Água Viva (telenovela)

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Água Viva
Água Viva (telenovela)
Informação geral
Formato Telenovela
Gênero drama
romance
Duração 50 minutos aproximadamente
Criador(es) Gilberto Braga
Elenco
País de origem Brasil
Idioma original português
Episódios 159
Produção
Diretor(es) Roberto Talma
Paulo Ubiratan
Roteirista(s) Manoel Carlos
Tema de abertura "Menino do Rio", Baby Consuelo
Tema de encerramento "Menino do Rio", Baby Consuelo
Exibição
Emissora original TV Globo
Transmissão original 4 de fevereiro - 8 de agosto de 1980
Cronologia
Os Gigantes
Coração Alado

Água Viva é uma telenovela brasileira produzida pela TV Globo e transmitida originalmente de 4 de fevereiro a 8 de agosto de 1980, em 159 capítulos, sendo o último capítulo reexibido em 9 de agosto de 1980.[2] Substituiu Os Gigantes e foi substituída por Coração Alado, sendo a 24ª "novela das oito" exibida pela emissora.

Escrita por Gilberto Braga, com co-autoria de Manoel Carlos, foi dirigida por Roberto Talma e Paulo Ubiratan.

Contou com as participações de Betty Faria, Reginaldo Faria, Raul Cortez, Tônia Carrero, Lucélia Santos, Fábio Júnior, José Lewgoy, Beatriz Segall, Glória Pires, Kadu Moliterno e Cláudio Cavalcanti.[1]

Enredo[editar | editar código-fonte]

A trama gira em torno de Maria Helena (Isabela Garcia), uma pequena órfã que ligará boa parte dos personagens. Atingindo a idade de ser transferida para outro orfanato, Maria Helena sente-se insegura e amedrontada. É um mundo novo, completamente desconhecido, que a espera. A sua única amiga é Suely (Ângela Leal), que descobre que o pai biológico de Maria Helena é Nelson Fragonard (Reginaldo Faria), um boa-vida muito temperamental, apaixonado por pesca em alto-mar e irmão, por parte de pai, do famoso cirurgião plástico Miguel Fragonard (Raul Cortez).

Suely, funcionária da Estrada de Ferro Central do Brasil, procura Nelson com o objetivo de apresentar-lhe Maria Helena, mas o playboy se recusa a acreditar na paternidade da órfã. Na mesma época, Nelson aceita participar de uma negociata proposta por um amigo seu, Técio (Ivan Cândido), que lhe propõe assumir formalmente a propriedade de uma empresa de automóveis, a Cris Motor, com o objetivo de levar vantagem na partilha de bens com sua esposa, de quem se separara recentemente. Porém, durante uma competição de pesca em sua lancha, Técio morre. Logo após a pretensa tragédia, Nelson descobre que a empresa encontra-se falida e que, como novo "dono" dela, terá que assumir todo o passivo da mesma. Em pouco tempo a Justiça arresta todos os seus bens, e Nelson, que mais não fizera do que servir de "laranja" ao "amigo", cai na pobreza. Com isso, o destino de Maria Helena mantém-se incerto.

Paralelamente, Janete (Lucélia Santos) é uma moça que não se conforma em ter os pais, Evaldo (Mauro Mendonça) e Wilma (Aracy Cardoso), sustentados pela tia solteirona Irene (Eloísa Mafalda), irmã de Evaldo. Em meio aos seus conflitos familiares, Janete desperta a paixão em Bruno (Kadu Moliterno), jovem fotógrafo, filho do milionário Kléber Simpson (José Lewgoy), este último, ex-marido de Stella Fraga Simpson (Tônia Carrero), uma socialite avoada e excêntrica. Bruno faz de tudo para conquistar Janete, sem êxito.

Ela acaba por se apaixonar por Marcos (Fábio Júnior), um jovem médico, e o sentimento será recíproco, para desespero e decepção do fotógrafo. Contudo, o amor entre os jovens terá que enfrentar a ferrenha oposição da megera Lourdes Mesquita (Beatriz Segall), uma aristocrata falida e mãe de Marcos. Lourdes deseja ver o filho casado com Sandra (Glória Pires), filha de Miguel Fragonard. A vilã também detesta seu genro, Edir (Cláudio Cavalcanti), professor esquerdista de história, marido de sua filha, Márcia (Natália do Vale), a qual não se conforma, apesar de morar no Leblon, com a vida de classe média baixa que leva. O casal acaba assumindo a guarda provisória de Maria Helena.

