Linha da Beira Baixa
Linha da Beira Baixa | |||
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![]() Aspeto da linha junto ao Fundão (PK 151) | |||
Bitola: | Bitola larga | ||
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A Linha da Beira Baixa, originalmente denominada de Caminho de Ferro da Beira Baixa, é uma ligação ferroviária entre as Estações de Estação do Entroncamento e Guarda, em Portugal; foi inaugurada no dia 11 de Maio de 1893, sendo, nessa altura, constituída apenas pelo troço entre Abrantes e a Guarda.[3]
Caracterização e exploração
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/ad/Esta%C3%A7%C3%A3o_ferrovi%C3%A1ria_de_Tancos_%283%29.jpg/220px-Esta%C3%A7%C3%A3o_ferrovi%C3%A1ria_de_Tancos_%283%29.jpg)
Traçado e descrição
Parte do trajecto desta linha transita junto ao Rio Tejo, passando junto à Barragem de Fratel, e outro segmento circula adjunto à fronteira com Espanha, rodeando a Serra da Estrela; serve, principalmente, os territórios da antiga província da Beira Baixa, da qual recebeu o nome.[4]
O troço entre a Covilhã e Guarda possui um viaduto, de construção metálica, que, em Novembro de 1992, limitava a passagem das composições a uma velocidade de 20 quilómetros por hora.[4]
Era considerada de operação difícil, devido às suas especificidades, pelo que a operadora Caminhos de Ferro Portugueses destacou as suas locomotivas da Série 1550 para assegurar os serviços nesta Linha.[4]
Material circulante e serviços
Em 1994, circulavam, entre a Guarda e Covilhã, serviços Regionais de passageiros, assegurados por automotoras da Série 0300; na estação de Covilhã e de Castelo Branco, também se realizavam manobras dos comboios colectores-repartidores, utilizando locomotivas da Série 1550.[4] Estas locomotivas também rebocavam, nesta altura, até ao Entroncamento, os comboios regionais entre Covilhã e Lisboa; também se realizavam, nesta altura, serviços InterCidades entre estes dois destinos, rebocados pelas locomotivas da mesma série, e serviços InterRegionais, entre Lisboa e Castelo Branco.[4]
Obras de arte
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/2/2b/Ponte_de_Foz_do_Cerejo.jpg/250px-Ponte_de_Foz_do_Cerejo.jpg)
Pontes
- Tejo - 427,7m
- Alferrarede - 21,6 m
- Ribeira de Vide - 21,6 m
- Laranjeiras - 21,4 m
- Figueiras Varandas - 21,4 m
- Vale de Figueira - 10,8 m
- Foz dos Cordeiros - 21,6 m
- Ribeira Fria - 51,6 m
- Alvega (Ribeira da Foz) - 21,6 m
- Várzea (Ortiga) - 16,2 m
- Ribeira de Eiras - 81,5 m
- Arriacha - 21,4 m
- Ribeira de Canas - 78,6 m
- Cova Fundeira - 65,5 m
- João Azevedo - 31,6 m
- Cachão da Negra - 41,8 m
- Ribeira do Meirinho - 61,6 m
- Peral - 130,7 m
- Ribeira (Foz da Figueira) - 31,6 m
- Ribeira de Canha - 78,6 m
- Ocreza - 104,7m
- Foz do Cerejo - 65,5 m
- Palhais - 31,6 m
- Barroca - 41,8 m
- Barroca do Braço - 31,6 m
- Foz de Figueira 2 - 31,6 m
- Foz do Açúcar - 41,8 m
- Abutreira (Abitureiras) - 27,6 m
- Giestais - 29,6 m
- Nave das Oliveiras - 31,6 m
- Linhar Alheio - 31,6 m
- Ribeira das Oliveiras - 31,6 m
- Gonçalo Magro - 65,5 m
- Gonçalinho - 31,6 m
- Presa - 29,6 m
- Vila Ruiva - 31,6 m
- Nossa Senhora da Barroca - 41,8 m
- São Pedro - 160,7 m
- São Pedro - 16,1 m
- Cerejal 1 - 13,6 m
- Cerejal 2 (Ribeirão) - 31,6 m
- Cerejal 3 - 104,7 m
- Rodeios - 61,6 m
- Enxames - 41,8 m
- Carneiros - 41,8 m
- Alcaide - 41,8 m
- Alverca - 10,8 m
- Meimoa - 62,2 m
- Zêzere 1 - 21,6 m
- Zêzere 2 - 104,7 m
- Negra - 20 m
- Carpinteira - 51,9 m
- Viaduto de Flandres - 80 m
- Corge - 209 m
- Zêzere 2 - 120,7 m
- Belmonte - 4,9 m
- Pina - 16,2 m
