais tarde criticado pelo próprio Cabral. Abandonando lentamente os elementos imagéticos simbolistas e surrealistas, Cabral várias vezes expressou a importância na poesia de apresentar a imagem, em lugar de sugerir atmosferas. Ora, em Pedra do Sono as atmosferas são importantíssimas. As atmosferas nebulosas, meditativas, muitas das quais em lugares enclausurados não estavam em desconexão com a literatura de seu tempo e de romances anteriores algumas das quais sobreviveram da obra posterior de Cabral, assim como de poemas que buscam pintar o efeito delirante de uma contemplação. Anos mais tarde, Cabral criticará sua tendência nesse livro de pintar atmosferas, em lugar de falar diretamente. Essa tendência continuará em parte em seu segundo livro, Os Três Mal-Amados. Nessa obra Cabral coloca três personagens a falar, cada um representando um estado diverso de apreensão do mundo<ref>PEREIRA, Lawrence Flores. A pedra do sono de Cabral de M. Neto: o imaginário onírico e o feminino inquietante. Nonada: Letras em Revista, Porto Alegre: UniRitter, n. 7, p. 23-31, 2004. </ref>. |
Primeiro book de poemas de Melo Neto, ''Pedra do Sono'' é uma seleta de poema com forte teor surrealista. Dentre os temas principais estão a descrição de estados oníricos, "lunares", revelando o interesse do jovem Cabral pelos estados fronteiriços entre o sono e a vigília. ''Pedra do Sono'' foi mais tarde criticado pelo próprio Cabral. Abandonando lentamente os elementos imagéticos simbolistas e surrealistas, Cabral várias vezes expressou a importância na poesia de apresentar a imagem, em lugar de sugerir atmosferas. Ora, em Pedra do Sono as atmosferas são importantíssimas. As atmosferas nebulosas, meditativas, muitas das quais em lugares enclausurados não estavam em desconexão com a literatura de seu tempo e de romances anteriores algumas das quais sobreviveram da obra posterior de Cabral, assim como de poemas que buscam pintar o efeito delirante de uma contemplação. Anos mais tarde, Cabral criticará sua tendência nesse livro de pintar atmosferas, em lugar de falar diretamente. Essa tendência continuará em parte em seu segundo livro, Os Três Mal-Amados. Nessa obra Cabral coloca três personagens a falar, cada um representando um estado diverso de apreensão do mundo<ref>PEREIRA, Lawrence Flores. A pedra do sono de Cabral de M. Neto: o imaginário onírico e o feminino inquietante. Nonada: Letras em Revista, Porto Alegre: UniRitter, n. 7, p. 23-31, 2004. </ref>.a juju e a famosa senta na cabecinha |
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==Acusado de Comunista== |
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Revisão das 14h44min de 3 de junho de 2013
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João Cabral de Melo Neto | |
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João Cabral de Melo Neto | |
Nascimento | 9 de janeiro de 1920 Recife |
Morte | 9 de outubro de 1999 (79 anos) Rio de Janeiro |
Nacionalidade | Brasileiro |
Ocupação | Poeta |
Magnum opus | Morte e Vida Severina |
João Cabral de Melo Neto (Recife, 9 de janeiro de 1920 — Rio de Janeiro, 9 de outubro de 1999) foi um poeta e diplomata brasileiro. Sua obra poética, que vai de uma tendência surrealista até a poesia popular, porém caracterizada pelo rigor estético, com poemas avessos a confessionalismos e marcados pelo uso de rimas toantes, inaugurou uma nova forma de fazer poesia no Brasil.
Irmão do historiador Evaldo Cabral de Melo e primo do poeta Manuel Bandeira e do sociólogo Gilberto Freyre, João Cabral foi amigo do pintor Joan Miró e do poeta Joan Brossa. Membro da Academia Pernambucana de Letras e da Academia Brasileira de Letras, foi agraciado com vários prêmios literários. Quando morreu, em 1999, especulava-se que era um forte candidato ao Prêmio Nobel de Literatura.[1]
Foi casado com Stella Maria Barbosa de Oliveira, com quem teve os filhos Rodrigo, Inez, Luiz, Isabel e João. Casou-se em segundas núpcias, em 1986, com a poeta Marly de Oliveira.
Sobre sua obra
Na poesia de Cabral percebem-se algumas dualidades antitéticas, trabalhadas com um certo barroquismo e à exaustão. Entre espaço e tempo, entre o dentro e o fora, entre o maciço e o não-maciço, entre o masculino e o feminino, entre o Nordeste desértico e a Andaluzia fértil, ou entre a Caatinga desértica e o úmido Pernambuco. É uma poesia que causa algum estranhamento a quem espera uma poesia emotiva, pois seu trabalho é basicamente cerebral e "sensacionista", buscando uma poesia construtivista e comunicativa, objetiva.
Embora exista uma tendência surrealista em seus poemas, principalmente nos iniciais, como em Pedra do Sono, buscando uma poesia que fosse também expressiva, Melo Neto não precisa recorrer ao pathos ("paixão") para criar uma atmosfera poética, fugindo de qualquer tendência romântica, mas busca uma construção elaborada e pensada da linguagem e do dizer da sua poesia, transformando toda a percepção em imagem de algo concreto e relacionado aos sentidos, principalmente ao do tato, como pode-se perceber bem em Uma faca só lâmina. Neste poema, Cabral apresenta a imagem da faca através da sensação de vazio que a facada deixa na carne, contrastando com a própria faca sólida que a corta.
