Nélida Piñon
Nélida Piñon | |
---|---|
Nascimento | 3 de maio de 1934 Rio de Janeiro, Distrito Federal |
Morte | 17 de dezembro de 2022 (88 anos) Lisboa, Portugal |
Nacionalidade | brasileira espanhola |
Progenitores | Mãe: Olivia Carmen Cuíñas Piñón Pai: Lino Piñón Muíños |
Ocupação | escritora |
Prêmios | Lista
|
Magnum opus | A Casa da Paixão
A República dos Sonhos |
Nélida Cuíñas Piñón (Rio de Janeiro, 3 de maio de 1934 – Lisboa, 17 de dezembro de 2022)[1] foi uma escritora brasileira, integrante da Academia Brasileira de Letras (ABL), a qual já presidiu.[2] Foi uma das escritoras brasileiras mais conhecidas e traduzidas internacionalmente.
Segundo Merval Pereira, presidente da Academia Brasileira de Letras, Nélida foi "provavelmente, a maior escritora viva do país".[3][4]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Filha de Lino Piñón Muíños e Olivia Carmen Cuíñas Morgado, de origem galega, do concelho de Cotobade. Seu nome é um anagrama do prenome de seu avô materno Daniel Cuiñas Cuiñas.[5]
Formou-se em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), tendo sido editora e membro do conselho editorial de várias revistas no Brasil e exterior. Também ocupou cargos no conselho consultivo de diversas entidades culturais em sua cidade natal.
Estreou na literatura com o romance Guia-mapa de Gabriel Arcanjo, publicado em 1961, que tem como temas o pecado, o perdão e a relação dos mortais com Deus.
No romance A República dos Sonhos, baseado em uma família de imigrantes galegos no Brasil, ela faz reflexões sobre a Galícia, a Espanha e o Brasil.
Nélida Piñon foi também ligada a outras instituições culturais. Era académica correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e, em outubro de 2014, entrou na Real Academia Galega. Foi a primeira ocupante da cadeira de número 51 da Academia Brasileira de Filosofia.[6][7]
Nélida morreu em Lisboa em 17 de dezembro de 2022, aos 88 anos. Estava internada em um hospital na capital portuguesa para tratamento na vesícula. Havia sido submetida a uma cirurgia, da qual se recuperava, mas sofreu complicações e não resistiu.[8]
Academia Brasileira de Letras
[editar | editar código-fonte]Eleita em 27 de julho de 1989 para a cadeira que tem por patrono Pardal Mallet, da qual é a quinta ocupante. Tomou posse em 3 de maio de 1990, recebida por Lêdo Ivo.
Foi a primeira mulher a se tornar presidente da Academia Brasileira de Letras, entre 1996 e 1997.[2]
Obras
[editar | editar código-fonte]Romance
[editar | editar código-fonte]- Guia-mapa de Gabriel Arcanjo (1961)
- Madeira feita de cruz (1963)
- Fundador (1969)
- A casa da paixão (1972)
- Tebas do meu coração (1974)
- A força do destino (1977)
- A República dos Sonhos (1984)
- A doce canção de Caetana (1987)
- Vozes do deserto(2004)
- Um dia chegarei a Sagres (2020)
Memórias
[editar | editar código-fonte]- Coração Andarilho (2009)
- O Livro das Horas (2012)
- Uma Furtiva Lágrima (2019)
- Os Rostos que Tenho (2023, lançamento póstumo)[9]
Contos
[editar | editar código-fonte]- Tempo das frutas (1966)
- Sala de armas (1973)
- O calor das coisas (1980)
- O pão de cada dia: fragmentos (1994)
- Cortejo do Divino e outros contos escolhidos (2001)
- A Camisa do Marido (2014)
Crônicas
[editar | editar código-fonte]- Até amanhã, outra vez (1999)
Infanto-juvenil
[editar | editar código-fonte]- A roda do vento (1996)
Ensaios
[editar | editar código-fonte]- O presumível coração da América (2002)
- Aprendiz de Homero (2008)
- O ritual da arte (inédito)
- Filhos da América (2016)
Prêmios
[editar | editar código-fonte]Sua obra já foi traduzida em inúmeros países, tendo recebido vários prêmios ao longo de mais de 35 anos de atividade literária. O mais recente foi o Prêmio Príncipe de Asturias das Letras de 2005, conferido na cidade espanhola de Oviedo. Concorreram a este prêmio escritores de fama mundial, como os norte-americanos Paul Auster e Philip Roth, e o israelense Amos Oz; ao todo, mais de dezesseis países estavam representados no concurso.