- Maçainhas - 130,7 m
- Gogos - 130,7 m
- Rebolal - 26,4 m
- Tapada das Cortes - 31,6 m
- Galrita (Gualrita) - 78,6 m
- Penha da Barroca - 120,7 m
- Silveiras - 31,6 m
- Noémi - 36 m
- Diz - 12,6 m
Túneis
- Outeiro Pequeno (102m)
- Outeiro Grande (213m)
- Portas de Ródão (91m)
- Barca de Ródão (116m)
- Tostão (189m)
- Tavelinha (100m)
- Alpedrinha (65m)
- Gardunha (646m)
- Penamacor ou Vale de Ferro (57m)
- Sabugal ou Barracão (398m)
História
Planeamento, construção e inauguração
Já em 1845 se pensava em construir uma ligação ferroviária até Madrid, atravessando o Rio Tejo junto a Vila Nova da Barquinha, e passando por Talavera de la Reina e Casarubia; esta ideia apareceu numa lei publicada no dia 26 de Fevereiro de 1876 e numa proposta de 7 de Fevereiro de 1879, mas o primeiro plano concreto para a construção do troço em território nacional só surgiu com uma proposta de 9 de Janeiro de 1883, que, após várias discussões, foi validada por uma lei de 26 de Abril, tendo o concurso para a sua construção sido aberto em 2 de Agosto.[3] No entanto, os concorrentes do concurso protestaram de uma das cláusulas de regulação do resgate, pelo que o texto foi modificado, e lançado um novo concurso; só houve, porém, um participante, a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, à qual foi passado o contrato provisório, em 15 de Novembro, que foi aprovado por uma lei publicada em 24 de Maio do ano seguinte.[3] Este contrato estabeleceu que a concessão só poderia passar a definitiva após a Companhia mudar os seus estatutos, de forma a alterar a composição dos seus administradores, cuja maioria deveria ser de nacionalidade portuguesa; a Companhia aceitou, com relutância, esta condição, tendo os novos estatutos sido publicados no dia 25 de Junho de 1885, e o contrato definitivo, para a construção e exploração da linha, com uma garantia de juro de 5,5%, foi assinado em 29 de Julho.[3] As obras iniciaram-se nos finais do mesmo ano.[3]
Já por volta de 1877, quando estava a ser planeada a Linha da Beira Alta, também se pensou em fazer a Linha da Beira Baixa até à fronteira espanhola, passando por Monfortinho; posteriormente, preconizou-se fazer esta ligação através da construção de um ramal, transitando por aquela localidade, mas, em 1905, esta ideia já tinha sido abandonada.[5]
Em 17 de Janeiro de 1888, o governo aprovou o plano para uma variante ao traçado, apresentado pela Companhia Real, que se referia ao troço entre os quilómetros 14,020 e 16,860; no mesmo dia, também autorizou uma alteração no Túnel de Barracão.[6]
A construção desta linha foi considerada uma das mais difíceis em Portugal, tendo sido empregadas várias obras de arte, e de grandes dimensões.[7] O primeiro troço, entre Abrantes e a Covilhã, foi inaugurado em 6 de Setembro de 1891[3], enquanto que o segundo troço, desde aquele ponto até à Guarda, foi terminado no dia 11 de Abril de 1893[7], e inaugurado em 11 de Maio do mesmo ano.[3] Foi planeado aproveitar parte do traçado desta Linha para construir uma ligação ferroviária entre Lisboa e Madrid, mas decidiu-se fazer esta união pelo Ramal de Cáceres, por Valência de Alcântara.[4]
Na altura da inauguração, esta linha era considerada como uma das mais sólidas e seguras para a circulação ferroviária no território nacional, podendo ser atingidas, nalguns troços, as velocidades de 60 e 75 quilómetros por hora.[7]
Século XX
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/3d/Regional_5674%2C_Alcaria%2C_2011.08.02.jpg/220px-Regional_5674%2C_Alcaria%2C_2011.08.02.jpg)