Algumas palavras são usadas sistematicamente na poesia deste autor: cana, pedra, osso, esqueleto, dente, gume, navalha, faca, foice, lâmina, cortar, esfolado, baía, relógio, seco, mineral, deserto, asséptico, vazio, fome. Coisas sólidas e sensações táteis: uma poesia do concreto.
Pedra do Sono
Primeiro book de poemas de Melo Neto, Pedra do Sono é uma seleta de poema com forte teor surrealista. Dentre os temas principais estão a descrição de estados oníricos, "lunares", revelando o interesse do jovem Cabral pelos estados fronteiriços entre o sono e a vigília. Pedra do Sono foi mais tarde criticado pelo próprio Cabral. Abandonando lentamente os elementos imagéticos simbolistas e surrealistas, Cabral várias vezes expressou a importância na poesia de apresentar a imagem, em lugar de sugerir atmosferas. Ora, em Pedra do Sono as atmosferas são importantíssimas. As atmosferas nebulosas, meditativas, muitas das quais em lugares enclausurados não estavam em desconexão com a literatura de seu tempo e de romances anteriores algumas das quais sobreviveram da obra posterior de Cabral, assim como de poemas que buscam pintar o efeito delirante de uma contemplação. Anos mais tarde, Cabral criticará sua tendência nesse livro de pintar atmosferas, em lugar de falar diretamente. Essa tendência continuará em parte em seu segundo livro, Os Três Mal-Amados. Nessa obra Cabral coloca três personagens a falar, cada um representando um estado diverso de apreensão do mundo[2].a juju e a famosa senta na cabecinha
Acusado de Comunista
João Cabral de Melo Neto foi acusado de ser comunista[3]. Foi defendido pelo advogado José Guimarães Menegale, que afirmou:
“Antes de recapitularmos, para arrematar estas razões, que a gravidade da espécie alongou, consignaremos, afinal, esta afirmação enfática e definitiva: JOÃO CABRAL DE MELO NETO não professa a ideologia comunista. Repele a acusação, não em som de ultraje pessoal, mas por figurar torpeza, com que a vilania dos intrigantes interesseiros o quer enlear, ferir e prejudicar na carreira que abraçou e em que já prestara ao Brasil os serviços de sua viva in.[3]
Academia Brasileira de Letras
Foi eleito membro da academia em 15 de agosto de 1968, e empossado em 6 de maio de 1969, recebido por Múcio Leão. Ocupou a cadeira 37, antes ocupada pelo jornalista Assis Chateaubriand com uma importância grande na Literatura Brasileira.
Obra
- Pedra do Sono (1942)
- Os Três Mal-Amados (1943)
- O Engenheiro (1945)
- Psicologia da Composição com a Fábula de Anfion e Antiode (1947)
- O Cão sem Plumas (1950)
- O Rio ou Relação da Viagem que Faz o Capibaribe de Sua Nascente à Cidade do Recife (1954)
- Dois Parlamentos (1960)
- Quaderna (1960)
- A Educação pela Pedra (1966)
- Morte e Vida Severina (1966)
- Museu de Tudo (1975)
- A Escola das Facas (1980)
- Auto do Frade (1984)
- Agrestes (1985)
- Crime na Calle Relator (1987)
- Primeiros Poemas (1990)
- Sevilha Andando (1990)
- Tecendo a Manhã (1999)
Prêmios
- Neustadt International Prize for Literature — 1992
- Prêmio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana — 1994
- Prêmio Camões
Curiosidades
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- Estranhamente, João Cabral escreveu um poema sobre a Aspirina, que tomava regularmente, chamando-a de "Sol", de "Luz"… De fato, desde sua juventude João Cabral tomava de três a dez aspirinas por dia. Em entrevista à "TV Cultura", certa vez, ele contava que boa parte da inspiração (inspiração sempre cerebral) provinha da aspirina, que a aspirina o salvava da nulidade![4]
- João Cabral de Melo Neto não compareceu a nenhuma reunião da Academia Pernambucana de Letras como acadêmico, nem mesmo a sua posse.[5]
Referências
- ↑ "Reportagem sobre João Cabral de Melo Neto." O Estado de São Paulo, São Paulo, 10 de outubro de 1999.
- ↑ PEREIRA, Lawrence Flores. A pedra do sono de Cabral de M. Neto: o imaginário onírico e o feminino inquietante. Nonada: Letras em Revista, Porto Alegre: UniRitter, n. 7, p. 23-31, 2004.
- ↑ a b Direito, Literatura, Política e História: João Cabral de Melo Neto no STF, Arnaldo Godoi.
- ↑ Documentário "João Cabral - Poesia da Pedra" (TV Cultura — TV Escola). Num monumento à aspirina.
- ↑ PARAÍSO, Rostand. Academia Pernambucana de Letras. Sua história. Recife: APL, 2006.
Ligações externas
- «Perfil no sítio oficial da Academia Brasileira de Letras»
- «Biografia no Projeto Releituras»
- «Verbete no Panorama de Poesia e Crônica do Itaú Cultural»
Precedido por Assis Chateaubriand |
ABL - quinto acadêmico da cadeira 37 1968 — 1999 |
Sucedido por Ivan Junqueira |
Precedido por Miguel Torga |
Prêmio Camões 1990 |
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