Em meio a tudo isso, desenrola-se também o drama de Lígia (Betty Faria), uma alpinista social recém-separada de Heitor (Carlos Eduardo Dolabella), que a traíra com sua melhor amiga, Selma (Tamara Taxman). Após o divórcio, Lígia se envolve com Nelson. Ela não sabe que este é irmão de Miguel, mas encanta-se com sua aparência e simplicidade de caráter. Ambos iniciam um relacionamento, em meio à luta de Nelson para sobreviver em sua nova condição social. Ele, no entanto, esconde de Lígia o seu passado, esperando que ela baseie seus sentimentos apenas na sua pessoa.

Nelson e Miguel passaram a maior parte de suas vidas formalmente rompidos. Para Nelson, seu irmão teria tirado partido da morte do pai de ambos para o lesar na partilha da herança, o que o próprio Miguel acabaria confessando a Nelson em conversa privada, pouco antes do fim da trama. Todavia, enquanto o jovem Miguel lutava para se tornar um cirurgião plástico mundialmente conhecido, Nelson apenas vivia de acordo com a renda obtida de sua parte. Foi a queda do padrão de vida de Nelson, em paralelo com a morte de Lucy (Tetê Medina), esposa de Miguel, que reaproximou a ambos. Mas o caso de amor entre Nelson e Lígia é abaladíssimo após a prisão deste, envolvido injustamente em um caso de contrabando de joias comandado por Evaldo, que havia sido demitido de uma agência de turismo e era agora sócio do ex-playboy. Lígia, então, se envolve amorosamente com Miguel, recentemente viúvo de Lucy, morta numa explosão acidental de lancha. E recomeça a disputa entre os dois irmãos, agora envolvendo o amor de Lígia.

Nelson reencontra Técio numa viagem a Miami, mas Técio não chega a contar-lhe a verdade toda, pois é morto por um matador de aluguel que dispara, a distância, um tiro de rifle. Ocorre também o assassinato de Miguel, com Kléber por autor, pois o empresário, ex-tutor de Nelson, estava falido, tendo maquinado a perda do patrimônio deste. Miguel descobre tudo através do detetive Milton Sarpo (Ênio Santos), paga com a vida, Kléber é preso e escreve na cadeia um livro de memórias.

Produção[editar | editar código-fonte]

Teve o título provisório de Vento Norte.[3] Glória Menezes foi a primeira atriz cotada para viver Lucy Fragonard, mas recusou por achar a personagem pequena e inexpressiva. Pepita Rodrigues foi chamada, mas declinou do convite, por se achar nova demais para ser mãe de Glória Pires (Pepita tinha 28 anos e Glória dezesseis).

Gilberto Braga se queixou por estar escrevendo a novela sozinho e a Globo convocou Manoel Carlos para colaborar na trama a partir do capítulo 60.[4]

As atrizes Tônia Carrero, Glória Pires, Maria Zilda e Maria Padilha iriam gravar uma cena no Posto 9 da praia de Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro. Simulariam um topless, utilizando apenas um par de adesivos para cobrirem os seios. Algumas pessoas protestaram e chegaram a agredir a equipe da novela. Nas palavras de Maria Padilha: "Quando os curiosos perceberam que faríamos topless, nos expulsaram da praia jogando latas e areia". A cena teve que ser gravada na praia de São Conrado.[4]

Beatriz Segall viveu sua primeira megera na TV: a promotora de eventos Lourdes Mesquita. Gilberto havia matado a personagem da atriz em Dancin’ Days (1978) no primeiro terço da novela, por falta de função na história. Desde então, o novelista quis escrever um grande papel para ela. Odete Roitman, personagem de Beatriz em (Vale Tudo) (1988), por ocasião dos preparativos para o casamento do filho, comentou que essa era uma tarefa tão importante que não a confiaria nem a Lourdes Mesquita!

Gilberto Braga se inspirou no musical norte-americano Annie, sobre a história de uma graciosa menina órfã - na novela, Maria Helena, vivida por Isabela Garcia, que tinha treze anos.[3][5] Água Viva teve uma versão romanceada por Leonor Bassères na série de livros Sucessos da Rede Globo.[carece de fontes?]

Foi a primeira telenovela do Gilberto Braga a utilizar o artifício de suspense quem matou. Na história, o personagem Miguel (Raul Cortez) foi assassinado no capítulo de 17 de julho. Na época essa estratégia não havia sido muito usada nas novelas. Como de costume, o assassino foi revelado só no último capítulo. . O mistério manteve-se até o fim, quando foi revelado que o assassino era Kleber (José Lewgoy).