Em 1902, esta era umas das ligações ferroviárias portuguesas com pior registo de atentados e vandalismo contra os comboios e a via[8]; no mesmo ano, o Túnel de Barracão encontrava-se num avançado estado de degradação, tendo a Companhia Real realizado obras de reparação.[9]
No Diário do Governo de 13 de Setembro de 1926, foram publicadas várias portarias, datadas do dia 9 do mesmo mês, que se referiam a expropriações para construir várias habitações para guardas de passagem de nível, nesta linha.[10] Em 1933, a circulação foi interrompida no Túnel do Sabugal, para a realização de obras nesta infra-estrutura.[11]
Na Década de 1990, foram introduzidas, nos serviços Intercidades entre a capital portuguesa e Covilhã, carruagens modernizadas, fabricadas originalmente pela empresa Sociedades Reunidas de Fabricações Metálicas.[12] Em Abril de 1992, já se planeava a electrificação do troço entre o Entroncamento e o Ramal do Pego, para servir o importante tráfego de carvão para a Central Termoeléctrica do Pego.[4]
Século XXI
O Projecto Linha da Beira Baixa, implementado pela Rede Ferroviária Nacional, procurou realizar várias intervenções nesta linha, como a preparação do troço entre o Entroncamento e Mouriscas, para a passagem de composições de carvão vindas da Central do Pego; este empreendimento procurou eliminar as restrições de carga existentes, adaptar a via para a tracção eléctrica, e instalar novos equipamentos de telecomunicações e de sinalização, e para o Comando Centralizado de Tráfego.[13]
Ver também
Referências
- ↑ Foto em 2010, por Valério dos Santos, no Flickr.
- ↑ Fotos em 2010, [1] e [2], por Valério dos Santos, no Flickr.
- ↑ a b c d e f g TORRES, Carlos Manitto (16 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1682): 61, 62
- ↑ a b c d e f g «Beira alta, Beira baja y los Ramales de Cáceres y Badajoz (II)». Maquetren (em espanhol). 3 (30): 6, 9. 1994
- ↑ SOUSA, José Fernando de (16 de Abril de 1905). «Ligações com a rêde espanhola». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 18 (416): 113, 114
- ↑ «Parte official». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro de Portugal e Hespanha. 1 (1): 2, 3. 15 de Março de 1888
- ↑ a b c «Há Quarenta Anos: Inauguração da última secção da linha da Beira Baixa». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1090): 318, 319. 16 de Maio de 1933
- ↑ «Selvagerias». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (351). 229 páginas. 1 de Agosto de 1902
- ↑ «Linhas Portuguezas». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (351). 234 páginas. 1 de Agosto de 1902
- ↑ «Linhas Portuguesas». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 39 (931). 304 páginas. 1 de Outubro de 1926
- ↑ «Viagens e transportes» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1089). 275 páginas. 1 de Maio de 1933. Consultado em 11 de Maio de 2012
- ↑ BRAZÃO, Carlos (1993). «Nueva generación de coches intercidades». Maquetren (em espanhol). 2 (20). 23 páginas
- ↑ «Relatório e Contas 2001». Rede Ferroviária Nacional. 2002: 17, 18
Bibliografia
- «Directório da Rede 2008, REFER» (PDF)
- SILVA, José Ribeiro da; RIBEIRO, Manuel (2007). Os Comboios em Portugal. 3 1.ª ed. Lisboa: Terramar-Editores, Distribuidores e Livreiros, Lda. 203 páginas. ISBN 978-972-710-408-6 Parâmetro desconhecido
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Ligações externas
- Página oficial da empresa Comboios de Portugal
- Página oficial da Rede Ferroviária Nacional
- Página não oficial com informação, notícias e fotos diversas relacionadas com a Linha da Beira Baixa