Ano | Prêmio | País | Categoria | Indicação |
---|---|---|---|---|
1970 | Prêmio Walmap de Literatura | Brasil | Fundador | |
1973 | Troféu APCA | Brasil | Melhor Prosa de Ficção | A casa da paixão |
1985 | Troféu APCA | Brasil | Literatura - Ficção | A república dos sonhos |
Prêmio PEN Clube do Brasil | ||||
1987 | Prêmio José Geraldo Vieira | Brasil | Melhor Romance do Ano | A doce canção de Caetana |
1990 | Prêmio Golfinho de Ouro | Brasil | Romance | conjunto da obra |
1991 | Prêmio Bienal Nestlé de Literatura Brasileira | Brasil | − | conjunto da obra |
1992 | Prêmio Simon Daro Dawidowicz | Estados Unidos | ||
1994 | Prêmio Alejandro José Cabassa | Brasil | O pão de cada dia: fragmentos | |
1995 | Prêmio de Literatura Latinoamericana y del Caribe Juan Rulfo | México | − | conjunto da obra |
1996 | Prêmio Adolpho Bloch[10] | Brasil | Cultura | |
1997 | Prêmio Rotary Club do Rio de Janeiro | Brasil | Honra ao Mérito | |
2001 | Prêmio Iberoamericano de Narrativa Jorge Isaacs[11] | Colômbia | − | conjunto da obra |
2002 | Prêmio Rosalía de Castro do Centro PEN Galiza[12] | Espanha | Língua Portuguesa | conjunto da obra |
2003 | Prêmio Internacional Menéndez Pelayo | Espanha | ||
2004 | Prêmio Puterbaugh Fellow[13] | Estados Unidos | ||
2005 | Prêmio Príncipe das Astúrias[14] | Espanha | Letras | |
Prêmio Jabuti[15] | Brasil | Livro do Ano de Ficção | Vozes do deserto | |
Romance | ||||
2010 | Prêmio Casa de las Américas[16] | Cuba | Literatura Brasileira | Aprendiz de Homero |
Prêmio Internacional Terenci Moix[17] | Espanha | Livro do Ano de Ficção | Coração andarilho | |
2013 | Prêmio Cátedra Enrique V. Iglesias de Cultura e Desenvolvimento[18] | Estados Unidos | ||
2014 | Prêmio El Ojo Crítico[19] | Espanha | Prêmio Iberoamericano | |
2018 | Prémio Vergílio Ferreira[20] | Portugal | − | conjunto da obra |
Referências
- ↑ «Nélida Piñon: homenagem em festival literário marca os 90 anos da 1ª mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras». G1. 3 de maio de 2024. Consultado em 10 de maio de 2024
- ↑ a b Biografia no sítio da Academia Brasileira de Letras
- ↑ «Nélida Piñon era a maior escritora viva do Brasil, diz presidente da ABL». G1. Consultado em 28 de dezembro de 2022
- ↑ Brasil', 'Agência (22 de dezembro de 2022). «Corpo de Nélida Piñon deve chegar ao Brasil semana que vem, diz ABL». Brasil. Consultado em 28 de dezembro de 2022
- ↑ Lúcia Osana Zolin. «Representações interculturais de gênerono romance A república dos sonhos, de Nélida Piñon» (PDF). Consultado em 7 de agosto de 2020
- ↑ https://www.academia-de-filosofia.org.br/membros-atuais
- ↑ https://www.academia-de-filosofia.org.br/post/n%C3%A9lida-pi%C3%B1%C3%B3n-1937-2022?utm_source=so&cid=08ebabe1-1409-43ae-8798-88bf2a3f3114&utm_content=283a560d-5694-4130-bd34-3a830348140d&postId=e972d5e4-f51d-411e-b822-f21aa91e2f08&utm_campaign=41391b10-933e-463c-a337-a6ca9f67528e&utm_medium=mail