No passado, Kleber havia sido tutor dos irmãos Nelson (Reginaldo Faria) e Miguel Fragonard. Miguel havia descoberto que Kleber, que administrava os bens de Nelson, era o responsável pela sua falência financeira. Kleber terminou os seus dias na cadeia, escrevendo suas memórias.[6]

No capítulo 39, exibido em 19/03/1980, foi ao ar (implicitamente) o primeiro baseado da TV brasileira. O personagem Alfredo (Fernando Eiras) enrolou tranquilamente seu cigarrinho de maconha.

Marcante a cena em que Lígia se fecha com Selma (Tamara Taxman) em um banheiro e lhe dá uma surra, que a deixa sangrando.

Gilberto Braga reescreveu essa cena em 2004, para sua novela Celebridade, na qual, da mesma forma, Maria Clara Diniz (Malu Mader) dá uma surra na antagonista, Laura (Cláudia Abreu), no banheiro de uma casa de shows

Foi o primeiro trabalho da figurinista Helena Gastal na Globo. Primeira novela dos atores John Herbert e Raul Cortez na emissora e a estreia em novelas de Carla Marins e Marcelo Faria.[1]

Elenco[editar | editar código-fonte]

Ator Personagem
Reginaldo Faria Nelson Fragonard
Betty Faria Lígia Prado Fragonard
Raul Cortez Miguel Fragonard
Isabela Garcia Maria Helena Pedrosa Fragonard
Tônia Carrero Stella Maria Fraga Simpson
Lucélia Santos Janete Fragoso Neves
Fábio Júnior Marcos Soares Mesquita
Beatriz Segall Lourdes Soares Mesquita
Cláudio Cavalcanti Edir da Cunha Santos
Natália do Vale Márcia Soares Mesquita da Cunha Santos
Ângela Leal Suely Bandeira (Su)
Glória Pires Sandra Fragonard (Sandrinha)
Kadu Moliterno Bruno Fraga Simpson
José Lewgoy Kléber Simpson
Arlete Salles Celeste Lima
Mauro Mendonça Evaldo Fragoso Neves
Eloísa Mafalda Irene Fragoso Neves
Carlos Eduardo Dolabella Heitor Sampaio
Tamara Taxman Selma Sampaio
Fernando Eiras Alfredo Santana
Jorge Fernando Jáder Bandeira
Maria Padilha Elisabeth Pires da Mota (Beth)
Terezinha Sodré Marinete
Aracy Cardoso Wilma Fragoso Neves
Jacqueline Laurence Clarice
Maria Helena Pader Mary
Ivan Cândido Técio
Maria Zilda Bethlem Gilda Sarpo
Francisco Dantas Marciano Laranjeira
Edson Silva Lafayette
Ilva Niño Antônia

Participações especiais[editar | editar código-fonte]

Intérprete Personagem
Milton Moraes Sérgio Lima
Tetê Medina Lucy Fragonard
Grande Otelo Canivete
Maria Helena Dias Clara
John Herbert Jaime Alves Cardoso
Helô Pinheiro Sara
Ricardo Blat Jofre
Ísis Koschdoski Cíntia
Cleyde Blota Marlene
Jardel Mello Carlos
Ricardo Petraglia Max
Clementino Kelé Tinhorão
Ênio Santos Delegado Rômulo Siqueira
Ivan Mesquita Detetive Milton Sarpo
Nildo Parente Fonseca
Tony Ferreira Valdir
José Carlos Sanches Lúcio
Lícia Magna Edith
Maria Eugênia Villarta Cristina
Lucy Mafra Rosa
Dary Reis Joel
Álvaro Aguiar Turíbio
Izabella Bicalho Francisquinha
Danton Jardim Edson
Hemílcio Fróes Armando
Henriette Morineau Jojô Besançon
Waldyr Sant'anna Jornaleiro
Luiz Armando Queiroz Bicheiro
Orion Ximenes Valter (Valtinho)
Ticiana Studart Lia
João Cláudio Melo Paulo Roberto (Paulinho)
Giovana Souto Maior Patrícia Prado Sampaio
David Pinheiro Assistente de direção

Audiência[editar | editar código-fonte]

Em sua exibição original, marcou 58 pontos de média geral no IBOPE, sendo considerada uma das novelas das oito de maior audiência da história da Globo.[1]

Reprises[editar | editar código-fonte]

Foi reexibida pelo Vale a Pena Ver de Novo de 13 de fevereiro a 31 de agosto de 1984, substituindo Pecado Rasgado e sendo substituída por Final Feliz, em 145 capítulos. Foi a primeira novela das oito reprisada à tarde, quebrando o padrão de que apenas novelas das seis ou das sete horas eram reprisadas nesta faixa. A sua liberação foi conseguida em cima da hora, já que, em janeiro de 1984, a Globo tinha exibido chamadas do retorno de Elas por Elas.[3][7]

Foi reexibida na íntegra pelo Canal Viva de 30 de setembro de 2013 a 5 de abril de 2014, substituindo Rainha da Sucata e sendo substituída por Dancin' Days. A reprise da trama foi escolhida pelo público por meio de uma votação no site do canal. Concorrendo com Fera Ferida, O Dono do Mundo e A Indomada, a trama venceu a enquete com 41.7% dos votos.[8]

DVD[editar | editar código-fonte]

Em junho de 2015, é lançada em DVD pela Globo Marcas.[9]

Trilha sonora[editar | editar código-fonte]

Água Viva também teve trilha sonora nacional e internacional. Várias canções marcaram a novela e personagens: "Realce", de Gilberto Gil, "Amor, Meu Grande Amor", de Ângela Rô Rô, "20 e Poucos Anos", de Fábio Jr, "Altos e Baixos", de Elis Regina, "Grito de Alerta", com Maria Bethânia, "Cais", de Milton Nascimento, "Wave", com João Gilberto, "Love I Need", de Jimmy Cliff, "Cruisin'", de Smokey Robinson, "Ships", com Barry Manilow, "Babe" de Styx, entre outras.[10]

Nacional[editar | editar código-fonte]

A trilha sonora nacional foi remasterizada e lançada em CD em 2001, pela Som Livre.

Água Viva Nacional
Água Viva (telenovela)
Trilha sonora de Vários intérpretes
Lançamento 1980
Gênero(s) Vários
Formato(s) Vinil, K7, CD (remasterização em 2001)
Gravadora(s) Som Livre
Cronologia de Vários intérpretes
Água Viva Internacional

Capa: logotipo da novela

Internacional[editar | editar código-fonte]

Água Viva Internacional
Água Viva (telenovela)
Trilha sonora de Vários intérpretes
Lançamento 1980
Gênero(s) Vários
Formato(s) Vinil, K7
Gravadora(s) Som Livre
Cronologia de Vários intérpretes
Água Viva Nacional

Capa: concebida por Hans Donner,[10] com o logotipo da novela

  • "Lead Me On" - Maxine Nightingale - (tema de Suely)
  • "Love I Need" - Jimmy Cliff (tema geral)
  • "Do That To Me One More Time" - Susan Case & Sound Around (tema de Lourdes)
  • "Ships" - Barry Manilow - (tema de Nelson)
  • "D.I.S.C.O." - Ottawan - (tema geral)
  • "Just When I Needed You Most" - Tony Wilson (tema de Lígia e Nelson)
  • "Memories" - Bianchi - (tema de Maria Helena)
  • "Babe" - Styx - (tema de Edir e Márcia)
  • "Just Like You Do" - Carly Simon (tema de Lígia e Miguel)
  • "I Don't Want To Fall In Love Again" - Voyage (tema geral)
  • "Cruisin' " - Smokey Robinson (tema de Marcos e Janete)
  • "The Second Time Around" - Shalamar (tema geral)
  • "Never (Gonna Let You Go)" - Charme - (tema de Sandra)
  • "Mandolay" - La Flavour (tema geral)

Referências

  1. a b c d «Elenco de 'Água Viva'». Teledramaturgia. Consultado em 18 de outubro de 2016. Cópia arquivada em 21 de fevereiro de 2016 
  2. Água Viva
  3. a b c Bastidores de Água Viva Teledramaturgia
  4. a b «Estresse do autor e início de tradição: 5 curiosidades de sucesso da Globo que terminava em 1980». TV História. 9 de agosto de 2021. Consultado em 23 de outubro de 2021 
  5. Curiosidades de Água Viva Memória Globo
  6. Nilson Xavier (17 de julho de 2015). «Há 35 anos, o país queria saber quem matou Miguel em "Água Viva"». UOL. Consultado em 23 de outubro de 2021 
  7. Bastidores de Elas por Elas Teledramaturgia
  8. «"Água Viva" vence reprise no Canal Viva». Estadão. 6 de agosto de 2013. Consultado em 2 de junho de 2015 
  9. «No ar em 'Babilônia', Glória Pires terá novela em que era adolescente lançada em DVD». F5. 20 de maio de 2015. Consultado em 25 de novembro de 2016 
  10. a b Barcinski 2014, p. 139.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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