- ↑ «Morre Nélida Piñon, escritora integrante da Academia Brasileira de Letras». O Globo. 17 de dezembro de 2022. Consultado em 17 de dezembro de 2022
- ↑ «Nélida Piñon deixou livro de memórias pronto com a Record antes de morrer». folha.uol.com.br. Consultado em 11 de novembro de 2023
- ↑ Jornal do Brasil (20 de novembro de 1996). «Registro - Criado:». Consultado em 27 de junho de 2019
- ↑ Folha de S.Paulo (28 de junho de 2001). «Nélida Piñon recebe Prêmio Iberoamericano de Narrativa». Consultado em 26 de junho de 2019
- ↑ «O Pen Clube galego premia a Sábato, Nélida Piñón, Ricard Salvat e Juaristi». La Voz de Galicia (em galego). 22 de fevereiro de 2002. Consultado em 12 de dezembro de 2020
- ↑ World Literature Today. «2004 Puterbaugh Fellow Nélida Piñon». Consultado em 26 de junho de 2019
- ↑ IstoÉ (22 de junho de 2005). «Nélida Piñon ganha o prêmio Príncipe das Astúrias». Consultado em 27 de junho de 2019
- ↑ Abrelivros (21 de setembro de 2005). «Nélida Piñon leva Jabuti de Livro do Ano de Ficção». Consultado em 27 de junho de 2019
- ↑ O Globo (29 de janeiro de 2010). «Nelida Piñon ganha prêmio Casa de las America». Consultado em 27 de junho de 2019
- ↑ Academia Brasileira de Letras (15 de abril de 2010). «Acadêmica Nélida Piñon recebe o Prêmio internacional Terenci Moix de Literatura por seu livro "Coração andarilho"». Consultado em 27 de junho de 2019
- ↑ Terra (5 de dezembro de 2013). «Nélida Piñon recebe prêmio do BID por contribuição à cultura». Consultado em 26 de junho de 2019
- ↑ O Estado de S.Paulo (9 de dezembro de 2014). «Nélida Piñon vence prêmio da Rádio Nacional da Espanha». Consultado em 26 de junho de 2019
- ↑ O Estado de S.Paulo (20 de dezembro de 2018). «Nélida Piñon é reconhecida com o prêmio português Vergílio Ferreira». Consultado em 27 de junho de 2019
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]
Precedida por Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira |
ABL - quinta acadêmica da cadeira 30 1989 — 2022 |
Sucedida por Heloísa Teixeira |
Precedida por Bernardo Carvalho |
Prêmio Jabuti - Romance 2005 |
Sucedida por Milton Hatoum |
Precedida por Chico Buarque |
Prêmio Jabuti - Livro do Ano Ficção 2005 |
Sucedida por Milton Hatoum |
- Nascidos em 1934
- Mortos em 2022
- Autores de literatura infantojuvenil do Brasil
- Escritores contemporâneos do Brasil
- Escritores do estado do Rio de Janeiro
- Autores de romances históricos do Brasil
- Brasileiros de ascendência espanhola
- Escritoras do Brasil
- Contistas do Brasil
- Naturais da cidade do Rio de Janeiro
- Presidentes da Academia Brasileira de Letras
- Romancistas do Brasil
- Prémio Princesa de Astúrias de Letras
- Mulheres ganhadoras do Prêmio Jabuti
- Agraciados com a Ordem do Mérito Cultural